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POESIA LÍRICA
CAMONIANA
Profa. Daniele OnoderaProfa. Daniele Onodera
A lírica camoniana foi construída a partir de
várias tendências da cultura da época.
Influência medieval:
poemas escritos em medida velha
(redondilhas 5 e 7 sílabas).
principais temas: partida do namorado,
solidão, a confidência e o sofrimento amoroso,
o ambiente rural, a mulher inacessível.
Influência do humanismo e do
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poemas escritos em medida nova (10
sílabas)
principais temas: amor neoplatônico, o
sofrimento amoroso, a natureza e a
reflexão filosófica.
O amor é concebido sob duas
perspectivas:
sensual
neoplatônico
POESIA LÍRICA AMOROSA
Mundo inteligível: formado pelas ideias.
Mundo no qual residem a beleza e a perfeição.
PlatonismoPlatonismo
NeoplatônicoNeoplatônico
Mundo sensível: formado por objetos concretos
e reais – o mundo que nós
conhecemos – é apenas a
projeção do mundo inteligível.
É portanto, imperfeito.
“Primavera” de Sandro Botticelli (ao centro Vênus a deusa do Amor)
As três graças (Tria Charitas:
Pulchritudine, Amor, Voluptas)
- Ícone (tópico, lugar comum)
- Referências clássicas:
* Homero (Ilíada, XIV, 263-276)
* Hesíodo (Teogonia 64-65, 907-911, 945-946)
* Cícero (De Beneficiis, I,3,2)
- Nomes:
* Dar, Receber, Agradecer
* Beleza, Encanto, Simpatia
* Beleza, Amor, Prazer
- χαριταξχαριταξχαριταξχαριταξ, Charitas = Caridade,
graça, amor (Deus caritas est),
dádivas, deusas da generosidade,
liberalidade, séquito de Vênus
Pulchritudo - Beleza
Amor - Charitas
Voluptas - Prazer
Cupido (Amor, Eros)
- Filho de Vênus e Marte. Amor mais forte do que a morte. Amor
omnia vincit
- Símbolos: arco, flecha, corações, venda nos olhos
Mercúrio (Hermes)
- Mensageiro dos deuses, vem antes, precede,
(mensagens para deuses e homens), senhor dos
ventos e das nuvens (em missão)
- Comércio, viajantes, eloqüência, ladrões (astúcia)
- Símbolos: chapéu e sandálias aladas, caduceu
(bastão de arauto com 2 cobras entrelaçadas)
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-Deusa do amor. Dupla personalidade:
* Beleza erótica / Amor feminimo
* Aphrodite Pandemos / Aphrodite Urania
(terrestre / celeste)
* Amor profano / amor sagrado
Zéfiro, Clóris, Flora
Zéfiro, Clóris, Flora
- Ref: Ovídio (Fastos V, 193-375, Metamorfoses),
Varrão, Juvenal
- Clóris: ninfa dos bosques, campos
felizes, verde fresco, Cloro, clorofila,
Campos Elíseos
- Zéfiro (com Noto, Bóreas, filho de
Éolo), vento fresco do ocidente,
simbolizado pelas bochechas infladas
(assoprando), asas
- Um dia Clóris foi vista por Zéfiro.
Vento ... paixão, perseguiu-a, desposou-
a, coloriu-a: Flora.
- Vento que poliniza (fertiliza) as flores.
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mulheres, vestes coloridas e não
brancas
-
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Flora di fiori adorna el mundo
- Flora acompanha sempre Vênus (e por isso:
Zéfiro e Clóris)
Primavera: Vênus, com todo o cortejo, em seu jardim de laranjeiras vai dar início
à primavera, simbolizada na dança das três graças, que sempre a acompanham,
precedida por Mercúrio, mensageiro dos deuses e acompanhada por Flora,
distribuindo rosas, símbolo de Vênus e da chegada da estação das flores, com o
vento Zéfiro e Clóris/Flora marcando também o início dessa estação.
Uma teoria do amor
- Botticelli, como Rafael, conhecia
com profundidade a filosofia
neoplatônica. Alma profundamente
cristã.
Pistas: Vênus (amor, celeste, centro do quadro, auréola), Cupido, com a seta inflamada, aponta para
cáritas (Amor) e não para as outras ( amores); Cáritas, dançando e estando unida às demais, olha para
Mercúrio; Mercúrio aponta para o mais além: as nuvens e as chamas do seu manto
A reconciliação entre o amor humano e o amor celeste
- O ciclo do amor. O retorno ao uno:
vem dos céus (Zéfiro), assenta-se na
terra (Clóris-Flora), purifica-se e
retorna de onde veio
- Zéfiro e Clóris: representam o
Amor animal ou amor físico (degrau
mais baixo), que pode ser purificado,
sofrendo uma transformação para
Flora, o amor humano nobre e limpo
(degrau intermediário), simbolizado
na maternidade já próxima, na
beleza e no recato (pudor)
- Vênus (Urânia) e Cupido (representando um amor elevado)
apontam para um amor ainda maior (amor celeste, terceiro degrau),
que parte de Cupido para Caritas e desta, através de Mercúrio, olha
para o Alto.
- Dentro da tradição
cristã: o amor celeste não
é incompatível com o
amor humano, com a
beleza e com o prazer.
- Tese que se vê:
* Na dança unida da
Três Graças: Amor,
Beleza e Prazer;
* No dar, receber e
agradecer
* No ciclo de retorno de
Mercúrio a Zéfiro
“Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.”
(…)
(CAMÕES)
Reflexões sobre a vida, o homem e o mundo.
Destacam-se os seguintes temas:
a mudança de todas as coisas e a ação do
tempo que nem sempre é positiva.
a perplexidade diante do desconcerto do
mundo
POESIA LÍRICA FILOSÓFICA
Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mal, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.
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DIÁLOGO
VaiVaiVaiVai----vemvemvemvem
Nesta ansiedade que minh'alma tem,
que faz de mim um sonhador fecundo,
deixei a noite, a treva, deste mundo,
buscando o sol, a luz, além... além...
Achei a luz; mas (pobre vagabundo!)
não tive tempo de gozar o bem.
- Sei lá por que fatídico vai-vem
eu volto ao mesmo escuro, ao mesmo fundo!...
É, sempre, a par da glória a desventura.
O que ora nos alegra, e nos enleva,
depois nos entristece, e nos tortura...
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Só me custa voltar da luz à treva,
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Camões

  • 1. POESIA LÍRICA CAMONIANA Profa. Daniele OnoderaProfa. Daniele Onodera
  • 2. A lírica camoniana foi construída a partir de várias tendências da cultura da época. Influência medieval: poemas escritos em medida velha (redondilhas 5 e 7 sílabas). principais temas: partida do namorado, solidão, a confidência e o sofrimento amoroso, o ambiente rural, a mulher inacessível.
  • 3. Influência do humanismo e do Renascimento italiano: poemas escritos em medida nova (10 sílabas) principais temas: amor neoplatônico, o sofrimento amoroso, a natureza e a reflexão filosófica.
  • 4. O amor é concebido sob duas perspectivas: sensual neoplatônico POESIA LÍRICA AMOROSA
  • 5. Mundo inteligível: formado pelas ideias. Mundo no qual residem a beleza e a perfeição. PlatonismoPlatonismo NeoplatônicoNeoplatônico Mundo sensível: formado por objetos concretos e reais – o mundo que nós conhecemos – é apenas a projeção do mundo inteligível. É portanto, imperfeito.
  • 6. “Primavera” de Sandro Botticelli (ao centro Vênus a deusa do Amor)
  • 7.
  • 8. As três graças (Tria Charitas: Pulchritudine, Amor, Voluptas) - Ícone (tópico, lugar comum) - Referências clássicas: * Homero (Ilíada, XIV, 263-276) * Hesíodo (Teogonia 64-65, 907-911, 945-946) * Cícero (De Beneficiis, I,3,2) - Nomes: * Dar, Receber, Agradecer * Beleza, Encanto, Simpatia * Beleza, Amor, Prazer - χαριταξχαριταξχαριταξχαριταξ, Charitas = Caridade, graça, amor (Deus caritas est), dádivas, deusas da generosidade, liberalidade, séquito de Vênus
  • 12. Cupido (Amor, Eros) - Filho de Vênus e Marte. Amor mais forte do que a morte. Amor omnia vincit - Símbolos: arco, flecha, corações, venda nos olhos
  • 13.
  • 14. Mercúrio (Hermes) - Mensageiro dos deuses, vem antes, precede, (mensagens para deuses e homens), senhor dos ventos e das nuvens (em missão) - Comércio, viajantes, eloqüência, ladrões (astúcia) - Símbolos: chapéu e sandálias aladas, caduceu (bastão de arauto com 2 cobras entrelaçadas)
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  • 19. Vênus (Afrodite) -Deusa do amor. Dupla personalidade: * Beleza erótica / Amor feminimo * Aphrodite Pandemos / Aphrodite Urania (terrestre / celeste) * Amor profano / amor sagrado
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  • 23. Zéfiro, Clóris, Flora - Ref: Ovídio (Fastos V, 193-375, Metamorfoses), Varrão, Juvenal - Clóris: ninfa dos bosques, campos felizes, verde fresco, Cloro, clorofila, Campos Elíseos - Zéfiro (com Noto, Bóreas, filho de Éolo), vento fresco do ocidente, simbolizado pelas bochechas infladas (assoprando), asas - Um dia Clóris foi vista por Zéfiro. Vento ... paixão, perseguiu-a, desposou- a, coloriu-a: Flora. - Vento que poliniza (fertiliza) as flores. - As florais (abril/maio): belas mulheres, vestes coloridas e não brancas
  • 24. -
  • 25. - Flora: grávida / vestido / adornos - Flora heraldo da primavera, chuva de rosas - Vasari: o quadro significa Primavera - Lorenzo de Médici: La primavera quando Flora di fiori adorna el mundo - Flora acompanha sempre Vênus (e por isso: Zéfiro e Clóris)
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  • 28. Primavera: Vênus, com todo o cortejo, em seu jardim de laranjeiras vai dar início à primavera, simbolizada na dança das três graças, que sempre a acompanham, precedida por Mercúrio, mensageiro dos deuses e acompanhada por Flora, distribuindo rosas, símbolo de Vênus e da chegada da estação das flores, com o vento Zéfiro e Clóris/Flora marcando também o início dessa estação.
  • 29. Uma teoria do amor - Botticelli, como Rafael, conhecia com profundidade a filosofia neoplatônica. Alma profundamente cristã.
  • 30. Pistas: Vênus (amor, celeste, centro do quadro, auréola), Cupido, com a seta inflamada, aponta para cáritas (Amor) e não para as outras ( amores); Cáritas, dançando e estando unida às demais, olha para Mercúrio; Mercúrio aponta para o mais além: as nuvens e as chamas do seu manto
  • 31. A reconciliação entre o amor humano e o amor celeste - O ciclo do amor. O retorno ao uno: vem dos céus (Zéfiro), assenta-se na terra (Clóris-Flora), purifica-se e retorna de onde veio - Zéfiro e Clóris: representam o Amor animal ou amor físico (degrau mais baixo), que pode ser purificado, sofrendo uma transformação para Flora, o amor humano nobre e limpo (degrau intermediário), simbolizado na maternidade já próxima, na beleza e no recato (pudor)
  • 32. - Vênus (Urânia) e Cupido (representando um amor elevado) apontam para um amor ainda maior (amor celeste, terceiro degrau), que parte de Cupido para Caritas e desta, através de Mercúrio, olha para o Alto.
  • 33. - Dentro da tradição cristã: o amor celeste não é incompatível com o amor humano, com a beleza e com o prazer. - Tese que se vê: * Na dança unida da Três Graças: Amor, Beleza e Prazer; * No dar, receber e agradecer * No ciclo de retorno de Mercúrio a Zéfiro
  • 34. “Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está liada.” (…) (CAMÕES)
  • 35. Reflexões sobre a vida, o homem e o mundo. Destacam-se os seguintes temas: a mudança de todas as coisas e a ação do tempo que nem sempre é positiva. a perplexidade diante do desconcerto do mundo POESIA LÍRICA FILOSÓFICA
  • 36. Ao desconcerto do mundo Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mal, mas fui castigado. Assim que, só para mim Anda o mundo concertado. (CAMÕES)
  • 37. DIÁLOGO VaiVaiVaiVai----vemvemvemvem Nesta ansiedade que minh'alma tem, que faz de mim um sonhador fecundo, deixei a noite, a treva, deste mundo, buscando o sol, a luz, além... além... Achei a luz; mas (pobre vagabundo!) não tive tempo de gozar o bem. - Sei lá por que fatídico vai-vem eu volto ao mesmo escuro, ao mesmo fundo!...
  • 38. É, sempre, a par da glória a desventura. O que ora nos alegra, e nos enleva, depois nos entristece, e nos tortura... Mais nada nesta vida me seduz. Só me custa voltar da luz à treva, eu que já fui da treva para a luz. GeraldoGeraldoGeraldoGeraldo BessaBessaBessaBessa Victor (poeta angolano)Victor (poeta angolano)Victor (poeta angolano)Victor (poeta angolano)