SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 28
Baixar para ler offline
SUMÁRIO
A teoria deontológica - o dever como fundamento da
moralidade (Immanuel Kant)
A teoria consequencialista - a utilidade como fundamento
da moralidade (Stuart Mill)
1.3 A necessidade de fundamentação da moral
– duas perspectivas filosóficas
1. A dimensão ético-política
Ética
Problema
Qual o fundamento da moralidade?
Qual o critério para avaliar a moralidade das acções?
Dois tipos de teorias
1) Teorias deontológicas -
o critério para avaliar a
moralidade das acções é o
seu respeito pelos
princípios
2) Teorias consequencialistas
– o critério para avaliar
a moralidade das acções
são as suas consequências
Duas teorias
Deontológicas
▼
Teorias que fazem depender
a moralidade de uma acção do
respeito por princípios
▼
Devemos agir por obediência a
regras
▼
Exemplo: para Kant mentir
é errado ainda que do acto
de mentir resultem benefícios
▼
Kant pergunta: qual foi a intenção
da acção?
Consequencialistas
▼
Teorias que fazem depender
a Moralidade de uma acção das
suas consequências
▼
Devemos escolher a acção que
tem as melhores consequências
globais
▼
Exemplo: para Stuart Mill
mentir não é errado por
princípio, mas em função das
consequências
▼
S.Mill pergunta: quais as
consequências das acções?
Uma teoria deontológica:
a ética racional de Kant
Sumário
Legalidade e moralidade
O ideal moral: tornar a vontade boa
Dever e lei moral – imperativo categórico da
moralidade
Moralidade, autonomia e dignidade humana
Fundamento e critério de moralidade
Qual é o critério para
avaliar as acções?
O que torna as
acções boas ou más ?
Problema
Legalidade e moralidade
Kant caracteriza o domínio da moralidade e apresenta um
critério para avaliar a moralidade das acções (Fundamentação
da Metafísica dos Costumes)
 Em que circunstâncias uma acção é boa?
 Basta respeitar as regras?
 Se o depositário de um bem (dinheiro) o devolve por ter medo de ser
descoberto, a acção ainda é moralmente boa?
 Devolver o dinheiro será suficiente para se poder falar em moralidade?
Kant >>>
É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não suba os preços ao
comprador inexperiente (...) Mantém um preço fixo geral para toda a gente,
de forma que uma criança pode comprar na sua mercearia tão bem como
qualquer outra pessoa. É-se, pois, servido honradamente; mas isso ainda
não é bastante para acreditar que o comerciante tenha assim procedido por
dever e princípios de honradez; o seu interesse assim o exigia. A acção não
foi, portanto, praticada (...) por dever, mas somente com intenção egoísta.
(...)
Pensar Azul, p. 111
>>>
Kant
>>>
Pelo contrário, conservar cada qual a sua vida é um dever, e é além disso
uma coisa para que toda a gente tem inclinação imediata. Mas por isso
mesmo é que o cuidado que a maioria dos Homens lhe dedicam não tem
nenhum valor intrínseco e a máxima que o exprime nenhum conteúdo
moral. Os Homens conservam, habitualmente, a sua vida, conforme ao
dever, sem dúvida, mas não por dever. Em contraposição, quando as
contrariedades e o desgosto sem esperança roubaram totalmente o gosto de
viver; quando o infeliz (…) deseja a morte e contudo conserva a vida sem a
amar, não por inclinação ou medo, mas por dever, então a sua máxima tem
conteúdo moral.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes
Kant apresenta três exemplos
1) Fixando um preço, o merceeiro respeita a regra moral, mas escolhe a
honestidade por interesse, não por dever
2) Temos o dever de conservar a vida e gostamos de viver. Se conservarmos
a vida por gostar de viver, fazemo-lo por inclinação e não por lhe atribuir
valor intrínseco: conservamos a vida por conformidade ao dever
3) Se perdermos a vontade de viver e desejarmos morrer mas conservarmos
a vida por dever, estamos a agir moralmente, pois a regra particular (Kant
chama-lhe máxima) que seguimos ao escolher o dever tem valor moral
Diz Kant:
Conservo a vida não por ter gosto de viver, mas porque é meu dever respeitar o princípio
universal não matarás.
A moralidade das acções resulta do cumprimento
do dever
Acção moral ou moralmente
boa (moralidade)
Acções legais ou boas
(legalidade)
A acção em conformidade com
a norma; opção do agente não
por inclinação mas por dever
▼
Acções em conformidade
com a norma; opção do
agente por interesse (gostar
de viver), não por dever
▼
Exemplo 3
▼
Exemplos 1 e 2
▼
Distinção legalidade versus moralidade
Legalidade
Carácter das acções
simplesmente boas, i.e.,
em conformidade com a
norma
Moralidade
Carácter das acções
realizadas não só em
conformidade com a
norma, mas também
por respeito ao dever
O ideal moral: tornar a vontade boa
 Quem opta é a razão; quem decide realizar a acção é vontade
(a “faculdade do querer”)
 Nós nem sempre escolhemos de acordo com a nossa
racionalidade. Porquê?
 Porque na deliberação e na decisão somos influenciados pelo
que Kant chamou as três disposições do ser humano
As três disposições do ser humano
para a
personalidade
ser racional capaz de
responsabilidade:
tornar-se pessoa
exigências auto
impostas pela razão -
desprendimento e
autonomia
para a
humanidade
ser vivo e ser
racional
influências da
sociedade e da
comunidade de
interesses
para a
animalidade
ser vivo
a natureza em
nós: inclinações
e necessidades
sensíveis
Disposição racionalDisposição
sensível
Disposição
sensível
Como alcançar a vontade boa?
 O corpo e a razão não têm as mesmas
inclinações
 A vontade fica sujeita a conflitos entre disposições
 A vontade fica dividida entre o dever (motivações racionais) e
o prazer (inclinações sensíveis)
 A vontade pode escolher (é o livre-arbítrio)
 Nem sempre escolhe o dever (a moralidade)
Vontade boa
Devido aos conflitos entre as disposições a vida ética
é uma luta
Kant propõe como ideal moral o esforço para transformar a
vontade dividida e imperfeita numa vontade boa, isto é,
numa vontade que se determine a agir por dever
Só a escolha do dever por dever permite transformar a
vontade numa vontade boa
Dever e lei moral – imperativo categórico da
moralidade
O que é agir por dever?
É orientar-se pela disposição para a personalidade, e
consiste na elaboração de leis racionais a que a própria
Razão se submete (autonomia)
O dever é o respeito pela lei moral
Duas coisas enchem o meu coração de admiração: o céu
estrelado por cima de mim e a lei moral em mim.
Kant, Crítica da Razão Prática
Vincente van Gog (1853-1890), Noite estrelada
Heitor Villa Lobos,
Noite estrelada
As leis da razão e as leis da natureza
valem universalmente
As leis naturais são descritivas
– dizem como a natureza funciona
As leis morais são prescritivas (normativas)
– prescrevem um comportamento
– são incondicionais e absolutas
– são um imperativo categórico (uma ordem incondicional)
Enunciado do Imperativo Categórico
Age apenas segundo uma máxima
tal que possas, ao mesmo tempo,
querer que ela se torne lei
universal
 É uma ordem incondicional
 Impõe a acção como necessária, fim
em si mesma
Imperativo categórico
Significa que
 A regra particular (máxima) que seguimos deve poder ser
aceite por todos os seres racionais – universalização
 A universalização da máxima garante a imparcialidade e a
independência do agente em relação aos seus interesses
particulares
 A universalização da máxima torna-a acção boa (moral)
Moralidade, autonomia e dignidade
humana >>>
A opção pela moralidade permite ao indivíduo tornar-se ser
moral ou pessoa, conferindo-lhe dignidade e valor absoluto.
Diz Kant
A moralidade é a única condição que pode fazer de um ser racional um fim
em si mesmo; a moralidade, e a humanidade, enquanto capaz de moralidade,
são as únicas coisas que têm dignidade. Podemos agora explicar-nos
facilmente (pois) sucede que possamos achar simultaneamente uma certa
sublimidade e dignidade na pessoa que cumpre todos os seus deveres.
Pensar Azul, p. 114
Moralidade, autonomia e dignidade humana
Pois enquanto ela está submetida à lei moral não há nela sublimidade
alguma; mas há-a sim na medida em que ela é ao mesmo tempo
legisladora em relação a essa lei moral e só por isso lhe está subordinada.
Não é nem o medo nem a inclinação mas tão somente o respeito à lei, que
constitui o móbil [motivo] que pode dar à acção um valor moral. Só esta
vontade que nos é possível [representar] na ideia é o objecto próprio do
respeito, e a dignidade da humanidade consiste precisamente nesta
capacidade de ser legislador universal, se bem que com a condição de
estar ao mesmo tempo submetido a essa mesma legislação.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes
Tese defendida no texto
A vontade é digna de respeito quando se subordinar a «uma
legislação universal» que ela própria elaborou, pois:
é legisladora universal
só tem de obedecer à razão
(à lei que impõe a si mesma)
não está dependente das inclinações sensíveis
(as disposições para a animalidade e para a humanidade)
Autonomia
Kant chama autonomia à propriedade da vontade de se
constituir como a sua própria lei;
A autonomia da vontade é o princípio supremo da moralidade
e o fundamento da dignidade e do respeito devido ao ser moral
ou pessoa
Fundamento e critério de moralidade >>>
Perguntas
 qual o
fundamento da
moralidade das
acções?
 qual o critério
para avaliar a
moralidade das
acções?
Segundo Kant
O fundamento da moralidade é a
racionalidade, i.e. , a autonomia da
vontade
Isso implica:
 cumprimento do dever por dever
 independência face às disposições
sensíveis
 opção pela personalidade
Fundamento e critério de moralidade
O critério para identificar uma acção como boa é o
carácter incondicional e universalizável da máxima que
determina a escolha, ou seja, o carácter racional da lei
moral
Organograma conceptual
Ser Humano (pessoa)
fim em si mesmo
vontade boa
autonomiaacção por interesse, não por dever
acção moral (por dever)o móbil são as inclinações sensíveis
devercumpre a lei
lei moral racional
imperativo categórico
acção legal
↓
Disposição para a
◄ personalidade
↓
Disposição para a
◄ humanidade ►
Disposição para a
animalidade ►
Ser Humano
Uma teoria deontológica
a ética racional de KANT

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

As éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kantAs éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kant
Filipe Prado
 
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de millComparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Luis De Sousa Rodrigues
 
Teorias Explicativas do Conhecimento - Hume
Teorias Explicativas do Conhecimento - HumeTeorias Explicativas do Conhecimento - Hume
Teorias Explicativas do Conhecimento - Hume
Jorge Barbosa
 
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillA teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
Otávio Augusto Padilha
 
A justiça como titularidade legitima critica de nozick a rawls
A justiça como titularidade legitima   critica de nozick a rawlsA justiça como titularidade legitima   critica de nozick a rawls
A justiça como titularidade legitima critica de nozick a rawls
Luis De Sousa Rodrigues
 

Mais procurados (20)

A teoria ética de kant
A teoria ética de kantA teoria ética de kant
A teoria ética de kant
 
David hume e o Empirismo
David hume e o EmpirismoDavid hume e o Empirismo
David hume e o Empirismo
 
A teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de millA teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de mill
 
As éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kantAs éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kant
 
Ética, Direito e Política (Teoria da Justiça de Rawls)
Ética, Direito e Política (Teoria da Justiça de Rawls)Ética, Direito e Política (Teoria da Justiça de Rawls)
Ética, Direito e Política (Teoria da Justiça de Rawls)
 
Determinismo Radical
Determinismo RadicalDeterminismo Radical
Determinismo Radical
 
Juízo de fato e Juízo de valor
Juízo de fato e Juízo de valorJuízo de fato e Juízo de valor
Juízo de fato e Juízo de valor
 
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de millComparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de mill
 
Teoria racionalista de Descartes
Teoria racionalista de DescartesTeoria racionalista de Descartes
Teoria racionalista de Descartes
 
Teorias Explicativas do Conhecimento - Hume
Teorias Explicativas do Conhecimento - HumeTeorias Explicativas do Conhecimento - Hume
Teorias Explicativas do Conhecimento - Hume
 
Ética e Deontologia
Ética e DeontologiaÉtica e Deontologia
Ética e Deontologia
 
Determinismo_radical
Determinismo_radicalDeterminismo_radical
Determinismo_radical
 
Libertismo
Libertismo Libertismo
Libertismo
 
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillA teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
 
éTica de kant e de stuart mill
éTica de kant e de stuart milléTica de kant e de stuart mill
éTica de kant e de stuart mill
 
A justiça como titularidade legitima critica de nozick a rawls
A justiça como titularidade legitima   critica de nozick a rawlsA justiça como titularidade legitima   critica de nozick a rawls
A justiça como titularidade legitima critica de nozick a rawls
 
Teoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de KantTeoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de Kant
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Juizo Moral
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Juizo MoralSlides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Juizo Moral
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Juizo Moral
 
Kant e Stuart Mill
Kant e Stuart MillKant e Stuart Mill
Kant e Stuart Mill
 
Rede Concetual da Ação
Rede Concetual da AçãoRede Concetual da Ação
Rede Concetual da Ação
 

Destaque

Ninguém nasce moral
Ninguém nasce moralNinguém nasce moral
Ninguém nasce moral
Genario Silva
 
Princípio da impessoalidade e moralidade promoção pessoal prefeito e improb...
Princípio da impessoalidade e moralidade   promoção pessoal prefeito e improb...Princípio da impessoalidade e moralidade   promoção pessoal prefeito e improb...
Princípio da impessoalidade e moralidade promoção pessoal prefeito e improb...
José Rogério de Sousa Mendes Júnior
 
05. contrato social thomas hobbes
05. contrato social   thomas hobbes05. contrato social   thomas hobbes
05. contrato social thomas hobbes
Hernando Professor
 
Adolescência e moralidade
Adolescência e  moralidadeAdolescência e  moralidade
Adolescência e moralidade
ariadnemonitoria
 

Destaque (18)

Ninguém nasce moral
Ninguém nasce moralNinguém nasce moral
Ninguém nasce moral
 
O agir moral
O agir moralO agir moral
O agir moral
 
Duas perspectivas éticas
Duas perspectivas éticasDuas perspectivas éticas
Duas perspectivas éticas
 
Ética deontológica e teleológica
Ética deontológica e teleológicaÉtica deontológica e teleológica
Ética deontológica e teleológica
 
Ética Moral e Valores.
Ética Moral e Valores.Ética Moral e Valores.
Ética Moral e Valores.
 
14-02-13_Ética-Liberdade- E-Moral
14-02-13_Ética-Liberdade- E-Moral14-02-13_Ética-Liberdade- E-Moral
14-02-13_Ética-Liberdade- E-Moral
 
Criação e moralidade_Mapa_Mental_Liç_512013
Criação e moralidade_Mapa_Mental_Liç_512013Criação e moralidade_Mapa_Mental_Liç_512013
Criação e moralidade_Mapa_Mental_Liç_512013
 
Princípio da impessoalidade e moralidade promoção pessoal prefeito e improb...
Princípio da impessoalidade e moralidade   promoção pessoal prefeito e improb...Princípio da impessoalidade e moralidade   promoção pessoal prefeito e improb...
Princípio da impessoalidade e moralidade promoção pessoal prefeito e improb...
 
Norma jurídica
Norma jurídicaNorma jurídica
Norma jurídica
 
Etica
EticaEtica
Etica
 
Etico egoismo
Etico egoismoEtico egoismo
Etico egoismo
 
1222978084 tica e_moral
1222978084 tica e_moral1222978084 tica e_moral
1222978084 tica e_moral
 
Utilitarismo
UtilitarismoUtilitarismo
Utilitarismo
 
05. contrato social thomas hobbes
05. contrato social   thomas hobbes05. contrato social   thomas hobbes
05. contrato social thomas hobbes
 
Período Socrático
Período SocráticoPeríodo Socrático
Período Socrático
 
Desobediencia civil
Desobediencia civilDesobediencia civil
Desobediencia civil
 
Adolescência e moralidade
Adolescência e  moralidadeAdolescência e  moralidade
Adolescência e moralidade
 
Filosofia Socrática
Filosofia SocráticaFilosofia Socrática
Filosofia Socrática
 

Semelhante a Fundamentação da moral

6 as ã©ticas de kant e de s.mill
6  as ã©ticas de kant e de s.mill6  as ã©ticas de kant e de s.mill
6 as ã©ticas de kant e de s.mill
Patricia .
 
(Microsoft power point
(Microsoft power point  (Microsoft power point
(Microsoft power point
Julia Martins
 
éTica Kantiana
éTica KantianaéTica Kantiana
éTica Kantiana
JNR
 
A lei moral segundo kant
A lei moral segundo kantA lei moral segundo kant
A lei moral segundo kant
Celina Silva
 
A ética deontológica de kant
A ética deontológica de kantA ética deontológica de kant
A ética deontológica de kant
AnaKlein1
 
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
Carla Castro
 
Filosofia apostila terceiro ano
Filosofia apostila terceiro anoFilosofia apostila terceiro ano
Filosofia apostila terceiro ano
Fabio Santos
 

Semelhante a Fundamentação da moral (20)

6 as ã©ticas de kant e de s.mill
6  as ã©ticas de kant e de s.mill6  as ã©ticas de kant e de s.mill
6 as ã©ticas de kant e de s.mill
 
Objetivos Filosofia
Objetivos FilosofiaObjetivos Filosofia
Objetivos Filosofia
 
eticadekant.pdf
eticadekant.pdfeticadekant.pdf
eticadekant.pdf
 
Marilena chaui- a+ética+de+kant
Marilena chaui- a+ética+de+kantMarilena chaui- a+ética+de+kant
Marilena chaui- a+ética+de+kant
 
Ppt 10º b regs 14 e 15 corrigido
Ppt 10º b regs 14 e 15 corrigidoPpt 10º b regs 14 e 15 corrigido
Ppt 10º b regs 14 e 15 corrigido
 
Deontologia pronto
Deontologia prontoDeontologia pronto
Deontologia pronto
 
(Microsoft power point
(Microsoft power point  (Microsoft power point
(Microsoft power point
 
éTica Kantiana
éTica KantianaéTica Kantiana
éTica Kantiana
 
O que torna uma ação moralmente correta.pptx
O que torna uma ação moralmente correta.pptxO que torna uma ação moralmente correta.pptx
O que torna uma ação moralmente correta.pptx
 
Ética:por que e para que ?
Ética:por que e para que ?Ética:por que e para que ?
Ética:por que e para que ?
 
A lei moral segundo kant
A lei moral segundo kantA lei moral segundo kant
A lei moral segundo kant
 
A ética deontológica de kant
A ética deontológica de kantA ética deontológica de kant
A ética deontológica de kant
 
Etica
EticaEtica
Etica
 
Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores
Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores
Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores
 
Eticakant
EticakantEticakant
Eticakant
 
Eticakant
EticakantEticakant
Eticakant
 
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
 
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptx
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptxCríticas à Ética deontológica de Kant.pptx
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptx
 
Plano final 10ºb
Plano final 10ºbPlano final 10ºb
Plano final 10ºb
 
Filosofia apostila terceiro ano
Filosofia apostila terceiro anoFilosofia apostila terceiro ano
Filosofia apostila terceiro ano
 

Mais de Marco Casquinha

Como fazer um relatório para química
Como fazer um relatório para químicaComo fazer um relatório para química
Como fazer um relatório para química
Marco Casquinha
 
Al 2.1 preparação e diluição de soluções
Al 2.1 preparação e diluição de soluçõesAl 2.1 preparação e diluição de soluções
Al 2.1 preparação e diluição de soluções
Marco Casquinha
 
Radiações- tipos de radiação e suas aplicações
Radiações- tipos de radiação e suas aplicaçõesRadiações- tipos de radiação e suas aplicações
Radiações- tipos de radiação e suas aplicações
Marco Casquinha
 

Mais de Marco Casquinha (15)

União Europeia
União EuropeiaUnião Europeia
União Europeia
 
Introdução à Informática (História, Definições, Periféricos, Hardware, Software)
Introdução à Informática (História, Definições, Periféricos, Hardware, Software)Introdução à Informática (História, Definições, Periféricos, Hardware, Software)
Introdução à Informática (História, Definições, Periféricos, Hardware, Software)
 
Higiene e Segurança no trabalho
Higiene e Segurança no trabalhoHigiene e Segurança no trabalho
Higiene e Segurança no trabalho
 
Informática - 4ª Geração
Informática - 4ª Geração Informática - 4ª Geração
Informática - 4ª Geração
 
Modem e Projetor
Modem e ProjetorModem e Projetor
Modem e Projetor
 
Informática - 4ª Geração
Informática - 4ª GeraçãoInformática - 4ª Geração
Informática - 4ª Geração
 
Criação de cabos de rede UTP
Criação de cabos de rede UTPCriação de cabos de rede UTP
Criação de cabos de rede UTP
 
Como fazer um relatório para química
Como fazer um relatório para químicaComo fazer um relatório para química
Como fazer um relatório para química
 
Al 2.1 preparação e diluição de soluções
Al 2.1 preparação e diluição de soluçõesAl 2.1 preparação e diluição de soluções
Al 2.1 preparação e diluição de soluções
 
Néon
NéonNéon
Néon
 
Radiações- tipos de radiação e suas aplicações
Radiações- tipos de radiação e suas aplicaçõesRadiações- tipos de radiação e suas aplicações
Radiações- tipos de radiação e suas aplicações
 
Relatório do filme de filosofia América Proibida
Relatório do filme de filosofia  América ProibidaRelatório do filme de filosofia  América Proibida
Relatório do filme de filosofia América Proibida
 
Interacção radiação-matéria; o ozono na estratosfera
Interacção radiação-matéria; o ozono na estratosferaInteracção radiação-matéria; o ozono na estratosfera
Interacção radiação-matéria; o ozono na estratosfera
 
ÉTICA DEONTOLÓGICA
ÉTICA DEONTOLÓGICA ÉTICA DEONTOLÓGICA
ÉTICA DEONTOLÓGICA
 
NOMENCLATURA DE ALCANOS e DERIVADOS HALOGENADOS 10º ano
NOMENCLATURA DE ALCANOS e DERIVADOS HALOGENADOS 10º anoNOMENCLATURA DE ALCANOS e DERIVADOS HALOGENADOS 10º ano
NOMENCLATURA DE ALCANOS e DERIVADOS HALOGENADOS 10º ano
 

Último

matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
CleidianeCarvalhoPer
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
rosenilrucks
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
RavenaSales1
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
edelon1
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
NarlaAquino
 

Último (20)

COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
praticas experimentais 1 ano ensino médio
praticas experimentais 1 ano ensino médiopraticas experimentais 1 ano ensino médio
praticas experimentais 1 ano ensino médio
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasJogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 

Fundamentação da moral

  • 1. SUMÁRIO A teoria deontológica - o dever como fundamento da moralidade (Immanuel Kant) A teoria consequencialista - a utilidade como fundamento da moralidade (Stuart Mill) 1.3 A necessidade de fundamentação da moral – duas perspectivas filosóficas 1. A dimensão ético-política Ética
  • 2. Problema Qual o fundamento da moralidade? Qual o critério para avaliar a moralidade das acções?
  • 3. Dois tipos de teorias 1) Teorias deontológicas - o critério para avaliar a moralidade das acções é o seu respeito pelos princípios 2) Teorias consequencialistas – o critério para avaliar a moralidade das acções são as suas consequências
  • 4. Duas teorias Deontológicas ▼ Teorias que fazem depender a moralidade de uma acção do respeito por princípios ▼ Devemos agir por obediência a regras ▼ Exemplo: para Kant mentir é errado ainda que do acto de mentir resultem benefícios ▼ Kant pergunta: qual foi a intenção da acção? Consequencialistas ▼ Teorias que fazem depender a Moralidade de uma acção das suas consequências ▼ Devemos escolher a acção que tem as melhores consequências globais ▼ Exemplo: para Stuart Mill mentir não é errado por princípio, mas em função das consequências ▼ S.Mill pergunta: quais as consequências das acções?
  • 5. Uma teoria deontológica: a ética racional de Kant Sumário Legalidade e moralidade O ideal moral: tornar a vontade boa Dever e lei moral – imperativo categórico da moralidade Moralidade, autonomia e dignidade humana Fundamento e critério de moralidade
  • 6. Qual é o critério para avaliar as acções? O que torna as acções boas ou más ? Problema
  • 7. Legalidade e moralidade Kant caracteriza o domínio da moralidade e apresenta um critério para avaliar a moralidade das acções (Fundamentação da Metafísica dos Costumes)  Em que circunstâncias uma acção é boa?  Basta respeitar as regras?  Se o depositário de um bem (dinheiro) o devolve por ter medo de ser descoberto, a acção ainda é moralmente boa?  Devolver o dinheiro será suficiente para se poder falar em moralidade?
  • 8. Kant >>> É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente (...) Mantém um preço fixo geral para toda a gente, de forma que uma criança pode comprar na sua mercearia tão bem como qualquer outra pessoa. É-se, pois, servido honradamente; mas isso ainda não é bastante para acreditar que o comerciante tenha assim procedido por dever e princípios de honradez; o seu interesse assim o exigia. A acção não foi, portanto, praticada (...) por dever, mas somente com intenção egoísta. (...) Pensar Azul, p. 111 >>>
  • 9. Kant >>> Pelo contrário, conservar cada qual a sua vida é um dever, e é além disso uma coisa para que toda a gente tem inclinação imediata. Mas por isso mesmo é que o cuidado que a maioria dos Homens lhe dedicam não tem nenhum valor intrínseco e a máxima que o exprime nenhum conteúdo moral. Os Homens conservam, habitualmente, a sua vida, conforme ao dever, sem dúvida, mas não por dever. Em contraposição, quando as contrariedades e o desgosto sem esperança roubaram totalmente o gosto de viver; quando o infeliz (…) deseja a morte e contudo conserva a vida sem a amar, não por inclinação ou medo, mas por dever, então a sua máxima tem conteúdo moral. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes
  • 10. Kant apresenta três exemplos 1) Fixando um preço, o merceeiro respeita a regra moral, mas escolhe a honestidade por interesse, não por dever 2) Temos o dever de conservar a vida e gostamos de viver. Se conservarmos a vida por gostar de viver, fazemo-lo por inclinação e não por lhe atribuir valor intrínseco: conservamos a vida por conformidade ao dever 3) Se perdermos a vontade de viver e desejarmos morrer mas conservarmos a vida por dever, estamos a agir moralmente, pois a regra particular (Kant chama-lhe máxima) que seguimos ao escolher o dever tem valor moral Diz Kant: Conservo a vida não por ter gosto de viver, mas porque é meu dever respeitar o princípio universal não matarás.
  • 11. A moralidade das acções resulta do cumprimento do dever Acção moral ou moralmente boa (moralidade) Acções legais ou boas (legalidade) A acção em conformidade com a norma; opção do agente não por inclinação mas por dever ▼ Acções em conformidade com a norma; opção do agente por interesse (gostar de viver), não por dever ▼ Exemplo 3 ▼ Exemplos 1 e 2 ▼
  • 12. Distinção legalidade versus moralidade Legalidade Carácter das acções simplesmente boas, i.e., em conformidade com a norma Moralidade Carácter das acções realizadas não só em conformidade com a norma, mas também por respeito ao dever
  • 13. O ideal moral: tornar a vontade boa  Quem opta é a razão; quem decide realizar a acção é vontade (a “faculdade do querer”)  Nós nem sempre escolhemos de acordo com a nossa racionalidade. Porquê?  Porque na deliberação e na decisão somos influenciados pelo que Kant chamou as três disposições do ser humano
  • 14. As três disposições do ser humano para a personalidade ser racional capaz de responsabilidade: tornar-se pessoa exigências auto impostas pela razão - desprendimento e autonomia para a humanidade ser vivo e ser racional influências da sociedade e da comunidade de interesses para a animalidade ser vivo a natureza em nós: inclinações e necessidades sensíveis Disposição racionalDisposição sensível Disposição sensível
  • 15. Como alcançar a vontade boa?  O corpo e a razão não têm as mesmas inclinações  A vontade fica sujeita a conflitos entre disposições  A vontade fica dividida entre o dever (motivações racionais) e o prazer (inclinações sensíveis)  A vontade pode escolher (é o livre-arbítrio)  Nem sempre escolhe o dever (a moralidade)
  • 16. Vontade boa Devido aos conflitos entre as disposições a vida ética é uma luta Kant propõe como ideal moral o esforço para transformar a vontade dividida e imperfeita numa vontade boa, isto é, numa vontade que se determine a agir por dever Só a escolha do dever por dever permite transformar a vontade numa vontade boa
  • 17. Dever e lei moral – imperativo categórico da moralidade O que é agir por dever? É orientar-se pela disposição para a personalidade, e consiste na elaboração de leis racionais a que a própria Razão se submete (autonomia) O dever é o respeito pela lei moral
  • 18. Duas coisas enchem o meu coração de admiração: o céu estrelado por cima de mim e a lei moral em mim. Kant, Crítica da Razão Prática Vincente van Gog (1853-1890), Noite estrelada Heitor Villa Lobos, Noite estrelada
  • 19. As leis da razão e as leis da natureza valem universalmente As leis naturais são descritivas – dizem como a natureza funciona As leis morais são prescritivas (normativas) – prescrevem um comportamento – são incondicionais e absolutas – são um imperativo categórico (uma ordem incondicional)
  • 20. Enunciado do Imperativo Categórico Age apenas segundo uma máxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ela se torne lei universal  É uma ordem incondicional  Impõe a acção como necessária, fim em si mesma
  • 21. Imperativo categórico Significa que  A regra particular (máxima) que seguimos deve poder ser aceite por todos os seres racionais – universalização  A universalização da máxima garante a imparcialidade e a independência do agente em relação aos seus interesses particulares  A universalização da máxima torna-a acção boa (moral)
  • 22. Moralidade, autonomia e dignidade humana >>> A opção pela moralidade permite ao indivíduo tornar-se ser moral ou pessoa, conferindo-lhe dignidade e valor absoluto. Diz Kant A moralidade é a única condição que pode fazer de um ser racional um fim em si mesmo; a moralidade, e a humanidade, enquanto capaz de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade. Podemos agora explicar-nos facilmente (pois) sucede que possamos achar simultaneamente uma certa sublimidade e dignidade na pessoa que cumpre todos os seus deveres. Pensar Azul, p. 114
  • 23. Moralidade, autonomia e dignidade humana Pois enquanto ela está submetida à lei moral não há nela sublimidade alguma; mas há-a sim na medida em que ela é ao mesmo tempo legisladora em relação a essa lei moral e só por isso lhe está subordinada. Não é nem o medo nem a inclinação mas tão somente o respeito à lei, que constitui o móbil [motivo] que pode dar à acção um valor moral. Só esta vontade que nos é possível [representar] na ideia é o objecto próprio do respeito, e a dignidade da humanidade consiste precisamente nesta capacidade de ser legislador universal, se bem que com a condição de estar ao mesmo tempo submetido a essa mesma legislação. Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes
  • 24. Tese defendida no texto A vontade é digna de respeito quando se subordinar a «uma legislação universal» que ela própria elaborou, pois: é legisladora universal só tem de obedecer à razão (à lei que impõe a si mesma) não está dependente das inclinações sensíveis (as disposições para a animalidade e para a humanidade)
  • 25. Autonomia Kant chama autonomia à propriedade da vontade de se constituir como a sua própria lei; A autonomia da vontade é o princípio supremo da moralidade e o fundamento da dignidade e do respeito devido ao ser moral ou pessoa
  • 26. Fundamento e critério de moralidade >>> Perguntas  qual o fundamento da moralidade das acções?  qual o critério para avaliar a moralidade das acções? Segundo Kant O fundamento da moralidade é a racionalidade, i.e. , a autonomia da vontade Isso implica:  cumprimento do dever por dever  independência face às disposições sensíveis  opção pela personalidade
  • 27. Fundamento e critério de moralidade O critério para identificar uma acção como boa é o carácter incondicional e universalizável da máxima que determina a escolha, ou seja, o carácter racional da lei moral
  • 28. Organograma conceptual Ser Humano (pessoa) fim em si mesmo vontade boa autonomiaacção por interesse, não por dever acção moral (por dever)o móbil são as inclinações sensíveis devercumpre a lei lei moral racional imperativo categórico acção legal ↓ Disposição para a ◄ personalidade ↓ Disposição para a ◄ humanidade ► Disposição para a animalidade ► Ser Humano Uma teoria deontológica a ética racional de KANT