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ela natural. (Mahshie: 1997, Sim-Sim: 2005, Estanqueiro: 2006)
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Língua Gestual Portuguesa
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Ao contrário do que se passa com as crianças
ouvintes, a aprendizagem da leitura e da escrita
não pode partir da mobilização do conhecimento
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É pela aprendizagem do vocabulário escrito e pelo
ensino explícito da estrutura gramatical da língua
oral que a criança surda acede ao conhecimento
dessa língua e, portanto, à compreensão do
significado do material escrito.
LP Segunda Língua (L2)
Acesso visual
Ao dominarem a língua gestual, as crianças
surdas adquirem um melhor sentido sobre o
mundo que as rodeia e acedem a informação
que tornará a emergência da literacia na
segunda língua muito mais atrativa e acessível.
É fundamental estabelecer ligações e
comparações entre a língua gestual e a língua
escrita.
LP Segunda Língua
Acesso visual
A relação entre a palavra ou expressão escrita
e o conceito tornam-se acessíveis à criança
surda através do gesto.
As dificuldades que a criança sente na parte
gramatical da língua devem ser ensinadas e
explicadas como se faz numa segunda língua
ou língua estrangeira. (Delgado-Martins, 1997 e Sim-Sim,
1998)
LP Segunda Língua
Acesso visual
Segundo Erting & Pfau (1997) o contacto com
a literacia coincide com o processo de se
tornarem bilingues, pois a aprendizagem da
leitura e da escrita é feita na segunda língua.
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leitura e escrita da língua da comunidade
ouvinte.
O papel da família
Aquisição precoce LGP - Comunicação em
Língua Gestual no seio da família.
Os pais não devem ter receio de gestualizar
para os seus filhos bebés pois estão a
contribuir para o seu desenvolvimento e a
estimular uma capacidade de linguagem
inata.
Os pais surdos ou ouvintes devem ser
sensibilizados e informados para esta
condição essencial ao desenvolvimento
cognitivo, linguístico, emocional e social
dos seus filhos surdos.
O contacto com outras crianças surdas é
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O papel da família
O papel da família
Aprendizagem da Língua Portuguesa como
Segunda Língua – Leitura e escrita
O acesso à leitura e escrita deve começar
em casa: (Svartholm: 1998, Stewart & Clark:2003)
• pelo contacto com materiais escritos e
pela leitura de histórias infantis, traduzidas
em LGP;
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A leitura de livros e revistas deve ser feita
com crianças em fase pré-escolar porque
diverte, estimula e satisfaz a curiosidade
da criança, e não por causa de objetivos
educacionais.
Através da leitura, a criança será bem
preparada para a aprendizagem da segunda
língua.
O papel da família
Elevar as expetativas quanto ao futuro
dos filhos surdos.
Uma posição positiva da família é
encorajadora do desenvolvimento. (Mahshie,
1997)
Dar o seu tempo aos filhos e impor
disciplina de estudo.
O papel da família
A língua portuguesa deve ser ensinada à
criança surda na sua vertente escrita como
Língua Não Materna (LNM) ou Língua
Segunda (L2)
O seu ensino como L2 beneficia do princípio de
que a criança surda possui uma primeira língua
(LGP) cuja aquisição foi o mais natural possível,
tendo em conta que cerca de 5 a 10% de
crianças são filhas de pais ouvintes.
O papel da escola
Deverá ser desenvolvido um método de
ensino de leitura “silenciosa” e de escrita
com base na relação grafia e gesto, para
fazer sentido. (Delgado-Martins:1997;
Svartholm:1998)
Aquilo que se faz com a criança surda tem
mais efeito no seu desenvolvimento
linguístico e cognitivo do que o facto de
não ouvir. (Stokoe:2001)
O papel da escola
• Proporcionar um ambiente rico em LGP;
• estratégias adequadas no ensino do
Português L2;
• criar hábitos de trabalho;
• não reduzir currículos, o que dificulta
prosseguimento de estudos superiores aos
jovens surdos;
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professores de LGP e os intérpretes de LGP.
O papel da escola
Ter em conta que:
• os alunos surdos não possuem memória
auditiva;
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gramática;
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visuais;
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O papel da escola
• O ensino da gramática do PL2 deve ser
explícito e ilustrado com exemplos seguindo as
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o professor pode recorrer a materiais existentes de
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PROGRAMA PL2 PARA ALUNOS SURDOS
http://www.redesolidaria.org.pt/artigos/programa_pl2_versao_final.pdf
• Deve-se recorrer ao estudo contrastivo entre o
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é ensinada por comparação com a regra.
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Semelhanças com as propriedades de todas as
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Entre outros…
• Espaço gestual / Mudança de personagem
• Sintaxe – SOV ordem natural - “menina livro ler”
• Marcas de género (masculino/feminino)
• Sistema pronominal – “apontar”
• Verbos
o Flexão aspetual – andar, correr, trabalhar
o Marcadores de tempo verbal
Bibliografia
ALMEIDA, M.J.FREIRE (2007): A criança surda e o desenvolvimento da literacia,
Diss.Mest. da Universidade de Aveiro, https://ria.ua.pt/handle/10773/1312
AMARAL, M.A. (2002): Língua Gestual e Leitura em Crianças Surdas – Estudo
Experimental de Aplicação de um Modelo Bilingue, Diss.Dout., Lisboa, FL – UL
DELGADO-MARTINS, M.R. (1997b): “Como aprendem as crianças surdas a ler e a
escrever”, NOESIS, Outubro/Dezembro 1997
ERTING, L. e PFAU, J. (1997): Becoming Bilingual: Facilitating English Literacy
Development Using ASL in PreSchool, no sítio
http://clerccenter.gallaudet.edu/Products/Sharing-Ideas/planning/SI-Planning.pdf,
ESTANQUEIRO, P. (2006): “Língua Gestual Portuguesa – uma opção ou um direito?
– O meio menos restritivo na educação de Surdos” in BISPO, M., COUTO, A.,
CLARA, M.C. e CLARA, L. (2006): o Gesto e a Palavra I, Lisboa, Caminho
FREIRE, M. J. (2011): A criança surda e o desenvolvimento da literacia, Coleção
Informar, nº 7, Lisboa, INR – Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P.
KRASHEN, S. D. (1988): Second Language Acquisition and Second Language
Learning, Englewood Cliffs, Prentice Hall Inc.
MAHSHIE, S. N. (1997): “A First Language : Whose Choice Is It” in
http://clerccenter.gallaudet.edu/Products/Sharing-Ideas/afirst/smahshie.html
SIM-SIM, I. (1998): Desenvolvimento da Linguagem, Lisboa: Universidade Aberta
SIM-SIM, I. (org.) (2005): A Criança Surda – Contributos para a sua Educação,
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian
STEWART, D. A. e CLARKE, B. R. (2003): Literacy and Your Deaf Child, Washington,
D.C., Gallaudet University Press
STOKOE, W. (2001): “Deafness, Cognition, and Language” in CLARK, M.D.,
MARSCHARK, M. e KARCHMER, M. (2001): Context, Cognition and Deafness,
Washington, Gallaudet University Press
SVARTHOLM, K. (1998): “Aquisição de segunda língua por surdos”, Espaço, nº. 9,
Janeiro – Junho 1998, Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Educação de Surdos, pp.
38-45
Bibliografia
OBRIGADA
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Apresentação educação bilingue criança surda mjfreire_julho_2015

  • 1. Educação Bilingue e Bicultural de Alunos Surdos Maria José Freire 8 Julho 2015 Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Setúbal maria.jose.freire@ese.ips.pt maria_josea@yahoo.com Seminário partilha de práticas nas NEE(s) Práticas, Experiências e Partilhas no trabalho com alunos com NEE Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro Auditório do CCC - Caldas da Rainha
  • 2. Educar + comunicar Respeitar + aceitar Identidade cultural Identidade linguística Educação Comunicação e Identidade
  • 3. Criança surda bilingue, com duas culturas e uma identidade segura, construída com base no respeito pelas suas características individuais - não importa o grau de surdez ou o tipo de tecnologia de suporte auditivo. Leitura aconselhada: Implants, signing let deaf kids be bilingual: experts BY RANDI BELISOMO http://uk.reuters.com/article/2015/06/16/us-deafness-signing-kids- idUKKBN0OV2LD20150616 Educação Comunicação e Identidade
  • 4. Criança surda Jovem surdo Adulto surdo Idoso surdo As tecnologias mudam A humanidade perdura pela cultura e pela educação: que opções? Educação Comunicação e Identidade
  • 5. Educação bilingue e bicultural das crianças e jovens surdos Língua Gestual Portuguesa como primeira língua. Língua Portuguesa como segunda língua. Pressupostos teóricos O papel da família O papel da escola Estudo contrastivo LGP/ PL2
  • 6. Educação bilingue e bicultural LGP – Primeira Língua/Língua Materna Aquisição precoce – ambiente natural LP – Segunda Língua Aprendizagem – ensino explícito
  • 7. Importância do input visual Para adquirir uma primeira língua, a criança necessita de aceder a exemplos variados e inteligíveis dessa língua. (Krashen: 1988, Mahshie: 1997, Sim-Sim: 2005) A criança surda não o pode fazer pela via da audição, mas sim pelo que tem de melhor: a visão - meio de acesso à língua gestual, para ela natural. (Mahshie: 1997, Sim-Sim: 2005, Estanqueiro: 2006)
  • 8. Acesso à primeira língua A linguagem oral não é a modalidade natural da aquisição linguística das crianças surdas. A surdez afecta a aquisição e desenvolvimento da língua falada pela simples razão que o input auditivo não é recebido convenientemente. A grande diferença está na modalidade de aquisição natural que, não sendo auditivo- vocal, assenta num sistema simbólico visual, isto é, uma língua gestual. (Sim-Sim, 1998: 277)
  • 9. Língua Gestual Portuguesa – Primeira língua Importância da língua gestual para o desenvolvimento global da criança surda: Linguístico Cognitivo Social e cultural Conhecimento do mundo
  • 10. LGP – Primeira Língua A Língua Gestual Portuguesa é a primeira língua da criança surda – deve fazer parte do seu ambiente natural, em casa, na escola e no seio da comunidade surda. O desenvolvimento cognitivo decorre da interação linguagem/pensamento. A LGP desempenha esse papel na criança surda. (Amaral:2002)
  • 11. LGP – Primeira Língua (L1) A LGP deve estar sempre presente em todo o currículo escolar e constituir igualmente matéria de estudo. A criança deve estar rodeada de falantes nativos da língua, bem como de professores ouvintes e surdos e de intérpretes que dominem a LGP.
  • 12. A criança surda não tem memória auditiva Ao contrário do que se passa com as crianças ouvintes, a aprendizagem da leitura e da escrita não pode partir da mobilização do conhecimento da língua oral. É pela aprendizagem do vocabulário escrito e pelo ensino explícito da estrutura gramatical da língua oral que a criança surda acede ao conhecimento dessa língua e, portanto, à compreensão do significado do material escrito.
  • 13. LP Segunda Língua (L2) Acesso visual Ao dominarem a língua gestual, as crianças surdas adquirem um melhor sentido sobre o mundo que as rodeia e acedem a informação que tornará a emergência da literacia na segunda língua muito mais atrativa e acessível. É fundamental estabelecer ligações e comparações entre a língua gestual e a língua escrita.
  • 14. LP Segunda Língua Acesso visual A relação entre a palavra ou expressão escrita e o conceito tornam-se acessíveis à criança surda através do gesto. As dificuldades que a criança sente na parte gramatical da língua devem ser ensinadas e explicadas como se faz numa segunda língua ou língua estrangeira. (Delgado-Martins, 1997 e Sim-Sim, 1998)
  • 15. LP Segunda Língua Acesso visual Segundo Erting & Pfau (1997) o contacto com a literacia coincide com o processo de se tornarem bilingues, pois a aprendizagem da leitura e da escrita é feita na segunda língua. Uma pessoa surda bilingue é uma gestuante fluente e literata eficiente na leitura e escrita da língua da comunidade ouvinte.
  • 16. O papel da família Aquisição precoce LGP - Comunicação em Língua Gestual no seio da família. Os pais não devem ter receio de gestualizar para os seus filhos bebés pois estão a contribuir para o seu desenvolvimento e a estimular uma capacidade de linguagem inata.
  • 17. Os pais surdos ou ouvintes devem ser sensibilizados e informados para esta condição essencial ao desenvolvimento cognitivo, linguístico, emocional e social dos seus filhos surdos. O contacto com outras crianças surdas é essencial para o seu crescimento natural O contacto com a comunidade surda é benéfico para pais e filhos O papel da família
  • 18. O papel da família Aprendizagem da Língua Portuguesa como Segunda Língua – Leitura e escrita O acesso à leitura e escrita deve começar em casa: (Svartholm: 1998, Stewart & Clark:2003) • pelo contacto com materiais escritos e pela leitura de histórias infantis, traduzidas em LGP; • fazendo a ponte com a palavra escrita.
  • 19. A leitura de livros e revistas deve ser feita com crianças em fase pré-escolar porque diverte, estimula e satisfaz a curiosidade da criança, e não por causa de objetivos educacionais. Através da leitura, a criança será bem preparada para a aprendizagem da segunda língua. O papel da família
  • 20. Elevar as expetativas quanto ao futuro dos filhos surdos. Uma posição positiva da família é encorajadora do desenvolvimento. (Mahshie, 1997) Dar o seu tempo aos filhos e impor disciplina de estudo. O papel da família
  • 21. A língua portuguesa deve ser ensinada à criança surda na sua vertente escrita como Língua Não Materna (LNM) ou Língua Segunda (L2) O seu ensino como L2 beneficia do princípio de que a criança surda possui uma primeira língua (LGP) cuja aquisição foi o mais natural possível, tendo em conta que cerca de 5 a 10% de crianças são filhas de pais ouvintes. O papel da escola
  • 22. Deverá ser desenvolvido um método de ensino de leitura “silenciosa” e de escrita com base na relação grafia e gesto, para fazer sentido. (Delgado-Martins:1997; Svartholm:1998) Aquilo que se faz com a criança surda tem mais efeito no seu desenvolvimento linguístico e cognitivo do que o facto de não ouvir. (Stokoe:2001) O papel da escola
  • 23. • Proporcionar um ambiente rico em LGP; • estratégias adequadas no ensino do Português L2; • criar hábitos de trabalho; • não reduzir currículos, o que dificulta prosseguimento de estudos superiores aos jovens surdos; • realizar trabalho de equipa com os professores de LGP e os intérpretes de LGP. O papel da escola
  • 24. Ter em conta que: • os alunos surdos não possuem memória auditiva; • que deve ser feito um ensino explícito da gramática; • que devem ser utilizadas estratégias visuais; • o professor de português deve conhecer as estruturas da LGP . O papel da escola
  • 25. • O ensino da gramática do PL2 deve ser explícito e ilustrado com exemplos seguindo as estratégias de L2 ou LE – Existe um programa de PL2 para alunos surdos e o professor pode recorrer a materiais existentes de ensino do PL2, adequando-os ao nível de ensino e ao seu público alvo. PROGRAMA PL2 PARA ALUNOS SURDOS http://www.redesolidaria.org.pt/artigos/programa_pl2_versao_final.pdf • Deve-se recorrer ao estudo contrastivo entre o PL2 e a LGP – Numa L2 é mais fácil aprender a regra, a exceção é ensinada por comparação com a regra. Português L2
  • 26. Propriedades específicas da LGP Forma diferente de ver e representar o mundo Semelhanças com as propriedades de todas as línguas naturais Propriedades específicas das línguas gestuais • Produção motora e expressão facial; • Perceção/receção visual e tátil; • Uso do espaço gestual.
  • 27. Estudo contrastivo LP-LGP Entre outros… • Espaço gestual / Mudança de personagem • Sintaxe – SOV ordem natural - “menina livro ler” • Marcas de género (masculino/feminino) • Sistema pronominal – “apontar” • Verbos o Flexão aspetual – andar, correr, trabalhar o Marcadores de tempo verbal
  • 28. Bibliografia ALMEIDA, M.J.FREIRE (2007): A criança surda e o desenvolvimento da literacia, Diss.Mest. da Universidade de Aveiro, https://ria.ua.pt/handle/10773/1312 AMARAL, M.A. (2002): Língua Gestual e Leitura em Crianças Surdas – Estudo Experimental de Aplicação de um Modelo Bilingue, Diss.Dout., Lisboa, FL – UL DELGADO-MARTINS, M.R. (1997b): “Como aprendem as crianças surdas a ler e a escrever”, NOESIS, Outubro/Dezembro 1997 ERTING, L. e PFAU, J. (1997): Becoming Bilingual: Facilitating English Literacy Development Using ASL in PreSchool, no sítio http://clerccenter.gallaudet.edu/Products/Sharing-Ideas/planning/SI-Planning.pdf, ESTANQUEIRO, P. (2006): “Língua Gestual Portuguesa – uma opção ou um direito? – O meio menos restritivo na educação de Surdos” in BISPO, M., COUTO, A., CLARA, M.C. e CLARA, L. (2006): o Gesto e a Palavra I, Lisboa, Caminho FREIRE, M. J. (2011): A criança surda e o desenvolvimento da literacia, Coleção Informar, nº 7, Lisboa, INR – Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P.
  • 29. KRASHEN, S. D. (1988): Second Language Acquisition and Second Language Learning, Englewood Cliffs, Prentice Hall Inc. MAHSHIE, S. N. (1997): “A First Language : Whose Choice Is It” in http://clerccenter.gallaudet.edu/Products/Sharing-Ideas/afirst/smahshie.html SIM-SIM, I. (1998): Desenvolvimento da Linguagem, Lisboa: Universidade Aberta SIM-SIM, I. (org.) (2005): A Criança Surda – Contributos para a sua Educação, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian STEWART, D. A. e CLARKE, B. R. (2003): Literacy and Your Deaf Child, Washington, D.C., Gallaudet University Press STOKOE, W. (2001): “Deafness, Cognition, and Language” in CLARK, M.D., MARSCHARK, M. e KARCHMER, M. (2001): Context, Cognition and Deafness, Washington, Gallaudet University Press SVARTHOLM, K. (1998): “Aquisição de segunda língua por surdos”, Espaço, nº. 9, Janeiro – Junho 1998, Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Educação de Surdos, pp. 38-45 Bibliografia