O documento descreve a história da educação de surdos desde a antiguidade greco-romana até os dias atuais. Aborda as diferentes abordagens de ensino ao longo dos séculos, como o oralismo defendido no Congresso de Milão em 1880 e o bilinguismo defendido nos dias atuais. Também apresenta os principais marcos da educação de surdos no Brasil, como a fundação do INES em 1857 e o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais em 2002.
3. Conteúdo da aula
Fundamentos históricos e políticos;
Abordagens de ensino e concepções de surdez
AVA:
Unidade 01: Seções 01 e 02
4. Antiguidade Greco-romana (4000a.C. – 476d.C.)
“(...) os surdos não eram seres humanos competentes.”
Aristóteles (384-322 a.C):
• Linguagem – condição humana
• Surdos – não-humanos
SEM
AUDIÇÃO
SEM FALA
SEM
LINGUAGEM
SEM
PENSAMENTO
5. Antiguidade Greco-romana (4000a.C. – 476d.C.)
Romanos:
• Surdos eram privados de seus direitos legais e confundidos com
retardados mentais.
• Não podiam fazer testamentos
• Precisavam de um curador
6. Idade Média(476 - 1453)
Igreja Católica:
• Até o século XII, surdos não podiam se casar
• Almas de surdos não eram imortais por que não podiam falar os
sacramentos
7. Idade Moderna(1453 - 1789)
Pedro Ponce de León (1520 – 1584):
• Primeiro professor de surdos (filhos de nobres)
• Motivação – direito à herança
• Êxito no ensino da fala, leitura, escrita e até de filosofia
• Base para outros educadores de surdos
8. Idade Moderna(1453 - 1789)
Juan Pablo Bonet (1579 – 1629):
• Apropria-se do método de León
• 1620: obra sobre a arte de ensinar surdos
a falar (alfabeto manual, escrita, língua de
sinais e manipulação do órgãos
fonoarticulatórios)
9. Idade Moderna(1453 - 1789)
Pereire (países de língua latina)
Amman (países de língua alemã)
Wallis (ilhas britânicas)
• Foco – oralidade, mas uso de sinais e alfabeto manual
• Pereire e Wallis – abandono da oralização
10. Idade Moderna(1453 - 1789)
Charles-Michel de l’Epée(1712 – 1789):
• Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris (1760);
• Primeiro a reconhecer que os surdos têm uma língua;
• Oralização deixa de ser o foco;
• Criação e uso dos sinais metódicos;
• Época áurea da educação de surdos.
11. Idade Contemporânea (1789 - 1900)
Thomas Gallaudet (1787 – 1851):
• Viajou para a Europa (1816)
• Realizou estágio no Instituto Nacional para Surdos-
Mudos de Paris;
Laurent Clerc (1785 – 1869):
• Retornou com Gallaudet para os EUA;
• Junto com ele fundaram a primeira escola de surdos
dos EUA.
12. Idade Contemporânea (1789 - 1900)
• Educação de surdos até 1880 – foco: oralização / sinais: apoio (método
combinado;
Congresso de Milão (1880):
• Reuniu educadores de surdos de diferentes países( apenas um era
surdo)
• Método oral puro ( fala – finalidade da educação
• Exclusão de professores surdos e do uso de língua de sinais.
13. Idade Contemporânea (1789 - 1900)
Atas do Congresso de Milão:
“Dada a superioridade incontestável da fala sobre os Sinais para reintegrar
os surdos-mudos na vida social e para dar-lhes maior facilidade de
linguagem,... (Este congresso) declara que o método de articulação deve
ter preferência sobre o de Sinais na instrução e educação dos surdos-
mudos.
O método oral puro deve ser preferido por que o uso simultâneo de Sinais
e fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura orofacial e a
precisão de ideias”.
14. História da Educação de Surdos no Brasil
Fundação do INES – Instituto Nacional de Educação de
Surdos;
• Dom Pedro II e Padre Huet – fundação do Instituto
Imperial de Surdos-Mudos em 1857.
• INES – internato por mais de um século com estudantes
de várias partes do país – exclusivamente para
meninos.
• Sinais em uso + LSF + sinais metódicos = libras.
• LS nacional – (1) retorno dos alunos surdos e (2)
formação de professores.
15. História da Educação de Surdos no Brasil
• INES – alunos surdos (RJ).
• Instituto Santa Terezinha – alunas surdas
(SP) (1929)
Política educacional:
• Método francês
• Congresso de Milão (1880) – oralismo
pragmático
• Berenz (2003) – anos 1990: oralismo
16. História da Educação de Surdos no Brasil
Primórdios do Movimento Surdo
• UFRJ – Lucinda Ferreira Brito (anos 1980)
• FENEIS – fundada em 1987
• Marcha “Surdos Venceremos” (Set/1994):
Reconhecimento oficial da Libras;
Direito à educação em Libras;
Provimento de intérpretes.
17. História da Educação de Surdos no Brasil
• Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002
• Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005:
Reconhecimento oficial da Libras;
Garantia de acessibilidade e difusão;
Formação do professor de libras;
Formação do tradutor-intérprete de Libras / Língua Portuguesa
18. História da Educação de Surdos no Brasil
2006
• Licenciatura em Libras (EaD)
• 500 vagas
• 9 polos
19. História da Educação de Surdos no Brasil
2008
• EaD
• 900 vagas (Licenciatura e
Bacharelado
• 16 polos
20. História da Educação de Surdos no Brasil
Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº
5.626/2005:
• Direito à educação bilingue
Mas...
• Política educacional vigente - inclusão
21. História da Educação de Surdos no Brasil
CONAE 2010
• Elaboração do PNE
• De 28 de março a 1º de abril de 2010
Ana Campello e Patrícia Rezende (2014):
• Retrocesso na educação de surdos:
• Das 11 propostas da comunidade surda, apenas
3 foram aceitas
• Escola de surdos: segregacionistas
22. História da Educação de Surdos no Brasil
Fechamento do INES
• Diretora de Políticas Públicas e Educação Especial anunciou em 2011 no
próprio INES:
• O fechamento da escola até o final daquele ano
• O remanejamento dos alunos para as escolas comuns.
23. História da Educação de Surdos no Brasil
Setembro Azul 2011
• Mobilização em todo o país
• 26 de setembro: Dia Nacional do Surdo
• Objetivo:
• Fincar as lutas e emendas específicas sobre a educação dos surdos no
Plano Nacional de Educação em tramitação no Congresso Nacional
24. História da Educação de Surdos no Brasil
Vitória na Câmara dos
Deputados
• 28 de maio de 2012
• Inclusão da escola e
classe bilíngues,
além da escola
inclusiva
25. História da Educação de Surdos no Brasil
Campello e Rezende (2014: 88)
“Enfim, estamos construindo a nossa política de verdade: as escolas
bilíngues de surdos não são segregadas, não são segregadores e nem
segregacionistas como tem alardeado tanto o Ministério da Educação.
Pelo contrário, são espaços de construção do conhecimento para o
cumprimento do papel social de tornar os alunos cidadãos verdadeiros,
conhecedores e cumpridores dos seus deveres e defensores dos seus
direitos, o que, em síntese, leva à verdade inclusão”.
26. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Visão sobre os surdos de filósofos:
Aristóteles (IV a.C):
Aprendizagem – audição
Kant (século XVIII):
Sinais – incapazes de expressar generalidades
Schopenhauer (século XIX):
Raciocínio depende da linguagem oral
27. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Segunda metade do Séc. XVIII
Método alemão de Heinicke (Hamburgo e Leipzig)
• Aprendizagem – audição
Método francês de l’Epée (Paris)
• Sistema artificial de sinais (sinais metódicos)
28. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Congresso de Milão (1880)
Oralismo:
• Educação de surdos – oralização
• Professores surdos – expulsos
• Comunidade surda – excluída da política das instituições de ensino
• Língua de sinais – proibida.
29. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Oralismo
Consequências:
Queda no nível educacional de estudantes surdos;
Poucos consegue desenvolver a fala
Inglaterra (1979):
Surdos (15-16)anos: 25% fala inteligível
Leitura e escrita: 30% analfabetos / 10% nível satisfatório / leitura
labial abaixo do esperado.
30. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Oralismo
Desenvolvimentos tecnológicos:
- Aquém do desenvolvimento normal da linguagem
31. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Comunicação Total
Advoga o uso de todos os meios que possam facilitar a comunicação
• Língua falada;
• Sinais
• Sistemas artificiais (códigos manuais)
32. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Comunicação Total
Códigos manuais:
• Semelhantes aos sinais metódicos de l’Epée;
• Tornar a língua falada mais discernível ao surdo;
• Seeing Essential English (SEE-1), Seeing Exact English (SEE-2), inglês
sinalizado, português sinalizado.
33. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Comunicação Total
• Comunicação entre surdos e ouvintes em alta;
• Leitura e escrita – insatisfatórias
• Pesquisa em Copenhagen nos anos 70 – resultados desconcertantes;
• Perspectiva do aluno – amostra linguística incompleta e insconsistente.
34. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Bilinguismo
• Linguistica:
• Língua de Sinais – língua natural (instrução)
• Língua de sinais e língua oral: lado a lado
Objetivos:
• Foco – habilidades na L1 (sinais) e L2 (oral escrita)
• Exclusão da oralização como menta
35. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Bilinguismo
Suécia:
• Primeiro país a reconhecer os surdos como minoria linguística e a
assegurar o direito de sua educação em língua falada e de sinais.
Dinamarca
• Pesquisa com 09 crianças surdas (6-14 anos) sob a filosofia do
bilinguismo
• Análise de seu desenvolvimento na L1 e L2.
36. Abordagens de ensino e concepções de surdez
Bilinguismo
Resultados:
• Aos 12 anos, 5 das 9 crianças com nível de leitura = crianças ouvintes.
• Aos 14 anos, 7 das 9 conseguiam ler com certa fluência.
• Grande expansão de vocabulário – maior leitura labial
• Progresso gral: habilidades sociais, cognitivas e acadêmicas.
• Sucesso do programa – visão dos pais sobre a surdez de seus filhos.