O documento descreve o período Pré-Modernismo no Brasil entre 1902-1922, uma fase de transição marcada por mudanças históricas. Também apresenta detalhes sobre o poeta Augusto dos Anjos, um dos principais expoentes desse período, incluindo sua vida, obra e estilo poético multifacetado e pessoal.
1. UNIDADE INTEGRADA SESI SENAI – EBEP | TÉCNICO EM QUÍMICA | 3° ANO | PROFESSORA: SAMANTHA BORGES | LÍGUA PORTUGUESA
2. O Pré-Modernismo é, sobretudo, uma fase de transição, visto que
ele se desenvolveu em uma fase histórica de grandes mudanças e
contrastes.
A proclamação da república, em 1889, não representou uma
mudança no contexto social brasileiro. As famílias do campo
continuavam sendo controladas pelos grandes latifundiários.
Foi nessa época que os principais centros políticos passaram por
uma transformação do espaço urbano que desencadeou um
processo de “europeização” do país, que visava o rompimento
com o colonialismo português
O Pré - Modernismo
3. Características do PeríodoOs artistas em meio a esse contexto de mudanças tiveram de se adequar a ele. O
foco da produção literária se fragmenta e os autores escrevem sobre as diferentes
regiões, os centros urbanos, os funcionários públicos, os sertanejos, os caboclos e os
imigrantes.
Essa multiplicidade de focos e de interesses torna impossível tratar o Pré-
modernismo como uma escola literária. Logo, considera-se pré-modernista toda obra
brasileira publicada entre 1902 (publicação de “Os Sertões”) e 1922 (Semana da Arte
Moderna)
PRÉ - MODERNISMO
1902 1922
4. Augusto dos Anjos - Vida
Augusto dos Anjos nasceu no Engenho
Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé,
Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras
letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano,
onde viria a ser professor em 1908. Precoce
poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos
sete anos de idade.
5. Augusto dos Anjos - Vida
Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade
de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907.1 Em 1910
casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura,
influenciaria muito na construção de sua dialética poética e
visão de mundo.
Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio
de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de
ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da
madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde
era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi
a pneumonia. Na casa em que residiu durante seus últimos
meses de vida funciona hoje oMuseu Espaço dos Anjos.
6. Augusto dos Anjos - Obra
Durante sua vida, publicou vários poemas
em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900.
Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu.
Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizaria
uma edição chamada Eu e Outras Poesias, incluindo
poemas até então não publicados pelo autor.
7. Esta obra é fruto de todas as orientações e inclinações literárias vigentes de
fins do século XIX até o princípio do século XX. Portanto o autor não deixa de
captar inspirações de movimentos como o Parnasianismo, o Decadentismo, o
Simbolismo, e já traz em sua criação vários elementos que, mais tarde,
seriam defendidos pelo Modernismo.
Apesar disso o poeta nunca integrou qualquer corrente literária, e assim
tinha total liberdade de produção, gerando uma poética multifacetada e
muito pessoal, valendo-se inclusive de termos emprestados da escola
naturalista. Além disso, Augusto primou por um vocabulário excêntrico,
próprio da Ciência, para retratar a destruição do corpo humano, sua
decadência, o caminhar para a aniquilação completa, já que acreditava na
existência do nada e na morte como fim da existência.
EU. E outras Poesias
8. Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Versos Íntimos