3. • Mito é uma palavra de origem grega (mythos)
que significa “narrativa acerca do mundo”
• O mito é geralmente tido como discurso fabuloso
e pouco “racional” (pense nos mitos da criação)
• No entanto, o mito era o discurso que guiava a
vida dos antigos gregos e tentava explicar o
“mundo” (religião)
• Logos é a palavra que designa o “discurso
racional”, que é o discurso dos filósofos e
cientistas
• O mito e o logos não se excluem, isto é, é
amplamente possível encontrar fragmentos
míticos em discursos racionais, bem como é
possível encontrar racionalidade em mitos
4. A Grécia e a Filosofia
• O estabelecimento da cultura helênica e a vida
democrática na pólis (cidade-estado)
proporcionaram o ambiente para a filosofia
surgir
• Surge a filosofia pré-socrática ou filosofia da
physis (natureza e realidade)
• Insatisfeitos com a explicação mítica, os filósofos
pré-socráticos investigam a arché/arque/arkhe
(origem e sustentação da physis)
5. A filosofia na Jônia
• A cidade de Mileto na região da Jônia, foi a terra
dos “primeiros filósofos”
• São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes
(700 – 600 a.C)
• Tales e a água: aquele que para alguns é o
primeiro dos filósofos, afirmou que a origem da
natureza era a água.
6. • Anaximandro e o ilimitado: o discípulo de Tales
afirmou que o princípio não era a água, mas sim
o ápeiron (ilimitado)
• Anaxímenes e o ar: o último da tradição jônica
afirmou que seus antecessores estavam
equivocados, e que o princípio da physis é o ar.
7. Pitagóricos e atomistas
• Pitágoras e o número: Pitágoras (570 – 500 a.C)
foi o fundador da escola pitagórica, que era,
elém de uma escola filosófica, uma ordem
mística. A concepção central da escola consistia
na ideia de que a origem do universo é o
número. Crer que é possível matematizar a
realidade influenciará bastante Platão. Foi
Pitágoras o criador do termo “filosofia” (amor a
sabedoria)
8. • Demócrito e o átomo: O filósofo Demócrito de
Abdera (460-371 a.C), inspirado por Leucipo (V
a.C), afirmou que o mundo é originado e
composto por átomos (o que não pode ser
cortado) e espaço vazio e, assim, elaboraram a
primeira teoria mecanicista acerca do universo.
9. Mobilismo x imobilismo
• A realidade é mutável ou não? O movimento existe?
• O final da filosofia pré-socrática se dá com a
tentativa de responder a questões acima, assim,
duas perspectivas se consolidam: mobilismo e
imobilismo.
• Heráclito e o fluxo: Heráclito de Éfeso (535-475 a.C)
defendia o mobilismo, pois, para ele o movimenta, a
mudança e a transformação eram evidentes na
realidade, afirmando que um mesmo “homem não
se banha duas vezes no mesmo rio”. Assim, o ser é
alterado constantemente
10. • Parmênides e o ser: Para Parmênides de Elea (515-
445 a.C), que defendia o imobilismo, “tudo é uno”,
portanto, o movimento é uma ilusão. Para
compreender isso basta fazer uso da razão e
apreciar a fixidez das coisas. Assim “o ser é, e o não
ser não é”.
• Com a discussão mobilismo x imobilismo surgem
sistematicamente duas atividades filosóficas:
• Ontologia: estudo e discussão acerca do ser
• Metafísica: estudo acerca do que transcende o físico
e/ou o fudamento das coisas e da ciência
11. A democracia e os sofistas
• A democracia grega (demo-kratos) significava, em
teoria, o poder nas mãos do povo, entretanto,
apenas homens com mais de 20 anos participavam
ativamente da vida na pólis
• Como o índice populacional era pequeno, o discurso
e o diálogo eram as práticas que sustentavam a
democracia possibilitanto o compartilhamento do
poder e a participação de todos os cidadãos na
criação das leis.
• Assim, para se destacar na vida política ter um bom
discurso, mesmo que esse seja falso (retórica e
oratória), é fundamental.
12. • Os sofistas eram aqueles que dominavam e
ensinavam a oratória (arte do bem falar) e a
retórica (arte da persuasão) por dinheiro, isto é,
eram, de algum modo, professores;
• Sofistas como Protágoras (490-420 a.C), que
defendia um relativismo, e Górgias (485-380
a.C) que antecipou um “ceticismo” ganharam
muita notoridade e críticas nesse período;
• Sócrates afirmava que os sofistas não tinham
nenhum compromisso com a verdade e que a
democracia proporciona certa demagogia, isto é,
a mentira que beneficia aquele que mente.
13. Sócrates
• Sócrates (469-399 a.C) é um dos mais importantes
filósofos e pensadores da história da humanidade.
• Nasceu em Atenas no auge da democracia grega e foi
muito influenciado pelo ideal parmenídico.
• Sócrates nunca escreveu nada, assim, tudo o que se
sabe de sua filosofia está nos diágolos de Platão,
Xenofonte e Aristófanes.
• Veremos dois aspectos da filosofia socrática: a
metodologia filosófica denominada maiêutica e as
teorias metafísicas ques estão ligadas diretamente
com o discípulo Platão.
14. A ironia, a dialética e a maiêutica
• Muitos atenienses se diziam sábios, entretanto, Sócrates com
muita ironia e sarcasmo expõe a completa ignorância dos
falsos sábios
• Aqui nasce a dialética socrática. Dialética era na antiguidade a
arte do diálogo de um modo geral, mas, a partir do
pensamento socrático-platônico, dialética passou a ser o
diálogo conduzido pelo questionamento, ou seja, a maiêutica.
• Maiêutica é, literalmente, ajudar no parto, isto é, ser parteiro;
• Isso significa que para Sócrates, os participantes de um
diálogo, se estiverem compromissados, chegam a uma
verdade compartilhada por todos com muita naturalidade
• Dúvida simples dúvida complexa reflexão nova ideia
15. Apologia de Sócrates
• O mais conhecido discípulo de Sócrates foi o
ateniense Platão (Arístocles) (427-347 a.C), o
mesmo descreveu a acusação, a defesa e a
condenação
• Sócrates poderia se exilar ou beber cicuta
(veneno); se exilar seria humilhante e significaria
aceitar as acusações, assim, a morte e a não
compactuação com a injustiça, se tornou uma
atitude irônica de indiferença para com os
atenienses.
16. Platão
• Platão é um dos mais importantes pensadores
do ocidente, influenciando todos os filósofos
posteriores a ele;
• Platão escreve acerca de política, estética, teoria
do conhecimento etc;
• Todas as concepções platônicas estão fundadas
em sua teoria acerca do conhecimento
• É a partir de tal teoria que, sistematicamente, se
separa no ocidente, conhecimento científico
(episteme) e senso comum (doxa).
17. Resolvendo problemas
• Platão tentou resolver o embate mobilismo x
imobilismo, pois precisava dar uma resposta ao seus
grandes inimigos relativistas, os sofistas.
• Influenciado pela maiêutica socrática, Platão
soluciona o problema apresentando ao demonstrar
que o conhecimento se dá por níveis.
• Primeiro é preciso conceber que exitem dois mundos:
o mundo das formas (ideias), que é perfeito imutável,
e o mundo sensível constituído pelos objetos que são
apreendidos por nossos sentidos. Denominamos tal
concepção de Teoria das Ideias.
• Veja a imagem a seguir.
19. Passagem da linha
• O filósofo é aquele que consegue elevar sua alma ao mundo
intelígivel, completando, assim, o processo de
reminiscência (rememoração) da alma, ou seja, a alma já
traz consigo o conhecimento, é preciso fazê-la lembrar;
• Tal processo se dá em graus, indo da opnião ao
conhecimento dialético: a opnião (doxa) está relacionada
ao que apreendemos do mundo sensível, assim, essa
apreenssão é primeiramente ilusória podendo se tornar
uma crença mais complexa acerca dos objetos; o
conhecimento (episteme) ao mundo das ideias que passa
pelo conhecimento da matemática e vai ao conhecimento
dialético das formas, principalmente das ideias do Bem e
do Belo. Chamamos essa passagem de passagem da linha.
• Veja a imagem a seguir.
21. Alegoria da Caverna
• A alegoria da caverna resume as duas concepções
descritas anteriormente;
• Trata de uma história criada por Platão para
explicar o processo e o percurso que o filósofo deve
enfrentar. Assim, a filosofia permite ao homem sair
da escura caverna que só proporciona o
conhecimento limitado (doxa) das sombras (mundo
sensível), encontrando no exterior da caverna a
verdadeira realidade das coisas (mundo das formas)
e o efetivo conhecimento (episteme).
22. • Em sua obra magna, A república, Platão expõe sua filosofia
madura e as consequências de sua teoria do conhecimento
para a política;
• É importante saber como Platão concebe a alma, pois, para
ele cada homem tende a desenvolver melhor uma das
dimensões de sua alma, e consequentemente, desempenhar
melhor um papel na sociedade;
• Platão afirma, que o homem é constituído de corpo e alma,
assim, o exercício reflexivo tende a elevar a alma até o
conhecimento (episteme), deixando de lado as opniões (doxa)
sugeridas pelo discurso retórico;
• A alma é dividida em três dimensões: racional, irascível e
concupiscível.
• Virtuoso é aquele que conhece sua própria alma e suas
aptidões/virtudes, colaborando para uma cidade justa, já que
“justiça” para Platão é dar a cada um sua parte perante a
cidade de acordo com cada alma.
• Veja a imagem a seguir
A República de Platão
23.
24. Aristóteles: ética e política
• Aristóteles concebe que todas as pessoas
possuem uma teleologia em comum, desse
modo, tal finalidade é a eudaimonia (bem ou
felicidade plena);
• Mas como agir bem em busca da felicidade? É
necessário ter virtude, isto é, ter o hábito de agir
com ética (ter sabedoria prática nas relações);
• O hábito de agir eticamente que gera a virtude se
dá na aplicação da justa medida/meio-termo.
25. A justa medida é o que está entre a ação excessiva e a
carência de ação, ou seja, é o agir equilibrado.
26. • Os efeitos políticos na cidade são as
consequências da soma das atidudes dos
cidadão, assim, é necessário um corpo social
virtuoso;
• Para o filósofo, o homem é um zoon logon
politikón (animal racional político), isto é, a
natureza humana é racional e o leva a viver de
modo político-social;
• Assim, todo a cidade é entendida como
comunidade que avança em torno de um bem
comum;
• As cidades se formam de modo gradual: família
– povoado - cidade
• Política portanto é: tudo aquilo que diz respeito
aos cidadãos e ao governo da cidade, aos
negócios públicos.
28. A metafísica aristotélica: o ser e a
substância
• O termo “metafísica” é cunhado a partir da filosofia
aristotélica, entretanto, como já visto, a atividade já
era realiazada antes do filósofo.
• Metafísica é a área que estuda as essências, os
fundamentos e as causas.
• O filósofo está na tentativa de compreender a
realidade acatando também o problema mobilismo x
imobilismo.
• Para isso, Aristóteles postula a ideia de substância
enquanto a unidade na multiplicidade.
29. • Assim, na tentativa de compreender o que há de
dinâmico e contínuo na realidade, o filósofo faz
separações:
• Matéria x Forma: matéria é o que constitui e
individualiza o ser (por tipo ou quantidade); a
forma diz respeito à organização da matéria.
• Na tentativa de superar Platão, Aristóteles afirma
que seu mestre erra ao defender que matéria e
forma são substâncias distintas, pois, são aspectos
constitutivos do mesmo ser, ou seja, da mesma
substância.
• Ato e potência: os seres possuem modos, isto é,
modo de ser em ato (já realizado), e modo de ser em
potência (pode se realizar). Uma semente é em
potência uma árvore, entretanto, só quando for
árvore será árvore em ato.
30. • Essência e acidente: essência é a característica
mais fundamental de uma substância/ser,
característica essa que se for modificada faz da
do ser um outro ser; por sua vez, o acidente é um
conjunto de características que funciona como
suporte variável (qualidades particulares). O
homem é um animal racional. Matheus é um
homem alto.
31. As causas de Aristóteles
• Toda substância possui causas, quatro causas
para ser mais preciso:
• Causa material: a matéria que constitui a
substância (do que?)
• Causa formal: como a matéria da substância foi
organizada (como?)
• Causa eficiente: aquillo que possibilitou a
substância (quem?)
• Causa final: a finalidade/razão da substância
(por quê?)
32. Filosofia Medieval: a era do
cristianismo
• No segundo século depois Cristo, o imperador de Roma,
Constantino (272-337), tornou a fé de origem judaica a
religião do império;
• O cristianismo de expandiu geográfica e culturalmente;
• Se fez necessário que os dogmas e as teses teológicas da
Igreja encontrassem fundamento seguro, pois, era
preciso responder os questionamentos e as dúvidas que
impediam a fé;
• A Filosofia receberá o papel de fundamentar a teologia
cristã levando em consideração a filosofia greco-romana,
assim, podemos afirmar que a filosofia medieval é o
sincretismo um sincretismo entre a cultura judaico-
cristã e a cultura greco-romana.
33. Os dois momentos da Filosofia
Medieval
• A Filosofia no Medievo se divide em dois grandes momentos: a
patrística (séc. II – séc. VIII) e a escolástica (séc. IX – séc. XIV).
• “Patrística” é uma palavra que tem origem no termo “padre”,
que, por sua vez, carrega o sentido de “paternidade”, isto é, de
“pais da fé”/fundadores. Caracteriza-se pela indistinção entre fé
e filosofia, pois, para os filósofos medievais, a filosofia cristã era
a verdade íntegra que os gregos alcançaram parcialmente; a
filosofia de Platã é a mais influente.
• A patrística se dá em três momentos: 1º- apologistas até século
III- defesa do cristianismo contra os opositores pagão e
agnósticos (Justino Mártir 100 – 165); 2º - sistemáticos até
metade do século IV - formulação doutrinal das crenças cristãs e
criação de grandes sistemas de filosofia cristã (Agostinho de
Hipona 354-430); 3ºreformuladores até o século VIII –
organização de sistemas já formulados e interpretações
diferentes (Boécio 480-525).
34. • “Escolástica” tem origem no latim, carregando o
sentido de escola/instrução;
• O pensamento escolástico se caracteriza por
defender a relação harmoniosa entre a extrema
racionalidade lógica de Aristóteles e a fé cristã;
• A escolástica se vê possibilitada pela tradução e
interpretação da filosofia aristotélica feita por
filósofos árabes como Avicena (980-1037) e Averróis
(1126-1198). Assim, Anselmo da Cantuária (1033-
1109) e Tomas de Aquino (1225-1274) perceberam a
iportância da filosofia de Aristóteles. Nicolau de
Cusa (1401-1464) e Erasmo de Roterdã (1466-1536).
35. Agostinho de Hipona
• Os grandes problemas enfrentados por Agostinho eram: o livre-
abítrio e mal.
• Se Deus tudo criou e tudo ordena, é ele também o criador do Mal e o
responsável pelas atitudes más?
Os humanos
são seres
racionais
Para que
sejam
racionais os
humanos
devem ter
livre-arbítrio
Por isso são
capazes de
escolher o
bem e o mal
O mal não é
algo é a falta de
algo, isto é, a
falta de bem
Deus não é a
origem do
Mal
36. Tomas de Aquino
• Tomas de Aquino defendeu que a verdade pode ser
conquistado de modo natural, isto é, pelos sentidos e
pela razão, entretanto, existem verdades para alé da
compreensão, e estas são verdades reveladas.
Aristóteles afirma
que o universo
sempre existiu
O mundo teve um começo,
mas Deus pode tê-lo criado
de forma a ter existiido
eternamente
A Bíblia diz que
o universo nem
sempre existiu
37. • Foi um período/movimento de renascimento
cultural e filosófico;
• O homem passa a ter centralidade na arte plástica,
na literatura, na filosofia e em tantas outras
dimensões;
• A Igreja não perdeu o poder, mas seu lugar na
política e na produção de conhecimento passa a ser
questionado;
• A física muda completamente a compreensão de
mundo das pessoas com o heliocentrismo proposto
por Copérnico e Galileu.
O que foi o renascimento?
38. • Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença
tendo recebido boa educação e se tornado um
político relevante;
• A obra mais conhecida de Maquiavel é O príncipe.
Tal obra é bastante influente, até hoje, por expor o
lado sórdido e necessário do exercício político; o
livro foi escrito para agradar a família Médici que
tomou o poder de Florença;
• O Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio é
uma obra republicana de Maquiavel.
• Maquiavel defende que política e moral devem estar,
para o governante, em separado, pois, ao governante
bastará lutar sempre pela manutenção de seu poder
independentemente dos métodos.
Maquieavel: o príncipe eficaz
39. • Para Maquiavel, o sucesso de um Estado ou nação é
o fim supremo, assim, quem governa deve assegurar
sua própria glória e o sucesso do Estado. Entretanto,
a fim de ter glória e garantir o desenvolvimento da
nação, o governante não pode estar limitado pela
ética/moralidade;
• O governante pode utilizar o meio que for mais
apropriado para assegurar seu poder e o Estado,
mesmo que seja ele “bom” ou “ruim”, pois a
finalidade, que é sempre maior, justifica a
metodologia.
A virtú e a fortuna
40. • Ao governante, diz Maquiavel, é necessário
possuir virtú diante da fortuna. Virtú é o
conjunto das habilidades de ser reconhecer os
momentos, ser rápido, esperto e audaz diante da
fortuna, ou seja, diante do acaso que é a
imprevisível vida humana. Bom governante é
aquele que sabe manter seu poder em momentos
difíceis e momentos tranquilos.
• Por fim, a filosofia maquiavélica nos leva a
concluir que, se não houver a possibilidade de
ser temido e amado ao mesmo tempo, o
governante deve escolher ser temido, pois a
natureza humana é sórdida, ingrata e
materialista
41. • Os modernos, principalmente os contratualistas,
estiveram tentanto compreender a natureza humana
para justificar a origem e a necessidade da sociedade
civil e, consequentemente, do Estado;
Ao contrário da concepção grega antiga, os modernos
concebem muito bem o homem enquanto um ser que,
em seu estado de natureza, esteve completamente
isolado;
Para o britânico Thomas Hobbes (1588-1679), a origem
dos corpos sociais não é a boa vontade de um para com
outro, mas sim, o medo e a insegurança, já que o estado
de natureza do homem é mal, caótico e violento. Desse
modo, para obter segurança, o homem se associa;
O Estado surgiu enquanto mal necessário para
preservação da vida e da propriedade, portanto,
entregamos nossa liberdade natural ao soberano e
permanecemos seguros. A melhor representação so
Estado é o Leviatã.
Hobbes
42. • Assim como Hobbes, John Locke (1632-1704) partiu da
concepção de que o Estado é posterior ao homem e, por
isso, se fazia necessário justificar sua presença;
• Para Locke o estado de natureza humana se dava em paz,
entretanto, o autor defende que a propriedade privada já
era anterior ao Estado. Aquele que transforma a terra em
seu trabalho pode possuí-la;
• No estado de natureza cada um é seu juíz e determina, a
partir de sua particularidade, o que é seu; isso gera
inconveniência e conflito. Assim, as pessoas em comum
acordo estabelecem um contrato social capaz de garantir
o direito a propriedade com imparcialidade;
Locke e a propriedade privada
43. • Ao contrário dos contratualistas, o francês Charles-Louis
de Secondat, ou Barão de Montesquieu (1689-1755), não
está preocupado tanto com o estado de natureza e a
formulação de um contrato social. Montesquieu se
dedicou em definir quais são os regimes governamentais
possíveis e suas respectivas leis.
• Montesquieu afirmou que um Estado pode ser:
monáquico (uma só pessoa governa com base em leis
fixas), republicano (a população toda ou em parte
governa) e despótico (uma pessoa governa com base em
seus desejos); a república pode ser democrática ou
aristocrática.
• A república deve, necessariamente, dividir seu poder em
ao menos três: executivo, legislativo e judiciário.
Montesquieu e as leis
44. • O francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), discordou
de Locke no que diz respeito a propriedade privada. Para
Rousseau, o estado de natureza foi um estado de total
liberdade, bondade e desprendimento. O humano vivia
isolado até que, ao se corromper na união com outros
humanos, percebeu que poderia cercar um pedaço de
terra e afirmar que o mesmo era seu.
• A propriedade privada é a masela de toda sociedade, pois
essa só gera desigualdade social.
• A fim de estabelecer um contrato justo, o homem entrega
sua liberdade natural e recebe a liberdade civil que
carrega em si a necessidade de se prezar pela vontade da
sociedade em geral.
Rousseau e a liberdade civil
45. • Estamos investigando o período Moderno, que vai do
séc. XVI ao séc. XIX;
• O que é importante para a filosofia no período
moderno?
• A Filosofia tenta, aqui, se desvincular do “ideal
cristão”
• Uma das discussões que se fez com muito ânimo
naquele período, foi a discussão acerca do
conhecimento, isto é, teoria do conhecimento
• O que podemos conhecer?
• Como podemos conhecer?
A teoria do conhecimento na modernidade
46. • Na modernidade nos deparamos com duas possibilidades filosóficas
diante dos problemas acerca do conhecimento: racionalismo e
empirismo
• Racionalismo: consiste na ideia de que é possível conhecer por meio
da razão sem que se recorra às experiências empíricas, além disso,
os racionalistas afirmam que existem conhecimentos inatos – René
Descartes (1596-1650) é o mais importante racionalista, assim,
segue uma metodologia argumentativa, chamada dúvida hiperbólica,
que consiste na aplicação de uma dúvida cética radical que objetiva
encontrar certezas indubitáveis (eu, Deus).
• Empirismo: a ideia de que só podemos conhecer por meio de
experiências sensoriais (cinco sentidos), assim, conhecimentos
inatos não são possíveis. Dessa forma, John Locke (1632-1704)
afirma que nascemos como tábulas rasas (folha em branco)
preenchidas na medida em que se experiencia o mundo; David
Hume (1711-1776) desenvolverá a ideia de que as ideias são meras
cópias de experiências empíricas, além disso, colocará um problema
para indução
Racionalismo x Empirismo
47. • É preciso lembrar que esses debates ocorreram em
um tempo de racionalização, denominado “idade das
luzes” ou “Iluminismo”
• Kant (1724 – 1804) muito influenciado pelo
iluminismo, entra no debate acerca do conhecimento
• Kant foi um pensador de cultura e língua alemã,
tendo uma vida bastante curiosa
• Escreveu sua principal obra em onze anos: Crítica da
Razão Pura
Kant
48. • Kant possui uma perspectiva diferente dos
racionalistas e dos empiristas, pois ele aprendeu com
os erros e acertos de ambos
• Para ele, sua teoria é revolucionária, é revolução
copernicana.
A revolução copernicana
49. • Kant define diferentemente alguns conceitos
(palavras usadas filosoficamente)
• Juízos analíticos: afirmações que independem da
experiência e que dizem respeito as regras do
pensamento (O triângulo possui três lados)
• Juízos sintéticos: afirmações que dependem da
experiência sensorial e dizem respeito ao mundo
factual (Todos os pássaros são constituídos com bico)
• Os juízos analíticos são a priori, já os sintéticos são a
posteriori
• Para Kant existe um terceiro tipo de juízo: o juízo
sintético a priori
• Esse tipo de juízo é o que possibilita nossa
experiência sensorial, ou seja, os juízos sintéticos
50. • A partir da noção de “juízos sintéticos a priori”, Kant
passa a considerar que todo o conhecimento é
fenomênico, isto é, o humano não possui contato com
o mundo em si (coisa em si), mas sim, com o que é
apreendido fenomenicamente do mundo. Assim, não
é possível conhecer como as coisas de fato são, mas
somente como elas são para nós.
Os fenômenos
51. Kant: a moral e o dever
• O filósofo alemão Immanuel Kant, é um dos
principais pensadores da modernidade e do
iluminismo, ou do esclarecimento, como o
mesmo preferia chamar o movimento que
abalou a vida moderna.
• Tal movimento, é caracterizado pelos objetivos
da burguesia europeia em louvar a razão como
guia, contrapondo o obscurantismo e as trevas
da ignorância. (séc. XVIII)
52. • Kant no texto Resposta à pergunta: o que é
esclarecimento?, define esclarecimento como a
saída do homem de sua menoridade,
caminhando para maioridade;
• Menoridade: a incapacidade de se guiar e
escolher suas ações sem uma tutela;
• Maioridade: a capacidade de escolher suas
ações com autonomia ( dar lei a si mesmo)
• Aquele que insiste em não encontrar o
esclarecimento e, consequentemente,
permanecer na menoridade sem se
responsabilizar por seus próprios atos é
preguiçoso e acomodado.
53. Fundamentação da Metafísica dos
Costumes
• Em Fundamentação da metafísica dos
costumes, Kant pretendeu encontrar uma
filosofia moral com espírito científico, isto é,
uma teoria capaz de ser universal (válida para
qualquer pessoa);
• Tal postura o diferencia bastante de Aristóteles,
o pai da Ética, pois, para o filósofo grego, a ética
é uma questão de hábito e circunstância, que
sempre nos levará até a eudaimonia;
• Para Kant, o agir moral independe das
consequência, e não é circunstancial.
54. Por dever x conforme o dever
• A universalidade da moral kantiana se expressa na
realização do dever, isto é, a atitude que é racional e
universal;
• Um indivíduo pode agir conforme o dever ou por
dever;
• Conforme o dever: quando a ação visa as
consequências da própria ação ou satisfação pessoal
(não vou matar, pois se eu matar, serei preso);
• Por dever: quando a ação se da por ela mesma e não
por visar fins ou satisfação pessoal (não vou matar,
pois esse é um princípio universal).
55. Os imperativos
• Kant entende, por imperativo, ordem da razão, ou
seja, as ações dos indivíduos são determinadas por
imperativos;
• Existem dois tipos de imperativo, o hipotético e o
categórico;
• Hipotético: também conhecido como “pragmático”,
diz respeito aos imperativos que se tornam ordens
por conta da hipótese de atingir um objetivo prático
(estou com sede, vou beber água);
• Categórico: também conhecido como moral, diz
respeito àquelas ações em que o fundamento é o
dever e, por isso, possuem um fim em si mesmo.
56. Considerações
• O imperativos categóricos são os que efetivamente
importam; eles podem ser resumidos em duas
afirmações kantianas: “age só segundo a máxima tal que
possas ao mesmo tempo querer que ela se torne
universal” e, dessa maneira, “age de tal maneira que
passas a usar a humanidade, tanto em tua pessoa como
na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente
como um fim e nunca como um meio”;
• Kant nunca afirmou que alguém um dia agiria por dever,
mas sim, que por meio da razão tal coisa seria possível;
• Além disso, afirmou que a ação moral por dever, não traz
necessariamente felicidade.
57. Hegel : realidade, espírito e dialética
• Georg Hegel (1770-1831) foi um importante
filósofo alemão e dono de um dos maiores
sistemas filosóficos
• Os conceitos hegelianos que vamos compreender
são: espírito e dialética.
• Espírito (Geist) pode ser entendido como mente
e/ou ideia; para Hegel, a realidade, ou seja, tudo
o que há, desde um pensamento até uma
instituição, são aspectos (fenômenos) de uma
mesma coisa, e essa coisa é o Espírito.
58. • O filósofo está disposto a afirmar que tudo o que
há no mundo é uma só estrutura, e que essa
estrutura é espiritual, ou melhor, ideal.
• Assim, Hegel passa a ser considerado um
monista idealista, pois tudo é uma única
susbstância/sujeito ideal.
• Para Hegel o Espírito é uma estrutura orgânica
e, portanto, não pode ser entendida apenas
como mera substância, mas sim como sujeito.
• O Espírito é sujeito, pois está em eterno
movimento, isto é, a realidade se apresenta em
vários momentos sucessivos;
59. • O movimento do Espírito é denominado, por
Hegel, de dialética.
• Dialética significa, então, movimento e
transformação; o movimento dialético possui
uma lógica : nós obtemos um estado de
coisas (tese), e este estado possui em si uma
contradição (antítese), assim, para resolver a
contradição o antigo estado de coisas é superado
(síntese)
• Nós, enquanto partes do Espírito, denominamos
esse movimento de história.
60. Marxismo
• Karl Marx (1818-1883) foi um importante
filósofo alemão.
• Incomodado com a condição operária da
Europa, Marx procurou compreender o
capitalismo que resultava das revoluções
industriais.
• Marx, portanto, muito influenciado por Hegel,
faz uma filosofia acerca do curso da história da
humanidade.
61. Conceitos importantes
• Materialismo histórico: a tentativa de
compreender a história dos seres humanos a
partir da condições materiais nas quais os
mesmos vivem.
• Infraestrutura: as bases materiais e econômicas
de uma sociedade
• Superestrutura: instituições jurídicas, políticas e
ideológicas. A infraestrutura influencia
fortemente a superestrutura.
62. • Dialética: é o movimento/transformação da
história. Assim como em Hegel, o movimento
segue o padrão: tese, antítese e síntese.
Entretanto, ao contrário da filosofia hegeliana, o
movimento da história é dado pelos humanos e
não por um espírito.
• Para Marx, toda história da humanidade é, na
verdade, a história da luta de classes, isto é, o
conflito material-humano dá movimenta a
história.
63. Nietzsche
• Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um importante
filósofo e filólogo alemão;
• Subverteu completamente o estilo de escrita
apropriado e toda a tradição filosófica;
• O filósofo alemão tinha três ataques filosóficos a
realizar: a ideia de homem e natureza humana, a
ideia de Deus e a ideia que temos acerca da moral.
64. O Niilismo
• Niilismo é uma palavra de origem no latim nihil, que
siginifica nada; em Nietzsche o conceito ganha o sentido
de “crítica radical ao cristianismo, a moral e ao conceito
de verdade da filosofia”;
• Existem ao menos dois tipos de niilismo: niilismo
passivo/negativo e niilismo ativo
• O niilismo passivo se refere à uma oposição aos valores
tradicionais do ocidente e à tradição filosófica,
entendendo o fracasso da cultura ocidental. Entretanto,
a passividade não permite a superação da decadência.
• O niilismo ativo se opõe às mesmas coisas que o passivo,
mas encontra na vontade de potência, isto é, na vontade
de superação, a possibilidade de superar os valores
arcaicos.
65. Deus está morto?!
• Na obra Assim falou Zaratustra, o filósofo
considera a ideia de que “Deus” morreu;
• “Deus” aqui não é apenas a entidade adorada
pela religião, mas sim, todos os valores
carregados pela tradição;
• Quem matou Deus? Não foi Nietzsche sozinho, e
sim, todos os homens;
• Assim basta ao homem se superar para “além do
bem e do mal” e se tornar übermensch (super-
homem).
66. • O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) foi
um dos mais importantes intelectuais do século XX,
desenvolvimento teorias que influenciam a ciências
humanas até hoje.
• Foucault foi professor acadêmico e ativista; sua
própria vida era um ato de resistêcia, pois foi um
homem declaradamente gay.
• Discutiu muitos temas e problemas: política,
estética, ética, ciência e tantas outras coisas.
• As discussões que veremos: o poder, a verdade e as
instituições de sequestro.
Foucault: a vida e a obra do autor
67. • Foucault afirmou que o “homem é uma invenção
recente”, isto é, a ideia de homem ou natureza
humana presente, é resultado da necessidade que a
modernidade tinha de fundamentar as instituições
que modificam os corpos e as mentes.
• Para Foucault a “verdade” e o conhecimento da
suposta verdade, possui uma estreita relação com o
poder. Isso se expressa nas instituições inauguradas
na modernidade: hospitais, manicômios e escolas.
Compreendendo o autor
68. • Aquelas instituições criadas na modernidade já
citadas, são chamadas pelo filósofo de “instituições
de sequestro”, pois, retiram de modo compulsório os
indivíduos de espaços sociais mais amplos por um
longo tempo, a fim de disciplinar seus
comportamente e pensamentos. Isso gera a
docilização do corpo para que não surja o caos.
• A docilização gera produção, pois há sempre a
sensação de estar sendo vigiado, assim como em um
Pan-óptico .
A docilização do corpo e as instituições
de sequestro
70. Links para estudo complementar:
• Hannah Arendt: https://aa2fbad7-c13d-4f62-
a76eb02a31a51368.filesusr.com/ugd/8c4916_bc2
28438009b4ad8b6ff887ad604ee5f.pdf
• Simone de Beauvoir: https://aa2fbad7-c13d-4f62-
a76e-
b02a31a51368.filesusr.com/ugd/8c4916_fd83da9
6b94b4b95835c3afdb4180768.pdf
• Peter Singer:
https://issuu.com/editorauniritter/docs/petersin
ger
71. • Coleção Primeiros Passos – essa coleção possui
muitos temas interessantes para um estudo geral
da filosofia e das ciências humanas:
https://www.netmundi.org/home/2017/40-
livros-da-colecao-primeiros-passos-para-baixar/
• Iniciação à história da filosofia:
https://www.academia.edu/33030834/Inicia%
C3%A7%C3%A3o_%C3%A0_Hist%C3%B3ria_d
a_Filosofia_-Danilo_Marcondes.pdf