O documento descreve o Trovadorismo, o primeiro movimento literário da língua portuguesa entre os séculos XII e XV. O Trovadorismo surgiu na Occitânia e espalhou-se por Portugal e Europa. As cantigas trovadorescas tratavam principalmente de amor, sátira e religião e eram musicadas. Autores importantes incluem Paio Soares de Taveirós, D. Dinis e Fernão Lopes.
O Trovadorismo: origem e características da primeira literatura portuguesa
1.
2. INTRODUÇÃO
Trovadorismo, também conhecido como Primeira Época Medieval, é
o primeiro movimento literário da língua portuguesa. Seu surgimento
ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como
nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se
na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa.
Apesar disso, a lírica medieval galego-português possuiu características
próprias, uma grande produtividade e um número considerável de
autores conservados. Marcou-se o início do Trovadorismo na península
ibérica com a Cantiga da Ribeirinha, em 1198 ou 1189.
3. CONTEXTO SOCIO-CULTURAL
Trata-se da “escola literária” característica dos tempos do feudalismo, que
aconteceu na Idade Média – entre a queda do império romano e o
surgimento do renascimento. O trovadorismo vem nos mostrar todo o
contexto histórico, social, artístico e cultural deste período que tanto marcou
a literatura.
Durante a Idade Média, tudo era baseado no teocentrismo, a teoria de
que Deus é o centro de todas as coisas. Tendo isso em vista, tudo era
controlado pela igreja católica, que detinha todo o poder tanto político,
como econômico. O clero costumava ser representado acima dos
senhores feudais nas pirâmides sociais da época.
4. CONTEXTO SOCIO-CULTURAL
Consequentemente, toda a cultura, literatura e arte foram influenciadas
e inspiradas pela religião. Na época, o homem colocava-se totalmente à
mercê da vontade de Deus, assim como todos os outros fenômenos
naturais. Se algo acontecia, fosse bom ou ruim, eles acreditavam ser a
decisão de Deus.
5. PRINCIPAIS CARACTERISCAS
A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas,
geralmente com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta,
viola, gaita etc.). Quem escrevia e cantava essas poesias musicadas
eram os jograis e os trovadores. Estes últimos deram origem ao
nome deste estilo de época português.
Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Os mais
importantes Cancioneiros desta época são o da Ajuda, o da
Biblioteca Nacional e o da Vaticana.
6. PRINCIPAIS CARACTERISCAS
As cantigas eram cantadas no idioma galego-português e dividem-se
em dois tipos: líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e
maldizer).
Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apresentam maior
potencial pois formam a base da poesia lírica portuguesa e até
brasileira. Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de
personalidades da época, numa linguagem popular e muitas vezes
obscena.
7. PRINCIPAIS CARACTERISCAS
1) Principais Características do Trovadorismo:
Homem religioso, porém sempre sofrendo tentações pelos prazeres do
mundo.
Teocentrismo.
Profundo cristianismo.
Submissão à Igreja e ao senhor feudal.
Sentimento acima da razão.
8. PRINCIPAIS CARACTERISCAS
2) Produção Literária - a produção literária de Portugal durante seus
primeiros séculos de existência (séc. XII ao XV). No âmbito da poesia,
a tônica são mesmo as Cantigas em suas modalidades; enquanto a
prosa apresenta as Novelas de Cavalaria.
9. PRINCIPAIS CARACTERISCAS
3) Autores - (Trovadores) Os mais conhecidos trovadores foram: João
Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de
Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes
Torneol. Mas aqui falaremos apenas sobre alguns. Paio Soares Taveirós
Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira
metade do século XIII. De origem nobre, é o autor da Cantiga de
Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-portuguesa.
10. CONTEXTO ARTISTICO
A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas, geralmente
com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita
etc.). Quem escrevia e cantava essas poesias musicadas eram os jograis
e os trovadores. Estes últimos deram origem ao nome deste estilo de
época português.
Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Os mais
importantes Cancioneiros desta época são o da Ajuda, o da Biblioteca
Nacional e o da Vaticana.
11. CONTEXTO ARTISTICO
As cantigas eram cantadas no idioma galego-português e dividem-se
em dois tipos: líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e
maldizer).
Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apresentam maior
potencial pois formam a base da poesia lírica portuguesa e até
brasileira. Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de
personalidades da época, numa linguagem popular e muitas vezes
obscena.
12. CANTIGAS DE AMOR
Origem da Provença, região da França, trazidas através dos eventos
religiosos e contatos entre as cortes. Tratam, geralmente, de um
relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu amor a uma
dama, normalmente de posição social superior, inatingível. Refletindo a
relação social de servidão, o trovador roga a dama que aceite sua
dedicação e submissão.
13. CANTIGAS DE AMIGO
Neste tipo de texto, quem fala é a mulher e não o homem. O
trovador compõe a cantiga, mas o ponto de vista é feminino,
mostrando o outro lado do relacionamento amoroso - o
sofrimento da mulher à espera do namorado (chamado “amigo”),
a dor do amor não correspondido, as saudades, os ciúmes, as
confissões da mulher a suas amigas, etc. Os elementos da natureza
estão sempre presentes, além de pessoas do ambiente familiar,
evidenciando o caráter popular da cantiga de amigo.
14. CANTIGAS SATÍRICAS
Aqui os trovadores preocupavam-se em denunciar os falsos
valores morais vigentes, atingindo todas as classes sociais:
senhores feudais, clérigos, povo e até eles próprios.
Cantigas de escárnio - crítica indireta e irônica
Cantigas de maldizer - crítica direta e mais grosseira
15. CANTIGAS RELIGIOSAS
As cantigas de temática religiosa eram de cunho devocional (exaltação
à imagem de um santo) ou hagiográfico (narrativas dos feitos
milagrosos de um santo). O alvo mais frequente dos cantares
trovadorescos religiosos era Santa Maria, a mãe de Cristo.
16. A prosa medieval retrata com mais detalhes o ambiente histórico-social
desta época. A temática das novelas medievais está ligada à
vida dos cavaleiros medievais e também à religião.
A Demanda do Santo Graal é a novela mais importante para a
literatura portuguesa. Ela retrata as aventuras dos cavaleiros do Rei
Artur em busca do cálice sagrado (Santo Graal). Este cálice
conteria o sangue recolhido por José de Arimatéia, quando Cristo
estava crucificado. Esta busca (demanda) é repleta de simbolismo
religioso, e o valoroso cavaleiro Galaaz consegue o cálice.
18. Os mais conhecidos trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio
Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de Guilhade, Afonso
Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.
Mas aqui serão citados apenas alguns.
• Paio Soares Taveirós
Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira
metade do século XIII. De origem nobre, é o autor da Cantiga de
Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-portuguesa.
19. A Ribeirinha
No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vós e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia.
Mao dia que me levantei
que vos enton nom vi fea!
E, mia senhor, des aquelha
me foi a mi mui mal di'ai!
E vós, filha de dom Paai
Moniz, e bem vos semelha
d'aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d'ua correa
20. • D. Dinis
Dom Dinis, o Trovador, foi um rei importante para Portugal, sua lírica
foi de 139 cantigas, a maioria de amor, apresentando alto domínio
técnico e lirismo, tendo renovado a cultura numa época em que ela
estava em decadência em terras ibéricas.
• Frei João Álvares
Frei João Álvares a pedido do Infante D. Henrique, escreveu a Crônica do
Infante Santo D. Fernando. Nomeado abade do mosteiro de Paço de
Sousa, dedicou-se à tradução de algumas obras pias: Regra de São Bento,
os Sermões aos Irmãos do Ermo atribuídos a Santo Agostinho e o livro I
da Imitação de Cristo.
21. • D. Afonso XD. Afonso X, o Sábio, foi rei de Leão e Castela. É
considerado o grande renovador da cultura peninsular na segunda
metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo
ele próprio escrito um grande número de composições em
galaico-português que ficaram conhecidas como Cantigas de Santa
Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia e
o direito, tendo elaborado a General Historia, a Crônica de
España, Libro de los Juegos, Las Siete Partidas, Fuero Real, Libros del
Saber de Astronomia, entre outras.
22. Gula
Uivam as suas maldições
as insidiosas hienas
própria sanha.
Rituais de tão escabrosa gulodice,
que até nos esfomeados aldeões da tragédia,
a gula das quizumbas
se baba nas beiças das catanas,
dos machados.
Autor: D. Afonso X, ‘Rei de Leão e de Castela’ (Séc. XIII)
23. • D. Duarte
D. Duarte foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da
segunda dinastia. D. Duarte foi um rei dado às letras, tendo feito a
tradução de autores latinos e italianos e organizando uma
importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra
conhecimento dos autores latinos.
Obras: Livro dos Conselhos; Leal Conselheiro; Livro da Ensinança de Bem
Cavalgar Toda a Sela.
24. • Fernão Lopes
Fernão Lopes é considerado o maior historiógrafo de língua
portuguesa, aliando a investigação à preocupação pela busca da
verdade. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se
dedicar à investigação da história do reino, devendo redigir
uma Crônica Geral do Reino de Portugal. Correu a província a buscar
informações, informações estas que depois lhe serviram para
escrever as várias crônicas (Crônica de D. Pedro I, Crônica de D.
Fernando,Crônica de D. João I, Crônica de Cinco Reis de Portugal e Crônicas
dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi “guardador das escrituras” da
Torre do Tombo
25. • Gomes Eanes de Zurara
Gomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu
cargo a guarda da livraria real, obtendo em 1454 o cargo de
“cronista-mor” da Torre do Tombo, sucedendo assim a Fernão
Lopes. Das crônicas que escreveu destacam-se: Crônica da Tomada de
Ceuta, Crônica do Conde D. Pedro de Meneses,Crônica do Conde D. Duarte
de Meneses e Crônica do Descobrimento e Conquista de Guiné.
26. CONCLUSÃO
Concluímos que o Trovadorismo foi um período da literatura portuguesa
compreendido entre 1189 e 1434. Nessa época Portugal estava em
processo de consolidação do estado português. Enquanto o mundo estava
em pleno Feudalismo, e o Teocentrismo dominava o planeta.
Os textos do Trovadorismo eram acompanhados de música e geralmente
cantados em coro, por isso são chamados de cantigas. As cantigas podem
ser classificadas em dois grandes grupos: cantigas líricas e cantigas
satíricas. As líricas se subdividem em cantigas de amor e de amigo; as
satíricas em cantigas de escárnio e maldizer.