UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
Organismos geneticamente modificados
1. ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM)
Corresponde a toda a entidade biológica que sofreu alterações em relação ao seu património genético,
ou seja, ocorrem modificações do seu material genético através de técnicas de engenharia genética,
nomeadamente
através
do
ADN-recombinante,
transferindo
características
num
determinado
organismo que, de outra forma, nunca poderia possuir ou, se possuísse, seria em menor quantidade ou
grau.
Assim, a inclusão de novos genes num novo organismo pretende conferir características relacionadas
com a capacidade a resistir a doenças/pragas e com a melhoria do valor nutricional. Para tal acontecer
recorresse, como já referi, à técnica do ADN recombinante, que utiliza ferramentas específicas tais
como as enzimas de restrição, que funcionam como tesouras, pois cortam o ADN. No entanto, não o
cortam ao acaso mas sim em locais específicos, ou seja, permitem cortar a parte que contém o gene/s
escolhido/s. Outras grandes ferramentas são as ADN-ligases, enzimas que permitem a colagem entre
as pontas de dois segmentos de ADN. Também os vectores são outra ferramenta importante para este
processo, pois são eles que vão transportar o material genético a ser incluído no novo organismo. Os
plasmídeos (ADN circular, presente em vegetais) e os vírus (presentes em animais) são os vectores
mais comuns a serem utilizados. Por último temos os promotores, genes que acompanham o material
genético a ser inserido, garantindo a expressão do gene/s que foram transferidos. Os OGM apresentam
vantagens e desvantagens. Vejamos …
VANTAGENS:
- Tolerância a Herbicidas – Aumento da Produtividade
As plantas podem ser modificadas de modo a que no seu ADN haja um gene que lhe confira resistência
a produtos químicos como os pesticidas e os insecticidas. Com isto os agricultores podem utilizar a
quantidade de químicos que desejarem contra pragas e o produto final não ser afectado, aumentando
assim a quantidade da produção no final de cada época.
- Tolerância a Insetos – Redução dos Químicos Usados
As culturas transgénicas podem ser munidas de genes que lhes confiram resistência às suas pragas
naturais, produzindo toxinas que matam essas pragas. Assim, é desnecessário o uso de químicos como
por exemplo os pesticidas na agricultura, uma vez que a própria planta se protege, contribuindo para a
redução do impacte e poluição ambiental.
- Redução de uso de fertilizantes
Alguns frutos e nozes são munidos de genes capazes de os fazer aumentar de tamanho naturalmente
sem serem utilizados químicos nas culturas para os tornarem maiores e mais apetecíveis, como por
exemplo fertilizantes
2. - Melhoria da qualidade dos Alimentos
A tecnologia usada nos transgénicos permite-nos melhorar e corrigir os mais variados alimentos, de
modo a produzirmos novos alimentos com características desejadas. Podem ser obtidos alimentos com
maior teor em certos nutrientes, alimentos com vitaminas que naturalmente não conseguiriam
produzir, reduzir a síntese de algumas proteínas, para que deste modo os alimentos durem mais
tempo, etc.
- Produção de compostos com interesse Económico
A inovação da biotecnologia a este nível é de tal forma grandiosa, que é possível produzir
variadíssimos tipos organismos que nos possibilitem uma vida mais fácil. É possível criar vacinas
comestíveis, modificar o material genético das vacas para produzirem mais leite, criar peixes coloridos
para comercializar como peças de decoração, assim como muitas outras coisas que falamos mais à
frente. Tudo isto contribui para um largo interesse económico à escala mundial, e quem tiver mais
“imaginação” sai a ganhar.
- Clonagem
Através da técnica de ADN-recombinante é possível introduzir nas bactérias genes com determinadas
funções (genes de interesse). As bactérias ao reproduzirem-se formam descendentes exatamente
iguais entre si, como se fosse um clone, assim fazem cópias desse gene, sendo este processo chamado
de Clonagem.
- Produção de Medicamentos
Tal como na clonagem, através de técnicas de ADN-recombinante é possível fazer com que as
bactérias passem a produzir determinadas substâncias através da inserção de genes de interesse
benéficas para a saúde, e assim produzir medicamentos com base nessas substâncias produzidas.
- Acabar com a Fome Mundial
Os transgénicos ao permitirem um maior aproveitamento de culturas e principalmente a concepção de
alimentos mais ricos em nutrientes e vitaminas, são vistos como uma esperança para os países de
terceiro mundo.
DESVANTAGENS:
- Poluição do Ambiente
Os transgénicos mais comuns são as plantas, nomeadamente o milho e a soja. Ora, uma vez que estas
são modificadas de modo a adquirirem uma resistência a um pesticida ou herbicida, com o objetivo de
obter um maior rendimento da colheita, por exemplo, os indivíduos responsáveis por esses campos de
plantas transgénicas vão adquirir um maior “á vontade” na aplicação desses herbicidas e pesticidas.
Com isto, a quantidade aplicada destes produtos sobre os campos não vai causas preocupações
3. relativamente ao contágio da plantação, e assim as quantidades despejadas sobre estas vão ser
descomunais, tendo assim um impacto altamente nocivo sobre o ambiente, tendo assim um impacto
direto sobre os solos, um vez que os químicos utilizados se infiltram na terra, contaminando-a, e um
impacto indireto sobre as águas subterrâneas, os rios e mesmo sobre a atmosfera, uma vez que os
químicos presentes no solo chegaram aos aquíferos e as águas dos rios.
- Redução da Biodiversidade
A existência de plantas resistentes a produtos químicos provoca uma redução dos predadores naturais
dessa planta, afetando assim os níveis seguintes da cadeia alimentar, como os pássaros que
necessitam dos insetos para se alimentarem, e ainda pode provocar uma dificuldade em existir
predadores naturais para essa mesma planta. Em consequência destes acontecimentos vai haver a
possibilidade de criar efeitos nocivos nos insetos que não são pragas importantes á agricultura e
induzir um rápido crescimento de insetos resistentes (seleção natural).
- Poluição Genética
Não é possível separar culturas convencionais das transgénicas, pois os grãos de pólen percorrem
distâncias na ordem dos 180 Km por dia, sendo possível haver uma disseminação dos grãos de pólen
das plantas transgénicas para as plantas naturais, ou seja, vai haver uma “contaminação” pelo ar das
plantas naturais pelas plantas modificadas, convertendo assim estas plantas em “cópias” daquelas que
haviam sido geneticamente modificadas, convertendo todas as plantas atingidas em plantas com as
mesmas características das transgénicas, alterando assim também a biodiversidade.
- Aumento das Alergias
Há possibilidade de desenvolvimento de alergias a produtos transgénicos. A criação de proteínas
sintetizadas pelos novos genes nos transgénicos pode ter um potencial alérgico ao nosso organismo e
são postos à venda nos supermercados muitos produtos com substâncias transgénicas cujo potencial
alérgico ainda não foi testado.
- Perigo para os agricultores
A existência de culturas transgénicas pode prejudicar aqueles agricultores que não as utilizam. Como?
Simplesmente porque a lei defende sempre as grandes empresas multinacionais. O que acontece é que
sempre que há contaminação genética de culturas convencionais por grãos de pólen transgénicos,
essas culturas passam a ser transgénicas também, e as empresas responsáveis pelo fabrico das
sementes transgénicas tem o “direito” de ficar com a posse dos terrenos agrícolas porque agora
passaram a ser as suas sementes que constituíam os campos agrícolas, e o proprietário para alem de
ficar sem as suas culturas ainda fica sujeito a pagar uma indemnização por ter “usado” sementes que
não eram dele.
- Aparecimento de novas doenças
4. Os transgénicos munidos de genes que lhe conferem resistência a algumas bactérias podem provocar
um fortalecimento dessas bactérias contra as quais atuam. As bactérias que sobrevivem à resistência
das plantas transgénicas, por um processo de seleção natural, vão se reproduzindo, criando novas
colónias de bactérias que não são afetadas por aquelas plantas transgénicas, desenvolvendo-se assim
um novo tipo de bactérias e surgindo novas doenças nas plantas.
- Perigo para a Saúde Pública
O excesso de produtos químicos que advêm da utilização de organismos geneticamente modificados na
agricultura, não tem apenas um impacto negativo no ambiente, mas também um risco para saúde
pública. Se considerarmos que os alimentos provenientes de campos transgénicos são excessivamente
irrigados com pesticidas e herbicidas, esses mesmos produtos químicos vão chegar a nossa mesa,
mesmo em ínfimas quantidades, nos alimentos. Os especialistas dizem que a quantidade de químicos
que tem possibilidade de chegar a nossas casas é “banal” para provocar algum tipo de impacto a nível
da saúde, mas de certo que bem também não faz!
- Resistência a Antibióticos
A transferência de genes dos organismos geneticamente modificados para as células do corpo humano
causaria preocupação se o material genético transferido afeta-se de forma adversa a saúde. Os críticos
aos transgénicos defendem a teoria de que os OGM munidos de genes que lhes conferem resistências a
certos antibióticos (característica que lhes permitem serem distinguidas dos não modificadas), passam
a ter probabilidade de causar essa mesma resistência ao antibiótico no ser que o consumiu, ou seja,
nos humanos. O resultado será então a ineficiência desse antibiótico numa possível infecção provocada
por uma bactéria, ou seja, quando necessitarmos desse antibiótico, seremos resistentes a este, e
assim, não nos fará efeito, com isso, podem multiplicar o número de problemas de saúde que
envolvem bactérias imunes e dificultar o tratamento de doenças.
- Insegurança na Utilização dos Transgénicos
Os estudos feitos aos organismos geneticamente modificados são de curta duração e superficiais, não
sendo possível avaliar com segurança os danos provocados por a introdução de transgénicos no
ambiente.
- Falta de Informação
Existe uma falta de informação relativa aos organismos geneticamente modificados, sendo que grande
parte da população não está informada acerca da sua concepção e em geral nem sequer sabem do que
se trata um transgénico. Para além disto, mesmo a parte da população que tem conhecimento do
assunto e dos possíveis impactos não tem uma informação evidente de quando está a ingerir produtos
transgénicos.