O documento fornece diretrizes para a avaliação de crianças de 2 meses a 5 anos com sintomas como tosse, dificuldade para respirar, diarreia e febre. A estratégia AIDPI é recomendada, avaliando sinais de perigo geral, sintomas principais e classificando a doença. Crianças com sinais de perigo geral devem ser encaminhadas para hospital imediatamente.
1. Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte
Saúde da Família V
Saúde da Criança
IRA e Diarréia aguda
Abordagem AIDPI
Profª Maria do Céo F. de Menezes
2. Avaliação da Criança de 2 meses a 5 anos
• Considerações gerais:
• Toda criança deve ser avaliada em relação aos
principais sinais e sintomas das doenças
prevalentes da infância para que não passem
despercebidos.
• Estratégia AIDPI é padronizada, baseada em
evidências e normas internacionais.
Impacto significativo na diminuição da
morbimortalidade infantil.
3. Procurar:
1. Sinais e sintomas gerais de perigo
2. Sintomas principais:
Tosse ou dificuldade para respirar
Diarréia
Febre
Problemas de ouvido
4. Técnica:
1. Perguntar à mãe a respeito do problema da
criança;
2. Verificar se existem sinais gerais de perigo;
3. Perguntar à mãe sobre os quatro sintomas
principais;
4. Se existe um sintoma principal então:
. Avaliar a criança para verificar se há sinais
relacionados com o sintoma principal.
. Classificar a doença de acordo com os sinais
presentes ou ausentes.
5. Outros dados importantes:
• Verificar se existem sinais de desnutrição e
anemia.
• Avaliar qualquer outro problema.
• Notificar qualquer suspeita de doenças de
notificação compulsória
6. Quais são esses sinais gerais de
perigo?
• A criança não consegue beber ou mamar no peito;
• A criança apresentou convulsões durante a doença
atual;
• A criança vomita tudo que ingere;
• A criança está letárgica ou inconsciente.
Uma criança que apresente qualquer sinal geral de
perigo, na maioria das vezes, deve ser referida
URGENTEMENTE ao hospital.
7. Tosse ou dificuldade para respirar
Doenças do aparelho respiratório:
• Maior demanda de consultas e internações em
pediatria;
• Origem predominantemente infecciosa em
menores de 5 anos;
• Prevalência: 5 a 8 episódios por criança/ano;
• Etiologia geralmente bacteriana nos países em
desenvolvimento (Streptococcus pneumoniae e o
Haemophilus influenzae)
8. Doenças do aparelho respiratório:
• Atípicas:
Lactentes (Chlamydia trachomatis)
Escolares (Mycoplasma pneumoniae)
• Período neonatal:
Gram negativos (E. coli e Klebsiela) e o
Streptococo do grupo B.
9. Pneumonia
• Responsável por 85% das mortes por problemas
respiratórios em menores de 5 anos,
especialmente nos países em desenvolvimento.
• Fatores de risco:
baixa renda familiar
baixa escolaridade dos pais
desnutrição
baixo peso ao nascer
prematuridade
exposição a fumo passivo
desmame precoce
crianças atendidas em creches
aglomeração familiar
10. Sinais:
• A tosse e dificuldade para respirar estão
presentes em quase todas as crianças
menores de 5 anos com IRA.
• A febre pode estar presente em outras
doenças.
11. Perguntar sempre:
• Há quanto tempo está tossindo?
Se há mais de 30 dias: tosse crônica.
• Apresenta sibilância?
Se sim, pode ser asma.
• Observar frequência respiratória (FR): contar
movimentos respiratórios em um minuto com a
criança quieta e tranquila.
12. O limite para respiração rápida
depende da idade da criança:
Frequência respiratória normal:
De 2 meses a menor de 1 ano= menor que 50
rpm.
De 1 ano a menor de 5 anos= menor que 40
rpm.
13. Observar ainda:
• Se há tiragem subcostal:
Durante a inspiração;
Está presente todo o tempo;
A parte torácica inferior se move para dentro.
É diferente de tiragem intercostal.
14.
15. Verificar:
• Se apresenta estridor:
Som áspero quando a criança inspira.
É produzido quando há inflamação da laringe,
traquéia ou epiglote.
A presença de estridor com a criança em
repouso indica doença grave.
16. Como classificar a criança com tosse
ou dificuldade para respirar:
• Pneumonia grave ou doença muito grave
• Pneumonia
• Não é pneumonia
17.
18. Também verificar:
• Se tem sibilância:
Processo inflamatório crônico que leva a
alterações funcionais (hiperreatividade
brônquica e obstrução ao fluxo aéreo),
provocando broncoconstricção; formação
crônica de rolhas de muco e edema das vias
aéreas.
19. Acontece:
• Na asma (crianças maiores de 4 anos).
• Na bronquiolite (crianças nos primeiros 6
meses de vida); induzida por infecção pelos
agentes etiológicos: VSR (50 a 90%) e
parainfluenzae.
Essas doenças também cursam com aumento da
FR e tiragem. Não confundir com pneumonia.
20. Avalie a criança com diarréia:
• Considerações gerais
.Definição: 3 ou mais evacuações amolecidas
ou líquidas em um período de 24 horas.
. A doença diarreica aguda é uma das principais
causas de morbidade e mortalidade infantil no
Brasil,especialmente em menores de 6 meses
não amamentadas.
. Os lactentes amamentados de forma exclusiva
tem, geralmente, fezes amolecidas e não deve
ser considerado diarréia.
21. Classifique a diarréia:
• Diarréia aguda: dura até 14 dias e é provocada
por agente infeccioso.
• Diarréia persistente: dura mais de 14 dias.
• Diarréia com sangue = disenteria e o agente
etiológico mais comum é a shigella.
22. Avaliar:
• A) Há quanto tempo está com diarréia
• B) Se há sangue nas fezes
• C) Se há sinais de desidratação
23.
24. Quais são os sinais de desidratação?
• Inquieta ou irritada, a princípio
• Letárgica ou inconsciente, com a continuação
. Avaliar sem que a criança esteja mamando.
• Olhos fundos (pode também estar presente na
criança gravemente desnutrida)
• Sinal da prega (pesquisar entre o umbigo e o arco
costal inferior, no sentido longitudinal)
• Bebe líquido avidamente ou bebe mal
25.
26. Observações importantes:
• Na desnutrição grave(marasmo) a pele pode
voltar lentamente, mesmo se a criança está
hidratada.
• Na criança com sobrepeso ou edema a pele
pode voltar imediatamente ainda que a
criança esteja desidratada.
Nestes casos este sinal não é muito seguro,
porém deve ser utilizado mesmo assim.
27. Em seguida classifique o estado de
hidratação:
• Desidratação grave
• Desidratação
• Sem desidratação
28.
29. Diarréia persistente:
• Diarréia persistente grave – se há
desidratação
Referir ao hospital
• Diarréia persistente – se não há desidratação
Orientação higienodietética
Introduz multivitaminas e sais minerais
Agenda retorno.
30. Há sangue nas fezes:
• Se há comprometimento do estado geral
Trata com antibiótico para shigella durante 5
dias
Agenda retorno após 2 dias
31. Avaliação da criança menor de 2
meses
• Considerações:
.A frequência respiratória (FR) normal deve
ser maior que 30 e menor que 60 respirações
por minuto;
.A criança pode apresentar febre
(temp.maior ou igual a 37 graus centígrados)
ou hipotermia (temp. menor que 36 graus
centígrados)
32. A criança menor de 2 meses:
• Convulsões: os recém-nascidos muitas vezes não
apresentam as convulsões típicas das crianças
maiores, podendo apresentar simplesmente
tremores rápidos de um braço ou perna.
• Apnéia: é a parada da respiração por tempo
maior que 20 segundos+FC menor que 100bpm
e/ou cianose. Acontece com mais frequência em
crianças menores de 15 dias e prematuras.
33. A criança menor de 2 meses:
• Batimento de asa do nariz, gemido
• Pele:
.Cianótica (nas extremidades é normal)
.Pálida (anemia=Hb menor que 13 g/dl)
. Ictérica (fisiológica) por imaturidade
hepática do RN, retardando a formação de
glicuronil transferase.
34. A criança menor de 2 meses:
• Diarréia aguda: dura até sete dias
• Diarréia prolongada: dura sete dias ou mais.
Neste caso,referir URGENTE ao hospital.
• Diarréia com sangue: Também referir
URGENTE ao hospital.
35.
36. No recém-nascido, as causas de
diarréia com sangue são:
• Doença hemorrágica do RN (deficiência de
vitamina K).
• Enterocolite necrotizante
• Coagulação Intravascular Disseminada
Na criança maior de 15 dias temos
como principais causas:
• Fissuras anais
• Alimentação com leite de gado
40. Respostas do exercício 05 – Caso
clínico: Glória
1. O que caracteriza doença grave?
O enchimento capilar em 3 segundos. N<2seg
2. O que caracteriza a desidratação grave?
Olhos fundos e sinal da prega cutânea
positivo.
Até os dois meses de idade ou é desidratação
grave ou não é desidratação.