O documento discute o Modernismo brasileiro em três frases: 1) Aborda a questão sobre Guimarães Rosa, afirmando que sua obra foi bastante inovadora, principalmente do ponto de vista da linguagem. 2) Apresenta o poema "A Educação pela Pedra" de João Cabral de Melo Neto e analisa corretamente as características do texto. 3) Discute Clarice Lispector e sua influência de autores como James Joyce e Faulkner no uso do monólogo interior e fluxo de consciência.

1. Manoel Neves
história da literatura brasileira
Revisando o Modernismo, 01

2. QUESTÃO 01
modernismo
(UFPE-Adaptada) Sobre Guimarães Rosa só NÃO se pode afirmar que:
Faz parte da Geração de 45, cujo diferencial foi a expansão do regionalismo, um regionalismo
universal e cósmico.
Em suas narraLvas, retrata o sertão dos Gerais, e a gente que lá vive: matutos, vaqueiros,
crianças, velhos, feiLceiros e loucos, sem priorizar questões regionais.
Sua linguagem incorpora o falar coloquial dos sertanejos, com o uso de aforismos, entre outros.
Não conseguiu aLngir o objeLvo da renovação da linguagem literária, tendo sua obra um
caráter passadista e pouco inovador.
No conjunto de sua obra, destacam-se Sagarana, seu livro de estréia, Corpo de baile, Tutaméia
e um único romance, considerado sua obra-prima, Grande sertão: veredas.

3. QUESTÃO 01
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “d”, pois, como afirmam as outras opções, a obra de Guimarães Rosa é
bastante inovadora, principalmente do ponto de vista da linguagem.

4. INSTRUÇÃO
modernismo
Para responder à questão 02, leia atentamente o poema a seguir.

5. A EDUCAÇÃO PELA PEDRA
João Cabral de Melo Neto
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfáLca, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poéLca, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
carLlha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didáLca).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.

6. QUESTÃO 02
modernismo
Todas as opções analisam corretamente o poema “A educação pela pedra”, EXCETO:
Trata-se de um texto em que predomina o trabalho com a sonoridade, em que se destacam
assonâncias, aliterações e paronomásias.
Vislumbra-se, neste texto, uma éLca severa, através da qual a poesia cabralina liga-se ao
senLdo do romance de 1930.
A pedra aparece como uma metáfora: sendo a paisagem nordesLna seca, agreste, pedregosa, a
poesia necessariamente precisa apresentar-se seca, dura, agreste – não havendo, pois, lugar, na
poesia cabralina, para o derramamento lírico.
O poeta apreende da pedra a própria vivência na vida agreste do Sertão: de austeridade,
resistência silenciosa e sempre capaz de dar lições de vida e de poesia.
Os versos metalingüísLcos revelam a própria poéLca cabralina: concreta, impessoal, concisa,
embora profundamente social.

7. QUESTÃO 02
solução comentada
João Cabral disse , em uma entrevista, que não gostava de música. O poema “A educação pela
pedra” [e o livro homônimo] é um excelente exemplo disso, na medida em que seu discurso é
altamente prosaico [daí o uso do enjambement e de metáforas concretas]. Não se nota o
trabalho com a musicalidade mas com a materialidade da palavra. Assinale-se, pois, a
alternaLva “a”.

8. QUESTÃO 03
modernismo
(UFPE-Adaptada) Sobre Clarice Lispector só NÃO se pode afirmar que:
Causou impacto pelas novas perspecLvas em que desloca o olhar do leitor para novos ângulos
de paisagens deslumbrantes e exóLcas.
Descrevia os processos interiores do ser em relação consigo mesmo e com o mundo. As
personagens são compelidas a uma dolorosa viagem interior, que resultará numa
transformação ínLma radical.
Em A hora da estrela, toma como protagonista uma figura desprezada pela sociedade brasileira:
a imigrante nordesLna.
Influenciada pela obra de autores como James Joyce e Faulkner, a autor guarda desses modelos
o predomínio do monólogo interior e o fluxo de consciência.

9. QUESTÃO 03
solução comentada
A paisagem que interessa a Clarice Lispector é a interior. Sua obra analisa a condição do homem
moderno – seus dramas, anseios e sua condição. Para tanto, vale-se, quase sempre, do
monólogo interior e do fluxo de consciência, herdados de Virgínia Woolf e de James Joyce.
Marque-se, pois, a alternaLva “a”.

10. QUESTÃO 04
modernismo
(CEFET-MG) Os romances da segunda fase do Modernismo registram as seguintes temáLcas:
I - A esteLzação do imaginário do homem sertanejo através do experimentalismo da linguagem.
II - O cangaço, o desenvolvimento e a decadência da sociedade patriarcal canavieira.
III - A mísLca baiana, com seu povo miscigenado e devoto às religiões afro-brasileiras.
IV - A colonização do Rio Grande do Sul, o seu passado histórico e a guerra entre fronteiras.
Estão corretos apenas os itens
I e II. I e IV. I, II, III.
I, II, IV. II, III, IV.

11. QUESTÃO 04
solução comentada
São corretas as afirmações presentes em II, III e IV. O erro presente em I está no fato de a
linguagem usada pelos autores da segunda geração do modernismo ser, em geral, mais formal,
padrão, como se observa, por exemplo, na prosa de Graciliano Ramos. Marque-se, pois, a
alternaLva “e”.

12. QUESTÃO 05
modernismo
Assinale o comentário INADEQUADO na caracterização da poesia de Cecília Meireles:
Valorização do momento vivido e eternizado no canto do poeta, que é visto como o ponto de
ligação entre a efemeridade e a eternidade.
Necessidade de descobrir o verdadeiro espaço ocupado pela frágil vida humana dentro da
eternidade cósmica que a abarca.
Exuberante exaltação da natureza por meio de odes e cantos que irradiam uma profunda
felicidade em viver.
Musicalidade extrema na abordagem da precariedade e instabilidade da fortuna, da
insaLsfação amorosa e da dor como preço da felicidade.

13. QUESTÃO 05
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “c”, pois a poesia da segunda geração do modernismo brasileiro tem
um caráter espiritual e essencialista, tal como se pode ver na obra inicial de poetas como Murilo
Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes.

14. QUESTÃO 06
modernismo
Assinale com V [Verdadeiro] ou F [Falso] as afirmações a seguir, referentes ao Romance de 1930.
A década de 1930 dá lugar a uma renovação do regionalismo brasileiro, associado, sobretudo, à
ficção nordesLna.
Os romancistas de 1930 mostram-se mais preocupados com o quesLonamento da realidade do
que com inovações formais.
Um dos temas da ficção de 1930 diz respeito ao ciclo do Cangaço, sendo O quinze, de Rachel de
Queirós, o melhor exemplo do romance desse ciclo.
O desenvolvimento da economia rural, com a crescente modernização dos meios de produção
no campo, é um dos focos principais das narraLvas de 1930.
A seqüência CORRETA de preenchimento dos parênteses de cima para baixo é:
F – V – F – V – F. V – F – F – V – V. F – V – V – V – F.
V – V – F – F – V. F – F – V – F – V.
Alguns romances de 1930 mostram as primeiras conseqüências sociais do surgimento da
industrialização, apontando o deslocamento da população do campo para a cidade.

15. QUESTÃO 06
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “c”. As opções III e IV estão incorretas, pois o enredo de O quinze gira
em torno da seca. Ademais, no que se convencionou chamar de romance de 1930, fala-se da
decadência da economia agrícola praLcada no interior do país.

16. Beira de mar
Beira de mar
Beira de mar é na América do Sul
Um selvagem levanta o braço
Abre a mão e Lra um caju
Um momento de grande amor
De grande amor
JOIA
Caetano Veloso
Copacabana
Copacabana
Louca total e completamente louca
A menina muito contente
Toca a coca-cola na boca
Um momento de puro amor
De puro amor

17. QUESTÃO 07
modernismo
O poema de Caetano Veloso, apesar de ter sido publicado em 1976, dialoga diretamente com
os movimentos Pau-Brasil e Antropófago, da Primeira Geração do Modernismo Brasileiro. São
pontos de contato do texto de Caetano Veloso com os referidos movimentos poéLcos, EXCETO:
O emprego da base dupla.
A devoração cultural seleLva.
A adesão à cultura do estrangeiro.
A constatação de que o Brasil está se modernizando.

18. QUESTÃO 07
solução comentada
O poema, de versos livres e brancos, constrói-se por intermédio da justaposição de duas cenas.
Na primeira, entrevê-se uma cena da qual emerge o Brasil ligado à natureza, que apresenta um
silvícola desfrutando um cenário e um fruto tropical. Na segunda, percebe-se que o locutor
apresenta uma cena na qual se notam elementos ligados à modernidade brasileira do final do
século XX [na referência a Copacabana e à Coca Cola].
Não se nota adesão das personagens à cultura estrangeira, mas a devoração da cultura exógena.
Marque-se, pois, a alternaLva “c”.
Pode-se afirmar que as duas imagens apresentam um Brasil em que o moderno e o tradicional,
a natureza e a cultura, o caju e a Coca Cola convivem harmonicamente.
Atente-se, ainda, para a exploração da simetria nas duas estrofes. Nelas, além da reiteração das
sequências descriLvas-narraLvas-argumentaLvas que estruturam o poema, pode-se notar o uso
do mesmo número de sílabas métricas, quando se compara os versos da primeira e da segunda
estrofe [4-4-11-8-8-8-4].

19. INSTRUÇÃO
modernismo
Leia o poema a seguir

20. Minha terra tem palmeiras
onde canta o Lco-Lco
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
JOGOS FLORAIS II
Cacaso
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
á água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

21. QUESTÃO 08
modernismo
Sobre o poema “Jogos florais II”, de Cacaso, só NÃO se pode afirmar que:
Faz uma paródia ressenLda do RomanLsmo, lamentando o passado que “os anos não trazem
mais”.
Ridiculariza, de modo sarcásLco, o contexto histórico do “milagre brasileiro” por meio de uma
alusão irônica ao texto bíblico.
Retoma o samba “Tico-Lco no fubá” de modo descontraído para associá-lo, debochadamente, à
“Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.
Demonstra uma visão críLca da nação por meio de um discurso que promove um “ufanismo às
avessas”.

22. QUESTÃO 08
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “a”, pois o tom do poema não é saudosista, mas sim sarcásLco, irônico,
corrosivo.

23. INSTRUÇÃO
modernismo
Leia o poema a seguir

24. BEBA COCA COLA
Décio Pignatari

25. QUESTÃO 09
modernismo
Todas as alternaLvas abaixo apresentam comentários corretos acerca do poema “Beba coca
cola”, de Décio Pignatari, EXCETO:
O texto incorpora elementos da linguagem da propaganda à poesia.
Explora-se intensamente o trabalho com a linguagem.
As propriedades alardeadas na propaganda são reforçadas no poema em análise.
O emprego das palavras coca, caco e cloaca consiste em uma paronomásia.

26. QUESTÃO 09
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “c”, pois o poema de Décio Pignatari reelabora o slogan, de modo a
reforçar as propriedades negaLvas do produto.

27. INSTRUÇÃO
modernismo
Leia os fragmentos, para responder à questão que se segue.

28. Aqui na floresta
Dos ventos baLda,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que esLmem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
CANTO DO GUERREIRO
Gonçalves Dias
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valenLa?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?

29. MACUNAÍMA
Mário de Andrade
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo
Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia
mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros
arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era
solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio
Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da
tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do
Herói?

30. QUESTÃO 10
modernismo
(ENEM) A leitura comparaLva dos dois textos acima indica que
ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro apresentada de forma realista e heróica,
como símbolo máximo do nacionalismo românLco.
a abordagem da temáLca adotada no texto escrito em versos é discriminatória em relação aos
povos indígenas do Brasil.
as perguntas “— Quem há, como eu sou?” [primeiro texto] e “Quem podia saber do
Herói?” [segundo texto] expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira.
o texto românLco, assim como o modernista, aborda o extermínio dos povos indígenas como
resultado do processo de colonização no Brasil.
os versos em 1ª. pessoa revelam que os indígenas podiam expressar-se poeLcamente, mas
foram silenciados pela colonização, como demonstra a presença do narrador, no segundo texto.

31. QUESTÃO 10
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “c”, pois os textos apresentam a imagem do indígena em dois
momentos muito disLntos da história da literatura brasileira.
Em “O canto do guerreiro”, poema representaLvo do pensamento em voga no RomanLsmo,
idealiza-se a força e a bravura do sílvicola; já no fragmento do “Epílogo” do romance
Macunaíma – obra que apresenta o ponto de vista através do qual o íncola é apresentado na
Primeira Geração do Modernismo – registra-se a exLnção da tribo do herói.

32. INSTRUÇÃO
modernismo
Leia atentamente os poemas abaixo.

33. Lá vai uma barquinha carregada de
Aventureiros
Lá vai uma barquinha carregada de
Bacharéis
Lá vai uma barquinha carregada de
Cruzes de Cristo
Lá vai uma barquinha carregada de
Donatários
Lá vai uma barquinha carregada de
Espanhóis
HISTÓRIA PÁTRIA
Oswald de Andrade
Paga prenda
Prenda os espanhois

34. HISTÓRIA PÁTRIA
Oswald de Andrade
Lá vai uma barquinha carregada de
Flibusteiros
Lá vai uma barquinha carregada de
Governadores
Lá vai uma barquinha carregada de
Holandeses
Lá vem uma barquinha cheinha de índios
Outra de degredados
Outra de pau de Lnta
Até que o mar inteiro
Se coalhou de transatlânLcos
E as barquinhas ficaram
Jogando prenda coa raça misturada
No litoral azul de meu Brasil.

35. PRALAPRACÁ
Cassiano Ricardo
E começa a longa história
do navio que ia e vinha
pela estrada azul do AtlânLco
Ia, levando pau-brasil
e homens cor da manhã, filhos do mato,
cheios de sol e de inocência;
vinha trazendo degredados
Ia, levando uma esperança;
vinha trazendo foragidos de outras pátrias
para a ilha da Bem-Aventurança.
Ia, levando um grito de surpresa,
da terra criança;
e vinha abarrotado de saudade
portuguesa.

36. QUESTÃO 11
modernismo
Sobre o poema “História pátria”, de Oswald de Andrade só NÃO se pode afirmar que:
Apresenta uma visão desidealizada da História do Brasil.
Põe em práLca o preceito da “revisão críLca de nosso antepassado histórico-cultural” da Poesia
Pau-Brasil.
ArLcula-se dando voz às raças que deram origem ao Brasil.
Constrói-se a parLr de uma temáLca primiLvista.
Insere-se na linha naLvista da literatura brasileira.

37. QUESTÃO 11
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “c”, pois o poema se arLcula através do discurso de um sujeito poéLco
que conta a história do país de um ponto de vista bastante singular.

38. QUESTÃO 12
modernismo
Assinale o comentário INCORRETO sobre “Pralapracá”, de Cassiano Ricardo.
Reconstrói, poeLcamente, episódios da colonização.
Existe referência ao ciclo do Pau-Brasil e à vinda de degredados para o Brasil
Ao apresentar aspectos posiLvos da raça indígena [cheios de sol e de inocência], verifica-se que
o locutor do poema posiciona-se criLcamente ante o indianismo românLco.
Apesar de tratar da colonização, não faz referência alguma à vinda de negros para o Brasil.

39. QUESTÃO 12
solução comentada
Assinale-se a alternaLva “c”, pois o locutor, ao celebrar a inocência dos índios está, na verdade,
adotando uma postura idealizada análoga à dos locutores que emergem nas obras do
RomanLsmo.

40. QUESTÃO 13
modernismo
Os poemas “História pátria”, de Oswald de Andrade, e “Pralapracá”, de Cassiano Ricardo,
apresentam todos estes aspectos em comum, EXCETO:
primiLvismo críLco
revisão da História do Brasil
referência ao elemento indígena
naLvismo

41. QUESTÃO 13
solução comentada
A mesma aLtude de passar em revista a história da pátria está na base dos dois poemas. A
diferença é que em “História pátria” tal revisão se dá de forma críLca e em “Pralapracá” se nota
uma elogio à colonização. Marque-se, pois, a alternaLva “”a.