SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
11
A LITERATURA COMPARADA E OS ESTUDOS DE TRADUÇÃO –
ALGUMAS DIREÇÕES DA PESQUISA OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA
Sara Viola Rodrigues
UFRGS
A reflexão sobre o tema “Zonas Francas: novas transações comparatistas” –
elemento articulador dos trabalhos do IV Colóquio Internacional Sul de Literatura
Comparada, realizado no Instituto de Letras da UFRGS em outubro de 2010, e
especificamente sobre um de seus subtemas “Homogeneização, multilinguismo e
tradução cultural”, levou-nos à retomada da questão do papel da tradução em sua
relação com a literatura e a cultura.
Nessa perspectiva, consideramos pertinente discutir o ensaio “Comparative
Literature and Translation: some observations”, de Sandra Bermannn, professora e
pesquisadora da Universidade de Princenton, e que foi publicado no volume 26 de
Literary Research, no ano de 2010. No ensaio, Bermannn apresenta um panorama
bastante abrangente e atual, embora sintético, das principais direções da pesquisa
ocidental contemporânea na área da tradução e Literatura Comparada, com indicação de
obras bibliográficas ilustrativas dos estudos realizados. Além disso, a ensaísta manifesta
duas ideias a respeito do fenômeno da tradução sobre as quais vamos nos deter logo a
seguir.
No periódico mencionado, Bermannn inicia o texto destacando o poder
transformador e inovador da tradução, sem deixar de aludir às variadas e complexas
funções outras da tradução, apontadas ao longo da história por alguns de seus mais
eminentes e conhecidos teóricos:
Pensar sobre o papel da tradução relativamente à história da
literatura e da cultura nos leva a uma aguda percepção de seu potencial
transformativo. De Cícero a Lawrence Venuti e Maria Tymoczko,
encontramos demonstrações do poder e também da complexa e variada gama
de funções da tradução. À medida em que a tradução se apresenta
exaustivamente, hoje, nos contextos pós-colonial, pós-estruturalista e, ainda,
pós-nacional, sub-nacional, inter-nacional, torna-se evidente sua capacidade
de prolongar a vida de textos literários e culturais e também de intervir nos
efeitos desses textos, em âmbito mundial. (p.15)1
.
Em seguimento, a ensaísta apresenta, a nosso ver, a ideia mais importante do
artigo, porque potencialmente muito produtiva para uma retomada da reflexão sobre a
tradução ao longo do tempo, e com uma possível abertura para o novo: repensar a
Doutora em Literatura Comparada.
Neste trabalho, todas as traduções das citações são de nossa autoria.
12
tradução no século XXI (...) pode ter como resultado o refinamento e a ampliação de
nossas visões sobre leitura e crítica comparadas (p.15). Bermannn explica como isso se
daria:
Idealmente, uma maior atenção para o fenômeno da tradução criaria
um modo particular de leitura, linguístico e textual, em que a prática da
tradução é entendida como um fenômeno tanto local, como global; como
algo específico, contudo ligado a afiliações e solidariedades mais amplas.
Tal abordagem – influenciada pela perspectiva da tradução – segundo teorias
e práticas tradutórias de diferentes partes do Globo, poderia instrumentalizar
a Literatura Comparada para o desempenho de um papel particular de
abertura e democratização nos estudos literários hoje.
Em outras palavras, é possível resumir sua proposição da seguinte forma: deve-
se ler do mesmo modo que se traduz, ou seja, com uma aguda atenção para todos os
níveis textuais, desde o fonemático até o semântico, tendo como referência o contexto
situacional do texto, o que implica o aspecto cultural. Isso inegavelmente produz uma
leitura detalhada, perspicaz e acaba ensejando uma nítida consciência do Outro,
primeiro passo para o reconhecimento desse Outro, seja ele o indivíduo, o povo, a
cultura.2
Para os estudiosos da teoria da tradução isso não é novidade. Entre nós,
brasileiros e latino-americanos, tanto Octavio Paz (1981), quanto Haroldo de Campos
(1996) já haviam salientado a estreita conexão entre traduzir e ler em profundidade. No
texto de Haroldo de Campos (1996, p.241), “Paul Valéry e a Poética da Tradução”, a
concepção valeriana sobre tradução anula, como diz Haroldo, “a suposta diferença
categorial entre escritura e tradução”:
Escrever o que quer que seja, desde o momento em que o ato de
escrever exige reflexão e não é a inscrição maquinal e sem detenças de uma
palavra interior toda espontânea, é um trabalho de tradução exatamente
comparável àquele que opera a transmutação de um texto de uma língua a
outra.
Semelhante ponto de vista está presente no texto “Traducción: literatura y
literalidad” de Octavio Paz (1981:7-9). As palavras inicias de Paz na introdução do
capítulo são: “Aprender a hablar es aprender a traducir”. O poeta diz que quando a
criança pergunta à mãe sobre o significado de uma palavra, na verdade o que ela deseja
é que a mãe traduza para sua linguagem o significado do termo traduzido. Paz declara
2
O passo subsequente – o respeito pelo Outro e sua valorização – é uma questão complexa que tem sido
extensamente abordada pelos estudiosos da Tradução, principalmente na literatura pós-colonial. Sobre
essa questão, ver, por exemplo, CAMPS, Assumpta (ed.). Ética y política de la traducción em la época
contemporânea. Barcelona: PPU, 2004.
13
que o “significado da tradução dentro de uma língua, não é, nesse sentido,
essencialmente distinto da tradução entre duas línguas diferentes”. Pouco mais adiante,
ao referir o efeito destruidor da universalidade do espírito, pela Idade Moderna, e
enfatizando as diferenças culturais em todos os seus níveis, Paz observa:
La traducción ya no es una operacción tendiente a mostrar la identidad
última de los hombres sino que es el vehículo de sus singularidades. Su
funcción había consistido en revelar las semejanzas por encima de las
diferencias; de ahora en adelante manifiesta que esas diferencias son
infranqueables, tráte-se de la extrañeza del salvaje o la de nuestro vecino.
No mesmo capítulo, o poeta discorre sobre as divisões que passam a existir a
partir da modernidade e assinala que no âmago de cada língua esta idéia de totalidade
indivisível também deixa de existir, lá havendo a reprodução das divisões originadas
pelas épocas históricas, classes sociais, gerações. A isso poderíamos acrescentar,
especificando mais, etnias, gênero e culturas.
Movendo-nos para estes primeiros tempos do século XXI, constata-se a
permanência do crescente interesse pelos Estudos de Tradução vinculado a paradigmas
teóricos da época, conforme atestam os dados referidos por Bermannn sobre numerosos
eventos recentes. Entre esses, destacam-se aqueles organizados pela Associação
Americana de Literatura Comparada (AALC) e também pela Associação Internacional
de Literatura Comparada (AILC), com temáticas sugestivas relacionadas à tradução e
que igualmente dão suporte às conclusões de Bermann sobre o poder transformador e
inovador da tradução.3
Como evidência desse interesse pelos Estudos de Tradução, a referida autora
comenta duas dezenas de livros lançados, dentre os quais destacamos o de Emily Apter:
The Translation Zone: A New Comparative Literature (2005) pelo conceito de inovação
que a obra apresenta.
Nessa obra, Apter traça os caminhos entrelaçados da Literatura Comparada com
os Estudos da Tradução e, acercando-se das ideias de Spitzer, Said, Derrida e Spivak,
ela defende que se coloque a questão da linguagem em primeiro plano; isso ajuda o
tradutor a inovar a significação da obra literária, quando questiona e desconstrói
significados linguísticos restritivos e suposições culturais limitadoras, geralmente
3
Em 2009, o Encontro da Associação Americana de Literatura Comparada elegeu como tema “Global
Languages, Local Culture” [Linguagens Globais, Culturas Locais]; no mesmo ano, o Encontro da
Associação de Línguas Modernas (conhecida no mundo inteiro pela sigla em inglês MLA) abordou “The
Tasks of Translation in the Global Context” [As Ttarefas da Tradução no Contexto Global]; em 2010, a
Associação Americana de Literatura Comparada escolheu o seguinte tema para o Encontro: “Creoles,
Diásporas, Cosmopolitanisms” [Creoles, Diásporas, Cosmopolitanismos].
14
associados a simplificações culturais que se revelam quando o tradutor aciona uma
tentativa de solução dos impasses tradutórios, ou das passagens “intraduzíveis”.
Na realidade, evidentemente não só Emily Apter, mas vários autores da segunda
metade do século XX, entre os quais citam-se Lawrence Venuti, Theo Hermans, Paul
Bandia, Michael Cronin, Jeremy Munday, Maria Tymoczko, desenvolvem temas nas
águas da corrente cultural que tem marcado presença na história da tradução desde o
início dos anos 1990.
Além desses, dois nomes inteiramente conhecidos no mundo dos estudos
tradutórios, Susan Basnnett e André Lefevere, já haviam enfatizado a importância do
conhecimento profundo de linguagem e tradução para uma “nova” Literatura
Comparada. Esse conhecimento, fruto de muita pesquisa e reflexão, terminou por
originar o “cultural turn” – ou “virada cultural” dos Estudos de Tradução – que mudou
a ênfase, em seus Estudos, da linguística para contexto e função, isso sob o influxo da
perspectiva crítica de Edward Said – especialmente com as obras Orientalism (1978), e
Culture and Imperialism (1993); Jacques Derrida e suas obras Gramatologia (1973) e A
escritura e a diferença (1971), e Gayatri Spivak, com o texto A Critique of
Postcolonial Reason: Towards a History of the Vanishing Present (1999).
Essa nova tendência de focalizar o aspecto cultural nos Estudos de Tradução
continua na ordem do dia dos referidos Estudos e está em estreita ligação com a
principal função da Literatura Comparada hoje, como veremos mais adiante. A esse
respeito, Vidal (1998, p.51-63) apresenta um ensaio teórico-crítico, cujo título não
poderia ser mais revelador: “La Cultura como Unidade de Traducción”. A bem da
verdade, este conceito foi primeiramente elaborado por Snell-Horby (1995), ao tratar da
relação entre língua e cultura no capítulo “Translation as a cross-cultural event” de seu
livro intitulado Translation Studies – An Integrated Approach.
Vejamos agora de forma breve alguns aspectos do pensamento dos autores
mencionados sobre a relação entre língua/linguagem/cultura e os Estudos de Tradução.
Como dissemos, são ideias que continuam a nutrir o pensar e o fazer tradutório em
nossos dias. São ideias que fazem parte dos programas teóricos dos cursos
universitários. São conceitos que norteiam o trabalho prático dos tradutores.
Comecemos por Susan Basnnett. Em seu antológico Estudos de Tradução
(1991/1998/2005), ela já havia enfatizado a importância da relação língua e cultura para
os estudos tradutórios. Depois de estabelecer que
15
O primeiro passo em direção a um exame do processo de tradução
deve ser o de aceitar que, embora a tradução tenha um núcleo central de
atividade linguística, este pertence mais propriamente à semiótica, a ciência
que estuda os sistemas ou estruturas dos signos, seus processos e suas
funções. Além da noção enfatizada pela abordagem estritamente linguística,
esta tradução envolve a transferência do “significado” contido em um
conjunto de signos de linguagem em um outro conjunto de signos de
linguagem através do uso competente do dicionário e da gramática, o
processo envolve também um conjunto completo de critérios
extralinguísticos.
Basnnett sentencia:
A língua (...) é o coração do corpo da cultura, e é a interação entre os
dois que resulta na continuação da energia-vida (life-energy). Do mesmo
modo que o cirurgião, ao operar o coração, não pode negligenciar o corpo
que o circunda, o tradutor correrá risco se tratar o texto isoladamente da
cultura. (Ibid., p. 36).
Em outro momento e obra (no capítulo 8, sob o título de “Translation Turn in
Cultural Studies”, do livro Constructing Cultures – Essays on Literary
Translation,1998), Susan Basnnett dirige seu pensamento crítico para a questão da
mudança de ênfase nos estudos tradutórios que passaram da fase formalista (foco
linguístico), para a fase extralinguística com a atenção voltada para as questões mais
amplas do contexto, da história e das convenções. Referindo-se igualmente a André
Lefevere, declara Basnnett (p.123):
Denominamos esta mudança de ênfase “virada cultural” nos estudos
de tradução, e sugerimos que um estudo dos processos de tradução
combinado com a prática da tradução poderia ser um meio para se
compreender como ocorrem os complexos processos de manipulação
textual: como, por exemplo, se seleciona um texto para ser traduzido, qual o
papel do tradutor nessa seleção, quais os papéis do organizador, editora ou
patrocinador, quais critérios determinam as estratégias que serão empregadas
pelo tradutor, como o texto seria recebido no sistema meta. Pois a tradução
sempre acontece em um continuum, jamais no vazio, e vários tipos de
constrições textuais e extratextuais condicionam o tradutor. Essas
constrições, ou processos manipulatórios envolvidos na transferência de
textos, tornaram-se de primeira importância para os estudos de tradução, e
para analisá-los, os estudos de tradução ampliaram-se e aprofundaram-se.
A partir dessas ideias é natural a dedução de que a área da literatura seja
fortemente afetada por tais constrições, já que se sabe que uma das funções da tradução
é a circulação de obras literárias traduzidas. Nessa perspectiva, e como os estudos sobre
tradução literária normalmente estão imbricados com os estudos comparados, decorre
que era previsível o que vem ocorrendo: o aumento da pesquisa em torno das questões
16
de linguagem e cultura, tanto para o estudioso da tradução, quanto para o crítico
comparatista.
Em termos da sobrevida e circulação da obra literária, cabe mencionar
Translating Literature – Practice and Theory in a Comparative Literature Context
(1992), livro de André Lefevere muito utilizado na academia, especialmente em cursos
de tradução e Literatura Comparada. Num contexto teórico derrideano, Lefevere faz
uma revisão de teoria da tradução e apresenta a tese de que a tradução é um processo de
reescritura. Esse processo é responsável pela sobrevivência da obra e deve ser estudado
em todos os seus aspectos dentro do tema da função da tradução em uma determinada
cultura. Cremos que a influência desse material teórico prático tem sido enorme nos
centros de formação universitários e continua sendo balizador para muitos trabalhos de
pesquisa em três áreas da tradução literária: processo, produto e recepção.
Retomando as questões da linguagem e da cultura nos estudos tradutórios e
comparados, é importante assinalar que há um grande volume de trabalhos sobre as
referidas questões na crítica literária pós-colonial. Em 1993, Susan Basnnet já aludia a
isso, ao discorrer em Comparative Literature: A Critical Introduction sobre como
acontecem as relações entre a tradição local e a importada, com ênfase no estudo de
como a literatura nacional foi/é influenciada pela cultura importada. Basnnett considera
construtivo o modo como a Literatura Comparada tem sido usada em países que
deixaram de ser colônias (como os países da Ásia, da África e da América Latina) e que
buscam essa pesquisa comparada no intuito de entender o passado para construir o
presente e o futuro em novas bases emancipatórias, a partir do processo de reconstrução
e afirmação de suas identidades nacionais. Esse processo de revisão tem como um de
seus resultados a permanente revisão do cânone.
Assim, segundo Susan Basnnett (id.ibid.), a crise da Literatura Comparada
deflagrada por René Welleck, 1958/1995 (para quem o objeto e método(s) da Literatura
Comparada seriam artificiais), só acontece na Europa e Estados Unidos, pois que nos
países acima mencionados, a Literatura Comparada está viva, atuante e é parte da
constituição de suas identidades culturais e literaturas nacionais. Tal quadro de
acontecimentos na segunda metade do século XX coincide com outros movimentos
como o da crítica feminista e, talvez o mais importante, com a mudança de paradigma
teórico do estruturalismo para o pós-estruturalismo, e as consequências vitais para o
papel do leitor e a recepção da obra literária.
17
A intensa atividade dessa crítica transcultural – mediada pela tradução – dá-se,
segundo Basnnett, no terreno da Literatura Comparada, cujo ponto de partida deve
necessariamente ser a cultura local, obedecendo a um movimento de dentro para fora,
ao contrário do que era feito antes, em que se iniciava pelo exame do modelo europeu
para, depois, olhar-se para o local, conforme Nitrini (1997).
O exame das obras de literatura e de seus diferentes contextos e culturas, pela
mediação quase constante dos Estudos de Tradução, deram margem à volta das questões
ligadas à Weltliteratur de Goethe. Entretanto hoje a Literatura Mundial é um conceito
que agregou muitas nuances que não cabe desenvolver aqui, mas que, em todo caso,
está sendo amplamente discutido pelos estudos comparados, especialmente a partir das
discussões sobre a formação de cânone(s).
Jonathan Culler é um dos críticos que tem se ocupado desse tema. Culler (2006,
p. 246), chega a afirmar que os estudos comparados estão dando margem a uma nova
literatura mundial:
It is possible to take an interest in the literature of the world as a
repertoire of possibilities, forms, themes, discursive practices: comparative
literature, I have argued, is the right place, especially today, for the study of
literature as a discursive practice, a set of formal possibilities, thus poetics.
De qualquer modo, a questão cultural continua ocupando o centro de interesse da
crítica nas ciências humanas e, como não poderia deixar de ser, nos Estudos de
Tradução e na Literatura Comparada. Entretanto, e por isso mesmo, cabe uma revisão
sobre como está sendo atualizada essa questão nesta primeira década do século XXI.
Sabemos que o termo “tradução cultural” está longe de apontar para uma única
conceituação. Nessa perspectiva, trazemos a contribuição de Anthony Pym (2010) que
apresenta uma das explicações para seu significado:
“Cultural Translation” may be understood as a process in which there
is no source text and usually no fixed text. The focus is cultural processes
rather than products. The prime cause of cultural translation is the movement
of people (subjects) rather than the movement of texts (objects). (p. 144).
Disso se depreende que a crítica da tradução cultural se preocupa antes com os
processos culturais, do que com os produtos linguísticos. Aliás, Pym declara, ele
próprio (p. 148) essa mesma ideia e acrescenta que “ao invés de uma hermenêutica de
textos, a tradução cultural tem se caracterizado por uma maneira de falar sobre o
mundo”. (id.ibid.).
18
Avançando na leitura desse livro, e observando-se as várias faces do fenômeno
da tradução cultural, é impossível não concluir que antes de se afirmar que a tradução
cultural é um novo paradigma dos Estudos da Tradução em nosso tempo, é necessário
desenvolver mais pesquisas sobre seu uso nas várias áreas do conhecimento, como na
sociologia, na antropologia, na psicanálise e na própria Literatura Comparada.
Mas sem dúvida, a tradução cultural é um excelente meio de se perceber como
os processos tradutórios operam no mundo de hoje, e como a tradução tem influído na
história das sociedades, através de seu poder de intervenção que se revela nas
negociações efetivadas pelo tradutor ao lidar com questões de gênero, história ou
política contemporânea.
Nessa esteira da relação do tradutor com o local e o global, trazemos a figura de
Michael Cronin. Reconhecido na área da Literatura Comparada, Cronin vê a tradução
como uma oportunidade para apresentarmos nossa própria compreensão do texto-fonte
que temos à frente. Essa compreensão é oriunda da negociação que com ele
estabelecemos a partir de nosso igualmente particular ponto de vista. Em suas duas
obras, Translation and Globalization (2003) e especialmente em Translation and
Identity (2006), Cronin deixa bem claro que pensar sobre a tradução nessa perspectiva
permite que as especificidades culturais do Outro se tornem evidentes, afastando o
processo de homogeneização, ou domesticação. O autor enfatiza que é, contudo,
sempre necessária uma negociação com a cultura receptora. Nada de muito novo, se
pensarmos em Gideon Toury e outros teóricos que focaram a língua/cultura meta.
Na perspectiva de Cronin, aceitar a tradução como um modo de relação, ou de
conexão, garante que tais relações serão tão variadas quanto forem os tradutores e
autores, pois em tal processo haverá espaço para a complexidade de ideologias, crenças,
mentalidades, linguagens e contextos culturais dos diferentes tradutores. Assim, a
tradução pode efetivamente nutrir a diversidade, vendo o local com um olhar para mais
além, com um olhar para o global, ou seja, um olhar que considera afiliações e
solidariedades mais amplas.
Aqui cabe observar que Cronin está teoricamente afinado com o posicionamento
de Octavio Paz anteriormente comentado: há trinta anos, Paz salientava que a tradução
aponta principalmente para as diferenças.
Bermannn assinala que as idéias de Cronin são interessantes não somente para
os especialistas em tradução, mas igualmente para as áreas literárias – e não literárias,
porque, aceitar o trabalho da tradução no que ele chama de nível microcosmopolita,
19
permite pensar o global de modo mais aberto, mas também pensá-lo localmente, de
modo mais específico, preciso, focado no ‘aqui’. Ele sugere que estudemos a literatura
e a cultura ‘from below’ ‘a partir da base’, ‘de baixo’ (evidentemente sem a conotação
de inferioridade). O que o autor aconselha é que se comece o estudo da tradução pelo
estudo profundo da própria língua, com suas, muitas vezes invisíveis imbricações
históricas e culturais, fazendo o mesmo com a própria cultura; isso poderia conduzir a
uma discussão crítica em termos lingüísticos e/ou culturais de qualquer língua ou
cultura (e não apenas das línguas/culturas hegemônicas inglesa, francesa, espanhola
etc), criando um olhar interessado e atento para outras línguas e culturas. Desse modo, a
proposta de Cronin oferece uma resposta policêntrica para os desafios da tradução na
linha do que foi postulado no início deste texto, ao mesmo tempo em que enfatiza a
importância de uma leitura em profundidade de textos e contextos. O resultado é um
método não elitista de abordagem da tradução, ancorado num estudo lingüístico e
cultural profundo, rigoroso e sensível.
Seria interessante associar às ponderações desse teórico, uma recomendação de
Emily Apter, dada no livro que já referimos anteriormente (The Translation Zone: a
new Comparative Literature). Semelhantemente a Cronin, Apter enfatiza a necessidade
de colocar as questões da linguagem/língua em primeiro plano. Ao analisar problemas
teóricos específicos da tradução, a autora chama a atenção para o fato de que a tarefa da
tradução não é somente garantir a sobrevida do texto (na expressão de Walter Benjamin
(2000). Segundo Apter, trata-se, além disso, de atentar para seu potencial de
transformar; trata-se de ‘des-afirmar’, desconstruir, algumas crenças culturais e
linguísticas que restringem a tradução. Buscando (e encontrando) nas lacunas e
diferenças lingüísticas e seus impasses tradutórios (as coisas intraduzíveis), os meios de
separar nosso entendimento das palavras, de seus esteriótipos e significações advindas
de simplificações culturais, Apter traz a lume o potencial da tradução e da Literatura
Comparada para a criação de novos espaços imaginativos para as humanidades.
Nesse sentido, retornamos a Cronin com uma conclusão aparentemente óbvia
para qualquer estudioso de Teoria da Tradução hoje:
Um dos modos pelos quais nos conectamos com outros de diferentes
línguas e culturas é por meio da tradução, portanto o compromisso com a
elaboração de modelos de tradução sensíveis ao aspecto cultural parece
central para qualquer conceito de cidadania global no século XXI (2006,
p.30).
20
É fácil de entender, difícil de executar. A segunda parte de sua afirmativa é a
proposta de um projeto de alcance, à primeira vista, inimaginável. Elaborar modelo de
tradução sensível ao aspecto cultural é uma recomendação absolutamente razoável,
óbvia e, ao mesmo tempo, totalmente vaga e de uma amplitude imensurável. Será
menos impraticável se estribada nos fundamentos de Emily Apter, resumidamente
referidos acima. Mas, mesmo assim, é preciso discriminar bem o significado da
sugestão de Cronin, pois, de fato, elaboração de modelo pode trazer à mente a ideia de
criação de um construto normatizado, fechado; algo como um continente para abarcar
os conteúdos desta ou daquela situação cultural, descrevê-la, explicá-la, interpretá-la.
Na realidade, em nosso ponto de vista, talvez o que Cronin deseja salientar é
que se trata antes de oferecer ao tradutor ferramentas de pesquisa e linhas de raciocínio
que lhe permitam construir um tipo de mentalidade aberta às diversidades lingüísticas,
culturais, históricas e, principalmente, filosóficas do estrangeiro.
Inquestionavelmente, na base de toda e qualquer decisão teórico/prática diante
de um texto a ser traduzido (seja de que tipo for), estão crenças filosóficas, conscientes
ou não conscientes. A história tem demonstrado isso largamente e é importante que o
estudante, tradutor, ou simples curioso pela temática da tradução tenha consciência
desse fato. Não somos tão livres assim na escolha desta ou daquela teoria para balizar
nossas ações. Seremos mais livres se tivermos consciência do que está ‘direcionando’
4
nosso comportamento no mundo, para, pelo menos, concordarmos ou discordarmos e
buscarmos novas alternativas. Isso se aplica a qualquer tipo de interpretação, avaliação e
decisão relativamente às questões tradutórias em seu sentido estrito, mas, e antes de
mais nada, às questões de tradução da própria realidade interna e externa do indivíduo,
às ‘traduções das sociedades’, às ‘traduções do mundo’. Aparece aqui o tema da
tradução de teorias, questão crucial para os Estudos da Tradução, sobre o que falaremos
oportunamente.
Voltemos agora a atenção para o que tem acontecido nos estudos comparados e
de tradução em termos locais, apontando alguns eventos que julgamos representativos
do direcionamento da pesquisa na área da Literatura Comparada em nosso país nos
últimos anos, no cenário do novo paradigma de pensamento.
4
Sabe-se que o balizamento das ações humanas encontra motivação nas tendências filosóficas, religiosas
e científicas que ficam bastante nítidas quando se estuda - através do tempo - a história das ideias ou das
mentalidades (também denominada de história cultural). Sobre o tema, ver, por exemplo: VOVELLE,
Michel. Ideologias e mentalidades. São Paulo:Brasiliense, 1987; pp.15,17 e 24.
21
Se na década de 2010 para falarmos do espaço das ciências humanas e da
tradução estamos utilizando o conceito de zonas, isso está relacionado ao processo de
significação desse conceito sob a influência das ideologias que campeiam nos séculos
XX e XXI e cuja marcha se caracteriza pelo desassossego provocado pela ruptura com
os ideários do positivismo, modernismo e estruturalismo, com ênfase agora àqueles
dualismos em que se constatam as oposições aos valores modernos. Essa marcha
inquieta, cheia de oscilações e sobressaltos, vem na esteira da reflexão sobre questões
de (quebra de) hierarquias, diferença, limites, fronteiras, centro/periferia, local/ global,
migrações, diásporas etc5
.
Em termos locais, a voz da polêmica ideológica pós-moderna, entre nós
institucionalmente organizada e representativa na publicação Limites – 3º Congresso
ABRALIC (1992), traz em seu próprio título o tema do que seria a conferência maior do
evento – “The situation as na internal limit - Constraints of Post-Modern Architecture”,
na qual Fredric Jameson (p.15-30) discute uma concepção de limite formal e estético,
mais especificamente dos limites do pós-modernismo – conceito decisivo para o
pensamento científico contemporâneo.
Ilustremos isso, relembrando, por exemplo, títulos/temas de outras publicações
relacionadas às reflexões desenvolvidas em eventos da Literatura Comparada brasileira
nos aproximadamente últimos vinte anos (isso só para ficarmos em alguns exemplos
nacionais). Em 1994, foi publicado Literatura e Diferença (IV Congresso ABRALIC,
em São Paulo). Em sua apresentação, se lê:
(...) a circulação literária foi pesquisada e estudada com ênfase no
descentramento de óptica, de forma a se analisar, com os pés na periferia, as
imbricações entre o regional e o nacional, entre o nacional e o supranacional
e entre a série literária e as demais séries culturais. Deve-se registrar que
essa perspectiva do descentramento de óptica, numa situação histórica de
supranacionalidade e de ascensão de comunitarismos, colocou-se entre as
preocupações centrais dos congressistas, inclusive entre as participações do
Exterior (p.IX).
Em 1996/1997, nos Anais do 5º Congresso da ABRALIC, observa-se uma
consolidação desse escrutínio do que vinha sendo produzido na área dos estudos
literários comparados no Brasil, em termos além fronteiras da ‘literariedade’ – conceito
estruturalista – abrindo-se um leque de investigações que extrapolam o exame da
5
Fredric Jameson (1992:18-21) utiliza o quadrado semiótico de Greimas como ferramenta para delinear
os limites internos de algo que ele próprio diz ser “sem fronteiras ou leis”, o pós-modernismo. É
interessante como o autor elabora suas ideias a partir de um sistema fechado (o referido quadrado), para
criativamente transgredi-lo.
22
linguagem literária em si e apontam para uma imbricação com os estudos
antropológicos, etnográficos, de gênero e de questões canônicas. Isso se comprova por
alguns dos subtemas do evento (p. 7): “Cenários da Cidade’; Nacionalismos, Etnias e
Sexualidades”; Pós-colonialismos e Identidades Culturais, “Globalização, Tradução e
Trocas Culturais e Práticas e Instâncias Canônicas: Teoria, Crítica e Historiografia
Literárias.
Nessa perspectiva ainda, consideramos, em nível nacional, o texto organizado
por Rita Schmidt Nações/Narrações: nossas histórias e estórias (1996) entre os mais
instigantes e didáticos, quanto ao objetivo de levantar e tratar das temáticas/polaridades
mencionadas no início do comentário sobre dualismos e oposições ao modernismo e
sobre as reflexões nos congressos de literatura aludidos. Nessa publicação, sob o influxo
do pós-estruturalismo, e aglutinadas pela análise do conceito de nação e narração/ções,
as ideias contidas no raciocínio crítico desenvolvido nos trabalhos já se inclina para o
estudo mais afinado de identidade cultural e dos complexos elementos presentes na
significação das questões sócio-econômico-culturais que se revelam nos textos da
literatura, quando lidos à luz da matriz de pensamento pós-moderna. É a própria
organizadora quem declara no Prefácio da obra (p. 7):
Essa temática [nações/narrações – nossas histórias e estórias], inspirada
no trabalho desenvolvido por Homi Bhabha, contempla alguns dos aspectos
nucleares do debate teórico-cultural contemporâneo no que diz respeito a
mudanças de paradigmas nas conceptualizações do nacional, de identidade
nacional e de diferença cultural. Essas mudanças têm-se processado no
contexto do desmantelamento da concepção totalizadora de cultura nacional,
una e falaciosamente integrativa, atrelada à fixidez espacial da concepção de
estado-nação, e da emergência de culturas locais e regionais que promovem
a rearticulação de identidades plurais – de raízes étnicas, culturais, raciais e
de gênero – que, por força do poder dirigido para o interior da própria
cultura, foram historicamente empurradas para as margens. Na medida em
que o termo ‘cultural’ deixa de ser um predicado do termo ‘nação’, nos
moldes do que tradicionalmente se entendeu por ‘nacionalismo cultural’,
para se referir a um processo fluido, simbólico e gerativo de formas
disjuntivas de representação que as limitações do conceito de nação-estado
não pode mais abarcar, delineia-se com um campo hermenêutico de
discursos, significados e narrativas que interpelam a identidade
hegemonicamente construída, bem com a história institucionalizada da
moderna coesão social – todos em um – que a socializou.
E eis que em Culturas, Contextos e Discursos – Limiares Críticos no
Comparatismo (1999), surge o conceito de zonas, associado ao qualificativo liminares,
para aludir ao processo de interpenetração crítica desses conceitos antes bipolarizados.
Com efeito, a referida publicação, resultado de seminário do GT da ANPOLL realizado
23
na UFRGS, sob a coordenação de Tânia Carvalhal, e com dimensões internacionais,
num esforço interdisciplinar, buscava a confrontação de discursos com a criação da
linha de pesquisa “Limiares críticos no comparatismo”, uma conseqüência natural à
demanda de atenção para os questionamentos dos limites disciplinares, teóricos e
metodológicos, dos entrecruzamentos de classificações questionadas pelas dúvidas
taxonômicas. Na ocasião, conforme Lisa Block de Behar,
se a atualidade literária, estética, teórica, crítica e hermenêutica hesita diante
de um conhecimento que, em movimento, se instala no intervalar, abarcando
a uma só vez espaços distintos, julga-se que se deva dar mais atenção, além
da requerida por centros e periferias, a zonas liminares onde os gestos de
iniciação propiciem a formulação de conceitos, onde os limites vão
penetrando progressivamente espaços que não se determinam com nitidez
(p.10).
A autora estabelece uma analogia entre esse quadro e o que acontecia na
academia, instituições mediáticas e literárias, relativamente aos limites difusos e ao
mesmo tempo afins, dando lugar a
diversos entrecruzamentos e controvérsias que, como as discussões sobre o
cânone, sobre os gêneros, sobre a vigência da própria instituição literária,
fazem dos marcos um espaço de luz e sombra, um umbral que habilita o
acesso a uma interioridade sempre enigmática ou que avança em direção de
uma exterioridade que não se subtrai às inscrições de uma escrita, que filtra
tanto a realidade quanto a ficção, representando-a e configurando-a (p.11).
Lisa Block de Behar chama a atenção para a contradição originada pela tentativa
de equacionamento dessa problemática, pois
estas preocupações com o limite, a fronteira, a margem, o contorno, se
encontram no centro das reflexões literárias que transformam a localização
em tema e matéria de seus objetivos disciplinários onde a comparação, a
articulação entre culturas, as linhas de contraste e coincidência se constituem
na topografia destas investigações (p.11).
Com base nessa configuração, Carvalhal (p.11) estabelece uma correspondência
metodológica entre a linha de pesquisa “Limiares Críticos” e a própria noção de
comparatismo
“que contrasta, confronta, ultrapassa limites, buscando reconceituar noções
tradicionais e sublinhar a importância, para a reflexão comparatista atual de
questões como apropriação, hibridismo, interpenetração cultural,
cruzamentos discursivos, disseminação espacial, multiculturalismo”.
O que nos parece extremamente importante para os Estudos de Tradução e para
os métodos comparativos, ainda hoje, é o que Carvalhal aponta logo a seguir no mesmo
texto e que, pelo seu caráter iluminador, vale a pena ser aqui citado. O contexto da
citação é o da discussão da ‘diluição de fronteiras’ e da questão da ‘contextualização’,
24
como fundamentos para tratar dos temas das especificidades culturais, da fronteira
“como um espaço móvel e sempre refeito do ‘híbrido’ onde os contatos e as
interpenetrações se efetuam, são objetos concretos de uma reflexão que se ocupa com as
transferências, as passagens, as migrações e as trocas (p.11). Nesse contexto, Carvalhal
destaca o seguinte:
Transladar, como metáfora essencial aos processos de contatos e de
apropriações culturais, ganha para nós um sentido muito especial quando se
trata do translado de teorias, da importação de modelos, de sua deformação e
aplicação em contextos diversos daqueles em que elas se originaram.
(...)
Para críticos como Hillis Miller, o evento mais importante para os
estudos literários dos últimos trinta anos na América do Norte foi sem
dúvida a assimilação, a domesticação e a transformação das teorias
européias. E de vários tipos: fenomenológica, lacaniana, marxista,
foucaultiana, derrideana etc. Isto pode ser pensado também para a América
Latina, embora em cada lugar essa translação ocorra de diferentes modos, de
acordo com regras diferentes e necessidades próprias.
Nessa altura do texto, Carvalhal lança uma questão de primordial importância -
por ser básica para a reflexão sobre a natureza da(s) teoria(s) transladadas e por
constituir permanente desafio para o pesquisador às voltas com a referida translação. A
autora traz a campo a necessidade de se investigar como e por que se deu esse processo
de translação de teorias em cada lugar e em momentos determinados e pergunta: “ é
possível ‘transladar teorias’, quando os exemplos que as amparam são topograficamente
localizados? Sabe-se que não há teorias sem exemplos e que eles vinculam a teoria não
apenas a uma língua ou a uma cultura específica mas a obras particulares no corpo desta
cultura” (p.12).
A indagação acima provocou (e cremos que continua a incitar) questionamentos
sobre os modos dessa tradução, “as maneiras de diluir e ultrapassar fronteiras”, segundo
a própria autora (p.12) e que estão “presentes nos procedimentos comparativos”. Ou
seja, o método comparativo foi e continua sendo o veículo revelador do curso e feições
da tradução de ideias e de culturas.
Eventos seguintes e suas respectivas publicações, como por exemplo: Terras e
Gentes - VII Congresso da ABRALIC (2000), Transversões - I Colóquio Sul de
Literatura Comparada e Encontro do GT de Literatura Comparada da ANPOLL (2001),
Mediações – VIII Congresso Internacioanal ABRALIC (2002), Travessias – IX
Congresso Internacional da ABRALIC (2004) deram continuidade e amplitude a esse
tipo de reflexão e questionamento, alargando o debate sobre as questões de fronteira
(que aliás começara de forma substantiva entre nós com a publicação Limites
25
anteriormente referida) e por conseqüência natural sobre as trocas culturais, tradução,
processos de transculturação, migração, exílio, viagem, nomadismo, liminaridade,
trânsitos da literatura e sua produção, tradição, memória e identidade, intertextualidade
e interdisciplinaridade.
Pelo que se percebe em congressos, seminários, discussões de currículo na
academia e em textos de crítica, esses questionamentos continuam na ordem do dia,
embora evidentemente com vários desenvolvimentos e produção acumulada nos últimos
anos que merece e deve ser conferida, antes mesmo ou talvez paralelamente ao estudo e
aplicação das sugestões de Apter e Cronin - que comentamos na parte inicial deste
trabalho.
Ao tratar da (sempre presente) questão do papel da tradução em sua relação com
a literatura e a cultura, (essencial, no caso dos cursos superiores de tradução), levando
em consideração o percurso assinalado, pode-se concluir que a literatura e as demais
áreas humanas, embora com fronteiras disciplinares delineadas6
, interpenetram-se
continuamente. O fator de definição desta relação é a tradução das teorias que
enformam esta relação. A tradução (a mais interdisciplinar das atividades) vincula-se de
maneira muito especial com a literatura, especialmente com a Literatura Comparada. A
Literatura Comparada, em nosso ponto de vista, é um modo de ler. Na Literatura
Comparada há a primazia do confronto, do estudo da diferença. Este é o estudo que,
sublinhando a diferença, faz o diferente ser respeitado: de mãos dadas com os Estudos
de Tradução, foi uma das bases dos estudos pós-coloniais. Juntamente com os Estudos
de Tradução, pode auxiliar a tornar nossos paradigmas e experiências no mundo
contemporâneo inteligíveis7
, o que é condição primeira para transpor limites e avançar.
REFERÊNCIAS
APTER, Emily. The Translation Zone: a New Comparative Literature. Princeton:
Princeton UP, 2005.
BASSNETT, Susan. Comparative Literature: a Critical Introduction. Oxford:
Blackwell, 1993.
6
Não vamos aqui discutir a problemática dessa delimitação que é complexa e foge ao foco do trabalho.
7
A leitura do capítulo “Limiares, passagens e paradigmas: o curso da pesquisa” de Tania F. Carvalhal. In:
I Colóquio sul de Literatura Comparada e Encontro do GT de Literatura Comparada da ANPOLL.
Trans/versões Comparatistas. Anais. Porto Alegre: Instituto de Letras/PPG-Letras, 2001 (147-150) foi
importante para esta conclusão. Neste mesmo capítulo, recomendo ver especialmente sugestões para a
prática e pesquisa comparatista.
26
_________. Estudos de Tradução. Tradução de Sônia T. Ghering, Letícia V. Abreu,
Paula A. Antinolfi. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1995.
_________; LEFEVERE, André. Constructing Cultures – Essays on Literary
Translation. Clevedon/Philadelphia/Toronto/Sydney: Multilingual Matters, 1998.
BERMANNN, Sandra. Traduction et Traducteurs/Translation and Translators.
Recherche Littéraire/Literary Research. Virginia: George Mason University and ICLA,
v.26, n.51-2, (Summer 2010), p.15-20).
CAMPS, Assumpta (ed.). Ética y política de la traducción em la época contemporânea.
Barcelona: PPU, 2004.
CAMPOS, Haroldo. Paul Valéry e a poética da tradução. In: COSTA, Luiz Angélico da
(org.) Limites da Traduzibilidade. Salvador: EDUFBA, 1996.
COLÓQUIO SUL DE LITERATURA COMPARADA (1. 2001: Porto Alegre).
Trans/versões comparatistas: anais /1 Colóquio Sul de Literatura Comparada e
Encontro do GT de Literatura Comparada da ANPOLL. BITTENCOURT, Gilda
N.S.(org.). Porto Alegre: Instituto de Letras, PPG/Letras da UFRGS, 2002.
5º CONGRESSO ABRALIC. CÂNONES E CONTEXTOS; Anais. Rio de Janeiro:
1997.
CARVALHAL, Tania F. (coord.). Culturas, Contextos e Discursos – Limiares Críticos
no Comparatismo. Porto Alegre: UFRGS, 1999.
CRONIN, Michael. Translation and Globalization. London: Routledge, 2003.
_______. Translation and Identity. London: Routledge, 2006.
Culler, Jonathan, “Comparative Literature, at Last”, in Comparative Literature in an
Age of Globalization, ed. H. Saussy. Baltimore: John Hopkins, 2006.
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1973.
_______. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 1971.
JAMESON, Fredric. The situation as an internal limit – constraints of Post-Modern
architecture. In: Limites – 3º Congresso ABRALIC. São Paulo: Edusp/Abralic, 1992.
LEFEVERE, André. Translating Literature: Practice and Theory in a Comparative
Literature Context. New York: MLA, 1992.
LITERATURA E DIFERENÇA. IV CONGRESSO ABRALIC. ANAIS. São Paulo:
ABRALIC, 1994.
NITRINI, Sandra. Literatura Comparada: história, teoria e crítica. São Paulo: EDUSP,
1997.
27
MEDIAÇÕES – VIII Congresso Internacional ABRALIC. Belo Horizonte: Abralic,
2002.
PAZ, Octavio. Traducción: literatura y literalidad. Barcelona: Tusquets Editores, 1981.
PYM, Anthony. Exploring Translation Theories. London / New York: Routeledge,
2010.
SAID, Edward W. Orientalism. New York/Toronto: Random House, 1978.
________. Culture and Imperialism. New York: Vintage, 1993.
________. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
________.Humanism and Democratic Criticism. New York: Columbia UP, 2004.
SCHMIDT, Rita T. (org). Nações/narrações: nossas histórias e estórias. Porto Alegre:
ABEA, 1997.
SNELL-HORBY, Mary. Translation Studies – An Integrated Approach.
Amsterdam/Phyladelphia: John Benjamins, 1995.
SPIVAK, Gayatri. Death of a Discipline. New York: Columbia UP, 2003.
_______. In Other Worlds: Essays in Cultural Politics. Foreword by Colin
MacCabe. London: Methuen, 1987.
_______.Translating into English. In: Nation, Language and the Ethics of Translation.
BERMANN, S.; WOOD, M. (Eds.). Princeton: Princeton UP, 2005 (93-110).
TRAVESSIAS – IX Congresso Internacional ABRALIC. Porto Alegre:
UFRGS/ABRALIC, 2004.
VIDAL, Maria del Cármen. El Futuro de la Traducción – Últimas teorias, nuevas
aplicaciones. Valencia: Institució Alfons el Magnànim, 1998.
VOVELLE, Michel. Ideologias e mentalidades. São Paulo: Brasiliense, 1987.
WELLEK, René. A crise da Literatura Comparada. In: COUTINHO, Eduardo e
CARVALHAL; Tânia F. Literatura Comparada: textos fundadores. Rio de Janeiro:
Rocco, 1994.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Analise comparativa the english patient - pibic
Analise comparativa the english patient - pibicAnalise comparativa the english patient - pibic
Analise comparativa the english patient - pibicMara Nunes
 
Intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literárias
Intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literáriasIntertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literárias
Intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literáriasEdilson A. Souza
 
Tania carvalhal literatura comparada
Tania carvalhal   literatura comparadaTania carvalhal   literatura comparada
Tania carvalhal literatura comparadaANDREIADIAS116
 
Registro da reunião de 11 set. 2014
Registro da reunião de 11 set. 2014Registro da reunião de 11 set. 2014
Registro da reunião de 11 set. 2014Lady Salieri
 
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade - nº 43 espéculo (ucm),...
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade -  nº 43 espéculo (ucm),...Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade -  nº 43 espéculo (ucm),...
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade - nº 43 espéculo (ucm),...Edilson A. Souza
 
Interdiscursividade e intertextualidade
Interdiscursividade e intertextualidadeInterdiscursividade e intertextualidade
Interdiscursividade e intertextualidadeMabel Teixeira
 
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtinConcepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtinDouradoalcantara
 
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...Mayara Vellardi
 
Os gêneros e a ciência dialógica do texto ii
Os gêneros e a ciência dialógica do texto iiOs gêneros e a ciência dialógica do texto ii
Os gêneros e a ciência dialógica do texto iiAFMO35
 
Abordagem ao genero textual crônica
Abordagem ao genero textual crônicaAbordagem ao genero textual crônica
Abordagem ao genero textual crônicaAndreia Medeiros
 
Intertextualidade interdiscursividade
Intertextualidade interdiscursividadeIntertextualidade interdiscursividade
Intertextualidade interdiscursividadeFrancione Brito
 
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...Mayara Vellardi
 
Felipe valoz nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparação
Felipe valoz   nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparaçãoFelipe valoz   nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparação
Felipe valoz nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparaçãoGisele Laura Haddad
 
Horacio texto arspoetica e dissertação furlan
Horacio texto arspoetica e dissertação furlanHoracio texto arspoetica e dissertação furlan
Horacio texto arspoetica e dissertação furlanPedro Lima
 
Relações transtextuais, segundo entendimento de Gérard Genette
Relações transtextuais, segundo entendimento de Gérard GenetteRelações transtextuais, segundo entendimento de Gérard Genette
Relações transtextuais, segundo entendimento de Gérard GenetteCRFROEHLICH
 

Mais procurados (20)

Aps 2011
Aps 2011Aps 2011
Aps 2011
 
Analise comparativa the english patient - pibic
Analise comparativa the english patient - pibicAnalise comparativa the english patient - pibic
Analise comparativa the english patient - pibic
 
Intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literárias
Intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literáriasIntertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literárias
Intertextualidade e interdiscursividade nas linguagens midiáticas e literárias
 
Tania carvalhal literatura comparada
Tania carvalhal   literatura comparadaTania carvalhal   literatura comparada
Tania carvalhal literatura comparada
 
Artigo
Artigo Artigo
Artigo
 
Registro da reunião de 11 set. 2014
Registro da reunião de 11 set. 2014Registro da reunião de 11 set. 2014
Registro da reunião de 11 set. 2014
 
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade - nº 43 espéculo (ucm),...
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade -  nº 43 espéculo (ucm),...Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade -  nº 43 espéculo (ucm),...
Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade - nº 43 espéculo (ucm),...
 
Interdiscursividade e intertextualidade
Interdiscursividade e intertextualidadeInterdiscursividade e intertextualidade
Interdiscursividade e intertextualidade
 
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtinConcepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
Concepções de linguagem fundamentos dialógicos do circulo de bakhtin
 
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
 
Os gêneros e a ciência dialógica do texto ii
Os gêneros e a ciência dialógica do texto iiOs gêneros e a ciência dialógica do texto ii
Os gêneros e a ciência dialógica do texto ii
 
Volume xi 2004
Volume xi 2004Volume xi 2004
Volume xi 2004
 
Abordagem ao genero textual crônica
Abordagem ao genero textual crônicaAbordagem ao genero textual crônica
Abordagem ao genero textual crônica
 
Intertextualidade interdiscursividade
Intertextualidade interdiscursividadeIntertextualidade interdiscursividade
Intertextualidade interdiscursividade
 
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
Intertextualidade em Monte Castelo: como os sentidos são construídos na compo...
 
Intertexto.
Intertexto.Intertexto.
Intertexto.
 
Felipe valoz nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparação
Felipe valoz   nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparaçãoFelipe valoz   nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparação
Felipe valoz nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparação
 
Horacio texto arspoetica e dissertação furlan
Horacio texto arspoetica e dissertação furlanHoracio texto arspoetica e dissertação furlan
Horacio texto arspoetica e dissertação furlan
 
Aula iv introdução ao pensamento de bakhtin
Aula iv   introdução ao pensamento de bakhtinAula iv   introdução ao pensamento de bakhtin
Aula iv introdução ao pensamento de bakhtin
 
Relações transtextuais, segundo entendimento de Gérard Genette
Relações transtextuais, segundo entendimento de Gérard GenetteRelações transtextuais, segundo entendimento de Gérard Genette
Relações transtextuais, segundo entendimento de Gérard Genette
 

Destaque

Инфографика как инструмент описания услуг
Инфографика как инструмент описания услугИнфографика как инструмент описания услуг
Инфографика как инструмент описания услугZeppelin
 
Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251
Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251
Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251Pedro Lima
 
2266 7788-1-pb
2266 7788-1-pb2266 7788-1-pb
2266 7788-1-pbPedro Lima
 
Tcclet literatura gotica_mattos_2009
Tcclet literatura gotica_mattos_2009Tcclet literatura gotica_mattos_2009
Tcclet literatura gotica_mattos_2009Pedro Lima
 
ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)
ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)
ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)Jose Radin Garduque
 
5534 17481-1-pb
5534 17481-1-pb5534 17481-1-pb
5534 17481-1-pbPedro Lima
 
Ecommerce website design
Ecommerce website designEcommerce website design
Ecommerce website designRajasekarbaalin
 
Chronicmyeloproliferative neoplasm ,cll
Chronicmyeloproliferative neoplasm ,cllChronicmyeloproliferative neoplasm ,cll
Chronicmyeloproliferative neoplasm ,cllpathologydept
 
terminology/sports lingo
terminology/sports lingoterminology/sports lingo
terminology/sports lingorjay94
 
Plm bayan muna lecture scs dispute
Plm bayan muna lecture scs dispute Plm bayan muna lecture scs dispute
Plm bayan muna lecture scs dispute Sam Rodriguez Galope
 
The call to worship
The call to worshipThe call to worship
The call to worshipAnita Dhawan
 
социальное воздействие (Impact) измерение и управление
социальное воздействие (Impact) измерение и управлениесоциальное воздействие (Impact) измерение и управление
социальное воздействие (Impact) измерение и управлениеЭволюция и Филантропия
 
Inteligencia emocional y habilidades sociales
Inteligencia emocional y habilidades socialesInteligencia emocional y habilidades sociales
Inteligencia emocional y habilidades socialesJuan Luis Hueso
 
Business restructuring2008
Business restructuring2008Business restructuring2008
Business restructuring2008Vaibhav Banjan
 

Destaque (20)

AngularJS
AngularJSAngularJS
AngularJS
 
Инфографика как инструмент описания услуг
Инфографика как инструмент описания услугИнфографика как инструмент описания услуг
Инфографика как инструмент описания услуг
 
Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251
Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251
Dialnet la estrategiadelfragmentoellibrodelosabrazosdeeduar-136251
 
2266 7788-1-pb
2266 7788-1-pb2266 7788-1-pb
2266 7788-1-pb
 
CFF-VRPANEL
CFF-VRPANELCFF-VRPANEL
CFF-VRPANEL
 
Tcclet literatura gotica_mattos_2009
Tcclet literatura gotica_mattos_2009Tcclet literatura gotica_mattos_2009
Tcclet literatura gotica_mattos_2009
 
ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)
ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)
ASEAN Integration 2015 Student Symposium by BSEd 3 (Photos)
 
Knockout js
Knockout jsKnockout js
Knockout js
 
Elc pre lab 2 complete
Elc pre lab 2 completeElc pre lab 2 complete
Elc pre lab 2 complete
 
5534 17481-1-pb
5534 17481-1-pb5534 17481-1-pb
5534 17481-1-pb
 
Ecommerce website design
Ecommerce website designEcommerce website design
Ecommerce website design
 
Lab 4
Lab 4Lab 4
Lab 4
 
Evandro lab 4
Evandro lab 4Evandro lab 4
Evandro lab 4
 
Chronicmyeloproliferative neoplasm ,cll
Chronicmyeloproliferative neoplasm ,cllChronicmyeloproliferative neoplasm ,cll
Chronicmyeloproliferative neoplasm ,cll
 
terminology/sports lingo
terminology/sports lingoterminology/sports lingo
terminology/sports lingo
 
Plm bayan muna lecture scs dispute
Plm bayan muna lecture scs dispute Plm bayan muna lecture scs dispute
Plm bayan muna lecture scs dispute
 
The call to worship
The call to worshipThe call to worship
The call to worship
 
социальное воздействие (Impact) измерение и управление
социальное воздействие (Impact) измерение и управлениесоциальное воздействие (Impact) измерение и управление
социальное воздействие (Impact) измерение и управление
 
Inteligencia emocional y habilidades sociales
Inteligencia emocional y habilidades socialesInteligencia emocional y habilidades sociales
Inteligencia emocional y habilidades sociales
 
Business restructuring2008
Business restructuring2008Business restructuring2008
Business restructuring2008
 

Semelhante a 36824 145666-1-sm

Intertextualidade é metalinguagem
Intertextualidade é metalinguagemIntertextualidade é metalinguagem
Intertextualidade é metalinguagemEdilson A. Souza
 
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)CAEI
 
O lugar da teoria no ensino de literatura
O lugar da teoria no ensino de literaturaO lugar da teoria no ensino de literatura
O lugar da teoria no ensino de literaturaMariana Marcelino
 
AS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdf
AS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdfAS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdf
AS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdfCarlosAlbertoTadeuZa
 
Livro resenha maria lucia c v o andrade
Livro  resenha  maria lucia c v o andradeLivro  resenha  maria lucia c v o andrade
Livro resenha maria lucia c v o andradeVanessa Santana
 
Intertextualidade e dialogismo
Intertextualidade e dialogismoIntertextualidade e dialogismo
Intertextualidade e dialogismoEdilson A. Souza
 
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane BrumEntre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane BrumMárcio Eduardo Borges
 
IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...
IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...
IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...Estudos Lusofonos
 
A Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdf
A Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdfA Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdf
A Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdfThiagoAmorim82
 
a-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdf
a-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdfa-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdf
a-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdfprofninciateixeira
 
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICOANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICOFrancis Mary Rosa
 
Resenha reflexiva lucas_espindola
Resenha reflexiva lucas_espindolaResenha reflexiva lucas_espindola
Resenha reflexiva lucas_espindolaLucas Denir
 
Sandro ornellas
Sandro ornellasSandro ornellas
Sandro ornellasliterafro
 

Semelhante a 36824 145666-1-sm (20)

Pensar o traduzir
Pensar o traduzirPensar o traduzir
Pensar o traduzir
 
Moita lopes
Moita lopes Moita lopes
Moita lopes
 
Intertextualidade é metalinguagem
Intertextualidade é metalinguagemIntertextualidade é metalinguagem
Intertextualidade é metalinguagem
 
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
 
O lugar da teoria no ensino de literatura
O lugar da teoria no ensino de literaturaO lugar da teoria no ensino de literatura
O lugar da teoria no ensino de literatura
 
EMBATES FILOSOFICOS.pdf
EMBATES FILOSOFICOS.pdfEMBATES FILOSOFICOS.pdf
EMBATES FILOSOFICOS.pdf
 
AS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdf
AS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdfAS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdf
AS-DIFERENTES-FUNÇÕES-DA-LINGUAGEM-CONTRIBUIÇÕES-DE-JAKOBSON-E-VYGOTSKY-4.pdf
 
Rompendo o seculo
Rompendo o seculoRompendo o seculo
Rompendo o seculo
 
BAKHTIN, M. - Marxismo e Filosofia da Linguagem [POR].pdf
BAKHTIN, M. - Marxismo e Filosofia da Linguagem [POR].pdfBAKHTIN, M. - Marxismo e Filosofia da Linguagem [POR].pdf
BAKHTIN, M. - Marxismo e Filosofia da Linguagem [POR].pdf
 
Livro resenha maria lucia c v o andrade
Livro  resenha  maria lucia c v o andradeLivro  resenha  maria lucia c v o andrade
Livro resenha maria lucia c v o andrade
 
Intertextualidade e dialogismo
Intertextualidade e dialogismoIntertextualidade e dialogismo
Intertextualidade e dialogismo
 
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane BrumEntre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
 
IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...
IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...
IV Simpósio Internacional sobre Literatura Brasileira Contemporânea: autoria,...
 
A Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdf
A Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdfA Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdf
A Sociolinguística - uma nova maneira de ler o mundo BORTONI-RICARDO (2014).pdf
 
a-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdf
a-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdfa-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdf
a-transposiao-intersemiotica-the-intersemiotic-transposition.pdf
 
Literatura comparada
Literatura comparadaLiteratura comparada
Literatura comparada
 
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICOANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
ANÁLISE DO DISCURSO: UM ITINERÁRIO HISTÓRICO
 
Resenha reflexiva lucas_espindola
Resenha reflexiva lucas_espindolaResenha reflexiva lucas_espindola
Resenha reflexiva lucas_espindola
 
Pportugues
PportuguesPportugues
Pportugues
 
Sandro ornellas
Sandro ornellasSandro ornellas
Sandro ornellas
 

Mais de Pedro Lima

Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...
Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...
Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...Pedro Lima
 
A representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem Fonseca
A representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem FonsecaA representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem Fonseca
A representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem FonsecaPedro Lima
 
“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...
“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...
“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...Pedro Lima
 
A pesquisa etnográfica como construção discursiva
A pesquisa etnográfica como construção discursivaA pesquisa etnográfica como construção discursiva
A pesquisa etnográfica como construção discursivaPedro Lima
 
VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...
VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...
VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...Pedro Lima
 
Interações virtuais e competência intercultural
Interações virtuais e competência interculturalInterações virtuais e competência intercultural
Interações virtuais e competência interculturalPedro Lima
 
UM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIG
UM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIGUM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIG
UM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIGPedro Lima
 
O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*
O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*
O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*Pedro Lima
 
Quadro comum europeu de referências
Quadro comum europeu de referênciasQuadro comum europeu de referências
Quadro comum europeu de referênciasPedro Lima
 
“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX
“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX
“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIXPedro Lima
 
Unidade temática 2
Unidade temática 2Unidade temática 2
Unidade temática 2Pedro Lima
 
Unidade temática 1
Unidade temática 1Unidade temática 1
Unidade temática 1Pedro Lima
 
Memória reflexiva
Memória reflexivaMemória reflexiva
Memória reflexivaPedro Lima
 
Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...
Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...
Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...Pedro Lima
 
Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...
Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...
Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...Pedro Lima
 
Unidade temática pedro
Unidade temática pedroUnidade temática pedro
Unidade temática pedroPedro Lima
 
Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...
Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...
Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...Pedro Lima
 
Tudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3o
Tudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3oTudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3o
Tudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3oPedro Lima
 
Realismo naturalismo
Realismo naturalismoRealismo naturalismo
Realismo naturalismoPedro Lima
 

Mais de Pedro Lima (20)

Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...
Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...
Monografia: A constituição do espaço em "Vastas emoções e pensamentos imperfe...
 
A representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem Fonseca
A representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem FonsecaA representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem Fonseca
A representação do sujeito pós-moderno em dois contos de Rubem Fonseca
 
“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...
“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...
“ELES COMEM CORNFLAKES, NÓS COMEMOS PÃO COM MANTEIGA”: ESPAÇOS PARA REFLEXÃO ...
 
A pesquisa etnográfica como construção discursiva
A pesquisa etnográfica como construção discursivaA pesquisa etnográfica como construção discursiva
A pesquisa etnográfica como construção discursiva
 
VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...
VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...
VIZINHANÇA GLOBAL OU PROXIMIDADE IMPOSTA? IMPACTOS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTUR...
 
Interações virtuais e competência intercultural
Interações virtuais e competência interculturalInterações virtuais e competência intercultural
Interações virtuais e competência intercultural
 
UM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIG
UM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIGUM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIG
UM OLHAR LUKACSIANO SOBRE O BEIJO DA MULHER-ARANHA, DE MANUEL PUIG
 
O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*
O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*
O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini*
 
Quadro comum europeu de referências
Quadro comum europeu de referênciasQuadro comum europeu de referências
Quadro comum europeu de referências
 
“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX
“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX
“OS VENCIDOS DA VIDA”: LITERATURA E PESSIMISMO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX
 
Unidade temática 2
Unidade temática 2Unidade temática 2
Unidade temática 2
 
Unidade temática 1
Unidade temática 1Unidade temática 1
Unidade temática 1
 
Memória reflexiva
Memória reflexivaMemória reflexiva
Memória reflexiva
 
Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...
Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...
Análise de uma tradução da canção "Ya no sé que hacer conmigo", do grupo urug...
 
Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...
Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...
Apresentacao Enalic 2016: reconhecendo as experiências sociais dos alunos em ...
 
Preguntas
PreguntasPreguntas
Preguntas
 
Unidade temática pedro
Unidade temática pedroUnidade temática pedro
Unidade temática pedro
 
Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...
Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...
Princípios da pedagogia relacional em duas regências do PIBID Letras/Espanhol...
 
Tudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3o
Tudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3oTudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3o
Tudo que-c3a9-sc3b3lido-desmancha-no-ar-introduc3a7c3a3o
 
Realismo naturalismo
Realismo naturalismoRealismo naturalismo
Realismo naturalismo
 

Último

VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfElianeElika
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 

Último (20)

VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 

36824 145666-1-sm

  • 1. 11 A LITERATURA COMPARADA E OS ESTUDOS DE TRADUÇÃO – ALGUMAS DIREÇÕES DA PESQUISA OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA Sara Viola Rodrigues UFRGS A reflexão sobre o tema “Zonas Francas: novas transações comparatistas” – elemento articulador dos trabalhos do IV Colóquio Internacional Sul de Literatura Comparada, realizado no Instituto de Letras da UFRGS em outubro de 2010, e especificamente sobre um de seus subtemas “Homogeneização, multilinguismo e tradução cultural”, levou-nos à retomada da questão do papel da tradução em sua relação com a literatura e a cultura. Nessa perspectiva, consideramos pertinente discutir o ensaio “Comparative Literature and Translation: some observations”, de Sandra Bermannn, professora e pesquisadora da Universidade de Princenton, e que foi publicado no volume 26 de Literary Research, no ano de 2010. No ensaio, Bermannn apresenta um panorama bastante abrangente e atual, embora sintético, das principais direções da pesquisa ocidental contemporânea na área da tradução e Literatura Comparada, com indicação de obras bibliográficas ilustrativas dos estudos realizados. Além disso, a ensaísta manifesta duas ideias a respeito do fenômeno da tradução sobre as quais vamos nos deter logo a seguir. No periódico mencionado, Bermannn inicia o texto destacando o poder transformador e inovador da tradução, sem deixar de aludir às variadas e complexas funções outras da tradução, apontadas ao longo da história por alguns de seus mais eminentes e conhecidos teóricos: Pensar sobre o papel da tradução relativamente à história da literatura e da cultura nos leva a uma aguda percepção de seu potencial transformativo. De Cícero a Lawrence Venuti e Maria Tymoczko, encontramos demonstrações do poder e também da complexa e variada gama de funções da tradução. À medida em que a tradução se apresenta exaustivamente, hoje, nos contextos pós-colonial, pós-estruturalista e, ainda, pós-nacional, sub-nacional, inter-nacional, torna-se evidente sua capacidade de prolongar a vida de textos literários e culturais e também de intervir nos efeitos desses textos, em âmbito mundial. (p.15)1 . Em seguimento, a ensaísta apresenta, a nosso ver, a ideia mais importante do artigo, porque potencialmente muito produtiva para uma retomada da reflexão sobre a tradução ao longo do tempo, e com uma possível abertura para o novo: repensar a Doutora em Literatura Comparada. Neste trabalho, todas as traduções das citações são de nossa autoria.
  • 2. 12 tradução no século XXI (...) pode ter como resultado o refinamento e a ampliação de nossas visões sobre leitura e crítica comparadas (p.15). Bermannn explica como isso se daria: Idealmente, uma maior atenção para o fenômeno da tradução criaria um modo particular de leitura, linguístico e textual, em que a prática da tradução é entendida como um fenômeno tanto local, como global; como algo específico, contudo ligado a afiliações e solidariedades mais amplas. Tal abordagem – influenciada pela perspectiva da tradução – segundo teorias e práticas tradutórias de diferentes partes do Globo, poderia instrumentalizar a Literatura Comparada para o desempenho de um papel particular de abertura e democratização nos estudos literários hoje. Em outras palavras, é possível resumir sua proposição da seguinte forma: deve- se ler do mesmo modo que se traduz, ou seja, com uma aguda atenção para todos os níveis textuais, desde o fonemático até o semântico, tendo como referência o contexto situacional do texto, o que implica o aspecto cultural. Isso inegavelmente produz uma leitura detalhada, perspicaz e acaba ensejando uma nítida consciência do Outro, primeiro passo para o reconhecimento desse Outro, seja ele o indivíduo, o povo, a cultura.2 Para os estudiosos da teoria da tradução isso não é novidade. Entre nós, brasileiros e latino-americanos, tanto Octavio Paz (1981), quanto Haroldo de Campos (1996) já haviam salientado a estreita conexão entre traduzir e ler em profundidade. No texto de Haroldo de Campos (1996, p.241), “Paul Valéry e a Poética da Tradução”, a concepção valeriana sobre tradução anula, como diz Haroldo, “a suposta diferença categorial entre escritura e tradução”: Escrever o que quer que seja, desde o momento em que o ato de escrever exige reflexão e não é a inscrição maquinal e sem detenças de uma palavra interior toda espontânea, é um trabalho de tradução exatamente comparável àquele que opera a transmutação de um texto de uma língua a outra. Semelhante ponto de vista está presente no texto “Traducción: literatura y literalidad” de Octavio Paz (1981:7-9). As palavras inicias de Paz na introdução do capítulo são: “Aprender a hablar es aprender a traducir”. O poeta diz que quando a criança pergunta à mãe sobre o significado de uma palavra, na verdade o que ela deseja é que a mãe traduza para sua linguagem o significado do termo traduzido. Paz declara 2 O passo subsequente – o respeito pelo Outro e sua valorização – é uma questão complexa que tem sido extensamente abordada pelos estudiosos da Tradução, principalmente na literatura pós-colonial. Sobre essa questão, ver, por exemplo, CAMPS, Assumpta (ed.). Ética y política de la traducción em la época contemporânea. Barcelona: PPU, 2004.
  • 3. 13 que o “significado da tradução dentro de uma língua, não é, nesse sentido, essencialmente distinto da tradução entre duas línguas diferentes”. Pouco mais adiante, ao referir o efeito destruidor da universalidade do espírito, pela Idade Moderna, e enfatizando as diferenças culturais em todos os seus níveis, Paz observa: La traducción ya no es una operacción tendiente a mostrar la identidad última de los hombres sino que es el vehículo de sus singularidades. Su funcción había consistido en revelar las semejanzas por encima de las diferencias; de ahora en adelante manifiesta que esas diferencias son infranqueables, tráte-se de la extrañeza del salvaje o la de nuestro vecino. No mesmo capítulo, o poeta discorre sobre as divisões que passam a existir a partir da modernidade e assinala que no âmago de cada língua esta idéia de totalidade indivisível também deixa de existir, lá havendo a reprodução das divisões originadas pelas épocas históricas, classes sociais, gerações. A isso poderíamos acrescentar, especificando mais, etnias, gênero e culturas. Movendo-nos para estes primeiros tempos do século XXI, constata-se a permanência do crescente interesse pelos Estudos de Tradução vinculado a paradigmas teóricos da época, conforme atestam os dados referidos por Bermannn sobre numerosos eventos recentes. Entre esses, destacam-se aqueles organizados pela Associação Americana de Literatura Comparada (AALC) e também pela Associação Internacional de Literatura Comparada (AILC), com temáticas sugestivas relacionadas à tradução e que igualmente dão suporte às conclusões de Bermann sobre o poder transformador e inovador da tradução.3 Como evidência desse interesse pelos Estudos de Tradução, a referida autora comenta duas dezenas de livros lançados, dentre os quais destacamos o de Emily Apter: The Translation Zone: A New Comparative Literature (2005) pelo conceito de inovação que a obra apresenta. Nessa obra, Apter traça os caminhos entrelaçados da Literatura Comparada com os Estudos da Tradução e, acercando-se das ideias de Spitzer, Said, Derrida e Spivak, ela defende que se coloque a questão da linguagem em primeiro plano; isso ajuda o tradutor a inovar a significação da obra literária, quando questiona e desconstrói significados linguísticos restritivos e suposições culturais limitadoras, geralmente 3 Em 2009, o Encontro da Associação Americana de Literatura Comparada elegeu como tema “Global Languages, Local Culture” [Linguagens Globais, Culturas Locais]; no mesmo ano, o Encontro da Associação de Línguas Modernas (conhecida no mundo inteiro pela sigla em inglês MLA) abordou “The Tasks of Translation in the Global Context” [As Ttarefas da Tradução no Contexto Global]; em 2010, a Associação Americana de Literatura Comparada escolheu o seguinte tema para o Encontro: “Creoles, Diásporas, Cosmopolitanisms” [Creoles, Diásporas, Cosmopolitanismos].
  • 4. 14 associados a simplificações culturais que se revelam quando o tradutor aciona uma tentativa de solução dos impasses tradutórios, ou das passagens “intraduzíveis”. Na realidade, evidentemente não só Emily Apter, mas vários autores da segunda metade do século XX, entre os quais citam-se Lawrence Venuti, Theo Hermans, Paul Bandia, Michael Cronin, Jeremy Munday, Maria Tymoczko, desenvolvem temas nas águas da corrente cultural que tem marcado presença na história da tradução desde o início dos anos 1990. Além desses, dois nomes inteiramente conhecidos no mundo dos estudos tradutórios, Susan Basnnett e André Lefevere, já haviam enfatizado a importância do conhecimento profundo de linguagem e tradução para uma “nova” Literatura Comparada. Esse conhecimento, fruto de muita pesquisa e reflexão, terminou por originar o “cultural turn” – ou “virada cultural” dos Estudos de Tradução – que mudou a ênfase, em seus Estudos, da linguística para contexto e função, isso sob o influxo da perspectiva crítica de Edward Said – especialmente com as obras Orientalism (1978), e Culture and Imperialism (1993); Jacques Derrida e suas obras Gramatologia (1973) e A escritura e a diferença (1971), e Gayatri Spivak, com o texto A Critique of Postcolonial Reason: Towards a History of the Vanishing Present (1999). Essa nova tendência de focalizar o aspecto cultural nos Estudos de Tradução continua na ordem do dia dos referidos Estudos e está em estreita ligação com a principal função da Literatura Comparada hoje, como veremos mais adiante. A esse respeito, Vidal (1998, p.51-63) apresenta um ensaio teórico-crítico, cujo título não poderia ser mais revelador: “La Cultura como Unidade de Traducción”. A bem da verdade, este conceito foi primeiramente elaborado por Snell-Horby (1995), ao tratar da relação entre língua e cultura no capítulo “Translation as a cross-cultural event” de seu livro intitulado Translation Studies – An Integrated Approach. Vejamos agora de forma breve alguns aspectos do pensamento dos autores mencionados sobre a relação entre língua/linguagem/cultura e os Estudos de Tradução. Como dissemos, são ideias que continuam a nutrir o pensar e o fazer tradutório em nossos dias. São ideias que fazem parte dos programas teóricos dos cursos universitários. São conceitos que norteiam o trabalho prático dos tradutores. Comecemos por Susan Basnnett. Em seu antológico Estudos de Tradução (1991/1998/2005), ela já havia enfatizado a importância da relação língua e cultura para os estudos tradutórios. Depois de estabelecer que
  • 5. 15 O primeiro passo em direção a um exame do processo de tradução deve ser o de aceitar que, embora a tradução tenha um núcleo central de atividade linguística, este pertence mais propriamente à semiótica, a ciência que estuda os sistemas ou estruturas dos signos, seus processos e suas funções. Além da noção enfatizada pela abordagem estritamente linguística, esta tradução envolve a transferência do “significado” contido em um conjunto de signos de linguagem em um outro conjunto de signos de linguagem através do uso competente do dicionário e da gramática, o processo envolve também um conjunto completo de critérios extralinguísticos. Basnnett sentencia: A língua (...) é o coração do corpo da cultura, e é a interação entre os dois que resulta na continuação da energia-vida (life-energy). Do mesmo modo que o cirurgião, ao operar o coração, não pode negligenciar o corpo que o circunda, o tradutor correrá risco se tratar o texto isoladamente da cultura. (Ibid., p. 36). Em outro momento e obra (no capítulo 8, sob o título de “Translation Turn in Cultural Studies”, do livro Constructing Cultures – Essays on Literary Translation,1998), Susan Basnnett dirige seu pensamento crítico para a questão da mudança de ênfase nos estudos tradutórios que passaram da fase formalista (foco linguístico), para a fase extralinguística com a atenção voltada para as questões mais amplas do contexto, da história e das convenções. Referindo-se igualmente a André Lefevere, declara Basnnett (p.123): Denominamos esta mudança de ênfase “virada cultural” nos estudos de tradução, e sugerimos que um estudo dos processos de tradução combinado com a prática da tradução poderia ser um meio para se compreender como ocorrem os complexos processos de manipulação textual: como, por exemplo, se seleciona um texto para ser traduzido, qual o papel do tradutor nessa seleção, quais os papéis do organizador, editora ou patrocinador, quais critérios determinam as estratégias que serão empregadas pelo tradutor, como o texto seria recebido no sistema meta. Pois a tradução sempre acontece em um continuum, jamais no vazio, e vários tipos de constrições textuais e extratextuais condicionam o tradutor. Essas constrições, ou processos manipulatórios envolvidos na transferência de textos, tornaram-se de primeira importância para os estudos de tradução, e para analisá-los, os estudos de tradução ampliaram-se e aprofundaram-se. A partir dessas ideias é natural a dedução de que a área da literatura seja fortemente afetada por tais constrições, já que se sabe que uma das funções da tradução é a circulação de obras literárias traduzidas. Nessa perspectiva, e como os estudos sobre tradução literária normalmente estão imbricados com os estudos comparados, decorre que era previsível o que vem ocorrendo: o aumento da pesquisa em torno das questões
  • 6. 16 de linguagem e cultura, tanto para o estudioso da tradução, quanto para o crítico comparatista. Em termos da sobrevida e circulação da obra literária, cabe mencionar Translating Literature – Practice and Theory in a Comparative Literature Context (1992), livro de André Lefevere muito utilizado na academia, especialmente em cursos de tradução e Literatura Comparada. Num contexto teórico derrideano, Lefevere faz uma revisão de teoria da tradução e apresenta a tese de que a tradução é um processo de reescritura. Esse processo é responsável pela sobrevivência da obra e deve ser estudado em todos os seus aspectos dentro do tema da função da tradução em uma determinada cultura. Cremos que a influência desse material teórico prático tem sido enorme nos centros de formação universitários e continua sendo balizador para muitos trabalhos de pesquisa em três áreas da tradução literária: processo, produto e recepção. Retomando as questões da linguagem e da cultura nos estudos tradutórios e comparados, é importante assinalar que há um grande volume de trabalhos sobre as referidas questões na crítica literária pós-colonial. Em 1993, Susan Basnnet já aludia a isso, ao discorrer em Comparative Literature: A Critical Introduction sobre como acontecem as relações entre a tradição local e a importada, com ênfase no estudo de como a literatura nacional foi/é influenciada pela cultura importada. Basnnett considera construtivo o modo como a Literatura Comparada tem sido usada em países que deixaram de ser colônias (como os países da Ásia, da África e da América Latina) e que buscam essa pesquisa comparada no intuito de entender o passado para construir o presente e o futuro em novas bases emancipatórias, a partir do processo de reconstrução e afirmação de suas identidades nacionais. Esse processo de revisão tem como um de seus resultados a permanente revisão do cânone. Assim, segundo Susan Basnnett (id.ibid.), a crise da Literatura Comparada deflagrada por René Welleck, 1958/1995 (para quem o objeto e método(s) da Literatura Comparada seriam artificiais), só acontece na Europa e Estados Unidos, pois que nos países acima mencionados, a Literatura Comparada está viva, atuante e é parte da constituição de suas identidades culturais e literaturas nacionais. Tal quadro de acontecimentos na segunda metade do século XX coincide com outros movimentos como o da crítica feminista e, talvez o mais importante, com a mudança de paradigma teórico do estruturalismo para o pós-estruturalismo, e as consequências vitais para o papel do leitor e a recepção da obra literária.
  • 7. 17 A intensa atividade dessa crítica transcultural – mediada pela tradução – dá-se, segundo Basnnett, no terreno da Literatura Comparada, cujo ponto de partida deve necessariamente ser a cultura local, obedecendo a um movimento de dentro para fora, ao contrário do que era feito antes, em que se iniciava pelo exame do modelo europeu para, depois, olhar-se para o local, conforme Nitrini (1997). O exame das obras de literatura e de seus diferentes contextos e culturas, pela mediação quase constante dos Estudos de Tradução, deram margem à volta das questões ligadas à Weltliteratur de Goethe. Entretanto hoje a Literatura Mundial é um conceito que agregou muitas nuances que não cabe desenvolver aqui, mas que, em todo caso, está sendo amplamente discutido pelos estudos comparados, especialmente a partir das discussões sobre a formação de cânone(s). Jonathan Culler é um dos críticos que tem se ocupado desse tema. Culler (2006, p. 246), chega a afirmar que os estudos comparados estão dando margem a uma nova literatura mundial: It is possible to take an interest in the literature of the world as a repertoire of possibilities, forms, themes, discursive practices: comparative literature, I have argued, is the right place, especially today, for the study of literature as a discursive practice, a set of formal possibilities, thus poetics. De qualquer modo, a questão cultural continua ocupando o centro de interesse da crítica nas ciências humanas e, como não poderia deixar de ser, nos Estudos de Tradução e na Literatura Comparada. Entretanto, e por isso mesmo, cabe uma revisão sobre como está sendo atualizada essa questão nesta primeira década do século XXI. Sabemos que o termo “tradução cultural” está longe de apontar para uma única conceituação. Nessa perspectiva, trazemos a contribuição de Anthony Pym (2010) que apresenta uma das explicações para seu significado: “Cultural Translation” may be understood as a process in which there is no source text and usually no fixed text. The focus is cultural processes rather than products. The prime cause of cultural translation is the movement of people (subjects) rather than the movement of texts (objects). (p. 144). Disso se depreende que a crítica da tradução cultural se preocupa antes com os processos culturais, do que com os produtos linguísticos. Aliás, Pym declara, ele próprio (p. 148) essa mesma ideia e acrescenta que “ao invés de uma hermenêutica de textos, a tradução cultural tem se caracterizado por uma maneira de falar sobre o mundo”. (id.ibid.).
  • 8. 18 Avançando na leitura desse livro, e observando-se as várias faces do fenômeno da tradução cultural, é impossível não concluir que antes de se afirmar que a tradução cultural é um novo paradigma dos Estudos da Tradução em nosso tempo, é necessário desenvolver mais pesquisas sobre seu uso nas várias áreas do conhecimento, como na sociologia, na antropologia, na psicanálise e na própria Literatura Comparada. Mas sem dúvida, a tradução cultural é um excelente meio de se perceber como os processos tradutórios operam no mundo de hoje, e como a tradução tem influído na história das sociedades, através de seu poder de intervenção que se revela nas negociações efetivadas pelo tradutor ao lidar com questões de gênero, história ou política contemporânea. Nessa esteira da relação do tradutor com o local e o global, trazemos a figura de Michael Cronin. Reconhecido na área da Literatura Comparada, Cronin vê a tradução como uma oportunidade para apresentarmos nossa própria compreensão do texto-fonte que temos à frente. Essa compreensão é oriunda da negociação que com ele estabelecemos a partir de nosso igualmente particular ponto de vista. Em suas duas obras, Translation and Globalization (2003) e especialmente em Translation and Identity (2006), Cronin deixa bem claro que pensar sobre a tradução nessa perspectiva permite que as especificidades culturais do Outro se tornem evidentes, afastando o processo de homogeneização, ou domesticação. O autor enfatiza que é, contudo, sempre necessária uma negociação com a cultura receptora. Nada de muito novo, se pensarmos em Gideon Toury e outros teóricos que focaram a língua/cultura meta. Na perspectiva de Cronin, aceitar a tradução como um modo de relação, ou de conexão, garante que tais relações serão tão variadas quanto forem os tradutores e autores, pois em tal processo haverá espaço para a complexidade de ideologias, crenças, mentalidades, linguagens e contextos culturais dos diferentes tradutores. Assim, a tradução pode efetivamente nutrir a diversidade, vendo o local com um olhar para mais além, com um olhar para o global, ou seja, um olhar que considera afiliações e solidariedades mais amplas. Aqui cabe observar que Cronin está teoricamente afinado com o posicionamento de Octavio Paz anteriormente comentado: há trinta anos, Paz salientava que a tradução aponta principalmente para as diferenças. Bermannn assinala que as idéias de Cronin são interessantes não somente para os especialistas em tradução, mas igualmente para as áreas literárias – e não literárias, porque, aceitar o trabalho da tradução no que ele chama de nível microcosmopolita,
  • 9. 19 permite pensar o global de modo mais aberto, mas também pensá-lo localmente, de modo mais específico, preciso, focado no ‘aqui’. Ele sugere que estudemos a literatura e a cultura ‘from below’ ‘a partir da base’, ‘de baixo’ (evidentemente sem a conotação de inferioridade). O que o autor aconselha é que se comece o estudo da tradução pelo estudo profundo da própria língua, com suas, muitas vezes invisíveis imbricações históricas e culturais, fazendo o mesmo com a própria cultura; isso poderia conduzir a uma discussão crítica em termos lingüísticos e/ou culturais de qualquer língua ou cultura (e não apenas das línguas/culturas hegemônicas inglesa, francesa, espanhola etc), criando um olhar interessado e atento para outras línguas e culturas. Desse modo, a proposta de Cronin oferece uma resposta policêntrica para os desafios da tradução na linha do que foi postulado no início deste texto, ao mesmo tempo em que enfatiza a importância de uma leitura em profundidade de textos e contextos. O resultado é um método não elitista de abordagem da tradução, ancorado num estudo lingüístico e cultural profundo, rigoroso e sensível. Seria interessante associar às ponderações desse teórico, uma recomendação de Emily Apter, dada no livro que já referimos anteriormente (The Translation Zone: a new Comparative Literature). Semelhantemente a Cronin, Apter enfatiza a necessidade de colocar as questões da linguagem/língua em primeiro plano. Ao analisar problemas teóricos específicos da tradução, a autora chama a atenção para o fato de que a tarefa da tradução não é somente garantir a sobrevida do texto (na expressão de Walter Benjamin (2000). Segundo Apter, trata-se, além disso, de atentar para seu potencial de transformar; trata-se de ‘des-afirmar’, desconstruir, algumas crenças culturais e linguísticas que restringem a tradução. Buscando (e encontrando) nas lacunas e diferenças lingüísticas e seus impasses tradutórios (as coisas intraduzíveis), os meios de separar nosso entendimento das palavras, de seus esteriótipos e significações advindas de simplificações culturais, Apter traz a lume o potencial da tradução e da Literatura Comparada para a criação de novos espaços imaginativos para as humanidades. Nesse sentido, retornamos a Cronin com uma conclusão aparentemente óbvia para qualquer estudioso de Teoria da Tradução hoje: Um dos modos pelos quais nos conectamos com outros de diferentes línguas e culturas é por meio da tradução, portanto o compromisso com a elaboração de modelos de tradução sensíveis ao aspecto cultural parece central para qualquer conceito de cidadania global no século XXI (2006, p.30).
  • 10. 20 É fácil de entender, difícil de executar. A segunda parte de sua afirmativa é a proposta de um projeto de alcance, à primeira vista, inimaginável. Elaborar modelo de tradução sensível ao aspecto cultural é uma recomendação absolutamente razoável, óbvia e, ao mesmo tempo, totalmente vaga e de uma amplitude imensurável. Será menos impraticável se estribada nos fundamentos de Emily Apter, resumidamente referidos acima. Mas, mesmo assim, é preciso discriminar bem o significado da sugestão de Cronin, pois, de fato, elaboração de modelo pode trazer à mente a ideia de criação de um construto normatizado, fechado; algo como um continente para abarcar os conteúdos desta ou daquela situação cultural, descrevê-la, explicá-la, interpretá-la. Na realidade, em nosso ponto de vista, talvez o que Cronin deseja salientar é que se trata antes de oferecer ao tradutor ferramentas de pesquisa e linhas de raciocínio que lhe permitam construir um tipo de mentalidade aberta às diversidades lingüísticas, culturais, históricas e, principalmente, filosóficas do estrangeiro. Inquestionavelmente, na base de toda e qualquer decisão teórico/prática diante de um texto a ser traduzido (seja de que tipo for), estão crenças filosóficas, conscientes ou não conscientes. A história tem demonstrado isso largamente e é importante que o estudante, tradutor, ou simples curioso pela temática da tradução tenha consciência desse fato. Não somos tão livres assim na escolha desta ou daquela teoria para balizar nossas ações. Seremos mais livres se tivermos consciência do que está ‘direcionando’ 4 nosso comportamento no mundo, para, pelo menos, concordarmos ou discordarmos e buscarmos novas alternativas. Isso se aplica a qualquer tipo de interpretação, avaliação e decisão relativamente às questões tradutórias em seu sentido estrito, mas, e antes de mais nada, às questões de tradução da própria realidade interna e externa do indivíduo, às ‘traduções das sociedades’, às ‘traduções do mundo’. Aparece aqui o tema da tradução de teorias, questão crucial para os Estudos da Tradução, sobre o que falaremos oportunamente. Voltemos agora a atenção para o que tem acontecido nos estudos comparados e de tradução em termos locais, apontando alguns eventos que julgamos representativos do direcionamento da pesquisa na área da Literatura Comparada em nosso país nos últimos anos, no cenário do novo paradigma de pensamento. 4 Sabe-se que o balizamento das ações humanas encontra motivação nas tendências filosóficas, religiosas e científicas que ficam bastante nítidas quando se estuda - através do tempo - a história das ideias ou das mentalidades (também denominada de história cultural). Sobre o tema, ver, por exemplo: VOVELLE, Michel. Ideologias e mentalidades. São Paulo:Brasiliense, 1987; pp.15,17 e 24.
  • 11. 21 Se na década de 2010 para falarmos do espaço das ciências humanas e da tradução estamos utilizando o conceito de zonas, isso está relacionado ao processo de significação desse conceito sob a influência das ideologias que campeiam nos séculos XX e XXI e cuja marcha se caracteriza pelo desassossego provocado pela ruptura com os ideários do positivismo, modernismo e estruturalismo, com ênfase agora àqueles dualismos em que se constatam as oposições aos valores modernos. Essa marcha inquieta, cheia de oscilações e sobressaltos, vem na esteira da reflexão sobre questões de (quebra de) hierarquias, diferença, limites, fronteiras, centro/periferia, local/ global, migrações, diásporas etc5 . Em termos locais, a voz da polêmica ideológica pós-moderna, entre nós institucionalmente organizada e representativa na publicação Limites – 3º Congresso ABRALIC (1992), traz em seu próprio título o tema do que seria a conferência maior do evento – “The situation as na internal limit - Constraints of Post-Modern Architecture”, na qual Fredric Jameson (p.15-30) discute uma concepção de limite formal e estético, mais especificamente dos limites do pós-modernismo – conceito decisivo para o pensamento científico contemporâneo. Ilustremos isso, relembrando, por exemplo, títulos/temas de outras publicações relacionadas às reflexões desenvolvidas em eventos da Literatura Comparada brasileira nos aproximadamente últimos vinte anos (isso só para ficarmos em alguns exemplos nacionais). Em 1994, foi publicado Literatura e Diferença (IV Congresso ABRALIC, em São Paulo). Em sua apresentação, se lê: (...) a circulação literária foi pesquisada e estudada com ênfase no descentramento de óptica, de forma a se analisar, com os pés na periferia, as imbricações entre o regional e o nacional, entre o nacional e o supranacional e entre a série literária e as demais séries culturais. Deve-se registrar que essa perspectiva do descentramento de óptica, numa situação histórica de supranacionalidade e de ascensão de comunitarismos, colocou-se entre as preocupações centrais dos congressistas, inclusive entre as participações do Exterior (p.IX). Em 1996/1997, nos Anais do 5º Congresso da ABRALIC, observa-se uma consolidação desse escrutínio do que vinha sendo produzido na área dos estudos literários comparados no Brasil, em termos além fronteiras da ‘literariedade’ – conceito estruturalista – abrindo-se um leque de investigações que extrapolam o exame da 5 Fredric Jameson (1992:18-21) utiliza o quadrado semiótico de Greimas como ferramenta para delinear os limites internos de algo que ele próprio diz ser “sem fronteiras ou leis”, o pós-modernismo. É interessante como o autor elabora suas ideias a partir de um sistema fechado (o referido quadrado), para criativamente transgredi-lo.
  • 12. 22 linguagem literária em si e apontam para uma imbricação com os estudos antropológicos, etnográficos, de gênero e de questões canônicas. Isso se comprova por alguns dos subtemas do evento (p. 7): “Cenários da Cidade’; Nacionalismos, Etnias e Sexualidades”; Pós-colonialismos e Identidades Culturais, “Globalização, Tradução e Trocas Culturais e Práticas e Instâncias Canônicas: Teoria, Crítica e Historiografia Literárias. Nessa perspectiva ainda, consideramos, em nível nacional, o texto organizado por Rita Schmidt Nações/Narrações: nossas histórias e estórias (1996) entre os mais instigantes e didáticos, quanto ao objetivo de levantar e tratar das temáticas/polaridades mencionadas no início do comentário sobre dualismos e oposições ao modernismo e sobre as reflexões nos congressos de literatura aludidos. Nessa publicação, sob o influxo do pós-estruturalismo, e aglutinadas pela análise do conceito de nação e narração/ções, as ideias contidas no raciocínio crítico desenvolvido nos trabalhos já se inclina para o estudo mais afinado de identidade cultural e dos complexos elementos presentes na significação das questões sócio-econômico-culturais que se revelam nos textos da literatura, quando lidos à luz da matriz de pensamento pós-moderna. É a própria organizadora quem declara no Prefácio da obra (p. 7): Essa temática [nações/narrações – nossas histórias e estórias], inspirada no trabalho desenvolvido por Homi Bhabha, contempla alguns dos aspectos nucleares do debate teórico-cultural contemporâneo no que diz respeito a mudanças de paradigmas nas conceptualizações do nacional, de identidade nacional e de diferença cultural. Essas mudanças têm-se processado no contexto do desmantelamento da concepção totalizadora de cultura nacional, una e falaciosamente integrativa, atrelada à fixidez espacial da concepção de estado-nação, e da emergência de culturas locais e regionais que promovem a rearticulação de identidades plurais – de raízes étnicas, culturais, raciais e de gênero – que, por força do poder dirigido para o interior da própria cultura, foram historicamente empurradas para as margens. Na medida em que o termo ‘cultural’ deixa de ser um predicado do termo ‘nação’, nos moldes do que tradicionalmente se entendeu por ‘nacionalismo cultural’, para se referir a um processo fluido, simbólico e gerativo de formas disjuntivas de representação que as limitações do conceito de nação-estado não pode mais abarcar, delineia-se com um campo hermenêutico de discursos, significados e narrativas que interpelam a identidade hegemonicamente construída, bem com a história institucionalizada da moderna coesão social – todos em um – que a socializou. E eis que em Culturas, Contextos e Discursos – Limiares Críticos no Comparatismo (1999), surge o conceito de zonas, associado ao qualificativo liminares, para aludir ao processo de interpenetração crítica desses conceitos antes bipolarizados. Com efeito, a referida publicação, resultado de seminário do GT da ANPOLL realizado
  • 13. 23 na UFRGS, sob a coordenação de Tânia Carvalhal, e com dimensões internacionais, num esforço interdisciplinar, buscava a confrontação de discursos com a criação da linha de pesquisa “Limiares críticos no comparatismo”, uma conseqüência natural à demanda de atenção para os questionamentos dos limites disciplinares, teóricos e metodológicos, dos entrecruzamentos de classificações questionadas pelas dúvidas taxonômicas. Na ocasião, conforme Lisa Block de Behar, se a atualidade literária, estética, teórica, crítica e hermenêutica hesita diante de um conhecimento que, em movimento, se instala no intervalar, abarcando a uma só vez espaços distintos, julga-se que se deva dar mais atenção, além da requerida por centros e periferias, a zonas liminares onde os gestos de iniciação propiciem a formulação de conceitos, onde os limites vão penetrando progressivamente espaços que não se determinam com nitidez (p.10). A autora estabelece uma analogia entre esse quadro e o que acontecia na academia, instituições mediáticas e literárias, relativamente aos limites difusos e ao mesmo tempo afins, dando lugar a diversos entrecruzamentos e controvérsias que, como as discussões sobre o cânone, sobre os gêneros, sobre a vigência da própria instituição literária, fazem dos marcos um espaço de luz e sombra, um umbral que habilita o acesso a uma interioridade sempre enigmática ou que avança em direção de uma exterioridade que não se subtrai às inscrições de uma escrita, que filtra tanto a realidade quanto a ficção, representando-a e configurando-a (p.11). Lisa Block de Behar chama a atenção para a contradição originada pela tentativa de equacionamento dessa problemática, pois estas preocupações com o limite, a fronteira, a margem, o contorno, se encontram no centro das reflexões literárias que transformam a localização em tema e matéria de seus objetivos disciplinários onde a comparação, a articulação entre culturas, as linhas de contraste e coincidência se constituem na topografia destas investigações (p.11). Com base nessa configuração, Carvalhal (p.11) estabelece uma correspondência metodológica entre a linha de pesquisa “Limiares Críticos” e a própria noção de comparatismo “que contrasta, confronta, ultrapassa limites, buscando reconceituar noções tradicionais e sublinhar a importância, para a reflexão comparatista atual de questões como apropriação, hibridismo, interpenetração cultural, cruzamentos discursivos, disseminação espacial, multiculturalismo”. O que nos parece extremamente importante para os Estudos de Tradução e para os métodos comparativos, ainda hoje, é o que Carvalhal aponta logo a seguir no mesmo texto e que, pelo seu caráter iluminador, vale a pena ser aqui citado. O contexto da citação é o da discussão da ‘diluição de fronteiras’ e da questão da ‘contextualização’,
  • 14. 24 como fundamentos para tratar dos temas das especificidades culturais, da fronteira “como um espaço móvel e sempre refeito do ‘híbrido’ onde os contatos e as interpenetrações se efetuam, são objetos concretos de uma reflexão que se ocupa com as transferências, as passagens, as migrações e as trocas (p.11). Nesse contexto, Carvalhal destaca o seguinte: Transladar, como metáfora essencial aos processos de contatos e de apropriações culturais, ganha para nós um sentido muito especial quando se trata do translado de teorias, da importação de modelos, de sua deformação e aplicação em contextos diversos daqueles em que elas se originaram. (...) Para críticos como Hillis Miller, o evento mais importante para os estudos literários dos últimos trinta anos na América do Norte foi sem dúvida a assimilação, a domesticação e a transformação das teorias européias. E de vários tipos: fenomenológica, lacaniana, marxista, foucaultiana, derrideana etc. Isto pode ser pensado também para a América Latina, embora em cada lugar essa translação ocorra de diferentes modos, de acordo com regras diferentes e necessidades próprias. Nessa altura do texto, Carvalhal lança uma questão de primordial importância - por ser básica para a reflexão sobre a natureza da(s) teoria(s) transladadas e por constituir permanente desafio para o pesquisador às voltas com a referida translação. A autora traz a campo a necessidade de se investigar como e por que se deu esse processo de translação de teorias em cada lugar e em momentos determinados e pergunta: “ é possível ‘transladar teorias’, quando os exemplos que as amparam são topograficamente localizados? Sabe-se que não há teorias sem exemplos e que eles vinculam a teoria não apenas a uma língua ou a uma cultura específica mas a obras particulares no corpo desta cultura” (p.12). A indagação acima provocou (e cremos que continua a incitar) questionamentos sobre os modos dessa tradução, “as maneiras de diluir e ultrapassar fronteiras”, segundo a própria autora (p.12) e que estão “presentes nos procedimentos comparativos”. Ou seja, o método comparativo foi e continua sendo o veículo revelador do curso e feições da tradução de ideias e de culturas. Eventos seguintes e suas respectivas publicações, como por exemplo: Terras e Gentes - VII Congresso da ABRALIC (2000), Transversões - I Colóquio Sul de Literatura Comparada e Encontro do GT de Literatura Comparada da ANPOLL (2001), Mediações – VIII Congresso Internacioanal ABRALIC (2002), Travessias – IX Congresso Internacional da ABRALIC (2004) deram continuidade e amplitude a esse tipo de reflexão e questionamento, alargando o debate sobre as questões de fronteira (que aliás começara de forma substantiva entre nós com a publicação Limites
  • 15. 25 anteriormente referida) e por conseqüência natural sobre as trocas culturais, tradução, processos de transculturação, migração, exílio, viagem, nomadismo, liminaridade, trânsitos da literatura e sua produção, tradição, memória e identidade, intertextualidade e interdisciplinaridade. Pelo que se percebe em congressos, seminários, discussões de currículo na academia e em textos de crítica, esses questionamentos continuam na ordem do dia, embora evidentemente com vários desenvolvimentos e produção acumulada nos últimos anos que merece e deve ser conferida, antes mesmo ou talvez paralelamente ao estudo e aplicação das sugestões de Apter e Cronin - que comentamos na parte inicial deste trabalho. Ao tratar da (sempre presente) questão do papel da tradução em sua relação com a literatura e a cultura, (essencial, no caso dos cursos superiores de tradução), levando em consideração o percurso assinalado, pode-se concluir que a literatura e as demais áreas humanas, embora com fronteiras disciplinares delineadas6 , interpenetram-se continuamente. O fator de definição desta relação é a tradução das teorias que enformam esta relação. A tradução (a mais interdisciplinar das atividades) vincula-se de maneira muito especial com a literatura, especialmente com a Literatura Comparada. A Literatura Comparada, em nosso ponto de vista, é um modo de ler. Na Literatura Comparada há a primazia do confronto, do estudo da diferença. Este é o estudo que, sublinhando a diferença, faz o diferente ser respeitado: de mãos dadas com os Estudos de Tradução, foi uma das bases dos estudos pós-coloniais. Juntamente com os Estudos de Tradução, pode auxiliar a tornar nossos paradigmas e experiências no mundo contemporâneo inteligíveis7 , o que é condição primeira para transpor limites e avançar. REFERÊNCIAS APTER, Emily. The Translation Zone: a New Comparative Literature. Princeton: Princeton UP, 2005. BASSNETT, Susan. Comparative Literature: a Critical Introduction. Oxford: Blackwell, 1993. 6 Não vamos aqui discutir a problemática dessa delimitação que é complexa e foge ao foco do trabalho. 7 A leitura do capítulo “Limiares, passagens e paradigmas: o curso da pesquisa” de Tania F. Carvalhal. In: I Colóquio sul de Literatura Comparada e Encontro do GT de Literatura Comparada da ANPOLL. Trans/versões Comparatistas. Anais. Porto Alegre: Instituto de Letras/PPG-Letras, 2001 (147-150) foi importante para esta conclusão. Neste mesmo capítulo, recomendo ver especialmente sugestões para a prática e pesquisa comparatista.
  • 16. 26 _________. Estudos de Tradução. Tradução de Sônia T. Ghering, Letícia V. Abreu, Paula A. Antinolfi. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1995. _________; LEFEVERE, André. Constructing Cultures – Essays on Literary Translation. Clevedon/Philadelphia/Toronto/Sydney: Multilingual Matters, 1998. BERMANNN, Sandra. Traduction et Traducteurs/Translation and Translators. Recherche Littéraire/Literary Research. Virginia: George Mason University and ICLA, v.26, n.51-2, (Summer 2010), p.15-20). CAMPS, Assumpta (ed.). Ética y política de la traducción em la época contemporânea. Barcelona: PPU, 2004. CAMPOS, Haroldo. Paul Valéry e a poética da tradução. In: COSTA, Luiz Angélico da (org.) Limites da Traduzibilidade. Salvador: EDUFBA, 1996. COLÓQUIO SUL DE LITERATURA COMPARADA (1. 2001: Porto Alegre). Trans/versões comparatistas: anais /1 Colóquio Sul de Literatura Comparada e Encontro do GT de Literatura Comparada da ANPOLL. BITTENCOURT, Gilda N.S.(org.). Porto Alegre: Instituto de Letras, PPG/Letras da UFRGS, 2002. 5º CONGRESSO ABRALIC. CÂNONES E CONTEXTOS; Anais. Rio de Janeiro: 1997. CARVALHAL, Tania F. (coord.). Culturas, Contextos e Discursos – Limiares Críticos no Comparatismo. Porto Alegre: UFRGS, 1999. CRONIN, Michael. Translation and Globalization. London: Routledge, 2003. _______. Translation and Identity. London: Routledge, 2006. Culler, Jonathan, “Comparative Literature, at Last”, in Comparative Literature in an Age of Globalization, ed. H. Saussy. Baltimore: John Hopkins, 2006. DERRIDA, Jacques. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1973. _______. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 1971. JAMESON, Fredric. The situation as an internal limit – constraints of Post-Modern architecture. In: Limites – 3º Congresso ABRALIC. São Paulo: Edusp/Abralic, 1992. LEFEVERE, André. Translating Literature: Practice and Theory in a Comparative Literature Context. New York: MLA, 1992. LITERATURA E DIFERENÇA. IV CONGRESSO ABRALIC. ANAIS. São Paulo: ABRALIC, 1994. NITRINI, Sandra. Literatura Comparada: história, teoria e crítica. São Paulo: EDUSP, 1997.
  • 17. 27 MEDIAÇÕES – VIII Congresso Internacional ABRALIC. Belo Horizonte: Abralic, 2002. PAZ, Octavio. Traducción: literatura y literalidad. Barcelona: Tusquets Editores, 1981. PYM, Anthony. Exploring Translation Theories. London / New York: Routeledge, 2010. SAID, Edward W. Orientalism. New York/Toronto: Random House, 1978. ________. Culture and Imperialism. New York: Vintage, 1993. ________. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. ________.Humanism and Democratic Criticism. New York: Columbia UP, 2004. SCHMIDT, Rita T. (org). Nações/narrações: nossas histórias e estórias. Porto Alegre: ABEA, 1997. SNELL-HORBY, Mary. Translation Studies – An Integrated Approach. Amsterdam/Phyladelphia: John Benjamins, 1995. SPIVAK, Gayatri. Death of a Discipline. New York: Columbia UP, 2003. _______. In Other Worlds: Essays in Cultural Politics. Foreword by Colin MacCabe. London: Methuen, 1987. _______.Translating into English. In: Nation, Language and the Ethics of Translation. BERMANN, S.; WOOD, M. (Eds.). Princeton: Princeton UP, 2005 (93-110). TRAVESSIAS – IX Congresso Internacional ABRALIC. Porto Alegre: UFRGS/ABRALIC, 2004. VIDAL, Maria del Cármen. El Futuro de la Traducción – Últimas teorias, nuevas aplicaciones. Valencia: Institució Alfons el Magnànim, 1998. VOVELLE, Michel. Ideologias e mentalidades. São Paulo: Brasiliense, 1987. WELLEK, René. A crise da Literatura Comparada. In: COUTINHO, Eduardo e CARVALHAL; Tânia F. Literatura Comparada: textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.