O documento analisa como a mídia tradicional de notícias retratou os refugiados sírios na Turquia e na Bulgária. A cobertura turca foi mais personalizada e focada no sofrimento dos refugiados, enquanto a cobertura búlgara enfatizou mais os aspectos administrativos e potenciais ameaças. As diferentes representações refletem como cada país lidou com a crise e podem influenciar o apoio público às políticas de refugiados.
Cobertura midiática de refugiados sírios na Turquia e Bulgária
1. ON THE BORDER OF THE SYRIAN REFUGEE CRISIS:
Thiago Assumpção
VIEWS FROM TWO DIFFERENT CULTURAL PERSPECTIVES
2. 1. Referência
Dimitrova, Daniela V., Emel Ozdora-Aksak, and Colleen Connolly-Ahern. 2018. “On the Border of the Syrian
Refugee Crisis: Views From Two Different Cultural Perspectives.” American Behavioral Scientist 62(4): 532–546.
2. Objetivo do artigo
Revelar como a mídia tradicional de notícias retratou os refugiados sírios na
Turquia e na Bulgária, ou seja, foco na imprensa local.
H1
H2
3. Hipóteses
H3
A cobertura de notícias turca dos refugiados exibirá um nível de personalização
mais elevado do que a cobertura de notícias búlgara.
O frame da vítima e o frame humanitário serão mais comuns na cobertura de
notícias turca do que na cobertura búlgara.
O frame administrativo e o frame das ameaças serão mais comuns na cobertura
de notícias búlgara do que na turca.
3. 4. Metodologia
Análise de conteúdo da cobertura da mídia de jornais diários em cada país
Seleção de dois jornais diários por país que tinham:
(a) alto número de leitores, (b) boa reputação e (c) representavam
diferentes orientações ideológicas.
148 artigos | Amostra búlgara: 83 artigos / Amostra turca: 65 artigos
JORNAL ORIENTAÇÃO POLÍTICA TIRAGEM
TURQUIA
Hurriyet (liberdade) liberal 1.200.000
Cumhuriyet (República) secularista e antigovernamental 160.000
BULGÁRIA
Dneven Trud (Trabalho Diário) centro-direita Entre 60.000 e 100.000
Standart (Padrão) centro-esquerda entre 35.000 e 40.000
Amostra
Variáveis
Processo de codificação
4. Variáveis
FRAME DA AMEAÇA
FRAME ADMINISTRATIVO
FRAME DA VÍTIMA
FRAME HUMANITÁRIO
FRAME DA
DIVERSIDADE
Incluía cobertura com foco na burocracia local, manejo dos
refugiados, travessia de fronteira ou foco na burocracia nacional,
incluindo status legal, documentação e advogados trabalhando com
os refugiados.
Incluiu a discussão de contribuições
culturais ou econômicas que os
refugiados podem fazer em direção a
uma sociedade mais diversificada.
Se houvesse discussão de ônus
econômico (tirar empregos ou
recursos locais, por exemplo),
ameaça de identidade cultural por
causa de religião, idioma e assim
por diante, ou uma ameaça à
ordem pública ou à segurança
nacional.
Envolvia a cobertura do
sofrimento social (más condições
de vida, poucas oportunidades
educacionais, facilidades nos
acampamentos ou problemas
médicos), crimes cometidos
contra refugiados, incluindo ações
de contrabandistas ou acidentes
sofridos por imigrantes ou
discriminação social.
Envolvia a discussão de ideais humanitários relevantes para refugiados
e requerentes de asilo em todo o mundo, como tolerância, compreensão
e solidariedade devido ao sofrimento e deslocamento da guerra.
6. Com o passar do tempo, a crise dos refugiados tornou-se um
evento mediático de rotina na cobertura turca. Gradualmente, a
cobertura local de refugiados mudou de pano de fundo para a crise
de refugiados rumo a uma descrição das lutas diárias que eles
encontram no processo de instalação nos campos
A crise dos refugiados sírios tem estado na agenda da mídia turca
por várias questões como concessão de direitos de cidadania,
privilégios durante o vestibular e resistência a sírios que não vivem
mais nos campos, mas que se mudaram para diferentes cidades
da Turquia.
Embora a cobertura parecesse mais positiva, havia mais notícias
negativas sobre cidadãos sírios que se mudavam para grandes
cidades, como Istambul e Ankara, e tentavam sobreviver
mendigando nas ruas com seus filhos ao lado deles.
Outra questão abordada nas notícias foi sobre os homens turcos
levando as jovens sírias como segunda ou terceira esposas. Essas
histórias podem ter contribuído para percepções mais negativas
do público, especialmente entre as mulheres.
TURQUIA
7. BULGÁRIA
O país tem menos experiência com refugiados e foi
apanhado despreparado financeiramente e
administrativamente pela crise síria.
A cobertura como um todo não continha informações
básicas e não relatava histórias individuais de lutas
pessoais.
Havia vários artigos que discutiam crimes cometidos
por refugiados, potenciais ameaças à segurança ou
receios sobre o aumento das taxas de criminalidade
entre os locais, o que provocou sensacionalismo.
8. RESUMO E QUESTÕES
A cobertura da mídia turca foi mais personalizada por natureza e mais propensa a enfatizar o
frame das vítimas. Em contraste, a cobertura búlgara era menos pessoal e significativamente
mais propensa a enfatizar o frame administrativo. As diferenças nas representações de
refugiados na Bulgária e na Turquia apontam para a necessidade de pesquisa em áreas críticas.
?
?
Quais são as razões por trás da construção dessa realidade de mídia
diferente em cada país?
Qual é o impacto da cobertura no público, particularmente no que diz
respeito ao apoio ou falta de apoio a políticas públicas envolvendo
refugiados?
9. A medida em que a cobertura continua a retratar os refugiados sob uma luz negativa falará sobre as
dificuldades atuais das populações locais em lidar com as consequências da crise, aumentando a
vulnerabilidade das populações refugiadas. Por outro lado, o surgimento de uma cobertura voltada
para o potencial das populações refugiadas de reformular as áreas em que se instalam, seja
temporária ou permanentemente, deve criar melhores condições para os refugiados.