Apresentação sobre Educação de Surdos para os professores da Prefeitura de Vale Verde - Agosto de 2008
Contato: vanessadagostim@gmail.com
Site: www.vendovozes.com
1) De posse do conhecimento da sequência molde do DNA (gene), necessária para...
Educação de Surdos
1. Vanessa de Oliveira Dagostim Pires
Mestranda em Lingüística Aplicada
Educação Especial para
Surdos
Vale Verde
Agosto de 2008
1
2. O que é a surdez?
• Surdez
• Surdo: se refere ao indivíduo que “apreende o
mundo por meio de experiências visuais”
• surdo-cegueira
• Deficiente Auditivo (D.A.)
• Surdo-mudo
• Mudo
3. Dados
Censo Demográfico - 2000
Total c/surdez Idade: 0 - 17 Idade: 18 -24
5.750.805 519.460 256.884
Censo Escolar 2003 (MEC/INEP)
Total Surdos Ensino Básico Ensino Médio Ensino Superior
matriculados Concluído
56.024 2.041 344
Total de crianças e jovens surdos (0 – 24) = 766.344;
Total de Surdos matriculados = 56.024;
Taxa de analfabetismo (7 – 14) => 28% = 15.686;
Ensino Médio Concluído => 3% = 2.041;
Ensino Superior iniciado = 344; (90% na rede privada)
Total de Surdos excluídos do sistema escolar = 710.320 (723.230 – população de
Maceió) 3
55% das crianças surdas são pobres!!!
4. Comunidade e cultura
surda
• Comunidade surda é aquela que reúne
pessoas usuárias da LS: surdos,
familiares de surdos, profissionais da
área da surdez (professores,
fonoaudiólogos, médicos, psicólogos,
pedagogos, etc);
• Cultura surda: conjunto de práticas
referentes à comunidade surda, como
a produção de bens culturais
específicos para os surdos, literatura
surda, teatro, cinema, tradução e
interpretação de programas
televisivos; organização de eventos
esportivos adaptados;
5. Índios surdos
• Há cerca de 180 línguas e
dialetos indígenas no Brasil.
• O guarani, por exemplo, tem
mais de 30 mil falantes, e
outras, como o ianomami e o
caingangue, contam com mais
de 5 mil usuários.
• A única língua indígena de
sinais reconhecida, porém, é a
da comunidade urubu-
kaapor, no sul do
Maranhão.
• O povo dessa localidade remota
na região amazônica tem
elevada incidência de pessoas
surdas (uma em cada 75) e
desenvolveu uma forma própria
de comunicação por sinais;
• Toda a comunidade domina os 5
gestos.
6. Literatura Surda
• Literatura desenvolvida por e para
surdos, com o objetivo de difundir
e registrar a cultura e a
comunidade surda, e a língua de
sinais;
• interessante veículo de
alfabetização e letramento dos
surdos;
• sensibiliza os ouvintes para
refletir sobre o tema.
7. Línguas de sinais
língua de modalidade visuo-espacial,
com estrutura lingüística diferente da
Língua Portuguesa, sendo completa
como qualquer língua oral;
É a língua natural das pessoas surdas. É
adquirida naturalmente a partir do
contato com falantes dessa língua;
Não é universal, cada país possui a sua
língua de sinais;
Brasil >> LIBRAS – Língua Brasileira de
Sinais
8. • A LS possui o alfabeto manual
e os sinais;
• Escrita de sinais;
• Intérprete: pessoa que interpreta
da língua oral para LS, ou da LS
para língua oral. Existem cursos
específicos para formação de
intérpretes, além de provas
constantes para verificar a fluência
do intérprete (PROLIBRAS).
10. • Instrutor: aquele que ensina a LS
para surdos e/ou ouvintes.
Existem cursos específicos para
formação, e também deve prestar
provas constantemente
(PROLIBRAS). Pela legislação, os
instrutores devem ser
preferencialmente surdos.
11. Recursos
• Sign Writing (Escrita de sinais)
• Torpedos, e-mails, chats, vídeos legendados e/ou
com tradução em LIBRAS, programação
televisiva com closed caption, dicionário bilíngüe
LIBRAS/LP
15. Abordagens educativas na
educação dos surdos
• Oralismo
• Comunicação Total
• Bilingüismo
• Educação Inclusiva
16. Oralismo
• Difundido em 1880, no Congresso de Milão, importante
evento mundial sobre educação de surdos;
• os educadores passam a adotar, obrigatória e
exclusivamente, o oralismo.
• imposição aos alunos surdos da necessidade de se
aprender a “falar”. Utilizavam-se severos métodos de
fonoarticulação, treinamento de leitura labial e o
“acorrentamento” das mãos, para que fosse impedida
qualquer tentativa de sinalização por eles (o que
prejudicaria o aprendizado da fala).
17. •O grupo que defendia o oralismo, denominado
“oralista”, acreditava que o método ajudaria no
desenvolvimento cognitivo e lingüístico do
surdo, fundamental para a aquisição de leitura e
escrita alfabéticas;
•apesar de insatisfatório, durou cerca de 100
anos, e ainda hoje há quem defenda essa
abordagem educativa.
18. Comunicação Total
• Surge a partir do questionamento da eficácia do
oralismo;
• apesar da proibição dos usos de sinais, os aprendizes
surdos seguiam comunicando-se assim nos intervalos
das aulas, escondidos dos professores em seus
grupos, onde criavam seu próprio sistema de sinais.
• Década de 60 – nos EUA, pesquisadores começam a
investigar as LS e a legitimá-las;
• Década de 70 – o oralismo cede lugar à comunicação
total;
• propõe fazer uso de todo e qualquer método de
comunicação (sinais naturais e artificiais, palavras,
símbolos, mímicas...) para permitir que a criança
surda adquirisse uma linguagem.
19. • Essa metodologia resultou na criação de sistemas de sinais que
têm como característica mais importante o fato de que a ordem
de produção dos sinais sempre segue a ordem da produção das
palavras da língua falada da comunidade ouvinte, produzida
simultaneamente (artificiais).
• Pontos positivos (+):
• “as crianças surdas começam a participar das conversas
com seus professores e familiares de um modo que
jamais havia sido visto desde a adoção do oralismo
estrito”
• Pontos negativos (-):
• confuso;
• exigia esforço muito grande do aprendiz;
• as habilidades de escrita dos alunos continuava muito
abaixo do esperado.
20. Bilingüismo
“[...] entre tantas possíveis definições, pode ser
considerado: o uso que as pessoas fazem de
diferentes línguas (duas ou mais) em diferentes
contextos sociais” (Quadros, 2005)
• A abordagem bilíngüe busca remover a
atenção da fala e concentrar-se no
sinal;
sinal
• O objetivo principal é que o surdo
compreenda e sinalize fluentemente
em sua LS, e domine a escrita e
LS
leitura do idioma da cultura em que
está inserido.
• A limitação física não é uma deficiência,
mas uma diferença.
21. Educação Inclusiva
• Consiste na inclusão de alunos surdos em uma
escola regular de ouvintes
• O aluno ouvinte tem como recurso a leitura
labial, porém, em média, apenas 25% do que se
diz pode ser identificado pelos melhores leitores
labiais do mundo, segundo Fine (1977).
• Por mais que o professor se esforce, em muitas
atividades o aluno surdo será prejudicado, como
em uma leitura oral de um texto, ou, por
exemplo, nas conversas, diálogos e debates em
sala de aula;
• A presença de um intérprete de LS em sala de
aula nem sempre é a solução: a grande maioria
de intérpretes não tem a formação necessária,
além da grande diferença entre LS e língua oral.
21
22. Como se comunicar com
uma pessoa surda?
• Olhe para a pessoa
enquanto estiver falando;
• fale com movimentos
labiais bem definidos, para
que ela possa compreendê-
lo;
• fale naturalmente, sem
alterar o tom de voz ou
exceder nas articulações;
• evite falar de costas, de
lado ou com a cabeça
baixa;
23. • seja expressivo, pois a expressão
fisionômica auxilia na comunicação;
• caso queira chamar a atenção, sinalize
as mãos movimentando-as no campo
visual da pessoa surda ou toque
gentilmente em seu braço;
• se você tiver dificuldades em entendê-
la, seja sincero e diga que você não
compreendeu. Peça a ela para repetir,
e se ainda assim não entender, peça-
lhe que escreva.
24. Materiais sobre surdez
• Filmes: • Livros
• Vendo Vozes
• O milagre de (Oliver Sacks)
Anne Sulivan • O vôo da Gaivota
(Emanuelle
• Filhos do Laborit)
silêncio • Estudos Surdos
• Querido (Org. Ronice
Müller)
Frank • O que é ser surdo?
• Sangue (Vera Stardnová)
Negro • Educação e Surdez
(Maura Corcini)
• Madagascar
26. Aos sete anos, eu falava, mas
sem saber o que dizia. Com os
sinais [...] tive acesso a
informações importantes: os
conceitos, a reflexão; a escritura
tornou-se mais simples, e a
leitura também.[...] Posso
reconhecer a cara de uma
palavra! E desenhá-la no espaço!
E escrevê-la! E pronunciá-la! E
ser bilíngüe!
Emanuelle Laborit
(1994)