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Mentalidade e talento
Treinar o cérebro do guarda-redes
Pedro Ferrer
Hoje em dia, devido ao nível competitivo do futebol atual, todas as ações técnico-táticas realizadas pelo guarda-redes exigem:
 Capacidade mental para saber mudar de intensidade mínima para máxima e vice-versa sem perder a concentração por um segundo e poder dar
continuidade ao jogo;
 Tomadas de decisão constantes, individual ou coletiva;
 Ser capaz de se recuperar dos esforços feitos minuto a minuto quando a situação o exige; demonstrar continuamente coragem para enfrentar o adversário
com garantias e da mesma forma em todas as fases do jogo;
 Uma excelente distribuição de jogo que o permita executar taticamente passes para os companheiros em linhas mais ofensivas, com as mãos ou pés, da
esquerda para a direita ou vice-versa;
 E o mais importante, um excelente controlo corporal para mover-se e posicionar-se com inteligência em todas as direções e situações de jogo;
Estas características traçam o perfil do guarda-redes atual, chaves de um futebol que é cada vez mais definido em detalhes coletivos de origem em talentos
individuais. Estas características podem-nos indicar que tipo de direção podemos dar no treino específico, fornecendo-lhes mais conhecimento sobre o jogo. O
treinador de guarda-redes deve ter habilidades específicas de forma a manter os seus guarda-redes no nível em que o futebol evolui.
A questão-chave no desenvolvimento do talento é: Quais as habilidades é que os treinadores devem aplicar para desenvolver esse talento? O profissional que
treina "talento" tem talento?
Para gerir adequadamente o talento, o compromisso dos treinadores e daqueles em torno do guarda-redes, especialmente do técnico de guarda-redes, é a chave
para propiciar tal compromisso. Para isso, este profissional deve-se adaptar à realidade do futebol de hoje, uma vez que os mecanismos de gestão de talentos
que triunfaram antes não podem ser aplicados no momento. É necessário dar uma reviravolta aos esquemas mentais do compromisso e analisar, além das
qualidades físicas, as razões que levam um jogador de futebol a escolher hoje, essa posição. Quais são os aspetos chave mais importantes para o guarda-redes
alcançar o sucesso profissional? Talento, inteligência tática, inteligência psicológica ou todos estes aspetos? O treinador de guarda-redes deve desenvolver essas
habilidades para garantir e manter talentos?
Seguindo a estrutura do conteúdo abaixo, responderei a essas perguntas para contextualizar as habilidades do especialista em treino de guarda-redes.
1. O talento de hoje num futebol de detalhes.
2. A mentalidade tática e o talento. O momento do cérebro.
3. Um talento para cada emoção.
4. O talento no coletivo.
5. A missão do treinador de guarda-redes.
6. Conclusões.
1. O talento de hoje num futebol de detalhes.
Embora o futebol esteja atualmente em evolução, o objetivo continua sendo manter os melhores profissionais que garantam o desenvolvimento do talento do
jogador de futebol, jogador de campo ou guarda-redes. Mas quando falamos de talento, a que estamos nos referindo exatamente?
O talento tem muito de inato, uma parte que se desenvolve em tenra idade, período crítico em que a figura do treinador entra em jogo, por ser um dos
responsáveis em identificar, selecionar e desenvolver esse talento. Mas, quanto é genético e até onde se pode treinar? Independentemente da resposta, o
importante é que se você tem e não trabalha não se vai cristalizar só com competição, e o mesmo na direção oposta, não importa o quanto o jogador se esforce
para ser guarda-redes se ele não tem o talento que essa posição exige e dificilmente irá atingir esse objetivo.
Para entender o conceito, podemos ter em conta a seguinte definição de
Hanh, na qual ele define como “uma aptidão acentuada numa direção,
superando a medida normal, que ainda não está totalmente
desenvolvida” e “a disposição acima do normal, de poder e querer
realizar alto desempenho no desporto”. (Hahn, 1998).
De acordo com a definição anterior, não é suficiente um guarda-redes
ter um grupo de diferentes capacidades e habilidades. O que sabemos
da análise realizada até agora neste campo pelos neurocientistas é que,
além disso, o guarda-redes deve estar sempre disposto a se esforçar em
todos os aspetos da sua vida pessoal e desportiva, com uma forte
personalidade, inteligência emocional além de preparação técnica. Esta
ideia é a que, atualmente, os especialistas destacam como um aspeto
fundamental e que serve para diferenciar os guarda-redes que atingem
o alto nível e os que não atingem.
Mas aprofundando ainda mais, podemos separar aspetos do talento dentro dessa mesma definição:
 O talento motriz: Supõe uma grande capacidade de aprendizagem motora que leva a um domínio do movimento, mais seguro e rápido, bem como a um
maior repertório de habilidades motoras aplicáveis de maneira mais diferenciada.
 O talento desportivo: Disposição acima da média para passar por um programa de treino desportivo para alcançar o sucesso desportivo.
 Talento específico para o futebol: Envolve os requisitos físicos e psíquicos para alcançar performances extraordinárias (Hahn, 1988, p.99).
Das definições anteriores tiramos uma conclusão importante: o talento é mais do que conhecimento técnico, é também comportamento, adaptabilidade e
liderança pessoal. Portanto, além de ter esse "algo mais e diferente" é muito importante que uma vez identificadas as chaves para desenvolver e acompanhar o
rendimento, se selecione os profissionais com o talento necessário para explorá-los com sucesso. O talento está inevitavelmente ligado à formação e à
responsabilidade de quem ensina, porque tudo o que o guarda-redes aprende a nível técnico fica programado no cérebro como um recurso tático e até
psicológico.
2. A mentalidade tática do talento. O momento do cérebro.
Para distinguir-se dos outros, além de ter o potencial para conseguir algo de excecional, o guarda-redes precisa desenvolver a sua inteligência e pô-la ao serviço
do jogo, a mentalidade tática de entender, assimilar e processar informações de forma rápida e eficaz. Podemos dizer que a inteligência e o talento são as
qualidades fundamentais para alcançar o sucesso?
É um facto que os guarda-redes que desde a infância possuem qualidades naturais e as potenciam com outras que aprendem durante a sua formação, são mais
valiosos para as equipas porque assimilam melhor as informações, são mais criativos e decisivos e o seu desempenho é melhor.
“Quem lê o jogo primeiro tem a vantagem de decidir antes.”
Para se tornar um excelente guarda-redes e profissional, não é apenas importante a sua genética, talvez o seu cérebro seja até mais importante. Na última
década, numerosos estudos neurocientíficos no futebol revelaram que os excecionais guarda-redes têm um cérebro perfeitamente sintonizado e conectado com
as exigências do jogo. Eles são persistentes, disciplinados, com uma capacidade de concentração extraordinária e um domínio percetivo acima da média para
reagir em questão de milissegundos.
Como pode um guarda-redes intercetar uma bola, mesmo com quatro, oito ou dez companheiros de equipa à sua frente, na pequena área a apenas poucos
metros de distância do adversário? Ou uma bola rematada para a baliza a 100kmh?
Dezasseis milésimos de segundo - 0,02 segundos - foi o tempo estimado para decidir se a bola apareceu ou não na imagem que o avaliador apresentou aos
jogadores em pesquisa dirigida por Janet e Starkes na Universidade de Waterloo em 1983, para avaliar o tempo de antecipação e reação a elementos-chave no
processo de tomada de decisão. Após estudos, a conclusão a que chegaram foi que quanto mais nível profissional tem o futebolista, mais rápida e com maior
eficiência pode decidir numa situação similar em competição. É o mesmo que dizer, futebolistas e guarda-redes profissionais precisam de menos informação
visual para saber o que acontecerá no futuro próximo em que eles devem tomar uma decisão.
E isso é possível, porque o cérebro do guarda-redes, desde as etapas de formação, pode criar uma base de dados mentais únicos que contém todos os
movimentos que ele treinou e experimentou, além dos movimentos dos adversários, dos especialistas em bolas paradas, as múltiplas trajetórias da bola e como
se posicionar de acordo com a situação, e essa informação bem codificada a nível cerebral permite-lhes ter vantagem na sua capacidade de antecipar. é
importante assinalar que essa capacidade não é inata, portanto é preciso treiná-la.
Os atuais guarda-redes que competem a nível profissional, possuem uma excelente capacidade de antecipação graças ao número de situações de jogo que
aprendem a interpretar porque estão no seu cérebro e podem ser usadas rapidamente para decidir inconscientemente.
Essa consciência não está presente nestes momentos em que o movimento precisa de velocidade e precisão, permite que o movimento inconsciente atue pelo
talento, experiência e prática, e não pela razão. Quanto menos interferência, melhor será a ação desportiva realizada. Portanto, a competitividade, a disposição
mental do guarda-redes, o nível técnico e o domínio do seu corpo, são aspetos fundamentais que devem ser treinados para desenvolver o talento do guarda-
redes.
Além disso, antecipar-se ajuda-os a desenvolver a capacidade de “atenção visual ampla”. Muito importante, porque estar focado no jogo, naquilo que é relevante
naquele exato momento, a amplitude é tudo aquilo a que o guarda-redes está atento e que muda de acordo com a situação.
É essencial desenvolver esta habilidade mental desde as etapas de formação, pois desta forma o guarda-redes será capaz de antecipar ou adivinhar o que o
jogador em posse da bola irá fazer, saber o que está acontecendo no campo, onde estão e onde os seus companheiros se colocarão para antecipar um possível
passe em cada situação ofensiva da equipa adversária.
Esta pequena vantagem, localizada na parte mais profunda do cérebro, é uma das últimas descobertas a nível neuro-psicológico, porque tem um papel
fundamental nas emoções e sensações corporais. Essa área do cérebro é a que funciona durante o jogo, inovando as previsões, porque avalia como se vai sentir
o corpo e quanta energia será necessária. Com base nesses parâmetros, prioriza e toma decisões.
3. Um talento para cada emoção.
Um dado objetivo comum a todos os jogadores que têm um talento extraordinário é que eles aprenderam a usar o seu cérebro de uma maneira distinta, diferente
da população em geral. Eles não precisam de pensar muito porque reconhecem os elementos de cada situação que já experienciaram ou visualizaram de alguma
forma. Em particular, eles sabem direcionar a atenção e perceber os movimentos precisos desde o impacto da bola, antecipando corretamente ao movimento que
irão executar.
A sua força mental, implica que eles tenham uma boa capacidade para resolver problemas que ocorrem no jogo de forma criativa e realizando várias tarefas ao
mesmo tempo, bem como a memória precisa para lembrar informações armazenadas de outras situações semelhantes e aplicá-las nesse mesmo momento.
Muitas vezes, quando falamos de emoções, pensamos que é algo impulsivo, que não requer conhecimento ou lógica. E isso é algo mais complexo. As emoções
também devem ser treinadas de forma integral, juntamente com os aspetos técnicos e táticos, uma vez que estes têm um papel fundamental, juntamente com a
personalidade do guarda-redes no processo de tomada de decisão. Uma personalidade para cada estilo de inteligência emocional.
4. O talento no coletivo.
A posição do guarda-redes é um modelo de referência de como ensinar em etapas de formação, a ter responsabilidade para assumir erros, energia mental
positiva para sentir-se útil quer no banco ou a jogar, como qualquer outro jogador da equipa, aprender que é uma posição que tem data de validade.
Mas o talento do guarda-redes sem o talento da equipa é difícil de desenvolver. O guarda-redes precisa de profissionais e outros talentos ao seu redor para
ajudá-lo a crescer. Isto deve ser fornecido pelo clube, uma soma de esforços de diferentes capacidades coletivas, para a mentalidade e gestão emocional alcançar
melhores resultados do que os esforços individuais.
Para competir ao mais alto nível, o guarda-redes deve ter uma forte personalidade para enfrentar com sucesso as situações de mudança, stressantes e muitas vezes
difíceis de controlar. Mas o mais importante, uma orientação clara para se adaptar a cada uma delas e, assim, garantir mais tempo numa grande equipa.
Uma força mental que o ajuda a assumir os erros que os seus colegas podem
cometer em zonas mais recuadas ou avançadas do campo, pois apesar de serem
responsáveis por analisar o jogo e encontrar soluções para problemas numa zona
com muitos adversários e com muito pouco espaço, muitas vezes eles têm que
assumir um resultado com consequências que eles não foram capazes de resolver
antecipadamente.
A capacidade do guarda-redes em se integrar no modelo de jogo da equipa é muito
importante para partilhar também as emoções coletivas, criando desde trás a
criatividade da equipa. (Damasio, A. 2002). Vários estudos mostram que o cérebro
se acostuma a um instrumento e começa a processá-lo como parte integrante do
corpo. Assim, elementos como uma raquete são transformados numa extensão
corporal.
5. A missão do treinador de guarda-redes.
Normalmente, um guarda-redes talentoso é geralmente o último a perceber que tem talento. O trabalho de um bom treinador de guarda-redes é identificar,
selecionar e treiná-lo corretamente para que se desenvolva.
O talento é desenvolvido e explorado pelo aprimoramento das aprendizagens no guarda-redes, incentivando a interação com os colegas para que o conhecimento
seja partilhado, gerando compromisso e através de bons exercícios de treino e atividades direcionadas para as diferentes etapas de formação. E perante este
cenário, como devem agir os treinadores de guarda-redes para manter o talento vivo?
Primeira missão: Muda a tua visão.
A trabalho do treinador principal é garantir que todos na equipa, os jogadores, a equipa técnica, os sócios e adeptos, os dirigentes, todos estejam motivados. O
do treinador de guarda-redes é integrar o talento no coletivo (equipa).
A primeira coisa é conseguir que o talento do guarda-redes alcance um equilíbrio entre aptidões e atitudes, de maneira personalizada, fazendo com que cada
membro da equipa entenda que a contribuição de todos é valiosa, mas alguns são mais do que outros.
Outra ação fundamental é a independência e o respeito pelos espaços. O talento precisa de independência e autogestão. Não requer liderança e controle. Precisa
de espaços amplos que permitam desenvolver o seu potencial. O líder deve entender que trabalha com pessoas que têm mais habilidades do que ele, e deve
aproveitar isso para fazer crescer a sua carreira e a pessoa com talento.
Segunda missão: Desenvolver talentos.
Guarda-redes talentosos devem sentir que a equipa tira vantagem das suas aptidões, que as suas principais ações nos jogos dão pontos à equipa e que a sua
presença é importante. Eles são importantes e, portanto, devem percebê-lo. É muito importante que a equipa lhe proporcione todos os recursos necessários
para levar a cabo a sua carreira, porque nenhum talento, em qualquer disciplina, pode-se desenvolver se não tiver as condições necessárias ao seu redor.
É aqui que o treinador de guarda-redes tem um papel fundamental. Deve exigir rendimento ao talento. O talento deve ser demonstrado e explorado, não
espremido. É preciso pedir resultados tangíveis, mas sem levar ao colapso. Trata-se de desenvolver, não esgotar o talento.
E finalmente, neste ponto, um reconhecimento adequado. Os treinadores sempre que vencem, dizem que o mérito pertence à equipa, mas os adeptos dão
sempre mais crédito aos talentosos, que são os que fazem a diferença.
Terceira missão: Conservar o talento.
Os jogadores de futebol em geral, e os guarda-redes, em particular, que possuem talento, muitas vezes são inquietos, querendo aprender e ter novas experiências
profissionais. Se o clube e a equipa não forem capazes de tê-los satisfeitos, no desporto e a nível pessoal, em dotá-los de desafios motivadores e emocionantes,
o guarda-redes com talento desviará a sua atenção para outras equipas que lhe ofereçam estas condições.
Não é fácil preservar talentos. Sendo um recurso escasso, a procura é muito maior que a oferta, e as possibilidades de retenção são complicadas. O que está
claro é que nenhum guarda-redes talentoso que sinta as suas necessidades cobertas no presente e no futuro, vai querer mudar de clube. Identificá-los com a
equipa, em todos os aspetos, cultura, filosofia, valores, é o objetivo fundamental para conservar o talento, deve ser acompanhado de perto na sua evolução,
conhecer as suas necessidades de desenvolvimento e oferecer incentivos em troca da sua inspiração.
Agora, se tivéssemos que definir como deve ser o treinador de talentos, este seria o raio X das suas capacidades e os valores que ele deve promover para que o
talento do guarda-redes se desenvolva:
 Inovação e criatividade: Curiosidade e interesse em conhecer novos métodos de treino.
 Paixão pelo conhecimento e aprendizagem: Tendência contínua para adquirir novas aprendizagens, melhoria contínua e aplicando o que foi aprendido.
 Mentalidade aberta para avaliar todas as possibilidades: O desenvolvimento da autocrítica, permite analisar todas as possibilidades de solução para uma
situação ou esclarecer ideias para tomar a melhor decisão.
 Abordagem e Perspetiva: Desenvolvimento da capacidade de conscientemente aconselhar, entender o que acontece no jogo, para o guarda-redes
entender o que cada momento do jogo requer.
 Segurança e Coragem: Capacidade de defender a decisão que é considerada correta e agir de acordo com suas próprias convicções, sem intimidar-se pelas
críticas.
 Ser perseverante e diligente: Capacidade de persistir com os seus métodos de treino, embora existam obstáculos e sentir-se satisfeito com o que foi
realizado e terminado.
 Autenticidade: Desenvolver valores como a honestidade e responsabilidade. Capacidade para assumir os seus sentimentos e ações e enfrentá-los com a
verdade.
 Vitalidade e paixão: Enfrentar a vida com entusiasmo e energia. Fazer as coisas com convicção, sentido positivo, sentindo-se dinâmico e ativo.
 Inteligência emocional, pessoal e social: Ter empatia, ter consciência das emoções e sentimentos, de si e dos outros e ter um comportamento adequado
em diferentes situações sociais.
 Trabalho em equipa: Força indispensável para a vida diária. Aprender a delegar responsabilidades e colaboração coletiva para realizar um trabalho comum.
Aprende a trabalhar em equipa.
 Sentido de humor: O sentido de humor fomenta emoções positivas e neutraliza o humor negativo; aprende a ver o lado positivo e as oportunidades após
erros e falhas pontuais.
 Sensibilidade e confiança: É considerado um sistema interno de crenças, que produz o sentimento de viver com um sentido, estimula a esperança, reforça
as normas sociais positivas e fornece uma rede social de apoio.
As investigações mostraram que jogadores de futebol e os guarda-redes, desenvolvem 50% da sua capacidade de aprender nos primeiros 4 anos de vida, o resto,
uns 30% entre os 8-12 anos. Explicado de outra forma, nesses primeiros anos o guarda-redes cimentou as principais rotas de aprendizagem. Tudo o que o guarda-
redes aprende durante o resto da sua etapa profissional, falo-a sobre essa primeira base. Para refletir, certo?
Portanto, o modo como os treinadores estimulam o talento será o que permite o desenvolvimento do seu potencial. O "feedback" dado pelo especialista na
preparação do guarda-redes deve ser imediato, positivo. A coisa mais importante que um treinador faz durante o treino é fornecer feedback, o que, sem dúvida,
reforçará o papel de guia e motivador que ele também desempenha. Um treinador de guarda-redes, com habilidade, pode-se tornar companheiro durante a
atividade desportiva.
Além disso deve ganhar a confiança do guarda-redes, para poder exigir e elevar cada dia um pouco mais a barra dos desafios e objetivos, desafiá-los
continuamente de forma a que eles deem mais de si mesmos e vão ainda mais longe. Ensinar-lhes a enfrentar situações diferentes e de forma diferente. Os
guarda-redes aprendem quais são os seus pontos fortes, as capacidades que possuem e, ao mesmo tempo, o que precisam de continuar a trabalhar para
melhorar. Pessoalmente, acho que aqui está a chave para administrar o talento do guarda-redes e do atleta em geral.
Porquê? Porque eles precisam estar preparados para o futuro, e no treino e com o especialista envolvido na sua formação e desempenho, encontrarão as chaves
para continuar a trabalhar. A questão é qual o grau de sacrifício que o guarda-redes está disposto a pagar para atingir os seus objetivos; o equilíbrio entre custos
e benefícios.
A tecnologia é um fator chave para a gestão de talentos. De fato, graças aos programas de gestão de rendimento que usam a tecnologia para controlar a atividade
de cada guarda-redes, com o objetivo de melhorar o trabalho de cada um deles, a produtividade do seu desempenho desportivo é aumentada em até 300%.
Ter informações precisas e de qualidade dos guarda-redes e processá-las de maneira integrada, juntamente com os parâmetros físicos, técnicos e táticos, oferece
uma visão muito mais real das capacidades do guarda-redes dentro da equipa. O desafio está em fornecer inteligência utilizando estes recursos. O objetivo é que
a aplicação seja capaz de dar conselhos sobre que capacidades deve ter um guarda-redes para desenvolver um determinado aspeto. O problema é que, até
agora, são “sacos” de dados que exigem muito julgamento de quem toma decisões.
6. Conclusões.
"Não podemos esquecer que o FUTEBOL é um desporto de mobilidade e que no desenvolvimento do mesmo, independentemente da idade e categoria, é
necessário pôr em funcionamento fatores próprios do jogo, como: visualização espacial, velocidade de reação, tomada de decisão, habilidades psicológicas, como
autocontrole, confiança, etc. Nestes casos, o jogador que os possui manifesta ter o TALENTO necessário para ter sucesso. " Revuelta, J. (2011).
O trabalho em equipa, a gestão do conhecimento e a melhoria das sinergias e interações entre as diferentes linhas que interagem com o guarda-redes são
elementos-chave para que as equipas se possam adaptar de forma ágil, inteligente e rápida, às mudanças impostas pelo futebol. Porque o talento é o resultado
da multiplicação de competências individuais pelo compromisso, e ainda mais, estar consciente do talento, ser capaz de desenvolvê-lo e acima de tudo estar
predisposto a isso.
Os grandes dirigentes do futebol concordarão que a gestão de talentos é uma prioridade estratégica para as equipas. Se é assim por razões desportivas e
econômicas, o treinador principal e toda a equipa técnica, devem estar envolvidos para investir tanto no guarda-redes enquanto desportista como na pessoa na
sua vida social, para que possam viver e desfrutar de outras facetas além do desporto, o que requer um trabalho importante de reflexão e disciplina mental, e
para isso, ter talento é suficiente, mas também é preciso treiná-lo.
Além disso, é preciso não esquecer de mencionar um aspeto fundamental
no desenvolvimento de talentos, o ambiente que envolve o guarda-redes.
Esse 10% que gera uma influência direta nas decisões e formação do
profissional, o que atua como estímulo ao desenvolvimento do talento. A
sua família, o seu treinador, os seus amigos ou a sua parceira são o vínculo
do guarda-redes/futebolista, com a realidade.
Dedicar-se de corpo e alma ao futebol, ter que escolher entre este e outros
desportos nos quais seguramente despontará, ou noutras disciplinas
artísticas, é uma decisão que uma criança tem dificuldade em escolher,
por isso a família será quem irá ajudá-lo a valorizar o talento que ele tem
para o futebol. E essa equipa humana que gere o talento deve continuar a
ser importante na sua carreira, não só do ponto de vista técnico, mas
também continuando a transmitir confiança "positivismo nos momentos
difíceis", pois o funcionamento equilibrado do cérebro é de 90% no
sucesso de um guarda-redes.
Muitos acreditam que o talento é uma questão de sorte, mas poucos sabem que a sorte é uma questão de talento. Jacinto Benavente.
REFERÊNCIAS
 Allard, F. Starkes, J. L. Percepção no Desporto: Universidade de Waterloo. 1983
 Andriaanse, J. (1998) O Modelo do Futebol Holandês: Os programas educativos do Ajax de Ámsterdam. Em Contreras S, Sánchez, P. (coord.) A deteção precoce de
talentos desportivos. Cuenca, Universidade de Castilla-La Mancha.
 García, X.; "Talento para gerir o talento". 30 de Outubro de 2013
 Revuelta, J. Deteção de valores no futebol, implementação e sustentabilidade das escolas. Diretor da Escola Provincial de Treinadores. Cádiz, 2011
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Mentalidade e talento - Treinar o cérebro do guarda-redes

  • 1. Mentalidade e talento Treinar o cérebro do guarda-redes Pedro Ferrer
  • 2. Hoje em dia, devido ao nível competitivo do futebol atual, todas as ações técnico-táticas realizadas pelo guarda-redes exigem:  Capacidade mental para saber mudar de intensidade mínima para máxima e vice-versa sem perder a concentração por um segundo e poder dar continuidade ao jogo;  Tomadas de decisão constantes, individual ou coletiva;  Ser capaz de se recuperar dos esforços feitos minuto a minuto quando a situação o exige; demonstrar continuamente coragem para enfrentar o adversário com garantias e da mesma forma em todas as fases do jogo;  Uma excelente distribuição de jogo que o permita executar taticamente passes para os companheiros em linhas mais ofensivas, com as mãos ou pés, da esquerda para a direita ou vice-versa;  E o mais importante, um excelente controlo corporal para mover-se e posicionar-se com inteligência em todas as direções e situações de jogo; Estas características traçam o perfil do guarda-redes atual, chaves de um futebol que é cada vez mais definido em detalhes coletivos de origem em talentos individuais. Estas características podem-nos indicar que tipo de direção podemos dar no treino específico, fornecendo-lhes mais conhecimento sobre o jogo. O treinador de guarda-redes deve ter habilidades específicas de forma a manter os seus guarda-redes no nível em que o futebol evolui. A questão-chave no desenvolvimento do talento é: Quais as habilidades é que os treinadores devem aplicar para desenvolver esse talento? O profissional que treina "talento" tem talento? Para gerir adequadamente o talento, o compromisso dos treinadores e daqueles em torno do guarda-redes, especialmente do técnico de guarda-redes, é a chave para propiciar tal compromisso. Para isso, este profissional deve-se adaptar à realidade do futebol de hoje, uma vez que os mecanismos de gestão de talentos que triunfaram antes não podem ser aplicados no momento. É necessário dar uma reviravolta aos esquemas mentais do compromisso e analisar, além das qualidades físicas, as razões que levam um jogador de futebol a escolher hoje, essa posição. Quais são os aspetos chave mais importantes para o guarda-redes alcançar o sucesso profissional? Talento, inteligência tática, inteligência psicológica ou todos estes aspetos? O treinador de guarda-redes deve desenvolver essas habilidades para garantir e manter talentos? Seguindo a estrutura do conteúdo abaixo, responderei a essas perguntas para contextualizar as habilidades do especialista em treino de guarda-redes. 1. O talento de hoje num futebol de detalhes. 2. A mentalidade tática e o talento. O momento do cérebro. 3. Um talento para cada emoção. 4. O talento no coletivo. 5. A missão do treinador de guarda-redes. 6. Conclusões.
  • 3. 1. O talento de hoje num futebol de detalhes. Embora o futebol esteja atualmente em evolução, o objetivo continua sendo manter os melhores profissionais que garantam o desenvolvimento do talento do jogador de futebol, jogador de campo ou guarda-redes. Mas quando falamos de talento, a que estamos nos referindo exatamente? O talento tem muito de inato, uma parte que se desenvolve em tenra idade, período crítico em que a figura do treinador entra em jogo, por ser um dos responsáveis em identificar, selecionar e desenvolver esse talento. Mas, quanto é genético e até onde se pode treinar? Independentemente da resposta, o importante é que se você tem e não trabalha não se vai cristalizar só com competição, e o mesmo na direção oposta, não importa o quanto o jogador se esforce para ser guarda-redes se ele não tem o talento que essa posição exige e dificilmente irá atingir esse objetivo. Para entender o conceito, podemos ter em conta a seguinte definição de Hanh, na qual ele define como “uma aptidão acentuada numa direção, superando a medida normal, que ainda não está totalmente desenvolvida” e “a disposição acima do normal, de poder e querer realizar alto desempenho no desporto”. (Hahn, 1998). De acordo com a definição anterior, não é suficiente um guarda-redes ter um grupo de diferentes capacidades e habilidades. O que sabemos da análise realizada até agora neste campo pelos neurocientistas é que, além disso, o guarda-redes deve estar sempre disposto a se esforçar em todos os aspetos da sua vida pessoal e desportiva, com uma forte personalidade, inteligência emocional além de preparação técnica. Esta ideia é a que, atualmente, os especialistas destacam como um aspeto fundamental e que serve para diferenciar os guarda-redes que atingem o alto nível e os que não atingem. Mas aprofundando ainda mais, podemos separar aspetos do talento dentro dessa mesma definição:  O talento motriz: Supõe uma grande capacidade de aprendizagem motora que leva a um domínio do movimento, mais seguro e rápido, bem como a um maior repertório de habilidades motoras aplicáveis de maneira mais diferenciada.  O talento desportivo: Disposição acima da média para passar por um programa de treino desportivo para alcançar o sucesso desportivo.  Talento específico para o futebol: Envolve os requisitos físicos e psíquicos para alcançar performances extraordinárias (Hahn, 1988, p.99). Das definições anteriores tiramos uma conclusão importante: o talento é mais do que conhecimento técnico, é também comportamento, adaptabilidade e liderança pessoal. Portanto, além de ter esse "algo mais e diferente" é muito importante que uma vez identificadas as chaves para desenvolver e acompanhar o rendimento, se selecione os profissionais com o talento necessário para explorá-los com sucesso. O talento está inevitavelmente ligado à formação e à
  • 4. responsabilidade de quem ensina, porque tudo o que o guarda-redes aprende a nível técnico fica programado no cérebro como um recurso tático e até psicológico. 2. A mentalidade tática do talento. O momento do cérebro. Para distinguir-se dos outros, além de ter o potencial para conseguir algo de excecional, o guarda-redes precisa desenvolver a sua inteligência e pô-la ao serviço do jogo, a mentalidade tática de entender, assimilar e processar informações de forma rápida e eficaz. Podemos dizer que a inteligência e o talento são as qualidades fundamentais para alcançar o sucesso? É um facto que os guarda-redes que desde a infância possuem qualidades naturais e as potenciam com outras que aprendem durante a sua formação, são mais valiosos para as equipas porque assimilam melhor as informações, são mais criativos e decisivos e o seu desempenho é melhor. “Quem lê o jogo primeiro tem a vantagem de decidir antes.” Para se tornar um excelente guarda-redes e profissional, não é apenas importante a sua genética, talvez o seu cérebro seja até mais importante. Na última década, numerosos estudos neurocientíficos no futebol revelaram que os excecionais guarda-redes têm um cérebro perfeitamente sintonizado e conectado com as exigências do jogo. Eles são persistentes, disciplinados, com uma capacidade de concentração extraordinária e um domínio percetivo acima da média para reagir em questão de milissegundos. Como pode um guarda-redes intercetar uma bola, mesmo com quatro, oito ou dez companheiros de equipa à sua frente, na pequena área a apenas poucos metros de distância do adversário? Ou uma bola rematada para a baliza a 100kmh? Dezasseis milésimos de segundo - 0,02 segundos - foi o tempo estimado para decidir se a bola apareceu ou não na imagem que o avaliador apresentou aos jogadores em pesquisa dirigida por Janet e Starkes na Universidade de Waterloo em 1983, para avaliar o tempo de antecipação e reação a elementos-chave no processo de tomada de decisão. Após estudos, a conclusão a que chegaram foi que quanto mais nível profissional tem o futebolista, mais rápida e com maior
  • 5. eficiência pode decidir numa situação similar em competição. É o mesmo que dizer, futebolistas e guarda-redes profissionais precisam de menos informação visual para saber o que acontecerá no futuro próximo em que eles devem tomar uma decisão. E isso é possível, porque o cérebro do guarda-redes, desde as etapas de formação, pode criar uma base de dados mentais únicos que contém todos os movimentos que ele treinou e experimentou, além dos movimentos dos adversários, dos especialistas em bolas paradas, as múltiplas trajetórias da bola e como se posicionar de acordo com a situação, e essa informação bem codificada a nível cerebral permite-lhes ter vantagem na sua capacidade de antecipar. é importante assinalar que essa capacidade não é inata, portanto é preciso treiná-la. Os atuais guarda-redes que competem a nível profissional, possuem uma excelente capacidade de antecipação graças ao número de situações de jogo que aprendem a interpretar porque estão no seu cérebro e podem ser usadas rapidamente para decidir inconscientemente. Essa consciência não está presente nestes momentos em que o movimento precisa de velocidade e precisão, permite que o movimento inconsciente atue pelo talento, experiência e prática, e não pela razão. Quanto menos interferência, melhor será a ação desportiva realizada. Portanto, a competitividade, a disposição mental do guarda-redes, o nível técnico e o domínio do seu corpo, são aspetos fundamentais que devem ser treinados para desenvolver o talento do guarda- redes. Além disso, antecipar-se ajuda-os a desenvolver a capacidade de “atenção visual ampla”. Muito importante, porque estar focado no jogo, naquilo que é relevante naquele exato momento, a amplitude é tudo aquilo a que o guarda-redes está atento e que muda de acordo com a situação. É essencial desenvolver esta habilidade mental desde as etapas de formação, pois desta forma o guarda-redes será capaz de antecipar ou adivinhar o que o jogador em posse da bola irá fazer, saber o que está acontecendo no campo, onde estão e onde os seus companheiros se colocarão para antecipar um possível passe em cada situação ofensiva da equipa adversária. Esta pequena vantagem, localizada na parte mais profunda do cérebro, é uma das últimas descobertas a nível neuro-psicológico, porque tem um papel fundamental nas emoções e sensações corporais. Essa área do cérebro é a que funciona durante o jogo, inovando as previsões, porque avalia como se vai sentir o corpo e quanta energia será necessária. Com base nesses parâmetros, prioriza e toma decisões. 3. Um talento para cada emoção. Um dado objetivo comum a todos os jogadores que têm um talento extraordinário é que eles aprenderam a usar o seu cérebro de uma maneira distinta, diferente da população em geral. Eles não precisam de pensar muito porque reconhecem os elementos de cada situação que já experienciaram ou visualizaram de alguma forma. Em particular, eles sabem direcionar a atenção e perceber os movimentos precisos desde o impacto da bola, antecipando corretamente ao movimento que irão executar. A sua força mental, implica que eles tenham uma boa capacidade para resolver problemas que ocorrem no jogo de forma criativa e realizando várias tarefas ao mesmo tempo, bem como a memória precisa para lembrar informações armazenadas de outras situações semelhantes e aplicá-las nesse mesmo momento.
  • 6. Muitas vezes, quando falamos de emoções, pensamos que é algo impulsivo, que não requer conhecimento ou lógica. E isso é algo mais complexo. As emoções também devem ser treinadas de forma integral, juntamente com os aspetos técnicos e táticos, uma vez que estes têm um papel fundamental, juntamente com a personalidade do guarda-redes no processo de tomada de decisão. Uma personalidade para cada estilo de inteligência emocional.
  • 7. 4. O talento no coletivo. A posição do guarda-redes é um modelo de referência de como ensinar em etapas de formação, a ter responsabilidade para assumir erros, energia mental positiva para sentir-se útil quer no banco ou a jogar, como qualquer outro jogador da equipa, aprender que é uma posição que tem data de validade. Mas o talento do guarda-redes sem o talento da equipa é difícil de desenvolver. O guarda-redes precisa de profissionais e outros talentos ao seu redor para ajudá-lo a crescer. Isto deve ser fornecido pelo clube, uma soma de esforços de diferentes capacidades coletivas, para a mentalidade e gestão emocional alcançar melhores resultados do que os esforços individuais. Para competir ao mais alto nível, o guarda-redes deve ter uma forte personalidade para enfrentar com sucesso as situações de mudança, stressantes e muitas vezes difíceis de controlar. Mas o mais importante, uma orientação clara para se adaptar a cada uma delas e, assim, garantir mais tempo numa grande equipa. Uma força mental que o ajuda a assumir os erros que os seus colegas podem cometer em zonas mais recuadas ou avançadas do campo, pois apesar de serem responsáveis por analisar o jogo e encontrar soluções para problemas numa zona com muitos adversários e com muito pouco espaço, muitas vezes eles têm que assumir um resultado com consequências que eles não foram capazes de resolver antecipadamente. A capacidade do guarda-redes em se integrar no modelo de jogo da equipa é muito importante para partilhar também as emoções coletivas, criando desde trás a criatividade da equipa. (Damasio, A. 2002). Vários estudos mostram que o cérebro se acostuma a um instrumento e começa a processá-lo como parte integrante do corpo. Assim, elementos como uma raquete são transformados numa extensão corporal. 5. A missão do treinador de guarda-redes. Normalmente, um guarda-redes talentoso é geralmente o último a perceber que tem talento. O trabalho de um bom treinador de guarda-redes é identificar, selecionar e treiná-lo corretamente para que se desenvolva. O talento é desenvolvido e explorado pelo aprimoramento das aprendizagens no guarda-redes, incentivando a interação com os colegas para que o conhecimento seja partilhado, gerando compromisso e através de bons exercícios de treino e atividades direcionadas para as diferentes etapas de formação. E perante este cenário, como devem agir os treinadores de guarda-redes para manter o talento vivo?
  • 8. Primeira missão: Muda a tua visão. A trabalho do treinador principal é garantir que todos na equipa, os jogadores, a equipa técnica, os sócios e adeptos, os dirigentes, todos estejam motivados. O do treinador de guarda-redes é integrar o talento no coletivo (equipa). A primeira coisa é conseguir que o talento do guarda-redes alcance um equilíbrio entre aptidões e atitudes, de maneira personalizada, fazendo com que cada membro da equipa entenda que a contribuição de todos é valiosa, mas alguns são mais do que outros. Outra ação fundamental é a independência e o respeito pelos espaços. O talento precisa de independência e autogestão. Não requer liderança e controle. Precisa de espaços amplos que permitam desenvolver o seu potencial. O líder deve entender que trabalha com pessoas que têm mais habilidades do que ele, e deve aproveitar isso para fazer crescer a sua carreira e a pessoa com talento. Segunda missão: Desenvolver talentos. Guarda-redes talentosos devem sentir que a equipa tira vantagem das suas aptidões, que as suas principais ações nos jogos dão pontos à equipa e que a sua presença é importante. Eles são importantes e, portanto, devem percebê-lo. É muito importante que a equipa lhe proporcione todos os recursos necessários para levar a cabo a sua carreira, porque nenhum talento, em qualquer disciplina, pode-se desenvolver se não tiver as condições necessárias ao seu redor. É aqui que o treinador de guarda-redes tem um papel fundamental. Deve exigir rendimento ao talento. O talento deve ser demonstrado e explorado, não espremido. É preciso pedir resultados tangíveis, mas sem levar ao colapso. Trata-se de desenvolver, não esgotar o talento. E finalmente, neste ponto, um reconhecimento adequado. Os treinadores sempre que vencem, dizem que o mérito pertence à equipa, mas os adeptos dão sempre mais crédito aos talentosos, que são os que fazem a diferença.
  • 9. Terceira missão: Conservar o talento. Os jogadores de futebol em geral, e os guarda-redes, em particular, que possuem talento, muitas vezes são inquietos, querendo aprender e ter novas experiências profissionais. Se o clube e a equipa não forem capazes de tê-los satisfeitos, no desporto e a nível pessoal, em dotá-los de desafios motivadores e emocionantes, o guarda-redes com talento desviará a sua atenção para outras equipas que lhe ofereçam estas condições. Não é fácil preservar talentos. Sendo um recurso escasso, a procura é muito maior que a oferta, e as possibilidades de retenção são complicadas. O que está claro é que nenhum guarda-redes talentoso que sinta as suas necessidades cobertas no presente e no futuro, vai querer mudar de clube. Identificá-los com a equipa, em todos os aspetos, cultura, filosofia, valores, é o objetivo fundamental para conservar o talento, deve ser acompanhado de perto na sua evolução, conhecer as suas necessidades de desenvolvimento e oferecer incentivos em troca da sua inspiração. Agora, se tivéssemos que definir como deve ser o treinador de talentos, este seria o raio X das suas capacidades e os valores que ele deve promover para que o talento do guarda-redes se desenvolva:  Inovação e criatividade: Curiosidade e interesse em conhecer novos métodos de treino.  Paixão pelo conhecimento e aprendizagem: Tendência contínua para adquirir novas aprendizagens, melhoria contínua e aplicando o que foi aprendido.  Mentalidade aberta para avaliar todas as possibilidades: O desenvolvimento da autocrítica, permite analisar todas as possibilidades de solução para uma situação ou esclarecer ideias para tomar a melhor decisão.  Abordagem e Perspetiva: Desenvolvimento da capacidade de conscientemente aconselhar, entender o que acontece no jogo, para o guarda-redes entender o que cada momento do jogo requer.  Segurança e Coragem: Capacidade de defender a decisão que é considerada correta e agir de acordo com suas próprias convicções, sem intimidar-se pelas críticas.  Ser perseverante e diligente: Capacidade de persistir com os seus métodos de treino, embora existam obstáculos e sentir-se satisfeito com o que foi realizado e terminado.  Autenticidade: Desenvolver valores como a honestidade e responsabilidade. Capacidade para assumir os seus sentimentos e ações e enfrentá-los com a verdade.  Vitalidade e paixão: Enfrentar a vida com entusiasmo e energia. Fazer as coisas com convicção, sentido positivo, sentindo-se dinâmico e ativo.  Inteligência emocional, pessoal e social: Ter empatia, ter consciência das emoções e sentimentos, de si e dos outros e ter um comportamento adequado em diferentes situações sociais.  Trabalho em equipa: Força indispensável para a vida diária. Aprender a delegar responsabilidades e colaboração coletiva para realizar um trabalho comum. Aprende a trabalhar em equipa.  Sentido de humor: O sentido de humor fomenta emoções positivas e neutraliza o humor negativo; aprende a ver o lado positivo e as oportunidades após erros e falhas pontuais.  Sensibilidade e confiança: É considerado um sistema interno de crenças, que produz o sentimento de viver com um sentido, estimula a esperança, reforça as normas sociais positivas e fornece uma rede social de apoio.
  • 10. As investigações mostraram que jogadores de futebol e os guarda-redes, desenvolvem 50% da sua capacidade de aprender nos primeiros 4 anos de vida, o resto, uns 30% entre os 8-12 anos. Explicado de outra forma, nesses primeiros anos o guarda-redes cimentou as principais rotas de aprendizagem. Tudo o que o guarda- redes aprende durante o resto da sua etapa profissional, falo-a sobre essa primeira base. Para refletir, certo? Portanto, o modo como os treinadores estimulam o talento será o que permite o desenvolvimento do seu potencial. O "feedback" dado pelo especialista na preparação do guarda-redes deve ser imediato, positivo. A coisa mais importante que um treinador faz durante o treino é fornecer feedback, o que, sem dúvida, reforçará o papel de guia e motivador que ele também desempenha. Um treinador de guarda-redes, com habilidade, pode-se tornar companheiro durante a atividade desportiva. Além disso deve ganhar a confiança do guarda-redes, para poder exigir e elevar cada dia um pouco mais a barra dos desafios e objetivos, desafiá-los continuamente de forma a que eles deem mais de si mesmos e vão ainda mais longe. Ensinar-lhes a enfrentar situações diferentes e de forma diferente. Os guarda-redes aprendem quais são os seus pontos fortes, as capacidades que possuem e, ao mesmo tempo, o que precisam de continuar a trabalhar para melhorar. Pessoalmente, acho que aqui está a chave para administrar o talento do guarda-redes e do atleta em geral. Porquê? Porque eles precisam estar preparados para o futuro, e no treino e com o especialista envolvido na sua formação e desempenho, encontrarão as chaves para continuar a trabalhar. A questão é qual o grau de sacrifício que o guarda-redes está disposto a pagar para atingir os seus objetivos; o equilíbrio entre custos e benefícios. A tecnologia é um fator chave para a gestão de talentos. De fato, graças aos programas de gestão de rendimento que usam a tecnologia para controlar a atividade de cada guarda-redes, com o objetivo de melhorar o trabalho de cada um deles, a produtividade do seu desempenho desportivo é aumentada em até 300%. Ter informações precisas e de qualidade dos guarda-redes e processá-las de maneira integrada, juntamente com os parâmetros físicos, técnicos e táticos, oferece uma visão muito mais real das capacidades do guarda-redes dentro da equipa. O desafio está em fornecer inteligência utilizando estes recursos. O objetivo é que a aplicação seja capaz de dar conselhos sobre que capacidades deve ter um guarda-redes para desenvolver um determinado aspeto. O problema é que, até agora, são “sacos” de dados que exigem muito julgamento de quem toma decisões. 6. Conclusões. "Não podemos esquecer que o FUTEBOL é um desporto de mobilidade e que no desenvolvimento do mesmo, independentemente da idade e categoria, é necessário pôr em funcionamento fatores próprios do jogo, como: visualização espacial, velocidade de reação, tomada de decisão, habilidades psicológicas, como autocontrole, confiança, etc. Nestes casos, o jogador que os possui manifesta ter o TALENTO necessário para ter sucesso. " Revuelta, J. (2011). O trabalho em equipa, a gestão do conhecimento e a melhoria das sinergias e interações entre as diferentes linhas que interagem com o guarda-redes são elementos-chave para que as equipas se possam adaptar de forma ágil, inteligente e rápida, às mudanças impostas pelo futebol. Porque o talento é o resultado da multiplicação de competências individuais pelo compromisso, e ainda mais, estar consciente do talento, ser capaz de desenvolvê-lo e acima de tudo estar predisposto a isso.
  • 11. Os grandes dirigentes do futebol concordarão que a gestão de talentos é uma prioridade estratégica para as equipas. Se é assim por razões desportivas e econômicas, o treinador principal e toda a equipa técnica, devem estar envolvidos para investir tanto no guarda-redes enquanto desportista como na pessoa na sua vida social, para que possam viver e desfrutar de outras facetas além do desporto, o que requer um trabalho importante de reflexão e disciplina mental, e para isso, ter talento é suficiente, mas também é preciso treiná-lo. Além disso, é preciso não esquecer de mencionar um aspeto fundamental no desenvolvimento de talentos, o ambiente que envolve o guarda-redes. Esse 10% que gera uma influência direta nas decisões e formação do profissional, o que atua como estímulo ao desenvolvimento do talento. A sua família, o seu treinador, os seus amigos ou a sua parceira são o vínculo do guarda-redes/futebolista, com a realidade. Dedicar-se de corpo e alma ao futebol, ter que escolher entre este e outros desportos nos quais seguramente despontará, ou noutras disciplinas artísticas, é uma decisão que uma criança tem dificuldade em escolher, por isso a família será quem irá ajudá-lo a valorizar o talento que ele tem para o futebol. E essa equipa humana que gere o talento deve continuar a ser importante na sua carreira, não só do ponto de vista técnico, mas também continuando a transmitir confiança "positivismo nos momentos difíceis", pois o funcionamento equilibrado do cérebro é de 90% no sucesso de um guarda-redes. Muitos acreditam que o talento é uma questão de sorte, mas poucos sabem que a sorte é uma questão de talento. Jacinto Benavente. REFERÊNCIAS  Allard, F. Starkes, J. L. Percepção no Desporto: Universidade de Waterloo. 1983  Andriaanse, J. (1998) O Modelo do Futebol Holandês: Os programas educativos do Ajax de Ámsterdam. Em Contreras S, Sánchez, P. (coord.) A deteção precoce de talentos desportivos. Cuenca, Universidade de Castilla-La Mancha.  García, X.; "Talento para gerir o talento". 30 de Outubro de 2013  Revuelta, J. Deteção de valores no futebol, implementação e sustentabilidade das escolas. Diretor da Escola Provincial de Treinadores. Cádiz, 2011 Pedro Ferrer