2.
"O Banquete" é um livro de diálogos de Platão atribuído a ele
mesmo e não a Sócrates, seu mestre, e é escrito como se fosse
uma peça de teatro. O plano de fundo consiste nos sete
discursos acerca do deus Eros, o deus do amor. Diz-se que
depois de muitas festas, com bebidas em excesso, resolveram
fazer uma pausa nos excessos (comida, bebida, mulheres) e
começaram um encontro filosófico sobre o elogio ao deus Eros,
na casa de Ágaton, sugerido por Erixímaco. Os oradores
entraram pela seguinte ordem: Fedro, Pausânias, Erixímaco,
Aristófanes, Ágaton, Sócrates e Alcibíades.
3. Fedro
Fedro, é o primeiro a falar, coloca Eros como
um dos mais antigos deuses, que surgiram
depois do Caos da terra, é o mais carregado
de glória, que pode proporcionar a virtude
e a felicidade aos homens nesta vida e depois
da morte. Pelo facto de ser antigo, traz a causa
dos nossos maiores bens, que é o amor de um
amante. Tudo o que os homens precisam se
quiserem viver bem na vida são os laços de
parentesco, a glória e a riqueza, nada no mundo
pode, como Eros, fazer nascer a beleza. É Eros que
incentiva os homens a fazer as coisas com brio. Só
os amantes aceitam morrer por outro.
4. Pausânias
Pausânias, é o segundo a falar, contradiz o
elogio a Eros, feito por Fedro, porque o deus
Eros não é único, pois há o Eros Celeste e o Eros
Vulgar. Ele tenta definir a espécie de Amor que
devemos elogiar, ele concebe o amor a duas
deusas: a mais antiga, Afrodite Celeste
(uraniana), que não teve mãe e é filha de
Úrano, é a filha do céu, e a Afrodite Pandêmia
(pandemiana), que é filha de Zeus, e de Dione.
Para ele, qualquer coisa praticada não é em si
mesma nem boa, nem má. Para que uma ação
seja boa, tem de ser bem aplicada, ou seja, com
justiça. O mesmo se dá com o amor. O Eros
Vulgar é o que leva os homens a amar mais o
corpo do que o espírito. O Eros Celeste, é o que
leva ao amor, pela beleza do carácter, ou seja, a
parte espiritual.
5. Erixímaco
Erixímaco, é o terceiro orador a falar, segundo
ele o amor não exerce influência apenas nas
almas, mas dá ainda, harmonia ao corpo.
Formado em medicina, quer acabar o discurso
de Pausânias, dizendo que o Eros não existe
somente nas almas dos homens, mas também
nos outros seres, nos corpos dos animais, em
todas as plantas, e na natureza em geral. Para
ele, a natureza orgânica comporta dois Eros, a
saúde e a doença, e que "o contrário procura o
contrário", frio contra calor, amargo contra
doce, etc. Um é o amor que reside no corpo
são; o outro é o que habita no corpo doente. Tal
como a medicina procura a convivência entre
os contrários, o amor deve procurar o
equilíbrio entre as necessidades físicas e
espirituais.
6. Aristófanes
Aristófanes, o quarto orador, começa por relevar
a importância da total ignorância por parte dos
homens acerca do poder de Eros. Para conhecer
esse poder, ele diz que é preciso antes conhecer
a história da natureza humana e, dito isto, passa
a descrever a teoria dos andróginos. Segundo
Aristófanes, a princípio havia três géneros entre
os homens, e não dois, como hoje, que eram
duplos em si mesmos: havia o género masculino
masculino, o feminino feminino e o masculino
feminino, o qual era chamado de Andrógino. O
Masculino foi inicialmente um rebento do sol, o
feminino, da terra, e o masculino feminino, da
lua.
7. Ágaton
Ágaton, o quinto orador, critica os oradores
que já falaram, pois acha que eles deram
demasiada importância a Eros, sem contudo
explicar a sua natureza e os seus dons. Ele ao
contrário de Fedro, caracteriza o amor como
o mais feliz, porque é o mais belo, o melhor,
e por isso é o deus mais jovem. Embora
Ágaton concorde com Fedro, ele não
concorda com o aspecto de que o amor seja
mais antigo, que Cronos e Jápeto. Depois
passa a enumerar as suas virtudes, ou seja, a
justiça, a temperança e a importância desse
deus terno e jovem. Desde que Eros nasceu o
amor da beleza tornou tudo melhor para os
deuses e os homens.
8. Sócrates
Sócrates, o sexto orador, é considerado o mais
importante dos oradores e começa por elogiar o
discurso de Ágaton. Fala sobre o conceito do amor
afirmando que o amor é algo desejado, mas este
objeto do amor só pode ser desejado quando este
falta e não quando se tem, pois ninguém deseja
aquilo de que não precisa mais. Segundo Platão, o
que se ama é somente "aquilo" que não se tem. O
"objeto" do amor está sempre ausente, mas é
sempre solicitado. Aquele que contempla as coisas
belas do amor, ostenta o belo, e perceberá algo
maravilhoso e belo em sua natureza. A verdade é
algo que está sempre mais além, sempre que
pensamos tê-la atingido, ela escapa-nos por entre os
dedos. Sócrates revela os ensinamentos de Diotina
sobre o amor, ela disse-lhe que o amor se encontra
entre dois extremos, o belo e o feio, o amor fica no
meio.
9. Alcibíades
Alcibíades, o sétimo orador,
faz um elogio a Sócrates e não
a Eros. Quer provar que
Sócrates é o amante, e não o
amado.