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1SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
módulo 6 • UNIDADE 3
SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
São Luís
2014
módulo 6 • UNIDADE 3
SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Reitor – Natalino Salgado Filho
Vice-Reitor – Antonio José Silva Oliveira
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – Fernando de Carvalho Silva
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - UFMA
Diretora – Nair Portela Silva Coutinho
COMITÊ GESTOR - UNA-SUS/UFMA
Coordenação Geral - Ana Emília Figueiredo de Oliveira
Coordenação Pedagógica - Deborah de Castro e Lima Baesse
Coordenação de Tecnologias e Hipermídias - Rômulo Martins França
Gerente Administrativo - Eurides Florindo de Castro Junior
Copyright © UFMA/UNA-SUS, 2014
Todos os direitos reservados à Universidade Federal do Maranhão
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Universidade Aberta do SUS - UNA-SUS
Rua Viana Vaz, nº 41, Centro, São Luís
Site: www.unasus.ufma.br
Normalização
Bibliotecária Eudes Garcez de Souza Silva
(CRB 13ª Região nº de Registro – 453)
Revisão técnica
Aracy Santos
Claudio Vanucci Silva de Freitas
Edison José Corrêa
Estela Aparecida Oliveira Vieira
Judith Rafaelle Oliveira Pinho
Karoline Corrêa Trindade
Paola Trindade Garcia
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Fábio Alex Matos Santos
João Carlos Raposo Moreira
Revisão Didático-Pedagógica
Deborah de Castro e Lima Baesse
Paola Trindade Garcia
Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA
A Saúde da criança e a Saúde da Família: doenças prevalentes na
infância/Ednei Costa Maia; Fabrício Silva Pessoa; Walquíria Lemos Soares
(Org.). - São Luís, 2014.
71f. : il.
1. Saúde da criança. 2. Doenças prevalentes. 3. Atenção primária à
saúde. 4. UNA-SUS/UFMA. I. Santos, Aracy. II. Freitas, Claudio Vanucci Silva
de. III. Corrêa, Edison José. IV. Vieira, Estela Aparecida Oliveira. V. Pinho,
Judith Rafaelle Oliveira. VI. Trindade, Karoline Corrêa. VII. Garcia, Paola
Trindade. VIII. Título.
CDU 613.9-053.2
APRESENTAÇÃO
O objetivo desta unidade é identificar sinais, sintomas, manejo clínico
de doenças respiratórias, infecções do trato urinário (ITU) e convulsões, além
de analisar o contexto da febre como indicador de patologias infantis e as
condutas de Enfermagem.
Nesta unidade, você irá encontrar abordagens sobre o diagnóstico
e tratamento de doenças respiratórias infantis como resfriado comum,
rinossinusite aguda, otite média aguda, faringoamigdalite aguda,
pneumonia, influenza e asma. A febre, por ser um sinal de alerta para várias
doenças, terá uma abordagem em relação a condutas de Enfermagem para
diversas situações. Além disso, apresentam-se as principais indicações de
manejo clínico para situações de infecção do trato urinário e convulsões em
crianças.
Bons estudos!
SUMÁRIO
	UNIDADE 3...................................................................................7
1	 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRA)...............................7
1.1	 Resfriado comum........................................................................9
1.2	 Rinossinusite aguda (RSA)..........................................................12
1.2.1	 Sinais sugestivos de rinossinusite bacteriana....................................... 14
1.3	 Faringoamigdalite aguda...........................................................17
1.4	 Otite média aguda (OMA)...........................................................22
1.5	Adenoidite...................................................................................28
1.6	Pneumonia...................................................................................29
1.7	Influenza......................................................................................34
1.8	Asma.............................................................................................40
1.9	Febre............................................................................................49
1.10	 Infecção do trato urinário...........................................................55
1.11	Convulsões...................................................................................59
	 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 68
7SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
UNIDADE 3
1 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRA)
A incidência de IRA em crianças é semelhante em países ricos e po-
bres, com média de quatro a seis episódios por ano por criança. Destes, ape-
nas de 2% a 3% evoluem para pneumonia (FONSECA, 2012).
As queixas respiratórias são bastante frequentes no ambulatório de
saúde da criança nas UBS. Dessa forma, as equipes de saúde devem estar
capacitadas para prestar uma atenção qualificada e evitar possíveis complica-
ções desse quadro.
As IRA são classificadas em infecções das vias aéreas superiores (Ivas)
e infecções das vias aéreas inferiores (Ivai). Acompanhe abaixo a classificação:
Figura 1 - Classificação Ivas (infecções das vias aéreas superiores).
Fonte: FONSECA, Eliane Maria Garcez Oliveira da. Medicina ambulatorial: pediatria. São Paulo:
Guanabara Koogan, 2012. (Série SOPERJ).
Ivas
Resfriado
comum
Sinusite aguda Amigdalite Laringites Traqueite
8SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 2 - Vias aéreas superiores.
Fonte: DEMATHÉ, Thiago. Infecções de vias aéreas superiores. 2014. Disponível em: 		
http://www.tiothiago.com/2014/01/infeccoes-de-vias-aereas-superiores.html.
Figura 3 - Classificação Ivai (infecções das vias aéreas inferiores).
Fonte: FONSECA, Eliane Maria Garcez Oliveira da. Medicina ambulatorial: pediatria. São Paulo:
Guanabara Koogan, 2012. (Série SOPERJ).
Seio frontal
Fossas nasais
Faringe
Amígdala
Laringe
Vias aérias
superiores
IVAI
Bronquites Bronquiolites Pneumonia Influenza
9SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 4 - Vias aéreas inferiores.
Fonte: SISTEMA respiratório: como funciona. 2013. Disponível em: < http://goo.gl/I7bNTZ>.
1.1 Resfriado comum
Certamente é uma das queixas principais das
mães no ambulatório de saúde da criança. As crianças
costumamapresentarentreseiseoitoresfriadosporano
nos primeiros cinco anos de vida, e até 15% das crianças
têm cerca de 12 episódios anuais (FONSECA, 2012).
Definição
•	 Infecção viral autolimitada da mucosa do trato respiratório que se
manifesta com rinorreia e obstrução nasal.
Etiologia
•	 Vários vírus podem estar envolvidos na etiologia do resfriado. O
principal é o rinovírus.
Traqueia
Pulmão direito
Brônquio direito
Pulmão esquerdo
Brônquio esquerdo
Brônquilos
Bronquíolos
terminais
Alvéolos
10SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Manifestação clínica
•	 Os resfriados são quadros caracterizados por início com manifes-
tações de Ivas, como coriza, espirros e congestão nasal, que cos-
tumam evoluir com tosse pouco produtiva, febre em geral baixa
ou moderada, dores musculares, astenia e anorexia.
Tratamento
•	 Ingestão de líquidos;
•	 Soro fisiológico nasal;
•	 Antitérmicos e analgésicos:
ü	 Paracetamol: até os 12 anos, 10 a 15 mg/kg a cada seis horas;
Acima de 12 anos, 325 a 500 mg a cada seis horas;
ü	 Ibuprofeno: 40 mg/kg, três vezes por dia.
OBSERVAÇÃO
Atenção especial deve ser dada em relação à possibilidade de apare-
cimento de sinais de gravidade (dispneia, tiragem subcostal, prostração ou
recusa à ingestão de líquidos em lactentes com menos de 2 meses).
11SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Cuidados de Enfermagem
Durante a consulta de Enfermagem, o enfermeiro deve estar atento
para os sinais e sintomas de perigo, como mostra o fluxograma abaixo:
Figura 5 – Atendimento da criança com doença respiratória.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na
Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil,
2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/xgYy6X>.
Para melhorar a permeabilidade das vias aéreas, a remoção das secre-
ções é importante porque, quando retidas, interferem nas trocas gasosas. O
enfermeiro deve atuar removendo essas secreções retidas no trato respirató-
Não Sim
Tosse e/ou dificuldade para respirar
Consulta com enfermeiro
Consulta com médico
Avaliar sinais e sintomas de perigo
1. Febre > 38ºC;
2. História pregressa de asma ou “bronquite”;
3. Frequência respiratória elevada*.
1. Informe à mãe sobre quando retornar
imediatamente: qualquer sinal geral de perigo,
piora do estado geral, aparecimento ou piora da
febre ou dificuldade para respirar e respiração
rápida;
2. Se estiver tossindo há mais de três semanas,
encaminhe para avaliação;
3. Em menores de 6 meses: aumentar a oferta de
leite materno;
4. Em maiores de 6 meses: aumentar a oferta de
líquidos;
5. Seguimento em cinco dias se não melhorar.
1. Informe a mãe sobre quando
retornar imediatamente:
Qualquer sinal de perigo, piora
do estado geral, aparecimento
ou piora da febre ou dificuldade
para respirar e respiração rápida;
2. Se estiver tossindo há mais de
três semanas, encaminhe para
avaliação médica;
3. Em crianças menores de 6 meses:
aumentar a oferta de leite
materno;
4. Em crianças maiores de 6 meses:
aumentar a oferta de liquidos;
5. Prescrever fitoterápico disponível
nas unidades de atenção
primária conforme opção de
tratamento;
6. Seguimento em cinco dias se não
melhorar.
Idade Definição de respiração rápida
2 a < 12
meses
50 ou mais por minuto.
1 a < 5
anos 40 ou mais por minuto.
> 5 anos 30 ou mais por minuto.
12SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
rio da criança, sob seus cuidados, acometida por algum problema de obstru-
ção aérea, no sentido de tornar mais fácil a passagem de ar e promover a troca
gasosa (SMELTZER; BARE, 2002).
Por outro lado, o posicionamento adequado da criança melhora a ex-
pansibilidade pulmonar. A criança exibirá a função respiratória normal quando
for posicionada de modo a permitir uma expansão pulmonar máxima, elevan-
do a cabeceira em 30 graus.
É essencial informar que a criança deve manter uma ingestão adequa-
da de líquidos, para prevenir desidratação. Embora o apetite da criança ge-
ralmente diminua, é importante oferecer os líquidos favoritos para prevenir a
desidratação.
O apoio e a confiança são importantes elementos de cuidado para a
família. Como as Ivas são frequentes em crianças, os familiares podem achar
que estão em uma infindável montanha-russa de doenças (MARTINS, 2004;
HOCKENBERRY; WILSON, 2011).
1.2 Rinossinusite aguda (RSA)
Definição
•	 Inflamação das cavidades paranasais, que pode ser causada
por infecções ou processo alérgico. É comum na infância em
consequência de resfriados, daí o termo rinossinusite aguda
(FONSECA, 2012).
Etiologia
•	 Os agentes etiológicos mais comuns são o Streptococcus
pneumoniae e Haemophilus influenzae. Os micro-organismos
Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus e Streptococcus
beta hemolítico do grupo A ocorrem em menor incidência
(BRASIL, 2013).
13SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Características
•	 A rinossinusite aguda (RSA) caracteriza-se por início repentino
de dois sintomas: congestão ou descarga nasal, pressão ou dor
facial e comprometimento do olfato (hiposmia ou anosmia).
•	 Os sintomas em crianças, em especial lactentes e pré-escolares,
são menos específicos. Em crianças pequenas, os seios parana-
sais mais acometidos são os maxilares e os etmoidais. Esses seios
estão presentes ao nascimento. Os seios esfenoidais se formam
por volta dos 5 anos e os frontais por volta de 7 a 8 anos. A sinusi-
te de seios frontais é incomum em menores de 10 anos.
Manifestação clínica
•	 O início é súbito, com rinorreia hialina ou mucoide, obstrução na-
sal, espirros e irritação na garganta. Tosse e febre podem ocorrer.
Embora a febre não seja sintoma predominante em crianças nem
em adultos, quando ocorre costuma ser baixa, mas eventual-
mente pode ser alta, mesmo quando não há infecção bacteriana
secundária. O nariz, a orofaringe e as membranas timpânicas po-
dem ficar hiperemiados. Depois dos primeiros dias, é comum a
secreção nasal ficar mais espessa e esverdeada, em decorrência
da destruição de células epiteliais e de neutrófilos.
Diagnóstico
•	 É fundamental que haja diferenciação entre quadros virais de
bacterianos, para isso é importante analisar o tempo de evolu-
ção e a gravidade do quadro. O diagnóstico habitualmente é clí-
nico, sem necessidade de exames complementares. Nas RSA, a
radiografia de seios da face e a tomografia computadorizada (TC)
devem ser solicitadas quando se suspeita de complicações.
•	 A interpretação da radiografia de seios da face é difícil em crian-
14SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
ças, pois os seios paranasais ainda podem não estar pneumatiza-
dos. Na sinusite crônica podem ser valorizados espessamento da
mucosa ≥ 4 mm, presença de nível hidroaéreo ou opacificação
completa (FONSECA, 2012).
IMPORTANTE!
Caso haja necessidade de exames complementares para um diagnós-
tico, verifique inicialmente na rede de atenção à saúde local o serviço de refe-
rência para realização de exames específicos.
1.2.1 Sinais sugestivos de rinossinusite bacteriana
•	 A infecção bacteriana deve ser suspeitada quando os sintomas
persistem após dez a 14 dias, momento em que já se esperaria
regressão da clínica em um quadro viral, ou quando os sintomas
pioram após o quinto dia de evolução. Tanto em adultos quanto
em crianças, os agentes etiológicos mais comuns são o Strepto-
coccus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Os micro-organis-
mos Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus e Streptococ-
cus beta hemolítico do grupo A ocorrem em menor incidência
(BRASIL, 2013).
Gravidade dos sinais e sintomas
Quanto à gravidade dos sinais e sintomas, a sinusite bacteriana aguda
pode ser classificada em leve, moderada e grave.
•	 Leve a moderada:
ü	 Rinorreia (em qualquer quantidade);
ü	 Congestão nasal;
ü	 Tosse;
ü	 Cefaleia, dor facial e irritabilidade (variável);
ü	 Febre baixa ou ausência de febre.
15SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Grave:
ü	 Rinorreia purulenta;
ü	 Congestão nasal;
ü	 Dor facial ou cefaleia;
ü	 Edema periorbitário (variável);
ü	 Febre alta (temperatura axilar ≥ 39ºC).
Tratamento
•	 Segundo as Diretrizes Brasileiras de Rinossinusite (2008), exis-
tem sete antibióticos para o tratamento da rinossinusite aguda,
divididos entre uso adulto e infantil. Os de uso infantil são:
ü	 Amoxicilina (45 – 90 mg/kg/dia);
ü	 Amoxicilina + inibidor de betalactamase (45 - 90 mg / 6,4
mg/kg/dia);
ü	 Cefalosporinas de 2ª geração (15 - 30 mg/kg/dia);
ü	 Macrolídeos;
ü	 Azitromicina (10 - 15 mg/kg/dia, 1 ou 2 x/dia);
ü	 Sulfametaxazol + trimetoprima (30 mg/kg + 6 mg/kg/dia);
ü	 Ceftriaxone (50 mg/kg/dia, cinco dias).
ü	 Condutas de Enfermagem
As condutas de Enfermagem são direcionadas para a facilitação da
drenagem. O enfermeiro deve instruir o paciente sobre os métodos para pro-
mover a drenagem, como a inalação, aumento da ingesta de líquidos e aplica-
ção de compressas úmidas quentes.
Além de realizar a prescrição médica, o enfermeiro deve ensinar o pa-
ciente a utilizar os medicamentos prescritos pelo médico.
O profissional de Enfermagem deve explicar ao paciente que febre,
cefaleia e rigidez na nuca são sinais potenciais de complicações, e ele deve
procurar cuidado adicional.
16SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Sempre deve haver orientação ao paciente e à família sobre a impor-
tância do tratamento medicamentoso, que é de fundamental importância.
Complicações
•	 As complicações das rinossinusites se classificam em:
o	 Orbitárias (celulite orbitária difusa, abcesso subperósteo e
abcesso orbitário);
o	 Intracranianas (meningite, abcesso sub e extradural, abcesso
cerebral e tromboflebite do seio cavernoso);
o	 Ósseas (osteomielite dos ossos do crânio).
OBSERVAÇÃO
Crianças, em especial lactentes e pré-escolares, têm sintomas menos
específicos. Em crianças pequenas, os seios paranasais mais acometidos são
os maxilares e os etmoidais. Esses seios estão presentes ao nascimento. Os
seios esfenoidais se formam por volta dos 5 anos e os frontais por volta de 7 a
8 anos. A sinusite de seios frontais é incomum em menores de 10 anos.
Quando encaminhar
•	Os pacientes com complicações graves devem ser prontamente en-
caminhados a serviços de urgência ou de referência. Aqueles com complica-
ções leves, com rinossinusite crônica recidivante ou falha clínica terapêutica,
devem ser encaminhados ao especialista.
IMPORTANTE!
O encaminhamento ao especialista deve ser feito de forma conscien-
te. Verifique na rede assistencial de saúde local em qual serviço de saúde cons-
ta esse atendimento e como é feito o agendamento. É sua responsabilidade
orientar o usuário do serviço.
17SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
1.3 Faringoamigdalite aguda
É uma infecção aguda da orofaringe. Manifesta-se após os 3 três anos
de idade, no fim do outono, inverno e primavera, tendo como período de incu-
bação de dois a cinco dias.
A infecção das amígdalas decorre da invasão de agentes infecciosos,
em sua maioria vírus e bactérias, que penetram as vias aéreas superiores e co-
lonizam o tecido amigdalino.
Os agentes bacterianos (em especial estreptococos) podem invadir e
colonizar o tecido amigdalino, que conjuntamente com a resposta imunológi-
ca produzem a presença de pus nas amígdalas palatinas.
Os agentes virais podem invadir e colonizar o tecido amigdalino po-
dendo produzir, juntamente com a resposta imunológica, um pontilhado he-
morrágico nas amígdalas palatinas.
Etiologia
A faringite infecciosa aguda é a principal causa de dor de garganta e
mais de 50% das faringites são de etiologia viral. A principal causa bacteriana
de faringite é o Streptococcus B hemolítico do grupo A (Streptococcus pyoge-
nes) (BRASIL, 2013).
Manifestação clínica
•	 Início súbito, calafrios, febre alta, dor de garganta, prostração e
cefaleia.
•	 Nas crianças menores de 3 anos os sintomas são obstrução nasal,
coriza, tosse e rouquidão.
•	 Nas crianças maiores, as amigdalites são mais comuns: febre
alta (39ºC), odinofagia, linfonodos cervicais dolorosos, tonsilas
hipertrofiadas e hiperemiadas, com ou sem exsudato purulento.
18SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Exame físico
No exame físico da orofaringe, podemos encontrar alterações como
hiperemia, aumento das amígdalas, exsudato das amígdalas e petequeias no
palato. Além disso, podemos encontrar presença de adenopatias cervicais bi-
laterais (BRASIL, 2013).
Diagnóstico diferencial
Quadro 1 - Achados clínicos e epidemiológicos dos diagnósticos diferenciais da faringite
infecciosa.
Dados sugestivos de faringite
estreptocócica
Dados sugestivos de etiologia viral
Dor de garganta de início súbito Conjuntivite
Dor à deglutição Coriza
Febre Rouquidão
Rash cutâneo escarlatiforme Tosse
Cefaleia Diarreia
Náusea, vômito e dor abdominal Exantema característico
Eritema tonsilofaríngeo Enantema característico
Petéquias no palato mole
Hiperemia e edema da úvula
Adenomegalias cervicais anteriores dolorosas
Paciente entre 5 e 15 anos de idade
Apresentação no inverno ou no início da
primavera (em regiões de climas temperados)
História de exposição
19SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Tratamento
Quadro 2 - Prevenção primária da febre reumática (tratamento da tonsilofaringite es-
treptocócica).
Agente Dose Via Duração
Penicilina G Benzatina
600.000 Ul para pacientes < 27 kg;
1.200.000 Ul > 27kg
Intramuscular Dose única
Amoxicilina 50 mg/kg/dia, dividida em duas ou três doses (*) Oral 10 dias
Penicilina V
(fenoximetilpenicilina)
Crianças: 250 mg, duas a três vezes por dia, para
< 27 kg; para > 27 kg, adolescentes e adultos:
500 mg, duas a três vezes por dia
Oral 10 dias
Para alérgicos à penicilina
Cefalosporinas de
espectro estreito
(cefalexina, cefadroxil)
Depende da droga Oral 10 dias
Eritromicina 50 mg/kg (até 500 mg), a cada 6 horas Oral 10 dias
Azitromicina 12 mg/kg, uma vez ao dia (máximo 500 mg) Oral 5 dias
Claritromicina
15 mg/kg por dia, dividida em duas doses
(máxima 250 mg, duas vezes por dia)
Oral 10 dias
Clindamicina
20 mg/kg por dia, dividida em três doses
(máxima 1,8 g/dia)
Oral 10 dias
*Lembre-se também do tratamento sintomático, incluindo-se analgésicos e antitérmicos.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à
demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério 	
da Saúde, 2013. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: <
http://goo.gl/tZWCvV.
ü	Condutas de Enfermagem
•	 Realizar prescrição médica e instruir os pais sobre como adminis-
trar os medicamentos que foram prescritos e sua importância;
•	 Informar aos pais cuidados básicos como colocar compressas
frias ou mornas no pescoço para promover alívio da dor;
•	 Como a dor interfere na ingestão por via oral, a promoção da in-
gesta de líquidos é essencial;
20SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Os pais devem ser informados em relação à sensibilidade resi-
dual no sítio de injeção, que pode fazer com que a criança fique
mancando por um ou dois dias;
•	 Vale salientar que a criança deve substituir a escova de dente
após iniciar o tratamento com antibióticos;
•	 Os pais são orientados a prevenir que outros membros da família
tenham contato próximo com a criança doente e evitar compar-
tilhar recipientes de bebidas e talheres;
•	 Se a criança continuar a ter febre alta que não responde aos an-
tipiréticos, tiver a garganta extremamente dolorida, recursar-se
a ingerir líquidos e apresentar uma aparência toxemiada, 24 a 48
horas depois de começar a receber os antibióticos, recomenda-
se que a criança retorne à UBS para uma avaliação adicional pelo
médico (HOCKENBERRY; WILSON, 2011).
Complicações
Quadro 3 – Complicações da amigdalite estreptocócica.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume
II). Disponível em: < http://goo.gl/TM0rBI.
Não supuratIvas SupuratIvas
Febre reumática aguda Celulite ou abscesso faringo-amigdalino
Escarlatina Otite média
Glomerulonefrite aguda Sinusite
Síndrome do choque tóxico Fasceíte necrotizante
PANDAS (doenças
neuropsiquiátricas autoimunes)
Bacteremia estreptocócica
Meningite ou abscesso cerebral
21SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Exames complementares
A pesquisa de anticorpos antiestreptocócicos reflete eventos imu-
nológicos pregressos e não serve para o diagnóstico da faringite estrepto-
cócica aguda. O mais comumente usado e disponível comercialmente é o
exame da antiesptretolisina O (ASLO). Quando presentes em títulos eleva-
dos ou ascendentes, podem ajudar a confirmar um quadro de febre reu-
mática aguda. Os títulos de ASLO começam a aumentar em uma semana e
atingem um pico entre três e seis semanas após a infecção. O teste pode
manter níveis elevados por meses, mesmo após infecções estreptocócicas
não complicadas (BRASIL, 2013a).
Encaminhamento
A amigdalite estreptocócica pode apresentar complicações supuratI-
vas e não supuratIvas. Entre as supuratIvas, as mais comuns são otite média,
sinusite e adenites cervicais, e as mais temidas são os abscessos peritonsilar
e retrofaríngeo, que requerem tratamento hospitalar. Os abscessos podem
romper, causando obstrução alta aguda e potencialmente fatal, assim como
evoluir para mediastinite e sepse. Esta situação deve ser suspeitada quando
ocorrer dor muito intensa, dificuldade para abrir a boca (trismo), desvio me-
dial/abaulamento do palato mole e voz anormal (voz de batata quente). En-
tre as complicações não supuratIvas, a febre reumática é a complicação mais
temida. Esta é a complicação não supurativa da infecção estreptocócica que
mais costuma se associar com amigdalite. Já a glomerulonefrite difusa aguda,
que pode ocorrer após a amigdalite estreptocócica, está associada com maior
frequência às piodermites (BRASIL, 2013a).
SAIBA MAIS!
Leia o texto Faringotonsilites agudas - revisão de literatura. Acesse:
http://www.mastereditora.com.br/periodico/20130929_160532.pdf.
22SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
1.4 Otite média aguda (OMA)
Definição
Otite média aguda (OMA) é uma inflamação da orelha média resultan-
te de Ivas com sinais e sintomas característicos (FONSECA, 2012).
Características
Aproximadamente 5% a 30% dos resfriados complicam com otite
média aguda (OMA), que é definida pela presença de dor ou irritabilidade e
secreção na orelha média. A confirmação é feita pela otoscopia. A OMA em
crianças é bastante frequente nas consultas da Atenção Básica e possui dois
picos de maior incidência: entre 6 e 15 meses e idade escolar (BRASIL, 2013a).
Etiologia
Os principais agentes etiológicos bacteria-
nos são Streptococcus pneumoniae, Haemophylus
influenzae e Moraxella catarralis, com menor fre-
quência o Staphylococcus aureus também pode
estar envolvido. Este último, assim como Pseudo-
monas aeruginosa, é mais comum na otite média
crônica. No quadro crônico, a etiologia habitual-
mente é mista (BRASIL, 2013a).
Fatores de risco
Os principais fatores de risco da OMA são: manifestações alérgicas,
uso de chupeta, duração e posição da amamentação, grande número de crian-
ças dormindo no mesmo quarto, frequência e tempo de estadia diária na cre-
che e refluxo gastroesofágico (FONSECA, 2012).
23SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Manifestação clínica
O Ministério da Saúde relata que a OMA é a principal causa de otalgia,
que pode variar de leve a muito intensa. Congestão nasal e tosse frequente-
mente precedem a dor de ouvido. Febre ocorre em alguns casos. Irritabilida-
de, dificuldade para se alimentar e para dormir são algumas das manifestações
atípicas encontradas em lactentes (BRASIL, 2013a).
A otoscopia pode revelar opacificação, alteração da cor (vermelha,
branca, amarela), abaulamento ou perda da mobilidade da membrana timpâ-
nica (MT). Quando a coleção do ouvido médio supura, observa-se otorreia de
coloração variada, que costuma impedir a visualização da MT. A hiperemia da
MT é um achado inespecífico, comum em crianças com febre ou choro inten-
so. Quando é o único achado, a otoscopia pneumática, que avalia a mobilidade
da membrana timpânica, é de grande auxílio. Há diminuição ou perda dessa
mobilidade quando há secreção no ouvido médio. Bolhas na MT são encontra-
das na miringite bolhosa, que pode ser causada por Mycoplasma pneumoniae,
vírus ou outros agentes.
A Academia Americana de Pediatria publicou em 2004 o Clinical Pra-
tice Guideline para o diagnóstico da OMA. Nesse guia há especificação de três
critérios necessários para o diagnóstico de OMA (KELLY, 2007):
o	Início agudo;
o	Presença de efusão no ouvido médio e;
o	Sinais de inflamação.
Diagnóstico de OMA, o que verificar?
1)	História de início agudo dos sinais e sintomas.
2)	Presença de efusão em ouvido médio, que pode ser indicada por:
a)	Abaulamento da membrana timpânica;
b)	Diminuição ou perda da mobilidade da membrana timpânica;
c)	 Nível hidroaéreo atrás da membrana timpânica;
d)	Otorreia.
24SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
3)	Sinais e sintomas de inflamação do ouvido médio, que são:
a)	Eritema da membrana timpânica;
b)	Otalgia (desconforto claramente oriundo da orelha média) que
interfere nas atividades normais ou no sono.
As Academias Americanas de Medicina de Família
e de Pediatria dão a opção de se observar de 48 h a 72
h determinadas crianças com OMA não complicada. Es-
ses casos incluem aquelas de 6 meses a 2 anos de idade,
com diagnóstico duvidoso de OMA e sem sinais de gra-
vidade, e as maiores de 2 anos sem sinais de gravidade,
mesmo que não haja dúvidas quanto ao diagnóstico de OMA. Se o paciente
não melhora nesse período de observação, inicia-se a antibioticoterapia (CO-
BER; JOHNSON, 2005).
Tratamento
O tratamento da OMA consiste em medidas gerais e tratamento far-
macológico (analgesia e, em alguns casos, antibioticoterapia):
•	Medidas gerais
ü	 Não mamar na posição sentada;
ü	 Calor seco no local: fralda ou toalha aquecida no ferro de passar.
•	Analgesia
ü	 Paracetamol: até os 12 anos, 10 a 15 mg/kg a cada seis horas.
Acima de 12 anos, 325 a 500 mg a cada seis horas;
ü	 Ibuprofeno: 40 mg/kg, três vezes por dia.
•	Antibioticoterapia
ü	 Idade menor de 6 meses: amoxicilina 80 mg/kg/dia em três to-
madas, por dez dias;
ü	 De 6 meses a 2 anos: conduta expectante, caso haja essa garan-
25SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
tia ou haja comprometimento de ambos os ouvidos, antibioti-
coterapia (igual ao menor de 6 meses, por cinco a sete dias);
Idade maior de 2 anos: antibioticoterapia (idem anteriores) por cinco
a sete dias, se diagnóstico assegurado e dor por mais de 24 h, ou em caso de
febre alta persistente, dor intensa ou vômito; as alternatIvas à amoxicilina são:
sulfametoxazol-trimetropim (6 a 10 mg/kg/dia em duas tomadas); azitromi-
cina (primeira dose de 10 mg/kg + quatro dias com 5 mg/kg/dia); ceftriaxona
(50 mg/kg IM, dose única) (COBER; JOHNSON, 2005).
ü	Condutas de Enfermagem
•	 Controle da temperatura e prescrição de antitérmico se tempe-
ratura ≥ 38ºC;
•	 Secar o pavilhão auditivo três vezes ao dia com algodão ou gaze
e substituir o chumaço de algodão até quando o pavilhão estiver
seco;
•	 Fazer compressa morna no período noturno (explicar cuidados
com compressa para evitar possíveis queimaduras);
•	 Tratar a dor com analgésico e retornar em dois dias.
•	 Os sintomas de dor e febre geralmente regridem em um prazo
de 24 a 48 horas, logo é importante que o enfermeiro enfatize
que todos os itens da medicação prescrita devem ser tomados;
•	 Instruir a família quanto aos cuidados da criança;
•	 Fornecer suporte emocional à criança e à família;
•	 Os pais devem estar cientes que podem ser prevenidas as com-
plicações (perda de audição) com o tratamento adequado (RIO
DE JANEIRO, 2012).
26SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 6 - Esquema para crianças com dor de ouvido.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na
Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil,
2012. 119 p. Disponível em: < http://goo.gl/QOxNBV>.
Prevenção
Redução dos fatores de risco possíveis: acompanhamento regular da
saúde, promoção do aleitamento materno exclusivo pelo menos até os 6 me-
Alta
Não Sim
NãoSim
Consulta pelo enfermeiro
Cuidados de EnfermagemConsulta médica
Apresenta secreção purulenta ou
tumefação atrás da orelha?
Controle de temperatura e prescrição de antitérmico se
temperatura ≥ 38ºC;
Secar o pavilhão auditivo três vezes ao dia com algodão
ou gaze e substituir o chumaço de algodão até quando o
pavilhão auditivo estiver seco;
Fazer compressa morna no período noturno (explicar
cuidados com compressa para evitar queimaduras);
Tratar a dor com analgésico e retornar em dois dias.
Melhora do quadro
27SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
ses de vida, não recomendação do uso de mamadeiras e chupetas, combate
ao tabagismo passivo.
•	A vacinação anti-influenza tem mostrado impacto na redução da re-
corrência de OMA em locais onde é feita rotineiramente (o que isoladamente
não justifica sua inclusão no calendário vacinal para toda a população). Não há
evidências suficientes para se recomendar a vacinação antipneumocócica na
prevenção da recorrência de OMA (BRASIL, 2013a).
Encaminhamento
Complicações da OMA precisam ser prontamente identificadas e po-
dem requerer medidas urgentes. Mastoidite resulta da infecção das células da
mastoide, por contiguidade à OMA. Os achados clínicos incluem dor, edema
e hiperemia da região retroauricular, com protrusão da orelha, febre e toxi-
cidade. Essa complicação requer internação para tratamento com antibiótico
intravenoso e sua confirmação pode ser feita com tomografia computado-
rizada (TC), logo o paciente precisa ser encaminhado a um serviço de maior
complexidade.
Outras infecções graves podem ocorrer por contiguidade: meningite,
abscesso cerebral e trombose de seio venoso. Febre, cefaleia intensa, sinais
meníngeos, alteração do nível de consciência, achados neurológicos focais e
toxicidade são sinais de alerta e indicam ao médico assistente da APS que o pa-
ciente precisa ser referenciado imediatamente para o hospital mais próximo.
IMPORTANTE!
As equipes de Atenção Básica (ESF, Nasf, Melhor em Casa, apoio ma-
tricial etc.) são corresponsáveis pelo atendimento do usuário. O referencia-
mento para outro nível de atenção à saúde resultará em contrarreferência e,
para que se realize o seguimento desse usuário na AB, os níveis de atenção à
saúde (Atenção Básica, média e alta complexidade) precisam atuar no sentido
de redes de atenção, e não de forma isolada.
28SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
1.5 Adenoidite
Características
Afecção comum em crianças menores de 5 anos, cujo quadro clínico se
inicia com obstrução nasal aguda associada a roncos intensos com repercus-
são no sono. Febre e rinorreia podem ser encontradas. A secreção retronasal
abundante desce para a orofaringe e ocasiona tosse, principalmente noturna
(FONSECA, 2012).
A adenoidite pode evoluir com complicações como otite média
aguda (OMA).
Figura 7 - Adenoidite.
Fonte: PINHEIRO, Pedro. O que é Adenoide? 2013. Disponível em: http://goo.gl/WJxbSx.
Tratamento
•	 Solução fisiológica nasal, elevação da cabeceira da cama, hidrata-
ção e antitérmico.
Adenoide
Ar
Cavidade
nasal
29SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Amoxicilina (50 mg/Kg por dia por sete a dez dias) é a primeira
escolha nos casos de infecção bacteriana.
•	 Macrolídeos, como a eritromicina e a azitromicina, nos casos de
hipersensibilidade à amoxicilina.
ü	Condutas de Enfermagem
•	 Informar que o paciente deve ter um repouso adequado;
•	 Estimular a ingestão hídrica e de alimentos leves, de fácil
deglutição;
•	 Manter o controle de temperatura;
•	 Medicar conforme prescrição;
•	 Orientar quanto à importância do uso correto de antibióticos
(WONG et al., 1999).
1.6 Pneumonia
Definição
•	 Pneumonia é inflamação do parênquima pulmonar causada por
um agente microbiológico, como os vírus ou bactérias (GROSS-
MAN; OST, 2006);
•	 As pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) podem ser defi-
nidas clinicamente como a presença de sinais e sintomas de pneu-
monia na criança previamente sadia decorrente de infecção que
tenha sido adquirida fora do ambiente hospitalar;
•	 A PAC caracteriza-se por quadro de febre, dispneia, dor torácica
ventilatório-dependente e tosse com expectoração;
•	 É importante para o diagnóstico e intervenção clínica precoce que
sejam realizados de forma minuciosa a anamnese e o exame físi-
co quando se tem a suspeita de PAC. A radiografia de tórax é um
exame complementar que pode ser realizado quando disponível;
30SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 A PAC é uma das Iras do trato respiratório inferior de maior gra-
vidade. Há um processo inflamatório, que é a resposta do hospe-
deiro ao agente agressor. Condições socioeconômicas desfavorá-
veis, despreparo dos cuidadores e desnutrição são considerados
fatores de risco de PAC (BRASIL, 2013).
Etiologia
•	 A idade do paciente é o principal indicador da etiologia e a condu-
ta deve ser baseada nesse fator. 
•	 Em recém-nascidos, os agentes mais comuns são Gram negati-
vos, Streptococcus do grupo B e Staphylococcus aureus.
•	 Em crianças de 1 a 3 meses, os agentes mais comuns são vírus,
Clamídia e Bordetella pertussis.
•	 De 3 meses a 5 anos, os agentes mais comuns são vírus, Strep-
tococus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Staphylococus
aureus.
•	 Com mais de 5 anos, os agentes mais comuns são Streptococus
pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae.
Diagnóstico
Segundo orientações do AIDPI neonatal, uma criança com tosse ou di-
ficuldade para respirar é avaliada verificando (BRASIL,2012a):
•	 Tempo que a criança está com tosse ou dificuldade para respirar;
•	 Presença de sibilância;
•	 Ocasional ou frequente;
•	 Presença de taquipneia;
•	 Presença de tiragem subcostal;
•	 Presença de estridor e sibilância.
31SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 4 - Sinais gerais de pneumonia.
Fonte: Adaptado de: HOCKENBERRY, Marilyn J.; WILSON, David. Wong, fundamentos de
Enfermagem pediátrica. 8. ed. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.
SAIBA MAIS!
Você conhece o Programa Educacional em Auscuta Toráxica? Acesse:
http://www.virtual.unifesp.br/unifesp/torax/torax.swf.
OBSERVAÇÃO!
A taquipneia é o sinal mais sensível para o diagnóstico de pneumonia
em crianças menores de 5 anos. A frequência respiratória deve ser avaliada
com a criança tranquila (de preferência no colo da mãe) e contada durante um
minuto, pelo menos por duas vezes.
No derrame pleural, ocorre macicez com murmúrio vesicular muito
diminuído. Se não há sinais de esforço respiratório, de taquipneia, de crepita-
ções e de diminuição dos sons respiratórios, provavelmente não há pneumo-
nia (BRASIL, 2013).
Febre - geralmente alta.
Respiratórios
Tosse - não produtiva a produtiva com escarro esbranquiçado;
Traquipneia;
Ruídos respiratórios - crepitações, diminuição dos ruídos
respiratórios, estertores;
Hipotimpânico à percussão;
Dor torácica;
Retrações;
Batimento das asas do nariz;
Palidez à cianose (dependendo da gravidade).
Radiografia do tórax - infiltração difusa ou placosa, com distribuição
peribrônquica.
Comportamento - irritabilidade, inquietação, mal-estar, letargia.
Gastrointestinal - inapetência, vômitos, diarreia, dor abdominal.
Sinais Gerais de Pneumunia
32SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
ATENTE PARA A FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA NORMAL
Quadro 5 – Frequência respiratória normal.
Idade Frequência respiratória normal
0 a 2 meses até 60 irpm
2 a 11 meses até 50 irpm
12 a 5 anos até 40 irpm
6 a 8 anos até 30 irpm
> 8 anos até 20 irpm
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à
demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério
da Saúde, 2013. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível
em: < http://goo.gl/B9h09O>.
Exames complementares
A radiografia de tórax é um exame complementar que pode ser reali-
zado quando disponível.
É importante ressaltar que o tratamento deve ser instituído indepen-
dentemente de o profissional ter à sua disposição o exame de raio-X, que é
apenas um exame complementar da propedêutica do diagnóstico de PAC e
suas complicações. Entretanto, o exame de raio-X torna-se indispensável
quando há suspeita de complicações, momento em que o paciente deve ser
referenciado (BRASIL, 2013).
Indicações de internação hospitalar 
As principais indicações de internação hospitalar para crianças com
diagnóstico de pneumonia grave são: idade menor que 2 meses, tiragem
subcostal, convulsões, sonolência, estridor em repouso, desnutrição gra-
ve, impossibilidade de ingestão de líquidos, sinais de hipoxemia, doença
de base debilitante, derrame pleural, abcesso pulmonar e pneumomato-
cele (BRASIL, 2013).
33SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Tratamento
Confira informações sobre o uso dos antibióticos em crianças com ida-
de de 2 meses a 5 anos:
•	Amoxicilina 50 mg/kg/dia, a cada oito horas, por sete a dez dias;
•	Penicilina procaína 50.000 UI/kg/dia, a cada 12 horas, por sete dias.
Confira informações sobre o uso dos antibióticos em crianças com ida-
de de 6 a 18 anos:
•	 Amoxicilina 50 mg/kg/dia, a cada oito horas, por sete a dez dias;
•	 Penicilina procaína 50.000 UI/kg/dia, a cada 12 horas, por sete dias;
•	 Segunda opção: macrolídeos: eritromicina 50 mg/kg/dia, a cada
seis horas, por 14 dias (BRASIL, 2013).
ü	Condutas de Enfermagem
•	 Dar um antibiótico recomendado;
•	 Aliviar a tosse com remédio inócuo;
•	 Informar a mãe sobre quando retornar imediatamente;
•	 Se tiver sibilância, tratar com broncodilatador por cinco dias;
•	 Dar a primeira dose de um antibiótico recomendado (pneumonia
grave);
•	 Referir urgentemente ao hospital;
•	 Auxiliar o paciente a tossir produtivamente;
•	 Auxiliar o paciente a assumir uma posição confortável e mudar de
posição com frequência;
•	 Oferecer e encorajar a ingestão de líquidos (seis a oito copos ao
dia);
•	 Orientar ou apoiar o tórax da criança durante a tosse;
•	 Fazer avaliação respiratória pela ausculta;
•	 Incentivar a prática da respiração profunda e tosse eficaz;
•	 Informar que o paciente precisa de repouso, em quarto arejado,
evitando correntes de ar;
34SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Informar que o paciente precisa de um ambiente tranquilo, calmo
e que proporcione conforto;
•	 Orientar o paciente a ter uma dieta hipercalórica e hiperproteica;
•	 Marcar retorno em dois dias (BRASIL, 2003; HOCKENBERRY;
WILSON, 2011).
IMPORTANTE!
Os sinais que indicam que o paciente deve retornar imediatamente
são: piora ou aparecimento da febre, a dificuldade de beber ou mamar e de
respirar, respiração rápida e piora do estado geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como critérios de
falha terapêutica para PAC não grave: ausência de normalização da frequência
respiratória e/ou aparecimento de tiragem subdiafragmática ou de qualquer
outro sinal de gravidade no terceiro dia de tratamento. Porém, é possível que
algumas crianças que venham a ter boa evolução ainda permaneçam com o
mesmo grau de taquipneia nesta avaliação (FONSECA, 2012).
A OMS e outros órgãos internacionais recomendam o Plano de Ação
Global para Prevenção e Controle da Pneumonia (GAPP), que compreende a
implementação de estratégias para tratar, prevenir e proteger as crianças con-
tra a PAC (GREENWOOD, 2008).
SAIBA MAIS!
Para saber mais sobre o GAPP, acesse: http://goo.gl/HZmcFM.
1.7 Influenza
Definição
•	 Como qualquer infecção por influenza, o quadro clínico inicial
da doença em questão é caracterizado como uma síndrome gri-
pal (SG), que por sua vez é definida como “doença aguda (com
duração máxima de cinco dias), apresentando febre (ainda que
35SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
referida) acompanhada de tosse ou dor de garganta, na ausência
de outros diagnósticos”;
•	 O período de incubação da influenza dura em média dez dias,
podendo se prolongar por mais tempo em pacientes imunossu-
primidos;
•	 Período de transmissibilidade da influenza em crianças (menores
de 12 anos): um dia antes até o 14º dia de início dos sintomas;
•	 A influenza ocorre durante todo o ano, porém é mais frequen-
te nos meses do outono e do inverno, quando as temperaturas
caem, principalmente no Sul e Sudeste do país (BRASIL, 2013).
Definições de caso
Para o correto manejo clínico da influenza, é preciso considerar e
diferenciar os casos de: síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda
grave (SRAG).
Síndrome gripal
•	 Febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tos-
se ou dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas:
cefaleia, mialgia ou artralgia, na ausência de outro diagnóstico
específico;
•	 Em crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se tam-
bém como caso de síndrome gripal: febre de início súbito (mesmo
que referida) e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução
nasal), na ausência de outro diagnóstico específico.
Influenza
Síndrome gripal (SG)
Síndrome respiratória
aguda grave (Sars)
36SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Síndrome respiratória aguda grave (SRAG)
Indivíduo de qualquer idade, com síndrome gripal (conforme defini-
ção acima) e que apresente dispneia ou os seguintes sinais de gravidade:
Em crianças, além dos itens acima, observar também:
Exames complementares
O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de alterações labora-
toriais e radiológicas listadas abaixo:
•	 Alterações laboratoriais: leucocitose, leucopenia ou neutrofilia;
•	 Radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou
presença de área de condensação.
Fatores de risco
•	 Imunodepressão: por exemplo, indivíduos transplantados, pa-
cientes com câncer, em tratamento para Aids ou em uso de medi-
cação imunossupressora;
1
2
3
4
Situação de SpO2 < 95% em ar ambiente.
Piora nas condições clínicas de doenças de base.
Hipotenção em relação à pressão arterial habitual do paciente.
Sinais de desconforto respiratório ou aumento da
frequência respiratória, avaliada de acordo com a idade.
Batimentos
de asa de
nariz
Cianose
Tiragem
intercostal
Desidratação Inapetência
37SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Condições crônicas: por exemplo, hemoglobinopatias, problemas
cardiovasculares, pneumopatias, insuficiência hepática, doen-
ças renais crônicas, doenças neurológicas, doenças metabólicas
(diabetes mellitus e obesidade grau III – índice de massa corporal
maior ou igual a 40) e doença genética (síndrome de Down).
Avaliação
Para o diagnóstico de síndrome aguda respiratória grave ou de síndro-
me gripal, não é necessária a confirmação laboratorial do agente etiológi-
co, sendo o diagnóstico clínico. A confirmação laboratorial, quando indica-
da, deverá ser solicitada no hospital.
Os indivíduos que apresentem sintomas gripais, inicialmente, devem
ser acompanhados pela atenção primária. Deverão ser encaminhados para
o hospital os pacientes que apresentarem um ou mais dos sinais e sintomas
abaixo (BRASIL, 2013a):
•	 Cianose;
•	 Batimento de asa de nariz;
•	 Taquipneia: com idade de 2 meses a menor de 1 ano (>
50 IRPM); 1 a 5 anos (> 40 IRPM);
•	 Toxemia;
•	 Tiragem intercostal;
•	 Desidratação/vômitos/inapetência, letargia;
•	 Dificuldade para ingestão de líquidos ou amamentar;
•	 Estado geral comprometido;
•	 Presença de comorbidades/imunodepressão.
A presença de pelo menos um dos
critérios de sinais de alerta deve orientar
o médico para o encaminhamento do pa-
ciente ao serviço de urgência.
38SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Os casos com sintomas graves devem ser encaminhados pelas equi-
pes de saúde das UBS imediatamente para o hospital ou serviço indicado pela
gestão de saúde municipal ou estadual mais próximo.
Tratamento e acompanhamento
Para pessoas com síndrome gripal - medidas preventIvas:
•	 Higienizar as mãos com água e sabonete ou sabão (ou se possível
álcool gel 70%) após tossir, espirrar, usar o banheiro e antes das
refeições;
•	 Não compartilhar objetos de uso pessoal e alimentos;
•	 Permanecer, sempre que possível, em sua residência;
•	 Ficar em repouso, aumentar a ingestão de líquidos e alimentar-se
de forma equilibrada.
Para familiares, cuidadores e população geral:
•	 Evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes
ventilados);
•	 Higienizar as mãos frequentemente;
•	 Evitar tocar os olhos, nariz ou boca.
Indicações para o uso de antiviral
Além dos medicamentos sintomáticos e da hidratação, está indicado
o uso de fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) de forma empírica (NÃO SE DEVE
AGUARDAR CONFIRMAÇÃO LABORATORIAL) para todos os casos de SG
que tenham condições e fatores de risco para complicações, independente-
mente da situação vacinal.
Como em toda prescrição terapêutica, atentar-se para as interações
medicamentosas, as contraindicações formais e os efeitos colaterais. Esse me-
dicamento pode ainda induzir resistência dos vírus influenza se utilizado de
forma indiscriminada.
39SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Posologia e administração
Quadro 6 – Posologia e administração do Tamiflu®.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de
tratamento de influenza 2013. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013b. 18 p. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2013.pdf.
Vacina
•	 A vacinação anual contra influenza é uma das medidas utilizadas
para se prevenir a doença, porque pode ser administrada antes
da exposição ao vírus e é capaz de promover imunidade efetiva
e segura durante o período de circulação sazonal do vírus (HOC-
KENBERRY; WILSON, 2011).
SAIBA MAIS!
Para mais informações, acesse o informe técnico da Campanha Nacio-
nal contra Influenza 2014, disponível no link: http://goo.gl/bGYQ84.
ü	Condutas de Enfermagem
O enfermeiro deve realizar a consulta de Enfermagem conforme pro-
tocolos ou outras normatIvas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal,
Droga Faixa etária Tratamento
Fosfato de
oseltamivir
(Tamiflu®)
Adulto 75 mg, 12/12 h, 5 dias
Criança maior
de 1 ano de
idade
≤ 15 kg 30 mg, 12/12 h, 5 dias
> 15 kg a 23 kg 45 mg, 12/12 h, 5 dias
> 23 kg a 40 kg 60 mg, 12/12 h, 5 dias
> 40 kg 75 mg, 12/12 h, 5 dias
Criança menor
de 1 ano de
idade
< 3 meses 12 mg, 12/12 h, 5 dias
3 a 5 meses 20 mg, 12/12 h, 5 dias
6 a 11 meses 25 mg, 12/12 h, 5 dias
40SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
observadas as disposições legais da profissão. Deverá identificar sinais de
gravidade, auxiliando na estabilização do paciente para a remoção segura à
unidade a ser referenciado, respeitando os fluxos locais e mantendo-se res-
ponsável pelo acompanhamento.
Caso seja necessário, o enfermeiro deverá: realizar assistência do-
miciliar; enviar ao setor competente as informações epidemiológicas refe-
rentes aos casos da área de atuação da UBS; notificar e investigar os casos
seguindo estratégia local; encaminhar ao setor competente a ficha de noti-
ficação e investigação, conforme estratégia local; e analisar os dados sobre
os casos e informações da área adstrita da UBS para possíveis intervenções
(BRASIL, 2009).
Notificações
•	 Todo caso de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) hospitali-
zado deve ser notificado (Sinan Influenza Web);
•	 Nos casos de surtos, a vigilância epidemiológica local deverá ser
prontamente notificada/informada;
•	 O Brasil possui uma rede de unidades sentinelas para vigilância
da influenza, distribuídas em serviços de saúde, em todas as uni-
dades federadas do país, que monitoram a circulação do vírus in-
fluenza, por meio de casos de síndrome gripal (SG) e síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) (BRASIL, 2009).
1.8 Asma
•	 É uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela hiper-res-
ponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao
fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento,
manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibi-
lância, dispneia, sensação de aperto no peito e tosse, particular-
mente à noite e de manhã ao despertar;
41SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 É multifatorial: fatores genéticos, exposição a alérgenos e irritan-
tes, além de fatores específicos que levam ao desenvolvimento e
manutenção dos sintomas (SOUZA, 2011);
•	 É a doença crônica mais prevalente na infância e a terceira causa
de hospitalização no país. Atualmente, os esquemas terapêuticos
são específicos, seguros e garantem controle da doença quando
associados ao controle adequado de fatores ambientais desenca-
deantes das crises. 
Diferenças fisiopatológicas
Acompanhe abaixo as principais diferenças fisiopatológicas brônquio-
pulmonares para a criança saudável, com asma e com crise de asma:
Figura 8 - Diferenças fisiopatológicas brônquio-pulmonares para a criança saudável, com
asma e com crise de asma.
•	 Saudável: na criança sem asma, as vias aéreas estão normais e a
musculatura lisa permanece relaxada;
•	 Asma: observe a imagem da criança com asma. As vias aéreas es-
tão estreitadas (inflamação), porém com a musculatura lisa ainda
permanece relaxada;
Via aérea normal Via aérea com asma Via aérea em crise
de asma
42SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Crise de asma: quando na crise de asma, observa-se considerável
estreitamento da via aérea (inflamação), associada à contração da
musculatura lisa e aprisionamento do ar nos alvéolos.
Anamnese
•	 Devem constar dados sobre a idade de início, frequência e inten-
sidade das manifestações, história familiar, comorbidades como
rinite e doença do refluxo gastrointestinal e a necessidade de
atendimento em emergências. É imprescindível a investigação
de fatores ambientais desencadeantes (poeira, ácaros, barata,
fumaça, odores fortes, animais domésticos, mofo etc.), de uso de
fármacos (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios não esteroidais
e anti-hipertensivos como inibidores da enzima de conversão de
angiotensina e betabloqueadores), de atividades e/ou emoções
que exacerbem a asma e infecções virais.
Sinais e sintomas
•	 A criança apresenta sinais e sintomas como dispneia, sibilância e
tosse, geralmente à noite e pela manhã. Ao exame físico, no pe-
ríodo de crises, o principal sinal é a ausculta de sibilos bilaterais e,
em alguns casos, de roncos;
•	 O tórax silencioso é indicativo de mau prognóstico. No período
entre crises, o paciente segue assintomático. Os exames com-
plementares para o diagnóstico da doença são a espirometria e o
pico de fluxo expiratório. Crianças abaixo de 5 anos têm dificulda-
de para a execução desses exames;
•	 Em crianças menores de 5 anos, as principais manifestações
sugestIvas de asma são: mais de um episódio de sibilância por
mês, tosse ou sibilos (ocorrem à noite ou ao acordar de manhã,
provocados por emoções ou atividades físicas), tosse sem rela-
43SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
ção com viroses, presença de rinite alérgica ou dermatite atópica
e boa resposta a B2-agonistas inalatórios.
Diagnóstico simplificado
Presença de:
•	 Tosse ou crise de asma;
•	 Uso de broncodilatador;
•	 Restrição de atividade física e absenteísmo escolar;
•	 Asma noturna.
Para o diagnóstico da asma no lactente, utilizam-se os critérios maiores
e menores. A presença de um critério maior ou um critério maior mais
dois critérios menores sugere o diagnóstico de asma (SOUZA, 2011). 
•	 Critérios maiores
1)	 História parental de asma;
2)	 Dermatite atópica.
•	 Critérios menores
1)	 Rinorreia sem resfriado (rinite alérgica);
2)	 Sibilância sem resfriado;
3)	 Eosinofilia > 4%.
Diagnóstico diferencial
Os principais diagnósticos diferenciais da asma são perceptíveis de
acordo com a idade da criança:
•	 Menores de 5 anos;
•	 Rinossinusite, doença pulmonar crônica da prematuridade, mal-
formações congênitas, fibrose cística, bronquiectasias, bronquio-
lite obliterante pós-infecciosa, discinesia ciliar, refluxo gastroe-
sofágico, distúrbios de deglutição, fístula traqueoesofágica, de
corpo estranho, tuberculose, cardiopatias, imunodeficiências;
44SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Maiores de 5 anos;
•	 Rinossinusite, fibrose cística, doenças difusas do parênquima
pulmonar, síndrome de hiperventilação alveolar, síndrome do
pânico, broquiectasias, insuficiência cardíaca diastólica e sistóli-
ca, neoplasias, bronquiolite, hipertensão e embolia pulmonares,
corpos estranhos obstruindo as vias aéreas, disfunção de cordas
vocais.
SAIBA MAIS!
A publicação Cadernos de Atenção Básica nº 25 traz mais informações
sobre diagnósticos e consultas de doenças respiratórias. Acesse:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_respiratorias_
cronicas.pdf.
ü	Condutas de Enfermagem
Deverá ser realizada a avaliação da Enfermagem que está encarregada
de verificar as condutas, preencher a ficha de aprazamento, orientar o pacien-
te quanto ao uso do dispositivo inalatório e agendar visita domiciliar para rea-
lizar controle ambiental.
O enfermeiro deverá preencher corretamente a ficha de aprazamento
de medicação, anotando a lápis a data da próxima entrega da medicação, de
acordo com a posologia prescrita. Não fornecer medicação se decorridos mais
de 30 dias da data aprazada, situação considerada abandono.
Deverá reagendar avaliação médica. Se houver retornos frequentes e
precoces para retirada de medicação (antes da data aprazada), deverá rever a
técnica de uso do dispositivo inalatório e necessidade de consulta médica para
reavaliar o paciente (LONDRINA, 2006).
45SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 9 - Ficha de aprazamento.
Fonte: LONDRINA. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal de Saúde. Asma: protocolo.
Londrina, PR, 2006. 88 p. Disponível em: < http://goo.gl/dBMAbQ>.
FICHA DE APRAZAMENTO - ASMA
HYGIA:_________________________________________________________________
NOME:_________________________________________________________________
DATA DE NASC.:___/___/___ DATA DE INSCRIÇÃO NO PROGRAMA:___/___/___
CLASSIFICAÇÃO DA ASMA: ( ) INTERMITENTE ( ) LEVE ( ) MODERADA ( ) GRAVE ( ) BEBÊ CHIADOR
)ATAD(OÃÇACIDEMADAGERTNEAMIXÓRP)ESOD/EMON(OTNEMACIDEMDATA
OBSERVAÇÕES:
46SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 10 - Atendimento global do asmático.
Fonte: LONDRINA. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal de Saúde. Asma: protocolo.
Londrina, PR, 2006. 88 p. Disponível em: < http://goo.gl/dBMAbQ>.
Fatores de risco para exacerbações:
•	 História prévia de asma quase fatal, necessitando de intubação
endotraqueal;
Não
Não
Sim
Sim
Dúvida diagnóstica?
Encaminhamento
para Nura
Incluir no programa
de tratamento na UBS
Asma grave
Asma:
- Intermitente
- Persistente: - Leve
- Moderada
- Diagnóstico diferencial
- Espirometria
Diagnóstico de asma?
- Tratamento na UBS
- Participação em grupos
- Fisioterapia
Pneumo geral - Medicação
excepcional
- Incluir no
programa na UBS
Procura espontânea: UBS/hospital
Procura programada: agendamento pelos ACSs
Atendimento na UBS:
Diagnóstico/classificação/
controle da crise aérea
47SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
•	 Utilização atual ou recente de corticoide oral;
•	 Interrupção do uso de corticoide inalatório;
•	 Três ou mais visitas a serviços de pronto atendimento ou duas ou
mais hospitalizações por asma aguda nos últimos 12 meses;
•	 Uso de dois ou mais tubos de aerossol dosimetrado (bombinha)
de broncodilatador/mês;
•	 História de doença psiquiátrica ou psicossocial, incluindo uso de
sedativos;
•	 Comorbidades: rinite alérgica não tratada, outras doenças pulmo-
nares e cardiovasculares;
•	 História de má adesão ao tratamento de anti-inflamatório de ma-
nutenção (BRASIL, 2013a).
Uso do medidor de pico de fluxo expiratório (peak flow)
O início do atendimento ao paciente em crise de asma, nas unidades
que possuem medidor de pico de fluxo expiratório (PFE), possui os seguintes
passos (BRASIL, 2013):
1)	Medir o PFE com o paciente sentado, utilizando o aparelho portátil
peak flow monitor (medidor de pico de fluxo). O resultado deve ser expresso
em percentagem do previsto para sexo, idade e altura.
2)	Administrar as três primeiras doses de β2 de ação rápida, por via
inalatória, espaçadas de 20 minutos. Na vigência de hipoxemia, clinicamen-
te evidenciada por meio de cianose, e dificuldade respiratória, diagnosticada
preferentemente por meio da monitorização pela oximetria de pulso, rea-
lizar suplementação com oxigênio. Não há diferença na eficácia terapêutica
quando os broncodilatadores de ação rápida são administrados por meio de
aerossóis (bombinhas) – especialmente quando acoplados a espaçadores – ou
nebulização (por meio de nebulizadores elétricos ou de fluxômetro de oxigê-
nio) e, por isso, os primeiros são preferenciais pela facilidade e disponibilidade
48SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
de uso. Os espaçadores podem ser artesanais (valvulados ou não valvulados,
como é o caso de garrafas de água mineral).
3)	Reavaliar a resposta ao BD a cada 20 ou 30 minutos (BRASIL, 2013).
Figura 11 - Aparelho Peak Flow.
Quadro 7 - Diretrizes para o cuidado de Enfermagem.
Fonte: HOCKENBERRY, Marilyn J.; WILSON, David. Wong, fundamentos de Enfermagem
pediátrica. 8. ed. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
Verde (80% a 100% do valor pessoal) - todos os sinais
estão claros. A asma está sob controle razoavelmente bom.
Nenhum sinal está presente, e o plano de tratamento de
rotina para manter o controle pode ser seguido.
Amarelo (50% a 79% do melhor valor pessoal) - sinaliza
cautela. A asma não está bem controlada. Uma exacerbação
aguda pode estar presente. A terapia de manutenção pode
precisar ser intensificada. Chame o médico, se a criança
permanecer nessa faixa.
Vermelho (abaixo de 50% do melhor valor pessoal) -
sinaliza um alerta médico. Um estreitamento grave das vias
aéreas pode estar ocorrendo. Um broncadilador de ação
curta deve ser administrado. Notifique o médico se a taxa do
pico de fluxo expiratório não retornar imediatamente e
permanecer na zona amarela ou verde.
Interpretação da taxa do pico
de fluxo expiratório*
*Essas zonas são apenas uma diretriz. As zonas específiacas de manejo
devem ser individualizadas para cada criança.
0,00,20,40,60,81,0
49SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Encaminhamento
A presença de pelo menos um dos seguintes achados abaixo indica a
necessidade de encaminhamento da criança com asma exacerbada para um
hospital:
•	 Asma grave ou muito grave;
•	 Sem resposta ou persistência da taquipneia, apesar de três admi-
nistrações de β2 - agonista dentro de 1 h – 2 h.
•	 Apoio familiar não favorável ao tratamento domiciliar da criança
com quadro agudo.
Seguimento
•	 Todo paciente com quadro de asma deve ser devidamente acom-
panhado pela Equipe de Saúde da Família de forma longitudinal e
integral, para orientações de controle ambiental, manejo domici-
liar das crises mais leves, condicionamento físico, controle de co-
morbidades, orientação familiar, identificação de fatores desen-
cadeantes, uso correto de medicação, dentre outros.
1.9 Febre
Definição
•	 A febre é definida como temperatura axilar acima de 37,2ºC e é um
sinal de alerta. Essa entidade clínica é um dos principais motivos da
ida de crianças ao médico. Febre não é doença em si, por isso aten-
ção: profissionais e familiares devem entender que baixar a tem-
peratura não significa a cura da doença (MURAHOVSCHI, 2003);
•	 A temperatura deve ser controlada com antitérmicos quando
causar desconforto no paciente ou se chegar a 39ºC. Não é ne-
cessário normalizá-la, mas deixá-la em níveis que não alterem o
humor da criança.
50SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Criança febril
•	 Toda criança febril deve ficar em observação atenta até que haja
normalização da temperatura. Devem-se ofertar líquidos em
abundância e alimentá-la regularmente. O ambiente deve ser
ventilado e as roupas, leves. A criança deve estar à vontade no
ambiente. Banhos com água morna podem ajudar a diminuir a
temperatura discretamente, por um curto tempo.
Febre maior que 39,5ºC
•	 Febre maior que 39,5ºC (risco de convulsão), com calafrios, apa-
tia que não melhora com a elevação da temperatura e sonolência
exagerada alternada com irritabilidade. Febre persistente por três
dias ou mais deve ser investigada. Os pais devem estar atentos a
isso. Palidez, cianose peribucal e calafrios significam bacteremia.
Exames complementares
•	 Os exames complementares solicitados são hemograma, VHS,
proteína C reativa; em crianças com menos de 2 anos, urina tipo I
e urocultura (em crianças maiores, apenas se houver queixas es-
pecíficas). Se a febre estiver acompanhada de calafrios, solicita-se
hemocultura (MURAHOVSCHI, 2003).
51SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
OBSERVAÇÃO!
Quadro 8 – Antitérmicos mais utilizados.
Fonte: Adaptado de: BRICKS, Lucia Ferro. Editorial: tratamento da criança com febre. Pediatria, São
Paulo. v. 28, n. 3, p. 155-8. 2006.
Classificar a criança de 0 a 2 meses de idade
•	 Nos quadros abaixo é possível avaliar e classificar a criança de 0
a 2 meses de idade e determinar a presença de doença grave, in-
fecção localizada e sem doença grave ou infecção localizada, de
acordo com as recomendações do Manual AIDPI Neonatal (BRA-
SIL, 2012a).
Paracetamol
(Acetaminofeno)
Dipirona Ibuoprofeno
Faixa etária Desde o nascimento Maior de 3 meses Maior de 6 meses
Vias de administração Oral e retal Oral, retal, IM, IV Oral
Dose 10 a 15 mg/kg 10 - 20 mg/kg 5 - 10 mg/kg
Contraindicações Doença hepática;
Uso concomitante
com drogas
metabolizadas pelo
citocromo p450.
Neutropenia;
Reação prévia de
hipersensibilidade.
Doença péptica;
Alterações plaquetárias;
Asma ou rinite grave;
Doença renal;
Hipertensão arterial;
Reação prévia de hipersensibilidade
ao ibuprofeno ou a outros AINE;
Uso concomitante de outros AINE.
52SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 9 - Doença grave.
DOENÇA GRAVE
Avaliar Classificar Tratamento
Um dos seguintes sinais:
• “Não vai bem”, irritada
DOENÇA
GRAVE
• Referir URGENTEMENTE ao hospital segundo as
normas de estabilização e transporte• Não consegue mamar
• Vomita tudo • Dar a primeira dose via parenteral dos antibióticos
recomendados, exceto em anomalias congênitas
sem exposição de vísceras, icterícia e peso < 2000 g
• Temperatura axilar < 36º ou ≥ 37,5ºC
• Convulsões
• Letargia/inconsciência ou flacidez • Administrar oxigênio se houver cianose central
• Tiragem subcostal grave
• Prevenir, controlar e, se necessário, tratar a
hipoglicemia
• Apneia • Dar acetaminofeno para febre > 38ºC
• Batimentos de asas do nariz • Tratar convulsões
• Gemido, estridor ou sibilância • Prevenir a hipotermia (manter a criança aquecida)
• Cianose central • Recomendar à mãe que continue a amamentação
se possível• Palidez intensa
• Icterícia abaixo do umbigo e/ou de
aparecimento antes de 24 horas de vida
• Manifestações de sangramento:
equimoses, petéquias e/ou hemorragias
• Secreção purulenta do ouvido ou da
conjutiva (abundante e com edema
palpebral) ou do umbigo (com eritema que
se estende para a pele ao redor)
• Distensão abdominal
• Peso < 2000 g
• Frequência respiratória ≥ 60 ou < 30 rpm
• Pústulas ou vesículas na pele (muitas ou
extensas)
• Enchimento capilar lento (> 2 segundos)
•  Anomalias congênitas maiores
53SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 10 - Infecção localizada.
INFECÇÃO LOCALIZADA
AVALIAR CLASSIFICAR TRATAMENTO
Um dos seguintes sinais:
• Secreção purulenta conjutival
• Umbigo com secreção purulenta
e/ou eritema sem estender-se
para a pele ao redor
• Pústulas na pele (poucas
localizadas)
• Placas brancas na boca
SEM DOENÇA GRAVE OU
INFECÇÃO LOCALIZADA
• Dar antibiótico recomendado
por sete dias ou nistatina,
segundo o sinal observado. Se
houver monilíase oral, tratar o
mamilo da mãe
• Aplicar tratamento local
(antibiótico tópico)
• Ensinar a mãe a tratar as
infecções localizadas em casa
• Ensinar à mãe medidas
preventIvas e sinais de perigo
para retorno imediato
• Aconselhar a mãe a prosseguir
com o aleitamento materno
exclusivo
• Fazer o seguimento após
dois dias
Quadro 11 - Sem doença grave ou infecção localizada.
SEM DOENÇA GRAVE OU INFECÇÃO LOCALIZADA
AVALIAR CLASSIFICAR TRATAMENTO
Se não houver nenhum dos sinais
anteriores
SEM DOENÇA GRAVE OU
INFECÇÃO LOCALIZADA
• Aconselhar a mãe a prosseguir
com o aleitamento materno
exclusivo
• Nenhum tratamento adicional
• Ensinar à mãe medidas
preventIvas e os sinais de
perigo para retorno imediato
• Orientar a mãe quanto ao
retorno para nova consulta
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual AIDPI neonatal. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2012a. 228 p. (Série A. Normas e manuais técnicos). Disponível em: < http://goo.gl/
ewRGFX>.
54SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
ü	Condutas de Enfermagem
Durante a consulta de Enfermagem, o enfermeiro deve estar atento
para avaliar os sinais que a criança apresenta. Abaixo podemos verificar as
condutas que devem ser executadas:
Figura 12 - Atendimento à criança com febre.
Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na
Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil,
2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/AzHuSU>.
Não Sim
Se tem tido febre todos os dias por mais de sete dias
Consulta médica
Paracetamol gotas 200 mg/ml Dipirona gotas 500 mg/ml
1 gota/kg/dose 1 gota/2kg/dose
2 a 11 meses (6 - 9 Kg) 6 a 9 3 a 5
1 a 2 anos (10 - 14 kg) 10 a 14 5 a 7
3 a 4 anos (15 - 19 kg) 15 a 19 8 a 10
Idade ou peso
Paracetamol ou dipirona 10 mg/kg/dose
Avaliar:
1. Febre > 38°C.
2. Sinais gerais de perigo
3. Rigidez de nuca
4. Petéquias
5. Abaulamento da fontanela
Conduta:
- Antitérmico (PARACETAMOL e/ou DIPIRONA)
- Orientação sobre quando voltar imediatamente
(qualquer sinal geral de perigo ou piora do quadro)
- Seguimento em dois dias se a febre persistir
Consulta de Enfermagem
55SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
IMPORTANTE!
Veja as situações em que a manifestação da febre em crianças obriga-
toriamente devem ser avaliadas laboratorialmente:
•	 Idade menor de 3 meses;
•	 Temperatura axilar maior que 39,5°C;
•	 Fatores de risco para doença infecciosa grave (corticoterapia,
imunodepressão, desnutrição, doença crônica debilitante);
•	 Lactentes com foco infeccioso definido de doença, mas com qua-
dro clínico severo;
•	 Escore pela escala de observação clínica de Yale > 10.
SAIBA MAIS!
•	 Para mais informações sobre o AIDPI, acesse:
http://goo.gl/x1Uzi1.
•	 Para mais informações sobre o Escore de Yale, acesse:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/.
1.10 Infecção do trato urinário
Características:
•	 As infecções do trato urinário (ITU) acometem principalmente
meninas, exceto no primeiro mês de vida, quando os meninos
são os mais acometidos. Essa infecção prevalece nos primeiros
anos de vida e tem seu pico máximo por volta dos 2 ou 3 anos de
vida (quando se dá o controle esfincteriano) (HEILBERG; SCHOR,
2003); 
•	 Acredita-se que a estrutura do trato urinário inferior contribui
para a incidência aumentada de bacteriúria no sexo feminino.
56SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Etiologia
•	 Os principais agentes etiológicos da ITU são a Escherichia coli em
crianças sexo do feminino e Proteus sp em crianças do sexo mas-
culino (colonização do prepúcio).
Quadro clínico
•	 O quadro clínico da infecção do trato urinário baixo (cistite)
apresenta disúria, polaciúria, nictúria, tenesmo vesical, urgência
miccional, retenção ou incontinência urinária, com ou sem febre.
A infecção do trato urinário alto (pielonefrite) inicia-se com sin-
tomatologia de cistite, habitualmente evolui com febre (> 38°C),
calafrios e dor lombar (sinal de Giordano positivo), comprometi-
mento do estado geral e êmese;
•	 Mesmo quando não há febre, os sintomas de disúria e polaciúria
devem ser valorizados para o diagnóstico de ITU. O aspecto da
urina tem de ser observado: urina turva indica piúria e averme-
lhada indica presença de sangue, causada por cálculo ou pelo pro-
cesso inflamatório;
•	 Nas crianças, a apresentação clínica é variada, dependendo da
idade, conforme quadro a seguir:
57SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 12 - Apresentação clínica dos quadros de ITU por grupo etário.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume
II). Disponível em: < http://goo.gl/X7q1yE.
Tratamento ambulatorial
•	 O tratamento ambulatorial é feito quando não se tem as seguin-
tes situações: ITU em recém-nascidos, pielonefrite grave (irrita-
bilidade, letargia, desidratação, anorexia, vômitos) e persistência
dos sintomas após 48 horas de antibiótico adequado (falha tera-
pêutica) – nesses casos, o paciente deve ser referenciado à uni-
dade hospitar.
Sinais e sintomas sistêmicos, indistinguíveis da sepse: febre sem foco,
hipotermia, intolerância alimentar (vômitos, distenção abdominal),
inapetência, apneia, hipóxia, bradicardia, letargia, taquipneia e icterícia.
Difícil difenciar cistite e pielonefrite nessa idade. Apresenta febre, vômito,
crescimento insuficiente, dor no flanco, abdômen ou região suprapúbica,
irritabilidade, incontinência urinária, hepato ou esplenomegalia.
Sinais e sintomas podem ter características semelhantes às dos lactentes
ou dos escolares e adolescentes.
- Disúria, urgência miccional, polaciúria, enurese, incontinência urinária;
- Dor abdominal, no flanco ou na região suprapúbica;
- Febre;
- Vômitos.
Quadro clínicoFaixa etária
Neonato
(menor que
30 dias)
Lactente
(1 mês a 2 anos)
Pré-escolar
(2 a 4 anos)
Escolar
(5 a 8 anos)
Adolescente
(9 a 18 anos)
58SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 13 - Tratamento farmacológico de ITU em crianças.
Crianças Sulfametoxazol/trimetropim 40/8 mg/kg/dia por dez dias
Cefalexina 30 mg - 50 mg/kg/dia por dez dias
Amoxacilina 30 mg - 50 mg/kg/dia por dez dias
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28,
Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/v0pn7p.
Refluxo vesicoureteral
O refluxo vesicoureteral é presente em 1% das crianças desde o nasci-
mento por anomalia no trato urinário. Dessa forma, deve ser investigado no 1º
episódio de pielonefrite com ultrassonografia e cintilografia e, se houver alte-
ração, deve-se realizar uretrocistografia miccional; a partir do 2º episódio de
pielonefrite, a investigação é feita somente com uretrocistografia miccional.
IMPORTANTE!
	 Verifique as possibilidades de encaminhamento para o especialista
em sua região de atuação quando da suspeita de refluxo vesicouretral.
ü	Condutas de Enfermagem
O enfermeiro deve avaliar a presença dos sinais e sintomas, identifi-
cando os fatores contribuintes para reduzir o risco de recorrência, prevenir
disseminação sistêmica da infecção e preservar a função renal.
Devemos orientar os pais em relação à importância da ingesta de lí-
quidos e em relação ao uso de fraldas por muito tempo (HOCKENBERRY; WIL-
SON, 2011).
59SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
1.11 Convulsões
Características
•	 Define-se convulsão como crise que pressupõe atividade muscu-
lar que pode ser tônica, clônica ou tônico-clônica; 
•	 Quando as crises não apresentam manifestações motoras, não
são chamadas crises convulsIvas, podendo ser neurovegetatIvas,
sensitIvas ou sensoriais, dependendo da porção do cérebro onde
ocorre a disfunção;
•	 Geralmente acompanhando o quadro motor, ocorre a perda da
consciência e, por dificuldade na manutenção de uma respiração
adequada, a criança pode apresentar cianose labial e nas extremi-
dades. Por alteração da motricidade ocular, os olhos apresentam
movimentos involuntários para cima e dilatação pupilar, além de
salivação durante o evento;
•	 Basicamente observam-se dois tipos de convulsão: a que ocorre
durante uma crise epiléptica, denominada de crise convulsiva, e
as que ocorrem durante um quadro de síncope prolongado por
falta de oxigenação ou por isquemia cerebral, denominadas sín-
copes convulsIvas.
A crise epilética
•	 Uma crise epilética é um evento paroxístico causado por descar-
gas anormais, excessIvas e hipersincrônicas de um agregado de
neurônios do sistema nervoso central (SNC), podendo ter várias
manifestações, desde uma atividade convulsiva dramática até
fenômenos da experiência não facilmente discerníveis por um
observador;
•	 De 5% a 10% da população apresentará pelo menos uma crise
epilética, sendo as maiores incidências verificadas no início da in-
fância e na idade adulta avançada (BRASIL, 2013a).
60SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Tipos de convulsão
Pela análise do fenômeno convulsivo em si é muito difícil a distinção
entre os dois tipos de convulsão, uma vez que podemos encontrar as mesmas
manifestações clínicas em várias patologias.
Causas das crises epiléticas
•	 As crises epiléticas resultam de um desvio do equilíbrio normal
entre excitação e inibição no sistema nervoso central (SNC). Ten-
do em vista as numerosas propriedades que controlam a estabili-
dade neuronal, não causa surpresa o fato de existirem muitas for-
mas diferentes de perturbar esse equilíbrio normal e, portanto,
muitas causas diferentes para as crises epiléticas (BRASIL, 2013a).
Quadro 14 - Causas de crises epiléticas em RN, lactentes e crianças.
Recém-nascidos (menos
de 1 mês)
Hipóxia e isquemia perinatais.
Hemorragia e traumatismos cranianos.
Infecção aguda do SNC.
Distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipocalcemia,
hipomagnesemia, deficiência de piridoxina).
Abstinência de drogas.
Distúrbios de desenvolvimento.
Distúrbios genéticos.
Lactentes e crianças (de 1
mês a 12 anos de idade)
Convulsões febris.
Distúrbios genéticos (síndromes metabólicas, degeneratIvas, de
epilepsia primária).
Infecção do SNC.
Distúrbios do desenvolvimento.
Traumatismo.
Idiopáticas.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume
II). Disponível em: < http://goo.gl/8cTmBP.
61SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Anamnese e exame físico
•	 O detalhamento da semiologia das crises é o primeiro e decisivo
passo no estabelecimento da estratégia inicial de investigação
complementar. Deve-se obter a história clínica do paciente e de
um acompanhante que já tenha presenciado as crises, processo
que exige tempo, paciência e habilidade.
•	 O detalhamento da “aura” é o ponto-chave nesta fase.
•	 O Ministério da Saúde recomenda (BRASIL, 2013a):
a)	 Quando a crise evolui para generalização motora, o evento motor
é, naturalmente, muito mais impactante para o paciente e observadores do
que as alterações (sinais ou sintomas) ocorridas imediatamente antes. Deve-
se explicitar essa situação em consulta;
b)	Relembrar detalhadamente algum episódio ictal recente;
c)	 Supor que uma crise irá ocorrer durante a consulta, perguntando se
teria tempo de avisar o evento e o que sentiria;
d)	Apresentar, inicialmente, perguntas mais gerais. Em um segundo
momento, realizar perguntas mais direcionadas, sugerindo sintomas.
•	 O exame físico geral deve incluir pesquisa de sinais de infecção ou
enfermidade sistêmica.
•	 Deve-se também perguntar sobre histórias de traumatismo cra-
niano e uso de álcool e/ou drogas ilícitas. A ausculta cardíaca e das
artérias carótidas pode evidenciar anormalidade que predispo-
nha a doença vascular cerebral.
•	 Todos os pacientes com quadro epilético necessitam de exame
neurológico completo, incluindo a avaliação do estado mental.
Diagnóstico
Para o diagnóstico correto é necessária a análise das circunstâncias em
que o evento ocorreu, sintomas prodrômicos e recuperação após o evento.
•	 Síncope: de maneira geral, na síncope a perda da consciência é
62SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
breve e súbita. Muitas vezes o indivíduo sente que vai desmaiar e
a recuperação após o desmaio é rápida, voltando ao estado nor-
mal em curto espaço de tempo;
•	 Na crise convulsiva, a perda da consciência é demorada, geral-
mente durante alguns minutos. Não há pródomos e a recupera-
ção após a crise é lenta; a criança somente volta ao estado normal
após algumas horas;
•	 Vasovagal: a forma mais comum de síncope na criança é a deno-
minada vasovagal, desencadeada pelo reflexo vasovagal como
resposta a fatores emocionais (sensação de medo, visão de san-
gue e injeções). Este reflexo provoca uma bradicardia, com dimi-
nuição do fluxo sanguíneo cerebral. A síncope também pode ser
desencadeada por alteração do ritmo cardíaco, como nas arrit-
mias ou durante um processo febril;
•	 Perda de fôlego: é um tipo de síncope geralmente desencadea-
da por choro associado à frustração, raiva, medo ou dor e pode
apresentar manifestação de palidez ou de cianose, dependendo
do mecanismo predominantemente envolvido. Independe do fa-
tor etiológico, se a síncope demorar mais de 30 segundos, pode
ocorrer manifestações convulsivas.
Crise convulsiva x epilepsia
•	 Nem toda criança que apresenta uma crise convulsiva é epilética.
A crise convulsiva pode ser uma manifestação da epilepsia, mas
outros fatores podem provocá-la, como uma condição tóxico-
metabólica (hipoglicemia, alteração de magnésio, sódio) ou um
estado febril;
•	 A convulsão febril é um quadro comum na infância, geralmente
definida pelos seguintes critérios:
63SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 13 – Convulsão febril.
Convulsão associada ao aumento da temperatura (maior que 38ºC).
Criança entre 6 meses e 6 anos de idade.
Ausência de infecção ou inflamação no sistema nervoso central.
Ausência de anormalidade metabólica que reduz convulsões.
Ausência de história de convulsão febril.
Neste caso, boa anamnese e bom exame físico e clínico, com informações sobre
início, evolução, medidas de temperatura, sintomas associados e contexto famíliar.
Fonte: UNA-SUS/UFMA. 2014.
Podemos agrupar as crises convulsIvas que não obrigam o diagnósti-
co de epilepsia como as que ocorrem na vigência de um distúrbio metabólico
agudo ou as crises convulsIvas febris. Por outro lado, existem as crises convul-
sIvas que consistem em manifestação de um quadro epilético.
Diagnóstico sindrômico
•	 Características semiológicas das crises, idade da criança, exame
físico e circunstâncias em que ocorreram, possibilitam o diagnós-
tico sindrômico, que será fundamental para a determinação do
prognóstico, da necessidade ou não de tratamento medicamen-
64SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
toso e da necessidade ou não de exames subsidiários para com-
plementar o diagnóstico.
Vejamos abaixo recomendações a respeito de condutas médicas dian-
te de quadros de convulsão:
Tratamento
•	 De um modo geral, as epilepsias idiopáticas com crises de início
generalizado respondem bem ao tratamento medicamentoso. O
valproato e o divalproato são as drogas de primeira escolha e as
doses variam de 20 a 60 mg/kg/dia, divididas em duas ou três
tomadas.
Efeitos colaterais
•	 Algumas crianças podem apresentar efeitos colaterais como in-
tolerância gástrica, ganho excessivo de peso, queda de cabelos e
tremores. Efeitos colaterais mais graves têm sido relatados, como
falência hepática e pancreatite, embora sejam raros.
Benzodiazepínicos
•	 Benzodiazepínicos, como o clonazepan e o clobazam, também
podem ser usados, assim como a lamotrigina. O fenobarbital,
apesar de ser uma medicação excelente para as crises convulsI-
vas, pode não ter efeito nas crises de ausência e na epilepsia mio-
clônica juvenil.
Sinais de alarme
Abaixo seguem os sinais de alarme que indicam encaminhamento: 
•	 Recém-nascido: qualquer RN febril até 28 dias;
•	 Bebê de 1 a 3 meses nas seguintes condições: mau estado geral,
pais ou responsáveis não inspiram confiança ou não concordam
com plano terapêutico, não há garantia de retorno de 24 horas,
65SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
pais com acesso rápido ao serviço de saúde no caso de uma piora
do quadro;
•	 Sinais de toxemia em qualquer faixa etária: com temperatura nor-
malizada, a criança apresenta quedas significatIvas do estado ge-
ral, irritabilidade, hipoatividade, alterações no nível de consciên-
cia, alterações do padrão respiratório, hipotensão, taquicardia e
sinais de má perfusão periférica.
ü	Condutas de Enfermagem
•	 Garantir permeabilidade de vias aéreas, posicionando adequa-
damente a criança e aspirando as vias aéreas; fornecer oxigênio
e, em caso de apneia muito prolongada, iniciar a ventilação com
pressão positiva; e providenciar um acesso venoso, para adminis-
tração das drogas anticonvulsionantes (OLIVEIRA, 2005);
•	 Para melhor assistir o paciente, deverá este ser posicionado em
decúbito elevado, devendo toda a equipe atentar ao fato de que
a elevação não é só do leito e sim de todo o tronco do paciente,
garantindo que fique com o tórax na região de angulação do leito,
e não dobrado de forma desconfortável (FERNANDES; FERNAN-
DES, 2008).
LEMBRETE!
O enfermeiro da equipe de atenção primária, que atua nas equipes
de Saúde da Família, desenvolve seu trabalho tanto no âmbito da unidade de
saúde quanto na comunidade. Entre as suas atribuições estão a realização de
assistência integral às pessoas e familiares na unidade de saúde desde o aco-
lhimento com classificação do risco para os cuidados primários a consulta de
Enfermagem, bem como, e quando necessário, ações no domicílio por meio
da visita domiciliar e/ou em outros espaços comunitários para promoção da
saúde, prevenção de agravos e vigilância em saúde.
66SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
A consulta de Enfermagem deve estar baseada em suporte teórico
que oriente e ampare cada uma das seguintes etapas:
•	 Coleta de dados de Enfermagem (histórico de Enfermagem);
•	 Diagnóstico de Enfermagem;
•	 Planejamento de Enfermagem;
•	 Implementação (realização das ações);
•	 Avaliação de Enfermagem (RIO DE JANEIRO, 2012).
IMPORTANTE!
A prescrição de medicamentos e a solicitação de exames poderão ser
desenvolvidas durante o processo, de acordo com a necessidade, desde que
incluídas na assistência integral à saúde do indivíduo, respeitando o Art. 11, pa-
rágrafo II da Lei nº 7.498/86, que determina a “prescrição de medicamentos
estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela ins-
tituição de saúde”.
Nesta unidade foram abordados temas de grande relevância para os
profissionais da Atenção Básica na abordagem da saúde da criança, pois se
tratam das principais causas de procura às unidades de saúde, com foco na
assistência de Enfermagem.
No dia a dia de trabalho é importante diferenciar um resfriado comum
de uma pneumonia, classificar a gravidade dessa doença e quando será neces-
Considerações finais
67SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
sário referenciar o usuário; identificar, ainda, uma otite média e quando pres-
crever o antibiótico. Isso poderá evitar sobremaneira o agravamento dessas
situações.
Além disso, deverá saber manejar um paciente asmático ou com infec-
ção do trato urinário. É importante também ficar alerta para o paciente que
apresente somente febre como sintoma, a fim de evitar as crises convulsIvas
febris.
No entanto, é importante ainda você conhecer não só as condu-
tas clínicas e manejo para cada caso, mas conhecer o funcionamento dos
serviços de saúde, atuar em rede e de forma integrada com toda a equipe
de saúde, o que poderá garantir o sucesso de todas as condutas clínicas
propostas.
68SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde
da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2012b. 272 p. (Cadernos de Atenção Básica, nº 33). Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_
desenvolvimento.pdf. Acesso em: 15 jul. 2014.
_____. _____. _____. Manual AIDPI neonatal. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2012a. 228 p. (Série A. Normas e manuais técnicos). Disponível
em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_aidpi_
neonatal_3ed_2012.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014.
_____. _____. _____. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais
comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p.
(Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_demanda_espontanea_
queixas_comuns.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2014.
_____. _____. _____. Diretrizes para o enfrentamento à pandemia de
influenza: ações da Atenção Primária à Saúde. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2009. Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/docs/geral/h1n1_
acoes_aps.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014.
_____. _____. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de tratamento de
influenza 2013. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013b. 18 p. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_
influenza_2013.pdf. Acesso em: 18 jul. 2014.
69SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
BRICKS, Lucia Ferro. Editorial: tratamento da criança com febre. Pediatria,
São Paulo. v. 28, n. 3, p. 155-8. 2006.
Cober, M. P.; Johnson C. E. Otitis media: review of the 2004 treatment
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Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16174784. Acesso em:
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DEMATHÉ, Thiago. infecções de vias aéreas superiores. 2014. Disponível
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SOUZA, Dayse Maria Moraes e (Org.). A prática diária na estratégia Saúde
da Família. Juiz de Fora: UFJF, 2011. 462 p.
WONG, Donna L. et al. Whaley & Wong Enfermagem pediátrica:
elementos essenciais à intervenção efetiva. 5. ed. Tradução de Cláudia
Lúcia Caetano de Araújo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 1118 p.

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Doenças respiratórias e febre na infância

  • 1. 1SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA módulo 6 • UNIDADE 3 SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
  • 2. São Luís 2014 módulo 6 • UNIDADE 3 SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
  • 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Reitor – Natalino Salgado Filho Vice-Reitor – Antonio José Silva Oliveira Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – Fernando de Carvalho Silva CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - UFMA Diretora – Nair Portela Silva Coutinho COMITÊ GESTOR - UNA-SUS/UFMA Coordenação Geral - Ana Emília Figueiredo de Oliveira Coordenação Pedagógica - Deborah de Castro e Lima Baesse Coordenação de Tecnologias e Hipermídias - Rômulo Martins França Gerente Administrativo - Eurides Florindo de Castro Junior
  • 4. Copyright © UFMA/UNA-SUS, 2014 Todos os direitos reservados à Universidade Federal do Maranhão Universidade Federal do Maranhão - UFMA Universidade Aberta do SUS - UNA-SUS Rua Viana Vaz, nº 41, Centro, São Luís Site: www.unasus.ufma.br Normalização Bibliotecária Eudes Garcez de Souza Silva (CRB 13ª Região nº de Registro – 453) Revisão técnica Aracy Santos Claudio Vanucci Silva de Freitas Edison José Corrêa Estela Aparecida Oliveira Vieira Judith Rafaelle Oliveira Pinho Karoline Corrêa Trindade Paola Trindade Garcia REVISÃO ORTOGRÁFICA Fábio Alex Matos Santos João Carlos Raposo Moreira Revisão Didático-Pedagógica Deborah de Castro e Lima Baesse Paola Trindade Garcia Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA A Saúde da criança e a Saúde da Família: doenças prevalentes na infância/Ednei Costa Maia; Fabrício Silva Pessoa; Walquíria Lemos Soares (Org.). - São Luís, 2014. 71f. : il. 1. Saúde da criança. 2. Doenças prevalentes. 3. Atenção primária à saúde. 4. UNA-SUS/UFMA. I. Santos, Aracy. II. Freitas, Claudio Vanucci Silva de. III. Corrêa, Edison José. IV. Vieira, Estela Aparecida Oliveira. V. Pinho, Judith Rafaelle Oliveira. VI. Trindade, Karoline Corrêa. VII. Garcia, Paola Trindade. VIII. Título. CDU 613.9-053.2
  • 5. APRESENTAÇÃO O objetivo desta unidade é identificar sinais, sintomas, manejo clínico de doenças respiratórias, infecções do trato urinário (ITU) e convulsões, além de analisar o contexto da febre como indicador de patologias infantis e as condutas de Enfermagem. Nesta unidade, você irá encontrar abordagens sobre o diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias infantis como resfriado comum, rinossinusite aguda, otite média aguda, faringoamigdalite aguda, pneumonia, influenza e asma. A febre, por ser um sinal de alerta para várias doenças, terá uma abordagem em relação a condutas de Enfermagem para diversas situações. Além disso, apresentam-se as principais indicações de manejo clínico para situações de infecção do trato urinário e convulsões em crianças. Bons estudos!
  • 6. SUMÁRIO UNIDADE 3...................................................................................7 1 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRA)...............................7 1.1 Resfriado comum........................................................................9 1.2 Rinossinusite aguda (RSA)..........................................................12 1.2.1 Sinais sugestivos de rinossinusite bacteriana....................................... 14 1.3 Faringoamigdalite aguda...........................................................17 1.4 Otite média aguda (OMA)...........................................................22 1.5 Adenoidite...................................................................................28 1.6 Pneumonia...................................................................................29 1.7 Influenza......................................................................................34 1.8 Asma.............................................................................................40 1.9 Febre............................................................................................49 1.10 Infecção do trato urinário...........................................................55 1.11 Convulsões...................................................................................59 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 68
  • 7. 7SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA UNIDADE 3 1 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRA) A incidência de IRA em crianças é semelhante em países ricos e po- bres, com média de quatro a seis episódios por ano por criança. Destes, ape- nas de 2% a 3% evoluem para pneumonia (FONSECA, 2012). As queixas respiratórias são bastante frequentes no ambulatório de saúde da criança nas UBS. Dessa forma, as equipes de saúde devem estar capacitadas para prestar uma atenção qualificada e evitar possíveis complica- ções desse quadro. As IRA são classificadas em infecções das vias aéreas superiores (Ivas) e infecções das vias aéreas inferiores (Ivai). Acompanhe abaixo a classificação: Figura 1 - Classificação Ivas (infecções das vias aéreas superiores). Fonte: FONSECA, Eliane Maria Garcez Oliveira da. Medicina ambulatorial: pediatria. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012. (Série SOPERJ). Ivas Resfriado comum Sinusite aguda Amigdalite Laringites Traqueite
  • 8. 8SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Figura 2 - Vias aéreas superiores. Fonte: DEMATHÉ, Thiago. Infecções de vias aéreas superiores. 2014. Disponível em: http://www.tiothiago.com/2014/01/infeccoes-de-vias-aereas-superiores.html. Figura 3 - Classificação Ivai (infecções das vias aéreas inferiores). Fonte: FONSECA, Eliane Maria Garcez Oliveira da. Medicina ambulatorial: pediatria. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012. (Série SOPERJ). Seio frontal Fossas nasais Faringe Amígdala Laringe Vias aérias superiores IVAI Bronquites Bronquiolites Pneumonia Influenza
  • 9. 9SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Figura 4 - Vias aéreas inferiores. Fonte: SISTEMA respiratório: como funciona. 2013. Disponível em: < http://goo.gl/I7bNTZ>. 1.1 Resfriado comum Certamente é uma das queixas principais das mães no ambulatório de saúde da criança. As crianças costumamapresentarentreseiseoitoresfriadosporano nos primeiros cinco anos de vida, e até 15% das crianças têm cerca de 12 episódios anuais (FONSECA, 2012). Definição • Infecção viral autolimitada da mucosa do trato respiratório que se manifesta com rinorreia e obstrução nasal. Etiologia • Vários vírus podem estar envolvidos na etiologia do resfriado. O principal é o rinovírus. Traqueia Pulmão direito Brônquio direito Pulmão esquerdo Brônquio esquerdo Brônquilos Bronquíolos terminais Alvéolos
  • 10. 10SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Manifestação clínica • Os resfriados são quadros caracterizados por início com manifes- tações de Ivas, como coriza, espirros e congestão nasal, que cos- tumam evoluir com tosse pouco produtiva, febre em geral baixa ou moderada, dores musculares, astenia e anorexia. Tratamento • Ingestão de líquidos; • Soro fisiológico nasal; • Antitérmicos e analgésicos: ü Paracetamol: até os 12 anos, 10 a 15 mg/kg a cada seis horas; Acima de 12 anos, 325 a 500 mg a cada seis horas; ü Ibuprofeno: 40 mg/kg, três vezes por dia. OBSERVAÇÃO Atenção especial deve ser dada em relação à possibilidade de apare- cimento de sinais de gravidade (dispneia, tiragem subcostal, prostração ou recusa à ingestão de líquidos em lactentes com menos de 2 meses).
  • 11. 11SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Cuidados de Enfermagem Durante a consulta de Enfermagem, o enfermeiro deve estar atento para os sinais e sintomas de perigo, como mostra o fluxograma abaixo: Figura 5 – Atendimento da criança com doença respiratória. Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/xgYy6X>. Para melhorar a permeabilidade das vias aéreas, a remoção das secre- ções é importante porque, quando retidas, interferem nas trocas gasosas. O enfermeiro deve atuar removendo essas secreções retidas no trato respirató- Não Sim Tosse e/ou dificuldade para respirar Consulta com enfermeiro Consulta com médico Avaliar sinais e sintomas de perigo 1. Febre > 38ºC; 2. História pregressa de asma ou “bronquite”; 3. Frequência respiratória elevada*. 1. Informe à mãe sobre quando retornar imediatamente: qualquer sinal geral de perigo, piora do estado geral, aparecimento ou piora da febre ou dificuldade para respirar e respiração rápida; 2. Se estiver tossindo há mais de três semanas, encaminhe para avaliação; 3. Em menores de 6 meses: aumentar a oferta de leite materno; 4. Em maiores de 6 meses: aumentar a oferta de líquidos; 5. Seguimento em cinco dias se não melhorar. 1. Informe a mãe sobre quando retornar imediatamente: Qualquer sinal de perigo, piora do estado geral, aparecimento ou piora da febre ou dificuldade para respirar e respiração rápida; 2. Se estiver tossindo há mais de três semanas, encaminhe para avaliação médica; 3. Em crianças menores de 6 meses: aumentar a oferta de leite materno; 4. Em crianças maiores de 6 meses: aumentar a oferta de liquidos; 5. Prescrever fitoterápico disponível nas unidades de atenção primária conforme opção de tratamento; 6. Seguimento em cinco dias se não melhorar. Idade Definição de respiração rápida 2 a < 12 meses 50 ou mais por minuto. 1 a < 5 anos 40 ou mais por minuto. > 5 anos 30 ou mais por minuto.
  • 12. 12SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA rio da criança, sob seus cuidados, acometida por algum problema de obstru- ção aérea, no sentido de tornar mais fácil a passagem de ar e promover a troca gasosa (SMELTZER; BARE, 2002). Por outro lado, o posicionamento adequado da criança melhora a ex- pansibilidade pulmonar. A criança exibirá a função respiratória normal quando for posicionada de modo a permitir uma expansão pulmonar máxima, elevan- do a cabeceira em 30 graus. É essencial informar que a criança deve manter uma ingestão adequa- da de líquidos, para prevenir desidratação. Embora o apetite da criança ge- ralmente diminua, é importante oferecer os líquidos favoritos para prevenir a desidratação. O apoio e a confiança são importantes elementos de cuidado para a família. Como as Ivas são frequentes em crianças, os familiares podem achar que estão em uma infindável montanha-russa de doenças (MARTINS, 2004; HOCKENBERRY; WILSON, 2011). 1.2 Rinossinusite aguda (RSA) Definição • Inflamação das cavidades paranasais, que pode ser causada por infecções ou processo alérgico. É comum na infância em consequência de resfriados, daí o termo rinossinusite aguda (FONSECA, 2012). Etiologia • Os agentes etiológicos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Os micro-organismos Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus e Streptococcus beta hemolítico do grupo A ocorrem em menor incidência (BRASIL, 2013).
  • 13. 13SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Características • A rinossinusite aguda (RSA) caracteriza-se por início repentino de dois sintomas: congestão ou descarga nasal, pressão ou dor facial e comprometimento do olfato (hiposmia ou anosmia). • Os sintomas em crianças, em especial lactentes e pré-escolares, são menos específicos. Em crianças pequenas, os seios parana- sais mais acometidos são os maxilares e os etmoidais. Esses seios estão presentes ao nascimento. Os seios esfenoidais se formam por volta dos 5 anos e os frontais por volta de 7 a 8 anos. A sinusi- te de seios frontais é incomum em menores de 10 anos. Manifestação clínica • O início é súbito, com rinorreia hialina ou mucoide, obstrução na- sal, espirros e irritação na garganta. Tosse e febre podem ocorrer. Embora a febre não seja sintoma predominante em crianças nem em adultos, quando ocorre costuma ser baixa, mas eventual- mente pode ser alta, mesmo quando não há infecção bacteriana secundária. O nariz, a orofaringe e as membranas timpânicas po- dem ficar hiperemiados. Depois dos primeiros dias, é comum a secreção nasal ficar mais espessa e esverdeada, em decorrência da destruição de células epiteliais e de neutrófilos. Diagnóstico • É fundamental que haja diferenciação entre quadros virais de bacterianos, para isso é importante analisar o tempo de evolu- ção e a gravidade do quadro. O diagnóstico habitualmente é clí- nico, sem necessidade de exames complementares. Nas RSA, a radiografia de seios da face e a tomografia computadorizada (TC) devem ser solicitadas quando se suspeita de complicações. • A interpretação da radiografia de seios da face é difícil em crian-
  • 14. 14SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA ças, pois os seios paranasais ainda podem não estar pneumatiza- dos. Na sinusite crônica podem ser valorizados espessamento da mucosa ≥ 4 mm, presença de nível hidroaéreo ou opacificação completa (FONSECA, 2012). IMPORTANTE! Caso haja necessidade de exames complementares para um diagnós- tico, verifique inicialmente na rede de atenção à saúde local o serviço de refe- rência para realização de exames específicos. 1.2.1 Sinais sugestivos de rinossinusite bacteriana • A infecção bacteriana deve ser suspeitada quando os sintomas persistem após dez a 14 dias, momento em que já se esperaria regressão da clínica em um quadro viral, ou quando os sintomas pioram após o quinto dia de evolução. Tanto em adultos quanto em crianças, os agentes etiológicos mais comuns são o Strepto- coccus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Os micro-organis- mos Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus e Streptococ- cus beta hemolítico do grupo A ocorrem em menor incidência (BRASIL, 2013). Gravidade dos sinais e sintomas Quanto à gravidade dos sinais e sintomas, a sinusite bacteriana aguda pode ser classificada em leve, moderada e grave. • Leve a moderada: ü Rinorreia (em qualquer quantidade); ü Congestão nasal; ü Tosse; ü Cefaleia, dor facial e irritabilidade (variável); ü Febre baixa ou ausência de febre.
  • 15. 15SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Grave: ü Rinorreia purulenta; ü Congestão nasal; ü Dor facial ou cefaleia; ü Edema periorbitário (variável); ü Febre alta (temperatura axilar ≥ 39ºC). Tratamento • Segundo as Diretrizes Brasileiras de Rinossinusite (2008), exis- tem sete antibióticos para o tratamento da rinossinusite aguda, divididos entre uso adulto e infantil. Os de uso infantil são: ü Amoxicilina (45 – 90 mg/kg/dia); ü Amoxicilina + inibidor de betalactamase (45 - 90 mg / 6,4 mg/kg/dia); ü Cefalosporinas de 2ª geração (15 - 30 mg/kg/dia); ü Macrolídeos; ü Azitromicina (10 - 15 mg/kg/dia, 1 ou 2 x/dia); ü Sulfametaxazol + trimetoprima (30 mg/kg + 6 mg/kg/dia); ü Ceftriaxone (50 mg/kg/dia, cinco dias). ü Condutas de Enfermagem As condutas de Enfermagem são direcionadas para a facilitação da drenagem. O enfermeiro deve instruir o paciente sobre os métodos para pro- mover a drenagem, como a inalação, aumento da ingesta de líquidos e aplica- ção de compressas úmidas quentes. Além de realizar a prescrição médica, o enfermeiro deve ensinar o pa- ciente a utilizar os medicamentos prescritos pelo médico. O profissional de Enfermagem deve explicar ao paciente que febre, cefaleia e rigidez na nuca são sinais potenciais de complicações, e ele deve procurar cuidado adicional.
  • 16. 16SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Sempre deve haver orientação ao paciente e à família sobre a impor- tância do tratamento medicamentoso, que é de fundamental importância. Complicações • As complicações das rinossinusites se classificam em: o Orbitárias (celulite orbitária difusa, abcesso subperósteo e abcesso orbitário); o Intracranianas (meningite, abcesso sub e extradural, abcesso cerebral e tromboflebite do seio cavernoso); o Ósseas (osteomielite dos ossos do crânio). OBSERVAÇÃO Crianças, em especial lactentes e pré-escolares, têm sintomas menos específicos. Em crianças pequenas, os seios paranasais mais acometidos são os maxilares e os etmoidais. Esses seios estão presentes ao nascimento. Os seios esfenoidais se formam por volta dos 5 anos e os frontais por volta de 7 a 8 anos. A sinusite de seios frontais é incomum em menores de 10 anos. Quando encaminhar • Os pacientes com complicações graves devem ser prontamente en- caminhados a serviços de urgência ou de referência. Aqueles com complica- ções leves, com rinossinusite crônica recidivante ou falha clínica terapêutica, devem ser encaminhados ao especialista. IMPORTANTE! O encaminhamento ao especialista deve ser feito de forma conscien- te. Verifique na rede assistencial de saúde local em qual serviço de saúde cons- ta esse atendimento e como é feito o agendamento. É sua responsabilidade orientar o usuário do serviço.
  • 17. 17SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA 1.3 Faringoamigdalite aguda É uma infecção aguda da orofaringe. Manifesta-se após os 3 três anos de idade, no fim do outono, inverno e primavera, tendo como período de incu- bação de dois a cinco dias. A infecção das amígdalas decorre da invasão de agentes infecciosos, em sua maioria vírus e bactérias, que penetram as vias aéreas superiores e co- lonizam o tecido amigdalino. Os agentes bacterianos (em especial estreptococos) podem invadir e colonizar o tecido amigdalino, que conjuntamente com a resposta imunológi- ca produzem a presença de pus nas amígdalas palatinas. Os agentes virais podem invadir e colonizar o tecido amigdalino po- dendo produzir, juntamente com a resposta imunológica, um pontilhado he- morrágico nas amígdalas palatinas. Etiologia A faringite infecciosa aguda é a principal causa de dor de garganta e mais de 50% das faringites são de etiologia viral. A principal causa bacteriana de faringite é o Streptococcus B hemolítico do grupo A (Streptococcus pyoge- nes) (BRASIL, 2013). Manifestação clínica • Início súbito, calafrios, febre alta, dor de garganta, prostração e cefaleia. • Nas crianças menores de 3 anos os sintomas são obstrução nasal, coriza, tosse e rouquidão. • Nas crianças maiores, as amigdalites são mais comuns: febre alta (39ºC), odinofagia, linfonodos cervicais dolorosos, tonsilas hipertrofiadas e hiperemiadas, com ou sem exsudato purulento.
  • 18. 18SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Exame físico No exame físico da orofaringe, podemos encontrar alterações como hiperemia, aumento das amígdalas, exsudato das amígdalas e petequeias no palato. Além disso, podemos encontrar presença de adenopatias cervicais bi- laterais (BRASIL, 2013). Diagnóstico diferencial Quadro 1 - Achados clínicos e epidemiológicos dos diagnósticos diferenciais da faringite infecciosa. Dados sugestivos de faringite estreptocócica Dados sugestivos de etiologia viral Dor de garganta de início súbito Conjuntivite Dor à deglutição Coriza Febre Rouquidão Rash cutâneo escarlatiforme Tosse Cefaleia Diarreia Náusea, vômito e dor abdominal Exantema característico Eritema tonsilofaríngeo Enantema característico Petéquias no palato mole Hiperemia e edema da úvula Adenomegalias cervicais anteriores dolorosas Paciente entre 5 e 15 anos de idade Apresentação no inverno ou no início da primavera (em regiões de climas temperados) História de exposição
  • 19. 19SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Tratamento Quadro 2 - Prevenção primária da febre reumática (tratamento da tonsilofaringite es- treptocócica). Agente Dose Via Duração Penicilina G Benzatina 600.000 Ul para pacientes < 27 kg; 1.200.000 Ul > 27kg Intramuscular Dose única Amoxicilina 50 mg/kg/dia, dividida em duas ou três doses (*) Oral 10 dias Penicilina V (fenoximetilpenicilina) Crianças: 250 mg, duas a três vezes por dia, para < 27 kg; para > 27 kg, adolescentes e adultos: 500 mg, duas a três vezes por dia Oral 10 dias Para alérgicos à penicilina Cefalosporinas de espectro estreito (cefalexina, cefadroxil) Depende da droga Oral 10 dias Eritromicina 50 mg/kg (até 500 mg), a cada 6 horas Oral 10 dias Azitromicina 12 mg/kg, uma vez ao dia (máximo 500 mg) Oral 5 dias Claritromicina 15 mg/kg por dia, dividida em duas doses (máxima 250 mg, duas vezes por dia) Oral 10 dias Clindamicina 20 mg/kg por dia, dividida em três doses (máxima 1,8 g/dia) Oral 10 dias *Lembre-se também do tratamento sintomático, incluindo-se analgésicos e antitérmicos. Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/tZWCvV. ü Condutas de Enfermagem • Realizar prescrição médica e instruir os pais sobre como adminis- trar os medicamentos que foram prescritos e sua importância; • Informar aos pais cuidados básicos como colocar compressas frias ou mornas no pescoço para promover alívio da dor; • Como a dor interfere na ingestão por via oral, a promoção da in- gesta de líquidos é essencial;
  • 20. 20SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Os pais devem ser informados em relação à sensibilidade resi- dual no sítio de injeção, que pode fazer com que a criança fique mancando por um ou dois dias; • Vale salientar que a criança deve substituir a escova de dente após iniciar o tratamento com antibióticos; • Os pais são orientados a prevenir que outros membros da família tenham contato próximo com a criança doente e evitar compar- tilhar recipientes de bebidas e talheres; • Se a criança continuar a ter febre alta que não responde aos an- tipiréticos, tiver a garganta extremamente dolorida, recursar-se a ingerir líquidos e apresentar uma aparência toxemiada, 24 a 48 horas depois de começar a receber os antibióticos, recomenda- se que a criança retorne à UBS para uma avaliação adicional pelo médico (HOCKENBERRY; WILSON, 2011). Complicações Quadro 3 – Complicações da amigdalite estreptocócica. Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/TM0rBI. Não supuratIvas SupuratIvas Febre reumática aguda Celulite ou abscesso faringo-amigdalino Escarlatina Otite média Glomerulonefrite aguda Sinusite Síndrome do choque tóxico Fasceíte necrotizante PANDAS (doenças neuropsiquiátricas autoimunes) Bacteremia estreptocócica Meningite ou abscesso cerebral
  • 21. 21SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Exames complementares A pesquisa de anticorpos antiestreptocócicos reflete eventos imu- nológicos pregressos e não serve para o diagnóstico da faringite estrepto- cócica aguda. O mais comumente usado e disponível comercialmente é o exame da antiesptretolisina O (ASLO). Quando presentes em títulos eleva- dos ou ascendentes, podem ajudar a confirmar um quadro de febre reu- mática aguda. Os títulos de ASLO começam a aumentar em uma semana e atingem um pico entre três e seis semanas após a infecção. O teste pode manter níveis elevados por meses, mesmo após infecções estreptocócicas não complicadas (BRASIL, 2013a). Encaminhamento A amigdalite estreptocócica pode apresentar complicações supuratI- vas e não supuratIvas. Entre as supuratIvas, as mais comuns são otite média, sinusite e adenites cervicais, e as mais temidas são os abscessos peritonsilar e retrofaríngeo, que requerem tratamento hospitalar. Os abscessos podem romper, causando obstrução alta aguda e potencialmente fatal, assim como evoluir para mediastinite e sepse. Esta situação deve ser suspeitada quando ocorrer dor muito intensa, dificuldade para abrir a boca (trismo), desvio me- dial/abaulamento do palato mole e voz anormal (voz de batata quente). En- tre as complicações não supuratIvas, a febre reumática é a complicação mais temida. Esta é a complicação não supurativa da infecção estreptocócica que mais costuma se associar com amigdalite. Já a glomerulonefrite difusa aguda, que pode ocorrer após a amigdalite estreptocócica, está associada com maior frequência às piodermites (BRASIL, 2013a). SAIBA MAIS! Leia o texto Faringotonsilites agudas - revisão de literatura. Acesse: http://www.mastereditora.com.br/periodico/20130929_160532.pdf.
  • 22. 22SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA 1.4 Otite média aguda (OMA) Definição Otite média aguda (OMA) é uma inflamação da orelha média resultan- te de Ivas com sinais e sintomas característicos (FONSECA, 2012). Características Aproximadamente 5% a 30% dos resfriados complicam com otite média aguda (OMA), que é definida pela presença de dor ou irritabilidade e secreção na orelha média. A confirmação é feita pela otoscopia. A OMA em crianças é bastante frequente nas consultas da Atenção Básica e possui dois picos de maior incidência: entre 6 e 15 meses e idade escolar (BRASIL, 2013a). Etiologia Os principais agentes etiológicos bacteria- nos são Streptococcus pneumoniae, Haemophylus influenzae e Moraxella catarralis, com menor fre- quência o Staphylococcus aureus também pode estar envolvido. Este último, assim como Pseudo- monas aeruginosa, é mais comum na otite média crônica. No quadro crônico, a etiologia habitual- mente é mista (BRASIL, 2013a). Fatores de risco Os principais fatores de risco da OMA são: manifestações alérgicas, uso de chupeta, duração e posição da amamentação, grande número de crian- ças dormindo no mesmo quarto, frequência e tempo de estadia diária na cre- che e refluxo gastroesofágico (FONSECA, 2012).
  • 23. 23SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Manifestação clínica O Ministério da Saúde relata que a OMA é a principal causa de otalgia, que pode variar de leve a muito intensa. Congestão nasal e tosse frequente- mente precedem a dor de ouvido. Febre ocorre em alguns casos. Irritabilida- de, dificuldade para se alimentar e para dormir são algumas das manifestações atípicas encontradas em lactentes (BRASIL, 2013a). A otoscopia pode revelar opacificação, alteração da cor (vermelha, branca, amarela), abaulamento ou perda da mobilidade da membrana timpâ- nica (MT). Quando a coleção do ouvido médio supura, observa-se otorreia de coloração variada, que costuma impedir a visualização da MT. A hiperemia da MT é um achado inespecífico, comum em crianças com febre ou choro inten- so. Quando é o único achado, a otoscopia pneumática, que avalia a mobilidade da membrana timpânica, é de grande auxílio. Há diminuição ou perda dessa mobilidade quando há secreção no ouvido médio. Bolhas na MT são encontra- das na miringite bolhosa, que pode ser causada por Mycoplasma pneumoniae, vírus ou outros agentes. A Academia Americana de Pediatria publicou em 2004 o Clinical Pra- tice Guideline para o diagnóstico da OMA. Nesse guia há especificação de três critérios necessários para o diagnóstico de OMA (KELLY, 2007): o Início agudo; o Presença de efusão no ouvido médio e; o Sinais de inflamação. Diagnóstico de OMA, o que verificar? 1) História de início agudo dos sinais e sintomas. 2) Presença de efusão em ouvido médio, que pode ser indicada por: a) Abaulamento da membrana timpânica; b) Diminuição ou perda da mobilidade da membrana timpânica; c) Nível hidroaéreo atrás da membrana timpânica; d) Otorreia.
  • 24. 24SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA 3) Sinais e sintomas de inflamação do ouvido médio, que são: a) Eritema da membrana timpânica; b) Otalgia (desconforto claramente oriundo da orelha média) que interfere nas atividades normais ou no sono. As Academias Americanas de Medicina de Família e de Pediatria dão a opção de se observar de 48 h a 72 h determinadas crianças com OMA não complicada. Es- ses casos incluem aquelas de 6 meses a 2 anos de idade, com diagnóstico duvidoso de OMA e sem sinais de gra- vidade, e as maiores de 2 anos sem sinais de gravidade, mesmo que não haja dúvidas quanto ao diagnóstico de OMA. Se o paciente não melhora nesse período de observação, inicia-se a antibioticoterapia (CO- BER; JOHNSON, 2005). Tratamento O tratamento da OMA consiste em medidas gerais e tratamento far- macológico (analgesia e, em alguns casos, antibioticoterapia): • Medidas gerais ü Não mamar na posição sentada; ü Calor seco no local: fralda ou toalha aquecida no ferro de passar. • Analgesia ü Paracetamol: até os 12 anos, 10 a 15 mg/kg a cada seis horas. Acima de 12 anos, 325 a 500 mg a cada seis horas; ü Ibuprofeno: 40 mg/kg, três vezes por dia. • Antibioticoterapia ü Idade menor de 6 meses: amoxicilina 80 mg/kg/dia em três to- madas, por dez dias; ü De 6 meses a 2 anos: conduta expectante, caso haja essa garan-
  • 25. 25SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA tia ou haja comprometimento de ambos os ouvidos, antibioti- coterapia (igual ao menor de 6 meses, por cinco a sete dias); Idade maior de 2 anos: antibioticoterapia (idem anteriores) por cinco a sete dias, se diagnóstico assegurado e dor por mais de 24 h, ou em caso de febre alta persistente, dor intensa ou vômito; as alternatIvas à amoxicilina são: sulfametoxazol-trimetropim (6 a 10 mg/kg/dia em duas tomadas); azitromi- cina (primeira dose de 10 mg/kg + quatro dias com 5 mg/kg/dia); ceftriaxona (50 mg/kg IM, dose única) (COBER; JOHNSON, 2005). ü Condutas de Enfermagem • Controle da temperatura e prescrição de antitérmico se tempe- ratura ≥ 38ºC; • Secar o pavilhão auditivo três vezes ao dia com algodão ou gaze e substituir o chumaço de algodão até quando o pavilhão estiver seco; • Fazer compressa morna no período noturno (explicar cuidados com compressa para evitar possíveis queimaduras); • Tratar a dor com analgésico e retornar em dois dias. • Os sintomas de dor e febre geralmente regridem em um prazo de 24 a 48 horas, logo é importante que o enfermeiro enfatize que todos os itens da medicação prescrita devem ser tomados; • Instruir a família quanto aos cuidados da criança; • Fornecer suporte emocional à criança e à família; • Os pais devem estar cientes que podem ser prevenidas as com- plicações (perda de audição) com o tratamento adequado (RIO DE JANEIRO, 2012).
  • 26. 26SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Figura 6 - Esquema para crianças com dor de ouvido. Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: < http://goo.gl/QOxNBV>. Prevenção Redução dos fatores de risco possíveis: acompanhamento regular da saúde, promoção do aleitamento materno exclusivo pelo menos até os 6 me- Alta Não Sim NãoSim Consulta pelo enfermeiro Cuidados de EnfermagemConsulta médica Apresenta secreção purulenta ou tumefação atrás da orelha? Controle de temperatura e prescrição de antitérmico se temperatura ≥ 38ºC; Secar o pavilhão auditivo três vezes ao dia com algodão ou gaze e substituir o chumaço de algodão até quando o pavilhão auditivo estiver seco; Fazer compressa morna no período noturno (explicar cuidados com compressa para evitar queimaduras); Tratar a dor com analgésico e retornar em dois dias. Melhora do quadro
  • 27. 27SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA ses de vida, não recomendação do uso de mamadeiras e chupetas, combate ao tabagismo passivo. • A vacinação anti-influenza tem mostrado impacto na redução da re- corrência de OMA em locais onde é feita rotineiramente (o que isoladamente não justifica sua inclusão no calendário vacinal para toda a população). Não há evidências suficientes para se recomendar a vacinação antipneumocócica na prevenção da recorrência de OMA (BRASIL, 2013a). Encaminhamento Complicações da OMA precisam ser prontamente identificadas e po- dem requerer medidas urgentes. Mastoidite resulta da infecção das células da mastoide, por contiguidade à OMA. Os achados clínicos incluem dor, edema e hiperemia da região retroauricular, com protrusão da orelha, febre e toxi- cidade. Essa complicação requer internação para tratamento com antibiótico intravenoso e sua confirmação pode ser feita com tomografia computado- rizada (TC), logo o paciente precisa ser encaminhado a um serviço de maior complexidade. Outras infecções graves podem ocorrer por contiguidade: meningite, abscesso cerebral e trombose de seio venoso. Febre, cefaleia intensa, sinais meníngeos, alteração do nível de consciência, achados neurológicos focais e toxicidade são sinais de alerta e indicam ao médico assistente da APS que o pa- ciente precisa ser referenciado imediatamente para o hospital mais próximo. IMPORTANTE! As equipes de Atenção Básica (ESF, Nasf, Melhor em Casa, apoio ma- tricial etc.) são corresponsáveis pelo atendimento do usuário. O referencia- mento para outro nível de atenção à saúde resultará em contrarreferência e, para que se realize o seguimento desse usuário na AB, os níveis de atenção à saúde (Atenção Básica, média e alta complexidade) precisam atuar no sentido de redes de atenção, e não de forma isolada.
  • 28. 28SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA 1.5 Adenoidite Características Afecção comum em crianças menores de 5 anos, cujo quadro clínico se inicia com obstrução nasal aguda associada a roncos intensos com repercus- são no sono. Febre e rinorreia podem ser encontradas. A secreção retronasal abundante desce para a orofaringe e ocasiona tosse, principalmente noturna (FONSECA, 2012). A adenoidite pode evoluir com complicações como otite média aguda (OMA). Figura 7 - Adenoidite. Fonte: PINHEIRO, Pedro. O que é Adenoide? 2013. Disponível em: http://goo.gl/WJxbSx. Tratamento • Solução fisiológica nasal, elevação da cabeceira da cama, hidrata- ção e antitérmico. Adenoide Ar Cavidade nasal
  • 29. 29SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Amoxicilina (50 mg/Kg por dia por sete a dez dias) é a primeira escolha nos casos de infecção bacteriana. • Macrolídeos, como a eritromicina e a azitromicina, nos casos de hipersensibilidade à amoxicilina. ü Condutas de Enfermagem • Informar que o paciente deve ter um repouso adequado; • Estimular a ingestão hídrica e de alimentos leves, de fácil deglutição; • Manter o controle de temperatura; • Medicar conforme prescrição; • Orientar quanto à importância do uso correto de antibióticos (WONG et al., 1999). 1.6 Pneumonia Definição • Pneumonia é inflamação do parênquima pulmonar causada por um agente microbiológico, como os vírus ou bactérias (GROSS- MAN; OST, 2006); • As pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) podem ser defi- nidas clinicamente como a presença de sinais e sintomas de pneu- monia na criança previamente sadia decorrente de infecção que tenha sido adquirida fora do ambiente hospitalar; • A PAC caracteriza-se por quadro de febre, dispneia, dor torácica ventilatório-dependente e tosse com expectoração; • É importante para o diagnóstico e intervenção clínica precoce que sejam realizados de forma minuciosa a anamnese e o exame físi- co quando se tem a suspeita de PAC. A radiografia de tórax é um exame complementar que pode ser realizado quando disponível;
  • 30. 30SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • A PAC é uma das Iras do trato respiratório inferior de maior gra- vidade. Há um processo inflamatório, que é a resposta do hospe- deiro ao agente agressor. Condições socioeconômicas desfavorá- veis, despreparo dos cuidadores e desnutrição são considerados fatores de risco de PAC (BRASIL, 2013). Etiologia • A idade do paciente é o principal indicador da etiologia e a condu- ta deve ser baseada nesse fator.  • Em recém-nascidos, os agentes mais comuns são Gram negati- vos, Streptococcus do grupo B e Staphylococcus aureus. • Em crianças de 1 a 3 meses, os agentes mais comuns são vírus, Clamídia e Bordetella pertussis. • De 3 meses a 5 anos, os agentes mais comuns são vírus, Strep- tococus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Staphylococus aureus. • Com mais de 5 anos, os agentes mais comuns são Streptococus pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae. Diagnóstico Segundo orientações do AIDPI neonatal, uma criança com tosse ou di- ficuldade para respirar é avaliada verificando (BRASIL,2012a): • Tempo que a criança está com tosse ou dificuldade para respirar; • Presença de sibilância; • Ocasional ou frequente; • Presença de taquipneia; • Presença de tiragem subcostal; • Presença de estridor e sibilância.
  • 31. 31SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Quadro 4 - Sinais gerais de pneumonia. Fonte: Adaptado de: HOCKENBERRY, Marilyn J.; WILSON, David. Wong, fundamentos de Enfermagem pediátrica. 8. ed. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. SAIBA MAIS! Você conhece o Programa Educacional em Auscuta Toráxica? Acesse: http://www.virtual.unifesp.br/unifesp/torax/torax.swf. OBSERVAÇÃO! A taquipneia é o sinal mais sensível para o diagnóstico de pneumonia em crianças menores de 5 anos. A frequência respiratória deve ser avaliada com a criança tranquila (de preferência no colo da mãe) e contada durante um minuto, pelo menos por duas vezes. No derrame pleural, ocorre macicez com murmúrio vesicular muito diminuído. Se não há sinais de esforço respiratório, de taquipneia, de crepita- ções e de diminuição dos sons respiratórios, provavelmente não há pneumo- nia (BRASIL, 2013). Febre - geralmente alta. Respiratórios Tosse - não produtiva a produtiva com escarro esbranquiçado; Traquipneia; Ruídos respiratórios - crepitações, diminuição dos ruídos respiratórios, estertores; Hipotimpânico à percussão; Dor torácica; Retrações; Batimento das asas do nariz; Palidez à cianose (dependendo da gravidade). Radiografia do tórax - infiltração difusa ou placosa, com distribuição peribrônquica. Comportamento - irritabilidade, inquietação, mal-estar, letargia. Gastrointestinal - inapetência, vômitos, diarreia, dor abdominal. Sinais Gerais de Pneumunia
  • 32. 32SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA ATENTE PARA A FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA NORMAL Quadro 5 – Frequência respiratória normal. Idade Frequência respiratória normal 0 a 2 meses até 60 irpm 2 a 11 meses até 50 irpm 12 a 5 anos até 40 irpm 6 a 8 anos até 30 irpm > 8 anos até 20 irpm Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/B9h09O>. Exames complementares A radiografia de tórax é um exame complementar que pode ser reali- zado quando disponível. É importante ressaltar que o tratamento deve ser instituído indepen- dentemente de o profissional ter à sua disposição o exame de raio-X, que é apenas um exame complementar da propedêutica do diagnóstico de PAC e suas complicações. Entretanto, o exame de raio-X torna-se indispensável quando há suspeita de complicações, momento em que o paciente deve ser referenciado (BRASIL, 2013). Indicações de internação hospitalar  As principais indicações de internação hospitalar para crianças com diagnóstico de pneumonia grave são: idade menor que 2 meses, tiragem subcostal, convulsões, sonolência, estridor em repouso, desnutrição gra- ve, impossibilidade de ingestão de líquidos, sinais de hipoxemia, doença de base debilitante, derrame pleural, abcesso pulmonar e pneumomato- cele (BRASIL, 2013).
  • 33. 33SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Tratamento Confira informações sobre o uso dos antibióticos em crianças com ida- de de 2 meses a 5 anos: • Amoxicilina 50 mg/kg/dia, a cada oito horas, por sete a dez dias; • Penicilina procaína 50.000 UI/kg/dia, a cada 12 horas, por sete dias. Confira informações sobre o uso dos antibióticos em crianças com ida- de de 6 a 18 anos: • Amoxicilina 50 mg/kg/dia, a cada oito horas, por sete a dez dias; • Penicilina procaína 50.000 UI/kg/dia, a cada 12 horas, por sete dias; • Segunda opção: macrolídeos: eritromicina 50 mg/kg/dia, a cada seis horas, por 14 dias (BRASIL, 2013). ü Condutas de Enfermagem • Dar um antibiótico recomendado; • Aliviar a tosse com remédio inócuo; • Informar a mãe sobre quando retornar imediatamente; • Se tiver sibilância, tratar com broncodilatador por cinco dias; • Dar a primeira dose de um antibiótico recomendado (pneumonia grave); • Referir urgentemente ao hospital; • Auxiliar o paciente a tossir produtivamente; • Auxiliar o paciente a assumir uma posição confortável e mudar de posição com frequência; • Oferecer e encorajar a ingestão de líquidos (seis a oito copos ao dia); • Orientar ou apoiar o tórax da criança durante a tosse; • Fazer avaliação respiratória pela ausculta; • Incentivar a prática da respiração profunda e tosse eficaz; • Informar que o paciente precisa de repouso, em quarto arejado, evitando correntes de ar;
  • 34. 34SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Informar que o paciente precisa de um ambiente tranquilo, calmo e que proporcione conforto; • Orientar o paciente a ter uma dieta hipercalórica e hiperproteica; • Marcar retorno em dois dias (BRASIL, 2003; HOCKENBERRY; WILSON, 2011). IMPORTANTE! Os sinais que indicam que o paciente deve retornar imediatamente são: piora ou aparecimento da febre, a dificuldade de beber ou mamar e de respirar, respiração rápida e piora do estado geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como critérios de falha terapêutica para PAC não grave: ausência de normalização da frequência respiratória e/ou aparecimento de tiragem subdiafragmática ou de qualquer outro sinal de gravidade no terceiro dia de tratamento. Porém, é possível que algumas crianças que venham a ter boa evolução ainda permaneçam com o mesmo grau de taquipneia nesta avaliação (FONSECA, 2012). A OMS e outros órgãos internacionais recomendam o Plano de Ação Global para Prevenção e Controle da Pneumonia (GAPP), que compreende a implementação de estratégias para tratar, prevenir e proteger as crianças con- tra a PAC (GREENWOOD, 2008). SAIBA MAIS! Para saber mais sobre o GAPP, acesse: http://goo.gl/HZmcFM. 1.7 Influenza Definição • Como qualquer infecção por influenza, o quadro clínico inicial da doença em questão é caracterizado como uma síndrome gri- pal (SG), que por sua vez é definida como “doença aguda (com duração máxima de cinco dias), apresentando febre (ainda que
  • 35. 35SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA referida) acompanhada de tosse ou dor de garganta, na ausência de outros diagnósticos”; • O período de incubação da influenza dura em média dez dias, podendo se prolongar por mais tempo em pacientes imunossu- primidos; • Período de transmissibilidade da influenza em crianças (menores de 12 anos): um dia antes até o 14º dia de início dos sintomas; • A influenza ocorre durante todo o ano, porém é mais frequen- te nos meses do outono e do inverno, quando as temperaturas caem, principalmente no Sul e Sudeste do país (BRASIL, 2013). Definições de caso Para o correto manejo clínico da influenza, é preciso considerar e diferenciar os casos de: síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Síndrome gripal • Febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tos- se ou dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: cefaleia, mialgia ou artralgia, na ausência de outro diagnóstico específico; • Em crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se tam- bém como caso de síndrome gripal: febre de início súbito (mesmo que referida) e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico. Influenza Síndrome gripal (SG) Síndrome respiratória aguda grave (Sars)
  • 36. 36SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) Indivíduo de qualquer idade, com síndrome gripal (conforme defini- ção acima) e que apresente dispneia ou os seguintes sinais de gravidade: Em crianças, além dos itens acima, observar também: Exames complementares O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de alterações labora- toriais e radiológicas listadas abaixo: • Alterações laboratoriais: leucocitose, leucopenia ou neutrofilia; • Radiografia de tórax: infiltrado intersticial localizado ou difuso ou presença de área de condensação. Fatores de risco • Imunodepressão: por exemplo, indivíduos transplantados, pa- cientes com câncer, em tratamento para Aids ou em uso de medi- cação imunossupressora; 1 2 3 4 Situação de SpO2 < 95% em ar ambiente. Piora nas condições clínicas de doenças de base. Hipotenção em relação à pressão arterial habitual do paciente. Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, avaliada de acordo com a idade. Batimentos de asa de nariz Cianose Tiragem intercostal Desidratação Inapetência
  • 37. 37SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Condições crônicas: por exemplo, hemoglobinopatias, problemas cardiovasculares, pneumopatias, insuficiência hepática, doen- ças renais crônicas, doenças neurológicas, doenças metabólicas (diabetes mellitus e obesidade grau III – índice de massa corporal maior ou igual a 40) e doença genética (síndrome de Down). Avaliação Para o diagnóstico de síndrome aguda respiratória grave ou de síndro- me gripal, não é necessária a confirmação laboratorial do agente etiológi- co, sendo o diagnóstico clínico. A confirmação laboratorial, quando indica- da, deverá ser solicitada no hospital. Os indivíduos que apresentem sintomas gripais, inicialmente, devem ser acompanhados pela atenção primária. Deverão ser encaminhados para o hospital os pacientes que apresentarem um ou mais dos sinais e sintomas abaixo (BRASIL, 2013a): • Cianose; • Batimento de asa de nariz; • Taquipneia: com idade de 2 meses a menor de 1 ano (> 50 IRPM); 1 a 5 anos (> 40 IRPM); • Toxemia; • Tiragem intercostal; • Desidratação/vômitos/inapetência, letargia; • Dificuldade para ingestão de líquidos ou amamentar; • Estado geral comprometido; • Presença de comorbidades/imunodepressão. A presença de pelo menos um dos critérios de sinais de alerta deve orientar o médico para o encaminhamento do pa- ciente ao serviço de urgência.
  • 38. 38SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Os casos com sintomas graves devem ser encaminhados pelas equi- pes de saúde das UBS imediatamente para o hospital ou serviço indicado pela gestão de saúde municipal ou estadual mais próximo. Tratamento e acompanhamento Para pessoas com síndrome gripal - medidas preventIvas: • Higienizar as mãos com água e sabonete ou sabão (ou se possível álcool gel 70%) após tossir, espirrar, usar o banheiro e antes das refeições; • Não compartilhar objetos de uso pessoal e alimentos; • Permanecer, sempre que possível, em sua residência; • Ficar em repouso, aumentar a ingestão de líquidos e alimentar-se de forma equilibrada. Para familiares, cuidadores e população geral: • Evitar aglomerações e ambientes fechados (manter os ambientes ventilados); • Higienizar as mãos frequentemente; • Evitar tocar os olhos, nariz ou boca. Indicações para o uso de antiviral Além dos medicamentos sintomáticos e da hidratação, está indicado o uso de fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) de forma empírica (NÃO SE DEVE AGUARDAR CONFIRMAÇÃO LABORATORIAL) para todos os casos de SG que tenham condições e fatores de risco para complicações, independente- mente da situação vacinal. Como em toda prescrição terapêutica, atentar-se para as interações medicamentosas, as contraindicações formais e os efeitos colaterais. Esse me- dicamento pode ainda induzir resistência dos vírus influenza se utilizado de forma indiscriminada.
  • 39. 39SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Posologia e administração Quadro 6 – Posologia e administração do Tamiflu®. Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de tratamento de influenza 2013. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013b. 18 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2013.pdf. Vacina • A vacinação anual contra influenza é uma das medidas utilizadas para se prevenir a doença, porque pode ser administrada antes da exposição ao vírus e é capaz de promover imunidade efetiva e segura durante o período de circulação sazonal do vírus (HOC- KENBERRY; WILSON, 2011). SAIBA MAIS! Para mais informações, acesse o informe técnico da Campanha Nacio- nal contra Influenza 2014, disponível no link: http://goo.gl/bGYQ84. ü Condutas de Enfermagem O enfermeiro deve realizar a consulta de Enfermagem conforme pro- tocolos ou outras normatIvas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, Droga Faixa etária Tratamento Fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) Adulto 75 mg, 12/12 h, 5 dias Criança maior de 1 ano de idade ≤ 15 kg 30 mg, 12/12 h, 5 dias > 15 kg a 23 kg 45 mg, 12/12 h, 5 dias > 23 kg a 40 kg 60 mg, 12/12 h, 5 dias > 40 kg 75 mg, 12/12 h, 5 dias Criança menor de 1 ano de idade < 3 meses 12 mg, 12/12 h, 5 dias 3 a 5 meses 20 mg, 12/12 h, 5 dias 6 a 11 meses 25 mg, 12/12 h, 5 dias
  • 40. 40SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA observadas as disposições legais da profissão. Deverá identificar sinais de gravidade, auxiliando na estabilização do paciente para a remoção segura à unidade a ser referenciado, respeitando os fluxos locais e mantendo-se res- ponsável pelo acompanhamento. Caso seja necessário, o enfermeiro deverá: realizar assistência do- miciliar; enviar ao setor competente as informações epidemiológicas refe- rentes aos casos da área de atuação da UBS; notificar e investigar os casos seguindo estratégia local; encaminhar ao setor competente a ficha de noti- ficação e investigação, conforme estratégia local; e analisar os dados sobre os casos e informações da área adstrita da UBS para possíveis intervenções (BRASIL, 2009). Notificações • Todo caso de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) hospitali- zado deve ser notificado (Sinan Influenza Web); • Nos casos de surtos, a vigilância epidemiológica local deverá ser prontamente notificada/informada; • O Brasil possui uma rede de unidades sentinelas para vigilância da influenza, distribuídas em serviços de saúde, em todas as uni- dades federadas do país, que monitoram a circulação do vírus in- fluenza, por meio de casos de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG) (BRASIL, 2009). 1.8 Asma • É uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela hiper-res- ponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibi- lância, dispneia, sensação de aperto no peito e tosse, particular- mente à noite e de manhã ao despertar;
  • 41. 41SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • É multifatorial: fatores genéticos, exposição a alérgenos e irritan- tes, além de fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas (SOUZA, 2011); • É a doença crônica mais prevalente na infância e a terceira causa de hospitalização no país. Atualmente, os esquemas terapêuticos são específicos, seguros e garantem controle da doença quando associados ao controle adequado de fatores ambientais desenca- deantes das crises.  Diferenças fisiopatológicas Acompanhe abaixo as principais diferenças fisiopatológicas brônquio- pulmonares para a criança saudável, com asma e com crise de asma: Figura 8 - Diferenças fisiopatológicas brônquio-pulmonares para a criança saudável, com asma e com crise de asma. • Saudável: na criança sem asma, as vias aéreas estão normais e a musculatura lisa permanece relaxada; • Asma: observe a imagem da criança com asma. As vias aéreas es- tão estreitadas (inflamação), porém com a musculatura lisa ainda permanece relaxada; Via aérea normal Via aérea com asma Via aérea em crise de asma
  • 42. 42SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Crise de asma: quando na crise de asma, observa-se considerável estreitamento da via aérea (inflamação), associada à contração da musculatura lisa e aprisionamento do ar nos alvéolos. Anamnese • Devem constar dados sobre a idade de início, frequência e inten- sidade das manifestações, história familiar, comorbidades como rinite e doença do refluxo gastrointestinal e a necessidade de atendimento em emergências. É imprescindível a investigação de fatores ambientais desencadeantes (poeira, ácaros, barata, fumaça, odores fortes, animais domésticos, mofo etc.), de uso de fármacos (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios não esteroidais e anti-hipertensivos como inibidores da enzima de conversão de angiotensina e betabloqueadores), de atividades e/ou emoções que exacerbem a asma e infecções virais. Sinais e sintomas • A criança apresenta sinais e sintomas como dispneia, sibilância e tosse, geralmente à noite e pela manhã. Ao exame físico, no pe- ríodo de crises, o principal sinal é a ausculta de sibilos bilaterais e, em alguns casos, de roncos; • O tórax silencioso é indicativo de mau prognóstico. No período entre crises, o paciente segue assintomático. Os exames com- plementares para o diagnóstico da doença são a espirometria e o pico de fluxo expiratório. Crianças abaixo de 5 anos têm dificulda- de para a execução desses exames; • Em crianças menores de 5 anos, as principais manifestações sugestIvas de asma são: mais de um episódio de sibilância por mês, tosse ou sibilos (ocorrem à noite ou ao acordar de manhã, provocados por emoções ou atividades físicas), tosse sem rela-
  • 43. 43SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA ção com viroses, presença de rinite alérgica ou dermatite atópica e boa resposta a B2-agonistas inalatórios. Diagnóstico simplificado Presença de: • Tosse ou crise de asma; • Uso de broncodilatador; • Restrição de atividade física e absenteísmo escolar; • Asma noturna. Para o diagnóstico da asma no lactente, utilizam-se os critérios maiores e menores. A presença de um critério maior ou um critério maior mais dois critérios menores sugere o diagnóstico de asma (SOUZA, 2011).  • Critérios maiores 1) História parental de asma; 2) Dermatite atópica. • Critérios menores 1) Rinorreia sem resfriado (rinite alérgica); 2) Sibilância sem resfriado; 3) Eosinofilia > 4%. Diagnóstico diferencial Os principais diagnósticos diferenciais da asma são perceptíveis de acordo com a idade da criança: • Menores de 5 anos; • Rinossinusite, doença pulmonar crônica da prematuridade, mal- formações congênitas, fibrose cística, bronquiectasias, bronquio- lite obliterante pós-infecciosa, discinesia ciliar, refluxo gastroe- sofágico, distúrbios de deglutição, fístula traqueoesofágica, de corpo estranho, tuberculose, cardiopatias, imunodeficiências;
  • 44. 44SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Maiores de 5 anos; • Rinossinusite, fibrose cística, doenças difusas do parênquima pulmonar, síndrome de hiperventilação alveolar, síndrome do pânico, broquiectasias, insuficiência cardíaca diastólica e sistóli- ca, neoplasias, bronquiolite, hipertensão e embolia pulmonares, corpos estranhos obstruindo as vias aéreas, disfunção de cordas vocais. SAIBA MAIS! A publicação Cadernos de Atenção Básica nº 25 traz mais informações sobre diagnósticos e consultas de doenças respiratórias. Acesse: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_respiratorias_ cronicas.pdf. ü Condutas de Enfermagem Deverá ser realizada a avaliação da Enfermagem que está encarregada de verificar as condutas, preencher a ficha de aprazamento, orientar o pacien- te quanto ao uso do dispositivo inalatório e agendar visita domiciliar para rea- lizar controle ambiental. O enfermeiro deverá preencher corretamente a ficha de aprazamento de medicação, anotando a lápis a data da próxima entrega da medicação, de acordo com a posologia prescrita. Não fornecer medicação se decorridos mais de 30 dias da data aprazada, situação considerada abandono. Deverá reagendar avaliação médica. Se houver retornos frequentes e precoces para retirada de medicação (antes da data aprazada), deverá rever a técnica de uso do dispositivo inalatório e necessidade de consulta médica para reavaliar o paciente (LONDRINA, 2006).
  • 45. 45SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Figura 9 - Ficha de aprazamento. Fonte: LONDRINA. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal de Saúde. Asma: protocolo. Londrina, PR, 2006. 88 p. Disponível em: < http://goo.gl/dBMAbQ>. FICHA DE APRAZAMENTO - ASMA HYGIA:_________________________________________________________________ NOME:_________________________________________________________________ DATA DE NASC.:___/___/___ DATA DE INSCRIÇÃO NO PROGRAMA:___/___/___ CLASSIFICAÇÃO DA ASMA: ( ) INTERMITENTE ( ) LEVE ( ) MODERADA ( ) GRAVE ( ) BEBÊ CHIADOR )ATAD(OÃÇACIDEMADAGERTNEAMIXÓRP)ESOD/EMON(OTNEMACIDEMDATA OBSERVAÇÕES:
  • 46. 46SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Figura 10 - Atendimento global do asmático. Fonte: LONDRINA. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal de Saúde. Asma: protocolo. Londrina, PR, 2006. 88 p. Disponível em: < http://goo.gl/dBMAbQ>. Fatores de risco para exacerbações: • História prévia de asma quase fatal, necessitando de intubação endotraqueal; Não Não Sim Sim Dúvida diagnóstica? Encaminhamento para Nura Incluir no programa de tratamento na UBS Asma grave Asma: - Intermitente - Persistente: - Leve - Moderada - Diagnóstico diferencial - Espirometria Diagnóstico de asma? - Tratamento na UBS - Participação em grupos - Fisioterapia Pneumo geral - Medicação excepcional - Incluir no programa na UBS Procura espontânea: UBS/hospital Procura programada: agendamento pelos ACSs Atendimento na UBS: Diagnóstico/classificação/ controle da crise aérea
  • 47. 47SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA • Utilização atual ou recente de corticoide oral; • Interrupção do uso de corticoide inalatório; • Três ou mais visitas a serviços de pronto atendimento ou duas ou mais hospitalizações por asma aguda nos últimos 12 meses; • Uso de dois ou mais tubos de aerossol dosimetrado (bombinha) de broncodilatador/mês; • História de doença psiquiátrica ou psicossocial, incluindo uso de sedativos; • Comorbidades: rinite alérgica não tratada, outras doenças pulmo- nares e cardiovasculares; • História de má adesão ao tratamento de anti-inflamatório de ma- nutenção (BRASIL, 2013a). Uso do medidor de pico de fluxo expiratório (peak flow) O início do atendimento ao paciente em crise de asma, nas unidades que possuem medidor de pico de fluxo expiratório (PFE), possui os seguintes passos (BRASIL, 2013): 1) Medir o PFE com o paciente sentado, utilizando o aparelho portátil peak flow monitor (medidor de pico de fluxo). O resultado deve ser expresso em percentagem do previsto para sexo, idade e altura. 2) Administrar as três primeiras doses de β2 de ação rápida, por via inalatória, espaçadas de 20 minutos. Na vigência de hipoxemia, clinicamen- te evidenciada por meio de cianose, e dificuldade respiratória, diagnosticada preferentemente por meio da monitorização pela oximetria de pulso, rea- lizar suplementação com oxigênio. Não há diferença na eficácia terapêutica quando os broncodilatadores de ação rápida são administrados por meio de aerossóis (bombinhas) – especialmente quando acoplados a espaçadores – ou nebulização (por meio de nebulizadores elétricos ou de fluxômetro de oxigê- nio) e, por isso, os primeiros são preferenciais pela facilidade e disponibilidade
  • 48. 48SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA de uso. Os espaçadores podem ser artesanais (valvulados ou não valvulados, como é o caso de garrafas de água mineral). 3) Reavaliar a resposta ao BD a cada 20 ou 30 minutos (BRASIL, 2013). Figura 11 - Aparelho Peak Flow. Quadro 7 - Diretrizes para o cuidado de Enfermagem. Fonte: HOCKENBERRY, Marilyn J.; WILSON, David. Wong, fundamentos de Enfermagem pediátrica. 8. ed. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Verde (80% a 100% do valor pessoal) - todos os sinais estão claros. A asma está sob controle razoavelmente bom. Nenhum sinal está presente, e o plano de tratamento de rotina para manter o controle pode ser seguido. Amarelo (50% a 79% do melhor valor pessoal) - sinaliza cautela. A asma não está bem controlada. Uma exacerbação aguda pode estar presente. A terapia de manutenção pode precisar ser intensificada. Chame o médico, se a criança permanecer nessa faixa. Vermelho (abaixo de 50% do melhor valor pessoal) - sinaliza um alerta médico. Um estreitamento grave das vias aéreas pode estar ocorrendo. Um broncadilador de ação curta deve ser administrado. Notifique o médico se a taxa do pico de fluxo expiratório não retornar imediatamente e permanecer na zona amarela ou verde. Interpretação da taxa do pico de fluxo expiratório* *Essas zonas são apenas uma diretriz. As zonas específiacas de manejo devem ser individualizadas para cada criança. 0,00,20,40,60,81,0
  • 49. 49SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Encaminhamento A presença de pelo menos um dos seguintes achados abaixo indica a necessidade de encaminhamento da criança com asma exacerbada para um hospital: • Asma grave ou muito grave; • Sem resposta ou persistência da taquipneia, apesar de três admi- nistrações de β2 - agonista dentro de 1 h – 2 h. • Apoio familiar não favorável ao tratamento domiciliar da criança com quadro agudo. Seguimento • Todo paciente com quadro de asma deve ser devidamente acom- panhado pela Equipe de Saúde da Família de forma longitudinal e integral, para orientações de controle ambiental, manejo domici- liar das crises mais leves, condicionamento físico, controle de co- morbidades, orientação familiar, identificação de fatores desen- cadeantes, uso correto de medicação, dentre outros. 1.9 Febre Definição • A febre é definida como temperatura axilar acima de 37,2ºC e é um sinal de alerta. Essa entidade clínica é um dos principais motivos da ida de crianças ao médico. Febre não é doença em si, por isso aten- ção: profissionais e familiares devem entender que baixar a tem- peratura não significa a cura da doença (MURAHOVSCHI, 2003); • A temperatura deve ser controlada com antitérmicos quando causar desconforto no paciente ou se chegar a 39ºC. Não é ne- cessário normalizá-la, mas deixá-la em níveis que não alterem o humor da criança.
  • 50. 50SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Criança febril • Toda criança febril deve ficar em observação atenta até que haja normalização da temperatura. Devem-se ofertar líquidos em abundância e alimentá-la regularmente. O ambiente deve ser ventilado e as roupas, leves. A criança deve estar à vontade no ambiente. Banhos com água morna podem ajudar a diminuir a temperatura discretamente, por um curto tempo. Febre maior que 39,5ºC • Febre maior que 39,5ºC (risco de convulsão), com calafrios, apa- tia que não melhora com a elevação da temperatura e sonolência exagerada alternada com irritabilidade. Febre persistente por três dias ou mais deve ser investigada. Os pais devem estar atentos a isso. Palidez, cianose peribucal e calafrios significam bacteremia. Exames complementares • Os exames complementares solicitados são hemograma, VHS, proteína C reativa; em crianças com menos de 2 anos, urina tipo I e urocultura (em crianças maiores, apenas se houver queixas es- pecíficas). Se a febre estiver acompanhada de calafrios, solicita-se hemocultura (MURAHOVSCHI, 2003).
  • 51. 51SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA OBSERVAÇÃO! Quadro 8 – Antitérmicos mais utilizados. Fonte: Adaptado de: BRICKS, Lucia Ferro. Editorial: tratamento da criança com febre. Pediatria, São Paulo. v. 28, n. 3, p. 155-8. 2006. Classificar a criança de 0 a 2 meses de idade • Nos quadros abaixo é possível avaliar e classificar a criança de 0 a 2 meses de idade e determinar a presença de doença grave, in- fecção localizada e sem doença grave ou infecção localizada, de acordo com as recomendações do Manual AIDPI Neonatal (BRA- SIL, 2012a). Paracetamol (Acetaminofeno) Dipirona Ibuoprofeno Faixa etária Desde o nascimento Maior de 3 meses Maior de 6 meses Vias de administração Oral e retal Oral, retal, IM, IV Oral Dose 10 a 15 mg/kg 10 - 20 mg/kg 5 - 10 mg/kg Contraindicações Doença hepática; Uso concomitante com drogas metabolizadas pelo citocromo p450. Neutropenia; Reação prévia de hipersensibilidade. Doença péptica; Alterações plaquetárias; Asma ou rinite grave; Doença renal; Hipertensão arterial; Reação prévia de hipersensibilidade ao ibuprofeno ou a outros AINE; Uso concomitante de outros AINE.
  • 52. 52SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Quadro 9 - Doença grave. DOENÇA GRAVE Avaliar Classificar Tratamento Um dos seguintes sinais: • “Não vai bem”, irritada DOENÇA GRAVE • Referir URGENTEMENTE ao hospital segundo as normas de estabilização e transporte• Não consegue mamar • Vomita tudo • Dar a primeira dose via parenteral dos antibióticos recomendados, exceto em anomalias congênitas sem exposição de vísceras, icterícia e peso < 2000 g • Temperatura axilar < 36º ou ≥ 37,5ºC • Convulsões • Letargia/inconsciência ou flacidez • Administrar oxigênio se houver cianose central • Tiragem subcostal grave • Prevenir, controlar e, se necessário, tratar a hipoglicemia • Apneia • Dar acetaminofeno para febre > 38ºC • Batimentos de asas do nariz • Tratar convulsões • Gemido, estridor ou sibilância • Prevenir a hipotermia (manter a criança aquecida) • Cianose central • Recomendar à mãe que continue a amamentação se possível• Palidez intensa • Icterícia abaixo do umbigo e/ou de aparecimento antes de 24 horas de vida • Manifestações de sangramento: equimoses, petéquias e/ou hemorragias • Secreção purulenta do ouvido ou da conjutiva (abundante e com edema palpebral) ou do umbigo (com eritema que se estende para a pele ao redor) • Distensão abdominal • Peso < 2000 g • Frequência respiratória ≥ 60 ou < 30 rpm • Pústulas ou vesículas na pele (muitas ou extensas) • Enchimento capilar lento (> 2 segundos) • Anomalias congênitas maiores
  • 53. 53SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Quadro 10 - Infecção localizada. INFECÇÃO LOCALIZADA AVALIAR CLASSIFICAR TRATAMENTO Um dos seguintes sinais: • Secreção purulenta conjutival • Umbigo com secreção purulenta e/ou eritema sem estender-se para a pele ao redor • Pústulas na pele (poucas localizadas) • Placas brancas na boca SEM DOENÇA GRAVE OU INFECÇÃO LOCALIZADA • Dar antibiótico recomendado por sete dias ou nistatina, segundo o sinal observado. Se houver monilíase oral, tratar o mamilo da mãe • Aplicar tratamento local (antibiótico tópico) • Ensinar a mãe a tratar as infecções localizadas em casa • Ensinar à mãe medidas preventIvas e sinais de perigo para retorno imediato • Aconselhar a mãe a prosseguir com o aleitamento materno exclusivo • Fazer o seguimento após dois dias Quadro 11 - Sem doença grave ou infecção localizada. SEM DOENÇA GRAVE OU INFECÇÃO LOCALIZADA AVALIAR CLASSIFICAR TRATAMENTO Se não houver nenhum dos sinais anteriores SEM DOENÇA GRAVE OU INFECÇÃO LOCALIZADA • Aconselhar a mãe a prosseguir com o aleitamento materno exclusivo • Nenhum tratamento adicional • Ensinar à mãe medidas preventIvas e os sinais de perigo para retorno imediato • Orientar a mãe quanto ao retorno para nova consulta Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual AIDPI neonatal. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012a. 228 p. (Série A. Normas e manuais técnicos). Disponível em: < http://goo.gl/ ewRGFX>.
  • 54. 54SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA ü Condutas de Enfermagem Durante a consulta de Enfermagem, o enfermeiro deve estar atento para avaliar os sinais que a criança apresenta. Abaixo podemos verificar as condutas que devem ser executadas: Figura 12 - Atendimento à criança com febre. Fonte: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/AzHuSU>. Não Sim Se tem tido febre todos os dias por mais de sete dias Consulta médica Paracetamol gotas 200 mg/ml Dipirona gotas 500 mg/ml 1 gota/kg/dose 1 gota/2kg/dose 2 a 11 meses (6 - 9 Kg) 6 a 9 3 a 5 1 a 2 anos (10 - 14 kg) 10 a 14 5 a 7 3 a 4 anos (15 - 19 kg) 15 a 19 8 a 10 Idade ou peso Paracetamol ou dipirona 10 mg/kg/dose Avaliar: 1. Febre > 38°C. 2. Sinais gerais de perigo 3. Rigidez de nuca 4. Petéquias 5. Abaulamento da fontanela Conduta: - Antitérmico (PARACETAMOL e/ou DIPIRONA) - Orientação sobre quando voltar imediatamente (qualquer sinal geral de perigo ou piora do quadro) - Seguimento em dois dias se a febre persistir Consulta de Enfermagem
  • 55. 55SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA IMPORTANTE! Veja as situações em que a manifestação da febre em crianças obriga- toriamente devem ser avaliadas laboratorialmente: • Idade menor de 3 meses; • Temperatura axilar maior que 39,5°C; • Fatores de risco para doença infecciosa grave (corticoterapia, imunodepressão, desnutrição, doença crônica debilitante); • Lactentes com foco infeccioso definido de doença, mas com qua- dro clínico severo; • Escore pela escala de observação clínica de Yale > 10. SAIBA MAIS! • Para mais informações sobre o AIDPI, acesse: http://goo.gl/x1Uzi1. • Para mais informações sobre o Escore de Yale, acesse: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/. 1.10 Infecção do trato urinário Características: • As infecções do trato urinário (ITU) acometem principalmente meninas, exceto no primeiro mês de vida, quando os meninos são os mais acometidos. Essa infecção prevalece nos primeiros anos de vida e tem seu pico máximo por volta dos 2 ou 3 anos de vida (quando se dá o controle esfincteriano) (HEILBERG; SCHOR, 2003);  • Acredita-se que a estrutura do trato urinário inferior contribui para a incidência aumentada de bacteriúria no sexo feminino.
  • 56. 56SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Etiologia • Os principais agentes etiológicos da ITU são a Escherichia coli em crianças sexo do feminino e Proteus sp em crianças do sexo mas- culino (colonização do prepúcio). Quadro clínico • O quadro clínico da infecção do trato urinário baixo (cistite) apresenta disúria, polaciúria, nictúria, tenesmo vesical, urgência miccional, retenção ou incontinência urinária, com ou sem febre. A infecção do trato urinário alto (pielonefrite) inicia-se com sin- tomatologia de cistite, habitualmente evolui com febre (> 38°C), calafrios e dor lombar (sinal de Giordano positivo), comprometi- mento do estado geral e êmese; • Mesmo quando não há febre, os sintomas de disúria e polaciúria devem ser valorizados para o diagnóstico de ITU. O aspecto da urina tem de ser observado: urina turva indica piúria e averme- lhada indica presença de sangue, causada por cálculo ou pelo pro- cesso inflamatório; • Nas crianças, a apresentação clínica é variada, dependendo da idade, conforme quadro a seguir:
  • 57. 57SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Quadro 12 - Apresentação clínica dos quadros de ITU por grupo etário. Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/X7q1yE. Tratamento ambulatorial • O tratamento ambulatorial é feito quando não se tem as seguin- tes situações: ITU em recém-nascidos, pielonefrite grave (irrita- bilidade, letargia, desidratação, anorexia, vômitos) e persistência dos sintomas após 48 horas de antibiótico adequado (falha tera- pêutica) – nesses casos, o paciente deve ser referenciado à uni- dade hospitar. Sinais e sintomas sistêmicos, indistinguíveis da sepse: febre sem foco, hipotermia, intolerância alimentar (vômitos, distenção abdominal), inapetência, apneia, hipóxia, bradicardia, letargia, taquipneia e icterícia. Difícil difenciar cistite e pielonefrite nessa idade. Apresenta febre, vômito, crescimento insuficiente, dor no flanco, abdômen ou região suprapúbica, irritabilidade, incontinência urinária, hepato ou esplenomegalia. Sinais e sintomas podem ter características semelhantes às dos lactentes ou dos escolares e adolescentes. - Disúria, urgência miccional, polaciúria, enurese, incontinência urinária; - Dor abdominal, no flanco ou na região suprapúbica; - Febre; - Vômitos. Quadro clínicoFaixa etária Neonato (menor que 30 dias) Lactente (1 mês a 2 anos) Pré-escolar (2 a 4 anos) Escolar (5 a 8 anos) Adolescente (9 a 18 anos)
  • 58. 58SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Quadro 13 - Tratamento farmacológico de ITU em crianças. Crianças Sulfametoxazol/trimetropim 40/8 mg/kg/dia por dez dias Cefalexina 30 mg - 50 mg/kg/dia por dez dias Amoxacilina 30 mg - 50 mg/kg/dia por dez dias Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/v0pn7p. Refluxo vesicoureteral O refluxo vesicoureteral é presente em 1% das crianças desde o nasci- mento por anomalia no trato urinário. Dessa forma, deve ser investigado no 1º episódio de pielonefrite com ultrassonografia e cintilografia e, se houver alte- ração, deve-se realizar uretrocistografia miccional; a partir do 2º episódio de pielonefrite, a investigação é feita somente com uretrocistografia miccional. IMPORTANTE! Verifique as possibilidades de encaminhamento para o especialista em sua região de atuação quando da suspeita de refluxo vesicouretral. ü Condutas de Enfermagem O enfermeiro deve avaliar a presença dos sinais e sintomas, identifi- cando os fatores contribuintes para reduzir o risco de recorrência, prevenir disseminação sistêmica da infecção e preservar a função renal. Devemos orientar os pais em relação à importância da ingesta de lí- quidos e em relação ao uso de fraldas por muito tempo (HOCKENBERRY; WIL- SON, 2011).
  • 59. 59SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA 1.11 Convulsões Características • Define-se convulsão como crise que pressupõe atividade muscu- lar que pode ser tônica, clônica ou tônico-clônica;  • Quando as crises não apresentam manifestações motoras, não são chamadas crises convulsIvas, podendo ser neurovegetatIvas, sensitIvas ou sensoriais, dependendo da porção do cérebro onde ocorre a disfunção; • Geralmente acompanhando o quadro motor, ocorre a perda da consciência e, por dificuldade na manutenção de uma respiração adequada, a criança pode apresentar cianose labial e nas extremi- dades. Por alteração da motricidade ocular, os olhos apresentam movimentos involuntários para cima e dilatação pupilar, além de salivação durante o evento; • Basicamente observam-se dois tipos de convulsão: a que ocorre durante uma crise epiléptica, denominada de crise convulsiva, e as que ocorrem durante um quadro de síncope prolongado por falta de oxigenação ou por isquemia cerebral, denominadas sín- copes convulsIvas. A crise epilética • Uma crise epilética é um evento paroxístico causado por descar- gas anormais, excessIvas e hipersincrônicas de um agregado de neurônios do sistema nervoso central (SNC), podendo ter várias manifestações, desde uma atividade convulsiva dramática até fenômenos da experiência não facilmente discerníveis por um observador; • De 5% a 10% da população apresentará pelo menos uma crise epilética, sendo as maiores incidências verificadas no início da in- fância e na idade adulta avançada (BRASIL, 2013a).
  • 60. 60SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Tipos de convulsão Pela análise do fenômeno convulsivo em si é muito difícil a distinção entre os dois tipos de convulsão, uma vez que podemos encontrar as mesmas manifestações clínicas em várias patologias. Causas das crises epiléticas • As crises epiléticas resultam de um desvio do equilíbrio normal entre excitação e inibição no sistema nervoso central (SNC). Ten- do em vista as numerosas propriedades que controlam a estabili- dade neuronal, não causa surpresa o fato de existirem muitas for- mas diferentes de perturbar esse equilíbrio normal e, portanto, muitas causas diferentes para as crises epiléticas (BRASIL, 2013a). Quadro 14 - Causas de crises epiléticas em RN, lactentes e crianças. Recém-nascidos (menos de 1 mês) Hipóxia e isquemia perinatais. Hemorragia e traumatismos cranianos. Infecção aguda do SNC. Distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia, deficiência de piridoxina). Abstinência de drogas. Distúrbios de desenvolvimento. Distúrbios genéticos. Lactentes e crianças (de 1 mês a 12 anos de idade) Convulsões febris. Distúrbios genéticos (síndromes metabólicas, degeneratIvas, de epilepsia primária). Infecção do SNC. Distúrbios do desenvolvimento. Traumatismo. Idiopáticas. Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http://goo.gl/8cTmBP.
  • 61. 61SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Anamnese e exame físico • O detalhamento da semiologia das crises é o primeiro e decisivo passo no estabelecimento da estratégia inicial de investigação complementar. Deve-se obter a história clínica do paciente e de um acompanhante que já tenha presenciado as crises, processo que exige tempo, paciência e habilidade. • O detalhamento da “aura” é o ponto-chave nesta fase. • O Ministério da Saúde recomenda (BRASIL, 2013a): a) Quando a crise evolui para generalização motora, o evento motor é, naturalmente, muito mais impactante para o paciente e observadores do que as alterações (sinais ou sintomas) ocorridas imediatamente antes. Deve- se explicitar essa situação em consulta; b) Relembrar detalhadamente algum episódio ictal recente; c) Supor que uma crise irá ocorrer durante a consulta, perguntando se teria tempo de avisar o evento e o que sentiria; d) Apresentar, inicialmente, perguntas mais gerais. Em um segundo momento, realizar perguntas mais direcionadas, sugerindo sintomas. • O exame físico geral deve incluir pesquisa de sinais de infecção ou enfermidade sistêmica. • Deve-se também perguntar sobre histórias de traumatismo cra- niano e uso de álcool e/ou drogas ilícitas. A ausculta cardíaca e das artérias carótidas pode evidenciar anormalidade que predispo- nha a doença vascular cerebral. • Todos os pacientes com quadro epilético necessitam de exame neurológico completo, incluindo a avaliação do estado mental. Diagnóstico Para o diagnóstico correto é necessária a análise das circunstâncias em que o evento ocorreu, sintomas prodrômicos e recuperação após o evento. • Síncope: de maneira geral, na síncope a perda da consciência é
  • 62. 62SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA breve e súbita. Muitas vezes o indivíduo sente que vai desmaiar e a recuperação após o desmaio é rápida, voltando ao estado nor- mal em curto espaço de tempo; • Na crise convulsiva, a perda da consciência é demorada, geral- mente durante alguns minutos. Não há pródomos e a recupera- ção após a crise é lenta; a criança somente volta ao estado normal após algumas horas; • Vasovagal: a forma mais comum de síncope na criança é a deno- minada vasovagal, desencadeada pelo reflexo vasovagal como resposta a fatores emocionais (sensação de medo, visão de san- gue e injeções). Este reflexo provoca uma bradicardia, com dimi- nuição do fluxo sanguíneo cerebral. A síncope também pode ser desencadeada por alteração do ritmo cardíaco, como nas arrit- mias ou durante um processo febril; • Perda de fôlego: é um tipo de síncope geralmente desencadea- da por choro associado à frustração, raiva, medo ou dor e pode apresentar manifestação de palidez ou de cianose, dependendo do mecanismo predominantemente envolvido. Independe do fa- tor etiológico, se a síncope demorar mais de 30 segundos, pode ocorrer manifestações convulsivas. Crise convulsiva x epilepsia • Nem toda criança que apresenta uma crise convulsiva é epilética. A crise convulsiva pode ser uma manifestação da epilepsia, mas outros fatores podem provocá-la, como uma condição tóxico- metabólica (hipoglicemia, alteração de magnésio, sódio) ou um estado febril; • A convulsão febril é um quadro comum na infância, geralmente definida pelos seguintes critérios:
  • 63. 63SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Figura 13 – Convulsão febril. Convulsão associada ao aumento da temperatura (maior que 38ºC). Criança entre 6 meses e 6 anos de idade. Ausência de infecção ou inflamação no sistema nervoso central. Ausência de anormalidade metabólica que reduz convulsões. Ausência de história de convulsão febril. Neste caso, boa anamnese e bom exame físico e clínico, com informações sobre início, evolução, medidas de temperatura, sintomas associados e contexto famíliar. Fonte: UNA-SUS/UFMA. 2014. Podemos agrupar as crises convulsIvas que não obrigam o diagnósti- co de epilepsia como as que ocorrem na vigência de um distúrbio metabólico agudo ou as crises convulsIvas febris. Por outro lado, existem as crises convul- sIvas que consistem em manifestação de um quadro epilético. Diagnóstico sindrômico • Características semiológicas das crises, idade da criança, exame físico e circunstâncias em que ocorreram, possibilitam o diagnós- tico sindrômico, que será fundamental para a determinação do prognóstico, da necessidade ou não de tratamento medicamen-
  • 64. 64SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA toso e da necessidade ou não de exames subsidiários para com- plementar o diagnóstico. Vejamos abaixo recomendações a respeito de condutas médicas dian- te de quadros de convulsão: Tratamento • De um modo geral, as epilepsias idiopáticas com crises de início generalizado respondem bem ao tratamento medicamentoso. O valproato e o divalproato são as drogas de primeira escolha e as doses variam de 20 a 60 mg/kg/dia, divididas em duas ou três tomadas. Efeitos colaterais • Algumas crianças podem apresentar efeitos colaterais como in- tolerância gástrica, ganho excessivo de peso, queda de cabelos e tremores. Efeitos colaterais mais graves têm sido relatados, como falência hepática e pancreatite, embora sejam raros. Benzodiazepínicos • Benzodiazepínicos, como o clonazepan e o clobazam, também podem ser usados, assim como a lamotrigina. O fenobarbital, apesar de ser uma medicação excelente para as crises convulsI- vas, pode não ter efeito nas crises de ausência e na epilepsia mio- clônica juvenil. Sinais de alarme Abaixo seguem os sinais de alarme que indicam encaminhamento:  • Recém-nascido: qualquer RN febril até 28 dias; • Bebê de 1 a 3 meses nas seguintes condições: mau estado geral, pais ou responsáveis não inspiram confiança ou não concordam com plano terapêutico, não há garantia de retorno de 24 horas,
  • 65. 65SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA pais com acesso rápido ao serviço de saúde no caso de uma piora do quadro; • Sinais de toxemia em qualquer faixa etária: com temperatura nor- malizada, a criança apresenta quedas significatIvas do estado ge- ral, irritabilidade, hipoatividade, alterações no nível de consciên- cia, alterações do padrão respiratório, hipotensão, taquicardia e sinais de má perfusão periférica. ü Condutas de Enfermagem • Garantir permeabilidade de vias aéreas, posicionando adequa- damente a criança e aspirando as vias aéreas; fornecer oxigênio e, em caso de apneia muito prolongada, iniciar a ventilação com pressão positiva; e providenciar um acesso venoso, para adminis- tração das drogas anticonvulsionantes (OLIVEIRA, 2005); • Para melhor assistir o paciente, deverá este ser posicionado em decúbito elevado, devendo toda a equipe atentar ao fato de que a elevação não é só do leito e sim de todo o tronco do paciente, garantindo que fique com o tórax na região de angulação do leito, e não dobrado de forma desconfortável (FERNANDES; FERNAN- DES, 2008). LEMBRETE! O enfermeiro da equipe de atenção primária, que atua nas equipes de Saúde da Família, desenvolve seu trabalho tanto no âmbito da unidade de saúde quanto na comunidade. Entre as suas atribuições estão a realização de assistência integral às pessoas e familiares na unidade de saúde desde o aco- lhimento com classificação do risco para os cuidados primários a consulta de Enfermagem, bem como, e quando necessário, ações no domicílio por meio da visita domiciliar e/ou em outros espaços comunitários para promoção da saúde, prevenção de agravos e vigilância em saúde.
  • 66. 66SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA A consulta de Enfermagem deve estar baseada em suporte teórico que oriente e ampare cada uma das seguintes etapas: • Coleta de dados de Enfermagem (histórico de Enfermagem); • Diagnóstico de Enfermagem; • Planejamento de Enfermagem; • Implementação (realização das ações); • Avaliação de Enfermagem (RIO DE JANEIRO, 2012). IMPORTANTE! A prescrição de medicamentos e a solicitação de exames poderão ser desenvolvidas durante o processo, de acordo com a necessidade, desde que incluídas na assistência integral à saúde do indivíduo, respeitando o Art. 11, pa- rágrafo II da Lei nº 7.498/86, que determina a “prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela ins- tituição de saúde”. Nesta unidade foram abordados temas de grande relevância para os profissionais da Atenção Básica na abordagem da saúde da criança, pois se tratam das principais causas de procura às unidades de saúde, com foco na assistência de Enfermagem. No dia a dia de trabalho é importante diferenciar um resfriado comum de uma pneumonia, classificar a gravidade dessa doença e quando será neces- Considerações finais
  • 67. 67SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA sário referenciar o usuário; identificar, ainda, uma otite média e quando pres- crever o antibiótico. Isso poderá evitar sobremaneira o agravamento dessas situações. Além disso, deverá saber manejar um paciente asmático ou com infec- ção do trato urinário. É importante também ficar alerta para o paciente que apresente somente febre como sintoma, a fim de evitar as crises convulsIvas febris. No entanto, é importante ainda você conhecer não só as condu- tas clínicas e manejo para cada caso, mas conhecer o funcionamento dos serviços de saúde, atuar em rede e de forma integrada com toda a equipe de saúde, o que poderá garantir o sucesso de todas as condutas clínicas propostas.
  • 68. 68SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012b. 272 p. (Cadernos de Atenção Básica, nº 33). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_ desenvolvimento.pdf. Acesso em: 15 jul. 2014. _____. _____. _____. Manual AIDPI neonatal. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012a. 228 p. (Série A. Normas e manuais técnicos). Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_aidpi_ neonatal_3ed_2012.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014. _____. _____. _____. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. 290 p. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Disponível em: < http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_demanda_espontanea_ queixas_comuns.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2014. _____. _____. _____. Diretrizes para o enfrentamento à pandemia de influenza: ações da Atenção Primária à Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/docs/geral/h1n1_ acoes_aps.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014. _____. _____. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de tratamento de influenza 2013. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013b. 18 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_ influenza_2013.pdf. Acesso em: 18 jul. 2014.
  • 69. 69SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA BRICKS, Lucia Ferro. Editorial: tratamento da criança com febre. Pediatria, São Paulo. v. 28, n. 3, p. 155-8. 2006. Cober, M. P.; Johnson C. E. Otitis media: review of the 2004 treatment guidelines. Ann Pharmacother, v. 39, n. 11, p. 1879-87, nov. 2005. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16174784. Acesso em: Acesso em: 17 jul. 2014. DEMATHÉ, Thiago. infecções de vias aéreas superiores. 2014. Disponível em: http://www.tiothiago.com/2014/01/infeccoes-de-vias-aereas-superiores. html. Acesso em: 17 jul. 2014. DIRETRIZES Brasileiras de Rinossinusites. Rev. Bras. Otorrinolaringol.,  São Paulo,  v. 74, n. 2, supl. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992008000700002&lng=en&nrm=i so. Acesso em:  28 mar.  2014. FERNANDES, P. R. O.; FERNANDES, C. V. Condutas primordiais de Enfermagem em urgências oncológicas. Prática Hospitalar, v. 1, n. 60, p. 147 -51, 2008. FONSECA, Eliane Maria Garcez Oliveira da. Medicina ambulatorial: pediatria. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012. (Série SOPERJ). GREENWOOD, Brian. Um plano de ação global para a prevenção e controle de pneumonia. Rev. Saúde Pública, Genebra, v. 86, n. 5, maio. 2008.  GROSSMAN, R.; OST, D. Diagnosis and Management of Pneumonia and Other Respiratory Infections. Professional Communications, 2006. 336 p.
  • 70. 70SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA HOCKENBERRY, Marilyn J.; WILSON, David. Wong, fundamentos de Enfermagem pediátrica. 8. ed. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. HEILBERG, Ita Pfeferman; SCHOR, Nestor. Abordagem diagnóstica e terapêutica na infecção do trato urinário. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 49, n. 1, jan. 2003. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 42302003000100043&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 mar. 2014.  KELLEY, Peggy. Otite aguda média: por que precisamos de atualizações? In: SIH, Tania (Coord.). VI Manual de otorrinolaringologia pediátrica da IAPO. Barueri, SP: RR Donnelley, 2007. 265 p. v. 6. p. 160-167. Disponível em: < http://www.iapo.org.br/manuals/VI_Manual_br_Otite%20Media%20Aguda. pdf>. Acesso em: 17 jul. 2014. LONDRINA. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal de Saúde. Asma: protocolo. Londrina, PR, 2006. 88 p. Disponível em: < http://www1. londrina.pr.gov.br/dados/images/stories/Storage/sec_saude/protocolos_ clinicos_saude/prot_asma.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014. MARTINS, I. Nursing intervention analysis for the nursing diagnosis ineffective airway clearance. In: NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION. NANDA, NIC, NOC 2004: Working Together for Quality Nursing Care: Striving Toward Harmonization. Chicago: NANDA International, 2004. p. 107.
  • 71. 71SAÚDE DA CRIANÇA E SAÚDE DA FAMÍLIA DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA MURAHOVSCHI, Jayme. A Criança com febre no consultório. J. Pediatr., Porto Alegre, v. 79, supl. 1, jun. 2003. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021- 75572003000700007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 mar. 2014. OLIVEIRA, R.G. Blackbook: pediatria. 3. ed. Belo Horizonte: Black Book, 2005. PINHEIRO, Pedro. O que é Adenoide? 2013. Disponível em: http://www. mdsaude.com/2012/09/adenoide.html. Acesso em: 17 jul. 2014. RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: < http://www. rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4446958/4111921/Enfermagem.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2014. SISTEMA respiratório: como funciona. 2013. Disponível em: < http://www. chegadeasma.com.br/sistema-respiratorio-como-funciona/>. Acesso em: 17 jul. 2014. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner & Suddarth: tratado de Enfermagem médico-cirúrgica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. v. 1. SOUZA, Dayse Maria Moraes e (Org.). A prática diária na estratégia Saúde da Família. Juiz de Fora: UFJF, 2011. 462 p. WONG, Donna L. et al. Whaley & Wong Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 5. ed. Tradução de Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 1118 p.