Este documento discute a importância da comunicação entre a escola e os pais sobre o comportamento da criança, e fornece estratégias para os pais monitorarem possíveis problemas de comportamento ou emoções da criança e trabalharem com a escola para abordá-los.
O comportamento do seu filho na escola é semelhante ao que tem em casa?
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O comportamento do seu filho na escola é
semelhanteao que tem em casa?
A proximidade com os professores, representados pelo Diretor de Turma a
partir do 2.º Ciclo, é importante para que possa ter uma visão global do
desenvolvimento do seu filho, tanto na dimensão das aprendizagens escolares
como na dimensão emocional e comportamental.
Paula Marques
O período de permanência das crianças na escola é muito significativo quando comparado com o
tempo que passam em casa. O tempo que estão com colegas e com professores é frequentemente
maior do que o tempo que estão com os pais.
Com o caminhar para a entrada na adolescência, em que o grupo de pares tem uma influência muito
preponderante na auto-estima e nos comportamentos adotados, esta ligação estreita família-escola
assume uma importância ainda maior.
O indivíduo é capaz de adaptar o seu comportamento às circunstâncias sem que isso se torne
problemático. Pelo contrário, é uma flexibilidade reveladora de inteligência emocional ao agirmos
em determinado contexto ou com determinada pessoa de forma diferente de noutro contexto ou com
outra pessoa.
2. Esta plasticidade comportamental tem inerente a capacidade de tomada de perspetiva do outro e
contribui, aliás, para o sucesso nas relações sociais.
Contudo, em conversa com o Diretor de Turma, muitos pais ficam surpreendidos com os relatos
comportamentais que são feitos dos seus filhos por revelarem comportamentos muito diferentes dos
que têm em casa, seja porque revelam comportamentos de agressividade não expressos em família,
seja porque são demasiado passivos face a situações ameaçadoras de colegas quando, em casa, se
revelam até muito afirmativos.
Ora, nestes casos, não estamos só a falar de uma adaptação inteligente às circunstâncias do meio mas
a mudanças de comportamento que revelam dificuldades de gestão das emoções.
No primeiro caso, por excessivas necessidades de domínio e exercício de autoridade sobre o outro e,
no segundo, por receio na adoção de comportamentos de afirmação das suas necessidades por medo
ou em prol da pertença ao grupo. Em ambos os casos, o comportamento adotado representa uma
estratégia, embora desadequada, de proteção da auto-estima.
Perante a identificação deste tipo de situações, em que a informação obtida a partir do contexto
escolar é fundamental, importa desenvolver competências na criança que a ajudem a agir de forma
psicologicamente equilibrada.
Família e escola devem delinear estratégias que ajudem a criança a ser capaz de gerir as suas
emoções e o seu comportamento, caminhando no mesmo sentido.
Assim, procure:
Estar atento a mudanças de comportamento do seufilho
Tais como um excessivo isolamento, choro regular, decréscimo nos resultados escolares, perda de
interesse pela escola ou mesmo recusa escolar, objetos que aparecem estragados ou que são,
estranhamente, dados como perdidos e objetos que o seu filho tem e que não foram dados pelos pais.
Estabelecer contacto regular com o diretor de turma
Seja presencialmente ou por outro meio, como telefone ou email, evitando estar muito tempo sem ter
informações da escola.
Estar atento aos recados escritos na caderneta do aluno
E valorizar as preocupações mencionadas nesses recados. Mesmo que não concorde com o que é
descrito não desvalorize a situação junto do seu filho. Procure sim esclarecer a situação com os
professores.
Partilhar com o diretor de turma as suas preocupações
E alterações na dinâmica familiar, para que família e escola prossigam em prol do bem-estar do seu
filho.
Estar próximo de outros adultos que contactam com o seufilho noutros contextos
Por exemplo, nas atividades extra-escolares, de forma a perceber se identificam as mesmas reações
que são identificadas na escola.
Investir numa relação de proximidade com o seufilho
Promovendo espaços para a verbalização das suas dificuldades num contexto ausente de crítica mas
pautado pela partilha, reflexão, afeto e responsabilização. Não se esqueça de que a relação que ele
estabelece com os pais representa um modelo para a forma de relacionamento com os outros.
Leva a cabo as estratégias sugeridas e os problemas de comportamento do seu filho mantêm-se? O
contexto escolar continua a mencionar os mesmos problemas? Neste caso não hesite na procura da
ajuda especializada. Um psicólogo irá identificar as causas das dificuldades e desenhar uma
intervenção que conduza a um desenvolvimento psicoemocional equilibrado do seu filho.
Paula Marques
Licenciada em Psicologia pela Universidade do Porto e pós-graduada pela mesma instituição, conta
com especializações em consulta psicológica e intervenção psicológica com crianças, jovens e
adultos. Do seu currículo fazem parte várias formações nos domínios da avaliação cognitiva e da
personalidade, orientação vocacional, educação sexual e especialização em igualdade de género.
Exerce funções de psicóloga clínica e atualmente colabora com o centro CRIAR, atendendo
3. sobretudo casos relacionados com situações de adaptação/mudança de escola, escolhas vocacionais e
profissionais, avaliação cognitiva e situações relacionadas com aspetos de personalidade
(dificuldades de autoestima, ansiedade, problemas de relacionamento interpessoal, gestão
comportamental).