A epidemia de dengue no continente Latino Americano
1. DENGUE
Dr. André Meyer Duchatsch
Médico pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Médico residente de pediatria pela Santa Casa de Jaú
2. INTRODUÇÃO
• CASO CLÍNICO;
• INTRODUÇÃO;
• ETIOPATOGENIA;
• EPIDEMIOLOGIA;
• QUADRO CLÍNICO;
• CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO;
• PREVENÇÃO.
3. CASO CLÍNICO
QP: Febre alta
HDA: A.B.C., feminino, 7 meses dá entrada no PSI acompanhada pela mãe, que relata
episódios de febre (38,7 – 39,5°C) há 2 dias, associados a menor aceitação de alimentos e 2-3
episódios de diarreia pastosa por dia, sem sangue ou muco. Refere aparecimento de exantema
maculopapular hoje, apresenta TAX 39°C no momento da consulta, lactente bastante chorosa
e irritada.
HPP: Nega comorbidades, em uso de vitamina D e sulfato ferroso diariamente, mãe nega
alergias medicamentosas.
4. CASO CLÍNICO
EXAME FÍSICO:
BEG, a'va e rea'va, irritada, corada, desidratada 2+/4+, acianó'ca, anictérica, febril
(39°C)
ACV: bnf2t, sem sopros, tec < 2s, FC 157 bpm
AP: MVUA, sem RA, sem sinais de esforço respiratório, eupneica
Abdome: RHA+, flácido, inocente, sem vcm
Oroscopia e otoscopia: sem alterações
Pele: exantema maculopapular em MMII
Solicitado hemograma, com as seguintes alterações: leucopenia (2.100) e plaquetopenia (98.000).
5. CASO CLÍNICO
EXAME FÍSICO:
BEG, ativa e reativa, irritada, corada, desidratada 2+/4+, acianótica, anictérica, febril
(39°C)
ACV: bnf2t, sem sopros, tec < 2s, FC 157 bpm
AP: MVUA, sem RA, sem sinais de esforço respiratório, eupneica
Abdome: RHA+, flácido, inocente, sem vcm
Oroscopia e otoscopia: sem alterações
Pele: exantema maculopapular em MMII
Solicitado hemograma, com as seguintes alterações: leucopenia (2.100) e
plaquetopenia (98.000).
6. CASO CLÍNICO
É um caso de dengue?
Se sim, em que fase esse paciente se encontra?
Há presença de sinais de alarme?
Qual o estado hemodinâmico do paciente?
Existem condições preexistentes que indiquem maior risco de gravidade?
Em qual grupo de estadiamento o paciente se encontra: A, B, C ou D?
O paciente requer internação? Em leito de observação ou leito de UTI?
7. INTRODUÇÃO
• Doença endêmica, com padrão sazonal (quentes e chuvosos).
• É uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, que pode apresentar um amplo
espectro clínico, podendo levar à forma grave a ao óbito.
• Organizar os serviços de saúde e classificar os grupos de tratamento é uma
estratégia importante para evitar os óbitos pela doença.
8. ETIOPATOGÊNESE
• É uma virose, causada por um RNA vírus do gênero Flaviviridae
• São conhecidos 4 sorotipos: DENV-1, -2, -3, -4.
• A infecção por 1 tipo de DENV por causar uma imunidade de curta duração (meses)
contra os outros sorotipos.
• Os DENV-2 E -3 estão associados a maior gravidade.
• Infecção secundária heterotípica como fator de risco para a ocorrência das formas
graves?
13. QUADRO CLÍNICO
FASE FEBRIL:
- FEBRE (2-7 dias) alta (39-40ºC), abrupta + cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias e
dor retrorbitária.
- Podem ocorrer: anorexia, náusea, vômitos e diarreia.
- 50% dos casos cursam com exantema, que é predominantemente maculopapular
com ou sem prurido.
- A grande parte dos pacientes se recuperam progressivamente.
14. QUADRO CLÍNICO
FASE CRÍTICA:
- Ocorre em alguns pacientes. Tem início com a defervecencia da febre, em 3-7 dias
do início da doença.
DENGUE COM
SINAIS DE ALARME
DENGUE GRAVE
15. QUADRO CLÍNICO
FASE DE RECUPERAÇÃO:
• Nos pacientes que passaram pela fase crí'ca, haverá reabsorção gradual do
conteúdo extravasado, com progressiva melhora clínica.
• Débito urinário normaliza-se ou aumenta.
• Alguns podem apresentar rash (exantema) cutâneo, acompanhado ou não de
prurido generalizado.
• Infecções bacterianas, que podem ter um caráter grave, contribuindo para o
óbito.
18. ESTADIAMENTO E CONDUTA
NA CRIANÇA:
Pode cursar com sintomas inespecíficos, como adinamia, sonolência, recusa da
alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.
Em menores de 2 anos de idade, os sinais e sintomas de dor podem se manifestar por
choro persistente, adinamia e irritabilidade, sendo capazes de serem confundidos com
outros quadros infecciosos febris, próprios da faixa etária.
O início da doença pode passar despercebido e o quadro grave pode ser iden'ficado
como a primeira manifestação clínica. No geral, o agravamento é súbito, diferentemente
do que ocorre no adulto, em que os sinais de alarme são mais facilmente detectados.
20. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO A
• Hidratação oral – 1/3 de SRO + 2/3 de água/chás/sucos
• Adulto: 60ml/kg/dia
• Criança: até 10kg (130ml/kg/dia), 10-20kg (100ml/kg/dia), >20kg (80ml/kg)
Entregar cartão de acompanhamento da dengue
Orientar sinais de Alarme e retorno imediato s/n
Agendar retorno para reavaliação no dia da melhora da febre
• Se manUver a febre, retornar no 5º dia de doença.
• Orientar medidas de eliminação do criadouro e uso de repelentes.
21. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO B
• Coletar hemograma (obrigatório) (2-4h).
• Hidratação oral – Iniciar na unidade de atendimento.
• Hematócrito normal: alta com orientações de hidratação do grupo A e
reavaliação diária (até 48h após remissão da febre). Retorno imediato se
sinais de alarme.
• Hemoconcentração: conduzir ao grupo C
• Preencher cartão de dengue e no'ficação.
22. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO C
• Internação até estabilização (mínimo 48h)
• Exames laboratoriais obrigatórios: hemograma, albumina sérica e
transaminases
• Exames laboratoriais de acordo com necessidade: glicemia, ureia,
creatinina, eletrólitos, gasometria, Tpae e ecocardiograma.
• Exames de imagem: rx de tórax e usg de abdômen.
• Hidratação EV 10ml/kg/h e reavaliação em 1h (diurese). Seguir
10ml/kg por mais 1 hora (reavaliação clínica e laboratorial)
23. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO C
• Se o hemograma 2h após apresentar queda do hematócrito, diurese
normal e estabilidade clínica, seguir para segunda fase expansão
(manutenção em SF).
• Primeira fase: 25ml/kg em 6h. Se Houver melhora, seguir:
• Segunda fase: 25ml/kg em 8 horas
24. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO C
• Alta:
• Estabilização hemodinâmica durante 48h.
• Ausência de febre por 24h
• Melhora visível do quadro clínico.
• Hematócrito normal e estável por 24h
• Plaquetas em elevação
• Alta com orientações do grupo B.
• No'ficação e entregar cartão de dengue
25. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO C
• Alta:
• Estabilização hemodinâmica durante 48h.
• Ausência de febre por 24h
• Melhora visível do quadro clínico.
• Hematócrito normal e estável por 24h
• Plaquetas em elevação
• Alta com orientações do grupo B.
• Notificação e entregar cartão de dengue
EXAME CONFIRMATÓRIO É OBRIGATÓRIO
26. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO C
• Sem melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos:
• RepeUr fase de expansão em até 3x.
• SSVV + diurese em 1h, hematócrito em 2h.
• Sem melhora, conduzir ao grupo D.
27. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO D – DENGUE GRAVE
• Sinais de choque: taquicardia, extremidades distais frias, pulso
fraco filiforme, enchimento capilar lento (>2s), PA convergente
(<20mmHg), taquipneia, oligúria (<1,5ml/kg/h), hipotensão
arterial e cianose
• Sangramento grave
• Disfunção grave de órgãos.
28. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO D – DENGUE GRAVE
• Coletar hemograma e exames do grupo C;
• Reposição volêmica
• Fase de expansão rápida: 20ml/kg em 20min.
• Reavaliação clínica a cada 15-30min e hematócrito a cada 2h.
• Repetir fase de expansão até 3x.
• Melhora clínica: seguir grupo C (em leito de UTI mínimo de 48h).
• Exame confirmatório de dengue é obrigatório!
29. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO D – DENGUE GRAVE
Sem melhora clínica:
• HEMATÓCRITO EM ASCENSÃO: expansores plasmáUcos (albumina 0,5 g/kg a 1
g/kg); preparar solução de albumina a 5% (para cada 100 mL dessa solução,
usar 25 mL de albumina a 20% e 75 mL de soro fisiológico a 0,9%).
• Na falta dela, uUlizar coloides sintéUcos (10 mL/kg/hora);
30. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO D – DENGUE GRAVE
Sem melhora clínica:
• HEMATÓCRITO EM QUEDA: invesVgar hemorragias e avaliar
coagulação.
• Hemorragia? Concentrado de hemácias (10 a 15ml/kg/dia)
• CoagulopaUa? Plasma fresco, vitamina K EV e criopreciptado
• Transfusão de plaquetas: sangramento persistente não controlado após
correção dos fatores de coagulação e do choque, trombocitopenia e
INR>1,5x normal
31. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO D – DENGUE GRAVE
• Sem melhora clínica:
• Avaliar desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca e investigar
hiper-hidratação
• Reduzir líquidos quando:
• Normalização da PA, pulso e perfusão, diminuição do hematócrito na
ausência de sangramento, diurese normalizada, resolução dos sintomas
abdominais
• Se normalização, seguir grupo C.
• Alta como grupo B
32. ESTADIAMENTO E CONDUTA
GRUPO D – DENGUE GRAVE
• Sem melhora clínica:
• Avaliar desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca e invesUgar
hiper-hidratação
• Reduzir líquidos quando:
• Normalização da PA, pulso e perfusão, diminuição do hematócrito na
ausência de sangramento, diurese normalizada, resolução dos sintomas
abdominais
• Se normalização, seguir grupo C.
• Alta como grupo B
EXAME CONFIRMATÓRIO É OBRIGATÓRIO
33. PREVENÇÃO
CONTROLE DO VETOR
Métodos Ysicos, biológicos e químicos.
• InseVcidas: organofosforados e piretróides. Causam
resistência!
• Larvicidas: somente nos recipientes que não podem ser
removidos.
• UVB (inseVcidas de baixo volume): uso em
surtos/epidemias, semanalmente, para interromper a
transmissão.
36. CASO CLÍNICO
QP: Febre alta // HDA: A.B.C., feminino, 7 MESES dá entrada no PSI acompanhada pela mãe, que relata episódios de FEBRE
(38,7 – 39,5°C) há 2 dias, associados a menor aceitação de alimentos e 2-3 episódios de diarreia pastosa por dia, sem sangue
ou muco. Refere aparecimento de EXANTEMA MACULOPAPULAR hoje, apresenta TAX 39°C no momento da consulta,
lactente bastante chorosa e irritada // HPP: Nega comorbidades, em uso de vitamina D e sulfato ferroso diariamente, mãe
nega alergias medicamentosas.
EXAME FÍSICO:
BEG, aWva e reaWva, irritada, corada, desidratada 2+/4+, acianóWca, anictérica, febril (39°C) ACV: bnf2t, sem sopros, tec < 2s,
FC 157 bpm AP: MVUA, sem RA, sem sinais de esforço respiratório, eupneica Abdome: RHA+, flácido, inocente, sem vcm
Oroscopia e otoscopia: sem alterações Pele: exantema maculopapular em MMII. Peso 8kg, estatura 68cm.
Solicitado hemograma, com as seguintes alterações: leucopenia (2.100) e plaquetopenia (98.000).
37. REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Saúde. DENGUE: diagnósUco e manejo clínico adulto e criança. 6ª ed, Brasília:
Ministério da Saúde 2024.
SBP, SOCIDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Dengue: guia práUco de atualização. Set, 2019.
SBP. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Nova Vacina Dengue: Recomendações da Sociedade
Brasileira de Pediatria. nº 89, 2023.
Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria / organizadores Dioclécio Campos Júnior,
Dennis Alexander Rabelo Burns. -3. ed. -Barueri, SP: Manole, 2014.