O documento descreve a microanatomia das glândulas endócrinas, incluindo sua definição, tipos de controle hormonal, estrutura das glândulas hipófise, adrenais e ilhotas de Langerhans no pâncreas. Detalha os tipos de células encontrados nessas glândulas e os hormônios por elas secretados.
1. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia das glândulas endócrinas
Prof. Dr. Caio Maximino
Marabá/PA – 2015
2. Microanatomia das glândulas endócrinas
Definição
●
Glândulas formadas por células secretoras cujos produtos são exocitados no fluido
intersticial ao invés de em dutos.
●
Difundem-se até capilares próximos, e o sangue capilar transporta esses produtos de
secreção (hormônios) para outros órgãos do corpo.
– Alta vascularização do tecido glandular
●
Modos de controle:
– Endócrino: Hormônio secretado na grande circulação
– Parácrino: Hormônio secretado viaja por vasos curtos por pequenas distâncias
– Justácrino: Hormônio secretado na matriz extracelular, age em células muito próximas
– Citócrino: Hormônio secretado de uma célua a outra por mecanismos transmembrana
– Autócrino: A mesma célula que secreta é alvo da secreção
3. Microanatomia das glândulas endócrinas
Epitélio glandular endócrino
●
Glândulas endócrinas podem ser representadas por
células individuais (glândulas unicelulares) dentro de
certos órgãos; como células endócrinas em glândulas
mistas; ou como órgãos endócrinos distintos e separados
●
Glândulas foliculares: Porção secretora organizada em
folículos cercados por capilares
●
Glândulas cordonais: Porção secretora organizada em
cordões recortados por capilares
7. Microanatomia das glândulas endócrinas
Hipófise
●
Órgão endócrino pesando cerca de 0,5 g no adulto, localizado
na sella turcica (cavidade do osso esfenóide que é importante
ponto de referência radiológico)
●
Se liga ao hipotálamo através do pedículo infundibular
●
Revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo que é contínua
com a rede de fibras reticulares
●
Origem embriológica dupla organiza a hipófise em uma porção
neural e uma porção ectodérmica
8. Microanatomia das glândulas endócrinas
Embriologia da hipófise
●
Neuroipófise: Se desenvolve pelo crescimento do assoalho do
diencéfalo em direção caudal
●
Adenoipófise: Se desenvolve a partir de um trecho do ectoderma
do teto da boca primitiva que cresce cranialmente formando a
bolsa de Rathke
10. Microanatomia das glândulas endócrinas
Suprimento sanguíneo
●
Dois grupos de artérias originadas da
carótida interna – ARTÉRIAS
HIPOFISÁRIAS SUPERIORES (irrigam
iminência mediana e infundíbulo) e
INFERIORES (irrigam a neuroipófise e o
pedículo da hipófise)
●
Plexo capilar primário – Formado por
ramificações das artérias hipofisárias
superiores; células endoteliais fenestradas
– Capilares unem-se para formar vênulas e
veias que se ramificam na adenoipófise,
formando o plexo capilar secundário
●
Sistema porta hipofisário permite que
os hormônios hipotalâmicos sejam levados
à adenoipófise.
11. Microanatomia das glândulas endócrinas
Sistemas hipotálamo-hipofisários
●
Núcleo supra-óptico
(SON) e paraventricular
(PVN) – OXT e AVP
para a neuroipófise
●
PVN, núcleos
dorsomedial,
ventromedial e
arqueado – Hormônios
tróficos
SNA
Adenoipófise
Neuroipófise
Stern, 2014
12. Microanatomia das glândulas endócrinasCirculação sistêmica
Sistemas hipotálamo-hipofisários
Hipófise posterior
AVP, OXT, NP
Hipófise anterior
ACTH, TSH, LH,
FSH, GH, Prl
Eminência mediana
Horm. hipofisiotrópicos
Transporte axonal
Transporte axonal
Veias porta longas
N magnocelulares N parvocelulares
13. Microanatomia das glândulas endócrinas
Adenoipófise
● Subdividida em pars
distalis (lobo
anterior), pars
tuberalis (porção
cranial que envolve o
infundíbulo) e pars
intermedia (entre a
neuroipófise e a pars
distalis)
14. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia da pars distalis
●
Organização cordonal sustentada
por fibras reticulares (secretadas
por fibroblastos)
●
Em H&E:
– Células cromófobas: se coram
fracamente; duas subpopulações
(microscopia eletrônica) – células
com poucos grânulos e células sem
nenhum grânulo (foliculares)
– Células acidófilas: Afinidade por
corantes ácidos
– Células basófilas: Afinidade por
corantes básicos
16. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia da pars distalis
● Porção central
– Mais células basófilas (P.A.S.
positivas - i.e., produzem
glicoproteínas)
– ACTH (posição posterior), TSH
(posição anterior)
● Porções laterais
– Mais células acidófilas
– GH e Prl
● Células produtoras das
gonadotrofinas estão
distribuídas de maneira ±
uniforme
17. Microanatomia das glândulas endócrinas
Controle funcional da pars distalis
Hipófise anterior
Receptores nas células-alvo
TRH
Tirotrofos
Gq/11
Gonadotrofos
Gq/11
Corticotrofos
Gs
Somatotrofos
Gs
Gi
GnRH CRF SSTGHRH
Lactotrofos
Gi
DA
Eminência mediana
Gs
Gs
Gs
TSH LH/FSH ACTH
Receptores
citocina tipo I
hGH
Receptores
citocina tipo I
Prl
Respostas fisiológicas
18. Microanatomia das glândulas endócrinas
Células secretoras da pars distalis
Tipo celular Afinidade
por
corantes
Hormônio
produzido
Aspecto
dos
grânulos de
secreção
Hormônios
tróficos
Hormônio
s
inibidores
Somatotrópica Acidófila GH Numerosos,
arredondad
os ou
ovalados;
300-400 nm
GHRH SST
Lactotrópica Acidófila Prolactina Aumentam
de tamanho
durante a
gestação e a
lactação
(200-600
nm)
? PIH
Gonadotrópic
a
Basófila FSH e LH 250-400 nm GnRH
Tireotrópica Basófila TSH Pequenos TRH
19. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia da pars intermedia
●
Localizada na porção da antiga bolsa
de Rathke
●
Maior presença de folículos grandes
(> 100 µm)
– Parede epitelial cercada por uma
lâmina delgada de tecido conectivo;
conteúdo coloidal
– Comumente interconectados
– Nomes diversos para a mesma
estrutura cavitária fenda pituitária,→
cistos de Rathke, folículos, formações
acinares ou alveolares
● Célula secretoras de α-MSH
20. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia da pars tuberalis
● Região em forma de funil que cerca o
infundíbulo da neuroipófise
●
Células principais (gonadotrópicas) colunares
pequenas; citoplasma contém numerosas
gotículas lipídicas, grânulos de glicogênio e
eventuais gotículas de colóide
21. Microanatomia das glândulas endócrinas
Neuroipófise
●
Pars nervosa + infundíbulo/pedículo infundibular
●
~100.000 axônios não-mielinizados de células neurosecretoras
cujos corpos celulares (magnocelulares) estão localizados no
núcleo supra-óptico e porção póstero-mediolateral do PVN
– Corpos de Nissl muito desenvolvidos
– Corpos de Herring: grânulos de secreção pequenos e membranosos
●
Pituícitos – células gliais altamente ramificadas; regulam a
secreção hormonal
22. Microanatomia das glândulas endócrinas
Neuroipófise
● Secreção de nonapeptídeos
através dos axônios no
capilares fenestrados
●
Nonapeptídeos derivados
de um pré-propeptídeo
com neurofisina
– Vasopressina: Efeito
vasoconstritor; equilíbrio
osmótico
– Oxitocina: Lactação,
parturição
23. Microanatomia das glândulas endócrinas
Glândulas adrenais
●
Glândulas endócrinas cobertas por uma
cápsula fibrosa; ~5 cm comprimento
●
Localizada anterosuperiormente aos
rins
– Cavidade abdominal (espaço
retroperitoneal), nível da 12ª vértebra
torácica
– Irrigação pelas artérias suprarrenais e
artérias frênicas inferiores; drenada pelas
veias suprearrenais
●
Duas divisões histológicas grosseiras:
córtex (parte do eixo HPA) e medula
(parte do SNA)
24. Microanatomia das glândulas endócrinas
Organização histológica
e funcional das adrenais
●
Córtex e medula reagem de forma independente a estímulos
●
O córtex é dividido em
– Zona glomerulosa:
●
Céls. piramidais organizadas em cordões em arcos
●
Produz aldosterona
– Zona fasciculada
●
Céls. poliédricas organizadas em cordões retos em feixes dispostos perpendicularmente à superfície do
órgão
●
Produz cortisol
– Zona reticulada
●
Céls. menores dispostas em cordões irregulares; morte celular frequente
●
Produz cortisol, deidroepiandosterona (DHEA) e androstenediona
●
A medula é composta por céls. poliédricas organizadas em cordões e céls.
ganglionares parassimpáticas
27. Microanatomia das glândulas endócrinas
Síntese e liberação de GCs
CRF
ACTH
Cortisol
Hipotálamo
Hipófise anterior
●
As células corticotróficas da hipófise
anterior liberam CRF na
adenoipófise; esse hormônio
estimula a síntese e secreção de
hormônios derivados da POMC
(ACTH e α-MSH) na circulação
● Esses hormônios ativam células
da adrenal, que iniciam a
síntese e a liberação de cortisol
● O cortisol inibe a síntese e a
secreção tanto do CRF quanto
do ACTH (retroalimentação
negativa)
28. Microanatomia das glândulas endócrinas
Síntese e liberação de MCs
●
Ao contrário dos GCs, que estão sob controle
neuroendócrino exclusivo, a síntese e liberação dos
MCs é regulada de forma endócrina (sistema renina-
angiotensina-aldosterona)
●
Responde rapidamente a quedas do volume
intravascular e perfusão renal
●
A aldosterona também está, em menor grau, sob
controle do ACTH
30. Microanatomia das glândulas endócrinas
Ilhotas de Langerhans
(Pâncreas endócrino)
●
Micro-órgãos endócrinos localizados
no pâncreas; grupos arredondados
de células incrustados no tecido
exórcino
●
Células poligonais ou arredondadas
dispostas em cordões
● Grande quantidade de capilares
fenestrados
● Camada de tecido conjuntivo
separando a ilhota do resto do
tecido
31. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia das ilhotas
●
Células se coram menos
intensamente por H&E do
que células acinosas
●
Colorações rotineiras ou
tricrômios permitem
discriminar células acidófilas
(A ou α) e basófilas (B ou β)
●
Células A produzem
glucagon; células B produzem
insulina
32. Microanatomia das glândulas endócrinas
Ultraestrutura
●
Células A: Grânulos
regulares contendo um
centro denso cercado por
uma região clara sob a
membrana
●
Células B têm granulos
irregulares com um
centro formado de cristais
irregulares de insulina
complexados com zinco
33. Microanatomia das glândulas endócrinas
Características das células de
ilhotas de Langerhans
Tipo celular Quantidade
relativa
Posição da
ilhota
Hormônio
produzido
Ação do
hormônio
A ~20% Geralmente na
periferia
Glucagon Glicogenólise e
lipólise; aumento
da glicose
plasmática
B ~70% Região central Insulina Captação de
glicose
D < 5% Variável SST Inibição da
liberação dos
outros
hormônios
F Rara Variável Polipeptídio
pancreático
Estimulação de
células gástricas
principais;
inibição da
secreção da bila,
da enzima
pancreática e do
bicarbonato
34. Microanatomia das glândulas endócrinas
Glândula tireóide
●
Composta por dois lobos unidos por um istmo
●
Sintetiza os hormônios tireóideos tiroina (tetra-iodotironina ou T4) e tri-iodotironina (T3)
– Funções tróficas importantes
– Controle da taxa metabólica basal
– Controle do consumo de oxigênio pelas células do corpo
– Controle do metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos
●
Única glândula endócrina formada exclusivamente de folículos
– Epitélio simples cercando um lúmen central com colóide
– Armazenamento de grandes quantidades de produto de secreção (hormônios tireóideos) fora da célula
● Coberta por cápsula fibrosa, da qual estendem-se septos para o parênquima, dividindo a glândula
em lóbulos e organizando vasos sanguíneos e linfáticos e nervos.
●
Folículos separados por um estroma de tecido conectivo reticular densamente vascularizado.
36. Microanatomia das glândulas endócrinas
Folículos (parênquima)
●
Células foliculares com morfologia
pavimentosa a colunar
– Glândulas ativas apresentam mais folículos
com epitélio colunar; glândulas com células
foliculares pavimentosas são consideradas
hipoativas
– Complexos juncionais apicais
– Apoiadas sobre uma lâmina basal
– Núcleo normalmente redondo e centralizado
– Ergatoplasma abundante
●
Células parafoliculares (células C) maiores
do que as foliculares; coloração menos
intensa
– Menos ergatoplasma
– Grânulos numerosos e pequenos contendo
calcitonina
37. Microanatomia das glândulas endócrinas
Controle da função tireoideana
● Receptor TSHR
– Localizado em células
foliculares da tireóide
– Atividade de PKA →
Estimula a captação de
iodeto, transcrição de
tiroglobulina, e transcrição
da tireóide peroxidase
– Atividade de PLC →
Regula o efluxo de iodeto,
atividade da
tireoperoxidase, e
iodinaçao da tiroglobulina
38. Microanatomia das glândulas endócrinas
Glândulas paratireóides
●
Quatro massas ovais 3 x 6 mm
localizadas na parte de trás das
glândulas tireóides
●
Cada glândula contida em uma
cápsula que envia septos que, por
sua vez, ligam-se à fibras
reticulares
●
Organização cordonal
●
Células principais e células oxifilas
39. Microanatomia das glândulas endócrinas
Microanatomia das
glândulas paratireóides
●
Células principais – Células poligonais pequenas
com núcleos arredondados; citoplasma acidófilo
pouco corado
– Ultraestrutura: citoplasma com grânulos irregulares
(200-400 nm) que secretam paratormônio.
●
Células oxífilas – Menores, organizadas em
conjuntos; citoplasma altamente acidófilo
– Aparência granulada do citoplasma revela-se como
mitocôndrias com numerosas cristas