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O USO PEDAGÓGICO DA SALA DE INFORMÁTICA DA ESCOLA
 Desde o início da década de noventa alguns governos vêm investindo continuamente no aparelhamento
das escolas públicas com a implantação de Salas de Informática, também chamadas de Laboratórios de
Informática dentre outras denominações. No mesmo período as escolas particulares também começaram
a investir pesadamente na montagem dessas salas e em equipamentos de multimídia, como datashows e
telões.

A partir do início dessa década, lá por 2002, muitas escolas já dispunham dessas salas e de um histórico
de uso das mesmas, quase sempre ruim. Agora, no final dessa primeira década, já temos condições de
fazer um bom balanço desse processo e dos resultados advindos dele. E o balanço é bastante negativo.

A implantação de Salas de Informática nas escolas se baseou, na maioria das vezes, no pressuposto
errado de que “faltava apenas o computador” para que o processo de modernização das escolas e do
ensino se desse de forma natural, como se isso fosse um processo simples e automático. Além disso,
como nossos gestores políticos entendem muito pouco de educação, mas adoram fazer “investimentos”,
as Salas de Informática configuraram-se como uma ótima oportunidade para se gastar o dinheiro público
com reformas e equipamentos, mas sem uma preocupação verdadeiramente pedagógica por trás do
investimento.

Ainda no início da década passada já encontrávamos diversas escolas onde esses computadores estavam
quebrados, desatualizados, sucateados e sem nenhuma manutenção. Agora, já praticamente fechando a
                                             primeira década do terceiro milênio, a situação continua
                                             muito parecida em muitos lugares. Computadores que
                                             custaram caro, pois o poder público é expert em gastar mal
                                             o nosso dinheiro, continuam depreciando em centenas de
                                             escola sem nenhum uso por parte dos alunos. Sobre a
                                             depreciação desses computadores e a necessidade
                                             econômica (além de pedagógica) de seu uso, veja o artigo
                                             “Quebrando computadores“, escrito originalmente no início
                                             de 2005 e republicado aqui nesse blog em 2008.

                                              Paralelamente à falta de inteligência dos gestores públicos,
                                              vimos uma generalizada falta de vontade de educadores
                                              que resistiram bravamente ao uso dos computadores,
                                              mesmo quando estes estavam em plenas condições de
                                              serem usados. Sob argumentos que iam do “não preciso
disso” até o “não sei como usar”, foram poucos os professores que se dispuseram a aprender a usar os
computadores de forma pedagógica ou mesmo a repensar suas práticas pedagógicas diante da
necessidade de inserir seus alunos no universo digital onde eles, os alunos, e o próprio professor, já vivem
há muito tempo.

Agora, passadas duas décadas desde o início desse processo de inserção das novas tecnologias na
escola, já não faz mais nenhum sentido discutir se vale ou não a pena usar os computadores, a internet e
as TICs de forma geral. O mundo, independentemente da falta de vontade de alguns professores e da má
vontade da maioria dos políticos, já definiu que não poderá continuar existindo sem essas novas
tecnologias. É simplesmente impossível conceber um mundo e uma escola sem essas tecnologias, a
menos que se faça a opção por uma vida eremita.

Nesse contexto, o uso da Sala de Informática deixa de ser uma possibilidade a mais e passa a ser uma
necessidade que se impõe tão fortemente quanto a necessidade da lousa e do giz, que ainda existirão por
um bom tempo. Mas como promover esse uso?

Este artigo não pretende justificar a necessidade de se usar os computadores e a Sala de Informática, mas
ao invés disso pretende apontar algumas possibilidades de uso desse ambiente de maneira que o
professor, mesmo aquele que ainda não se sente seguro para desenvolver atividades diretamente na Sala
de Informática, possa dar aos seus alunos alguma possibilidade de usá-la, independentemente dele usá-la
também, se for o caso.
Pré-condições mínimas para o uso da Sala de Informática

Não faz sentido falar em uso da Sala de Informática se a escola não dispuser de, pelo menos, alguns
requisitos básicos que permitam esse uso:

   1. A Sala de Informática deve se encontrar em condições físicas de uso (possuir mobiliário adequado,
      instalação elétrica compatível, etc.) e, pelo menos, um computador funcionando, podendo ou não
      estar conectada à internet;
   2. Os alunos devem ter acesso permitido à Sala de Informática no contraturno do período em que
      estudam e não apenas no período de suas aulas;
   3. Deve haver um conjunto de regras de uso da Sala de Informática, visível na própria Sala de
      Informática, e previamente apresentado, discutido e acordado com os alunos;
   4. Se a escola não tiver um funcionário que possa cuidar do acesso à Sala de Informática, deve ser
      montada uma equipe de alunos monitores que se encarregarão dessa tarefa;
   5. A escola deve possuir alguma forma de garantir a manutenção de software (configuração dos
      computadores) e, preferencialmente, também deve possuir alguma manutenção de hardware e
      condições de substituir peças que podem se estragar naturalmente, como mouses e teclados.

Uma boa Sala de Informática deveria ter em torno de 40 computadores conectados à internet por banda
larga de pelo menos 4 Mb, possuir periféricos (como impressoras, scanners, fones de ouvido e webcan) e
um datashow ou uma lousa digital. Porém, não é necessário que se tenha uma Sala de Informática como
essa para que se possa fazer um algum uso pedagógico dela, pois mesmo com as pré-condições mínimas
descritas acima é possível usar a Sala de Informática em diversas situações.

Pós-condições mínimas para o uso da Sala de Informática

Havendo uma Sala de Informática que atenda esses requisitos mínimos, falta agora saber se há na escola
ao menos um professor disposto a cumprir seu papel de educador e não apenas o seu compromisso de
“dadador de aulas”. Na verdade todos os educadores deveriam ter uma preocupação razoável com a
inserção de seus alunos no mundo tecnológico onde se encontram, mesmo que esses mesmos
professores já tenham jogado a toalha no que diz respeito à sua própria capacidade de continuar
aprendendo.

Um único professor, que seja, que proponha ou execute atividades para as quais o computador seja uma
ferramenta, já possibilita o uso da Sala de Informática de forma pedagógica. Um grupo de cinco
professores fazendo uso intensivo das TICs já satura a capacidade da Sala de Informática. Portanto não é
preciso convencer aquele professor que só está preocupado em contar os dias para a sua aposentadoria
ou aquele outro que dá 60 aulas semanais em cinco escolas e se diz sem tempo para fazer outra coisa
que não seja escrever na lousa.

Usando a Sala de Informática sem nunca entrar nela

Desde que a escola disponha de uma estrutura que permita o acesso dos alunos à Sala de Informática no
contraturno (por meio de um funcionário encarregado de disponibilizá-la ou mesmo de um grupo de alunos
monitores) é sempre possível propor atividades para os alunos com o uso dos computadores, mesmo que
o professor se sinta constrangido em adentrar a um ambiente onde ele é, muitas vezes, o mais ignorante
dos presentes.

Todas as atividades listadas abaixo podem ser realizadas pelos alunos sem a necessidade de um
professor que os acompanhe:

       Pesquisa na internet: os alunos já fazem pesquisas na internet quando seus professores lhes
       pedem “trabalhos”. O fato de muitos deles devolverem trabalhos que são meramente cópias
       descaradas de sites, ou mesmo trabalhos já publicados na internet, depende muito mais da
       incapacidade do professor em propor uma boa pesquisa do que da disponibilidade de sites e
       trabalhos prontos na internet ou da “desonestidade” dos alunos. Para propor uma boa pesquisa o
       professor não precisa sequer entrar na Sala de Informática, bastando apenas que ele seja
       realmente um professor que saiba propor pesquisas (com ou sem internet) e não um “dadador de
aulas” que ao fim e ao cabo espera mesmo que o aluno lhe entregue um punhado de papel e não
       que ele aprenda algo com isso. Aqui mesmo nesse blog você encontrará alguns subsídios para
       compreender melhor o mecanismo de pesquisa na internet (veja, por exemplo, o artigo “Pesquisa
       escolar na Internet: Ctrl+C & Ctrl+V versus Cópia Manuscrita“) e sobre como propor boas
       pesquisas.
       Digitação de textos e elaboração de apresentações: Ao invés de solicitar que os alunos criem
       cartazes e os pendurem nas paredes da escola, o professor pode propor que eles apresentem
       seus trabalhos usando um projetor multimídia (se a escola dispuser de um) ou mesmo usando uma
       TV com aparelho de DVD. Se o professor não faz idéia de como criar uma apresentação de slides
       e então apresentá-la em um datashow ou em um formato de DVD, não tem problema algum, pois
       seus alunos, que também não sabem, aprenderão sozinhos, mesmo que o professor não se
       disponha a ajudá-los a aprender ou a aprender com eles. A maioria dos alunos de hoje em dia é
       bem mais autônoma do que seus professores e, por isso, conseguem aprender a fazer coisas que
       seus professores não conseguem;
       Uso de softwares de criação e edição de imagens, vídeos e arquivos sonoros: os alunos são
       capazes de ilustrar um trabalho com um vídeo produzido por eles mesmos, usando seus celulares,
       e posteriormente editado no computador da Sala de Informática, ou usar o mesmo celular para
       gravar uma entrevista e depois editá-la no computador, transcrevê-la para um documento de texto
       e até mesmo publicar esse documento na web. Não é preciso que o professor saiba nada disso, e
       mesmo se ele não quiser ou não se sentir capaz para aprender, ainda assim ele pode solicitar isso
       a seus alunos e certamente eles o farão, enriquecendo assim sua aprendizagem;
       Busca e uso de materiais didáticos alternativos: a internet é uma biblioteca literalmente infinita
       onde os alunos podem encontrar informações e materiais didáticos sobre qualquer assunto ou
       disciplina. Mesmo o professor que vive limitado aos seus poucos livros, às vezes apenas um, deve
       ter consciência de que seu aluno obterá muito mais informação na internet do que nas suas aulas
       e, portanto, não deve dispensar esse recurso como fonte de informação para seus alunos.
       Evidentemente esperar-se-ia que um bom professor fosse capaz de indicar os melhores sites para
       consulta, os links para bons materiais jornalísticos, etc., mas mesmo aquele professor que mal
       sabe para si mesmo ainda pode indicar de forma “genérica” que seus alunos busquem mais
       informações sobre os temas da aula no “Google”. O hábito de pesquisar informações e conteúdos
       na internet tende a se intensificar cada vez mais e em breve poderemos aposentar enfim os
       professores cuja única utilidade continua sendo copiar e colar na lousa os conteúdos pobres que
       ele dispõe de um ou dois livros didáticos apenas;
       Aprendizagens colaborativas, redes sociais e multimeios: na Internet o aluno pode fazer
       amigos, discutir assuntos de seu interesse, paquerar e surfar por temas que não tem nenhuma
       relação com os conteúdos escolares, mas ele também pode participar de grupos de discussão,
       pode tirar dúvidas com professores que não se sentem “velhos, acabados e desestimulados” e que
       se dispõem a ajudar alunos que nem mesmo são seus. Nas redes sociais também se podem
       formar grupos de estudo, pode-se paquerar ou fazer a lição de casa “à distância”, pode-se matar o
       tempo vendo vídeos engraçados ou assistindo a experimentos e demonstrações que muitas vezes
       seus professores se negam a fazer por “falta de tempo ou de recursos”. Enfim, a internet também
       é, em muitos casos, uma escola bem mais útil para o aluno do que a velha sala de aula chata onde
       uma voz monótona repete parágrafos copiados de livros velhos;

Evidentemente há ainda muitas outras possibilidades para se abandonar seu aluno na Sala de Informática
e, mesmo assim, conseguir dele uma melhor aprendizagem do que a que ele obtém apenas copiando
aquilo que o próprio professor copia dos livros. E, evidentemente, também há riscos e problemas diversos
decorrentes desse abandono. Mas é melhor deixar que seu aluno usufrua desses recursos na Sala de
Informática do que privá-lo deles só porque o professor se sente incompetente para acompanhá-lo nessa
jornada. Se o professor sente que “não aguenta”, que ele deixe que seu aluno vá sozinho, ao invés de
puxá-lo junto consigo para as profundezas do atraso.

Usando e estando presente na Sala de Informática

Para professores que não se sentem constrangidos em aprender e que se dispõem a participar mais
efetivamente do processo de ensino e aprendizagem com seus alunos, a presença na Sala de Informática
poderá não apenas enriquecer, e muito, a aprendizagem dos alunos mas, principalmente, enriquecer a sua
própria aprendizagem.
Ao propor uma pesquisa aos alunos e se dispor a acompanhá-los na Sala de Informática, o professor tem
a oportunidade de avaliar conjuntamente a qualidade, pertinência e eficácia das informações encontradas
nos vários sites pesquisados. Estando presente o professor pode interferir e redirecionar o processo, pode
corrigir, acrescentar, modificar e, acima de tudo, aprender muito mais sobre o conteúdo que ele está
ensinando.

Questões transversais mas de suma importância, como ética, preceitos morais e legais, regras de
comunicação e convivência, cuidados com a privacidade própria e alheia, cidadania e responsabilidade,
são temas presentes e recorrentes em toda navegação pela web. Quando o aluno trabalha sozinho ele
tem que aprender também a lidar sozinho com essas questões, mas estando acompanhado por um
professor, que se supõe poder orientá-lo nessas questões, ele poderá construir melhor seu caráter e seus
valores enquanto lida com “conteúdos e comandas de trabalho”.

Além disso, estar presente com os alunos durante a atividade não significa ter a responsabilidade de saber
usar os computadores, os periféricos, os softwares ou o de deter conhecimentos elaborados sobre os usos
e recursos da internet. Assim como os próprios alunos, o professor será sempre um eterno aprendiz das
novas tecnologias e recursos. O papel do professor na Sala de Informática não é nem nunca foi o de
“ensinar informática”, mas sim e tão somente o papel que ele tem fora da Sala de Informática: o papel de
atuar como professor de sua disciplina e como educador no que diz respeito à formação integral do
indivíduo sob sua tutela educacional!

Levar uma classe inteira para a Sala de Informática também requer alguns desafios, mas que nada têm a
ver com a informática em si, e sim com a otimização do uso dos recursos disponíveis:

       trabalhando em grupos: é a forma mais racional de contornar a falta de equipamentos. Mesmo
       assim, quando não for possível agrupar os alunos em um número de até no máximo quatro por
       computador, divida a turma em dois ou mais blocos e enquanto um bloco utiliza os computadores
       (em grupos de até quatro alunos), os demais blocos realizam outras atividades que não requerem o
       uso do computador, alternando-se os grupos durante o espaço da aula;
       organizando os tempos: é a forma mais racional de otimizar o uso da Sala de Informática de
       maneira a garantir o uso dos equipamentos por todos os alunos. As atividades realizadas na Sala
       de Informática com a presença do professor e da classe toda devem ser dimensionadas de
       maneira a permitir sua execução dentro do período da aula;
       preparando previamente a atividade: é a forma mais racional de garantir a aprendizagem efetiva
       dos alunos. Assim como em uma aula tradicional, se o professor entrar na sala de aula sem um
       plano de aula previamente elaborado, e permitir que cada aluno faça o que bem quiser, não haverá
       aprendizado algum.
       permitindo a aprendizagem colaborativa: é a forma mais racional de se obter produtividade em um
       ambiente onde alguns sabem mais que outros e onde o professor geralmente não é o mais
       capacitado para responder as perguntas específicas sobre o uso de equipamentos e softwares. Os
       alunos se ajudam e compartilham seu conhecimento, se sujeitam a aprenderem com os colegas e
       se interessam por aprender tanto quanto os mais experientes. Embarque nessa idéia!

O gerenciamento da disciplina na Sala de Informática segue os mesmos preceitos do gerenciamento em
sala de aula normal quando se tem trabalhos em grupos. As regras de convivência, respeito mútuo,
preservação do patrimônio público e privado, respeito aos preceitos éticos, morais e legais, devem ser as
mesmas da sala de aula tradicional. Mas, se na sala de aula tradicional seus alunos sobem nas carteiras,
escrevem nos tampos das mesas e atiram papéis uns nos outros, é muito provável que também o farão na
Sala de Informática. De onde decorre naturalmente que, tendo equipamentos caros na Sala de
Informática, não é mesmo recomendável que professores que não têm competência para administrar suas
turmas as levem para esse novo ambiente (ou para qualquer outro lugar). Nesse caso a experiência
mostra que a ausência do professor oferece menos riscos para o patrimônio da escola do que sua
presença!

Extrapolando o uso da Sala de Informática

No cenário mais promissor temos, enfim, um professor que consegue realizar atividades com seus alunos
na Sala de Informática e que propõe atividades que os alunos possam realizar nesse ambiente no
contraturno, como tarefas de casa, trabalhos, pesquisas e outras possibilidades. Evidentemente os alunos
também podem fazer essas atividades em suas casas, desde que disponham de computadores e acesso
a internet, mas mesmo assim eles tendem a vir para a Sala de Informática para fazer algumas dessas
atividades quando elas são propostas para grupos ou como parte de trabalhos multidisciplinares.

Nesse cenário, raro, mas já visível em vários locais, o professor usa os recursos da web 2.0 de forma
compartilhada com seus alunos, troca e-mails com eles, bate papo no MSN, participa de comunidades do
Orkut, de grupos do Yahoo e Google, mantém um blog compartilhado, usa materiais e recursos da rede e
propõe atividades on-line, síncronas e assíncronas.

Para um professor nesse nível de inserção com as TICs, a Sala de Informática já deixou de ser um
ambiente “extraclasse” e passou a ser uma extensão da sua sala de aula e esta, muitas vezes, já
extrapolou até os muros da escola e se estendeu pela rede, na forma de EAD e comunidades virtuais de
ensino e aprendizagem. Para esses professores esse artigo é, obviamente, inútil, mas para todos os
outros talvez haja algo que possa ser repensado e , quem sabe, “pelo menos tentado”.

Um breve relato de estudo de caso de acesso facilitado à Sala de Informática

Em uma certa escola a Sala de Informática ficou fechada por muitos anos por falta de professores que a
utilizassem com os alunos e por miopia pedagógica da gestão local que preferia mantê-la trancada para
evitar “danos” do que abri-la para os alunos e permitir que, pelo menos eles, a usassem. O resultado disso
foi que ao longo de meia década a sala ficou sem uso e, quando foi reaberta, por pressão de um professor
que queria muito utilizá-la, seus equipamentos já estavam danificados pelo envelhecimento natural, seus
softwares estavam ultrapassados e a configuração das máquinas já não era suficiente para atender às
novas necessidades dos softwares.

Mesmo assim o professor abriu a Sala, recuperou os computadores, fez upgrade do hardware e dos
softwares onde era possível e passou a utilizá-la. Um ano depois a gestão da escola foi trocada e a nova
gestão aceitou com bons olhos o uso da Sala de Informática, mas não havia nenhum funcionário
disponível para garantir o acesso dos alunos.

A solução encontrada foi criar um grupo de alunos monitores cuja função básica era a de abrir e fechar a
Sala de Informática, registrar o uso dos computadores e manter a organização geral de agendamentos de
uso, além, é claro, de ajudar os colegas naquilo que sabiam. Mas nenhum desses monitores tinha
capacitação técnica para realmente “gerenciar” uma sala de informática ou dar suporte técnico para os
demais alunos além do básico.

Nos quatro anos seguintes a Sala de Informática funcionou normalmente e não houve uma única
ocorrência de vandalismo, depredação ou mesmo de mau uso dos equipamentos. Todos os defeitos
apresentados nas máquinas deveram-se ao envelhecimento e ao desgaste natural, como mouses
quebrados, monitores pifados, teclados com defeito ou mesmo placas de rede queimadas.

Nesse período todos os alunos utilizaram a Sala de Informática nos períodos da manhã e da tarde, onde
havia monitores, quase sempre sem a presença de algum professor ou funcionário da escola. Eles
mesmos passaram a cuidar da manutenção do software das máquinas, da limpeza e conservação da sala
e, alguns com conhecimentos mais técnicos, se ofereceram para pequenos consertos. Não se registrou
nem mesmo um único rabisco no mobiliário.

Com o tempo mais professores passaram a usar a Sala de Informática com seus alunos, ou propondo
atividades que poderiam ser potencializadas com o uso da Sala de Informática de maneira autônoma
pelos alunos. Aos poucos a cultura de uso e conservação da Sala de Informática foi sendo construída e
todos os mitos provenientes da ignorância e da preguiça (“os alunos são vândalos e quebrarão as
máquinas”, “vão usar a sala para tudo, menos para aprender”, etc.) foram sendo abandonados diante da
realidade nua e crua de que a Sala de Informática é um patrimônio da comunidade escolar e não uma
caixinha de brinquedos da gestão local ou uma grande caixa de Pandora, de onde sairão todos os
monstros dos pesadelos de professores descomprometidos.

Então, será que já não é tempo de quebrar esses cadeados das portas das Salas de Informática e das
mentes retrógradas de alguns gestores e professores e devolvermos aos alunos o patrimônio que é
verdadeiramente deles?

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  • 1. O USO PEDAGÓGICO DA SALA DE INFORMÁTICA DA ESCOLA Desde o início da década de noventa alguns governos vêm investindo continuamente no aparelhamento das escolas públicas com a implantação de Salas de Informática, também chamadas de Laboratórios de Informática dentre outras denominações. No mesmo período as escolas particulares também começaram a investir pesadamente na montagem dessas salas e em equipamentos de multimídia, como datashows e telões. A partir do início dessa década, lá por 2002, muitas escolas já dispunham dessas salas e de um histórico de uso das mesmas, quase sempre ruim. Agora, no final dessa primeira década, já temos condições de fazer um bom balanço desse processo e dos resultados advindos dele. E o balanço é bastante negativo. A implantação de Salas de Informática nas escolas se baseou, na maioria das vezes, no pressuposto errado de que “faltava apenas o computador” para que o processo de modernização das escolas e do ensino se desse de forma natural, como se isso fosse um processo simples e automático. Além disso, como nossos gestores políticos entendem muito pouco de educação, mas adoram fazer “investimentos”, as Salas de Informática configuraram-se como uma ótima oportunidade para se gastar o dinheiro público com reformas e equipamentos, mas sem uma preocupação verdadeiramente pedagógica por trás do investimento. Ainda no início da década passada já encontrávamos diversas escolas onde esses computadores estavam quebrados, desatualizados, sucateados e sem nenhuma manutenção. Agora, já praticamente fechando a primeira década do terceiro milênio, a situação continua muito parecida em muitos lugares. Computadores que custaram caro, pois o poder público é expert em gastar mal o nosso dinheiro, continuam depreciando em centenas de escola sem nenhum uso por parte dos alunos. Sobre a depreciação desses computadores e a necessidade econômica (além de pedagógica) de seu uso, veja o artigo “Quebrando computadores“, escrito originalmente no início de 2005 e republicado aqui nesse blog em 2008. Paralelamente à falta de inteligência dos gestores públicos, vimos uma generalizada falta de vontade de educadores que resistiram bravamente ao uso dos computadores, mesmo quando estes estavam em plenas condições de serem usados. Sob argumentos que iam do “não preciso disso” até o “não sei como usar”, foram poucos os professores que se dispuseram a aprender a usar os computadores de forma pedagógica ou mesmo a repensar suas práticas pedagógicas diante da necessidade de inserir seus alunos no universo digital onde eles, os alunos, e o próprio professor, já vivem há muito tempo. Agora, passadas duas décadas desde o início desse processo de inserção das novas tecnologias na escola, já não faz mais nenhum sentido discutir se vale ou não a pena usar os computadores, a internet e as TICs de forma geral. O mundo, independentemente da falta de vontade de alguns professores e da má vontade da maioria dos políticos, já definiu que não poderá continuar existindo sem essas novas tecnologias. É simplesmente impossível conceber um mundo e uma escola sem essas tecnologias, a menos que se faça a opção por uma vida eremita. Nesse contexto, o uso da Sala de Informática deixa de ser uma possibilidade a mais e passa a ser uma necessidade que se impõe tão fortemente quanto a necessidade da lousa e do giz, que ainda existirão por um bom tempo. Mas como promover esse uso? Este artigo não pretende justificar a necessidade de se usar os computadores e a Sala de Informática, mas ao invés disso pretende apontar algumas possibilidades de uso desse ambiente de maneira que o professor, mesmo aquele que ainda não se sente seguro para desenvolver atividades diretamente na Sala de Informática, possa dar aos seus alunos alguma possibilidade de usá-la, independentemente dele usá-la também, se for o caso.
  • 2. Pré-condições mínimas para o uso da Sala de Informática Não faz sentido falar em uso da Sala de Informática se a escola não dispuser de, pelo menos, alguns requisitos básicos que permitam esse uso: 1. A Sala de Informática deve se encontrar em condições físicas de uso (possuir mobiliário adequado, instalação elétrica compatível, etc.) e, pelo menos, um computador funcionando, podendo ou não estar conectada à internet; 2. Os alunos devem ter acesso permitido à Sala de Informática no contraturno do período em que estudam e não apenas no período de suas aulas; 3. Deve haver um conjunto de regras de uso da Sala de Informática, visível na própria Sala de Informática, e previamente apresentado, discutido e acordado com os alunos; 4. Se a escola não tiver um funcionário que possa cuidar do acesso à Sala de Informática, deve ser montada uma equipe de alunos monitores que se encarregarão dessa tarefa; 5. A escola deve possuir alguma forma de garantir a manutenção de software (configuração dos computadores) e, preferencialmente, também deve possuir alguma manutenção de hardware e condições de substituir peças que podem se estragar naturalmente, como mouses e teclados. Uma boa Sala de Informática deveria ter em torno de 40 computadores conectados à internet por banda larga de pelo menos 4 Mb, possuir periféricos (como impressoras, scanners, fones de ouvido e webcan) e um datashow ou uma lousa digital. Porém, não é necessário que se tenha uma Sala de Informática como essa para que se possa fazer um algum uso pedagógico dela, pois mesmo com as pré-condições mínimas descritas acima é possível usar a Sala de Informática em diversas situações. Pós-condições mínimas para o uso da Sala de Informática Havendo uma Sala de Informática que atenda esses requisitos mínimos, falta agora saber se há na escola ao menos um professor disposto a cumprir seu papel de educador e não apenas o seu compromisso de “dadador de aulas”. Na verdade todos os educadores deveriam ter uma preocupação razoável com a inserção de seus alunos no mundo tecnológico onde se encontram, mesmo que esses mesmos professores já tenham jogado a toalha no que diz respeito à sua própria capacidade de continuar aprendendo. Um único professor, que seja, que proponha ou execute atividades para as quais o computador seja uma ferramenta, já possibilita o uso da Sala de Informática de forma pedagógica. Um grupo de cinco professores fazendo uso intensivo das TICs já satura a capacidade da Sala de Informática. Portanto não é preciso convencer aquele professor que só está preocupado em contar os dias para a sua aposentadoria ou aquele outro que dá 60 aulas semanais em cinco escolas e se diz sem tempo para fazer outra coisa que não seja escrever na lousa. Usando a Sala de Informática sem nunca entrar nela Desde que a escola disponha de uma estrutura que permita o acesso dos alunos à Sala de Informática no contraturno (por meio de um funcionário encarregado de disponibilizá-la ou mesmo de um grupo de alunos monitores) é sempre possível propor atividades para os alunos com o uso dos computadores, mesmo que o professor se sinta constrangido em adentrar a um ambiente onde ele é, muitas vezes, o mais ignorante dos presentes. Todas as atividades listadas abaixo podem ser realizadas pelos alunos sem a necessidade de um professor que os acompanhe: Pesquisa na internet: os alunos já fazem pesquisas na internet quando seus professores lhes pedem “trabalhos”. O fato de muitos deles devolverem trabalhos que são meramente cópias descaradas de sites, ou mesmo trabalhos já publicados na internet, depende muito mais da incapacidade do professor em propor uma boa pesquisa do que da disponibilidade de sites e trabalhos prontos na internet ou da “desonestidade” dos alunos. Para propor uma boa pesquisa o professor não precisa sequer entrar na Sala de Informática, bastando apenas que ele seja realmente um professor que saiba propor pesquisas (com ou sem internet) e não um “dadador de
  • 3. aulas” que ao fim e ao cabo espera mesmo que o aluno lhe entregue um punhado de papel e não que ele aprenda algo com isso. Aqui mesmo nesse blog você encontrará alguns subsídios para compreender melhor o mecanismo de pesquisa na internet (veja, por exemplo, o artigo “Pesquisa escolar na Internet: Ctrl+C & Ctrl+V versus Cópia Manuscrita“) e sobre como propor boas pesquisas. Digitação de textos e elaboração de apresentações: Ao invés de solicitar que os alunos criem cartazes e os pendurem nas paredes da escola, o professor pode propor que eles apresentem seus trabalhos usando um projetor multimídia (se a escola dispuser de um) ou mesmo usando uma TV com aparelho de DVD. Se o professor não faz idéia de como criar uma apresentação de slides e então apresentá-la em um datashow ou em um formato de DVD, não tem problema algum, pois seus alunos, que também não sabem, aprenderão sozinhos, mesmo que o professor não se disponha a ajudá-los a aprender ou a aprender com eles. A maioria dos alunos de hoje em dia é bem mais autônoma do que seus professores e, por isso, conseguem aprender a fazer coisas que seus professores não conseguem; Uso de softwares de criação e edição de imagens, vídeos e arquivos sonoros: os alunos são capazes de ilustrar um trabalho com um vídeo produzido por eles mesmos, usando seus celulares, e posteriormente editado no computador da Sala de Informática, ou usar o mesmo celular para gravar uma entrevista e depois editá-la no computador, transcrevê-la para um documento de texto e até mesmo publicar esse documento na web. Não é preciso que o professor saiba nada disso, e mesmo se ele não quiser ou não se sentir capaz para aprender, ainda assim ele pode solicitar isso a seus alunos e certamente eles o farão, enriquecendo assim sua aprendizagem; Busca e uso de materiais didáticos alternativos: a internet é uma biblioteca literalmente infinita onde os alunos podem encontrar informações e materiais didáticos sobre qualquer assunto ou disciplina. Mesmo o professor que vive limitado aos seus poucos livros, às vezes apenas um, deve ter consciência de que seu aluno obterá muito mais informação na internet do que nas suas aulas e, portanto, não deve dispensar esse recurso como fonte de informação para seus alunos. Evidentemente esperar-se-ia que um bom professor fosse capaz de indicar os melhores sites para consulta, os links para bons materiais jornalísticos, etc., mas mesmo aquele professor que mal sabe para si mesmo ainda pode indicar de forma “genérica” que seus alunos busquem mais informações sobre os temas da aula no “Google”. O hábito de pesquisar informações e conteúdos na internet tende a se intensificar cada vez mais e em breve poderemos aposentar enfim os professores cuja única utilidade continua sendo copiar e colar na lousa os conteúdos pobres que ele dispõe de um ou dois livros didáticos apenas; Aprendizagens colaborativas, redes sociais e multimeios: na Internet o aluno pode fazer amigos, discutir assuntos de seu interesse, paquerar e surfar por temas que não tem nenhuma relação com os conteúdos escolares, mas ele também pode participar de grupos de discussão, pode tirar dúvidas com professores que não se sentem “velhos, acabados e desestimulados” e que se dispõem a ajudar alunos que nem mesmo são seus. Nas redes sociais também se podem formar grupos de estudo, pode-se paquerar ou fazer a lição de casa “à distância”, pode-se matar o tempo vendo vídeos engraçados ou assistindo a experimentos e demonstrações que muitas vezes seus professores se negam a fazer por “falta de tempo ou de recursos”. Enfim, a internet também é, em muitos casos, uma escola bem mais útil para o aluno do que a velha sala de aula chata onde uma voz monótona repete parágrafos copiados de livros velhos; Evidentemente há ainda muitas outras possibilidades para se abandonar seu aluno na Sala de Informática e, mesmo assim, conseguir dele uma melhor aprendizagem do que a que ele obtém apenas copiando aquilo que o próprio professor copia dos livros. E, evidentemente, também há riscos e problemas diversos decorrentes desse abandono. Mas é melhor deixar que seu aluno usufrua desses recursos na Sala de Informática do que privá-lo deles só porque o professor se sente incompetente para acompanhá-lo nessa jornada. Se o professor sente que “não aguenta”, que ele deixe que seu aluno vá sozinho, ao invés de puxá-lo junto consigo para as profundezas do atraso. Usando e estando presente na Sala de Informática Para professores que não se sentem constrangidos em aprender e que se dispõem a participar mais efetivamente do processo de ensino e aprendizagem com seus alunos, a presença na Sala de Informática poderá não apenas enriquecer, e muito, a aprendizagem dos alunos mas, principalmente, enriquecer a sua própria aprendizagem.
  • 4. Ao propor uma pesquisa aos alunos e se dispor a acompanhá-los na Sala de Informática, o professor tem a oportunidade de avaliar conjuntamente a qualidade, pertinência e eficácia das informações encontradas nos vários sites pesquisados. Estando presente o professor pode interferir e redirecionar o processo, pode corrigir, acrescentar, modificar e, acima de tudo, aprender muito mais sobre o conteúdo que ele está ensinando. Questões transversais mas de suma importância, como ética, preceitos morais e legais, regras de comunicação e convivência, cuidados com a privacidade própria e alheia, cidadania e responsabilidade, são temas presentes e recorrentes em toda navegação pela web. Quando o aluno trabalha sozinho ele tem que aprender também a lidar sozinho com essas questões, mas estando acompanhado por um professor, que se supõe poder orientá-lo nessas questões, ele poderá construir melhor seu caráter e seus valores enquanto lida com “conteúdos e comandas de trabalho”. Além disso, estar presente com os alunos durante a atividade não significa ter a responsabilidade de saber usar os computadores, os periféricos, os softwares ou o de deter conhecimentos elaborados sobre os usos e recursos da internet. Assim como os próprios alunos, o professor será sempre um eterno aprendiz das novas tecnologias e recursos. O papel do professor na Sala de Informática não é nem nunca foi o de “ensinar informática”, mas sim e tão somente o papel que ele tem fora da Sala de Informática: o papel de atuar como professor de sua disciplina e como educador no que diz respeito à formação integral do indivíduo sob sua tutela educacional! Levar uma classe inteira para a Sala de Informática também requer alguns desafios, mas que nada têm a ver com a informática em si, e sim com a otimização do uso dos recursos disponíveis: trabalhando em grupos: é a forma mais racional de contornar a falta de equipamentos. Mesmo assim, quando não for possível agrupar os alunos em um número de até no máximo quatro por computador, divida a turma em dois ou mais blocos e enquanto um bloco utiliza os computadores (em grupos de até quatro alunos), os demais blocos realizam outras atividades que não requerem o uso do computador, alternando-se os grupos durante o espaço da aula; organizando os tempos: é a forma mais racional de otimizar o uso da Sala de Informática de maneira a garantir o uso dos equipamentos por todos os alunos. As atividades realizadas na Sala de Informática com a presença do professor e da classe toda devem ser dimensionadas de maneira a permitir sua execução dentro do período da aula; preparando previamente a atividade: é a forma mais racional de garantir a aprendizagem efetiva dos alunos. Assim como em uma aula tradicional, se o professor entrar na sala de aula sem um plano de aula previamente elaborado, e permitir que cada aluno faça o que bem quiser, não haverá aprendizado algum. permitindo a aprendizagem colaborativa: é a forma mais racional de se obter produtividade em um ambiente onde alguns sabem mais que outros e onde o professor geralmente não é o mais capacitado para responder as perguntas específicas sobre o uso de equipamentos e softwares. Os alunos se ajudam e compartilham seu conhecimento, se sujeitam a aprenderem com os colegas e se interessam por aprender tanto quanto os mais experientes. Embarque nessa idéia! O gerenciamento da disciplina na Sala de Informática segue os mesmos preceitos do gerenciamento em sala de aula normal quando se tem trabalhos em grupos. As regras de convivência, respeito mútuo, preservação do patrimônio público e privado, respeito aos preceitos éticos, morais e legais, devem ser as mesmas da sala de aula tradicional. Mas, se na sala de aula tradicional seus alunos sobem nas carteiras, escrevem nos tampos das mesas e atiram papéis uns nos outros, é muito provável que também o farão na Sala de Informática. De onde decorre naturalmente que, tendo equipamentos caros na Sala de Informática, não é mesmo recomendável que professores que não têm competência para administrar suas turmas as levem para esse novo ambiente (ou para qualquer outro lugar). Nesse caso a experiência mostra que a ausência do professor oferece menos riscos para o patrimônio da escola do que sua presença! Extrapolando o uso da Sala de Informática No cenário mais promissor temos, enfim, um professor que consegue realizar atividades com seus alunos na Sala de Informática e que propõe atividades que os alunos possam realizar nesse ambiente no contraturno, como tarefas de casa, trabalhos, pesquisas e outras possibilidades. Evidentemente os alunos
  • 5. também podem fazer essas atividades em suas casas, desde que disponham de computadores e acesso a internet, mas mesmo assim eles tendem a vir para a Sala de Informática para fazer algumas dessas atividades quando elas são propostas para grupos ou como parte de trabalhos multidisciplinares. Nesse cenário, raro, mas já visível em vários locais, o professor usa os recursos da web 2.0 de forma compartilhada com seus alunos, troca e-mails com eles, bate papo no MSN, participa de comunidades do Orkut, de grupos do Yahoo e Google, mantém um blog compartilhado, usa materiais e recursos da rede e propõe atividades on-line, síncronas e assíncronas. Para um professor nesse nível de inserção com as TICs, a Sala de Informática já deixou de ser um ambiente “extraclasse” e passou a ser uma extensão da sua sala de aula e esta, muitas vezes, já extrapolou até os muros da escola e se estendeu pela rede, na forma de EAD e comunidades virtuais de ensino e aprendizagem. Para esses professores esse artigo é, obviamente, inútil, mas para todos os outros talvez haja algo que possa ser repensado e , quem sabe, “pelo menos tentado”. Um breve relato de estudo de caso de acesso facilitado à Sala de Informática Em uma certa escola a Sala de Informática ficou fechada por muitos anos por falta de professores que a utilizassem com os alunos e por miopia pedagógica da gestão local que preferia mantê-la trancada para evitar “danos” do que abri-la para os alunos e permitir que, pelo menos eles, a usassem. O resultado disso foi que ao longo de meia década a sala ficou sem uso e, quando foi reaberta, por pressão de um professor que queria muito utilizá-la, seus equipamentos já estavam danificados pelo envelhecimento natural, seus softwares estavam ultrapassados e a configuração das máquinas já não era suficiente para atender às novas necessidades dos softwares. Mesmo assim o professor abriu a Sala, recuperou os computadores, fez upgrade do hardware e dos softwares onde era possível e passou a utilizá-la. Um ano depois a gestão da escola foi trocada e a nova gestão aceitou com bons olhos o uso da Sala de Informática, mas não havia nenhum funcionário disponível para garantir o acesso dos alunos. A solução encontrada foi criar um grupo de alunos monitores cuja função básica era a de abrir e fechar a Sala de Informática, registrar o uso dos computadores e manter a organização geral de agendamentos de uso, além, é claro, de ajudar os colegas naquilo que sabiam. Mas nenhum desses monitores tinha capacitação técnica para realmente “gerenciar” uma sala de informática ou dar suporte técnico para os demais alunos além do básico. Nos quatro anos seguintes a Sala de Informática funcionou normalmente e não houve uma única ocorrência de vandalismo, depredação ou mesmo de mau uso dos equipamentos. Todos os defeitos apresentados nas máquinas deveram-se ao envelhecimento e ao desgaste natural, como mouses quebrados, monitores pifados, teclados com defeito ou mesmo placas de rede queimadas. Nesse período todos os alunos utilizaram a Sala de Informática nos períodos da manhã e da tarde, onde havia monitores, quase sempre sem a presença de algum professor ou funcionário da escola. Eles mesmos passaram a cuidar da manutenção do software das máquinas, da limpeza e conservação da sala e, alguns com conhecimentos mais técnicos, se ofereceram para pequenos consertos. Não se registrou nem mesmo um único rabisco no mobiliário. Com o tempo mais professores passaram a usar a Sala de Informática com seus alunos, ou propondo atividades que poderiam ser potencializadas com o uso da Sala de Informática de maneira autônoma pelos alunos. Aos poucos a cultura de uso e conservação da Sala de Informática foi sendo construída e todos os mitos provenientes da ignorância e da preguiça (“os alunos são vândalos e quebrarão as máquinas”, “vão usar a sala para tudo, menos para aprender”, etc.) foram sendo abandonados diante da realidade nua e crua de que a Sala de Informática é um patrimônio da comunidade escolar e não uma caixinha de brinquedos da gestão local ou uma grande caixa de Pandora, de onde sairão todos os monstros dos pesadelos de professores descomprometidos. Então, será que já não é tempo de quebrar esses cadeados das portas das Salas de Informática e das mentes retrógradas de alguns gestores e professores e devolvermos aos alunos o patrimônio que é verdadeiramente deles?