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O MÉTODO DAS CIÊNCIAS
HUMANAS
1. EXPLICAR E COMPREENDER
 Apenas no século XIX as ciências humanas começaram a se
desligar da filosofia, buscando seu próprio método.
 Surgiu, então, um problema: como abordar essas questões
com objetividade?Testando hipóteses pela
experimentação?Generalizando experiências até descobrir
leis gerais?
 Novo objeto das ciências: o ser humano.
 A explicação é causal, explica-se um fato indicando
sua causa.
Foi assim que Galileu chegou à lei da queda dos corpos
e Newton à teoria da gravitação universal.
 A compreensão depende de interpretação, encontra-
se vinculada com a intencionalidade dos atos
humanos, sempre voltados para motivações
diversas, valores e finalidades, já que o ser humano é
consciente de si.
2. Dificuldades metodológicas das
ciências humanas
a) Complexidade - o
comportamento humano
resulta de múltiplas
influências, como
hereditariedade, meio,
impulsos, desejos, memória,
bem como da ação da
consciência e da vontade, o
que o torna extremamente
complexo.
b) Experimentação – é sempre
difícil identificar e controlar
os diversos aspectos que
influenciam os atos
humanos.
A motivação dos sujeitos
também é variável e as
instruções do experimentador
podem ser interpretadas de
maneiras diferentes.
c) Matematização - se a
passagem da física aristotélica
para a física clássica de Galileu
deu-se pela transformação das
qualidades em quantidades,
poder-se-ia concluir que a
ciência será tão rigorosa
quanto mais ela for
matematizável.
Esse ideal é problemático com
relação às ciências humanas,
cujos fenômenos são
essencialmente qualitativos.
 d) Subjetividade - se o sujeito
que conhece é o objeto que se
quer conhecer, parece ser
difícil contornar a
subjetividade, porque o ser
humano não é estranho para
outro ser humano.
e) Liberdade - se as leis das ciências da natureza
supõem o determinismo - ou seja, na natureza
tudo o que existe tem uma causa - , como fica a
questão da liberdade humana?
O método utilizado depende, de certa maneira,
dos pressupostos filosóficos que embasam a
visão de mundo do cientista.
3. O nascimento das ciências humanas.
 As ciências humanas se tornaram autônomas a partir do
século XIX.
 Destacam-se duas tendências: a positivista e a hermenêutica.
 A tendência positivista remonta aAugusto Comte e a Stuart
Mill (séc. XIX) e influenciou o surgimento das primeiras
ciências humanas, cujos procedimentos pretendiam ser
semelhantes aos das ciências da natureza.
 A tradição positivista tem como princípio a explicação causal.
 A tendência hermenêutica procede à interpretação do que
pensamos conhecer, a fim de decifrar o sentido oculto no
sentido aparente, o que significa compreender as
peculiaridades únicas de seus objetos.
 Hermenêutica ( arte de interpretar).
A psicologia
 O início da psicologia como ciência foi marcado pela
tendência positivista.
 Tratava-se de uma psicofísica, em que o método visava a
quantificar e generalizar a relação entre as mudanças do
estímulo e os efeitos sensoriais correspondentes.
 Quanto ao esforço dos primeiros estudiosos da psicologia de
se restringirem aos fenômenos psíquicos – como a percepção
visual - , por poderem ser quantificados, os filósofos da
corrente humanista respondem que não há fatos com a
objetividade pretendida, pois não percebemos o mundo
como um dado bruto, desprovidos de significados.
4. A psicologia comportamentalista
 A psicologia comportamentalista ou
behaviorismo nasceu nos Estados Unidos e
até hoje é uma das tendências importantes
da investigação científica.
PAVLOV: O REFLEXO CONDICIONADO
 O médico russo Ivan Pavlov (1849-1936) encontrava-se
inicialmente interessado no funcionamento dos
fenômenos da digestão e salivação, mas as experiências
com cães levaram-no à explicação da aprendizagem pelo
reflexo condicionado.
Esquema:
 Se associarmos os dois eventos, sempre que apresentar o
alimento fazer soar a campainha, depois de um tempo,
apenas o som provocará salivação, sem a presença do
alimento. Isso significa que o som, antes um estímulo neutro
para a salivação, passou a ser um estímulo eficaz: criou-se um
reflexo condicionado, houve aprendizagem.
 O estímulo alimento é chamado reforço positivo, pois é ele que
torna a reação mais frequente, garantindo a manutenção da
resposta.
 Se o reforço não for mais apresentado, a tendência é a
extinção da resposta.
Skinner: o condicionamento operante
 Todos nós sabemos que desde a infância estamos
submetidos a diversos condicionamentos: aprendemos
desde o controle da micção, passando pelo controle de
reações emocionais como medo e raiva, até hábitos
como dirigir um carro.
 Daí ser importante conhecer que estímulos são
determinantes para a aquisição de comportamentos
desejados ou para a extinçao dos indesejados.
 O behaviorismo pretende atingir o ideal positivista pelo
qual a psicologia, para se tornar ciência, precisaria seguir
o exemplo das ciências naturais, tornando-se
materialista, mecanicista, determinista e objetiva.
 São abandonadas todas as discussões a respeito da
consciência, conceito filosófico considerado impróprio
para uso científico.
 A introspecção é rejeitada, e o único objeto digno de
estudo é o comportamento, em toda sua exterioridade.
 Os comportamentalistas costumam se referir à
consciência como sendo uma “caixa-preta”, inacessível
ao conhecimento científico.
O psicólogo burrhur skinner fazendo
experiência com rato na “caixa de
skinner”, 1964  Na “Caixa de Skinner” é colocado um
animal faminto: depois de,
casualmente, esbarrar diversas vezes
em uma alavanca, percebe que o
alimento aparece sempre que a aciona;
assim, realiza a associação entre
alavanca e alimento.Apertar a alavanca
é a resposta, dada antes do estímulo,
que é o alimento. Skinner criou
inúmeras variantes dessas caixas,
inclusive aquelas em que o animal age
visando a evitar uma punição, como
saltar para outro local depois de
“avisado” por um sinal luminoso ou
sonoro, antes que um choque elétrico
seja acionado.
Campos de aplicação
 As descobertas de Skinner foram amplamente utilizadas nos
Estados Unidos em diversos campos da atividade humana.
Por exemplo, a instrução programada: o aluno recebe um
texto com uma série de espaços em branco para serem
preenchidos em nível crescente de dificuldade.
 Partindo do princípio de que o reforço deve ser dado a cada
passo do processo e imediatamente após o ato, a cada
momento o aluno pode conferir o erro ou acerto de sua
resposta.
 O processo foi aperfeiçoado na “máquina de ensinar”, que
substitui o professor em várias etapas da aprendizagem.
 Também é utilizado em empresas, com o intuito de estimular o
aumento da produção. A cada meta atingida, atribuem-se
pontos, que são acumulados e transformados em benefícios
para os considerados melhores.
 As técnicas skinnerianas usadas na educação familiar visam a
criar bons hábitos e corrigir comportamentos.
 No tratamento psicológico de certos comportamentos, a
terapia comportamental ou reflexologia visa a
descondicionar os maus hábitos, levando, por exemplo,
um alcoólatra a deixar de ingerir bebida alcoólica.
Filme laranja mecânica, de 1971
 No filme, o diretor Stanley Kubrick
critica o behaviorismo, ao mostrar o
processo de descondicionamento de um
indivíduo violento: ele é induzido
quimicamente a ter náuseas enquanto
assiste a cenas de violência.
 Os terapeutas comportamentais
discordam desse método, explicando
que ele, além de ser baseado no pouco
eficiente condicionamento pavloviano,
não costuma ser usado por questões
éticas.
Afirmação de skinner (WaldeN II: UMA
SOCIEDADE DO FUTURO):
 “Eu nego que liberdade sequer exista. Devo negá-lo, ou
meu programa seria absurdo. Não se pode ter uma
ciência sobre um assunto que salte caprichosamente.
Talvez não possamos nunca provar que o homem não é
livre; é uma suposição. Mas o sucesso crescente de uma
ciência do comportamento torna isto cada vez mais
plausível.”
A PSICOLOGIA DA FORMA
 Os teóricos da psicologia da forma, ou Gestalt, sofreram
explicitamente a influência da fenomenologia e, nesse
sentido, opõem-se às psicologias de tendência
positivista.
 Seus principais representantes foram os alemães
Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Kofka (1886-1941).
Gestalt - forma, configuração
A percepção
 A psicologia derivada da tendência empirista reduzia a
percepção a uma análise rigorosa, até encontrar o
“átomo” psíquico fundamental.
 O mundo percebido seria inicialmente uma grande
confusão de sensações, cujos fragmentos se
organizariam trabalhosamente pelo processo de
associação, da qual, resultam por fim as percepções e
depois as ideias.
 Os gestaltistas, em oposição, afirmam que não há excitação
sensorial isolada, mas complexos em que o parcial é função do
conjunto. Isso significa que o objeto não é percebido em suas
partes, para depois ser organizado mentalmente, mas se
apresenta primeiro na totalidade, e só depois o indivíduo
atentará para os detalhes.
 No dia a dia encontramos inúmeros exemplos da tendência à
configuração: sempre identificamos formas nas nuvens (rosto,
cachorro, dragão...);
 As constelações representam a cruz, o escorpião;
reconhecemos um rosto familiar, mas longe dele muitas
vezes não nos lembramos bem dos detalhes.
 Já pensaram como é difícil descrever alguém para um
retrato falado? Isso porque percebemos o rosto no seu
conjunto, e não nos detalhes.
O comportamento
 Há que partir da admissão de um campo total em que o
organismo e o meio entram como dois polos correlativos que
constituem o verdadeiro ambiente da ação.
 Assim, um mesmo espaço se estrutura de forma diferente se
o percorro como faminto, fugitivo ou artista.
 Köhler fez diversas experiências com chimpanzés (alcance de
uma banana inacessível – deve perceber como um todo o
campo onde se situa, ele só tem o insight quando estabelece a
relação fruta-caixote ou fruta-bambu).
 A Gestalt estuda, na percepção, as figuras ambíguas. No
primeiro desenho vemos ora uma taça, ora dois perfis;
 No segundo, um triângulo branco sem contorno ou outra
figura;
 Dependendo da função que damos às linhas, alteramos a
relação entre figura e fundo.
A gestalt terapia
 Foi desenvolvida pelo psicanalista alemão Friederich Perls
(1893-1970), mais conhecido como Fritz Perls.
 Entendia a ação humana como uma totalidade, em que ações
mentais e físicas estão entrelaçadas, assim como o organismo
e o ambiente que o circunda.
 O ser humano é, portanto, um ser de relação.
 Por exemplo, ao observarmos uma sala cheia de gente,
percebemos o local como uma unidade, nas quais alguns
aspectos sobressaem enquanto outros ficam em segundo
plano (conceito de figura e fundo).
 Essa perspectiva pode ser alterada se outros aspectos
passarem a ser pregnantes, situação em que a forma do
ambiente se altera.
 Preocupado em privilegiar o que acontece “aqui e agora”,
Fritz Perls não faz, como Freud, um retorno à história
passada, mas prefere focar na experiência de viver no
presente.
 Ciente de que o neurótico não se sente como uma pessoa
total, a terapia visa a recuperar seu sentido de totalidade, já
que o equilíbrio psíquico foi quebrado pela neurose,
impedindo que o indivíduo se relacione com o meio e se
autoregule.
 O tratamento gestáltico consiste em restabelecer a
capacidade do neurótico de discriminar, encaminhando-o
para a integração: ao facilitar que gestalts inacabadas
emerjam à consciência, elas poderão ser completadas.
 No Brasil, um dos importantes representantes da Gestalt
terapia foi o psiquiatra e escritor Roberto Freire (1927-2008).
Freud e o inconsciente
 O conceito psicanálise possui três sentidos: é um método
interpretativo (hermenêutica), um tratamento psicológico
(psicoterapia) e uma teoria, ou seja, um conhecimento que o
método produz.
 A principal novidade dessa teoria encontra-se na hipótese do
inconsciente e na compreensão da natureza sexual da conduta.
 Usando de uma metáfora, poderíamos dizer que a vida
consciente é apenas a ponta de um iceberg, cuja montanha
submersa simboliza o inconsciente.
 A energia que preside os atos humanos é de natureza
pulsional, e Freud põe em relevo a energia de natureza
sexual chamada libido.
 Mas a sexualidade não deve ser identificada à
genitalidade; seu significado é muito mais amplo,
abrangendo toda e qualquer forma de gratificação ou
busca do prazer.
As três instâncias do aparelho
psíquico
 Freud delimita três instâncias diferenciadas: o id, o ego e o
superego.
 O id (do latim, “isto”) constitui o polo pulsional da
personalidade, o reservatório primitivo da energia psíquica.
 O ego (do latim, “eu”) é a instância que age como
intermediária entre o id e o mundo externo; o ego enfrenta
conflitos para adequá-las pela razão às circunstâncias.
 O superego (ou supereu) é o que resulta da internalização das
proibições impostas pela educação, de acordo com os padrões
da sociedade em que vivemos.
 A relação entre essas três instâncias é dinâmica.O id orienta-se
pelo princípio do prazer e evita a dor. Porém, em contato com as
normas sociais forma-se o superego, que interioriza as forças
inibidoras do mundo exterior.
 O conflito entre as duas forças antagônicas – a busca do prazer
e a exigência dos deveres – é resolvido pelo ego a partir do
princípio da realidade.
 Ao levar em conta as condições impostas pelo mundo exterior,
aprende a lidar com o desejo, decidindo sobre a conveniência
de realizá-lo, proibir sua satisfação ou apenas adiá-la.
 Quando o conflito é muito grande e o ego não suporta a
consciência do desejo, este é rejeitado, o que determina o
processo chamado repressão.
 No entanto, o que foi reprimido não permanece no
inconsciente, pois, sendo energia, precisa ser expandido.
 Reaparece, então, sob a forma de sintoma.
 Os sintomas devem ser decifrados na sua linguagem
simbólica.
 Enquanto os sintomas permanecem obscurecidos pelo
desconhecimento das causas, tem-se como
consequência as neuroses ou até desordens mais
graves.
A associação livre
 Há várias maneiras de sondagem do inconsciente, mas, para
Freud, os sonhos são a “via régia”, o caminho real e
privilegiado.
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que às vezes nos parece incoerente e absurdo, há um
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simbolismo.
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qual o próprio indivíduo, seguindo o fluxo espontâneo das
ideias, dá as pistas para descobrir o sentido oculto.
 Além dos sonhos, há outros fenômenos psíquicos
privilegiados por Freud, como os atos falhos e os chistes.
 Os atos falhos são pequenos deslizes, como
esquecimentos, troca de nomes ou lapsos.
 O chiste consiste em gracejos feitos sem aparente
intenção de ofender ou seduzir, mas que revelam forças
agressivas ou eróticas reprimidas.
Psicanálise e cultura
 Em Mal-estar na civilização, escrito em 1930, Freud reflete
sobre o efeito da repressão dos instintos agressivos e sexuais e
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O método das ciências humanas

  • 1. O MÉTODO DAS CIÊNCIAS HUMANAS
  • 2. 1. EXPLICAR E COMPREENDER  Apenas no século XIX as ciências humanas começaram a se desligar da filosofia, buscando seu próprio método.  Surgiu, então, um problema: como abordar essas questões com objetividade?Testando hipóteses pela experimentação?Generalizando experiências até descobrir leis gerais?  Novo objeto das ciências: o ser humano.
  • 3.  A explicação é causal, explica-se um fato indicando sua causa. Foi assim que Galileu chegou à lei da queda dos corpos e Newton à teoria da gravitação universal.  A compreensão depende de interpretação, encontra- se vinculada com a intencionalidade dos atos humanos, sempre voltados para motivações diversas, valores e finalidades, já que o ser humano é consciente de si.
  • 4. 2. Dificuldades metodológicas das ciências humanas a) Complexidade - o comportamento humano resulta de múltiplas influências, como hereditariedade, meio, impulsos, desejos, memória, bem como da ação da consciência e da vontade, o que o torna extremamente complexo.
  • 5. b) Experimentação – é sempre difícil identificar e controlar os diversos aspectos que influenciam os atos humanos. A motivação dos sujeitos também é variável e as instruções do experimentador podem ser interpretadas de maneiras diferentes.
  • 6. c) Matematização - se a passagem da física aristotélica para a física clássica de Galileu deu-se pela transformação das qualidades em quantidades, poder-se-ia concluir que a ciência será tão rigorosa quanto mais ela for matematizável. Esse ideal é problemático com relação às ciências humanas, cujos fenômenos são essencialmente qualitativos.
  • 7.  d) Subjetividade - se o sujeito que conhece é o objeto que se quer conhecer, parece ser difícil contornar a subjetividade, porque o ser humano não é estranho para outro ser humano.
  • 8. e) Liberdade - se as leis das ciências da natureza supõem o determinismo - ou seja, na natureza tudo o que existe tem uma causa - , como fica a questão da liberdade humana? O método utilizado depende, de certa maneira, dos pressupostos filosóficos que embasam a visão de mundo do cientista.
  • 9. 3. O nascimento das ciências humanas.  As ciências humanas se tornaram autônomas a partir do século XIX.  Destacam-se duas tendências: a positivista e a hermenêutica.  A tendência positivista remonta aAugusto Comte e a Stuart Mill (séc. XIX) e influenciou o surgimento das primeiras ciências humanas, cujos procedimentos pretendiam ser semelhantes aos das ciências da natureza.  A tradição positivista tem como princípio a explicação causal.
  • 10.  A tendência hermenêutica procede à interpretação do que pensamos conhecer, a fim de decifrar o sentido oculto no sentido aparente, o que significa compreender as peculiaridades únicas de seus objetos.  Hermenêutica ( arte de interpretar).
  • 11. A psicologia  O início da psicologia como ciência foi marcado pela tendência positivista.  Tratava-se de uma psicofísica, em que o método visava a quantificar e generalizar a relação entre as mudanças do estímulo e os efeitos sensoriais correspondentes.  Quanto ao esforço dos primeiros estudiosos da psicologia de se restringirem aos fenômenos psíquicos – como a percepção visual - , por poderem ser quantificados, os filósofos da corrente humanista respondem que não há fatos com a objetividade pretendida, pois não percebemos o mundo como um dado bruto, desprovidos de significados.
  • 12. 4. A psicologia comportamentalista  A psicologia comportamentalista ou behaviorismo nasceu nos Estados Unidos e até hoje é uma das tendências importantes da investigação científica.
  • 13. PAVLOV: O REFLEXO CONDICIONADO  O médico russo Ivan Pavlov (1849-1936) encontrava-se inicialmente interessado no funcionamento dos fenômenos da digestão e salivação, mas as experiências com cães levaram-no à explicação da aprendizagem pelo reflexo condicionado.
  • 15.  Se associarmos os dois eventos, sempre que apresentar o alimento fazer soar a campainha, depois de um tempo, apenas o som provocará salivação, sem a presença do alimento. Isso significa que o som, antes um estímulo neutro para a salivação, passou a ser um estímulo eficaz: criou-se um reflexo condicionado, houve aprendizagem.  O estímulo alimento é chamado reforço positivo, pois é ele que torna a reação mais frequente, garantindo a manutenção da resposta.  Se o reforço não for mais apresentado, a tendência é a extinção da resposta.
  • 16. Skinner: o condicionamento operante  Todos nós sabemos que desde a infância estamos submetidos a diversos condicionamentos: aprendemos desde o controle da micção, passando pelo controle de reações emocionais como medo e raiva, até hábitos como dirigir um carro.  Daí ser importante conhecer que estímulos são determinantes para a aquisição de comportamentos desejados ou para a extinçao dos indesejados.
  • 17.  O behaviorismo pretende atingir o ideal positivista pelo qual a psicologia, para se tornar ciência, precisaria seguir o exemplo das ciências naturais, tornando-se materialista, mecanicista, determinista e objetiva.  São abandonadas todas as discussões a respeito da consciência, conceito filosófico considerado impróprio para uso científico.  A introspecção é rejeitada, e o único objeto digno de estudo é o comportamento, em toda sua exterioridade.  Os comportamentalistas costumam se referir à consciência como sendo uma “caixa-preta”, inacessível ao conhecimento científico.
  • 18. O psicólogo burrhur skinner fazendo experiência com rato na “caixa de skinner”, 1964  Na “Caixa de Skinner” é colocado um animal faminto: depois de, casualmente, esbarrar diversas vezes em uma alavanca, percebe que o alimento aparece sempre que a aciona; assim, realiza a associação entre alavanca e alimento.Apertar a alavanca é a resposta, dada antes do estímulo, que é o alimento. Skinner criou inúmeras variantes dessas caixas, inclusive aquelas em que o animal age visando a evitar uma punição, como saltar para outro local depois de “avisado” por um sinal luminoso ou sonoro, antes que um choque elétrico seja acionado.
  • 19. Campos de aplicação  As descobertas de Skinner foram amplamente utilizadas nos Estados Unidos em diversos campos da atividade humana. Por exemplo, a instrução programada: o aluno recebe um texto com uma série de espaços em branco para serem preenchidos em nível crescente de dificuldade.  Partindo do princípio de que o reforço deve ser dado a cada passo do processo e imediatamente após o ato, a cada momento o aluno pode conferir o erro ou acerto de sua resposta.
  • 20.  O processo foi aperfeiçoado na “máquina de ensinar”, que substitui o professor em várias etapas da aprendizagem.  Também é utilizado em empresas, com o intuito de estimular o aumento da produção. A cada meta atingida, atribuem-se pontos, que são acumulados e transformados em benefícios para os considerados melhores.  As técnicas skinnerianas usadas na educação familiar visam a criar bons hábitos e corrigir comportamentos.
  • 21.  No tratamento psicológico de certos comportamentos, a terapia comportamental ou reflexologia visa a descondicionar os maus hábitos, levando, por exemplo, um alcoólatra a deixar de ingerir bebida alcoólica.
  • 22. Filme laranja mecânica, de 1971  No filme, o diretor Stanley Kubrick critica o behaviorismo, ao mostrar o processo de descondicionamento de um indivíduo violento: ele é induzido quimicamente a ter náuseas enquanto assiste a cenas de violência.  Os terapeutas comportamentais discordam desse método, explicando que ele, além de ser baseado no pouco eficiente condicionamento pavloviano, não costuma ser usado por questões éticas.
  • 23. Afirmação de skinner (WaldeN II: UMA SOCIEDADE DO FUTURO):  “Eu nego que liberdade sequer exista. Devo negá-lo, ou meu programa seria absurdo. Não se pode ter uma ciência sobre um assunto que salte caprichosamente. Talvez não possamos nunca provar que o homem não é livre; é uma suposição. Mas o sucesso crescente de uma ciência do comportamento torna isto cada vez mais plausível.”
  • 24. A PSICOLOGIA DA FORMA  Os teóricos da psicologia da forma, ou Gestalt, sofreram explicitamente a influência da fenomenologia e, nesse sentido, opõem-se às psicologias de tendência positivista.  Seus principais representantes foram os alemães Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Kofka (1886-1941). Gestalt - forma, configuração
  • 25. A percepção  A psicologia derivada da tendência empirista reduzia a percepção a uma análise rigorosa, até encontrar o “átomo” psíquico fundamental.  O mundo percebido seria inicialmente uma grande confusão de sensações, cujos fragmentos se organizariam trabalhosamente pelo processo de associação, da qual, resultam por fim as percepções e depois as ideias.
  • 26.  Os gestaltistas, em oposição, afirmam que não há excitação sensorial isolada, mas complexos em que o parcial é função do conjunto. Isso significa que o objeto não é percebido em suas partes, para depois ser organizado mentalmente, mas se apresenta primeiro na totalidade, e só depois o indivíduo atentará para os detalhes.  No dia a dia encontramos inúmeros exemplos da tendência à configuração: sempre identificamos formas nas nuvens (rosto, cachorro, dragão...);
  • 27.  As constelações representam a cruz, o escorpião; reconhecemos um rosto familiar, mas longe dele muitas vezes não nos lembramos bem dos detalhes.  Já pensaram como é difícil descrever alguém para um retrato falado? Isso porque percebemos o rosto no seu conjunto, e não nos detalhes.
  • 28. O comportamento  Há que partir da admissão de um campo total em que o organismo e o meio entram como dois polos correlativos que constituem o verdadeiro ambiente da ação.  Assim, um mesmo espaço se estrutura de forma diferente se o percorro como faminto, fugitivo ou artista.  Köhler fez diversas experiências com chimpanzés (alcance de uma banana inacessível – deve perceber como um todo o campo onde se situa, ele só tem o insight quando estabelece a relação fruta-caixote ou fruta-bambu).
  • 29.  A Gestalt estuda, na percepção, as figuras ambíguas. No primeiro desenho vemos ora uma taça, ora dois perfis;  No segundo, um triângulo branco sem contorno ou outra figura;  Dependendo da função que damos às linhas, alteramos a relação entre figura e fundo.
  • 30. A gestalt terapia  Foi desenvolvida pelo psicanalista alemão Friederich Perls (1893-1970), mais conhecido como Fritz Perls.  Entendia a ação humana como uma totalidade, em que ações mentais e físicas estão entrelaçadas, assim como o organismo e o ambiente que o circunda.  O ser humano é, portanto, um ser de relação.
  • 31.  Por exemplo, ao observarmos uma sala cheia de gente, percebemos o local como uma unidade, nas quais alguns aspectos sobressaem enquanto outros ficam em segundo plano (conceito de figura e fundo).  Essa perspectiva pode ser alterada se outros aspectos passarem a ser pregnantes, situação em que a forma do ambiente se altera.  Preocupado em privilegiar o que acontece “aqui e agora”, Fritz Perls não faz, como Freud, um retorno à história passada, mas prefere focar na experiência de viver no presente.
  • 32.  Ciente de que o neurótico não se sente como uma pessoa total, a terapia visa a recuperar seu sentido de totalidade, já que o equilíbrio psíquico foi quebrado pela neurose, impedindo que o indivíduo se relacione com o meio e se autoregule.  O tratamento gestáltico consiste em restabelecer a capacidade do neurótico de discriminar, encaminhando-o para a integração: ao facilitar que gestalts inacabadas emerjam à consciência, elas poderão ser completadas.  No Brasil, um dos importantes representantes da Gestalt terapia foi o psiquiatra e escritor Roberto Freire (1927-2008).
  • 33. Freud e o inconsciente  O conceito psicanálise possui três sentidos: é um método interpretativo (hermenêutica), um tratamento psicológico (psicoterapia) e uma teoria, ou seja, um conhecimento que o método produz.  A principal novidade dessa teoria encontra-se na hipótese do inconsciente e na compreensão da natureza sexual da conduta.  Usando de uma metáfora, poderíamos dizer que a vida consciente é apenas a ponta de um iceberg, cuja montanha submersa simboliza o inconsciente.
  • 34.  A energia que preside os atos humanos é de natureza pulsional, e Freud põe em relevo a energia de natureza sexual chamada libido.  Mas a sexualidade não deve ser identificada à genitalidade; seu significado é muito mais amplo, abrangendo toda e qualquer forma de gratificação ou busca do prazer.
  • 35. As três instâncias do aparelho psíquico  Freud delimita três instâncias diferenciadas: o id, o ego e o superego.  O id (do latim, “isto”) constitui o polo pulsional da personalidade, o reservatório primitivo da energia psíquica.  O ego (do latim, “eu”) é a instância que age como intermediária entre o id e o mundo externo; o ego enfrenta conflitos para adequá-las pela razão às circunstâncias.
  • 36.  O superego (ou supereu) é o que resulta da internalização das proibições impostas pela educação, de acordo com os padrões da sociedade em que vivemos.  A relação entre essas três instâncias é dinâmica.O id orienta-se pelo princípio do prazer e evita a dor. Porém, em contato com as normas sociais forma-se o superego, que interioriza as forças inibidoras do mundo exterior.  O conflito entre as duas forças antagônicas – a busca do prazer e a exigência dos deveres – é resolvido pelo ego a partir do princípio da realidade.
  • 37.  Ao levar em conta as condições impostas pelo mundo exterior, aprende a lidar com o desejo, decidindo sobre a conveniência de realizá-lo, proibir sua satisfação ou apenas adiá-la.  Quando o conflito é muito grande e o ego não suporta a consciência do desejo, este é rejeitado, o que determina o processo chamado repressão.  No entanto, o que foi reprimido não permanece no inconsciente, pois, sendo energia, precisa ser expandido.  Reaparece, então, sob a forma de sintoma.
  • 38.  Os sintomas devem ser decifrados na sua linguagem simbólica.  Enquanto os sintomas permanecem obscurecidos pelo desconhecimento das causas, tem-se como consequência as neuroses ou até desordens mais graves.
  • 39. A associação livre  Há várias maneiras de sondagem do inconsciente, mas, para Freud, os sonhos são a “via régia”, o caminho real e privilegiado.  O que recordamos de um sonho é o seu conteúdo manifesto que às vezes nos parece incoerente e absurdo, há um conteúdo latente, a ser descoberto pela decifração do seu simbolismo.  Para tanto, Freud propõe a técnica da associação livre, pela qual o próprio indivíduo, seguindo o fluxo espontâneo das ideias, dá as pistas para descobrir o sentido oculto.
  • 40.  Além dos sonhos, há outros fenômenos psíquicos privilegiados por Freud, como os atos falhos e os chistes.  Os atos falhos são pequenos deslizes, como esquecimentos, troca de nomes ou lapsos.  O chiste consiste em gracejos feitos sem aparente intenção de ofender ou seduzir, mas que revelam forças agressivas ou eróticas reprimidas.
  • 41. Psicanálise e cultura  Em Mal-estar na civilização, escrito em 1930, Freud reflete sobre o efeito da repressão dos instintos agressivos e sexuais e seus resultados na civilização.  Com pessimismo conclui que é alto o preço pago pelo indivíduo para se tornar civilizado.Assim diz: “A civilização consegue dominar o perigoso desejo de agressão do indivíduo enfraquecendo-o, desarmando-o e estabelecendo no seu interior um agente para cuidar dele, como uma guarnição numa cidade conquistada.”