O documento discute vários aspectos da pesquisa educacional, incluindo objetivos, paradigmas, abordagens, metodologias e etapas. Aborda temas como pesquisa quantitativa e qualitativa, estudos de caso, pesquisa-ação e métodos científicos.
2. PESQUISA EDUCACIONAL I
Ana Adília Rodrigues
Especialista em Gestão com Ênfase em
Supervisão e Coordenação Escolar
3. Objetivo da Disciplina
• Estudar os diversos enfoques de pesquisa, discutindo
suas contribuições na produção do conhecimento;
• Conhecer metodologias da pesquisa educacional e as
técnicas de coleta e análise de dados mais usuais.
• Refletir sobre o professor como pesquisador.
• Oferecer subsídios para a elaboração do Projeto de
Pesquisa.
4. O professor e a produção do conhecimento
O que é PESQUISA?
É procurar respostas para inquietações, ou para um
problema.
Atividade básica das ciências na sua indagação e
descoberta da realidade. É uma atitude e uma
prática de constante busca que define um processo
intrinsecamente inacabado e permanente
(MINAYO, 1993).
É um processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico (GIL, 1999).
5. Pesquisar para que?
• PARA CONHECER...
Conhecer para que?
1. Para planejar...
2. Para intervir...
3. Para formar...
4. Para debater...
5. Para avaliar...
6. Para transformar...
7. Para emancipar...
6. Paradigmas da Pesquisa
Positivismo O positivismo de August Comte era a Lei dos três estágios
em suas concepções, sendo elas:
• Teológico: Afirmava que o homem explicava a realidade
por meio de entidades sobrenaturais buscando
responder questões como “de onde viemos?” e “para
onde vamos?”. Fora isso, buscava-se o absoluto. É o
estágio que a imaginação se sobrepunha à razão.
• Metafísico ou Abstrato: Pode ser considerado como um
meio-termo entra a teologia e a positividade. Continua-
se a procura de respostas para as mesmas questões do
Teológico, sempre buscando o absoluto através da busca
da razão e do destino das coisas.
• Positivo: Última e definitiva etapa. Não já se buscava
mais o porquê das coisas, porém o como as coisas
aconteciam. A imaginação vira subordinada à
observação e busca-se somente o visível e concreto.
7. Fenomenologia
Surge com o filósofo alemão Husserl (1859-1938
• 4.1Etimologia de fenômeno: vem da palavra
grega phainomenon particípio presente
de phainesthai que significa aparecer. Aparecer
carrega dois significados: ato de ocultar a realidade
e manifestação ou revelação da mesma realidade.
• 4.4 Fenômeno para Husserl (séc. XIX e XX): Sentido
diferente de Kant. Fenômeno começou a indicar
aquilo que aparece ou se manifesta em si mesmo,
como é em si, na sua essência. Mas para isto exige a
reflexão filosófica, não é uma manifestação natural
da coisa.
8. Marxismo
• No século XIX, vários pensadores tinham grande
preocupação em dar respostas aos vários
problemas sociais que se desenvolviam no seio
da sociedade capitalista. Os socialistas utópicos
foram os primeiros a proporem e teorizarem
meios que pudessem resolver a expressa
diferença percebida entre os membros do
proletariado e da classe burguesa.
Em 1848, os pensadores Karl Marx e Friedrich
Engels apareceram com um elaborado arcabouço
teórico que visava renovar o socialismo. Para
tanto, realizaram um complexo exercício de
reflexão sobre as relações humanas e as
instituições que regulavam as sociedades. Como
resultado, obtiveram uma série de princípios que
fundamentaram o marxismo, também conhecido
como socialismo científico.
9. Forma de Abordagem
Pesquisa Quantitativa
• Traduz em números, opiniões e informações para
classificá-los e organizá-los. Utiliza métodos estatísticos.
Pesquisa Qualitativa
• Considera a existência de uma relação dinâmica entre
mundo real e sujeito. É descritiva e utiliza o método
indutivo. O processo é foco principal.
10. Tipos de Pesquisa
Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade
com o problema com vistas a torná-lo explicito ou a construir
hipóteses. Pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
Pesquisa Descritiva: envolve técnicas padronizadas de coleta
de dados, como questionários e observação sistemática.
Assume a forma de levantamento.
Pesquisa Explicativa: explica o porquê das coisas, visando
identificar os fatores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenômenos. Assume a forma de Pesquisa
experimental.
11. Procedimentos Técnicos
Pesquisa Bibliográfica: a partir de material já publicado.
Pesquisa Documental: a partir de material não analisado.
Pesquisa Experimental: variáveis de controle sobre um objeto.
Levantamento: interrogação direta.
Estudo de caso: estudo profundo de um ponto para detalhamento
do conhecimento.
Pesquisa-ação: resolução de um problema coletivo.
Pesquisa Participante: interação entre pesquisadores e membros
da situação investigadas.
12. Métodos Científicos
Método Dedutivo: proposto pelos racionalistas com
Descartes. Só a razão é capaz de levar ao conhecimento
verdadeiro.
Método Indutivo: proposto pelos empiristas com Bacon e
Locke. O conhecimento é fundamental na experiência, não
levando em conta princípios pré-estabelecidos.
Método Dialético: proposto por Hegel, os fatos não podem
ser considerados fora de um contexto social, político,
econômico, etc.
Método Fenomenológico: proposto por Husserl. Descrição
direta da experiência tal como ela é.
14. Etapas da Pesquisa
• O projeto de pesquisa deve, fundamentalmente, responder as
seguintes perguntas (Rudio, 1986):
O que pesquisar?
Por que pesquisar?
Para que pesquisar?
Como pesquisar?
Quando pesquisar?
Com que recursos?
Pesquisado por quem?
15. Etapas da Pesquisa
• COM QUEM PESQUISAR?
1. Com os alunos ....
2. Sobre os alunos...
3. Com os professores...
4. Sobre os professores...
5. Com a comunidade...
6. Sobre a comunidade...
7. Com o conselho escolar...
8. Sobre o conselho escolar...
9. Etc...
16. COMO PLANEJAR A PESQUISA?
• Introdução
• Problema
• Justificativa
• Questões
• Objetivos
REFERENCIAL TEÓRICO
• Metodologia
• Enfoque
• Método
• Local e Fontes
• Coleta de Dados
17. LUDKE, M. & ANDRÉ, M. Pesquisa em
educação:abordagens qualitativas. São Paulo: EDU,
1996.
OLIVEIRA, I.B.de. & ALVES, N. Pesquisa no/do
cotidiano das escolas: sobre redes de saberes.2ed. Rio
de Janeiro: DP&A, 2002.
TEIXEIRA, E. As três metodologias. 8ed. Petrópolis:
Vozes, 2011.
18. “Querem que vos ensine o modo de chegar à
ciência verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que
se sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se
sabe; na verdade é este o saber.”
Confúcio
19. PESQUISA EDUCACIONAL II
Ana Adília Rodrigues
Especialista em Gestão com Ênfase em
Supervisão e Coordenação Escolar
20. Objetivo da Disciplina
• Estudar os diversos enfoques de pesquisa, discutindo
suas contribuições na produção do conhecimento;
• Conhecer metodologias da pesquisa educacional e as
técnicas de coleta e análise de dados mais usuais.
• Refletir sobre o professor como pesquisador.
• Oferecer subsídios para a elaboração do Projeto de
Pesquisa.
21. METODOLOGIAS DA PESQUISA DA EDUCAÇÃO
• Estudo Etnográfico;
• Estudo de Caso;
• Pesquisa-ação;
• Pesquisa Bibliográfica.
22. ESTUDO ETINÓGRÁFICO
• A pesquisa etnográfica tem bases antropológicas ou
etnográficas, baseia-se na observação e
levantamento de hipóteses, onde o etnólogo procura
descrever o que, na sua visão, ou seja, na sua
interpretação, está ocorrendo no contexto
pesquisado. Uma das características da Etnografia é a
presença física do pesquisador e a observação in
loco.
23. ESTUDO DE CASO
Estudos de caso vêm sendo usados há muito tempo em
diferentes áreas de conhecimento, tais como: sociologia,
antropologia, medicina, psicologia, serviço social, direito,
administração, com métodos e finalidades variadas.
• 1) o conhecimento está em constante processo de
construção;
• 2) o caso envolve uma multiplicidade de dimensões; e
• 3) a realidade pode ser compreendida sob diversas
óticas.
24. ESTUDO DE CASO – NA EDUCAÇÃO
Em educação, os estudos de caso aparecem em manuais de
metodologia de pesquisa das décadas de 1960 e 1970, mas
com um sentido muito limitado: es- 97 Marli André Revista
da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.
22, n. 40, p. 95-103, jul./dez. 2013 tudo descritivo de uma
unidade, seja ela uma escola, um professor, um grupo de
alunos, uma sala de aula. Esses estudos eram considerados
“não experimentais”, portanto menos “científicos” do que
os estudos experimentais largamente utilizados na
psicologia e na educação naquele momento.
25. Já nos anos 1980, no contexto das abordagens qualitativas,
o estudo de caso ressurge na pesquisa educacional com um
sentido mais abrangente: o de focalizar um fenômeno
particular, levando em conta seu contexto e suas múltiplas
dimensões. Valoriza- -se o aspecto unitário, mas ressalta-se
a necessidade da análise situada e em profundidade. As
abordagens qualitativas de pesquisa se fundamentam numa
perspectiva que concebe o conhecimento como um
processo socialmente construído pelos sujeitos nas suas
interações cotidianas, enquanto atuam na realidade,
transformando-a e sendo por ela transformados
26. PRESSUPOSTOS NO USO DO ESTUDO DE CASO
QUALITATIVO
•O primeiro pressuposto implica uma atitude aberta e flexível por parte do pesquisador, que se
apoia em um referencial teórico, mas não se fixa rigidamente nele, pois fica atento a aspectos
novos, relevantes, que podem surgir no decorrer do trabalho.
1) O conhecimento está em constante processo de construção;
•O segundo pressuposto requer que o pesquisador procure utilizar uma variedade de fontes de
dados, de métodos de coleta, de instrumentos e procedimentos, para contemplar as múltiplas
dimensões do fenômeno investigado e evitar interpretações unilaterais ou superficiais.
2) O caso envolve uma multiplicidade de dimensões;
•O terceiro pressuposto exige uma postura ética do pesquisador, que deve fornecer ao leitor as
evidências que utilizou para fazer suas análises, ou seja, que descreva de forma acurada os
eventos, pessoas e situações observadas, transcreva depoimentos, extratos de documentos e
opiniões dos sujeitos/ participantes, busque intencionalmente fontes com opiniões
divergentes.
3) A realidade pode ser compreendida sob diversas óticas.
27. TIPOS DE ESTUDOS DE CASOS
Intrínseco
• é aquele em que há interesse em estudar aquele específico caso. Por exemplo: uma experiência
inovadora, que vale a pena ser investigada para identificar quais os elementos que a constituem,
o que a faz tão distintiva, que recursos foram necessários para atingir este nível, que valores a
orientam, que resultados obteve e assim por diante. Naturalmente, a pesquisa exigirá uma
multiplicidade de fontes de dados, de métodos e procedimentos de coleta e análise de dados
Instrumental
• instrumental é aquele em que o caso não é uma situação concreta, mas uma questão mais
ampla, como, por exemplo, a incorporação de uma política no cotidiano escolar. Pode-se
escolher uma escola qualquer que vai ser a base para investigar como essa política é apropriada
pelos atores escolares.
Coletivo
• quando o pesquisador escolhe diferentes casos, intrínsecos ou instrumentais, para estudo. Por
exemplo, na avaliação do Programa de Formação de Professores em Exercício (PROFORMAÇÃO),
buscamos seis diferentes escolas de três diferentes regiões do país, para estudar a qualidade do
Programa e seus efeitos nas práticas de sala de aula dos professores cursistas
28. TRAÇOS COMUNS PARA OS ESTUDOS DE CASO
• a) o caso tem uma particularidade que merece ser
investigada; e
• b) o estudo deve considerar a multiplicidade de
aspectos que caracteriza o caso, o que vai requerer o
uso de múltiplos procedimentos metodológicos para
desenvolver um estudo em profundidade.
29. FESES DE DESENVOLVIMENTO DE UM ESTUDO
DE CASO QUALITATIVO
• Fases exploratória ou de definição dos focos de
estudo;
• Fase de coleta dos dados ou de delimitação do
estudo; e
• Fase de análise sistemática dos dados.
30. PESQUISA-AÇÃO
• A pesquisa-ação educacional é principalmente uma
estratégia para o desenvolvimento de professores e
pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas
pesquisas para aprimorar seu ensino e, em
decorrência, o aprendizado de seus alunos, mas
mesmo no interior da pesquisa-ação educacional
surgiram variedades distintas.
31. VARIEDADES DE PESQUISA-AÇÃO
• Stephen Corey defendia, nos EUA, uma forma
vigorosamente técnica;
• Forma britânica, mais orientada para o desenvolvimento
do julgamento profissional do professor (Elliott;
Adleman, 1976; Elliott, 1991);
• Forma Australiana (Carr; Kemmis, 1986) de orientação
emancipatória e de crítica social.
• Outras variedades correlatas acrescentaram-se desde
então e, talvez mais recentemente, a noção de Sachs
(2003) de “profissional ativista”.
32. O CICLO DA INVESTIGAÇÃO-AÇÃO
Ação
AGIR para
implantar
melhora
planejada
Monitorar e
DESCREVER os
efeitos da ação
AVALIAR os
resultados da
ação
PLANEJAR
uma melhor
prática
Investigação
33. AS CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA-AÇÃO
Onze Características da Pesquisa-ação
Linha Prática Rotineira Pesquisa-ação Pesquisa Cientifica
1 Habitual Inovadora Original/financiada
2 Repetida Contínua Ocasional
3 Reativa contingência Proativa estrategicamente Metodologicamente conduzida
4 Individual Participativa Colaborativa/colegiada
5 Naturalista Intervencionista Experimental
6 Não questionada Problematizada Contratual (negociada)
7 Com base na experiência Deliberada Discutida
8 Não-articulada Documentada Revisada pelos pares
9 Pragmática Compreendida Explicada/teorizada
10 Específica do contexto Generalizada
11 Privada Disseminada Publicada
34. LINHA 1: A prática rotineira é apresentada como habitual, embora o que se tornou hábito foi
anteriormente tanto inovador quanto original sob certos aspectos. Analogamente, há muita
coisa na pesquisa científica que é rotineira, particularmente num período daquilo a que Kuhn
(1970) se refere como ciência “normal”.
• LINHA 2: A pesquisa-ação deve ser contínua e não repetida ou ocasional, porque não se
pode repetidamente realizar pesquisas-ação sobre a prática de alguém, mas deve-se
regularmente trabalhar para melhorar um aspecto dela, de modo que deva ser mais
frequente do que ocasional.
LINHA 3: A prática tende a ser uma questão de reagir eficaz e imediatamente a eventos na
medida que ocorram e a pesquisa científica tende a operar de acordo com protocolos
metodológicos determinados. A pesquisa-ação fica entre os dois, porque é proativa com
respeito à mudança, e sua mudança é estratégica no sentido de que é ação baseada na
compreensão alcançada por meio da análise de informações de pesquisa.
• LINHA 4: Enquanto a prática rotineira tende a ser a única responsabilidade do prático, e
atualmente a maioria das pesquisas é realizada em equipe, a pesquisa-ação é
participativa na medida em que inclui todos os que, de um modo ou outro, estão
envolvidos nela e é colaborativa em seu modo de trabalhar.
35. LINHA 5: A prática rotineira é naturalista na medida em que não é pesquisada, de modo que
não há manipulação da situação. Tanto a pesquisa-ação quanto a pesquisa científica são
experimentais no sentido de que fazem as coisas acontecerem para ver o que realmente
acontece. Porém, como a pesquisa-ação ocorre em cenários sociais não manipulados, ela não
segue os cânones de variáveis controladas comuns à pesquisa científica, de modo que pode ser
chamada mais geralmente de intervencionista do que mais estritamente experimental.
• LINHA 6: A prática rotineira normalmente não considera muito o exame de seus
procedimentos, valores e eficácia, mas como processo de aprimoramento, a
pesquisa-ação sempre começa a partir de algum tipo de problema e muitas vezes
se aplica o termo “problema-tizar”, porque esse tipo de pesquisa, em comum com
a idéia de Argyris e Schön (1974) de “aprendizagem de dupla mão” na prática
reflexiva, trata “o problema” como um problema em si mesmo. Na verdade, a
pesquisa-ação socialmente crítica começa muitas vezes com um exame sobre a
quem cabe o problema, o que é uma forma de problematização. A pesquisa
científica, segundo Kuhn (1970), é geralmente uma questão de proceder com uma
dada agenda e isso, juntamente com a necessidade de financiamento, significa
que, em geral, ela é comprometida com o governo ou com interesses comerciais
ou com a revisão pelos pares. A pesquisa-ação, é claro, muitas vezes também é
comprometida, mas mesmo nesse caso isso a limita muito menos do que a
pesquisa científica.
36. LINHA 7: A pesquisa-ação é sempre deliberativa porque, quando se intervém na prática rotineira, está se
aventurando no desconhecido, de modo que é preciso fazer julgamentos competentes a respeito como,
por exemplo, daquilo que mais provavelmente aperfeiçoará a situação de maneira mais eficaz. A pesquisa
científica, o mais das vezes, é discutida no sentido formal de teorização indutiva e dedutiva.
• LINHA 8: Mais uma vez, a pesquisa-ação fica em algum ponto entre o não-registro da maior
parte do que acontece na prática rotineira e a rigorosa revisão, pelos pares, do método, dos
dados e das conclusões da pesquisa científica. A pesquisa-ação tende a documentar seu
progresso, muitas vezes por meio da compilação de um portfolio , do tipo de informações
regularmente produzidas pela prática rotineira, tais como resultados de testes em educação ou
índices de satisfação dos clientes com as organizações de serviço ou as atas de reuniões de
equipes de produção nas empresas.
LINHA 9: As teorias são sistemas conceptuais construídos para explicar conhecimentos novos e
constituem preocupação primordial da pesquisa científica.
• LINHA 10 Não há necessidade de explicação: contexto, processos e resultados da prática
rotineira.
Linha 11: Isso tem a ver com administração do conhecimento: o conhecimento obtido na prática rotineira
tende a permanecer com o prático individual e o obtido na pesquisaação destina-se, o mais das vezes, a ser
compartilhado com outros na mesma organização ou profissão; e tende a ser disseminado por meio de
rede e ensino e não de publicações como acontece coma pesquisa científica.
37. RECONHECIMENTO
• O reconhecimento é uma análise situacional que produz
ampla visão do contexto da pesquisa-ação, práticas
atuais, dos participantes e envolvidos. Paralelamente a
projetar e implementar a mudança para melhora da
prática, o reconhecimento segue exatamente o mesmo
ciclo da pesquisa-ação, planejando como monitorar e
avaliar a situação atual, fazendo isso e, a seguir,
interpretando e avaliando os resultados a fim de planejar
uma mudança adequada da prática no primeiro ciclo de
pesquisa-ação de melhora.
38. MEDIDAS QUE O PESQUISADOR DEVE TOMAR
• 1 - trate de tópicos de interesse mútuo;
• 2 - baseie-se num compromisso compartilhado de
realização da pesquisa;
• 3 - permita que todos os envolvidos participem
ativamente do modo que desejarem;
• 4 - partilhe o controle sobre os processos de pesquisa o
quanto possível de maneira igualitária;
• 5 - produza uma relação de custo-benefício igualmente
benéfica para todos os participantes;
• 6 - estabeleça procedimentos de inclusão para a decisão
sobre questões de justiça entre os participantes.
39. A ÉTICA NA PESQUISA-AÇÃO
Minha posição é que a diretriz ética geral deve ser incorporada a
qualquer projeto de pesquisa-ação desde o início e que nenhum
pesquisador ou outro participante jamais empreenda uma atividade
que prejudique outro participante sem que este tenha conhecimento e
dê seu consentimento.
Isso em geral conduz os experimentos com grupo de controle, por
exemplo, porque é desvantajoso para esse grupo não se beneficiar das
mudanças que o pesquisador em ação considera que sejam melhorias
para sua prática.
Isso também conduz a continuação pelo pesquisador de uma mudança
que o grupo não percebe que esteja produzindo melhoras sobre a
prática. Isso pode ser um problema para mestrandos que não podem
completar um pré e um pós-modelo de pesquisa, embora tenham
trabalhosamente produzido dados diagnósticos.
40. CINCO MODALIDADES DE PESQUISA-AÇÃO
• A pesquisa-ação técnica constitui uma abordagem pontual na qual o pesquisador
toma uma prática existente de algum outro lugar e a implementa em sua própria
esfera de prática para realizar uma melhora. Ela é “técnica” porque o pesquisador
está agindo de modo inteiramente mecânico: de fato, está “seguindo o manual”.
Um bom exemplo de pesquisa-ação técnica é a difusão de um projeto ou
abordagem desenvolvida centralizadamente, tal como o programa Reading
Recovery [Recuperação da leitura].
1 - Pesquisa-ação técnica
• Recorrendo mais uma vez a Grundy (1983), a pesquisa-ação prática é diferente da
técnica pelo fato de que o pesquisador escolhe ou projeta as mudanças feitas.
Nesse caso, as duas características distintivas são: primeiro, é mais como a prática
de um ofício – o artífice pode receber uma ordem, mas o modo como alcança o
resultado desejado fica mais por sua conta de sua experiência e de suas idéias –; e
segundo, porque o tipo de decisões que ele toma sobre o quê, como e quando fazer
são informadas pelas concepções profissionais que tem sobre o que será melhor
para seu grupo.
2 - Pesquisa-ação prática
41. • Refere-se à mudança da cultura institucional
e/ou de suas limitações. Quando se começa
tentar mudar ou analisar as limitações dessa
cultura sobre a ação, é preciso engajar-se na
política, porque isso significa trabalhar com ou
contra outros para mudar “o sistema”. Só se
pode fazer isso pelo exercício do poder e, assim,
tal ação torna-se política.
3 - Pesquisa-ação política
42. • Essa é, realmente, uma modalidade particular de pesquisa-ação
política e ambas se sobrepõem porque, quando se trabalha para
mudar ou para contornar as limitações àquilo que você pode fazer,
isso comumente é resultado de uma mudança em seu modo de
pensar a respeito do valor último e da política das limitações. Você
não está buscando como fazer melhor alguma coisa que você já faz,
mas como tornar o seu pedaço do mundo um lugar melhor em
termos de mais justiça social. Geralmente, isso é definido na
literatura por mudanças tais como: aumento de igualdade e
oportunidade, melhor atendimento às necessidades das pessoas,
tolerância e compreensão para com os outros, cooperação maior e
mais eficiente, maior valorização das pessoas (de si mesmo e dos
outros) e assim por diante. Essas são as “grandes ideias” de uma
sociedade democrática.
4. Pesquisa-ação socialmente crítica
43. • Essa é uma outra variação da pesquisaação política, que tem como meta
explícita mudar o status quo não só para si mesmo e para seus
companheiros mais próximos, mas de mudá-lo numa escala mais ampla,
do grupo social como um todo. As sufragistas, por exemplo, não queriam
simplesmente obter para elas mesmas o direito de votar, mas sim
garantir que todas as mulheres tivessem esse direito. Assim também a
pesquisa-ação emancipatória é uma modalidade política que opera
numa escala mais ampla e constitui assim, necessariamente, um esforço
participativo e colaborativo, o que é socialmente crítico pela própria
natureza. Não é preciso dizer que a pesquisa-ação emancipatória ocorre
muito raramente. As diferenças acima expostas são características de
diferentes modalidades de fazer pesquisa-ação, mais do que de
diferentes tipos de projeto de pesquisa-ação, porque os projetos desse
tipo de pesquisa poucas vezes utilizam apenas uma modalidade, mas
passam continuamente de um para outro tipo de ação.
PESQUISA-AÇÃO EMANCIPATÓRIA
44. O RELATÓRIO DA PESQUISA-AÇÃO
1 – Introdução: intenções do pesquisador e benefícios previstos
2 – Reconhecimento (investigação de trabalho de campo e revisão da
literatura)
2.1 – da situação
2.2 – dos participantes (o próprio e outros)
2.3 – das práticas profissionais atuais
2.4 – da intencionalidade e do foco temático inicial
3 – Cada ciclo
3.1 – Planejamento: da preocupação temática (ou ciclo anterior) ao primeiro
passo de ação
3.2 – Implementação: relato discursivo sobre quem fez o quê, quando, onde,
como e por quê.
3.3 – Relatório de pesquisa sobre os resultados da melhora planejada:
3.3a – resumo e base racional do(s) método(s) de produção de dados
45. 3.3b – apresentação e análise dos dados
3.3c – discussão dos resultados: explicações e implicações
3.4 – Avaliação
3.4a – da mudança na prática: o que funcionou ou não funcionou e por
quê
3.4b – da pesquisa: em que medida foi útil e adequada
4 – Conclusão:
4.1 – Sumário de quais foram as melhorias práticas alcançadas, suas
implicações e recomendações para a prática profissional do próprio
pesquisador e de outros
4.2 – Sumário do que foi aprendido a respeito do processo de
pesquisa-ação, suas implicações e recomendações para fazer o mesmo
tipo de trabalho no futuro.
46. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
• A pesquisa bibliográfica é o passo inicial na
construção efetiva de um protocolo de investigação,
quer dizer, após a escolha de um assunto é
necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema
apontado. Essa pesquisa auxilia na escolha de um
método mais apropriado, assim como num
conhecimento das variáveis e na autenticidade da
pesquisa.
47. OBSERVAÇÃO
• A observação é uma etapa fundamental na pesquisa e no
fazer pedagógico.
Empirismo: Na filosofia, Empirismo é um movimento que
acredita nas experiências como únicas (ou principais)
formadoras das ideias, discordando, portanto, da noção de
ideias inatas.
Na ciência, o empirismo é normalmente utilizado quando
falamos no método científico moderno (que é originário do
empirismo filosófico), o qual defende que as teorias
científicas devem ser baseadas na observação do mundo,
em vez da intuição ou fé.
48. ENTREVISTA
• A entrevista é um dos instrumentos de coleta de
dados, em uma pesquisa e desenvolve um
importante papel tanto nas atividades científicas
(pesquisa) quanto em diversas atividades humanas.
A entrevista possui um forte caráter de interação
pela relação estabelecida entre os sujeitos –
pesquisador/entrevistador e entrevistado ‐, por
meio de uma influência recíproca entre quem
pergunta e quem responde.
49. TIPOS DE ENTREVISTAS
• 1‐ Entrevista estruturada – o entrevistador organiza um
roteiro/questões e segue sem perceber a relação de
reciprocidade que está sendo construída na conversa com o
entrevistado. Dessa maneira, a entrevista assemelha a um
questionário quando se tem como meta conseguir respostas
uniformes, para fazer comparações e quadros estatísticos.
Utiliza‐se um esquema básico que possa permitir ao
entrevistador fazer as adaptações necessárias.
• 2‐ Entrevista semi estruturada – não há imposição de uma
ordem rígida de questões. O entrevistador propõe a temática
ou a situações do seu objeto de estudo e o entrevistado fala
sobre aquele tema proposto com base no seu repertório de
conhecimentos e informações. Esta é a verdadeira razão da
entrevista.
50. ESTRUTURA DE UMA ENTREVISTA
Parte I
Identificação do sujeito (o entrevistado)
Nome_________________________________(pode ser fictício)
Idade____________________________Sexo________________
Formação______________Tempo de serviço na docência______
Série/ano/ciclo que leciona_____________________________
(Em alguns casos, dependendo do problema de pesquisa, você
pode acrescentar outras questões).
51. • Parte II
• 1‐ Comece a elaborar as questões tendo em vista o objetivo (geral
e específico) e o problema de pesquisa; 2‐ Não elaborar muitas
questões para não tornar a entrevista cansativa; 3‐ Marcar com
antecedência a data e o horário da pesquisa com o entrevistado.
Nunca chegar atrasado; 4‐ Informar ao entrevistado o objetivo da
pesquisa; 5‐ Ter sempre uma ficha (uma folha) com as questões
para todos os entrevistados, caso seja necessário fazer algumas
anotações, principalmente, em relação a gestos, risos etc.; 6‐ Não
interfira ou dê sua opinião na hora em que entrevistado estiver
falado. Deixe‐o a vontade para falar; 7‐ Se o entrevistado não
atender ou responder o que foi perguntar, você pode refazer a
pergunta de outra maneira, contanto que não perca o fio
condutor da questão; 8‐ Perguntar se ele (o entrevistado) está
disponível, caso seja necessário, para aprofundar algumas ideias
na entrevista; 9‐ No final da entrevista é importante agradecer a
colaboração e a disponibilidade em contribuir com o seu trabalho.
52. QUESTIONÁRIO
• Também chamados de survey (pesquisa ampla), o questionário é
um dos procedimentos mais utilizados para obter informações. É
uma técnica de custo razoável, apresenta as mesmas questões para
todas as pessoas, garante o anonimato e pode conter questões
para atender a finalidades específicas de uma pesquisa. Aplicada
criteriosamente, esta técnica apresenta elevada confiabilidade.
Podem ser desenvolvidos para medir atitudes, opiniões,
comportamento, circunstâncias da vida do cidadão, e outras
questões. Quanto à aplicação, os questionários fazem uso de
materiais simples como lápis, papel, formulários, etc. Podem ser
aplicados individualmente ou em grupos, por telefone, ou mesmo
pelo correio. Pode incluir questões abertas, fechadas, de múltipla
escolha, de resposta numérica, ou do tipo sim ou não.
53. ETAPAS DESENVOLVIMENTO QUESTIONÁRIO
• Justificativa
• Definição dos objetivos
• Redação das questões e afirmações
• Revisão
• Definição do formato
• Pré-teste
• Revisão final
54. ANÁLISE DOCUMENTAL
• Uma das primeiras fontes de informação a serem
consideradas é a existência de registros na própria
organização, sob a forma de documentos, fichas,
relatórios ou arquivos em computador. O uso de registros
e documentos já disponíveis reduz tempo e custo de
pesquisas para avaliação. Além disto, esta informação é
estável e não depende de uma forma específica para ser
coletada. Deve ser observado que, na maioria das vezes,
já existe uma grande quantidade de informação nas
organizações e cujo uso para fins de avaliação tem sido
muito pouco efetivo
55. • Dependendo do desenvolvimento da cultura
organizacional, da estrutura e funcionamento dos
sistemas de informação existentes na instituição, pode
haver alguma dificuldade com esta técnica, pois: (i) nem
todos os dados estão completos (por exemplo: registros
de 2 anos atrás não estão completos); (ii) os dados
disponíveis estão excessivamente agregados, dificultando
seu uso; (iii) mudanças de padrões com o tempo
inviabilizam a comparação entre dados obtidos em
épocas diferentes e (iv) Dados só são disponíveis para
uso confidencial.
56. OBSERVAÇÃO
A importância de observar o comportamento e o aprendizado do
aluno, não é uma atividade única e exclusiva de alunos de
licenciaturas e sim de professores atuantes, nos mais diversos
níveis da educação.
Segundo Weisz (2006, p.94),
Como um observador privilegiado das ações do aprendiz,
o professor tem condições de avaliar o tempo todo,
e é essa avaliação que lhe dá indicadores para
sustentar sua intervenção. Mas isso é diferente
de planejar e implementar uma atividade
para avaliar a aprendizagem.
É no olhar do professor que o aluno vai encontrar o alicerce para
seu desenvolvimento escolar, é nele que a criança vai confiar e
buscar conforto nas suas inquietações e angústias.
57. “Em nome de interesses
pessoais, muitos abdicam do
pensamento crítico, engolem
abusos e sorriem para quem
desprezam. Abdicar de pensar
Notas do Editor
Etnografia é inerente a qualquer aspecto da Antropologia Cultural, que estuda os processos da interação social: os conhecimentos, as ideias, técnicas, habilidades, normas de comportamento e hábitos adquiridos na vida social de um povo. A etnografia estuda e revela os costumes, as crenças e as tradições de uma sociedade, que são transmitidas de geração em geração e que permitem a continuidade de uma determinada cultura ou de um sistema social. A Etnografia é também parte ou disciplina integrante da etnologia, que se ocupa com o estudo descritivo, classificatório e comparativo da cultura material, ou seja, dos artefatos encontrados nas diversas sociedades.
A origem dos estudos de caso na sociologia e antropologia remonta ao final do século XIX e início do século XX, com Frédéric Le Play, na França, e Bronislaw Malinowski e membros da Escola de Chicago, nos Estados Unidos. O principal propósito desses estudos era realçar as características e atributos da vida social (HAMEL, 1993). Na medicina, na psicanálise, na psicologia e no serviço social, os estudos de caso tinham inicialmente uma finalidade clínica: diagnosticar um problema apresentado por um sujeito e acompanhar o seu tratamento. Em direito, administração e medicina foram e ainda são usados como recurso didático, seja com a finalidade de ilustrar o uso de um procedimento, seja para estimular, em situação de ensino, o debate de um tema. Muito popular atualmente é o método de cases na área de administração, que visa mostrar, por meio de um caso exemplar, como uma empresa ou organização pode estruturar-se, resolver problemas, vencer.
A pergunta chave é a seguinte: qual é o caso? Uma vez identificado o caso, precisa-se indagar: por que é importante estudá-lo? E após o reconhecimento de sua relevância, é necessário realizar o estudo, tendo em conta o seu contexto e a multiplicidade de elementos que o compõem.
Foi esse tipo de diversidade que levou a pesquisa-ação educacional a ser descrita como “uma família de atividades” (Grundy; Kemmis, 1982), pois, como concluíram Heikkinen, Kakkori e Huttunen (2001, p. 22), “parece existir uma situação multi-paradigmática entre os que fazem pesquisa-ação”.
A questão é que a pesquisa-ação requer ação tanto nas áreas da prática quanto da pesquisa, de modo que, em maior ou menor medida, terá características tanto da prática rotineira quanto da pesquisa científica. A tabela a seguir mostra como fica a pesquisa-ação em relação a algumas das diferenças entre as duas.
A pesquisa-ação socialmente crítica passa a existir quando se acredita que o modo de ver e agir “dominante” do sistema, dado como certo relativamente a tais coisas, é realmente injusto de várias maneiras e precisa ser mudado. Pode-se tomar um exemplo da lista de limitações acima. A idéia de que ensinar meninos e meninas juntos em todas as matérias é a melhor prática é normal dentro do sistema e pode limitar a ação. Assim também a idéia de que o sistema deve dar a meninos e meninas oportunidades iguais de êxito em todas as matérias e esferas da vida. Porém, pode-se contestar que tais pressupostos e práticas, com base nas interações de gênero, de fato não dão a meninos e meninas oportunidades iguais de êxito e, ao contestar essa prática, está-se criticando a maneira pela qual o sistema opera injustamente.
Por exemplo, um professor pode começar numa modalidade técnica, implementando um projeto publicado que seu diretor considera ser um modo melhor de ensinar ortografia. Ao fazer isso, o professor se vê diante da limitação de tempo e decide conseguir mais ajuda em classe. Para isso, tem que agir politicamente e, tendo alcançado o que queria, retornar à atividade técnica de fazer o projeto funcionar em sua classe. Ao planejar sua aula seguinte, tem subitamente uma idéia própria.
Um trabalho que tratasse da pesquisa bibliográfica não poderia deixar de conter explanações e estas devem seguir um fluxo que facilite a compreensão e a aplicação. Por esse motivo, abordamos primeiramente o conceito, depois as características e outros mais, até chegarmos ao exemplo, os anexos e a referencia bibliográfica. Tudo uma linguagem acessível visando um entendimento primário sobre como se iniciar a pesquisa desejada.