O documento discute a poesia lírica de Camões, dividida em três categorias: lírica camoniana, poesia lírica amorosa e poesia lírica filosófica. A lírica camoniana foi influenciada pela cultura medieval e renascentista, abordando temas como amor, natureza e reflexão. A poesia amorosa concebe o amor de forma sensual e neoplatônica. E a poesia filosófica reflete sobre temas como mudança, desconcerto mundial e perplextidade.
2. A lírica camoniana foi construída a partir de
várias tendências da cultura da época.
Influência medieval:
poemas escritos em medida velha
(redondilhas 5 e 7 sílabas).
principais temas: partida do namorado,
solidão, a confidência e o sofrimento amoroso,
o ambiente rural, a mulher inacessível.
3. Influência do humanismo e do
Renascimento italiano:
poemas escritos em medida nova (10
sílabas)
principais temas: amor neoplatônico, o
sofrimento amoroso, a natureza e a
reflexão filosófica.
4. O amor é concebido sob duas
perspectivas:
sensual
neoplatônico
POESIA LÍRICA AMOROSA
5. Mundo inteligível: formado pelas ideias.
Mundo no qual residem a beleza e a perfeição.
PlatonismoPlatonismo
NeoplatônicoNeoplatônico
Mundo sensível: formado por objetos concretos
e reais – o mundo que nós
conhecemos – é apenas a
projeção do mundo inteligível.
É portanto, imperfeito.
12. Cupido (Amor, Eros)
- Filho de Vênus e Marte. Amor mais forte do que a morte. Amor
omnia vincit
- Símbolos: arco, flecha, corações, venda nos olhos
13.
14. Mercúrio (Hermes)
- Mensageiro dos deuses, vem antes, precede,
(mensagens para deuses e homens), senhor dos
ventos e das nuvens (em missão)
- Comércio, viajantes, eloqüência, ladrões (astúcia)
- Símbolos: chapéu e sandálias aladas, caduceu
(bastão de arauto com 2 cobras entrelaçadas)
23. Zéfiro, Clóris, Flora
- Ref: Ovídio (Fastos V, 193-375, Metamorfoses),
Varrão, Juvenal
- Clóris: ninfa dos bosques, campos
felizes, verde fresco, Cloro, clorofila,
Campos Elíseos
- Zéfiro (com Noto, Bóreas, filho de
Éolo), vento fresco do ocidente,
simbolizado pelas bochechas infladas
(assoprando), asas
- Um dia Clóris foi vista por Zéfiro.
Vento ... paixão, perseguiu-a, desposou-
a, coloriu-a: Flora.
- Vento que poliniza (fertiliza) as flores.
- As florais (abril/maio): belas
mulheres, vestes coloridas e não
brancas
25. - Flora: grávida / vestido / adornos
- Flora heraldo da primavera, chuva de rosas
- Vasari: o quadro significa Primavera
- Lorenzo de Médici: La primavera quando
Flora di fiori adorna el mundo
- Flora acompanha sempre Vênus (e por isso:
Zéfiro e Clóris)
26.
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28. Primavera: Vênus, com todo o cortejo, em seu jardim de laranjeiras vai dar início
à primavera, simbolizada na dança das três graças, que sempre a acompanham,
precedida por Mercúrio, mensageiro dos deuses e acompanhada por Flora,
distribuindo rosas, símbolo de Vênus e da chegada da estação das flores, com o
vento Zéfiro e Clóris/Flora marcando também o início dessa estação.
29. Uma teoria do amor
- Botticelli, como Rafael, conhecia
com profundidade a filosofia
neoplatônica. Alma profundamente
cristã.
30. Pistas: Vênus (amor, celeste, centro do quadro, auréola), Cupido, com a seta inflamada, aponta para
cáritas (Amor) e não para as outras ( amores); Cáritas, dançando e estando unida às demais, olha para
Mercúrio; Mercúrio aponta para o mais além: as nuvens e as chamas do seu manto
31. A reconciliação entre o amor humano e o amor celeste
- O ciclo do amor. O retorno ao uno:
vem dos céus (Zéfiro), assenta-se na
terra (Clóris-Flora), purifica-se e
retorna de onde veio
- Zéfiro e Clóris: representam o
Amor animal ou amor físico (degrau
mais baixo), que pode ser purificado,
sofrendo uma transformação para
Flora, o amor humano nobre e limpo
(degrau intermediário), simbolizado
na maternidade já próxima, na
beleza e no recato (pudor)
32. - Vênus (Urânia) e Cupido (representando um amor elevado)
apontam para um amor ainda maior (amor celeste, terceiro degrau),
que parte de Cupido para Caritas e desta, através de Mercúrio, olha
para o Alto.
33. - Dentro da tradição
cristã: o amor celeste não
é incompatível com o
amor humano, com a
beleza e com o prazer.
- Tese que se vê:
* Na dança unida da
Três Graças: Amor,
Beleza e Prazer;
* No dar, receber e
agradecer
* No ciclo de retorno de
Mercúrio a Zéfiro
34. “Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.”
(…)
(CAMÕES)
35. Reflexões sobre a vida, o homem e o mundo.
Destacam-se os seguintes temas:
a mudança de todas as coisas e a ação do
tempo que nem sempre é positiva.
a perplexidade diante do desconcerto do
mundo
POESIA LÍRICA FILOSÓFICA
36. Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mal, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.
(CAMÕES)
37. DIÁLOGO
VaiVaiVaiVai----vemvemvemvem
Nesta ansiedade que minh'alma tem,
que faz de mim um sonhador fecundo,
deixei a noite, a treva, deste mundo,
buscando o sol, a luz, além... além...
Achei a luz; mas (pobre vagabundo!)
não tive tempo de gozar o bem.
- Sei lá por que fatídico vai-vem
eu volto ao mesmo escuro, ao mesmo fundo!...
38. É, sempre, a par da glória a desventura.
O que ora nos alegra, e nos enleva,
depois nos entristece, e nos tortura...
Mais nada nesta vida me seduz.
Só me custa voltar da luz à treva,
eu que já fui da treva para a luz.
GeraldoGeraldoGeraldoGeraldo BessaBessaBessaBessa Victor (poeta angolano)Victor (poeta angolano)Victor (poeta angolano)Victor (poeta angolano)