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Carisma Pastoral: Uma abordagem episcopal

1- Introdução: O/A Pastor/a, uma figura bíblica
         A figura do/a Pastor/a é antes de tudo identificada com Deus no Antigo Testamento. Javé é
o único Pastor do seu povo, isto está dito claramente na oração de Jacó abençoando seus filhos (cf.
Gn 49.24). Mas é nos textos pós-exílicos onde isto se torna muito claro. (cf. Sl 23; 28.9; 74.1;
Is 40.10-11). Assim Deus é o paradigma bíblico de Pastor. Do mesmo modo o povo de Israel é o
seu rebanho (cf. Jr 13.17; Ez 34.31; Zc 10.3; Sl 100.3). Se lermos, com cuidado, veremos que esta
figura simbólica, além de ter um forte elemento cultural de comunicação, representava o grande
guarda do povo, pois seu cuidado garantia a base da economia em uma sociedade nômade e
pastoril. Não foi a toa que houve tentativa de transferir esta figura para os reis (cf. 1Cr 11.2),
embora não tenha se generalizado. Na verdade a responsabilidade de cuidar do povo de Deus, e
levá-lo a uma vida de confiança e fidelidade a Deus, era dos sacerdotes, os profetas foram
veementes em sublinhar isto (cf. Jr 2.8; 23.1-4; Ez 34.1-11).
         No Novo Testamento o termo poimên ocorre 9 vezes nos Evangelhos Sinóticos, 6 vezes em
João, uma vez em Hebreus, 1Pedro e Efésios. Temos, também, com menor freqüência a expressão
poimnê o poimnion que significa rebanho, e o verbo poimainô que é o verbo pastorear.
         Em todo o Novo Testamento a figura do pastor é trabalhada positivamente. Uma boa
exegese do conceito pastor deveria trabalhar exegeticamente o campo da palavra, examinando todas
as incidências do termo, mas não é esta a natureza do nosso trabalho. Queremos tão somente
sublinhar o significado mais óbvio do termo. Deus, na pessoa de Jesus, é o Bom Pastor (cf. Jo 10.11
e 14). Pedro recebe de Jesus após a ressurreição a tarefa de pastorear, como sinal de seu amor ao
Senhor (cf. Jo 21.15-17).
         Em Atos dos Apóstolos a expressão ocorre especialmente na mensagem de Paulo aos
presbíteros de Éfeso, onde Paulo recorda seu ministério pastoral por três anos entre os irmãos e
irmãs em Éfeso (cf. At 20.17-38).
         É no entanto na carta aos Efésios onde o termo toùs dè poimenas kaì didaskalous = outros
para pastores e mestres deixa claro que há um carisma, trazido por aquele que enche todas as coisas:
Jesus. (cf. Ef 4.8-11).
         Diante disto vemos que carisma pastoral é o dom do Espírito Santo, dado por Jesus à Igreja,
e exercido por homens e mulheres que nela se sintam chamados por Deus, e que nestes a Igreja
reconheça o carisma dado a Igreja, e constate o serviço dele decorrente. Assim não há frutos sem o
carisma e não há carisma sem frutos.

2- O exercício do Carisma pastoral no Metodismo Wesleyano
        Estou fazendo um longo salto histórico e pondo os pés de modo breve no Metodismo, e
para isto vou valer-me de uma parte de um texto do Dr. Duncan Reily, preparado para o Colégio
Episcopal, sobre o ministério pastoral. Diz ele: ““O mundo é a minha paróquia.” Esta frase foi dita
por João Wesley quando pregava sobre o túmulo de seu pai, após receber a notícia de que não
poderia pregar na igreja que seu pai havia pastoreado por trinta e nove anos. A frase, célebre, não
pode ser entendida fora do contexto maior que envolvia a vida de João Wesley; tem que ser vista
como uma definição da vocação ministerial do próprio Wesley. A história do movimento metodista
afirma que Wesley era ministro da Igreja Anglicana; mesmo sem paróquia ou cargo definido ele
serviu como pastor a diversos grupos que respondiam à sua proclamação evangélica e ao chamado
ao arrependimento pela fé.
        Certa vez o acusaram de estar rompendo com as estruturas de sua Igreja oficial, por reunir
pessoas sob o seu cuidado para cantar Salmos, orar e estudar as Escrituras. Wesley defendeu-se:
“Vejo todo o mundo como minha paróquia. Isto é, em qualquer lugar ou situação em que me
encontro, considero ser de minha responsabilidade e desafio declarar a todos que estão dispostos a
escutar as boas novas de salvação. Esta é a obra para a qual Deus me acompanhará.”



                                                -1-
É importante observar que Wesley define sua responsabilidade pastoral extrapolando os
limites da comunidade dos fiéis. Wesley insiste em afirmar que sua responsabilidade e o lugar de
sua tarefa ministerial é o mundo, e não o espaço delimitado da comunidade de fé. Este enfoque
“para o mundo” da vocação ministerial de João Wesley põe em destaque uma das características
fundamentais da teologia bíblica da própria missão de Deus. Para Wesley, é em direção ao mundo
que Deus orienta sua missão redentora.
        Wesley, antes de aceitar o serviço dos que se ofereciam como filhos no Evangelho, os
testava, procurando comprovação da alegação deles que o Espírito os “movia para pregar”,
indagando se possuíam GRAÇA (fé viva em Cristo e vivência cristã), DONS (comprovada
capacidade da compreensão do plano da salvação e habilidade em comunicar isto aos ouvintes) e
FRUTOS na forma de arrependimento e mudança de vida entre seus ouvintes. Satisfeitas essas
exigências, o jovem era provado pela prática da pregação e começava sua educação teológica que,
além da Bíblia, consistia principalmente do estudo dos 50 maçudos tomos da “Biblioteca Cristã”
organizada por Wesley.”

3- O Carisma pastoral: A visão dos nossos documentos
         Vou ater-me especificamente ao mais recente documento, que é o Plano Nacional, pois traz
uma síntese do que o Colégio Episcopal e a Igreja em geral vem dizendo sobre o tema.
         “Wesley e os metodistas entendem que Igreja e ministério pastoral se implicam
mutuamente. O artigo treze, dos Vinte e Cinco Artigos de Religião diz: “A Igreja visível de Cristo é
uma congregação de fiéis na qual se prega a pura Palavra de Deus e se ministra devidamente os
sacramentos, com todas as coisas a eles necessárias, conforme a instituição de Cristo.”
         O ministério pastoral é entendido na visão protestante como um ministério especial,
chamado e preparado para zelar pela pura pregação da Palavra, ministrar corretamente os
sacramentos, zelar pelas marcas essenciais da Igreja e ainda cuidar da comunidade missionária
como um todo, tudo isso como um mandato da Igreja
         O ministério pastoral é essencial à vida da Igreja. Ele foi instituído pelos apóstolos como
um modo de dar forma e unidade à Igreja, para que todo serviço refletisse o próprio ministério de
Cristo. O ministério pastoral da Igreja Metodista tem uma de suas formas na ordenação de pastores/
pastoras e constituição da Ordem Presbiteral. “Wesley compreendeu que, ao lado dos ministérios
leigos, havia um ministério especial, o da ordem presbiteral que carregava pesadas
responsabilidades a respeito do ‘depósito da fé’, da unidade da Igreja, da transmissão do carisma da
ordem (ordenação), e que essa ordem era a real e autêntica sucessora apostólica. Por isso mesmo,
era bastante exigente para com os pastores e exigia deles, mais que quaisquer outros, senso da
ordem, da disciplina eclesiástica e de compromisso eclesial com o todo” (As Marcas Básicas da
Identidade Metodista, Biblioteca Vida e Missão, p. 83). Wesley afirma que a Igreja tem “uma
sucessão perpétua de pastores e mestres divinamente chamados e divinamente assistidos” (The
London Chronicle, 1761). Ao lado da Ordem Presbiteral, João Wesley reconheceu que pregadores
leigos e pastores leigos exerçam funções pastorais.
         O carisma pastoral não é apenas individual. Ele precisa do reconhecimento e sua integração
ao carisma da Igreja como uma dimensão de sua apostolocidade. Esse fato é assinalado de modo
visível quando a Igreja ordena para o ministério pastoral. Por isso, a tradição protestante reconhece
no ministério pastoral um mandato da Igreja e não apenas uma qualidade individual. No ministério
pastoral, não se pode sobrepor carismas ou qualidades pessoais ao carisma ministerial da Igreja. O
bispo Osvaldo Dias da Silva expressou isso em um de seus sermões sobre o ministério pastoral: “o
pastor é servo de Cristo, servo do povo, servo da Igreja.”
         O ministério pastoral é, na igreja local, em sua formação docente, um fator decisivo para
uma boa articulação da comunidade missionária e de sua ação com a forma correta de ser Igreja. O/
A pastor/pastora, enfatizando sua responsabilidade docente, é chamado para cuidar das marcas
essenciais da Igreja em sua expressão local. Esse é o centro de seu mandato. O/A pastor/pastora não
é apenas o/a coordenador/a de ministérios e incentivador/a da missão. Ele/Ela é responsável, em


                                                -2-
nível local, por discernir o que mantém ou o que faz cair a Igreja, conforme a expressão dos
reformadores (articuli stantis aut cadentis ecclesiae).
        A religiosidade que nos rodeia, mesmo de inspiração cristã, tem assumido formas
anárquicas de ministério pastoral e sugere formas estranhas de eclesiologia, contrárias ao que a
Igreja Metodista entende como o modo próprio de ser Igreja. Esse contexto, associado aos meios de
comunicação e às estratégias de marketing, favorecem aventureiros/as. A Igreja fica ameaçada de
assalto pela iniciativa particular e pelo carisma inteiramente individualizado, próprio da cultura
atual. Essa é uma das ameaças mais profundas à Igreja que mantém sua continuidade histórica com
os apóstolos. Muitas das “novas formas de ser Igreja” não distinguem as marcas permanentes da
Igreja de suas formas transitórias.
         “A Igreja de Cristo precisa ser esculpida, para usar uma figura da patrística, receber sua
forma visível como forma de Cristo, através do cinzel obediente (o/a pastor/pastora) que dá
continuidade às marcas apostólicas e essenciais da vida da Igreja. O ministério pastoral tem sua
autenticidade reconhecida quando o carisma da Igreja de Cristo determina os carismas individuais.”

4 – Carisma pastoral e o desafio ao nosso Ministério Pastoral hoje
        Quando reconhecemos Jesus com o Bom Pastor, conforme o Evangelho de João, nós já
fixamos o nosso modelo, ou seja, o próprio Jesus. Assim, reconhecendo que Jesus é o grande pastor
das ovelhas, estas são a sua Igreja, a qual é o Seu Corpo. Por isso cabe a nós, pastores e pastoras, a
responsabilidade de, chamados por Jesus, cuidarmos de Sua Igreja, o rebanho do Senhor. Somente
nesta referência bíblico-histórica é que podemos utilizar o nome de pastor ou pastora.
        Para que o exercício desta tarefa em sua inequívoca dimensão histórica, conforme tudo que
já foi sublinhado, e também com a consciência da transcendência que representa o lidar com o
destino eterno das ovelhas que a nós são confiadas, pois, conforme João Wesley, é nossa tarefa nos
afadigarmos na pregação, afim de “salvar as nossas almas e dos nossos ouvintes.” Diante disto é
que podemos nos dispor ao Ministério Pastoral.
        Para isso consideremos elementos decisivos para o crescimento deste ministério:
        a) A consciência do chamado – vocação pastoral.
        “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mc 1.17)
        Deus nos chama para realizar algo que lhe pertence. Este chamado é parte do encontro e da
experiência com Ele. É preciso, no ministério pastoral, resgatar a vocação e a consciência do
carisma para a realização da missão na força e na inspiração do Espírito de Deus.

        b) A consciência da capacitação de Deus
        “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e foi guiado pelo mesmo Espírito, no
deserto,...” (Lc 4.1); “Então Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia, e a sua fama
correu por toda a circunvizinhança,...” (Lc 4.14).
        É preciso falar sobre a unção do Espírito para o exercício da vocação pastoral. Não é
possível que um pastor ou pastora queira exercer a vocação pastoral sem o carisma espiritual de
pastor pela unção do Espírito Santo de Deus. Se Jesus necessitou dessa unção, quanto mais nós.
        Todos, pastores e pastoras, pregam, mas pregar com unção, infelizmente, nem todos
pregam. Quando pregamos com unção as pessoas são quebrantadas, ocorrem conversões como
resultado de uma mensagem ungida.

         c) A consciência da Missão
         “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e
curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.” (Mt 4.23).
         A missão de Deus. A Igreja tem uma tarefa a realizar dentro da missão. O lugar para
realizá-la é o mundo, com todas as contradições, porque é aqui que somos vocacionados a
desenvolver nossa visão de comprometidos com justiça do Reino de Deus. Esta visão nos



                                                 -3-
compromete, dá sentido a nossa vida e ao nosso ministério. Precisamos mantê-la viva em nossa
caminhada diária, para não perder o rumo.

         d) A consciência da Unidade
         Paulo, em diversos momentos, ensinou, apelou à unidade da Igreja: “...esforçando-vos
diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz...” (Ef 4.3).
         Por isso é importante que nos afadiguemos em favor da unidade do Corpo de Cristo, jamais
a minha opinião pessoal pode ser colocada acima do meu amor ao Senhor e a sua Igreja, trata-se de
escândalo o que temos assistido hoje, pois em nome de verdades pessoais, pretensamente bíblicas,
divide-se a Igreja. Se nossa “verdade” vem de Deus, precisamos crer que este Deus tem poder para
testificá-la à toda Igreja. Paremos de, em nome das nossas verdades, formarmos grupos, pregarmos
o sectarismos e as divisões. Acima de tudo esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.

        e) A consciência da Espiritualidade
        “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim,
salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” (1Tm 4.16).Os elementos básicos da teologia
metodista que apontam e animam o servir vocacional da Igreja, sem perder a espiritualidade e, por
outro lado, não permitindo o retalhamento de nossa herança e prática metodista. Antes de cuidar do
rebanho precisamos cuidar de nós mesmos, nossa vida devocional, jejum, oração, estudo da Palavra,
adoração.

          f) Consciência da pureza de ideal
          “Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras
considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus , eu Senhor:
por amor do qual, perdi todas as cousas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo,...”
(Fl 3.7,8).
          O ministério pastoral deve ser realizado exclusivamente para louvar a Deus e para a
salvação do povo que geme e anseia pela Boa Nova, sob hipótese alguma poderá ser realizado
visando lucro. Pastor ou pastora que busca reconhecimento pessoal, compensação financeira, está
enganado de profissão. Se de fato nosso modelo é Jesus, Ministério é doação.
          Tenho defrontado freqüentemente com interesses pessoais de obreiros e obreiras, e é muito
difícil trabalhar assim. Quase sempre os interesses pessoais interferem e prejudicam o interesse da
missão do Reino de Deus.
          Não esqueçamos que continua valendo as palavras do Senhor Jesus: “ Dizia a todos: Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem
quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Lc
9.23-24).

        g) Consciência do trabalho e responsabilidade
        “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e
eleição; portanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.” (2Pe 1.10).
        “...e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados,
bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação: até
agora temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.” (1Co 4.12-13).
        O ministério pastoral deve ser realizado com muito trabalho e muita responsabilidade. Você
pode pensar: “Eu sempre fiz isto!” Examine o resultado, veja se realmente é abundante. Agora,
responde esta pergunta, mas somente entre você e Deus: Quantas horas você ocupa, diariamente,
orando?, ou lendo?, ou visitando?, ou preparando seus estudos e sermões? Este é o seu trabalho!
        Você tem se esforçado de fato? O trabalho que você tem feito é o melhor que você pode
oferecer a Deus? Pedro em um só sermão levou aos pés de Jesus 3.000 pessoas. Quantas pessoas



                                               -4-
você já levou a Cristo em seu ministério? Você tem consciência plena da responsabilidade do que é
participar da construção do Reino de Deus?

        h) Consciência da disciplina pessoal e organização
        “Naquela mesma hora alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te, e vai-te daqui,
porque Herodes quer matar-te. Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que hoje e
amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia terminarei. Importa, contudo,
caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém.”
(Lc 13.31-33).
        O ministério pastoral requer disciplina pessoal, organização e prudência, então disto vira a
eficiência. Jesus tinha disciplina pessoal e plano de ministério.
        O pastor e a pastoral deve ter uma auto-disciplina. Disciplina e organização transmite
confiança e segurança às ovelhas.
        O bom uso do tempo revela disciplina e organização. O povo precisa saber a agenda do
pastor, não é possível entender quem em um momento de necessidade a ovelha não saiba onde está
seu pastor.
        O povo tem que conhecer nosso plano de ação pastoral, temos de ter objetivos claros, não
podemos ter objetivos que vão além das possibilidades da comunidade que pastoreamos. As nossas
ovelhas devem ser introduzidas num estado de graça, antes de exigirmos que produzam as obras da
graça.

         i)       Fé e firmeza doutrinária
         “...prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda
a longanimidade e doutrina.” (2Tm 4.2).
         Quem se dirige à igreja para ouvir a mensagem de um pastor ou pastora, o mínimo que se
espera é que o pregador ou pregadora transmita convicção naquilo que prega.
         Quando o pastor ou pastora começa a usar expressões como: “Meus irmãos, acho que é bom
este ensino, eu acho que o texto quer dizer assim e assim.” Se o ensino é bom deve ser ministrado
com firmeza e certeza, ninguém vai seguir um ensino que, mesmo sendo bíblico, e apresentado com
suspeita pelo/a próprio/a pregador/a; ou ainda, se você não estudou bem um texto bíblico, não
pregue sobre ele; você só pode pregar sobre um texto após estudá-lo muito, pois aí você terá clareza
das verdades contidas nele.
         Paulo apresentando a tese da carta aos Romanos diz: “pois não me envergonho do
evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego;...” (Rm 1.16); não podemos ter timidez em anunciar as verdades do evangelho.
Não há corrente filosófica moderna, nova ideologia ou nova teologia que sejam mais importantes e
poderosas do que o Evangelho do Senhor Jesus. Não percamos o entusiasmo de pregar o
Evangelho; o povo percebe se o/a pregador/a tem alegria, convicção das verdades do Evangelho. O
povo precisa perceber na vida do pregador o poder do Evangelho funcionando.
         Nada disto será possível se como pastor ou pastora nós não cultivamos o hábito wesleyano
da leitura, do estudo disciplinado. O povo percebe se nosso sermão foi preparado, e é fruto de uma
boa exegese e pesquisa.
         Agostinho fez esta observação: “O pregador deve esforçar-se para ser ouvido com
entendimento, com boa vontade e com obediência. Não tenha ele dúvidas de que fará isto, mais com
fervorosas orações do que com todo o vigor da sua oratória. Orando por si e por seus ouvintes, ele
se disporá a ser um suplicante, antes de ser um mestre. Portanto, ao chegar e sair, trate de elevar sua
voz a Deus, e faça a sua alma subir em fervorosa aspiração.”

        j) Humildade e dependência de Deus
        “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele,
subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se


                                                 -5-
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em
figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.”
(Fl 2.5-8).
         Todo o nosso ministério pastoral deve ser levado a frente com humilde senso de nossa
incapacidade, precisamos estar em uma piedosa e confiante dependência de Deus em todas as
circunstâncias, devemos recorrer a Ele em busca de sabedoria, vida e poder, pois só Ele é quem nos
envia a trabalhar.
         Devemos ter como objetivo mínimo o ser servos de Deus, e a única maneira de comprovar
isto é a medida com que servimos ao nosso próximo, sempre com o humilde sentimento que a
virtude é de Deus e não nossa.
         Quando ensinamos, devemos estar abertos, também, para aprender, e seja de qualquer um
que nos possa ensinar; deste modo, ensinamos e aprendemos ao mesmo tempo.
         Não nos vangloriemos das nossas pretensões de saber, desprezando os que nos contradizem,
não hajamos como se já tivéssemos chegado ao topo e os outros tivessem que sentar-se aos nossos
pés. O orgulho é um mal que prejudica os que pretendem levar outros a marchar humildemente na
construção do Reino de Deus; portanto, tenhamos cuidado para não suceder que tendo conduzido
outros para lá, as portas se mostram estreitas demais para nós mesmos. Na verdade, o orgulho está
na raiz de todos os outros pecados: a inveja, o espírito de contenda e divisão, a maledicência e todos
os obstáculos que impedem a renovação espiritual. Onde há orgulho todos querem dirigir, e
ninguém quer seguir ou concordar, daí o orgulho é a causa de cismas, apostasias, usurpação,
arrogância e outras formas de imposição; por isto é a causa também do ministério ineficaz de tantos
ministros e ministras, que, pura e simplesmente, são demasiadamente orgulhosos para aprender. A
humildade nos ensina a aprender de boa vontade tudo que não sabemos. Se quisermos ser mais
sábios do que todos, temos que estar dispostos a aprender de todos.

         l) Reverência e temor de Deus
         “Reina o Senhor; tremam os povos. Ele esta entronizado acima dos querubins, abale a
terra.” (Sl 99.1)
         Façamos todo o nosso trabalho com reverência, como convém aos que tem consciência da
presença de Deus. Não ousemos usar e ministrar as coisas santas como se fossem banalidades. Ser
embaixador de Cristo, ministro de Deus, nunca será uma banalidade. Quanto mais temos de Deus
tivermos, mais reverência para com o sobrenatural da ação de Deus em nosso meio, maior
autoridade os homens e mulheres verão naquilo que ministrarmos a eles; pois se não temos
reverência e consciência da transcendência e relevância da obra que realizamos, como podemos
esperar que os nossos ouvintes a tenham? A reverência e o temor de Deus são frutos da percepção
que desenvolvemos no profundo da nossa alma de que Deus é o Todo Poderoso, Deus de Amor e
Misericórdia, a grandeza de seu poder e glória move o nosso interior.
         Reverência não é formalismo! Formalismo pode ser compenetração, pode ter a aparência de
reverência, mas não é reverência; esconde, sim, atrás de uma liturgia rebuscada, uma expressão
mecânica e fria de culto, onde a transcendência de Deus pode estar no ritual, mas não se manifesta
na expressão litúrgica do celebrante. Quanto mais reverente for o celebrante mais ele falará como se
estivesse vendo a face de Deus.
         Tenho uma particular aversão ao tipo de pregação que faz piada, que alegra aos ouvintes
com uma série de casos pitorescos; este tipo da pregação transforma o culto em um espetáculo
teatral; após este tipo de culto as pessoas não recordam o texto bíblico, o que foi lido, mas lembram
da piada. Nada da dimensão espiritual, da santidade de Deus; o quebrantamento dá lugar ao riso
volúvel quando não irreverente.

        m) Cuidado amoroso pelo rebanho
        “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” (Jo 10.11).



                                                 -6-
Nós somos pastores e pastoras. Deus nos tem entregue um rebanho, e um dia Ele vai nos
pedir conta de nosso cuidado pelo rebanho. Suas ovelhas tem crescido em sua experiência cristã?
Hoje elas são capazes de realizar atos cristãos que a um ano atrás não conseguiam?
         Toda a causa do nosso ministério deve ser conduzida com terno amor pelas pessoas do
nosso rebanho. Precisamos fazer que vejam que nada nos agrada mais do que servi-las e propiciá-
las a vitória sobre os seus problemas, e tudo sob a orientação de Deus. Temos que ter zelo santo por
cada ovelha que Deus nos tem dado para cuidar; e as ovelhas precisam sentir que nós, como Jesus,
estamos prontos a dar a nossa vida por elas.
         Como João, não devemos ter a nossa preciosa vida para nós, mas, sim, nossa alegria deve
ser a vida e o crescimento do rebanho. Sempre que o rebanho vir que nós os amamos
verdadeiramente, ouvirá o que temos a dizer e seguirá o nosso ensino.
         Como disse Jesus: “Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a
mim,...” (Jo 10.14). Esta é uma exigência, conhecer as ovelhas, uma a uma, conhecê-las pelo, pelas
carências, pelas esperanças, enfim, perceber quais são as possibilidades e potencialidades de cada
ovelha no serviço da igreja e na expansão do Reino de Deus. A outra exigência é que as ovelhas lhe
conheçam, saibam como é a sua vida; sua relação familiar deve ser um testemunho para edificação
dos lares da igreja. Não podemos ter nada, ou ser nada que nossa igreja não possa saber.
         Finalmente, suas ovelhas são sadias e fortes? Estão se multiplicando? Ou você está
alimentando, orientando ovelhas estéreis? Se você está cuidando com zelo, alimentando,
ministrando ensino e amor, é impossível que elas não se multipliquem; se não é assim, algo está
errado, e a culpa não é só das ovelhas, certamente nós, pastores e pastoras, temos a parcela maior da
culpa. Quem sabe se o que precisamos é descer de nossa pose e humilharmo-nos na presença do
Senhor, pedir a Ele que nos dê graça e força para conduzirmos melhor o rebanho que Ele tem nos
dado.

        n) A consciência participativa e educacional
        “...ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até a consumação do século.” (Mt 28.20).
        A ação pastoral tem que considerar a importância da presença e participação leiga na vida
da Igreja, somos uma Igreja de Dons e Ministérios, requerendo, também, uma forte consciência e
disponibilidade docente para o processo de formação cristã da própria liderança. Como pastores e
pastoras somos mestres/as, cabe a nós garantir que a Escola Dominical e outros meios estejam
capacitando o rebanho.

        o) A consciência de crescimento
        “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo,...”
(Ef 4.15).
        Existe hoje nas igrejas a necessidade do crescimento qualitativo, organizacional e
quantitativo, visando a expansão missionária, como meio de preservar e ampliar a Igreja Metodista
como espaço de serviço e ação libertadora. Aqui entra a dinâmica do discipulado em pequenos
grupos, capaz de alcançar famílias e de discipular a todos em Cristo.

         p) A consciência litúrgica
         “Que fazer, pois irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz
revelação, aquele outra língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo feito para edificação.”
(1Co 14.26).
         É necessário e oportuno estabelecer elementos norteadores para que a liturgia possibilite a
participação clara e objetiva das pessoas na vida do culto. Esta participação nos convoca a uma
liturgia com um culto mais participativo, sem extremismo. Onde o pastor, a pastora não pode abrir
mão de presidir, isto não deve impedir a dinâmica espiritual, mas deve garantir a disciplina.



                                                -7-
q) A consciência dos diferentes segmentos da igreja local
        “Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem
mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gl 3.28).
        A ação pastoral requer uma visão clara e objetiva dos grupos por faixa etária, gênero e
interesse comum, abrindo espaço para que participem, a partir de sua realidade, dinamizando e
criando espontaneamente, permitindo, assim, a manifestação de fé e sua experiência com Cristo.
Neste caso é eficaz o criarmos meios para que os segmentos diversos se integrem no programa
nacional de discipulado. Pois, fazendo isto estamos provendo meios para que todos sejam
estimulados ao crescimento na fé e a maturidade cristã.


                                        Bispo Paulo Lockmann




_____________________________________________________________________________
1. Brow, Colin – Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Ed. Vida Nova –
S. Paulo, pág. 469-474




                                             -8-

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Carisma pastoral na Igreja Metodista

  • 1. Carisma Pastoral: Uma abordagem episcopal 1- Introdução: O/A Pastor/a, uma figura bíblica A figura do/a Pastor/a é antes de tudo identificada com Deus no Antigo Testamento. Javé é o único Pastor do seu povo, isto está dito claramente na oração de Jacó abençoando seus filhos (cf. Gn 49.24). Mas é nos textos pós-exílicos onde isto se torna muito claro. (cf. Sl 23; 28.9; 74.1; Is 40.10-11). Assim Deus é o paradigma bíblico de Pastor. Do mesmo modo o povo de Israel é o seu rebanho (cf. Jr 13.17; Ez 34.31; Zc 10.3; Sl 100.3). Se lermos, com cuidado, veremos que esta figura simbólica, além de ter um forte elemento cultural de comunicação, representava o grande guarda do povo, pois seu cuidado garantia a base da economia em uma sociedade nômade e pastoril. Não foi a toa que houve tentativa de transferir esta figura para os reis (cf. 1Cr 11.2), embora não tenha se generalizado. Na verdade a responsabilidade de cuidar do povo de Deus, e levá-lo a uma vida de confiança e fidelidade a Deus, era dos sacerdotes, os profetas foram veementes em sublinhar isto (cf. Jr 2.8; 23.1-4; Ez 34.1-11). No Novo Testamento o termo poimên ocorre 9 vezes nos Evangelhos Sinóticos, 6 vezes em João, uma vez em Hebreus, 1Pedro e Efésios. Temos, também, com menor freqüência a expressão poimnê o poimnion que significa rebanho, e o verbo poimainô que é o verbo pastorear. Em todo o Novo Testamento a figura do pastor é trabalhada positivamente. Uma boa exegese do conceito pastor deveria trabalhar exegeticamente o campo da palavra, examinando todas as incidências do termo, mas não é esta a natureza do nosso trabalho. Queremos tão somente sublinhar o significado mais óbvio do termo. Deus, na pessoa de Jesus, é o Bom Pastor (cf. Jo 10.11 e 14). Pedro recebe de Jesus após a ressurreição a tarefa de pastorear, como sinal de seu amor ao Senhor (cf. Jo 21.15-17). Em Atos dos Apóstolos a expressão ocorre especialmente na mensagem de Paulo aos presbíteros de Éfeso, onde Paulo recorda seu ministério pastoral por três anos entre os irmãos e irmãs em Éfeso (cf. At 20.17-38). É no entanto na carta aos Efésios onde o termo toùs dè poimenas kaì didaskalous = outros para pastores e mestres deixa claro que há um carisma, trazido por aquele que enche todas as coisas: Jesus. (cf. Ef 4.8-11). Diante disto vemos que carisma pastoral é o dom do Espírito Santo, dado por Jesus à Igreja, e exercido por homens e mulheres que nela se sintam chamados por Deus, e que nestes a Igreja reconheça o carisma dado a Igreja, e constate o serviço dele decorrente. Assim não há frutos sem o carisma e não há carisma sem frutos. 2- O exercício do Carisma pastoral no Metodismo Wesleyano Estou fazendo um longo salto histórico e pondo os pés de modo breve no Metodismo, e para isto vou valer-me de uma parte de um texto do Dr. Duncan Reily, preparado para o Colégio Episcopal, sobre o ministério pastoral. Diz ele: ““O mundo é a minha paróquia.” Esta frase foi dita por João Wesley quando pregava sobre o túmulo de seu pai, após receber a notícia de que não poderia pregar na igreja que seu pai havia pastoreado por trinta e nove anos. A frase, célebre, não pode ser entendida fora do contexto maior que envolvia a vida de João Wesley; tem que ser vista como uma definição da vocação ministerial do próprio Wesley. A história do movimento metodista afirma que Wesley era ministro da Igreja Anglicana; mesmo sem paróquia ou cargo definido ele serviu como pastor a diversos grupos que respondiam à sua proclamação evangélica e ao chamado ao arrependimento pela fé. Certa vez o acusaram de estar rompendo com as estruturas de sua Igreja oficial, por reunir pessoas sob o seu cuidado para cantar Salmos, orar e estudar as Escrituras. Wesley defendeu-se: “Vejo todo o mundo como minha paróquia. Isto é, em qualquer lugar ou situação em que me encontro, considero ser de minha responsabilidade e desafio declarar a todos que estão dispostos a escutar as boas novas de salvação. Esta é a obra para a qual Deus me acompanhará.” -1-
  • 2. É importante observar que Wesley define sua responsabilidade pastoral extrapolando os limites da comunidade dos fiéis. Wesley insiste em afirmar que sua responsabilidade e o lugar de sua tarefa ministerial é o mundo, e não o espaço delimitado da comunidade de fé. Este enfoque “para o mundo” da vocação ministerial de João Wesley põe em destaque uma das características fundamentais da teologia bíblica da própria missão de Deus. Para Wesley, é em direção ao mundo que Deus orienta sua missão redentora. Wesley, antes de aceitar o serviço dos que se ofereciam como filhos no Evangelho, os testava, procurando comprovação da alegação deles que o Espírito os “movia para pregar”, indagando se possuíam GRAÇA (fé viva em Cristo e vivência cristã), DONS (comprovada capacidade da compreensão do plano da salvação e habilidade em comunicar isto aos ouvintes) e FRUTOS na forma de arrependimento e mudança de vida entre seus ouvintes. Satisfeitas essas exigências, o jovem era provado pela prática da pregação e começava sua educação teológica que, além da Bíblia, consistia principalmente do estudo dos 50 maçudos tomos da “Biblioteca Cristã” organizada por Wesley.” 3- O Carisma pastoral: A visão dos nossos documentos Vou ater-me especificamente ao mais recente documento, que é o Plano Nacional, pois traz uma síntese do que o Colégio Episcopal e a Igreja em geral vem dizendo sobre o tema. “Wesley e os metodistas entendem que Igreja e ministério pastoral se implicam mutuamente. O artigo treze, dos Vinte e Cinco Artigos de Religião diz: “A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis na qual se prega a pura Palavra de Deus e se ministra devidamente os sacramentos, com todas as coisas a eles necessárias, conforme a instituição de Cristo.” O ministério pastoral é entendido na visão protestante como um ministério especial, chamado e preparado para zelar pela pura pregação da Palavra, ministrar corretamente os sacramentos, zelar pelas marcas essenciais da Igreja e ainda cuidar da comunidade missionária como um todo, tudo isso como um mandato da Igreja O ministério pastoral é essencial à vida da Igreja. Ele foi instituído pelos apóstolos como um modo de dar forma e unidade à Igreja, para que todo serviço refletisse o próprio ministério de Cristo. O ministério pastoral da Igreja Metodista tem uma de suas formas na ordenação de pastores/ pastoras e constituição da Ordem Presbiteral. “Wesley compreendeu que, ao lado dos ministérios leigos, havia um ministério especial, o da ordem presbiteral que carregava pesadas responsabilidades a respeito do ‘depósito da fé’, da unidade da Igreja, da transmissão do carisma da ordem (ordenação), e que essa ordem era a real e autêntica sucessora apostólica. Por isso mesmo, era bastante exigente para com os pastores e exigia deles, mais que quaisquer outros, senso da ordem, da disciplina eclesiástica e de compromisso eclesial com o todo” (As Marcas Básicas da Identidade Metodista, Biblioteca Vida e Missão, p. 83). Wesley afirma que a Igreja tem “uma sucessão perpétua de pastores e mestres divinamente chamados e divinamente assistidos” (The London Chronicle, 1761). Ao lado da Ordem Presbiteral, João Wesley reconheceu que pregadores leigos e pastores leigos exerçam funções pastorais. O carisma pastoral não é apenas individual. Ele precisa do reconhecimento e sua integração ao carisma da Igreja como uma dimensão de sua apostolocidade. Esse fato é assinalado de modo visível quando a Igreja ordena para o ministério pastoral. Por isso, a tradição protestante reconhece no ministério pastoral um mandato da Igreja e não apenas uma qualidade individual. No ministério pastoral, não se pode sobrepor carismas ou qualidades pessoais ao carisma ministerial da Igreja. O bispo Osvaldo Dias da Silva expressou isso em um de seus sermões sobre o ministério pastoral: “o pastor é servo de Cristo, servo do povo, servo da Igreja.” O ministério pastoral é, na igreja local, em sua formação docente, um fator decisivo para uma boa articulação da comunidade missionária e de sua ação com a forma correta de ser Igreja. O/ A pastor/pastora, enfatizando sua responsabilidade docente, é chamado para cuidar das marcas essenciais da Igreja em sua expressão local. Esse é o centro de seu mandato. O/A pastor/pastora não é apenas o/a coordenador/a de ministérios e incentivador/a da missão. Ele/Ela é responsável, em -2-
  • 3. nível local, por discernir o que mantém ou o que faz cair a Igreja, conforme a expressão dos reformadores (articuli stantis aut cadentis ecclesiae). A religiosidade que nos rodeia, mesmo de inspiração cristã, tem assumido formas anárquicas de ministério pastoral e sugere formas estranhas de eclesiologia, contrárias ao que a Igreja Metodista entende como o modo próprio de ser Igreja. Esse contexto, associado aos meios de comunicação e às estratégias de marketing, favorecem aventureiros/as. A Igreja fica ameaçada de assalto pela iniciativa particular e pelo carisma inteiramente individualizado, próprio da cultura atual. Essa é uma das ameaças mais profundas à Igreja que mantém sua continuidade histórica com os apóstolos. Muitas das “novas formas de ser Igreja” não distinguem as marcas permanentes da Igreja de suas formas transitórias. “A Igreja de Cristo precisa ser esculpida, para usar uma figura da patrística, receber sua forma visível como forma de Cristo, através do cinzel obediente (o/a pastor/pastora) que dá continuidade às marcas apostólicas e essenciais da vida da Igreja. O ministério pastoral tem sua autenticidade reconhecida quando o carisma da Igreja de Cristo determina os carismas individuais.” 4 – Carisma pastoral e o desafio ao nosso Ministério Pastoral hoje Quando reconhecemos Jesus com o Bom Pastor, conforme o Evangelho de João, nós já fixamos o nosso modelo, ou seja, o próprio Jesus. Assim, reconhecendo que Jesus é o grande pastor das ovelhas, estas são a sua Igreja, a qual é o Seu Corpo. Por isso cabe a nós, pastores e pastoras, a responsabilidade de, chamados por Jesus, cuidarmos de Sua Igreja, o rebanho do Senhor. Somente nesta referência bíblico-histórica é que podemos utilizar o nome de pastor ou pastora. Para que o exercício desta tarefa em sua inequívoca dimensão histórica, conforme tudo que já foi sublinhado, e também com a consciência da transcendência que representa o lidar com o destino eterno das ovelhas que a nós são confiadas, pois, conforme João Wesley, é nossa tarefa nos afadigarmos na pregação, afim de “salvar as nossas almas e dos nossos ouvintes.” Diante disto é que podemos nos dispor ao Ministério Pastoral. Para isso consideremos elementos decisivos para o crescimento deste ministério: a) A consciência do chamado – vocação pastoral. “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mc 1.17) Deus nos chama para realizar algo que lhe pertence. Este chamado é parte do encontro e da experiência com Ele. É preciso, no ministério pastoral, resgatar a vocação e a consciência do carisma para a realização da missão na força e na inspiração do Espírito de Deus. b) A consciência da capacitação de Deus “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto,...” (Lc 4.1); “Então Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia, e a sua fama correu por toda a circunvizinhança,...” (Lc 4.14). É preciso falar sobre a unção do Espírito para o exercício da vocação pastoral. Não é possível que um pastor ou pastora queira exercer a vocação pastoral sem o carisma espiritual de pastor pela unção do Espírito Santo de Deus. Se Jesus necessitou dessa unção, quanto mais nós. Todos, pastores e pastoras, pregam, mas pregar com unção, infelizmente, nem todos pregam. Quando pregamos com unção as pessoas são quebrantadas, ocorrem conversões como resultado de uma mensagem ungida. c) A consciência da Missão “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.” (Mt 4.23). A missão de Deus. A Igreja tem uma tarefa a realizar dentro da missão. O lugar para realizá-la é o mundo, com todas as contradições, porque é aqui que somos vocacionados a desenvolver nossa visão de comprometidos com justiça do Reino de Deus. Esta visão nos -3-
  • 4. compromete, dá sentido a nossa vida e ao nosso ministério. Precisamos mantê-la viva em nossa caminhada diária, para não perder o rumo. d) A consciência da Unidade Paulo, em diversos momentos, ensinou, apelou à unidade da Igreja: “...esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz...” (Ef 4.3). Por isso é importante que nos afadiguemos em favor da unidade do Corpo de Cristo, jamais a minha opinião pessoal pode ser colocada acima do meu amor ao Senhor e a sua Igreja, trata-se de escândalo o que temos assistido hoje, pois em nome de verdades pessoais, pretensamente bíblicas, divide-se a Igreja. Se nossa “verdade” vem de Deus, precisamos crer que este Deus tem poder para testificá-la à toda Igreja. Paremos de, em nome das nossas verdades, formarmos grupos, pregarmos o sectarismos e as divisões. Acima de tudo esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. e) A consciência da Espiritualidade “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” (1Tm 4.16).Os elementos básicos da teologia metodista que apontam e animam o servir vocacional da Igreja, sem perder a espiritualidade e, por outro lado, não permitindo o retalhamento de nossa herança e prática metodista. Antes de cuidar do rebanho precisamos cuidar de nós mesmos, nossa vida devocional, jejum, oração, estudo da Palavra, adoração. f) Consciência da pureza de ideal “Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus , eu Senhor: por amor do qual, perdi todas as cousas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo,...” (Fl 3.7,8). O ministério pastoral deve ser realizado exclusivamente para louvar a Deus e para a salvação do povo que geme e anseia pela Boa Nova, sob hipótese alguma poderá ser realizado visando lucro. Pastor ou pastora que busca reconhecimento pessoal, compensação financeira, está enganado de profissão. Se de fato nosso modelo é Jesus, Ministério é doação. Tenho defrontado freqüentemente com interesses pessoais de obreiros e obreiras, e é muito difícil trabalhar assim. Quase sempre os interesses pessoais interferem e prejudicam o interesse da missão do Reino de Deus. Não esqueçamos que continua valendo as palavras do Senhor Jesus: “ Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Lc 9.23-24). g) Consciência do trabalho e responsabilidade “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; portanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.” (2Pe 1.10). “...e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação: até agora temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.” (1Co 4.12-13). O ministério pastoral deve ser realizado com muito trabalho e muita responsabilidade. Você pode pensar: “Eu sempre fiz isto!” Examine o resultado, veja se realmente é abundante. Agora, responde esta pergunta, mas somente entre você e Deus: Quantas horas você ocupa, diariamente, orando?, ou lendo?, ou visitando?, ou preparando seus estudos e sermões? Este é o seu trabalho! Você tem se esforçado de fato? O trabalho que você tem feito é o melhor que você pode oferecer a Deus? Pedro em um só sermão levou aos pés de Jesus 3.000 pessoas. Quantas pessoas -4-
  • 5. você já levou a Cristo em seu ministério? Você tem consciência plena da responsabilidade do que é participar da construção do Reino de Deus? h) Consciência da disciplina pessoal e organização “Naquela mesma hora alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te, e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te. Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia terminarei. Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém.” (Lc 13.31-33). O ministério pastoral requer disciplina pessoal, organização e prudência, então disto vira a eficiência. Jesus tinha disciplina pessoal e plano de ministério. O pastor e a pastoral deve ter uma auto-disciplina. Disciplina e organização transmite confiança e segurança às ovelhas. O bom uso do tempo revela disciplina e organização. O povo precisa saber a agenda do pastor, não é possível entender quem em um momento de necessidade a ovelha não saiba onde está seu pastor. O povo tem que conhecer nosso plano de ação pastoral, temos de ter objetivos claros, não podemos ter objetivos que vão além das possibilidades da comunidade que pastoreamos. As nossas ovelhas devem ser introduzidas num estado de graça, antes de exigirmos que produzam as obras da graça. i) Fé e firmeza doutrinária “...prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” (2Tm 4.2). Quem se dirige à igreja para ouvir a mensagem de um pastor ou pastora, o mínimo que se espera é que o pregador ou pregadora transmita convicção naquilo que prega. Quando o pastor ou pastora começa a usar expressões como: “Meus irmãos, acho que é bom este ensino, eu acho que o texto quer dizer assim e assim.” Se o ensino é bom deve ser ministrado com firmeza e certeza, ninguém vai seguir um ensino que, mesmo sendo bíblico, e apresentado com suspeita pelo/a próprio/a pregador/a; ou ainda, se você não estudou bem um texto bíblico, não pregue sobre ele; você só pode pregar sobre um texto após estudá-lo muito, pois aí você terá clareza das verdades contidas nele. Paulo apresentando a tese da carta aos Romanos diz: “pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;...” (Rm 1.16); não podemos ter timidez em anunciar as verdades do evangelho. Não há corrente filosófica moderna, nova ideologia ou nova teologia que sejam mais importantes e poderosas do que o Evangelho do Senhor Jesus. Não percamos o entusiasmo de pregar o Evangelho; o povo percebe se o/a pregador/a tem alegria, convicção das verdades do Evangelho. O povo precisa perceber na vida do pregador o poder do Evangelho funcionando. Nada disto será possível se como pastor ou pastora nós não cultivamos o hábito wesleyano da leitura, do estudo disciplinado. O povo percebe se nosso sermão foi preparado, e é fruto de uma boa exegese e pesquisa. Agostinho fez esta observação: “O pregador deve esforçar-se para ser ouvido com entendimento, com boa vontade e com obediência. Não tenha ele dúvidas de que fará isto, mais com fervorosas orações do que com todo o vigor da sua oratória. Orando por si e por seus ouvintes, ele se disporá a ser um suplicante, antes de ser um mestre. Portanto, ao chegar e sair, trate de elevar sua voz a Deus, e faça a sua alma subir em fervorosa aspiração.” j) Humildade e dependência de Deus “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se -5-
  • 6. esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Fl 2.5-8). Todo o nosso ministério pastoral deve ser levado a frente com humilde senso de nossa incapacidade, precisamos estar em uma piedosa e confiante dependência de Deus em todas as circunstâncias, devemos recorrer a Ele em busca de sabedoria, vida e poder, pois só Ele é quem nos envia a trabalhar. Devemos ter como objetivo mínimo o ser servos de Deus, e a única maneira de comprovar isto é a medida com que servimos ao nosso próximo, sempre com o humilde sentimento que a virtude é de Deus e não nossa. Quando ensinamos, devemos estar abertos, também, para aprender, e seja de qualquer um que nos possa ensinar; deste modo, ensinamos e aprendemos ao mesmo tempo. Não nos vangloriemos das nossas pretensões de saber, desprezando os que nos contradizem, não hajamos como se já tivéssemos chegado ao topo e os outros tivessem que sentar-se aos nossos pés. O orgulho é um mal que prejudica os que pretendem levar outros a marchar humildemente na construção do Reino de Deus; portanto, tenhamos cuidado para não suceder que tendo conduzido outros para lá, as portas se mostram estreitas demais para nós mesmos. Na verdade, o orgulho está na raiz de todos os outros pecados: a inveja, o espírito de contenda e divisão, a maledicência e todos os obstáculos que impedem a renovação espiritual. Onde há orgulho todos querem dirigir, e ninguém quer seguir ou concordar, daí o orgulho é a causa de cismas, apostasias, usurpação, arrogância e outras formas de imposição; por isto é a causa também do ministério ineficaz de tantos ministros e ministras, que, pura e simplesmente, são demasiadamente orgulhosos para aprender. A humildade nos ensina a aprender de boa vontade tudo que não sabemos. Se quisermos ser mais sábios do que todos, temos que estar dispostos a aprender de todos. l) Reverência e temor de Deus “Reina o Senhor; tremam os povos. Ele esta entronizado acima dos querubins, abale a terra.” (Sl 99.1) Façamos todo o nosso trabalho com reverência, como convém aos que tem consciência da presença de Deus. Não ousemos usar e ministrar as coisas santas como se fossem banalidades. Ser embaixador de Cristo, ministro de Deus, nunca será uma banalidade. Quanto mais temos de Deus tivermos, mais reverência para com o sobrenatural da ação de Deus em nosso meio, maior autoridade os homens e mulheres verão naquilo que ministrarmos a eles; pois se não temos reverência e consciência da transcendência e relevância da obra que realizamos, como podemos esperar que os nossos ouvintes a tenham? A reverência e o temor de Deus são frutos da percepção que desenvolvemos no profundo da nossa alma de que Deus é o Todo Poderoso, Deus de Amor e Misericórdia, a grandeza de seu poder e glória move o nosso interior. Reverência não é formalismo! Formalismo pode ser compenetração, pode ter a aparência de reverência, mas não é reverência; esconde, sim, atrás de uma liturgia rebuscada, uma expressão mecânica e fria de culto, onde a transcendência de Deus pode estar no ritual, mas não se manifesta na expressão litúrgica do celebrante. Quanto mais reverente for o celebrante mais ele falará como se estivesse vendo a face de Deus. Tenho uma particular aversão ao tipo de pregação que faz piada, que alegra aos ouvintes com uma série de casos pitorescos; este tipo da pregação transforma o culto em um espetáculo teatral; após este tipo de culto as pessoas não recordam o texto bíblico, o que foi lido, mas lembram da piada. Nada da dimensão espiritual, da santidade de Deus; o quebrantamento dá lugar ao riso volúvel quando não irreverente. m) Cuidado amoroso pelo rebanho “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” (Jo 10.11). -6-
  • 7. Nós somos pastores e pastoras. Deus nos tem entregue um rebanho, e um dia Ele vai nos pedir conta de nosso cuidado pelo rebanho. Suas ovelhas tem crescido em sua experiência cristã? Hoje elas são capazes de realizar atos cristãos que a um ano atrás não conseguiam? Toda a causa do nosso ministério deve ser conduzida com terno amor pelas pessoas do nosso rebanho. Precisamos fazer que vejam que nada nos agrada mais do que servi-las e propiciá- las a vitória sobre os seus problemas, e tudo sob a orientação de Deus. Temos que ter zelo santo por cada ovelha que Deus nos tem dado para cuidar; e as ovelhas precisam sentir que nós, como Jesus, estamos prontos a dar a nossa vida por elas. Como João, não devemos ter a nossa preciosa vida para nós, mas, sim, nossa alegria deve ser a vida e o crescimento do rebanho. Sempre que o rebanho vir que nós os amamos verdadeiramente, ouvirá o que temos a dizer e seguirá o nosso ensino. Como disse Jesus: “Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim,...” (Jo 10.14). Esta é uma exigência, conhecer as ovelhas, uma a uma, conhecê-las pelo, pelas carências, pelas esperanças, enfim, perceber quais são as possibilidades e potencialidades de cada ovelha no serviço da igreja e na expansão do Reino de Deus. A outra exigência é que as ovelhas lhe conheçam, saibam como é a sua vida; sua relação familiar deve ser um testemunho para edificação dos lares da igreja. Não podemos ter nada, ou ser nada que nossa igreja não possa saber. Finalmente, suas ovelhas são sadias e fortes? Estão se multiplicando? Ou você está alimentando, orientando ovelhas estéreis? Se você está cuidando com zelo, alimentando, ministrando ensino e amor, é impossível que elas não se multipliquem; se não é assim, algo está errado, e a culpa não é só das ovelhas, certamente nós, pastores e pastoras, temos a parcela maior da culpa. Quem sabe se o que precisamos é descer de nossa pose e humilharmo-nos na presença do Senhor, pedir a Ele que nos dê graça e força para conduzirmos melhor o rebanho que Ele tem nos dado. n) A consciência participativa e educacional “...ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século.” (Mt 28.20). A ação pastoral tem que considerar a importância da presença e participação leiga na vida da Igreja, somos uma Igreja de Dons e Ministérios, requerendo, também, uma forte consciência e disponibilidade docente para o processo de formação cristã da própria liderança. Como pastores e pastoras somos mestres/as, cabe a nós garantir que a Escola Dominical e outros meios estejam capacitando o rebanho. o) A consciência de crescimento “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo,...” (Ef 4.15). Existe hoje nas igrejas a necessidade do crescimento qualitativo, organizacional e quantitativo, visando a expansão missionária, como meio de preservar e ampliar a Igreja Metodista como espaço de serviço e ação libertadora. Aqui entra a dinâmica do discipulado em pequenos grupos, capaz de alcançar famílias e de discipular a todos em Cristo. p) A consciência litúrgica “Que fazer, pois irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outra língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo feito para edificação.” (1Co 14.26). É necessário e oportuno estabelecer elementos norteadores para que a liturgia possibilite a participação clara e objetiva das pessoas na vida do culto. Esta participação nos convoca a uma liturgia com um culto mais participativo, sem extremismo. Onde o pastor, a pastora não pode abrir mão de presidir, isto não deve impedir a dinâmica espiritual, mas deve garantir a disciplina. -7-
  • 8. q) A consciência dos diferentes segmentos da igreja local “Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gl 3.28). A ação pastoral requer uma visão clara e objetiva dos grupos por faixa etária, gênero e interesse comum, abrindo espaço para que participem, a partir de sua realidade, dinamizando e criando espontaneamente, permitindo, assim, a manifestação de fé e sua experiência com Cristo. Neste caso é eficaz o criarmos meios para que os segmentos diversos se integrem no programa nacional de discipulado. Pois, fazendo isto estamos provendo meios para que todos sejam estimulados ao crescimento na fé e a maturidade cristã. Bispo Paulo Lockmann _____________________________________________________________________________ 1. Brow, Colin – Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Ed. Vida Nova – S. Paulo, pág. 469-474 -8-