Este documento descreve a Síndrome de Angelman, incluindo suas características genéticas, físicas e de comportamento. A síndrome é causada principalmente por deleções no cromossomo 15 e causa atraso intelectual, epilepsia, hiperatividade e traços faciais distintos. O documento fornece detalhes sobre o diagnóstico clínico, exames laboratoriais e manejo da síndrome.
1. Síndrome de Angelman
Biologia e Genética
Aplicada a Psicologia
Profª. Patrícia Freitas
Harry Angelman
1º PSICOLOGIA
diurno
2. curiosidade
Brasil era conhecida como a
Síndrome do fantoche feliz
(ou da marionete ou boneca)
nos EUA de “happy puppet” (boneco
ou fantoche feliz)
Por ter sido considerado um nome pejorativo, de uns
anos pra cá essas crianças têm sido denominadas
como sendo portadoras da SA. A partir de então,
diversas crianças foram descritas como afetadas pela
SA, sendo que a maior parte delas era anteriormente
diagnosticada como autista (Fridman, 1995).
3. "Garoto com um
fantoche" ou "Uma
criança com um
desenho" de Giovanni
Francesco Carotto.
Possivelmente portador
da síndrome.
4. O que é?
A Síndrome de Angelman (S.A) é um distúrbio
neurológico que causa retardo mental, alterações do
comportamento e algumas características físicas
distintivas (comportamento e aspecto facial). Ela foi
pela primeira vez relatada em 1965, quando um
neurologista britânico, Dr. Harry Angelman, descreveu
3 crianças com este quadro. Até 1987, o interesse por
esta doença foi bastante reduzido. Neste ano,
observou-se que a análise dos cromossomos de
afetados por S.A. mostrava em cerca de 50% dos
indivíduos a falta de uma pequena porção (deleção) do
cromossomo 15, herdado da mãe. É um exemplo de
imprinting genômico.
5. Características
Atraso de desenvolvimento, geralmente grave;
alteração da linguagem, emissão de fonemas elementares e
raramente articula palavras;
comunicação receptiva e comunicação não-verbal maior do que
verbal, distúrbios do movimento, usualmente ataxia à marcha
e/ou tremores nos membros.
comportamento hipermotor (hiperatividade) e déficit de atenção
- Atraso no aumento do perímetro cefálico, resultando em
microcefalia (absoluta ou relativa) por volta dos 2 anos de idade
- Crises Epilépticas (instalação antes dos 3 anos de idade)
- EEG anormal com padrões sugestivos.
- Alterações da Epilepsia com a Idade
6. Características físicas e
de desenvolvimento
A Síndrome de Angelman, normalmente, não se reconhece
no recém-nascido ou na infância, dado que os problemas de
desenvolvimento são inespecíficos durante este tempo.
Os pais, em primeira instância, podem suspeitar o
diagnóstico depois de ler sobre S.A, ao ver à uma criança
com estas características.
A idade mais comum de diagnóstico está entre três e sete
anos quando as condutas e traços se fazem mais evidentes.
Um resumo das características físicas foi recentemente
publicado com o propósito de estabelecer critérios clínicos
para o diagnóstico e estes estão relacionados mais abaixo.
Todos os traços não necessitam estar presentes para que o
diagnóstico possa ser feito e o diagnóstico num menino , é o
primeiro que se suspeita quando as condutas típicas são
reconhecidas.
7. Conceitos básicos
Incidência é 1:10 a 20 mil. A atual prevalência estimada (PETERSEN
Incidência é 1:10 a 20 mil. A atual prevalência estimada (PETERSEN
et al., 1995).
A falta de uma pequena porção (deleção) do cromossomo 15.
Comportamento único:
sorrisos/ risadas freqüentes;
comportamento alegre; facilmente excitável, com borboleteamento
(movimento dos braços como em bater de asas);
comportamento hipermotor (hiperatividade) e déficit de atenção.
Atração ou fascínio por água.
Não é uma síndrome homogênea, em relação às suas características
clínicas. Esta heterogeneidade parece estar relacionada a vários fatores,
entre eles a faixa etária.
8. Alterações genéticas
Monossomias autossômicas/deleções.
Deleção do cromossomo 15.
1 Grandes deleções 70-75% Inclusive a deleção do gen. P
( pigmentação),logo é conhecida com hipopigmentação.
2 Outras anormalidades nos 2% Trocas na ordenação dos
cromossomos podem cromossomos causar na região 15q11-13.
3 Uniparental Disomia 4% Ambos os cromossomos herdados do pai,
não paterna existe cromossomo de origem materna.
4 Mutações no "Imprinting Center” 1% Incidência muito rara .
5 Mutações em UBE3A 3-5% Ultimo mecanismo identificado.
Incidência real ainda não determinada.
6 Desconhecidos 15% Todos os mecanismos anteriores deveriam
estar descartados com provas genéticas antes de ser classificado
este grupo.
9. Diagnóstico
O diagnóstico da SA está, atualmente, embasado em uma tríade
que engloba clínica, EEG e genética .
O diagnóstico é em geral estabelecido pelo geneticista através do
exame genético, ou pelo neurologista, baseado em elementos
clínicos como o retardo no desenvolvimento neuropsicomotor,
juntamente com a ocorrência de crises convulsivas e a presença
de características físicas peculiares (Fridman, 1995).
Por ser uma doença rara e pouco divulgada, esta doença
genética compromete substancialmente o diagnóstico por parte
dos profissionais da saúde infantil e mesmo da neuro-psiquiatria.
O CONSENSO PARA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS foi criado
para definir as características clínicas desta síndrome assim
como a freqüência com que ocorrem:
10. O CONSENSO PARA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
(WILLIAMS et al., 1995a).
Testes Genéticos da SA
A. Estudo de alta resolução com banda G mostrando deleção do cr15q11-13.
Devido à possibilidade de falso-positivo e resultados negativos, este teste não
deve ser utilizado isoladamente e deve ser confirmado pelo método de FISH,
polimorfismo ou análise de metilação.
B. Fluorescence in situ hybridization (FISH) anormal indicando uma deleção
de seqüências do DNA clonadas do 15 q11-q13 que estão incluídas na região de
deleção da SA. O uso da sonda de FISH pericentromérica aumenta a capacidade
de detectar translocações sutis.
C. Análise do polimorfismo do DNA mostrando ausência de alelos
maternos no loci 15 q11-q13, resultando ou de uma deleção do Cr materno ou de
dissomia uniparental.
D. Análise do padrão de metilação do DNA (i.e. somente padrão paterno) de
seqüências de DNA clonadas do 15q11-q13 methylation-sensitive restriction
endonucleases. Um padrão de metilação anormal em um indivíduo sem 15q11-
q13 não representa um teste padrão isolado para o diagnóstico de DUP.
E. Análise da mutação do UBE3A para a detecção de mutações no E6-AP
ubiqüitina-proteína ligase no Cr 15q11-13
11. História
de Achados Laboratoriais
Por WILLIAMS et al., 1995
1. Pré-natal e história de nascimento normal com
perímetro cefálico dentro da normalidade.
2. Ausência de defeitos sistêmicos de nascimento
3. Atraso de desenvolvimento evidente por volta dos
6 aos 12 meses
4. Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (não
há perda de aquisições)
5. Exames laboratoriais normais
6. Exames de imagem estrutural usando RM ou TC
normais ou com anormalidades inespecíficas (atrofia
cortical discreta ou desmielinização)
Estes achados são úteis como critérios de inclusão,
entretanto caso não sejam observados, não devem
excluir o diagnóstico.
12. Ausência de Exames laboratoriais normais
defeitos sistêmicos anormalidades inespecíficas
de nascimento
Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor
Atraso de desenvolvimento
evidente por volta dos 6 aos (não há perda de aquisições)
12 meses.
13. Principais
Sintomas
Problemas alimentares.
Atraso em aprender a engatinhar, a sentar e a andar.
Dificuldade ou ausência de fala.
Dificuldade de aprendizado.
Epilepsia.
Eletroencefalograma anormal.
Movimentos anormais.
Natureza afetuosa, alegre e com sorriso freqüente.
Transtornos no sono.
Andar desequilibrado com as pernas abertas e rígidas.
Tamanho da cabeça menor do que o normal, freqüentemente com
achatamento posterior.
Traços faciais característicos (boca grande, queixo proeminente,
dentes espaçados, bochechas acentuadas, lábio superior fino,
olhos fundos, tendência a deixar a língua entre os dentes).
Tem os cabelos finos, claros e a pele também bastante clara,
normalmente são confundidos com os albinos.
Redução da pigmentação ocular (normalmente tem olhos claros).
Estrabismo.
Desvio de coluna.
14. Sintomas associados
Associados
Estrabismo
Albinismo da pele e dos olhos :Tem os cabelos finos, claros e a
pele também bastante clara, normalmente são confundidos
com os albinos.
Hipersensibilidade ao calor.
Mandíbula e língua proeminentes.
Dentes espaçados.
Baba freqüente, língua para fora.
Comportamento excessivo de mastigação.
Problemas para dormir e com a alimentação durante a infância.
Com freqüentes movimentos de asa das mãos.
15. Problemas médicos
e
de desenvolvimento
Epilepsia
Convulsões
Forma de andar e problemas de movimento
Iperatividade
Riso e felicidade
Fala e linguagem
Retardo mental e provas de desenvolvimento
Hipopigmentação
Estrabismo e albinismo ocular
Estrutura do cérebro
Transtornos do sono
Problemas de alimentação e comportamento motor-bucal
Crescimento físico
Educação
Adolescência
Aconselhamento genético
16. Características da
Epilepsia
A epilepsia ocorre em 80 a 90% dos pacientes com
SA.
já foram descritos todos os tipos de crises, parciais e
generalizadas.
Há uma prevalência elevada de crises febris, das
ausências atípicas, das mioclonias e das tônico-clônica
generalizadas
parece haver um padrão clínico.
As crises de ausência atípica , perda total ou parcial do
contato com o meio, queda do segmento cefálico e
piscamento. (pode durar dias)
Existe variação ao fenótipo com a idade(devendo levar
várias considerações.
17. Convulsões
A maioria tem convulsões antes dos três anos de idade; a
incidência em meninos maiores ou em adolescentes não é
excepcional.
As convulsões podem ser de qualquer tipo ( do tipo motor
afetando todo o corpo com movimentos das extremidades;
ausências que duram períodos breves de perda de consciência ),
As convulsões podem ser difíceis de reconhecer ou diferenciar de
tremores normais do menino, movimentos hiperquinéticos de
extremidades ou faltas de atenção.
O EEG ( Eletroencefalograma) típico, é freqüentemente mais
anormal do que o esperado e podem indicar atividade convulsiva
mesmo que ainda não manifestada
Meninos com S.A tem o risco de ser sobretratados com
medicação porque podem ser confundidos seus movimentos
espásticos ou faltas de atenção com convulsões e podem indicar
no EEG anormalidades mesmo quando as crises convulsivas
estão controladas.
As medicações anticonvulsivas :ácido valpróico, clonazepan,
diphenylbydantoin, phenobarbital
18. Forma de andar e problemas
de movimentos
Movimentos hiperquinéticos do tronco e membros tem sido
reportados nos primeiros anos de vida e movimentos nervosos ou
tremores podem estar presentes nos primeiros 6 meses de vida.
Os movimentos voluntários são freqüentemente irregulares,
variando de sacudidelas ligeiras a movimentos toscos não
coordenados que ocorrem caminhando, comendo e alcançando
objetos.
A seqüência das etapas normais de motricidade grossa estão
atrasadas; normalmente se sentam depois dos 12 meses e não
andam até os 3 ou 4 anos de idade.
Na infância , o menino ligeiramente comprometido pode andar de
forma quase normal. Pode ter um andar somente suave ou andar
saltitando.
Os meninos mais severamente comprometidos podem ser muito
rígidos ( como um robô ) e sumamente inseguros e claudicantes no
caminhar.
Aproximadamente 10% não chega a caminhar.
“A terapia física é normalmente útil melhorando o desenvolvimento e
às vezes pode ser necessária um cirurgia para alinhamento das
pernas.”
19. Hiperatividade
Provavelmente é a conduta mais típica em S.A. Se descreve melhor
como hipermotricidade com pouca atenção concentrada.
Essencialmente todos as crianças S.A tem algum componente de
hiperatividade e meninos e meninas parecem igualmente afetados.
Tanto os meninos quanto os jovens podem ter uma atividade
aparentemente incessante, constantemente colocando suas mãos
ou objetos em sua boca, movimentando-se de um lado para o outro.
Em casos extremos, o movimento constante pode causar acidentes,
contusões ou ferimentos.
Condutas como agarrar, beliscar e morder a meninos maiores se
tem constatado que, também, podem acentuar-se pela atividade
hipermotora.
Terapias persistentes e consistentes de modificação de conduta
ajudam a diminuir ou eliminar estas condutas não desejadas.
O uso de agentes sedantes como phenothiazines não é
recomendado devido a sua potência e efeitos secundários.
20. Riso e felicidade
Não se sabe porque o riso é tão freqüente em S.A.
O riso em S.A parece ser fundamentalmente um sucesso de expressão
motora, a maioria das reações aos estímulos, físicos e mentais, é
acompanhado pôr riso ou um riso parecido a contração facial.
A primeira evidência desta conduta característica pode estar no começo
de um prematuro e persistente sorriso na idade de 1-3 meses. Risonho,
sorrindo entre os dentes e com sorriso constante pronto a desenvolver
uma risada reflexiva normal porém tem um retardo ou estão reduzidas
condutas como arrulhar e tagarelar.
Em casos raros, a aparência de felicidade está junto com a irritabilidade e
hiperatividade é um dos traços de personalidade predominante; chorar,
reclamar, gritar uma espécie de curtos sons guturais podem ser condutas
predominantes.
21. Fala e linguagem
Algumas crianças S.A parecem ter bastante compreensão para
serem capazes de falar, mas a linguagem conversacional não se
desenvolve.
A incapacidade na fala em AS tem uma evolução algo típica.
Alguns apontam para partes do seu corpo e indicam algumas de
suas necessidades através do uso de gestos simples, porem seu
nível de compreensão é muito mais alto na hora de entender e
seguir ordens.
Outros, sobretudo aqueles com deleção muito grande ou os muito
hiperativos não podem manter sua atenção o suficiente para lograr
suas primeiras fases de comunicação, ou como estabelecer um
contato visual sustentado.
A capacidade de linguagem não verbal de crianças S.A varia
grandemente; os mais avançados são capazes de aprender alguma
linguagem de sinal e usar murais de comunicação baseados em
imagens.
22. Retardo mental
e a
comprovação de desenvolvimento
A comprovação de desenvolvimento está comprometida pela falta de
atenção, hiperatividade, falta de fala e controle motor.
uma minoria pode realizar algumas funções, como habilidades sociais
receptivas.
pacientes com dissomia parental tem manifestações clínicas menos severas
do que aqueles com grandes deleções.
Devido a sua capacidade de compreender a linguagem, as crianças S.A de
imediato se diferenciam de outros quadros de retardo mental severo; os
jovens adultos com S.A são, normalmente, socialmente adaptados e
respondem a maioria dos sinais pessoais e interações.
Devido ao seu interesse pôr outras pessoas, eles estabelecem amizades que
são premiadas e comunicam todo um amplo repertório de sentimentos,
enriquecendo sua relação com as famílias e amigos. Eles participam em
atividades de grupo, afazeres da casa e nas atividades e responsabilidades
diárias. Como outros, eles desfrutam a maioria das atividades recreativas
como televisão, esportes, indo a praia, etc.
As crianças em SA conseguem com intervenção intensa em seus perfis de
conduta e estimulação, consegue superar problemas e o progresso do
desenvolvimento se produz.
23. Hipopigmentação
Normalmente existe uma hipopigmentação da pele e dos olhos. Isto
ocorre porque tem um gem do pigmento, localizado perto do gem
S.A que também foi perdido.
Este gem do pigmento produz uma proteína (chamada proteína P)
que se crê que ela seja crucial na síntese da melamina.
As crianças com hipopigmentação são muito sensíveis ao sol e
devem ser usados protetores solares para proteger a pele.
Nem todas as crianças S.A com perda do gem P tem, obviamente,
hipopigmentação, e pode acontecer que somente tenham a cor da
pele mais clara que a de seus pais.
‘Melamina’
é a molécula principal
para a pigmentação da nossa pele.
24. Estrabismo e albinismo
ocular
Este problema parece ser mais comum em crianças
com hipopigmentação ocular, dado que o pigmento da
retina é crucial para o desenvolvimento normal das
ramificações do nervo óptico.
O tratamento de estrabismo em S.A é similar ao de
outras crianças: acompanhamento pôr um
oftalmologista, correção de qualquer déficit visual, e
quando seja apropriado, óculos ou cirurgia dos
músculos extra-oculares.
As atividades hipermotoras de algumas crianças S.A
fazem que seja difícil o uso de tampões e óculos.
25. Estrutura do sistema nervoso
central
Cérebro na S.A é estruturalmente normal ainda que se tenham
informado anormalidades ocasionais.
As alterações mais freqüentes a nível médio ou cortical , quando
se detectam, são atrofia cortical ligeira ( é uma pequena
diminuição da espessura do córtex cerebral ) e/ou ligeira
diminuição de mielinização ( é dizer que as partes mais internas
do cérebro parecem ter um ligeiro grau de diminuição de matéria
branca ).
26. Transtornos do sono
Diminuição da necessidade de dormir e ciclos anormais de
dormir/despertar são característicos em S.A.
Muitas famílias preparam um quarto para que seja seguro e a
criança não possa sair durante a noite, de forma a facilitar a
vigilância e o cuidado.
O uso de sedantes como chloral hidrate ou diphenyihydramine
( Benadryl) pode ser útil se a vigília interfere na vida dos demais
membros da casa.
De melatonina 1 hora antes de deitar-se, tem mostrado
resultados para algumas crianças, porem não deve administrar-se
na metade da noite se a criança desperta.
Não obstante, a maioria das crianças S.A não recebe medicação
para o sono e aqueles que o fazem normalmente não requerem
muito tempo de uso.
27. Alimentação
e
condutas motor-bucais
Problemas com a alimentação tendo dificuldades para chupar ou engolir,
quando começam a succionar e se mantém durante a amamentação;
mamadeira parece ser a solução.
Golfar com freqüência pode ser interpretada como uma forma de intolerância
à comida ou um refluxo gastro-esofágico e ao médico desavisado como
problemas de rejeição ao alimento ou do próprio crescimento.
As crianças S.A são características pôr colocar tudo na boca,chupem as
mãos , às vezes os pés.
Uma persistente protuberância da língua é um traço característico, alguns
babam frequentemente requerendo o uso de babadores.Outros só se notam
no sorriso. ( alguns parecem melhorar depois da terapia motor-bucal )
O uso de medicações como scopolamina, para secar a baba, com freqüência
não produz um efeito adequado à longo prazo.
28. Crescimento físico
Ao redor dos 12 meses de idade se manifesta uma
desaceleração do crescimento craniano que pode representar
uma microcefalia absoluta ou relativa ( microcefalia absoluta
significa ter um perímetro encefálico 2.3% mais baixo ).
A média de estatura é mais baixa que a inferior para crianças
normais porém a maioria das crianças S.A estão dentro da faixa
normal.
29. Educação
O severo atraso no desenvolvimento em S.A obriga que se estabeleça um
completo de treinamento antecipado e programas de desenvolvimento.
As crianças com pouca estabilidade ou sem capacidade de andar também
podem obter benefícios da terapia física. A terapia ocupacional pode ajudar a
melhorar a motricidade fina e controlar a conduta motora-bucal.
Logopedia e terapia de comunicação são essenciais e devem direcionar-se
para os métodos não verbais. As ajudas que potenciem a comunicação,
como fotos ou murais de comunicação, devem ser usados no momento
apropriado mais antecipado.
Sumariamente ativos e hipermotóricos as crianças S.A requerem
equipamentos especiais em aula e podem necessitar suporte de um
professor ou ajudantes que integrem a criança na aula. As crianças S.A com
déficits de atenção e hiperatividade necessitam um local para expressar-se
eles mesmos e para "lutar corpo a corpo "com suas atividades hipermotoras.
A distribuição da aula deve estruturar-se no plano físico como em programa
de atividades, para que a ativa criança S.A possa se encaixar e ajustar-se ao
ambiente escolar.
A individualização e flexibilidade são fatores importantes.
Técnicas de modificação de conduta, tanto no colégio como em casa, podem
permitir que a criança S.A seja treinado em suas necessidades com critério
( programação horária-treinamento), e também para desenvolver sua
capacidade de realizar ele mesmo a maioria das tarefas relacionadas com
comer, vestir e realizar atividades gerais em casa.
30. Adolescência
A puberdade pode estar atrasada de 1-3 anos porem o
amadurecimento sexual ocorre com o desenvolvimento normal
das características sexuais secundárias.
Há ganho de peso pode ser evidente neste período porém a
obesidade é rara.
continuam aprendendo e não se tem conhecimento que haja
deterioração significativa de suas capacidades mentais
Os indivíduos S.A com ataxia severa podem perder sua
capacidade de caminhar se não pratica andar.
A escoliose deve ser tratada imediatamente com um espartilho
ortopédico para prevenir a progressão, e uma correção cirúrgica
ou estabilização podem ser necessárias para os casos mais
severos.
O seu tempo de vida é normal, existem informações de uma
mulher de 58 anos com S.A e conhecemos muitos em sua
terceira ou quarta década de vida.
31. Aconselhamento
genético
O diagnóstico pré-natal está disponível através de provas citogenéticas e
moleculares.
‘A estimativa de riscos de repetição é muito difícil para indivíduos S.A que
tem estudos genéticos normais (não tem nenhuma das etiologias anteriores).
Existem casos de repetição familiar neste grupo, assim está claro que o risco
de repetição de S.A é mais alto do que para aqueles com, pôr exemplo a
típica grande deleção. Existe a necessidade de se conhecer mais sobre este
grupo, a cautela é norma de conduta durante o conselho genético visto que o
risco teórico de recorrência pode ser tão alto como 50% ( se assume que
mutações não detectadas, causadoras de S.A, são herdadas da mãe).’
São necessárias provas específicas para o cromossomo 15 ou estudos FISH,
para o diagnóstico pré-natal em casos onde a comprovação busca
estabelecer a normalidade da estrutura do cromossomo 15. Também, provas
com ultra-som no feto não oferecem ajuda para detectar anormalidades
físicas relacionadas com S.A dado que se espera que o feto afetado está bem
formado. O volume de líquido amniótico e os níveis de alfa-feto-proteína
também parecem normais.
Devido as complexidades de avaliar o risco recorrência, se
aconselha a realização de um conselho genético feito pôr um
especialista familiarizado com S.A.
32. Tratamento
Não há tratamento disponível para os
portadores da Síndrome de Angelman,
sendo possível apenas suporte clínico ou
psicossomático, procurando amenizar os
sintomas e melhorar a qualidade de vida.
33.
34. Terapia de Apoio
Sialorréia: após os 10 anos de idade, se não houver remissão espontânea,
pode-se indicar um procedimento cirúrgico.
Estrabismo: a correção do estrabismo inclui a avaliação oftalmológica, a
correção de possíveis déficits visuais e o uso de tampões. Ajustes cirúrgicos
podem ser indicados.
Albinismo e hipopigmentação: a hipersensibilidade ao sol torna importante a
indicação de protetores solares.
Escoliose: afeta principalmente os adolescentes e adultos, com indicação
cirúrgica.
Comportamento: a orientação e a adequação dos pais pode resultar em
melhora do desenvolvimento da criança. A modificação de comportamento
pode levar alguns destes pacientes a ficarem independentes quanto à
higiene diária e atividades da vida cotidiana, tais como a alimentação, vestir-
se e atividades domésticas com alguma independência
Linguagem: existem técnicas especiais de motivação para o
desenvolvimento da linguagem não-verbal (linguagem através de figuras ou
gestos) nos pacientes menos afetados
Sono: o uso de sedativos tem sido postulado por alguns
Contraturas: a fisioterapia deve ser encorajada para ajudar na mobilidade
das articulações e prevenir a hipertonia. A terapia ocupacional e hidroterapia
podem ser usadas no manejo dos pacientes com a síndrome.
crises epilépticas : valproato, benzodiazepínico, fenobarbital, ACTH,
corticosteróides, valproato associado ao clonazepam e a lamotrigina.
Postulantes: topiramato e o piracetam.
35. Métodos
Identificação da doença: geneticista ou neurologista.
A epilepsia pode ser controlada através do uso de
medicação,
a fisioterapia é uma aliada importante para estimular as
articulações prevenindo sua rigidez.
Terapia ocupacional ajuda a melhorar a motricidade fina e
controlar a conduta motoro-bucal.
Terapias de comunicação e fonaudiologia também são
essenciais para se trabalhar a fala.
A hidroterapia e musicoterapia também são muito utilizados
na melhoria dos sintomas desta síndrome.
Equoterapia tem obtido bons resultados.
Modificação da conduta tanto em casa, quanto no colégio,
podem permitir que a criança possa desenvolver, ela mesma,
a capacidade de realizar a maioria das tarefas relacionadas
com o comer, o vestir e realizar inclusive atividades de casa,
neste caso a ajuda, compreensão e paciência dos familiares
é essencial para essa conduta (acompanhamento
psicológico).
36. Áreas associadas
Geneticista
Neurologista
Farmácia
Fisioterapia
Terapias: ocupacional e comunicação
(Artes plásticas e música)
Fonoaudiologia
Psicologia.
37. Associações e ajuda
angelman.org.br
AACD
Os exames Genéticos podem ser realizados:Serviço de Aconselhamento
Genético do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo aos cuidados da Profª. Dra. Célia Koiffmann.
O endereço do laboratório é:
Dra. Célia P Koiffmann
Serviço de Aconselhamento Genético do Depto. de Biologia IBUSP
Rua do Matão, 277 - Sala 206 - Cidade Universitária
São Paulo - SP CEP: 05508-900 - Fone: (011) 3091-8093
38. Histórico
Em 1965 o pediatra britânico Harry Angelman, descreveu três crianças, não-
consangüíneas, com retardo mental que apresentavam aparência similar, perfil
comportamental peculiar caracterizado por episódios de riso imotivado,
movimentos em abalo (robot-like) e crises epilépticas. A semelhança fenotípica
apresentada por estes pacientes com uma pintura de Giovanni Francesco Caroto
intitulada “Franciullo con su pupazzo”, vista pelo médico, anos antes na cidade de
Castelvecchio (Itália), levou o autor a nomeá-los “puppet children” ou crianças
marionetes.
Bower & Jeavons, em 1967, ao descreverem dois casos similares aos relatados
por ANGELMAN (1965), enfatizaram o comportamento alegre dos mesmos e
sugeriram o termo “happy puppet syndrome”. Esta denominação foi logo aceita e
amplamente utilizada devido ao seu significado evocativo, entretanto o termo
“Síndrome de Angelman” (SA) foi adotado, posteriormente, por não ter caráter
depreciativo (Williams & Frias, 1982). Seguiram-se novos relatos de caso (Berg &
Pakula, 1972; Mayo et al., 1973; Moore & Jeavons, 1973; Elian, 1975; Dooley et
al., 1981; Hersh et al., 1981), com um número restrito de pacientes, que sugeriam
uma doença rara com natureza esporádica.
WilliamS & Frias (1982) foram os primeiros a postular que a SA estivesse
provavelmente subdiagnosticada e subestimada e concluíram que havia poucas
evidências para uma herança mendeliana nesta síndrome.
O relato de casos familiais (Kuroki et al., 1980; Pashayan et al., 1982; Fisher et al.,
1987) sugeria que na SA, até então considerada como esporádica, havia
mecanismos genéticos que precisavam ser revistos em favor de um delineamento
mais preciso.
39. Em 1987, o relato de uma deleção no braço longo do cromossomo 15 (15q11-
q13) materno relacionada à SA (Kaplan et al., 1987; Magenis et al., 1987), em
contraposição a deleção 15q11-q13 paterna relacionada à síndrome de Prader-
Willi (SPW), permitiu reconhecer que as duas síndromes tratar-se-iam de
exemplos de imprinting genômico. Como imprinting, entende-se a “expressão
diferencial de alelos herdados paterna ou maternalmente”, ou “expressão
diferencial de alelos dependente da origem parental da herança”.
Dentro deste contexto, em 1988, Boyd et al. ao analisarem 19 pacientes,
definiram três padrões eletrencefalográficos sugestivos da SA, visando auxiliar o
diagnóstico, principalmente em idades precoces.
Em 1989, Robb et al. relataram as características clínicas da mais ampla série até
então publicada com 36 crianças com idades entre 1,6 e 13,5 anos, relacionando-
as com a idade de aparecimento.
Posteriormente, a publicação de outras séries na literatura com um número
expressivo de pacientes (Zori et al., 1992; Clayton-Smith, 1993; Williams et al.,
1995b) ampliou o conhecimento sobre as características clínicas da SA.
A variabilidade clínica e genética demonstrada nestas publicações levou à criação
do “CONSENSO PARA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS” (Williams et al., 1995).
Na década de 90, outros mecanismos genéticos vieram a ser descritos (dissomia
uniparental paterna, mutação no centro de imprinting, mutação no gene UBE3A),
demonstrando tratar-se de uma síndrome determinada por múltiplos mecanismos
genéticos. Atualmente, a SA é um diagnóstico clínico que pode ser confirmado
pelos estudos genéticos em 80 a 85% dos casos.
A atual prevalência estimada da SA é de 1/10000 a 1/20000 (PETERSEN et al.,
1995).
Embora, nos últimos 40 anos, muito se tenha avançado no reconhecimento
clínico desta síndrome, ainda se sabe pouco sobre as suas características
evolutivas e sobre a relação entre a real participação dos distintos
mecanismos genéticos na configuração do seu fenótipo.
40. Bibliografia
http://boasaude.uol.com.br
http://www.angelman.org.br
http://pt.wikipedia.org
www.fiocruz.br
http://www.wgate.com.br
BALLONE, G. J.Síndrome de Angelman in. PsiqWeb, Internet,
disponível em <http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/dm3.html>
revisado em 2003. Acessado em 10 de novembro de 2005.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Transtornos do
desenvolvimento psicológico. In Classificação dos transtornos
mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e
diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas. 1993:227-53
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interaction in the Angelman Syndrome. Am. J. Med. Genet. 46:34- 9,
1993
CAMARGOS W. J; Aguiar, M; Leão, L. Síndrome de Angelman; 1994.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE.
Transtornos do desenvolvimento psicológico.
Classificação dos transtornos mentais e de comportamento da CID-10:
descrições clínicas e diretrizes diagnósticas.
42. “A criança portadora de necessidades especiais, além do
direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal mas
também de ser assistida por especialistas, deve ser tratada
com muito carinho e respeito por todos nós.“