O documento discute a evolução do ensino e do conhecimento histórico ao longo do tempo. Aborda a história tradicional versus a história crítica, como o saber histórico é construído desde a Antiguidade até os séculos XIX e XX, e como organizar o estudo da história de forma eficaz.
1. 1. O ensino da História em perspectiva
1.1. A História tradicional
Criação do sentimento nacional;
Valorização da História das Civilizações;
Eurocentrismo;
Ênfase na macropolítica;
“decoreba”/repetição;
2.
3. O ensino da História em perspectiva
1.2. A História crítica
Busca da compreensão do mundo;
Contribui no auto conhecimento do aluno;
Desenvolvimento da consciência histórica;
Construção da própria identidade;
4. 2. Como o saber histórico é construído?
2.1. Na Antiguidade
As sociedades humanas recorriam ao
passado para explicar seu mundo;
Construção de mitos;
5. 2. Como o saber histórico é construído?
2.1. A partir do século XIX
Desenvolvimento das pesquisas históricas;
Grande variedade de conceitos e de
procedimentos de pesquisa;
No fim do séc. XIX ocorre a profissionalização
da pesquisa histórica;
A História está sempre em construção;
6. 3. O conhecimento histórico ao longo do tempo
3.1. Grécia Antiga (séc. V a.C.)
Hecateu de Mileto fez das lendas e mitos seu
objeto de investigação;
Heródoto de Halicarnásso foi considerado o “pai
da História” – utilizou arquivos oficiais, tradições
orais e relatos de testemunhas dos
acontecimentos;
Além de buscar a verdade dos fatos, visava a
preservação da memória para a posteridade;
7. 3. O conhecimento histórico ao longo do tempo
3.2. Roma (séc. I a.C.)
Tito Lívio e outros historiadores: exames
dos mitos, descrição e compreensão dos
fatos mais próximos à sua época;
Narrativa da história de Roma desde a
fundação até o ano 9 d.C.;
Ab Urbe Condita, que pode ser traduzido como "Desde a
fundação da cidade", deixa claro que o autor pretendia
narrar a história de Roma desde a sua mítica fundação.
8. 3. O conhecimento histórico ao longo do tempo
3.3. Idade Média
3.3.1. Do século V ao século XII
A produção histórica praticamente inexistiu;
Predomínio da Igreja Católica;
Hagiografia (história da vida de santos);
Anais ou crônicas (redigidas nos mosteiros);
3.3.2. Do século XII ao século XVI
Período conhecido como Renascimento;
Desenvolvimento do Humanismo;
9. 3. O conhecimento histórico ao longo do tempo
3.4. O século XIX
Profissionalização do historiador;
Estabelecimento e fortalecimentos dos
Estados Nacionais;
A História (oficial) passa a ser ensinada
nas escolas;
10. 3. O conhecimento histórico ao longo do tempo
3.5. O século XX
Crescimento da pesquisa histórica;
Ampliação e aprofundamento dos
conhecimento históricos;
Intensos debates nas academias;
11. 3. O conhecimento ao longo do tempo
3.6. Características da História
Ciência em constante construção;
Campo de estudos autônomo, mas não isolado;
Interpretação do passado;
Diálogo com o presente;
Exercício de alteridade;
Feita com documentos históricos;
12. 4. Organizando-se para interagir com o saber histórico
Sistematização do saber histórico;
O conhecimento se torna mais eficaz ao se
transformar em experiência;
É importante compreender o contexto em
que as sociedades do passado estavam
inseridas;
Debates e leituras ajudam a evitar o
anacronismo;
13. 4. Organizando-se para interagir com o saber histórico
4.1. Facilita o estudo da história
Estabelecer conexões entre o passado e o
presente;
Leituras e anotações;
Dar espaço para os debates;
A escrita é uma das melhores maneira de se
aprender História;
Compreender conceitos;
Apropriar a linguagem específica e as maneiras
de se conhecer, compreender e interpretar o
mundo;
14. “A incompreensão do presente
nasce fatalmente da
ignorância do passado. Mas,
talvez, não seja mais útil
esforçarmo-nos por
compreendermos o passado se
nada soubermos do presente”.
(Marc Bloch)
15. “Eu não tenho vergonha de mudar de ideia
porque não tenho vergonha de pensar”.
(Goethe)
16. 4. Organizando-se para interagir com o saber histórico
4.2. O entendimento da História
Ler, interpretar, comparar, analisar textos e
imagens são habilidades essenciais;
O ensino da História compartilha de uma
utopia: contribuir para a melhoria das
sociedades humanas;
Desenvolve a vontade de agir e se fazer
sujeito de sua própria história;
18. OS SIGNIFICADOS DA HISTÓRIA
• Sujeitos da História
• Imparcialidade no ato de se construir conceitos históricos é
impossível... ( não há neutralidade )
• Pesquisa científica difere das técnicas utilizadas nas áreas de
exatas
21. Perguntas de um Operário Letrado
Bertold Brecht
Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sózinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Quantas perguntas
22. A INTERPRETAÇÃO DOS FATOS
• Memória e História
mitos e fantasias
necessidade de se conhecer o passado
23. HISTORIOGRAFIA E MEMÓRIA
mitos e fantasias
necessidade de se conhecer o passado
invenção da escrita
Memória e história andam juntas:Segundo Le Goff:
“ a memória, onde cresce a História, que por sua vez a
alimenta, procura salvar o passado para servir o presente
e o futuro”
24. TEMPO E HISTÓRIA
• não linear ( sucessão de fatos)
• relação dialética entre o passado e o presente
• a relação do homem com o tempo é cultural
• Tempo Subjetivo X Tempo Objetivo
• Quadripartismo histórico ( uma convenção )
• Tempo não é uniforme
25. Linha do Tempo
Invenção da Escrita
Fim do Império Romano do Ocidente
Tomada de Constantinopla (fim do Império Romano do Oriente)
Revolução Francesa
26.
27. PENSANDO A HISTÓRIA
• A história surgiu na Grécia com Heródoto e Tucídides
•Todo texto histórico é ideológico
• Varia de acordo com o contexto
Heródoto
Tucídides
28. HISTÓRIA E MODERNIDADE
• No início da Modernidade o antropocentrismo e o racionalismo
deram uma nova visão de mundo ao homem ocidental
29. •A burguesia contribuiu no processo
• Revolução Francesa nega o passado ( Idade das Trevas )
30. •No século XIX, a história é novamente requisitada busca das
raízes nacionais ( História Positivista idéia do conhecimento
totalizante )
Importância do Materialismo Histórico de Marx e Engels
Comte
Engels
Marx
31. •No século XX, a Escola dos Anais perspectivas culturais na construção do
conhecimento histórico através das manifestações culturais, da
interdisciplinaridade e das estruturas
• Nova História linguagem próxima da literatura
32. Escola dos Annales
Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, propunha-se a ir além da
visão positivista da história como crônica de acontecimentos, substituindo o tempo breve da
história dos acontecimentos pelos processos de longa duração, com o objetivo de tornar
inteligíveis a civilização e as "mentalidades".
A escola des Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo
da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo com
a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia
humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares.
Lucien Febvre
Marc Bloch
Braudel
33. Em geral, divide-se a trajetória da escola em Quatro fases:
Primeira geração - liderada por Marc Bloch e Lucien Febvre
Em sua primeira fase, de 1920 a 1945, caracterizou-se por ser pequeno, radical e subversivo,
conduzindo uma guerra de guerrilhas contra a história tradicional, a história política dos grandes
homens e eventos.
Segunda geração - dirigida por Fernand Braudel
A segunda fase do movimento, após a Segunda Guerra Mundial, mais se aproximou
verdadeiramente de uma "escola", com conceitos diferentes e novos métodos, foi dominada
pela presença de Fernand Braudel. (História de Longa Duração)
Terceira geração - A terceira fase se inicia por volta de 1968 e é marcada profundamente pela
fragmentação, em que muitos autores colaboram com importantes obras, demonstrando que
esse é um movimento coletivo. Pode-se dizer, portanto, que nessa fase prevaleceu o
policentrismo. Essa fase, onde o conceito de "Nova História" concretizou-se, foi marcada pela
presença de Le Roy Ladurie, Jacques LeGoff e Georges Duby
.
Quarta geração - a partir de 1989. Neste momento há um desenvolvimento notório da
História Cultural e os grandes nomes que a representam são, por exemplo, Georges
Duby e Jacques Revel.
34. Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
Bertold Brecht
Muito Obrigado !!!!!!
Fábio Salvari