2. Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois
amigos…
Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se
haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por
que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me
contou a suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão.
Não era um que via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das
coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exactamente
como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do
outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha
razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.
“Barão de Teive”
http://arquivopessoa.net/textos/194
3. Prolegômenos
Dialética:
• Compreensão que dados subjetivos (significados, intencionalidade,
interação, participação) são inseparáveis e interdependentes dos dados
objetivos (indicadores, distribuição de frequência e outros).
Com ela podemos criar um processo e dissolução de dicotomias: entre
quantitativo e qualitativo; entre macro e micro; entre interior e exterior;
entre sujeito e objeto.
4. Prolegômenos
Positivismo sociológico
A sociedade humana é regulada por leis naturais que atingem o funcionamento
da vida social econômica, politica e cultural de seus membros
Teses básicas
• Realidade se constitui essencialmente naquilo que os sentidos humanos
podem perceber;
• As ciências sociais e as ciências naturais compartilham do mesmo
fundamento lógico e metodológico, distinguindo-se apenas do método de
estudo;
• Existe uma distinção fundamental entre funções e representações e a
ciência deve-se ocupar dos fatos.
5. Tetragrama organizacional - Morin
Qualquer atividade de seres vivos é
guiada por uma tetralogia que envolve
relações de:
•Ordem;
•Desordem;
•Interação;
•(re)Organização.
6. Operadores da Complexidade
• Operador dialógico - e não dialético. Dialogia significa juntar o que
aparentemente é separado, entrelaçar. Não tem síntese. Pensamento
complexo não é um pensamento simples.
• Operador recursivo - Recursividade significa dizer que quando
alguma coisa é definida como recursiva significa que a causa produz o
efeito, que produz a causa. É como se fosse um anel recursivo, ou
melhor dizendo um circuito recursivo.
• Operador hologramático - Significa que quando você “vê”, não
consegue dissociar parte e todo, ou seja, a parte está no todo da mesma
forma que o todo está na parte.
13. TRIANGULAÇÃO
Triangulação não é um método é uma estratégia de pesquisa apoiada
por métodos científicos testados e consagrados, servindo e adequando-se
a determinadas realidades, com fundamentos interdisciplinares
Deve ser escolhida quando contribuir para aumentar o conhecimento do
assunto a atender aos objetivos que se deseja alcançar.
Enfatiza-se dois pontos:
•Abordagens disciplinares quantitativas e qualitativas, em si, e as
possibilidades interdisciplinares de estas abordagens se combinarem,
produzindo a triangulação
14. Triangulação de métodos
• Integração de diferentes abordagens e técnicas – quantitativas e
qualitativas – em um mesmo estudo;
• Utilização de vários instrumentos que possam contribuir e permitir
uma melhor aproximação e explicação dos processos e fenômenos
sociais; (Minayo, 2003)
• É um esforço de integração metodológica que pode permitir entender a
realidade a partir de vários ângulos, considerando as confluências,
discordâncias, perguntas, dúvidas, falseamentos, tudo isso em uma
discussão interativa e intersubjetiva para construção e análise dos
dados; (Minayo, 2003)
• Implica na utilização de abordagens múltiplas para evitar distorções
em função do método, uma teoria ou um pesquisador. (Gunter, 2006)
15. TRIANGULAÇÃO DE MÉTODOS
Combinação e o cruzamento de múltiplos pontos de vista;
Visão de vários informantes;
Emprego de uma variedade de técnicas de coleta de dados que acompanha o
trabalho de investigação;
Tem por objetivo ir além das duas formas de abordagem mais clássicas, a
positivista e a compreensiva;
Seu uso na prática, permite interação, critica e intersubjetiva e comparação.
16. TRIANGULAÇÃO DE MÉTODOS
O termo Método deve ser considerado aqui
como composto por 4 sentidos:
• Epistemológico (vigilância crítica, regras da produção
científica);
• Teórico (conceitos e regras de interpretação);
• Morfológico (regras de estruturação, de formatação do
objeto científico);
• Técnico (controle da coleta de dados).
17. CATEGORIAS DE TRIANGULAÇÃO
As Quatro Categorias de Triangulação
Triangulação
de dados
Triangulação
de
investigadores
Triangulação
teórica
Triangulação
de métodos
Triangulação múltipla
A triangulação é aplicada em mais de uma categoria
18. PROPÓSITO DA TRIANGULAÇÃO
Superar as deficiências que são inerentes a um método. (Denzin, 1970)
Aumentar a validade dos resultados da investigação. (Mathison, 1988)
19. CATEGORIAS DE TRIANGULAÇÃO
Triangulaçao de Métodos
Triangulação dentro do Método Triangulação Entre Métodos
Várias técnicas são aplicadas
dentro de um método;
Foco na consistência interna.
Métodos diferentes são aplicados
para medir uma mesma unidade;
As fraquezas de um método são
compensados pelos pontos fortes
de um outro método.
Confiabilidade Validade
20. CONDIÇÕES IMPRESCINDÍVEIS PARA A
AVALIAÇÃO POR TRIANGULAÇÃO
1. De ordem prática = existência de uma equipe formada por
profissionais de várias áreas que desejam trabalhar
cooperativamente.
2. Competência disciplinar de cada componente do grupo. A
segurança disciplinar permitirá o aprofundamento teórico
metodológico em relação ao conhecimento do objeto. É necessário ter
claro que se trata de combinação, de triangulação de métodos que
conservam sua especificidade no diálogo inter ou transdisciplinar.
21. Princípios a serem observados pelos avaliadores
que trabalham com a triangulação
1. Causalidade complexa: enfatiza dimensões complexas,
incalculáveis interações e inter-retro-ações que os
fenômenos possuem:
a. Relações em uma visão hologramática no sentido de que o todo contem as partes,
a parte contem o todo, mas parte e todo têm características e propriedade
especificas;
b. A inseparabilidade da ordem e da desordem em qualquer projeto, proposta ou
organização;
c. A irredutibilidade do acaso, da incerteza e do inacabado em todos os fenômenos
sociais.
A causalidade pode ser circular ou em espiral incorporando atrasos,
contradições, desvios e orientações endógenas e exógenas
22. Princípios a serem observados pelos avaliadores
que trabalham com a triangulação
1. Organização recursiva: da autoprodução e da auto-
organização a partir de elementos previsíveis ou do acaso e por
interferências internas ou externas. Ela conduz a pensar de
maneira interativa:
1. O papel do observador e do objeto
2. Da racionalidade e da emoção
3. Da natureza e da cultura
4. Da ordem e da desordem
5. Do uno e dos múltiplos
6. Da ciência e do senso comum
7. Do pensamento e da ação
23. Princípios a serem observados pelos avaliadores
que trabalham com a triangulação
3. Discursivo complexo: associação de conceitos e noções
complementares e concorrentes, buscando entender seus diferentes
níveis de desenvolvimento teórico e prático no interior da áreas
disciplinares:
a. O universal e o particular;
b. Entre o global e o local;
c. Entre o micro e o macro;
d. Entre o coletivo e o individual;
e. Entre o todo e as partes;
f. Entre a análise e a síntese;
g. Entre as relações cêntricas, acêntricas e policêntricas.
24. OPORTUNIDADES E AMEAÇAS PARA O USO
DA TRIANGULAÇÃO
Ameaças
Desafios em
termos de
recursos (tempo,
dinheiro).
Sem uso, se
aplicada em um
problema de
pesquisa
fracamente
conceituado.
Resultados
congruentes –
Ceticismo.
Oportunidades
Confiança nos seus próprios resultados.
Variância
devido à
característica,
não devido ao
método.
Possibilidade de
descobrir fatores
contextuais,
latentes ou
semelhantes.
Ideias mais
realistas.
Exploração de
dados e
ilustração.
25. A TRIANGULAÇÃO DE MÉTODOS É UMA
ATIVIDADE DE COOPERAÇÃO REALIZADA EM 8
ETAPAS
1. Formulação do objeto ou da pergunta referencial que vai guiar todo processo e planejamento
geral da avaliação;
2. Elaboração dos indicadores;
3. Escolha da bibliografia de referencia e das fontes de informação;
4. Construção dos instrumentos para a coleta primária e secundária das informações;
5. Organização e a realização do trabalho de campo;
6. Analise das informações coletadas;
7. Elaboração do informe final;
8. Entrega, devolução e discussão com todos os atores interessados na avaliação, visando a
implementação de mudanças.
26. 1-Formulação do objeto ou da pergunta referencial que
vai guiar todo processo e planejamento geral da
avaliação
• Reunir todas a partes interessadas
• Definir objetivos gerais específicos do trabalho
• Elaborar cronograma
• Divisão do trabalho (papeis e responsabilidade)
• Criação de um projeto de avaliação por triangulação de métodos
• Comunicação é fundamental
• Informação mais ainda!
• Aqui já começa a triangulação considerando as várias a abordagens que podem ser
seguidas
27. Temas para Gestão de Projetos
Projeto
Plano de
Negócios
Organização
Qualidade
Plano
Mudança
Progresso
Por quê?
Quem?
O quê?
Como?
Quanto?
Quando?
Qual o
Impacto?
Onde estamos agora?
Para onde estamos indo?
Devemos Continuar?
29. Princípios – Projetos
Justificar-se continuamente para o negócio;
Aprender com a experiência;
Definir papéis e responsabilidades;
Gerenciar por estágios;
Gerenciar por exceções;
Focar no produto;
Customizar a metodologia ao projeto.
30. 2 - Elaboração dos indicadores
• O indicador é uma síntese entre o pensamento e a realidade
• É a representação de um procedimento, segundo Samaja todo dado cientifico
vincula um conceito com o que está acontecendo na realidade a ser avaliada,
mediante a execução de um procedimento aplicado a uma ou mais dimensões
consideradas observáveis do dito conceito.
• Os indicadores da triangulação de métodos devem ser contextuais, relacionais e
de medição da ação em si (absolutos). Por isso precisam conter duas
propriedades:
1. Devem ser observáveis
2. Permitam criar procedimentos para observá-los
Em síntese, os indicadores devem permitir medidas quantitativas e qualitativas,
heuristicamente uteis para a intervenção.
32. 3 – Definição das fontes de informação (lições
aprendidas)
• Deve ser feito de forma que os indicadores selecionados sejam conhecidos
teoricamente e na sua expressão concreta;
• Diferentes atores Sociais (formuladores institucionais, gestores, técnicos,
população atendida, financiadores);
• Os documentos instituidores e históricos, os de convênios;
• Instrumentos operacionais;
• Os relatórios de avaliação interna, de prestação de contas, de publicidade e
outros;
• Bibliografia sobre os conceitos centrais, sobre os objetivos, indicadores e
intervenções semelhantes e sobre o contexto de âmbito institucional, nacional
e internacional.
34. • As perguntas da pesquisa estão claramente formuladas?
• O delineamento da pesquisa é consistente com o objetivo e as
perguntas?
• Os paradigmas e os construtos analíticos foram bem explicitados?
• A posição teórica e as expectativas do pesquisador foram explicitadas?
• Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos metodológicos?
• Os procedimentos metodológicos são bem documentados?
• Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos analíticos?
• Os procedimentos analíticos são bem documentados?
Qualidade em Pesquisa Quantitativa
35. • Os dados foram coletados em todos os contextos, tempos e pessoas sugeridos
pelo delineamento?
• O detalhamento da análise leva em conta resultados não-esperados e
contrários ao esperado?
• A discussão dos resultados leva em conta possíveis alternativas de
interpretação?
• Os resultados são – ou não – congruentes com as expectativas teóricas?
• Explicitou-se a teoria que pode ser derivada dos dados e utilizada em outros
contextos?
• Os resultados são acessíveis, tanto para a comunidade acadêmica quanto para
os usuários no campo?
• Os resultados estimulam ações – básicas e aplicadas – futuras?
Qualidade em Pesquisa Quantitativa
36. 5 – Trabalho de campo
• Contar com uma assessoria ou com uma coordenação executiva para
administrar cronogramas de trabalho e agendas dos envolvidos,
programando reuniões, entrevistas, grupos focais, respostas a questionários,
disponibilização de material, espaço e outros.
• A experiência mostra que a realização de pesquisa interdisciplinar exige
uma boa dose de trabalho de gestão que, quanto mais bem conduzido, mais
favorece o bom desempenho de todos
• Os investigadores de campo precisam compreender a pesquisa, seu escopo,
seus objetivos e ser treinados para o adequado relacionamento com o
ambiente e as pessoas.
37. 6 – Análise de informações
• Consiste na ordenação dos dados, na sua classificação e na análise
propriamente dita;
• Busca-se comparar os objetivos gerais e específicos com os resultados,
analisar o uso dos recursos e dos insumos previstos, dimensionar as metas
determinadas para cada etapa do processo e os efeitos e impactos
quantitativos e qualitativos da intervenção como um todo;
Trabalhando com triangulação de métodos, está previsto que as operações já
mencionadas, sejam realizadas, primeiro, separadamente;
• Deve-se garantir um diálogo entre as disciplinas e abordagens que permitam
a produção de um informe único, que deve conter não informações
justapostas, mas o intercâmbio de teorias e métodos a favor do
esclarecimento e do aprofundamento dos vários aspectos da realidade.
38. 7 – informe final
• O informe ou relatório, parcial ou final, não é e nunca será, na concepção da
triangulação, um somatório de resultados disciplinares.
• Ele deverá ser uma construção do coletivo de pesquisa em forma de síntese.
• Nele poderão existir capítulos mais históricos, outros de base mais
estatística, outros com ênfase a elaboração de significados, mas cada um
vem iluminado pela contribuição dos outros.
39. 7 – informe final
Deve conter sucintamente:
• O objeto da avaliação;
• Os objetivos;
• Uma síntese teórica dos conceitos principais que informam analises;
• As metodologias e abordagem;
• A contextualização e a historia da intervenção sob avaliação;
• A descrição dos processos avaliados sob a perspectiva de todos os atores;
• A análise da gestão e da logística da proposta;
• Os resultados e conclusões.
40. 8 – comunicação de resultados
• Seja durante o trabalho ou ao final dele, é preciso valorizar a
comunicação de informações que permitam, como previsto desde o
inicio, gerar mudanças, corrigir rumos, potencializar ações e
intervenções e constituir aprendizado par todos.
• Sugerir a continuidade dos projetos e acompanha-los sempre com
instrumentos de avaliação que possibilitem manter vivo no sentido da
ação talvez seja uma das mais importantes lições que os avaliadores de
projetos sociais aprendem
• A avaliação deve revelar os brotos, as flores, os ramos em
desenvolvimento, e não somente os frutos.
41. Dicas para os avaliadores
• O maior desafio no que diz respeito a avaliação por triangulação de
métodos é o trabalho cooperativo, por isso deve-se considerar:
• Profundo respeito aos campos disciplinares;
• Relativização da visão fragmentada de cada um deles;
• Crença na capacidade dialógica dos pesquisadores frente a propostas
teóricas e metodológicas diferentes e com os sujeitos que atuam no
mundo da vida.
42. DISCIPLINA: Organização e Uso da Informação e
do Conhecimento: Teorias e Métodos
Teorias (aportes conceituais) para a Organização e Uso da
Informação/Conhecimento, com foco na sua aplicação
envolvendo métodos, modelos e técnicas, tais como a categorização
e estruturação semântica, a bibliometria ou as técnicas aplicadas
à análise do comportamento do uso de informação.
43. Referências
• MINAYO, Maria Cecília de Souza; Minayo - Gómez, Carlos. Difíceis e Possíveis Relações
entre Métodos Quantitativos e Qualitativos nos Estudos de Problemas de Saúde. O
Clássico e o Novo: tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde [online].
Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. p.118-142. ISBN 85-7541-025-3. Disponível em
SciELO Books <http://books.scielo.org>. Acesso em: 26 out. 2015.
• MINAYO, Maria Cecília de Souza; SANCHES, Odécio. Quantitativo - Qualitativo:
oposição ou complementaridade?. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3,
p.239-262,1993. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X1993000300002>.
Acesso em: 26 out. 2015.
• MINAYO, M. C. S. Introdução. In: MINAYO, M. C. S.; ASSIS, S. G.; SOUZA, E. R. (Org.).
Avaliação por triangulação de métodos: Abordagem de Programas Sociais. Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2010.
• GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: Esta é a
questão?. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, n. 2, p. 201-210, maio/ago.
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2>. Acesso em: 26 out.
2015.