O documento discute o contexto histórico e filosófico do Simbolismo no final do século XIX, abordando autores como Bergson, Schopenhauer e Kierkegaard. Também apresenta características estilísticas e literárias do movimento, como o uso de símbolos, sugestão e sinestesia. Por fim, destaca alguns autores e obras representativas do Simbolismo em Portugal e no Brasil, como Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
9. CONTEXTO
HISTÓRICO
final do século XIX
Enquanto alguns vivenciam o glamour
e os benefícios trazidos pela ciência e
pela industrialização, outros
encontram-se à margem da sociedade
(aristocracia decadente)
13. O “eu profundo” faz parte
de um mundo complexo e
que é corrompido na
simples tentativa de ser
traduzido em palavras.
14. Segundo esse filósofo a
maioria das pessoas
passa toda a existência
vivendo apenas no “eu da
superfície”e jamais
experimentam a
verdadeira “LIBERDADE”.
16. Arthur Schopenhauer
(1788 - 1860)
O mundo é apenas uma
representação, ou melhor, é igual
à nossa percepção, por isso não
chegamos jamais à coisa-em-si, ao
absoluto. Por outro lado, o nosso
espírito ou a nossa psiquê
corresponde à vontade, e esta é
que seria o real.
17. Schopenhauer sustenta que o
real em si mesmo é cego e
irracional, enquanto vontade.
As formas racionais não
passariam de ilusórias
aparências e a essência de
todas as coisas seria alheia à
razão.
19. A felicidade seria apenas
uma interrupção temporária
de um processo de
infelicidade, e somente a
lembrança temporária de um
sofrimento passado criaria a
ilusão de um bem presente.
O prazer do momento é
fugaz de ausência de dor e
23. Sören Kierkegaard
(1813 -1855)
A vida é subjetiva, na própria
medida em que é vivida, não pode
jamais ser objetivo de um saber,
ela escapa em princípio ao
conhecimento.
24. Essa interioridade, essa
subjetividade reencontrada
para além da linguagem,
como aventura pessoal de
cada um em face dos
outros e de Deus, eis o que
KierKegaard chamou de
EXISTÊNCIA.
25. O homem portanto é uma síntese
de:
•infinito e finito
•temporal e eterno
•liberdade e necessidade
ESPERO/ IMPOSSIBILIDADE DE CONCILIA
27. CHARLES
BAUDELEIRE (POETA)
(1821-1867)
A teoria das correspondências propõe
um processo cósmico de aproximação
entre as realidades físicas e as
metafísicas, entre os seres, as cores,
os perfumes, e o pensamento ou a
emoção.
SINESTESIA
29. TUDO SÃO SÍMBOLOS
Os símbolos
poderão apenas ser
decifrados por
aqueles que
intuirem/ alma
pura/clariviência.
O que vemos
materialmente é
pura ilusão,
apenas reflexo
de algo que
existe no plano
espiritua.
OETA É APENAS UM DECIFRA
31. • Conteúdo relacionado com o
espiritual, o místico e o
subconsciente: idéia metafísica,
crença em forças superiores e
desconhecidas, predestinação, sorte,
introspecção.
• Essa maior ênfase pelo particular
e individual do que pelo geral e
Universal: valorização máxima do eu
interior, individualismo.
32. • Tentativa de afastamento da
realidade e da sociedade
contemporânea: valorização máxima
do cosmos, do misticismo, negação à
Terra.
• Os textos comumente retratam
seres efêmeros (fumaça, gases,
neve...). Imagens grandiosas
(oceanos, cosmos...) para expressar
a idéia de liberdade.
33. • Conhecimento intuitivo e não-
lógico. Ênfase na imaginação e na
fantasia. Desprezo à natureza: as
concepções voltam-se ao místico
e sobrenatural.
• Pouco interesse pelo enredo
e ação narrativa: pouquíssimos
textos em prosa. Preferência por
momentos incomuns: amanhecer
ou entardecer, faixas de transição
entre dia e noite.
34.
• Linguagem ornada, colorida,
exótica, bem rebuscada e cheia de
detalhes: as palavras são
escolhidas pela sua sonoridade,
num ritmo colorido, buscando a
sugestão e não a narração.
Obs.: Na concepção simbolista o louco era um
ser completamente livre por não obedecer às
regras. Teoricamente o poeta simbolista é o ser
feliz.
35. SIMBOLISMO PARNASIANISMO
Quanto ao conteúdo
Subjetivismo Objetivismo
Antimaterialismo, anti-racionalismo Materialismo, racionalismo
Misticismo e religiosidade Paganismo greco-latino
Interesse pelas zonas profundas da
mente humana e pela loucura
Racionalismo
Pessimismo, dor de existir Contenção de sentimentos
Interesse pelo noturno, pelo
mistério e pela morte
Interesse por temas universais: a
natureza, o amor, objetos de arte, a
poesia
Retomada de elementos da tradição
romântica
Retomada de elementos da tradição
clássica
Quanto à forma
Linguagem vaga, fluida, que busca
sugerir em vez de nomear
Linguagem precisa, objetiva, culta
Cultivo do soneto e de outras
formas de composição poética
Preferência pelo soneto
Abundância de metáforas,
comparações, aliterações,
assonâncias e sinestesias
Busca do equilíbrio formal
37. Cronologia do Simbolismo
em Portugal
Período: século XIX e XX
Início: 1890 - Publicação de Oaristos,
de Eugênio de Castro.
Fim: 1915 - Surgimento da Revista
Orpheu, inaugurando o Modernismo.
39. Eugênio de Castro e Almeida
(1869-1944)
•Sua obra pode ser dividida em duas fases:
simbolista e neoclássica.
•A simbolista corresponde aos poemas escritos já no
século XX.
• Novas rimas, novas métricas, aliterações, versos
alexandrinos, vocabulário mais rico, ele expõe no
prefácio – manifesto de Oaristos. Na fase
neoclássica apresenta temas voltados à antigüidade
clássica e ao passado português (profundamente
41. Antônio Nobre
(1867-1900)
• Ingressou na carreira diplomática, morrendo
de tuberculose aos 33 anos. Estudou em
Paris.
• Obras:
Só (Paris, 1892)
Despedidas (1902)
Primeiros versos (1921)
Correspondência.
42. • É simbolista, mas não tem seus cacoetes.
Considerado como nacionalista e romântico
retardatário.
• Exaltou a vida provinciana do norte de Portugal,
por influência de Garrett e de Júlio Dinis.
•A sua poesia manifesta rica musicalidade rítmica e
linguagem com um falar cotidiano e coloquial, além
do pessimismo.
44. Camilo Pessanha
(1867-1926)
•É considerado o mais simbolista dos poetas
da época.
•Autor de apenas um livro: Clepsidra,
•Influenciou a geração de Orpheu, que iniciou
o Modernismo em Portugal. Passou grande
parte da vida em Macau (China), tornando-se
tradutor da poesia chinesa para o português.
45. • Considerado de difícil leitura, pois trabalha
bem a linguagem. No seu livro predomina o
estranhamento entre o eu e o corpo; o eu e a
existência e o mundo.
• Em Clepsidra, se distancia de uma situação
concreta e pessoal, e sua poesia é pura
abstração.
49.
Cruz e Sousa
(1861-1898)
DADOS BIOGRÁFICOS
• Nasceu em 1861 na cidade catarinense de
Nossa Senhora do Desterro.
• Filho de escravos alforriados, desde
pequeno recebeu a tutela e uma educação
refinada de seu ex-senhor, o Marechal
Guilherme Xavier de Sousa.
50.
• Aprendeu francês, latim e grego, além de
ter sido discípulo do alemão Fritz Müller,
com quem aprendeu matemática e ciências
naturais.
• Em 1881, dirigiu o jornal "Tribuna Popular",
onde já transpareciam suas idéias
abolicionistas.
51.
•Em 1883, foi recusado como promotor de
Laguna por ser negro, o que lhe causou
profunda insatisfação e lhe acentuou os
ideais de abolicionismo.
52.
• Foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou
na Estrada de Ferro Central do Brasil,
colaborando também com o jornal "Folha
Popular", onde entrou em contanto com as
tendências simbolistas e escreveu suas
obras mais expressivas.
• Casado com Gavita Gonçalves no ano de
1893, foi pai de quatro filhos, mas a tragédia
não estava apenas reservada no preconceito
racial que sofria: teve os quatro filhos
mortos por tuberculose e a mulher
enlouquecida.
53.
•Profundamente magoado e tuberculoso, foi
para a cidade de Sítio (Minas Gerais) em
busca de um clima mais saudável.
•Morreu em 1898.
Sua obra só seria realmente
reconhecida algum tempo depois,
consagrando-o como um dos maiores
poetas do Simbolismo.
54.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
Mantém a estrutura formal típica do
Parnasianismo (uso de sonetos, rimas
ricas, etc.),
Do Simbolismo apresenta um tom mais
musical, rítmico, com uma variedade de
efeitos sonoros, uma riqueza de
vocabulários, e um precioso jogo de
correspondências (sinestesias) e
contrastes (antíteses).
55.
Transparece a preocupação social,
DOR DO HOMEM NEGRO + DOR
UNIVERSAL HUMANA =
ANGÚSTIA, PESSIMISMO E TÉDIO
A solução é sempre a fuga, a
preferência pelo místico, a busca pelo
mundo espiritual que o consola.
Presença de ideais abolicionistas
56.
Em contraste com a cor negra,
está o uso de um vasto
vocabulário relacionado à cor
branca: neve, espuma, pérola,
nuvem, brilhante, etc. Isso reflete
sua obsessão, tipicamente
simbolista, pela imprecisão, pelo
vago, a pureza e o mistério.
57.
Sua obra ainda é vastamente tomada pela :
•Sensualidade;
•Busca da auto-afirmação;
•Subjetividade;
•Culto à noite;
•Busca do símbolo e do mistério da existência.
Madona-Liebends Weib (1895) de Edvard Munch
58.
PRINCIPAIS OBRAS
Poesia
Broquéis (1893);
Faróis (1900);
Últimos Sonetos (1905);
O livro Derradeiro (1961).
Poemas em Prosa
Tropos e Fanfarras (1885), em conjunto com Virgílio
Várzea;
Missal (1893);
Evocações (1898);
Outras Evocações (1961);
Dispersos (1961).
60.
Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)
DADOS BIOGRÁFICOS
•Nascido em Ouro Preto no ano de 1870
•Aos dezoito anos, presenciou um fato que
marcaria profundamente toda a sua vida e
suas poesias: a morte de Constança (filha de
Bernardo Guimarães), sua prima e noiva, às
vésperas do casamento.
61.
•Forma-se em Direito em São Paulo 1895.
•Na capital paulista, tomou contato com os
ideais simbolistas e escreveu a maior parte
de sua obra.
• No Rio de Janeiro, conhece Cruz e Sousa.
•De volta a Minas Gerais, exerceu o cargo de
juiz na cidade de Mariana, onde levou uma
vida pacata com sua esposa, Zenaide de
Oliveira, e seus catorze filhos.
•Viveu em Mariana até a morte, no ano de
1921.
62.
CARACTERÍSTICAS
LITERÁRIAS
•Profunda suavidade e lirismo,
•Linguagem simples e um ritmo bem musical,
cheio de aliterações e sinestesias.
•Há o emprego constante das redondilhas,
além dos versos alexandrinos e decassílabos,
com ênfase no soneto,
63.
•A presença da amada perdida, retratada aos
moldes medievais: uma divindade intocável,
perfeita, livre de qualquer toque de erotismo
e somente acessível através da morte.
•Por várias vezes ela é confundida com a
imagem pura da Virgem Maria, de quem o
poeta é profundamente devoto.
64.
•Sua obra, é considerada a mais mística de nossa
literatura.
•Há a aceptividade, a simpatia e o desejo pela morte,
já que ela é o único caminho para se chegar à
amada.
CONCLUSÃO
um ciclo de misticismo, amor
idealizado e obsessão da morte