SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 59
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
         DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII
                   SENHOR DO BONFIM-BA
                   PEDAGOGIA 2006.1




         AMANDA FEITOSA DE FREITAS SILVA




 OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR NA
EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA CENTRO DE EDUCAÇÃO
            SEMENTINHA DO FUTURO




               SENHOR DO BONFIM - BA
                       2011
AMANDA FEITOSA DE FREITAS SILVA




 OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR NA
EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA CENTRO DE EDUCAÇÃO
            SEMENTINHA DO FUTURO




                       Trabalho Monográfico apresentado à
                       Universidade do Estado da Bahia,
                       Departamento de Educação, Campus VII
                       como pré-requisito para a conclusão do
                       Curso de Pedagogia: Gestão e Docência
                       dos Processos Educativos.

                       Orientadora Profª. Rita de Cássia Braz
                       Conceição Melo.




               SENHOR DO BONFIM - BA
                       2011
AMANDA FEITOSA DE FREITAS SILVA




 OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR NA
EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA CENTRO DE EDUCAÇÃO
            SEMENTINHA DO FUTURO



           Aprovada em _____/_____/_____


        ___________________________________
                   Orientador (a)


        ___________________________________
                    Avaliador (a)


        ___________________________________
                    Avaliador (a)
Dedico este trabalho ao Autor da minha Fé, minha
fonte de força durante toda esta trajetória. O meu
amor maior é pra ti.
Ao   meu      amado      esposo   pela   paciência   e
compreensão, mesmo com toda a distância seu
apoio foi fundamental.
À minha família agradeço todo amor, carinho e
respeito.
À minha turma querida que sempre estará em meu
coração. em especial ao querido amigo Erivaldo (Erí)
pelas palavras sábias nos momentos oportunos.
À Escola Centro de Educação Sementinha do
Futuro, às professoras, em especial a Adriana
Araujo e Neila Ribeiro que sempre abriram as portas
no momento em que precisei.
Às minhas amigas e colegas: Aurelina, Eliciene,
Jacira, Jeane, Valci, Viviane, Maísa, Jane, Robson e
Mayara pelo companheirismo e apoio durante todos
estes anos.
AGRADECIMENTOS


À Universidade do Estado da Bahia pelo espaço de construção de conhecimento e à
Profª. Suzzana Alice nossa ex-coordenadora pelas palavras de apoio durante toda
esta trajetória.
Aos professores do curso de Pedagogia do Campus VII por contribuir com a
formação.
À professora orientadora Rita Braz pelo incentivo, paciência e colaboração neste
trabalho.
A todos que de alguma forma fizeram parte da minha trajetória pessoal e acadêmica
durante esses quatro anos e cinco meses o meu eterno obrigada.
"ERA UMA VEZ uma criança que adorava ouvir histórias...
             ela nada mais esperava que viver cada momento,
      mas a cada passo dado neste seu mundo de sonhos e fantasia,
                     pouco a pouco, sem o perceber,
                 ia encontrando um sentido para a vida..."




           "E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias?
 O mais importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição...
crianças, jovens ou adultos, no mundo das fadas todos seguimos encantados
                      e... FELIZES PARA SEMPRE!"
                               Paulo Urban
                   Revista Planeta nº 345 / junho 2001
RESUMO


O presente trabalho monográfico parte da importância que tem os Contos de Fadas
na formação do ser humano, seja pessoal ou cognitiva e principalmente no incentivo
a formação do leitor na Educação Infantil. Essa pesquisa tem como aporte teórico
autores como Zilberman (1985), Coelho (2000), Bettelheim (1980), Abramovich
(1997), Silva (2005), Kramer (1994), entre outros. Utilizamos a pesquisa de caráter
qualitativo e como instrumento de coleta de dados a observação participante, e os
questionários aberto e fechado, que nos oferecem elementos importantes para o
propósito da pesquisa. A partir destes instrumentos é que foi possível notar que
apesar de não utilizarem projetos direcionados a leitura os professores da Escola
Centro de Educação Sementinha do Futuro fazem uso dos Contos de Fadas na sala
de aula.


Palavras-chave: Contos de Fadas, Leitura, Educação Infantil e prática Docente.
LISTA DE GRÁFICOS


Gráfico 4.1.1 Percentual quanto ao gênero dos sujeitos.
Gráfico 4.1.2 Percentual quanto ao nível de formação dos sujeitos.
Gráfico 4.1.3 Percentual quanto à carga-horária de trabalho.
Gráfico 4.1.4 Percentual quanto à faixa etária.
Gráfico 4.1.5 Percentual quanto à renda mensal dos sujeitos.
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO...........................................................................................................10
CAPÍTULO I................................................................................................................12
       1.1 Breve histórico da Literatura Infantil............................................................12
       1.2 Literatura e Leitura.....................................................................................14
CAPÍTULO II...............................................................................................................18
       2.1 Era uma vez... As Origens dos Contos de Fadas........................................18
       2.2 Características e personagens dos Contos de Fadas.................................19
       2.3 Leitura e sua construção por meio da Literatura.........................................21
       2.4 Educação Infantil: Alicerce do processo educativo......................................24
       2.5 Prática docente na Educação Infantil..........................................................26
CAPÍTULO III..............................................................................................................29
       3.1 Tipo de pesquisa..........................................................................................29
       3.2 Sujeitos da pesquisa....................................................................................30
       3.3 Lócus da pesquisa.......................................................................................30
       3.4 Instrumentos de coleta de dados.................................................................31
               3.4.1 Observação participante..................................................................31
               3.4.2 Questionário fechado.......................................................................32
               3.4.3 Questionário aberto..........................................................................32
CAPÍTULO IV.............................................................................................................34
       4.1 Perfis dos sujeitos........................................................................................34
               4.1.1 Gênero..............................................................................................34
               4.1.2 Nível de formação............................................................................35
               4.1.3 Carga horária de trabalho................................................................36
               4.1.4 Faixa etária.......................................................................................36
               4.1.5 Renda mensal..................................................................................37
       4.2 Contando e analisando: o que dizem as professoras..................................37
               4.2.1 O contato com os ouvintes...............................................................38
               4.2.2 O que é Literatura Infantil?...............................................................38
               4.2.3 Num lugar tão distante ainda existe o gosto pela leitura..................39
               4.2.4 Quem conta um conto aumenta... muitos pontos.............................40
               4.2.5 E quem quiser que conte outra (o)...................................................41
               4.2.6 Pela estrada a fora encantando com um capuz vermelho...............42
4.2.7 E pra formar leitores precisa de capuz vermelho?...........................42
               4.2.8 Contando... qual a sua maneira?.....................................................43
               4.2.9 O que precisa usar pra contar?........................................................44
               4.2.10 Tem hora certa pra contar?............................................................44
               4.2.11 Sobre projetos de leitura?..............................................................45
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................47
REFERENCIAS..........................................................................................................49
ANEXO.......................................................................................................................53
10



                                   INTRODUÇÃO


Os Contos de Fadas são uma mistura de lazer e aprendizado, a magia chegando
perto da realidade através do imaginário infantil, uma ligação de mundos que pode
trazer grandes benefícios e compreensões para a educação das crianças
oferecendo novas dimensões a sua imaginação e mexendo com todos os tipos de
convívios na sociedade, seja em família, ou na escola... Trazendo para si todas as
formas de emoções que as histórias permitem transmitir, além de auxiliar na
resolução dos conflitos interiores normais nesta fase da vida.


Trabalhar com Contos de Fadas na escola é sempre prazeroso tanto para o
educando quanto para o educador, pois é algo que agrada bastante as crianças,
despertando encantamento e seu interesse e envolvimento na história. Por isso, o
professor é o grande articulador que traz às crianças, diversas formas de
interpretação dos Contos e através deles é que podem ser trabalhados conflitos do
dia-a-dia dos alunos, procurando também buscar soluções para os mesmos.


A leitura do texto literário não é apenas uma atividade escolar mecânica e
descontextualizada. É, porém uma atividade vital e significativa que deverá ser
estimulada na Educação Infantil, implicando na formação de um leitor espontâneo,
capaz de perceber que a leitura é preciosa e essencial à sua própria vida.


Ouvir histórias é importante para a formação de qualquer criança, são nestes
momentos, de contato com a literatura, que as crianças suscitarão o imaginário,
despertando sua curiosidade, levantando questionamentos, idéias para solucionar
os problemas dos personagens, enfim vivem a história.


É necessário resgatar o poder da literatura infantil antes e durante o processo de
alfabetização. A sala de aula precisa ser um ambiente de interação, capaz de
promover de forma mais eficiente possível a aprendizagem da leitura.


Assim, buscamos no primeiro capítulo fazer um histórico de como surgiu a Literatura
Infantil e os Contos de Fadas, falamos um pouco sobre a importância da leitura
11



como instrumento em sala de aula e com isso chegamos então ao final dele na
nossa questão de pesquisa e objetivos.


O segundo capítulo trata-se do referencial teórico que é de fundamental importância
nesta análise, para compreensão da problemática que nos propomos investigar.


O terceiro capítulo traça os caminhos da nossa pesquisa, abordando o tipo de
pesquisa, os sujeitos, o lócus e os instrumentos de coleta de dados.


O quarto capítulo apresenta uma análise e interpretação dos dados obtidos através
da observação e dos questionários respondidos pelas professoras.


Por fim, nas considerações finais destacamos a importância dos resultados
abordando o objetivo da nossa pesquisa e construindo uma visão sobre a prática
dos sujeitos pesquisados.
12



                                      CAPÍTULO I


1.1 Breve histórico da Literatura Infantil


A sociedade contemporânea vem demonstrando o quanto é necessário se adentrar
no mundo das letras. E é no encontro com as diferentes formas de Literatura que
crianças, jovens e adultos têm a oportunidade de enriquecer e ampliar suas
experiências de vida, pois não só tem o poder de facilitar a compreensão da
realidade como também de desenvolver o encantamento, o incrível e o mágico
“mundo da imaginação”, especialmente nas crianças.


“A Literatura nasceu na Antiga Grécia. Chamava-se poesia e existia apenas para
divertir a nobreza (ZILBERMAN, 1990, p.12)”. As crianças viviam igualmente com os
adultos, não havia separação, ou seja, não se tinha uma visão de infância, portanto
não se escrevia para crianças. O que realmente acontecia, cita Áries (1978):


                     Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como
                     percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos,
                     trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e
                     praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não
                     havia propriamente dito, “um mundo infantil”, diferente e separado, ou uma
                     visão especial sobre infância, não se escrevia para ela, pois não existia
                     “infância” (p. 23).


Com o passar do tempo, a criança foi vista de formas diferentes e os conceitos
quanto à mesma sempre foram modificando-se. No século XVII, muitas mudanças
ocorreram na estrutura da sociedade, tanto no aspecto artístico, como no aspecto
social e com isso a Literatura foi constituindo-se como gênero. Como cita Zilberman
(1993): “Esta faixa etária não era percebida como um tempo diferente, nem o mundo
da criança como um espaço separado (p.13)”. Porém, ainda não existia a Literatura
voltada exclusivamente para o público infantil, pois essas conviviam em igualdade
com os adultos, por não existir até então uma visão sobre infância e o universo
infantil.


Em meados do século XVIII, muita coisa mudou no contexto infantil. Elas, como
comenta Cunha (1995), começaram a ser tratadas de acordo com a sua faixa etária.
A partir deste momento da história começou-se a criar formas e métodos
13



pedagógicos para serem utilizados com crianças, com isso também começa-se a
perceber como um ser que necessita de uma atenção especial, e que a família
deveria reorganizar-se para que os filhos crescessem sobre cuidados especiais,
tendo espaço também para sua formação intelectual.


Essa diferenciação do mundo infantil foi que deu margem a surgir à escola para
crianças e acabou dando início a Literatura Infantil, pois as crianças necessitavam
de uma linguagem que chegasse até ela de forma agradável. Com tudo isso, surgiu
então a literatura infantil com suas características próprias, educando e ajudando as
crianças a perceber e utilizar a sua imaginação.


No Brasil, os primeiros textos infantis surgiram no final do século XIX e no início do
século XX. Estes foram inicialmente conhecidos como: Estórias da Carochinha.
Porém a produção nacional ganhou destaque com as famosas obras de Monteiro
Lobato. Cunha (1995) fala sobre o autor:


                      Com Monteiro Lobato é que tem inicio a verdadeira Literatura Infantil
                      Brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientações, Cria
                      esse autor, uma literatura centralizada em algumas personagens, que
                      percorrem e unificam seu universo ficcional (p.24).


A obra de Monteiro Lobato iniciou-se em 1921, com características de criar novas
expectativas de leitura na criança brasileira. As estórias de Lobato vêm cheias de
sonhos, magia, encantamento e formas prazerosas de leitura, procurando interessar
a criança, captar sua atenção e diverti-la.


A Literatura é, portanto um conjunto de obras que auxiliam o desenvolvimento da
criança. Com todos esses enredos cheios de fantasia, temos também os Contos de
Fadas, que na sua maioria estão atreladas à realidade sócio-européia da Europa
Medieval, tratam sobre temas como medo, amor, vida, morte... E envolvem
personagens fantásticos como reis e rainhas, príncipes e princesas, bruxas e fadas,
que são citados como elementos mágicos e que fazem parte da criatividade das
crianças.


Segundo BETTELHEIM (1980):
14



                     Os contos de fadas são os mais indicados para ajudar as crianças a
                     encontrar um significado na vida, pois ao estimular a imaginação,
                     desenvolve o intelecto, harmonizar-se com suas ansiedades e torna clara
                     suas emoções, são enriquecedores, satisfatórios e ajudam a auxiliar no
                     raciocínio das pessoas (p. 83).


CASHDAN (2000, p. 291), por sua vez, considera que “os contos de fadas
representam uma janela especial que se abre para a vida emocional das crianças, e
que o impacto que estes têm sobre os adultos, vem da influência que tiveram
quando eram crianças”. Podemos perceber que para ele, os contos são mais do que
aventuras mágicas que exercitam a imaginação.


1.2 Literatura e Leitura


A leitura é considerada uma das conquistas da humanidade. É pela leitura, que o ser
humano absorve e transforma o conhecimento em um processo de aperfeiçoamento
contínuo. A aquisição da leitura possibilitará a emancipação da criança e a
assimilação dos valores da sociedade.


Como instrumento transformador, ela desenvolve um senso crítico construtivo e
criativo, e dá ao indivíduo condições de ampliar sua visão de mundo, permitindo ao
aluno construir conhecimentos, como mostra Garcia:


                     É através da leitura que o educando ampliará sua visão de mundo e suas
                     interpretações da história ficará mais bem capacitado para o desempenho
                     específico da parte que lhe cabe no coletivo da escola. Deve ser o educador
                     o primeiro a buscar na leitura os caminhos para as soluções de muitos
                     problemas existentes na escola... (1992, p.77)


Ler não é um ato de decodificar palavras, mas converte-se num processo
compreensivo que deve chegar às idéias centrais, as inferências, à descoberta dos
pormenores, as conclusões. (Zilberman, 1993)


A Literatura faz a criança entrar no texto e viajar num mundo de imaginação e
fantasia. E é por isso que a leitura pode ser contada, ouvida, vista e vivida. “Daí o
atual renascimento da fantasia, do imaginário, da magia, do ocultismo... Na literatura
para crianças e adultos, o mágico e o absurdo irrompem na rotina cotidiana e fazem
desaparecer os limites entre o real e o imaginário.” (COELHO. 2000. P. 26)
15



É preciso resgatar o poder que a literatura infantil tem no processo de alfabetização,
pois ela acontece durante toda a Educação Infantil e com isso vem transformando a
sala de aula num ambiente capaz de promover uma aprendizagem da leitura muito
mais eficiente, afirma Coelho (2000):


                     (...) como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de
                     tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é
                     arte. Sobre outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção
                     educativa, ela se inscreve na Pedagogia (p. 46)


Esta é a Literatura que nos garante o prazer da leitura, ou seja, a leitura por prazer.
Como afirma Cunha (1995, p. 47):


                     (...) a leitura é uma forma altamente ativa de lazer. Em vez de propiciar,
                     sobretudo repouso e alienação (daí, a massificação), como ocorre com
                     formas passivas de lazer, a leitura exige um grau maior de consciência e
                     atenção, uma participação efetiva de recebedor-leitor.


A dimensão de Literatura Infantil é muito mais importante e grandiosa nos dias de
hoje, pois ela traz para a criança possibilidades e formas de desenvolvimento social,
cognitivo e emocional. Como afirma Abramovich em seu livro Gostosuras e Bobices
(1997), dizendo que ao ouvir histórias as crianças visualizam mais claramente
sentimentos que tem sobre o mundo em que estão envolvidas, pois as histórias
trabalham temas como medo, carinho, curiosidade, perda, dor, entre outros assuntos
e ainda completa:


                     É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros
                     tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra
                     ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia,
                     antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos
                     achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p. 17)


Quanto mais cedo a criança entrar em contato com os livros e ter a leitura como
forma de lazer e prazer maior será a possibilidade dela se tornar um adulto leitor, daí
a importância de ouvir histórias na Educação Infantil.


Trabalhar com Contos de Fadas fazem os alunos construir significados para as
histórias desenvolvendo o prazer pela leitura. A literatura e a escola têm uma
relação em comum que é estarem voltadas para a formação das crianças, elas
16



devem ser estimuladas desde o início da vida escolar, pois a alfabetização é um
processo lento que abrange toda a Educação Infantil.


Durante a aquisição da leitura e da escrita os Contos podem oferecer mais que o
despertar do imaginário, ao ouvir as histórias a criança constrói o seu conhecimento
de linguagem com todas as formas e recursos lingüísticos. Não é necessário esperar
a criança ser alfabetizada para envolvê-las com as histórias infantis, é necessário
que elas sejam associadas à alfabetização e isso traz melhores resultados na
formação do leitor. De acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil:


                     [...] as instituições e profissionais de educação infantil deverão organizar sua
                     prática de forma a promover as seguintes capacidades nas crianças: (...)
                     interessar-se pela leitura de histórias; familiarizar-se aos poucos com a
                     escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz
                     necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em
                     quadrinhos, etc. (Brasil/MEC, 1998, v.3, p. 122 e 131).


Na opinião dos autores citados, as contribuições da Literatura Infantil e dos Contos
de Fadas no desenvolvimento das crianças; pode-se ressaltar a relevância desta
pesquisa em evidenciar o que os contos de fadas têm, para colaborar no processo
de formação do leitor na Educação Infantil da escola Centro de Educação
Sementinha do Futuro. Sendo assim, propõe-se fornecer subsídios teóricos e
metodológicos, tendo o Conto de Fadas como um dos instrumentos essenciais no
desenvolvimento da prática docente e da formação dos educandos, capacitando-os
a viverem ativamente em uma sociedade.


No contato com crianças de Educação Infantil de diversas instituições que foi nos
proporcionado pela universidade, não podemos deixar de observar o encantamento
das crianças pelas histórias e contos infantis e o quanto elas inserem isso nas suas
vidas, porém observamos também que nem sempre o professor tem a sensibilidade
de saber que para elas, essas histórias vão além do simples divertimento. Em
muitos lugares por onde passamos no decorrer da nossa vida acadêmica vimos que
essas histórias tornam-se apenas um instrumento para cobrir horas vagas, sem
caráter pedagógico nenhum. Isso nos fez questionar sobre a forma como o professor
17



traz as histórias e contos para o cotidiano da sala de aula e como elas podem ser
um instrumento de aprendizagem da leitura.


Portanto, esta pesquisa tem como questão de pesquisa: Os professores têm os
Contos de Fadas como instrumento pedagógico no processo de formação do leitor
na Educação Infantil da Escola Centro de Educação Sementinha do Futuro? Tendo
como principal objetivo identificar se os professores da referida escola fazem uso do
Conto de fadas como instrumento capaz de incentivar os alunos no processo de
formação do leitor na Educação Infantil.


A relevância social e acadêmica do nosso estudo é que esta pesquisa traz
contribuições e subsídios teóricos tornando-se fonte de pesquisa sobre o Conto de
Fadas, prática pedagógica e suas contribuições, compreensão do professor, sobre a
escola em questão e sobre o perfil do sujeito. O resultado da pesquisa pode ser de
grande importância para a escola, onde poderá perceber e melhorar a sua prática
quanto às histórias infantis.
18



                                         CAPÍTULO II


2.1 Era uma vez... As Origens dos Contos de Fadas


O termo “Contos de Fadas” por si só nos remete quase invariavelmente a paisagens
da Europa Medieval, com florestas e castelos, príncipes e princesas encantadas.
Não se tem ao certo uma data específica para a sua origem, podemos dizer que
surgiram    do   imaginário      humano      provavelmente      antes    da    Idade    Média,
aparentemente com finalidade de ensinar valores, regras, atitudes, comportamentos,
possibilidades que fizessem parte do mundo onde viviam. Eram histórias passadas
de geração pra geração, através da tradução oral, desde os tempos mais remotos. É
impossível datar o início de tudo, ou o primeiro conto que surgiu. “Era uma vez, num
lugar muito distante daqui...”, assim começavam suas histórias, e é assim que
poderia ser contada a história dos Contos, de forma imprecisa do mesmo modo que
suas histórias iniciam.


O Conto de Fadas tem origem Celta, surgiram de lendas e histórias contadas por
povos antigos, eram as histórias fabulosas. Era costume desses povos adultos
reunirem-se para contar e ouvir histórias, e foram destes contos populares que
surgiram os Contos de Fadas e os Contos maravilhosos. Esses durante os séculos
vêm evoluindo e sendo adaptados, fazendo com que cada vez mais despertem o
imaginário infantil.


BETTELHEIM (1980), afirma: “Através dos séculos (quando não dos milênios)
durante os quais os contos de fadas, sendo recontados, foram-se tornando cada vez
mais refinados, e passaram a transmitir ao mesmo tempo significados manifestos e
encobertos... (p.14)”.


E completa JUNG (apud GIGLIO, 1991):


                         Os contos de fadas constituíram através dos séculos instrumentos para a
                         expressão do pensamento mítico, perpetuando-se no tempo por
                         desempenharem uma função psíquica importante relacionada ao processo
                         da individualização: através deles toma-se consciência e vivenciam-se
                         arquétipos do inconsciente coletivo (p. 15).
19



A passagem dos Contos adultos para uma temática totalmente infantil foi a partir do
século XVII quando Charles Perrault publicou seus Contos em versões suavizadas
para crianças trazendo o novo ponto de vista da educação, a qual necessitava de
materiais literários que transmitissem um modelo de comportamento para as
crianças, ou seja, lições morais. Pois a Pedagogia trazia os valores da burguesia
sobre a imagem da família e da sociedade bem definidas com grande valorização do
casamento. Como afirma Bettelheim “todos os conflitos humanos são encontrados e
resolvidos através da fantasia.” (BETTELHEIM, 1980, p.7).


2.2 Características e personagens dos Contos de Fadas


A principal característica dos Contos de Fadas é a presença das fadas, nome este
que provém do latim fatum que significa destino, fatalidade, isso quer dizer que a
fada é um espírito da natureza que interfere no destino dos personagens principais
da história. É um ser fantástico que se apresenta em forma feminina com grande
beleza e sempre dotada de poderes sobrenaturais e mágicos. Porém a presença
das fadas não é uma regra nos contos como afirma Abramovich (1997):


                     Daí que haver numa história fadinhas atrapalhadas, bruxinhas que são boas
                     ou gigantes comilões não significa – nem remotamente – que ela seja um
                     conto de fadas... Muito pelo contrário. Tomar emprestado o nome das
                     personagens-chave desses contos não faz com que essas histórias
                     adquiram sua dimensão simbólica... A magia não está no fato de haver uma
                     fada anunciada já no título, mas na sua forma de ação, de aparição, de
                     comportamento, de abertura de portas... (p. 121).


Os clássicos Contos de Fadas iniciavam sempre com uma marca de temporalidade:
“Era uma vez...”, são narrativas desenvolvidas dentro de uma magia feérica, repletos
de personagens como reis, rainhas, príncipes, princesas, bruxas, fadas, ogros,
gigantes, objetos mágicos... Com presença ou não das fadas, geralmente tratam de
heróis e heroínas que devem superar obstáculos até atingir a realização pessoal que
muitas vezes terminam em uma união entre homem e mulher. Para RADINO (2001):


                     Todo conto inicia em um outro tempo e em outro lugar, e a criança sabe
                     disso. Ao iniciar um “era uma vez”, a criança sabe que partirá em uma
                     viagem fantástica e que dela retornará com um “e viveram felizes para
                     sempre” ou expressões semelhantes. Esses rituais mostram que vamos
                     tratar de fantasia e isso faz com que embarquem nessa viagem e se
                     identifiquem com os personagens (p.135).
20



Eles também apresentam a constituição familiar convencionada pela sociedade, ou
seja, pai, mãe, filhos, mesmo que em algumas ocasiões haja substituição por
padrasto e madrasta, como no caso de “Cinderela”, onde seu pai era viúvo e casou-
se com uma viúva. Neste conto aparece uma menina frágil, submissa, que resiste ao
sofrimento calada e ao final é premiada através de um casamento com um jovem e
belo príncipe.


O modo com que os contos resolvem os conflitos é que oferecem à criança um
espaço que elas podem representar seus próprios conflitos interiores. Quando ela
tem o contato com essas histórias elas se projetam nos personagens, como diz
CASHDAN (2000), “usando-os como repositórios psicológicos para elementos
contraditórios do eu” (p. 31).


O prazer que temos quando nos permitimos ser aptos a um conto, e o encantamento
que sentimos vem das suas qualidades literárias. Eles não teriam impacto
psicológico sobre as crianças se antes de tudo não fossem uma obra de arte.


Os personagens principais na maior parte dos Contos de Fadas são: o protagonista,
geralmente representado pela sua bondade que o leva a riqueza, poder e felicidade,
o antagonista que é o vilão na maioria das vezes é uma madrasta ou bruxa e o
mediador mágico que são fadas, magos, anões que vivem em bosques, florestas e
que interagem naturalmente e não envelhecem nunca.


Não são personagens simplificados das histórias de hoje que despertam grandes
identificações entre eles e as crianças. Os personagens dos Contos têm
características que provocam diversos sentimentos, pois não tem nome próprio,
seus nomes estão ligados às características físicas e emocionais como: Branca de
Neve (“por que sua pele é branca como a neve”), seus familiares não tem idade
definida... Entre outras características que fazem com que qualquer pessoa de
qualquer faixa etária se identifique com a história. Sobre este processo de
identificação AMARILHA (1997) diz-nos que:


                      Através do processo de identificação com os personagens, a criança passa
                      a viver o jogo ficcional projetando-se na trama da narrativa. Acrescenta-se à
                      experiência o momento catártico, em que a identificação atinge o grau de
21



                     elação emocional, concluindo de forma liberadora todo o processo de
                     envolvimento. Portanto, o próprio jogo de ficção pode ser responsabilizado,
                     parcialmente, pelo fascínio que (o conto de fadas) exerce sobre o receptor
                     (p. 18).


São uma mistura de lazer e aprendizado, a magia chegando perto da realidade
através do imaginário infantil, uma ligação de mundos que pode trazer grandes
benefícios e compreensões para a educação das crianças oferecendo novas
dimensões a sua imaginação e mexendo com todos os tipos de convívios na
sociedade, seja em família, ou na escola... Trazendo para si todas as formas de
emoções que as histórias permitem transmitir. Considera-se “maravilhoso” todas as
situações que ocorreram fora do nosso entendimento, é um dos elementos mais
importantes da literatura e, portanto também, dos Contos de Fadas.


Os Contos de Fadas são eternos. Passam de geração pra geração, e se tornaram
grandes meios de transmissão de valores éticos e morais, mesmo nos tempos que
vivemos com a degradação da família e a proliferação da violência eles continuam
resistindo ao tempo, pois fazem parte da infância contribuindo bastante para a
formação das crianças.


Quando as histórias são trabalhadas em sala de aula as crianças vão se
identificando com os personagens e passam todos os conflitos, alegrias, medos e
tristezas para aqueles que vivem na história, passam então a se envolver de tal
forma e a viver e agir como se fossem um dos personagens.


O professor tem em suas mãos o grande papel de propor ao aluno situações de
aprendizagem para (re) construção do conhecimento, e é nessas aulas que a
criança pode perceber que seus conflitos e medos passam a ser amenizados
quando a professora a faz refletir sobre eles. Isso pode fazer com que as suas
relações sociais se tornem melhores e menos conflitantes, além de incentivar o
aluno ao aprendizado da leitura.


2.3 Leitura e sua construção por meio da Literatura
22



A leitura desenvolve no indivíduo o senso crítico construtivo e criativo, dando
condições de interpretar e ampliar a visão de mundo. Permite assim, ao aluno
construir seus conhecimentos sobre diferentes gêneros, como mostra Garcia:


                      É através da leitura que o educando ampliará sua visão de mundo e suas
                      interpretações da história ficará mais bem capacitado para o desempenho
                      específico da parte que lhe cabe no coletivo da escola. Deve ser o educador
                      o primeiro a buscar na leitura os caminhos para as soluções de muitos
                      problemas existentes na escola... (1992, p.77)


Vivemos numa sociedade gafocentrica, assim à leitura é dado um valor positivo, pois
a mesma é considerada como portal de entrada no mundo do conhecimento para
possibilitar a ascensão social.


No século XVIII, os mediadores do texto literário, sacerdotes e críticos, cederam
espaço à figura do leitor - interprete, foram abertas infinitas possibilidades em
sentido à leitura. A partir de essa premissa ler é sempre interpretar, e a leitura tem
uma dimensão social. Provoca, enriquece e encaminha à reflexão.


A leitura dos Contos de Fadas incentiva a busca da identidade e sua interação com
a realidade. Daí porque Bettelheim (1980) define o gênero como aquele que,
enquanto diverte o pequeno, oferece esclarecimentos sobre ele mesmo,
favorecendo o desenvolvimento da sua personalidade.


O ensino da leitura está historicamente vinculado à escola. Para Coelho, “A literatura
infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que
representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida
prática, o imaginário e o real, os ideais e a sua possível/impossível realização”...
(2000, p.27).


A Literatura tem o poder de fazer a criança entrar no texto e viajar no mundo da
fantasia. Nesse sentido a leitura pode ser vista, vivida, sentida, falada, ouvida e
contada. “Daí o atual renascimento da fantasia, do imaginário, da magia, do
ocultismo... Na literatura para crianças e adultos, o mágico e o absurdo irrompem na
rotina cotidiana e fazem desaparecer os limites entre o real e o imaginário.”
(COELHO. 2000. P. 26).
23



É necessário resgatar o poder da literatura infantil antes e durante o processo de
alfabetização. A sala de aula precisa se transformar em uma ambiente dinâmico, e
capaz de promover de forma mais eficiente possível a aprendizagem da leitura.


A leitura se constitui num instrumento enriquecedor de conhecimentos para o aluno,
assim nos diz Silva (1981):


                      Leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais
                      essencial ainda à própria vida do ser humano. (O patrimônio simbólico do
                      homem contém uma herança cultural registrada pela escrita. Estar com e no
                      mundo pressupõe, então, atos de criação e re-criação direcionados a essa
                      herança. A leitura, por ser uma via de acesso a essa herança, é uma das
                      formas do homem se situar com o mundo de forma a dinamizá-lo.) (p. 42)


Portanto, transpor esse abismo construindo uma nova forma de lidar com essas
práticas, aproximando-as das práticas sociais é o desafio de qualquer instituição,
pois essa atitude exige renovação, persistência e mudanças.


Assim, Silva (1985) nos afirma: “A leitura, se levada a efeito crítico e reflexivamente,
levanta-se com um trabalho de combate à alienação (não-racionalidade), capaz de
facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (libertação)” (p. 22,23).


Desse modo o momento da leitura não é apenas lazer, mas trás consigo um amplo
grau de informações. O incentivo da leitura as crianças ajuda no desenvolvimento da
escrita e na compreensão do mundo, possibilitando uma formação pessoal e social.


É preciso induzir as crianças a lerem por prazer. É através da leitura de obras
literárias infantis que a criança aprende brincando em um mundo de emoções que
irá despertar a curiosidade e produzir novas experiências. De acordo com
Abramovich (1997):


                      É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes,
                      como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor,
                      a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente
                      tudo que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude,
                      significância e verdade que cada uma delas faz (ou não) brotar... Pois é
                      ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário (p. 17).
24



É importante ressaltar o quanto os alunos ficam maravilhados com as histórias
contadas. As atividades de leitura precisam ser planejadas onde o professor através
de uma ação significativa proporcione o encontro dos educandos com o mundo da
leitura e escrita de forma lúdica e consciente levando-os a perceber e questionar o
mundo em que estão inseridos. Garcia (2003) nos diz que:


                      Organizar o ensino da leitura e escrita procurando criar condições para a
                      apropriação da linguagem escrita como instrumento de compreensão e
                      intervenção da realidade implica... possibilitar vivencias com a leitura e a
                      escrita que tenha relevância e significado para ávida da criança algo que se
                      torne uma necessidade para ela e que lhe permita refletir sobre sua
                      realidade e compreende-la (p. 94).


Assim, é preciso que o professor esteja preparado para desenvolver atividades de
leitura, que esteja dedicado e comprometido com a educação. O ato de ensinar deve
ser algo transformador que possibilite aos educandos não apenas o ler e o escrever
corretamente, mas torná-los críticos e criativos, capazes de questionar a realidade
interagindo ativamente em seu meio social.


2.4 Educação Infantil: Alicerce do processo educativo


A Educação Infantil representa hoje o alicerce no desenvolvimento ao processo
educativo e o seu papel vai além do assistencialismo para trabalhar as estruturas
cognitivas da criança que desde a primeira infância deve ser estimulada a viver
experiências diversas voltadas às aprendizagens que ocorrem por meio de uma
intervenção direta exercendo grande influência no desenvolvimento da criança. E é
também o espaço em que a criança entra em contato propriamente dito com a
Literatura como instrumento auxiliador no processo de aprendizagem, como reforça
AGUIAR (2001): “(...) devemos admitir que o primeiro encontro da criança brasileira
com a produção literária é quase sempre, na esfera escolar, por isso preocuparmos
em oferecer subsídios aos educadores que atentam para a singularidade desse
produto cultural” (p. 158).


A educação Infantil recebeu uma grande contribuição de ROUSSEAU (1712-1772),
com suas idéias que muito influenciaram na educação da modernidade. Segundo
LUZURIAGA (1990) foi ROUSSEAU quem centralizou a questão da infância na
25



educação, tratando a criança não mais como homem pequeno, mas que ela viva em
um mundo próprio cabendo ao adulto compreendê-la:


                     Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de
                     ser homem. Cumpre, pois estudar o menino. “Não se conhece a infância;
                     com as falsas idéias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se
                     extraviam”. “A infância tem maneiras de ver de pensar de sentir, que lhes
                     são próprias”. (RAUSSEAU apud LUZURIAGA, 1990. p. 106).


Essa forma de ver a infância teve no século XX, houve interesses psicológicos e
preocupações morais em prol das crianças como seres destinados à escola.
KRAMER (1992), diz que: “Foi criada a primeira creche popular para filhos de
operários; 1909, inaugurando o jardim de infância campos Salles no Rio de Janeiro.
Em 1919, o departamento da criança do Brasil e 1920 foi reconhecido como utilidade
pública” (p. 49).


Conforme KRAMER (1992) começa então a surgir educadores que com suas ideais
passam a interferir e acrescentar nestas instituições. São eles: FROEBEL,
MONTESSORI, DEWEY, PIAGET e outros. Com o passar do tempo alguns jardins
de infância passam a ver a criança não mais como um “adulto em miniatura”, mas
como um ser em desenvolvimento.


TUNES (2006) fala sobre a LDB:


                     Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
                     (LDB), em 1996, a educação até os 6 anos ficou definida como a primeira
                     etapa da Educação Básica. A Educação Infantil passou a ser dividida assim:
                     creche – para crianças até 3 anos – e pré-escola de 4 a 6 anos. Essa
                     divisão foi alterada em maio passado, com a sanção presidencial à Lei
                     federal nº. 11.114, que define que as crianças com 6 anos completos devem
                     ser matriculadas no 1º ano do Ensino Fundamental. Dessa forma a
                     Educação Infantil passou a atender crianças até 5 anos de idade (p. 06).


A Educação Infantil é a primeira etapa do processo de escolarização da criança, e
requer uma atenção especial de todos os que estão envolvidos nesta fase que a
criança faz as primeiras descobertas e vive experiências que contribuem para o seu
desenvolvimento psicossocial. Este período é ideal para a criança adquirir a maior
quantidade    possível   de   experiências      nessas     áreas    para     seu    completo
desenvolvimento. Segundo a afirmação:
26



                      A pré-escola serve para propiciar o desenvolvimento infantil, considerando
                      os conhecimentos e valores culturais que as crianças já têm e
                      progressivamente, garantindo a ampliação dos conhecimentos, de forma a
                      possibilitar a construção da autonomia (...). Contribuindo, portanto, para a
                      formação da cidadania (KRAMER, 1994).


A escola e professores devem levar em conta que as crianças estão expostas a
experiências interessantes quanto à literatura em seu cotidiano, isso resulta numa
melhor compreensão do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que
isso seja possível elas devem ser induzidas a desenvolver o gosto pela leitura, tendo
como principal função propiciar o encontro entre criança e livro de forma prazerosa.


É nesta fase de Educação Infantil que a criança passa pelo seu processo de
alfabetização que se inicia desde o primeiro ano na escola até o fim da Educação
Infantil, e é nesta fase que a Literatura Infantil pode ser inserida neste processo. Ao
entrar em contato com esse mundo cheio de fantasia, a criança sente a necessidade
de não apenas manusear os livros e ver suas figuras, pois percebe que desvendar
aquilo que está escrito é muito mais fantástico e real, essa curiosidade faz com que
essas histórias tornem-se um importante instrumento pedagógico.


2.5 Prática Docente na Educação Infantil


Considera-se necessário que a prática educativa do professor seja criativa, capaz de
compreender e desenvolver sua ação dentro de um contexto social, buscando ações
conscientes e significativas.


A prática docente é uma atividade orientada com o objetivo de aplicar situações de
ensino aprendizagem, e garantir aos sujeitos além de conteúdos programáticos,
bens históricos, culturais e sociais, uma postura reflexiva, crítica e criadora no seu
meio social. A escola é, portanto, o espaço social com a função de possibilitar ao
educando a apropriação desses conhecimentos e reflexões.


O trabalho dos professores de Educação Infantil exige conhecimentos específicos
que estão entre cuidados e educação, inseridos em sua prática pedagógica docente
ressaltando o desenvolvimento cognitivo e social da criança, podemos perceber isso
no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998):
27



                       [...] que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas
                       que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos
                       específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter
                       polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do
                       profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo
                       constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando
                       com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para
                       o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão
                       sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o
                       planejamento e a avaliação (p. 41).


É preciso ter a prática docente como elemento norteador da escola, pois é uma ação
desempenhada utilizando além de conteúdos programáticos, um conhecimento
prévio do aluno e a realidade em que está inserido. Dando relevância a seu modo de
vida e estrutura familiar.


O professor hoje atua como mediador e não como depositante como em tempos
anteriores, e com isso ele precisa antes de tudo, de ter um pensamento crítico dos
conhecimentos que adquire para que possa passá-lo adiante, em palavras de
Ostetto (2001):


                       O agir pedagógico deve atender as reais necessidades das crianças, deve
                       ser criativo, flexível, atendendo a individualidade e ao coletivo. Será o eixo
                       organizador da aquisição e da construção do conhecimento, a fim de que a
                       criança passe de um patamar a outro na construção de sua aprendizagem.
                       (p. 26)


É preciso perceber a carga que os alunos já trazem para sala de aula como um
ponto inicial do planejamento de ensino, apesar de essa prática muitas vezes ser
ignorada por professores e muitas vezes por não ser compreendida. Como diz
Basso (1998): "[...] o trabalho alienado descaracteriza toda e qualquer prática
pedagógica exercida por esse professor na escola." (p.27).


Em palavras de Zabala (1998) podemos concluir que significado de prática docente
mudou bastante e deixou de ser uma mera ação que vem da experiência prática do
exercício do magistério, hoje é desenvolvida como uma prática consciente que
requer habilidades, saberes e formação docente.


                       A formação também servirá de estímulo crítico ao constatar as enormes
                       contradições da profissão e ao tentar trazer elementos para superar as
                       situações perpetuadoras que se arrastam há tanto tempo: a alienação
                       profissional – por estar sujeitos a pessoas que não participam da ação
28



                      profissional - as condições de trabalho, a estruturas hierárquicas etc. E isso
                      implica mediante a ruptura de tradições, inércia e ideologias impostas,
                      formar o professor na mudança e para a mudança por meio do
                      desenvolvimento de capacidades reflexivas em grupo, e abrir caminho para
                      uma verdadeira autonomia profissional compartilhada, já que a profissão
                      docente deve compartilhar o conhecimento com o contexto. (Imbernòn,
                      2002, p. 15)


Assim também Severino (2002) confirma que a universidade tem percebido a prática
docente e criado e conceituado os conteúdos, fazendo então necessário a
capacitação do docente, para que em sua prática saiba compreender o universo
social e cultural dos seus educandos desvendando os desafios de produzir saber em
sala de aula.


Sabemos que a prática ligada a Literatura de modo geral tem um papel importante
no desenvolvimento da leitura, por meio dela é que os educandos entram em
contato com os Contos de Fadas e com todas as outras formas de Literatura. Por
meio desta prática na Educação Infantil é que as crianças vão iniciar o contato com
as histórias e com o livro. A prática da leitura e contação são incorporadas à rotina
escolar com facilidade principalmente nesta fase escolar, pois ela mistura lazer com
aprendizado, podemos perceber isso no Referencial Curricular Nacional Educação
Infantil (1998):


                      (...) os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em
                      seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a
                      escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com
                      livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a
                      leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará
                      possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos
                      em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como
                      contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de
                      reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da
                      história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e
                      objetos, com ou sem a ajuda do professor. (p. 117-159)


É importante que o educador dê o devido valor à Literatura Infantil, pois como afirma
Meireles (1990, p. 31): “a Literatura Infantil não é como tantos supõem um
passatempo. É uma nutrição.” Portanto, a prática da leitura em sala de aula é
importante, pois a criança vai descobrir o prazer de ler inicialmente depois que tiver
o prazer de ouvir estas histórias.
29



                                   CAPITULO III


                      PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS


A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvida, incerteza, decorrente da busca do
pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo JAPIASSU
(1983): “nosso conhecimento nasce na dúvida e se alimenta das incertezas” (p. 14).
Em todo ato de pesquisa faz-se necessário contextualizar a realidade na qual está
inserida a população alvo da pesquisa, o que nos permitirá uma visão mais
abrangente da problemática e das relações múltiplas que se estabelecem sobre
determinada realidade. Na perspectiva de DEMO (1999), pesquisa significa: “(...)
diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na
capacidade de interação. Em tese a pesquisa é atitude do “aprender a apreender” e
como tal faz parte de todo processo educativo” (p. 128).


Na busca de conhecer o trabalho dos professores de Educação Infantil da escola
Centro de Educação Sementinha do Futuro adotamos a seguinte metodologia.


3.1 Tipo de Pesquisa


Utilizaremos a abordagem de pesquisa qualitativa por ser o melhor caminho a se
seguir nesse processo de descoberta, justificada pelo fato de que ela responde de
forma discreta a liberdade do pesquisando permitindo envolvimento ou inserção
pessoal, intelectual ou social e também por compreender que a mesma utiliza uma
abordagem sociológica para discutir tanto o comportamento como valores,
expectativas e concepções. Este tipo de pesquisa permite o contato direto entre o
pesquisador, o ambiente e a situação investigada, através do trabalho de campo,
proporcionando um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e o
objeto pesquisado, criando um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do
sujeito. Assim LUDKE (1986), “(...) a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e
prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que sendo investigada, via
de regra através do trabalho intenso de campo.” (p.11).


E DESLANDES (1994) completa:
30



                     A pesquisa qualitativa responde a questões particulares. Ela se preocupa,
                     nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o
                     universo de significados, motivos aspirações, crenças, valores e atitudes
                     que correspondem a um espaço mais profundo das relações dos processos
                     e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de
                     variáveis (p. 21).


A pesquisa qualitativa é importante para este trabalho, pois permite um contato mais
direto e prolongado com os sujeitos e o ambiente pesquisados e, portanto nos dá
oportunidade de investigar os relatos dados pelos sujeitos obtendo dados descritivos
no contato direto com os mesmos.


3.2 Sujeitos da Pesquisa


Os sujeitos envolvidos na investigação são as cinco professoras de Educação
Infantil da Escola Centro de Educação Sementinha do Futuro. Escolhi as cinco
professoras por optar trabalhar apenas com o turno vespertino.


3.3 Lócus da Pesquisa


O lócus tem fundamental importância para a pesquisa, pois leva o pesquisador a
refletir sobre o seu problema, interações e questionamentos dessa experiência,
abrindo espaço para a investigação. Diante disso TRIVIÑOS (1987) nos diz que:
“Ambos os tipos de pesquisa, a com base fenomenológica e a com fundamentos
materialistas e dialéticos, ressaltam a importância do ambiente na configuração da
personalidade, problemas e situações de existência do sujeito (p. 128).


Portanto a instituição onde o projeto será desenvolvido é a escola Centro de
Educação Sementinha do Futuro, situada à Rua Acesso 04, 01, no bairro de Casas
Populares, na cidade de Senhor do Bonfim-BA. A referida escola é particular e
funciona nos turnos matutino e vespertino, atualmente tem um corpo docente
formado por nove professores, oferecendo cursos de Maternalzinho, Maternal, Pré-
escola I e Pré-escola II, com 40 alunos no turno matutino e Maternalzinho, Maternal,
1º ano (3º período) e 2º ano do Ensino Fundamental, com 43 alunos no turno
vespertino.
31



3.4 Instrumentos de Coleta de Dados


Nesta pesquisa será utilizada a observação participante, o questionário fechado e o
questionário aberto com o intuito de envolver os alunos na investigação. Como diz
DESLANDES (1994): “Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples
descoberta para através da criatividade produzir conhecimentos” (p. 52).


3.4.1 Observação Participante


A observação participante é uma fase exploratória e essencial para o
desenvolvimento da pesquisa. É um dos instrumentos de pesquisa mais utilizados,
pois nos permite chegar mais perto dos sujeitos, a partir dessa análise do espaço,
dos alunos, dos professores e com a proximidade dos mesmos é que podemos
perceber a fundo o contato do sujeito com a questão que está sendo pesquisada.
Como afirma Ludke e André (1986):


                     O pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até
                     mesmo confidências, pedindo cooperação ao grupo. Contudo terá em geral
                     que aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tornado público
                     pela pesquisa (p. 29).


A observação participante também tem vantagens em relação a outros instrumentos,
pois propõe a interação com o grupo e as respostas às suas indagações
dependerão muito do seu comportamento e da sua relação com o grupo, que pode
ser melhor se o pesquisador mostrar-se diferente dos mesmos, na perspectiva de
Ludke e André (1986): Nesse papel ele pode desenvolver a sua atividade de
observação sem ser visto, ficando por detrás de uma parede espelhada, ou pode
estar na presença do grupo sem estabelecer relações interpessoais (p. 29).


Este instrumento traz um contato maior com o sujeito de pesquisa permitindo que o
pesquisador participe do grupo, o que o torna muito importante para a pesquisa. A
observação participante traz o pesquisador ao convívio com o sujeito possibilitando
a vivência de experiências onde o ele poderá acompanhar e compreender o dia-a-
dia do sujeito, permitindo então uma visão maior do real, segundo a afirmação de
Marconi e Lakatos (1996):
32



                     [...] consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou
                     grupo, Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo
                     quanto um membro do grupo que está estudando e participa das agrupo,
                     fazer os indivíduos compreenderam a importância da investigação, sem
                     ocultar o seu objetivo ou sua missão (p. 68).


A observação é um instrumento importante na nossa pesquisa por nos permitir um
contato pessoal com os sujeitos e o lócus pesquisados, nos proporcionando
acompanhar o dia-a-dia dos sujeitos e com isso comparar experiências com os
relatos obtidos nos questionários.


3.4.2 Questionário Fechado


O questionário fechado é o método mais adequado para traçarmos o perfil sócio
econômico dos sujeitos pesquisados. Marconi e Lakatos (1996, p.88) definem o
questionário como “... um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença
de entrevistados”.


O questionário deve ser direto e fácil de responder, ou seja, as questões devem ser
de fácil compreensão, assegurando que assim eles devem ser respondidos
rapidamente e sem dificuldades, assegurando também o anonimato do sujeito
pesquisado.


Portanto o questionário fechado é o meio mais rápido para obter informações sobre
o sujeito, traçando então o seu perfil de forma organizada e objetiva. O questionário
fechado é um instrumento relevante para a nossa pesquisa pela rapidez e facilidade
das repostas, podendo então traçar um perfil detalhado do sujeito.


3.4.3 Questionário Aberto


Outro instrumento a ser utilizado é o questionário-aberto, por enriquecer as
informações, pois possibilita que o sujeito exponha suas idéias de forma evidente.
MARCONI e LAKATOS (1996, p.88) definem o questionário como “... um
instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,
33



que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados”. E
completa GRESSLER (1989):


                     [...] uma série de perguntas organizadas, com o objetivo de levantar dados
                     para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou
                     pesquisadas sem a assistência direta ou orientação do investigador. Todas
                     as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas
                     por escrito (p.58).


O questionário dá maior liberdade ao sujeito ao expressar suas opiniões sobre o
tema em questão, permite que ele tenha tempo para refletir sobre o que vai
responder, além de dar maior liberdade de resposta devido ao anonimato exigido.


O questionário aberto é um instrumento muito importante para a nossa pesquisa por
recolher informações com facilidade, relatos mais precisos e reais, permitindo que os
sujeitos expressem suas idéias de forma livre e com isso podemos construir
reflexões sobre a questão de estudo.
34



                                    CAPITULO IV


                   ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS


Apresentaremos neste capítulo a análise e interpretação de dados com o intuito de
alcançarmos o objetivo principal desta pesquisa que é perceber a opinião das
educadoras sobre a utilização dos Contos na sala de aula e se elas reconhecem se
os Contos podem colaborar na formação do educando como leitor.


Portanto, este capítulo constitui uma leitura dos dados: observação e questionários.
É preciso ressaltar que estas análises aqui apresentadas representam nossas
interpretações e não uma realidade única e imutável.


4.1 Perfis dos sujeitos


Os sujeitos envolvidos na investigação são cinco professoras de Educação Infantil
da escola Centro de Educação Sementinha do Futuro que lecionam no turno
vespertino. Para traçar o perfil dos sujeitos utilizaremos gráficos com porcentagens.


4.1.1 Gênero




Gráfico 4.1.1 Percentual quanto ao gênero dos sujeitos.


Conforme o gráfico acima com a análise dos sujeitos observados, percebemos que
100% dos educadores são do sexo feminino, o que mostra que a presença feminina
tem grande espaço na área educacional como aponta Kramer (1992):
35



                    O gênero como constitutivo das relações sociais e apontando marcas de
                    uma socialização orientada por modelos de papéis sexuais dicotomizados e
                    diferenciados, em que a socialização feminina tem como eixos o trabalho
                    doméstico e a maternagem (p. 125).


E completa Silva (2002): “A feminilização do magistério ocorreu com a luta das
mulheres, para se estabelecerem profissionalmente, configurando um nicho no
mercado de trabalho ocupado por mulheres” (p. 45). Essa predominância do sexo
feminino na educação e principalmente na Educação Infantil vem ao longo do tempo
perpetuando-se essa concepção de que as mulheres seriam as responsáveis pela
formação das crianças.


4.1.2 Nível de formação




Gráfico 4.1.2 Percentual quanto ao nível de formação dos sujeitos.


Quanto ao nível de formação podemos observar no gráfico acima que 20% das
professoras possuem Ensino Médio completo entre elas uma possui o curso de
Magistério e a outra o Ensino Médio básico, 20% delas possuem Ensino Superior
completo o qual corresponde ao curso de Geografia e 60% das professoras
possuem Ensino Superior Incompleto as quais cursam graduação em Pedagogia.


Percebemos que a maior parte dos professores de Educação Infantil vem buscando
aperfeiçoamento na profissão buscando conhecimentos numa formação adequada
para a função exercida, procurando se adequar às exigências legais da lei de
Diretrizes e Bases – LDB, portanto conforme o artigo 62 assim fica determinado:
36



                     A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
                     superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
                     institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
                     exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
                     ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
                     (BRASIL, 1996)


4.1.3 Carga horária de trabalho




Gráfico 4.1.3 Percentual quanto à carga-horária de trabalho.


A partir da análise deste gráfico, podemos perceber que a carga-horária de trabalho
dos sujeitos está entre 20 e 40 horas semanal. Apenas uma das que trabalham 20
horas tem outro trabalho no turno matutino. Entendemos que a carga horária menor
de trabalho faz com que este profissional desempenhe melhor o seu trabalho, pois
possibilita tempo para planejar suas atividades, porém a precarização do trabalho
docente faz com que eles tenham necessidade de ter outras atividades para
complementar sua remuneração.


4.1.4 Faixa etária




Gráfico 4.1.4 Percentual quanto à faixa etária.
37



De acordo com o gráfico acima a faixa etária das professoras está em 60% entre 26
a 35 anos, e 40% está entre 19 a 25 anos. Este resultado mostra que a maior parte
dos professores é jovem e isso estabelece uma ligação com o nível de formação
uma vez que 60% estão cursando o nível superior.


4.1.5 Renda mensal




Gráfico 4.1.5 Percentual quanto à renda mensal dos sujeitos.


De acordo com as informações obtidas e representadas no gráfico, identificamos
que 100% das professoras têm renda mensal de um salário mínimo. A renda mensal
das professoras é muito baixa principalmente por ser uma escola de pequeno porte.
Segundo Libâneo (2004):


                     O professorado diante das novas realidades e da complexidade de saberes
                     envolvidos presentemente na sua formação profissional, precisaria de
                     formação teórica mais aprofundada (...) além, obviamente, da indispensável
                     correção dos salários, nas condições de trabalho e de exercício profissional
                     (p. 77).


Embora exista um piso salarial determinado pelo Ministério da Educação muitas
escolas não o seguem, e a escola pesquisada justifica-se por ser uma escola de
pequeno porte, o valor arrecadado pelas mensalidades não é suficiente para cobrir o
salário determinado. Percebemos então a importância da busca por capacitação do
profissional em educação e com isso podendo então desempenhar um papel
significativo no desenvolvimento dos educandos.


4.2 Contando e analisando: o que dizem as professoras
38



Analisando o questionário aberto podemos perceber o significado que as
professoras dão aos Contos de Fadas e o que eles representam na formação do
aluno quanto leitor. Para que preservemos a identidade do professor utilizaremos
códigos de identificação dos sujeitos como: P1, P2 (...) P5.


4.2.1 O contato com os ouvintes


Por se tratarem de professoras de Educação Infantil e por trabalhar com cinco
professoras o primeiro passo foi identificar em que turma, ou com qual faixa etária
cada uma delas trabalha.


Entre as professoras estão uma professora de Maternal, que trabalha com crianças
entre dois e três anos, duas professoras de Pré-escola I, que são crianças com
quatro anos e duas professoras de Pré-escola II, que trabalha com crianças de cinco
anos.


4.2.2 O que é Literatura Infantil?


Perguntamos às professoras o que é Literatura Infantil para elas, a maioria foram
respostas simplificadas, sem muitos significados. Ao analisarmos suas respostas
compreendemos o significado que elas dão à Literatura Infantil e com isso já
buscamos perceber um pouco da importância que tem para cada uma delas.


“São histórias para crianças.” (P1)
“É literatura para crianças.” (P2)


Percebemos nas respostas acima uma simplificação grande do que é Literatura
Infantil, podemos também comparar nos questionários que uma das professoras faz
parte dos 20% das professoras que possuem Ensino Médio e a outra faz parte dos
20% que possuem Ensino Superior completo o qual corresponde ao curso de
Geografia. É provável que a resposta seja referente à falta de conhecimento
(formação adequada) sobre o assunto.
39



“É a literatura voltada para a criança, com uma linguagem voltada para o público
infantil.” (P4)
“É onde a criança interage, cria, imagina, compreende o mundo, são estimuladas a
criar e até mesmo se colocar no lugar dos personagens das histórias dos contos.”
(P5)


Podemos perceber nas respostas de P3, P4 e P5 um aprofundamento e vários
significados e finalidades atribuídos à Literatura Infantil como afirma Dinorah (1995):
“O livro é aquele brinquedo, por incrível que pareça que, entre um mistério e um
segredo, põe idéias na cabeça” (p. 15). Portanto a Literatura Infantil é mais que
histórias contadas para crianças, ela pode ser um mundo de imaginação e prazer no
cotidiano infantil despertando o gosto pela leitura, acreditamos que a simplificação
das respostas vem da falta de formação das educadoras, percebemos ao analisar o
gráfico 4.1.2 que 60% delas ainda estão em processo de formação no curso de
Pedagogia.


4.2.3 Num lugar tão distante ainda existe o gosto pela Leitura


Nos relatos sobre a questão: Você gosta de ler? Percebemos que o gostar de leitura
abrange 100% das professoras todas gostam de ler, mas algumas justificam a falta
de leitura pela fatal de oportunidade, de tempo e afirmam que não costumam ler
habitualmente.


“Gosto, mas não leio muito.” (P1)
“Às vezes, não tenho muito tempo.” (P2)
“Gosto.” (P5)


As opiniões expressas em cada discurso mostram, de várias formas, que a chamada
a leitura por prazer no cotidiano do professor fora da sala de aula quase não ocorre.


“Sim, a leitura para mim abre portas, mundos... e com isso podemos viajar e
vivenciar situações apenas com uma boa leitura”. (P4)


Neste sentido Coelho (2000) afirma:
40



                     Chega-se à conclusão de que o professor precisa estar “sintonizado” com
                     as transformações do momento presente e reorganizar seu próprio
                     conhecimento ou consciência de mundo, orientado em três direções
                     principais: da literatura (como leitor atento), da realidade social que o
                     cerca... e da docência (como profissional competente)”. (p. 18)


A resposta de P4 mostra uma leitura por prazer, com isso percebemos que a
professora tem um hábito de ler sempre e essa forma de gostar de ler possivelmente
é transmitida em sala de aula.


4.2.4 Quem conta um conto aumenta... muitos pontos


De modo geral ler e contar histórias na sala de aula é fundamental para muitas
questões, a Literatura Infantil, além de fazer viajar, se emocionar, se encontrar...
forma e informa. E neste sentido, para Abramovich (1997):


                     [...] é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas
                     histórias... Escutá-las é o início de aprendizagem para ser um leitor, e ser
                     um leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de
                     compreensão do mundo... (p. 16)


As idéias expressas pelas professoras e a observação que foi feita nas salas de aula
mostram que a Literatura Infantil está presente no cotidiano escolar das turmas em
que lecionam.


“Sim, eles gostam muito de ouvir histórias.” (P1)
“Sim, as histórias prendem a atenção deles.” (P2)
“Sim, eles adoram ouvir histórias”. (P4)
“Leio, sempre, na hora das atividades.” (P5)


Notamos que o motivo maior das professoras contarem histórias na sala de aula é o
fator das crianças gostarem de ouvi-las, isso mostra que em meio a um mundo
tecnológico e extremamente informatizado, o gosto por ouvir histórias, contos ainda
sobrevive a tais mudanças no contexto humano e principalmente infantil.


Em palavras de Garcia (1992) vimos anteriormente que é o professor que deve
buscar caminhos para o aprendizado da leitura desenvolvendo senso crítico e
criativo. O fato dessas professoras já fazerem o uso das histórias e dos Contos de
41



Fadas já mostra que elas têm compreensão de que eles fazem parte do universo
infantil e que podem trazer benefícios na educação dos seus alunos.


4.2.5 E quem quiser que conte outra (o)...


Acerca do tipo de Literatura Infantil que elas utilizam com maior freqüência na sala
de aula as respostas foram em 100% a mesma:


“Conto de Fadas” (P1)
“Contos Clássicos, modernos e fábulas” (P3)
“Os Contos de Fadas” (P5)


Os contos estão envolvidos na magia, na fantasia e misturam o lazer e o
aprendizado. Em palavras de Abramovich (1997):


                      Por quê? Porque os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um
                      universo que denota fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta,
                      lidando com emoções que qualquer criança já viveu... Porque se passam
                      num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do espaço,
                      mas onde qualquer um pode caminhar... (...) Porque todo esse processo é
                      vivido através da fantasia, do imaginário, com intervenção de entidades
                      fantásticas (bruxas, fadas, duendes, animais falantes, plantas sábias...). (p.
                      120)


A forma com que os Contos desenrolam os seus conflitos é que mostra à criança um
espaço para que elas representem e encontrem formas de resolver seus conflitos
interiores. Respondendo a pergunta se elas trabalham com Contos Clássicos temos
as seguintes respostas:


“Sim, porque elas gostam.” (P1)
“Sim, porque são histórias que elas mais gostam.” (P2)
“Também. Por que meus alunos gostam e eu também além de despertar a fantasia
e imaginação.” (P3)
“Sim, porque é a literatura que mais encanta.” (P4)
“Sim, acho que é o momento de interação das crianças, onde elas vivem no seu
mundo imaginário.” (P5)
42



As respostas mostram o interesse do aluno de Educação Infantil pelos Contos de
Fadas, e que o encantamento que essas histórias proporcionam é que faz elas
quererem sempre ouvir mais histórias, podemos perceber esta realidade no
momento da observação participante, observamos a euforia das crianças no
momento das histórias e vimos que alguns até mesmo pedem que a história
preferida seja contada, mesmo que seja pela 5ª vez.


4.2.6 Pela estrada a fora encantando com um capuz vermelho


Perguntamos às professoras qual a história que prende mais a atenção dos seus
alunos e a resposta foi única:


“Chapeuzinho Vermelho” (P1)
“Chapeuzinho Vermelho e Os três porquinhos” (P2)
“Festa no céu e os três porquinhos” (P3)
“Chapeuzinho Vermelho” (P5)


Vimos durante a observação direta também, que elas pedem as histórias que mais
gostam e percebemos que estão entre os Contos de Fadas e geralmente pedem a
mesma história por várias vezes. Preferem histórias em que o professor faça um
suspense e que algo de misterioso aconteça.


As crianças gostam do que é mágico e irreal, como quando a vovó da Chapeuzinho
é engolida pelo Lobo e no final ressurge saindo então da barriga dele, com isso ela
acredita que ao final de situações difíceis tudo acaba bem. Essa característica dos
Contos de Fadas em que tudo no final tem uma solução boa e fácil para quem é “do
bem”, é que traz o encantamento fazendo com que elas se identifiquem com a
história e com isso buscar o conhecimento de forma lúdica e prazerosa.


4.2.7 E pra formar leitores precisa de capuz vermelho?


Quando perguntamos se elas acreditam que os contos de fadas podem ajudar no
processo de formação do leitor na Educação Infantil, as respostas foram positivas:
43



“Os livros fazem elas terem curiosidade de ler.” (P1)
“Acho que sim, por que o livro, as figuras coloridas, e a forma com que se lê, fazem
elas terem a curiosidade de aprender a ler.” (P2)
“Sim, por que através das histórias a criança vai sendo despertada para o gosto pela
leitura e pela curiosidade de ler outras histórias.” (P3)
“Sim, por que o conto é a primeira forma de literatura que as crianças têm contato e
por ser prazerosa faz com que a criança tenha vontade de aprender a ler.” (P4)
“Acredito. As histórias também ajudam a formar a personalidade das pessoas.” (P5)


A Literatura é o que garante o prazer da leitura, ou seja, a leitura por prazer.
Segundo Cunha (1995, p. 47): “(...) a leitura é uma forma altamente ativa de lazer”.
Como diz a professora P4 os Contos estão presentes na vida da criança, muitas
vezes, desde o berço, e o poder que eles têm de encantar junto com a mediação do
professor, pode incentivar o aluno ao aprendizado da leitura.


As professoras em questão afirmam que os Contos podem sim incentivar os seus
alunos a aprenderem a ler, isso revela que elas acreditam no poder das histórias
infantis, em que o despertar de emoções pode trazer a leitura, a linguagem para
mais perto da criança e que isso pode influenciar na formação do seu aluno quanto
leitor.


4.2.8 Contando... qual a sua maneira?


Ao analisarmos as respostas sobre de que maneira elas utilizam os contos na sala
de aula, percebemos que a contação é o modo mais utilizado pelas professoras:


“Utilizo contando as histórias ou lendo nos próprios livros.” (P1)
“Contando as histórias da minha maneira ou leio nos livrinhos.” (P2)
“É utilizada com as atividades, dependendo do conteúdo.” (P3)
“Contando as histórias, lendo livrinhos. Às vezes eu escolho a história, mas às vezes
mesmo já tendo escolhido, tenho que contar outra, pois eles pedem alguma história
que mais gostam.” (P4)
44



Na observação participante podemos observar também essas afirmações, vimos
professoras contando histórias dos Contos de Fadas, principalmente, contando com
suas palavras, com seu jeito, da sua maneira, muitas vezes com a participação dos
alunos, percebemos a ansiedade quando a professora dizia que ia contar uma
história e como diz a P4, também ouvimos os pedidos que eles fazem acerca da
história que querem ouvir muitas vezes uma história que já foi contada outras vezes,
mas que mesmo assim ainda traz emoções.


4.2.9 O que precisa usar pra contar?


Acerca de materiais ou recursos que podem ser utilizados para contar essas
histórias perguntamos: Você utiliza algum recurso para contar as histórias? Qual?
Notamos que a escola possui alguns recursos para ajudar as professoras como os
livros, os fantoches e muito material para criar seus próprios recursos.


“Às vezes, utilizo fantoches ou livros.” (P1)
“Sim, fantoches, objetos, livros.” (P2)
“Fantoche, avental, dramatização. Rodinha.” (P3)
“Sim. Utilizo objetos, fantoches, fantoches confeccionados, brinquedos...” (P4)


Com a nossa observação participante podemos ver várias situações de leitura e
contação de histórias, achamos muito interessante a forma de contar de cada uma,
com os fantoches, em algumas situações confeccionando material, assim como
também improvisando com brinquedos e até mesmo com materiais do uso da
criança, como, por exemplo, as borrachas como João e Maria e a cola como bruxa
má, momentos de lazer e aprendizado andando juntos.


4.2.10 Tem hora certa pra contar?


Ouvimos muito falar sobre “a hora do conto”, muitas escolas adotam este
procedimento determinando na rotina semanal o dia e a hora certa para contar
histórias. Então perguntamos se as professoras têm dia e hora específica para
contar histórias e quantas vezes na semana elas o fazem.
45



“Não tenho dia específico, conto quando sinto vontade de contar. Não tenho
quantidade de vezes durante a semana.” (P1)
“Não, às vezes 1, 2 ou 3 vezes na semana.” (P2)
“Sim, todos os dias após o recreio e na rotina com o conteúdo.” (P3)
“Toda sexta-feira eu conto uma história, mas às vezes conto outros dias da semana,
quando tem tempo livre.” (P4)
“Não, acho que uma vez na semana.” (P5)


Percebemos nos relatos que a maioria delas não tem um tempo determinado para
contar histórias, o momento é aquele que elas julgam ser oportunos para a utilização
das histórias na sala de aula e quanto à quantidade de vezes em que contam
histórias percebemos que na maioria dos relatos as professoras dizem que
trabalham regularmente (mais de uma vez na semana), “Ao ler uma história a
criança também desenvolve todo o potencial crítico. (...) Mas fazendo parte da rotina
escolar, sendo sistemático, sempre presente... (ABRAMOVICH, 1997, p. 173),
percebemos também na observação direta os momentos de contação e leitura de
histórias, além da alegria, euforia e encanto das crianças.


4.2.11 Sobre Projetos de leitura


Não temos dúvida quanto à importância de que a Literatura Infantil e os Contos de
Fadas   têm    relevância   no   processo   de   formação     da   criança,   ampliando
conhecimentos e estimulando o processo de formação de leitores.


O educador deve saber o quanto é importante sua prática e ação em sala de aula,
sua mediação motivará ou não a criança à prática da leitura. Segundo ZILBERMAN,
“(...) Para se alcançar o estímulo à leitura, é preciso que esta disciplina estabeleça
quais metas didáticas são válidas para utilização ao livro infantil na escola” (1993, p.
29). E quanto a Educação Infantil Radino (2003): “O ato de ouvir histórias auxilia a
criança no seu processo de alfabetização, pois quanto mais histórias ouvir mais ela
aguçará sua capacidade de imaginação...”
46



Questionamos às professoras se na escola elas trabalham com algum projeto
específico de literatura com incentivo a leitura. Percebemos uma contradição nas
falas da professora P2, quando diz:


“Não. Nunca pensei nessa hipótese de já influenciar nisso.” (P2)


Podemos observar que em questões anteriores ela afirmou que acredita sim que os
contos de Fadas podem ajudar no processo de formação do leitor.


“Não, não temos projetos de leitura ou literatura na Educação Infantil.” (P1)
“Não fiz projeto de leitura com eles, pois são muito pequeninos.” (P4)
“Não apenas conto as histórias.” (P5)


Nos relatos acima podemos perceber que elas não trabalham com nenhum projeto
específico de Literatura ou Leitura, a professora P4 afirma inclusive que acham as
crianças muito pequeninas para já serem influenciadas a ler.
47



                             CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os Contos de Fadas, apesar de trazerem contextos sociais e econômicos que estão
ligados à realidade da Europa Medieval, que se encontram muito distantes do nosso
contexto social, tem seu grande espaço na vida das crianças de casa à escola por
apresentarem problemas muitas vezes envolvendo um meio familiar com
sentimentos de amor, medo, vida, morte, resolvendo os conflitos sempre de forma
simples e objetiva.


Não há projeto de Literatura Infantil com incentivo à leitura, mas, a prática docente
utilizando-se da literatura Infantil pode colaborar com a formação do leitor, visto que
o processo de alfabetização acontece de um modo contínuo durante toda a
Educação Infantil. Sabemos que os Contos de Fadas e a Literatura Infantil de modo
geral são instrumentos significativos neste processo de construção de conhecimento
e formação de leitores.


A leitura de histórias na sala de aula e a forma como o educador conduz é
fundamental para formar leitores críticos e reflexivos, com essa prática ajuda a
desenvolver também o prazer e o hábito da leitura.


Diante de todas as questões que foram levantadas às professoras, percebemos que
apesar de não serem leitores em sua essência, em sala de aula elas admitem que a
leitura e contação dos Contos de Fadas são importantes, e que elas fazem o uso
delas em sala de aula.


Com as observações também percebemos que as professoras permitem o contato
da criança com o livro e que reconhecem que os Contos podem influenciar na
formação do leitor, mas afirmam que não fazem uso das mesmas com a intenção de
incentivá-los a aprender ou querer aprender a ler, vimos que o conto faz parte do
cotidiano escolar, mais como uma forma de lazer e divertimento, e algumas vezes
também atrelado a algum assunto específico, como trabalhar sobre o a órgãos do
sentido contando a história de Chapeuzinho Vermelho, enfatizando a parte em que a
menina pergunta a avó (lobo) sobre as partes exageradas do seu rosto.
48



Os resultados apontam que a forma com que elas trazem os Contos para a sala de
aula, com estratégias diferentes para atrair a atenção do aluno nos revela que
mesmo inconsciente, as professoras vem incentivando e atraindo os alunos às
histórias e não só ao imaginário e maravilhoso, mas também vem despertando os
alunos a gostarem do que está no livro. Notamos pela forma com que alguns alunos
que ainda não sabem ler, até mesmo de maternal, por exemplo, pegam nos livros
fingem que estão lendo, imitam o jeito das professoras contarem e até mesmo
desvendam a história pelas figuras fazendo leitura de imagem.


Constatamos que as educadoras, por meio da sua prática, mesmo sem intenção,
incentivam as crianças à leitura e se elas investissem em projetos com Contos de
Fadas como instrumento em sala de aula poderia ter estratégias mais definidas para
incentivar os alunos a se tornarem futuros leitores.


Notamos a diferença entre as ações dos professores, que nos momentos que não
tem o que fazer em sala de aula apenas pegam um livro e lêem a história, e as
professoras questionadas durante a pesquisa onde durante a observação
participamos de várias ações de leitura e contação de forma dinâmica, fazendo com
que os alunos queiram interagir neste momento.


Assim, todas as discussões acerca dessas ações docentes envolvem profissionais e
vimos que a maioria deles já estão em formação no curso de Pedagogia, isso mostra
que esses profissionais vêm buscando capacitação e isso os possibilitará a
elaboração de projetos de leitura e com isso no futuro teremos mais leitores “felizes
para sempre”.
49



                                     REFERENCIAS


ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo.

Scipione, 1997.

AGUIAR, Vera Teixeira de e (coord). Era uma vez... na escola. Formando

educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001.

AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? – literatura infantil e prática

pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1997.

ÁRIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ª Ed. Rio de Janeiro:

Guanabara, 1978.

BASSO, I. S. Significado e sentido do trabalho docente. Cadernos Cedes, v.44.

Campinas, São Paulo. 1998.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Lei nº 9.394/96 de 20 de Dezembro, 1996. Estabelece as Diretrizes e Base da

Educação Nacional.

CASHDAN, Sheldon. Os 7 pecados capitais nos contos de fadas: como os

contos de fadas influenciam nossas vidas. [s.n.] Rio de Janeiro: Campus, 2000.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo:

Moderna, 2000.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e prática. São Paulo:

Ática, 1995.

DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 2º edição – Petrópolis: Vozes,

1999.
50



DESLANDES, Suely Ferreira. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade/

Suely Ferreira Deslandes, Otávio Cruz Neto, Romeu Gomes, Maria Cecília de

Souza Minaio (organizadora), Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

DINORAH, Maria. O livro infantil e a formação do leitor – m.d. (Em poesia

sapeca, L&PM Editores, Porto Alegre, RS) – RJ, Vozes – 1995.

GARCIA, Edson Gabriel. A Leitura na escola de 1º grau. Por uma outra leitura da

leitura. 2ª Ed. São Paulo; Editora Loyola, 1992.

GARCIA, Regina Leite (org). A formação da professora alfabetizadora: reflexões

sobre a prática. São Paulo, Cortez, 2003.

GIGLIO,    Zula    Garcia    (org).   Contos       Maravilhosos:   Expressão   do

Desenvolvimento Humano. Campinas: NEP/UNICAMP, 1991.

GRESSLER, Lori Alice. Pesquisa educacional: importância, modelos, validade

variáveis, hipóteses, amostragem, instrumentos. 3ª ed. Edições Loyola, São

Paulo; Brasil, 1989.

IMBERNÒN. F. Formação docente e profissional: formar-se para mudança e a

incerteza. São Paulo: Cortez, 2002.

JAPIASSU, Hilton. A pedagogia da incerteza. In: A pedagogia da incerteza e

outros estudos. Rio de Janeiro: Imago, 1983.

KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. Tese de

doutoramento. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Publicado em

1992, São Paulo, Ática.

KRAMER, Sônia (coord.). Com a pré-escola nas mãos; uma alternativa curricular

para a Educação Infantil, 8ª Edição. São Paulo: Ática, 1994.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências

educacionais e profissionais docentes. 6ª Ed. São Paulo: Cortez, 2004.
51



LUDKE, Menga e Marli E. D. A. André. Pesquisa em Educação: abordagens

qualitativas. São Paulo. EPU, 1986.

LUZURIAGA, L. História da Educação e a Pedagogia. São Paulo: Nacional, 1990.

MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa: planejamento e educação

de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e

interpretação de dados. / Marina de Andrade Marconi, Eva Marina Lakatos. 3ª ed.

São Paulo: Atlas, 1996.

MEIRELES, Cecília. Problemas de Literatura Infantil. 4. ed. Nova Fronteira: Rio de

Janeiro, 1990.

OSTETTO, Luciana Esmeralda. Encontros e Encantamentos na Educação Infantil.

Campinas: Papirus, 2000.

OSTETTO, L. E.; OLIVEIRA E. R. de. e MESSINA, V. da S. Deixando marcas: a

prática do registro no cotidiano da educação infantil. Florianópolis, Cidade

Futura, 2001.

RADINO, Glória. Branca de Neve educadora: O imaginário em Jogo. (Tese de

Mestrado). Assis: Unesp. Campus de Assis; 2001.

RADINO, Glória. Contos de Fadas e Realidade Psíquica: a importância da

fantasia no desenvlvimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Brasília:

MEC/SEF, 1998.

SEVERINO, Antonio Joaquim e FAZENDA, Ivone Catarina Arantes (org.). Formação

Docente: ruptura e possibilidades. Campinas, SP: Papirus, 2002.

SILVA, E. T. da. Ler é, antes de tudo, compreender. In:_____. O ato de ler:

fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo:

Cortez, 1981.
52



SILVA, A. Arte e comunicação. Rio de Janeiro: Pongetti, 1985.

SILVA, V. L. G. da. Profissão: professora. In: CAMPOS, M. C. S. de S., SILVA, V.

L. G. da (orgs.) Feminização do magistério: vestígios do passado que marcam

o presente. Bragança Paulista: Edusf, 2002.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a

pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

TUNES, Suzel, Rumo à maturidade. Nova Escola, São Paulo, ed.especial, n°. 9, p.

6-9, abr.2006.

ZABALA, Antoni. A prática Educativa: Como Ensinar?/Antoni Zabala; trad. Ernani

S. da S. Rosa. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.

ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil e Ensino. São Paulo: Cortez, 1990.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1993.
53
54



                    UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

                    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII




      Este questionário sócio-econômico faz parte de um trabalho de pesquisa da
      Universidade do Estado da Bahia. Conto com a sua participação. Obrigada!




                        QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO




1.      Sexo:

(     ) Masculino         (       ) Feminino




2.      Escolaridade:

(     ) Ensino Médio      (       )    Superior incompleto

(     ) Superior Completo:______________               (     ) Pós-graduação

Ano de Conclusão: ________




3.      Carga-horária de trabalho:

(     ) 20 horas              (       ) 40 horas                    (    ) 60 horas




4. Idade

(    ) 19 a 25 anos

(    ) 26 a 35 anos

(    ) 36 a 40 anos
55



(   ) Acima de 40 anos




5. Renda familiar:

(   ) Um salário mínimo

(   ) Dois salários mínimos

(   ) Três salários mínimos

(   ) Mais de três salários mínimos
56



                 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                 DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII


 Este questionário faz parte de um trabalho de pesquisa da Universidade do Estado
                  da Bahia. Conto com a sua participação. Obrigada!


QUESTIONÁRIO:


1. Com qual série você trabalha?
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________


2. Para você o que é Literatura Infantil?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________


3. Você gosta de ler?
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________


4. Você lê sempre para seus alunos?
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________


5. Que tipo de literatura você utiliza com maior freqüência na sala de aula?
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________


6. Você costuma trabalhar com os Contos clássicos? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Monografia Amanda pedaggia 2011
Monografia Amanda pedaggia 2011

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Provas com cdescritores para teste matematica e portugues
Provas com cdescritores para teste matematica e portuguesProvas com cdescritores para teste matematica e portugues
Provas com cdescritores para teste matematica e portuguesAryadne Alves
 
LÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANO
LÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANOLÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANO
LÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANOorientadoresdeestudopaic
 
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...LOCIMAR MASSALAI
 
5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume
5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume
5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volumeNivea Neves
 
3ª Edição do Colegial News
3ª Edição do Colegial News3ª Edição do Colegial News
3ª Edição do Colegial Newsmaricelio
 
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...orientadoresdeestudopaic
 
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...orientadoresdeestudopaic
 
TCC Jornalismo de Moda - Naiá Aiello
TCC Jornalismo de Moda - Naiá AielloTCC Jornalismo de Moda - Naiá Aiello
TCC Jornalismo de Moda - Naiá AielloNaiaaiello
 
5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3 bimestre
5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3  bimestre5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3  bimestre
5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3 bimestreOlivier Fausti Olivier
 
4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i
4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i
4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_iVanessa Pereira
 
LINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNO
LINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNOLINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNO
LINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNOorientadoresdeestudopaic
 
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+orientadoresdeestudopaic
 
De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...
De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...
De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...UNEB
 

Mais procurados (20)

Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
 
Provas com cdescritores para teste matematica e portugues
Provas com cdescritores para teste matematica e portuguesProvas com cdescritores para teste matematica e portugues
Provas com cdescritores para teste matematica e portugues
 
Monografia Eurenice pedagogia 2011
Monografia Eurenice pedagogia 2011Monografia Eurenice pedagogia 2011
Monografia Eurenice pedagogia 2011
 
Janeiro 2011
Janeiro 2011Janeiro 2011
Janeiro 2011
 
LÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANO
LÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANOLÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANO
LÍNGUA PORTUGUESA COLETÂNEA DE TEXTOS PAIC+ 5º ANO
 
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...
O LIE da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek d...
 
5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume
5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume
5 ano caderno_de_producao_textual__lingua_portuguesa_volume
 
3ª Edição do Colegial News
3ª Edição do Colegial News3ª Edição do Colegial News
3ª Edição do Colegial News
 
Monografia Yara Pedagogia 2012
Monografia Yara Pedagogia 2012Monografia Yara Pedagogia 2012
Monografia Yara Pedagogia 2012
 
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ A...
 
Monografia Adriana Pedagogia 2012
Monografia Adriana Pedagogia 2012Monografia Adriana Pedagogia 2012
Monografia Adriana Pedagogia 2012
 
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+ A...
 
TCC Jornalismo de Moda - Naiá Aiello
TCC Jornalismo de Moda - Naiá AielloTCC Jornalismo de Moda - Naiá Aiello
TCC Jornalismo de Moda - Naiá Aiello
 
5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3 bimestre
5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3  bimestre5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3  bimestre
5 ano lingua portuguesa - caderno de produo textual - 3 bimestre
 
Arauto do Saber
Arauto do SaberArauto do Saber
Arauto do Saber
 
4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i
4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i
4 ano caderno_de-producao_textual_lingua_portuguesa.vol_i
 
LINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNO
LINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNOLINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNO
LINGUA PORTUGUES CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_1º_e_2º_BIMESTRE-PAIC+ ALUNO
 
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+
LINGUA PORTUGUESA CADERNO DE ATIVIDADE 5º ANO_3º_e_4º_BIMESTRE-PAIC+
 
Monografia Eliciene Pedagogia 2012
Monografia Eliciene Pedagogia 2012Monografia Eliciene Pedagogia 2012
Monografia Eliciene Pedagogia 2012
 
De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...
De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...
De cabra arretado a cabra de fibra memória barroquense sobre o auge do sisal ...
 

Semelhante a Monografia Amanda pedaggia 2011

Monografia Vanicleide Pedagogia 2010
Monografia Vanicleide Pedagogia 2010Monografia Vanicleide Pedagogia 2010
Monografia Vanicleide Pedagogia 2010Biblioteca Campus VII
 
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009Biblioteca Campus VII
 
Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010Biblioteca Campus VII
 
Monografia Rosângela Pedagogia 2008
Monografia Rosângela Pedagogia 2008Monografia Rosângela Pedagogia 2008
Monografia Rosângela Pedagogia 2008Biblioteca Campus VII
 
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...
PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...
PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...Antônio Lima
 

Semelhante a Monografia Amanda pedaggia 2011 (20)

Monografia Vanicleide Pedagogia 2010
Monografia Vanicleide Pedagogia 2010Monografia Vanicleide Pedagogia 2010
Monografia Vanicleide Pedagogia 2010
 
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
Monografia Maria Eizângela Pedagogia 2009
 
Monografia Adriana Pedagogia 2009
Monografia Adriana Pedagogia 2009Monografia Adriana Pedagogia 2009
Monografia Adriana Pedagogia 2009
 
Monografia Geórgia Pedagogia 2009
Monografia Geórgia Pedagogia 2009Monografia Geórgia Pedagogia 2009
Monografia Geórgia Pedagogia 2009
 
Monografia Mácia Pedagogia 2009
Monografia Mácia Pedagogia 2009Monografia Mácia Pedagogia 2009
Monografia Mácia Pedagogia 2009
 
Monografia Erivânia Pedagogia 2011
Monografia Erivânia Pedagogia 2011Monografia Erivânia Pedagogia 2011
Monografia Erivânia Pedagogia 2011
 
Monografia Letícia Pedagogia 2009
Monografia  Letícia Pedagogia 2009Monografia  Letícia Pedagogia 2009
Monografia Letícia Pedagogia 2009
 
Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010
 
Monografia Laura Pedagogia 2009
Monografia Laura Pedagogia 2009Monografia Laura Pedagogia 2009
Monografia Laura Pedagogia 2009
 
Monografia Rosângela Pedagogia 2008
Monografia Rosângela Pedagogia 2008Monografia Rosângela Pedagogia 2008
Monografia Rosângela Pedagogia 2008
 
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Joseneide Pedagogia 2012
Monografia Joseneide Pedagogia 2012Monografia Joseneide Pedagogia 2012
Monografia Joseneide Pedagogia 2012
 
Monografia Gilvanete Pedagogia 2012
Monografia Gilvanete Pedagogia 2012Monografia Gilvanete Pedagogia 2012
Monografia Gilvanete Pedagogia 2012
 
Monografia Luci pedagogia 2011
Monografia Luci pedagogia 2011Monografia Luci pedagogia 2011
Monografia Luci pedagogia 2011
 
Monografia Eurides pedagogia 2010
Monografia Eurides pedagogia 2010Monografia Eurides pedagogia 2010
Monografia Eurides pedagogia 2010
 
Monografia Marina pedagogia 2010
Monografia Marina pedagogia 2010Monografia Marina pedagogia 2010
Monografia Marina pedagogia 2010
 
PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...
PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...
PoliKalc: A Criação de um objeto de aprendizagem para o ensino e a aprendizag...
 
Monografia Ivone Matemática 2011
Monografia Ivone Matemática 2011Monografia Ivone Matemática 2011
Monografia Ivone Matemática 2011
 
Monografia Ildemá Matemática 2010
Monografia Ildemá Matemática 2010Monografia Ildemá Matemática 2010
Monografia Ildemá Matemática 2010
 
Monografia Voneide Pedagogia 2011
Monografia Voneide Pedagogia 2011Monografia Voneide Pedagogia 2011
Monografia Voneide Pedagogia 2011
 

Mais de Biblioteca Campus VII

Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 

Mais de Biblioteca Campus VII (20)

Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
 
Monografia Samuel Enfermagem 2012
Monografia Samuel Enfermagem 2012Monografia Samuel Enfermagem 2012
Monografia Samuel Enfermagem 2012
 
Monografia Rizia Enfermagem 2012
Monografia Rizia Enfermagem 2012Monografia Rizia Enfermagem 2012
Monografia Rizia Enfermagem 2012
 
Monografia Poliana Enfermagem 2012
Monografia Poliana Enfermagem 2012Monografia Poliana Enfermagem 2012
Monografia Poliana Enfermagem 2012
 

Monografia Amanda pedaggia 2011

  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM-BA PEDAGOGIA 2006.1 AMANDA FEITOSA DE FREITAS SILVA OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA CENTRO DE EDUCAÇÃO SEMENTINHA DO FUTURO SENHOR DO BONFIM - BA 2011
  • 2. AMANDA FEITOSA DE FREITAS SILVA OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA CENTRO DE EDUCAÇÃO SEMENTINHA DO FUTURO Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Gestão e Docência dos Processos Educativos. Orientadora Profª. Rita de Cássia Braz Conceição Melo. SENHOR DO BONFIM - BA 2011
  • 3. AMANDA FEITOSA DE FREITAS SILVA OS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA CENTRO DE EDUCAÇÃO SEMENTINHA DO FUTURO Aprovada em _____/_____/_____ ___________________________________ Orientador (a) ___________________________________ Avaliador (a) ___________________________________ Avaliador (a)
  • 4. Dedico este trabalho ao Autor da minha Fé, minha fonte de força durante toda esta trajetória. O meu amor maior é pra ti. Ao meu amado esposo pela paciência e compreensão, mesmo com toda a distância seu apoio foi fundamental. À minha família agradeço todo amor, carinho e respeito. À minha turma querida que sempre estará em meu coração. em especial ao querido amigo Erivaldo (Erí) pelas palavras sábias nos momentos oportunos. À Escola Centro de Educação Sementinha do Futuro, às professoras, em especial a Adriana Araujo e Neila Ribeiro que sempre abriram as portas no momento em que precisei. Às minhas amigas e colegas: Aurelina, Eliciene, Jacira, Jeane, Valci, Viviane, Maísa, Jane, Robson e Mayara pelo companheirismo e apoio durante todos estes anos.
  • 5. AGRADECIMENTOS À Universidade do Estado da Bahia pelo espaço de construção de conhecimento e à Profª. Suzzana Alice nossa ex-coordenadora pelas palavras de apoio durante toda esta trajetória. Aos professores do curso de Pedagogia do Campus VII por contribuir com a formação. À professora orientadora Rita Braz pelo incentivo, paciência e colaboração neste trabalho. A todos que de alguma forma fizeram parte da minha trajetória pessoal e acadêmica durante esses quatro anos e cinco meses o meu eterno obrigada.
  • 6. "ERA UMA VEZ uma criança que adorava ouvir histórias... ela nada mais esperava que viver cada momento, mas a cada passo dado neste seu mundo de sonhos e fantasia, pouco a pouco, sem o perceber, ia encontrando um sentido para a vida..." "E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias? O mais importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição... crianças, jovens ou adultos, no mundo das fadas todos seguimos encantados e... FELIZES PARA SEMPRE!" Paulo Urban Revista Planeta nº 345 / junho 2001
  • 7. RESUMO O presente trabalho monográfico parte da importância que tem os Contos de Fadas na formação do ser humano, seja pessoal ou cognitiva e principalmente no incentivo a formação do leitor na Educação Infantil. Essa pesquisa tem como aporte teórico autores como Zilberman (1985), Coelho (2000), Bettelheim (1980), Abramovich (1997), Silva (2005), Kramer (1994), entre outros. Utilizamos a pesquisa de caráter qualitativo e como instrumento de coleta de dados a observação participante, e os questionários aberto e fechado, que nos oferecem elementos importantes para o propósito da pesquisa. A partir destes instrumentos é que foi possível notar que apesar de não utilizarem projetos direcionados a leitura os professores da Escola Centro de Educação Sementinha do Futuro fazem uso dos Contos de Fadas na sala de aula. Palavras-chave: Contos de Fadas, Leitura, Educação Infantil e prática Docente.
  • 8. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 4.1.1 Percentual quanto ao gênero dos sujeitos. Gráfico 4.1.2 Percentual quanto ao nível de formação dos sujeitos. Gráfico 4.1.3 Percentual quanto à carga-horária de trabalho. Gráfico 4.1.4 Percentual quanto à faixa etária. Gráfico 4.1.5 Percentual quanto à renda mensal dos sujeitos.
  • 9. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................10 CAPÍTULO I................................................................................................................12 1.1 Breve histórico da Literatura Infantil............................................................12 1.2 Literatura e Leitura.....................................................................................14 CAPÍTULO II...............................................................................................................18 2.1 Era uma vez... As Origens dos Contos de Fadas........................................18 2.2 Características e personagens dos Contos de Fadas.................................19 2.3 Leitura e sua construção por meio da Literatura.........................................21 2.4 Educação Infantil: Alicerce do processo educativo......................................24 2.5 Prática docente na Educação Infantil..........................................................26 CAPÍTULO III..............................................................................................................29 3.1 Tipo de pesquisa..........................................................................................29 3.2 Sujeitos da pesquisa....................................................................................30 3.3 Lócus da pesquisa.......................................................................................30 3.4 Instrumentos de coleta de dados.................................................................31 3.4.1 Observação participante..................................................................31 3.4.2 Questionário fechado.......................................................................32 3.4.3 Questionário aberto..........................................................................32 CAPÍTULO IV.............................................................................................................34 4.1 Perfis dos sujeitos........................................................................................34 4.1.1 Gênero..............................................................................................34 4.1.2 Nível de formação............................................................................35 4.1.3 Carga horária de trabalho................................................................36 4.1.4 Faixa etária.......................................................................................36 4.1.5 Renda mensal..................................................................................37 4.2 Contando e analisando: o que dizem as professoras..................................37 4.2.1 O contato com os ouvintes...............................................................38 4.2.2 O que é Literatura Infantil?...............................................................38 4.2.3 Num lugar tão distante ainda existe o gosto pela leitura..................39 4.2.4 Quem conta um conto aumenta... muitos pontos.............................40 4.2.5 E quem quiser que conte outra (o)...................................................41 4.2.6 Pela estrada a fora encantando com um capuz vermelho...............42
  • 10. 4.2.7 E pra formar leitores precisa de capuz vermelho?...........................42 4.2.8 Contando... qual a sua maneira?.....................................................43 4.2.9 O que precisa usar pra contar?........................................................44 4.2.10 Tem hora certa pra contar?............................................................44 4.2.11 Sobre projetos de leitura?..............................................................45 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................47 REFERENCIAS..........................................................................................................49 ANEXO.......................................................................................................................53
  • 11. 10 INTRODUÇÃO Os Contos de Fadas são uma mistura de lazer e aprendizado, a magia chegando perto da realidade através do imaginário infantil, uma ligação de mundos que pode trazer grandes benefícios e compreensões para a educação das crianças oferecendo novas dimensões a sua imaginação e mexendo com todos os tipos de convívios na sociedade, seja em família, ou na escola... Trazendo para si todas as formas de emoções que as histórias permitem transmitir, além de auxiliar na resolução dos conflitos interiores normais nesta fase da vida. Trabalhar com Contos de Fadas na escola é sempre prazeroso tanto para o educando quanto para o educador, pois é algo que agrada bastante as crianças, despertando encantamento e seu interesse e envolvimento na história. Por isso, o professor é o grande articulador que traz às crianças, diversas formas de interpretação dos Contos e através deles é que podem ser trabalhados conflitos do dia-a-dia dos alunos, procurando também buscar soluções para os mesmos. A leitura do texto literário não é apenas uma atividade escolar mecânica e descontextualizada. É, porém uma atividade vital e significativa que deverá ser estimulada na Educação Infantil, implicando na formação de um leitor espontâneo, capaz de perceber que a leitura é preciosa e essencial à sua própria vida. Ouvir histórias é importante para a formação de qualquer criança, são nestes momentos, de contato com a literatura, que as crianças suscitarão o imaginário, despertando sua curiosidade, levantando questionamentos, idéias para solucionar os problemas dos personagens, enfim vivem a história. É necessário resgatar o poder da literatura infantil antes e durante o processo de alfabetização. A sala de aula precisa ser um ambiente de interação, capaz de promover de forma mais eficiente possível a aprendizagem da leitura. Assim, buscamos no primeiro capítulo fazer um histórico de como surgiu a Literatura Infantil e os Contos de Fadas, falamos um pouco sobre a importância da leitura
  • 12. 11 como instrumento em sala de aula e com isso chegamos então ao final dele na nossa questão de pesquisa e objetivos. O segundo capítulo trata-se do referencial teórico que é de fundamental importância nesta análise, para compreensão da problemática que nos propomos investigar. O terceiro capítulo traça os caminhos da nossa pesquisa, abordando o tipo de pesquisa, os sujeitos, o lócus e os instrumentos de coleta de dados. O quarto capítulo apresenta uma análise e interpretação dos dados obtidos através da observação e dos questionários respondidos pelas professoras. Por fim, nas considerações finais destacamos a importância dos resultados abordando o objetivo da nossa pesquisa e construindo uma visão sobre a prática dos sujeitos pesquisados.
  • 13. 12 CAPÍTULO I 1.1 Breve histórico da Literatura Infantil A sociedade contemporânea vem demonstrando o quanto é necessário se adentrar no mundo das letras. E é no encontro com as diferentes formas de Literatura que crianças, jovens e adultos têm a oportunidade de enriquecer e ampliar suas experiências de vida, pois não só tem o poder de facilitar a compreensão da realidade como também de desenvolver o encantamento, o incrível e o mágico “mundo da imaginação”, especialmente nas crianças. “A Literatura nasceu na Antiga Grécia. Chamava-se poesia e existia apenas para divertir a nobreza (ZILBERMAN, 1990, p.12)”. As crianças viviam igualmente com os adultos, não havia separação, ou seja, não se tinha uma visão de infância, portanto não se escrevia para crianças. O que realmente acontecia, cita Áries (1978): Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, “um mundo infantil”, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância, não se escrevia para ela, pois não existia “infância” (p. 23). Com o passar do tempo, a criança foi vista de formas diferentes e os conceitos quanto à mesma sempre foram modificando-se. No século XVII, muitas mudanças ocorreram na estrutura da sociedade, tanto no aspecto artístico, como no aspecto social e com isso a Literatura foi constituindo-se como gênero. Como cita Zilberman (1993): “Esta faixa etária não era percebida como um tempo diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado (p.13)”. Porém, ainda não existia a Literatura voltada exclusivamente para o público infantil, pois essas conviviam em igualdade com os adultos, por não existir até então uma visão sobre infância e o universo infantil. Em meados do século XVIII, muita coisa mudou no contexto infantil. Elas, como comenta Cunha (1995), começaram a ser tratadas de acordo com a sua faixa etária. A partir deste momento da história começou-se a criar formas e métodos
  • 14. 13 pedagógicos para serem utilizados com crianças, com isso também começa-se a perceber como um ser que necessita de uma atenção especial, e que a família deveria reorganizar-se para que os filhos crescessem sobre cuidados especiais, tendo espaço também para sua formação intelectual. Essa diferenciação do mundo infantil foi que deu margem a surgir à escola para crianças e acabou dando início a Literatura Infantil, pois as crianças necessitavam de uma linguagem que chegasse até ela de forma agradável. Com tudo isso, surgiu então a literatura infantil com suas características próprias, educando e ajudando as crianças a perceber e utilizar a sua imaginação. No Brasil, os primeiros textos infantis surgiram no final do século XIX e no início do século XX. Estes foram inicialmente conhecidos como: Estórias da Carochinha. Porém a produção nacional ganhou destaque com as famosas obras de Monteiro Lobato. Cunha (1995) fala sobre o autor: Com Monteiro Lobato é que tem inicio a verdadeira Literatura Infantil Brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientações, Cria esse autor, uma literatura centralizada em algumas personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional (p.24). A obra de Monteiro Lobato iniciou-se em 1921, com características de criar novas expectativas de leitura na criança brasileira. As estórias de Lobato vêm cheias de sonhos, magia, encantamento e formas prazerosas de leitura, procurando interessar a criança, captar sua atenção e diverti-la. A Literatura é, portanto um conjunto de obras que auxiliam o desenvolvimento da criança. Com todos esses enredos cheios de fantasia, temos também os Contos de Fadas, que na sua maioria estão atreladas à realidade sócio-européia da Europa Medieval, tratam sobre temas como medo, amor, vida, morte... E envolvem personagens fantásticos como reis e rainhas, príncipes e princesas, bruxas e fadas, que são citados como elementos mágicos e que fazem parte da criatividade das crianças. Segundo BETTELHEIM (1980):
  • 15. 14 Os contos de fadas são os mais indicados para ajudar as crianças a encontrar um significado na vida, pois ao estimular a imaginação, desenvolve o intelecto, harmonizar-se com suas ansiedades e torna clara suas emoções, são enriquecedores, satisfatórios e ajudam a auxiliar no raciocínio das pessoas (p. 83). CASHDAN (2000, p. 291), por sua vez, considera que “os contos de fadas representam uma janela especial que se abre para a vida emocional das crianças, e que o impacto que estes têm sobre os adultos, vem da influência que tiveram quando eram crianças”. Podemos perceber que para ele, os contos são mais do que aventuras mágicas que exercitam a imaginação. 1.2 Literatura e Leitura A leitura é considerada uma das conquistas da humanidade. É pela leitura, que o ser humano absorve e transforma o conhecimento em um processo de aperfeiçoamento contínuo. A aquisição da leitura possibilitará a emancipação da criança e a assimilação dos valores da sociedade. Como instrumento transformador, ela desenvolve um senso crítico construtivo e criativo, e dá ao indivíduo condições de ampliar sua visão de mundo, permitindo ao aluno construir conhecimentos, como mostra Garcia: É através da leitura que o educando ampliará sua visão de mundo e suas interpretações da história ficará mais bem capacitado para o desempenho específico da parte que lhe cabe no coletivo da escola. Deve ser o educador o primeiro a buscar na leitura os caminhos para as soluções de muitos problemas existentes na escola... (1992, p.77) Ler não é um ato de decodificar palavras, mas converte-se num processo compreensivo que deve chegar às idéias centrais, as inferências, à descoberta dos pormenores, as conclusões. (Zilberman, 1993) A Literatura faz a criança entrar no texto e viajar num mundo de imaginação e fantasia. E é por isso que a leitura pode ser contada, ouvida, vista e vivida. “Daí o atual renascimento da fantasia, do imaginário, da magia, do ocultismo... Na literatura para crianças e adultos, o mágico e o absurdo irrompem na rotina cotidiana e fazem desaparecer os limites entre o real e o imaginário.” (COELHO. 2000. P. 26)
  • 16. 15 É preciso resgatar o poder que a literatura infantil tem no processo de alfabetização, pois ela acontece durante toda a Educação Infantil e com isso vem transformando a sala de aula num ambiente capaz de promover uma aprendizagem da leitura muito mais eficiente, afirma Coelho (2000): (...) como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Sobre outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa, ela se inscreve na Pedagogia (p. 46) Esta é a Literatura que nos garante o prazer da leitura, ou seja, a leitura por prazer. Como afirma Cunha (1995, p. 47): (...) a leitura é uma forma altamente ativa de lazer. Em vez de propiciar, sobretudo repouso e alienação (daí, a massificação), como ocorre com formas passivas de lazer, a leitura exige um grau maior de consciência e atenção, uma participação efetiva de recebedor-leitor. A dimensão de Literatura Infantil é muito mais importante e grandiosa nos dias de hoje, pois ela traz para a criança possibilidades e formas de desenvolvimento social, cognitivo e emocional. Como afirma Abramovich em seu livro Gostosuras e Bobices (1997), dizendo que ao ouvir histórias as crianças visualizam mais claramente sentimentos que tem sobre o mundo em que estão envolvidas, pois as histórias trabalham temas como medo, carinho, curiosidade, perda, dor, entre outros assuntos e ainda completa: É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p. 17) Quanto mais cedo a criança entrar em contato com os livros e ter a leitura como forma de lazer e prazer maior será a possibilidade dela se tornar um adulto leitor, daí a importância de ouvir histórias na Educação Infantil. Trabalhar com Contos de Fadas fazem os alunos construir significados para as histórias desenvolvendo o prazer pela leitura. A literatura e a escola têm uma relação em comum que é estarem voltadas para a formação das crianças, elas
  • 17. 16 devem ser estimuladas desde o início da vida escolar, pois a alfabetização é um processo lento que abrange toda a Educação Infantil. Durante a aquisição da leitura e da escrita os Contos podem oferecer mais que o despertar do imaginário, ao ouvir as histórias a criança constrói o seu conhecimento de linguagem com todas as formas e recursos lingüísticos. Não é necessário esperar a criança ser alfabetizada para envolvê-las com as histórias infantis, é necessário que elas sejam associadas à alfabetização e isso traz melhores resultados na formação do leitor. De acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil: [...] as instituições e profissionais de educação infantil deverão organizar sua prática de forma a promover as seguintes capacidades nas crianças: (...) interessar-se pela leitura de histórias; familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos, etc. (Brasil/MEC, 1998, v.3, p. 122 e 131). Na opinião dos autores citados, as contribuições da Literatura Infantil e dos Contos de Fadas no desenvolvimento das crianças; pode-se ressaltar a relevância desta pesquisa em evidenciar o que os contos de fadas têm, para colaborar no processo de formação do leitor na Educação Infantil da escola Centro de Educação Sementinha do Futuro. Sendo assim, propõe-se fornecer subsídios teóricos e metodológicos, tendo o Conto de Fadas como um dos instrumentos essenciais no desenvolvimento da prática docente e da formação dos educandos, capacitando-os a viverem ativamente em uma sociedade. No contato com crianças de Educação Infantil de diversas instituições que foi nos proporcionado pela universidade, não podemos deixar de observar o encantamento das crianças pelas histórias e contos infantis e o quanto elas inserem isso nas suas vidas, porém observamos também que nem sempre o professor tem a sensibilidade de saber que para elas, essas histórias vão além do simples divertimento. Em muitos lugares por onde passamos no decorrer da nossa vida acadêmica vimos que essas histórias tornam-se apenas um instrumento para cobrir horas vagas, sem caráter pedagógico nenhum. Isso nos fez questionar sobre a forma como o professor
  • 18. 17 traz as histórias e contos para o cotidiano da sala de aula e como elas podem ser um instrumento de aprendizagem da leitura. Portanto, esta pesquisa tem como questão de pesquisa: Os professores têm os Contos de Fadas como instrumento pedagógico no processo de formação do leitor na Educação Infantil da Escola Centro de Educação Sementinha do Futuro? Tendo como principal objetivo identificar se os professores da referida escola fazem uso do Conto de fadas como instrumento capaz de incentivar os alunos no processo de formação do leitor na Educação Infantil. A relevância social e acadêmica do nosso estudo é que esta pesquisa traz contribuições e subsídios teóricos tornando-se fonte de pesquisa sobre o Conto de Fadas, prática pedagógica e suas contribuições, compreensão do professor, sobre a escola em questão e sobre o perfil do sujeito. O resultado da pesquisa pode ser de grande importância para a escola, onde poderá perceber e melhorar a sua prática quanto às histórias infantis.
  • 19. 18 CAPÍTULO II 2.1 Era uma vez... As Origens dos Contos de Fadas O termo “Contos de Fadas” por si só nos remete quase invariavelmente a paisagens da Europa Medieval, com florestas e castelos, príncipes e princesas encantadas. Não se tem ao certo uma data específica para a sua origem, podemos dizer que surgiram do imaginário humano provavelmente antes da Idade Média, aparentemente com finalidade de ensinar valores, regras, atitudes, comportamentos, possibilidades que fizessem parte do mundo onde viviam. Eram histórias passadas de geração pra geração, através da tradução oral, desde os tempos mais remotos. É impossível datar o início de tudo, ou o primeiro conto que surgiu. “Era uma vez, num lugar muito distante daqui...”, assim começavam suas histórias, e é assim que poderia ser contada a história dos Contos, de forma imprecisa do mesmo modo que suas histórias iniciam. O Conto de Fadas tem origem Celta, surgiram de lendas e histórias contadas por povos antigos, eram as histórias fabulosas. Era costume desses povos adultos reunirem-se para contar e ouvir histórias, e foram destes contos populares que surgiram os Contos de Fadas e os Contos maravilhosos. Esses durante os séculos vêm evoluindo e sendo adaptados, fazendo com que cada vez mais despertem o imaginário infantil. BETTELHEIM (1980), afirma: “Através dos séculos (quando não dos milênios) durante os quais os contos de fadas, sendo recontados, foram-se tornando cada vez mais refinados, e passaram a transmitir ao mesmo tempo significados manifestos e encobertos... (p.14)”. E completa JUNG (apud GIGLIO, 1991): Os contos de fadas constituíram através dos séculos instrumentos para a expressão do pensamento mítico, perpetuando-se no tempo por desempenharem uma função psíquica importante relacionada ao processo da individualização: através deles toma-se consciência e vivenciam-se arquétipos do inconsciente coletivo (p. 15).
  • 20. 19 A passagem dos Contos adultos para uma temática totalmente infantil foi a partir do século XVII quando Charles Perrault publicou seus Contos em versões suavizadas para crianças trazendo o novo ponto de vista da educação, a qual necessitava de materiais literários que transmitissem um modelo de comportamento para as crianças, ou seja, lições morais. Pois a Pedagogia trazia os valores da burguesia sobre a imagem da família e da sociedade bem definidas com grande valorização do casamento. Como afirma Bettelheim “todos os conflitos humanos são encontrados e resolvidos através da fantasia.” (BETTELHEIM, 1980, p.7). 2.2 Características e personagens dos Contos de Fadas A principal característica dos Contos de Fadas é a presença das fadas, nome este que provém do latim fatum que significa destino, fatalidade, isso quer dizer que a fada é um espírito da natureza que interfere no destino dos personagens principais da história. É um ser fantástico que se apresenta em forma feminina com grande beleza e sempre dotada de poderes sobrenaturais e mágicos. Porém a presença das fadas não é uma regra nos contos como afirma Abramovich (1997): Daí que haver numa história fadinhas atrapalhadas, bruxinhas que são boas ou gigantes comilões não significa – nem remotamente – que ela seja um conto de fadas... Muito pelo contrário. Tomar emprestado o nome das personagens-chave desses contos não faz com que essas histórias adquiram sua dimensão simbólica... A magia não está no fato de haver uma fada anunciada já no título, mas na sua forma de ação, de aparição, de comportamento, de abertura de portas... (p. 121). Os clássicos Contos de Fadas iniciavam sempre com uma marca de temporalidade: “Era uma vez...”, são narrativas desenvolvidas dentro de uma magia feérica, repletos de personagens como reis, rainhas, príncipes, princesas, bruxas, fadas, ogros, gigantes, objetos mágicos... Com presença ou não das fadas, geralmente tratam de heróis e heroínas que devem superar obstáculos até atingir a realização pessoal que muitas vezes terminam em uma união entre homem e mulher. Para RADINO (2001): Todo conto inicia em um outro tempo e em outro lugar, e a criança sabe disso. Ao iniciar um “era uma vez”, a criança sabe que partirá em uma viagem fantástica e que dela retornará com um “e viveram felizes para sempre” ou expressões semelhantes. Esses rituais mostram que vamos tratar de fantasia e isso faz com que embarquem nessa viagem e se identifiquem com os personagens (p.135).
  • 21. 20 Eles também apresentam a constituição familiar convencionada pela sociedade, ou seja, pai, mãe, filhos, mesmo que em algumas ocasiões haja substituição por padrasto e madrasta, como no caso de “Cinderela”, onde seu pai era viúvo e casou- se com uma viúva. Neste conto aparece uma menina frágil, submissa, que resiste ao sofrimento calada e ao final é premiada através de um casamento com um jovem e belo príncipe. O modo com que os contos resolvem os conflitos é que oferecem à criança um espaço que elas podem representar seus próprios conflitos interiores. Quando ela tem o contato com essas histórias elas se projetam nos personagens, como diz CASHDAN (2000), “usando-os como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu” (p. 31). O prazer que temos quando nos permitimos ser aptos a um conto, e o encantamento que sentimos vem das suas qualidades literárias. Eles não teriam impacto psicológico sobre as crianças se antes de tudo não fossem uma obra de arte. Os personagens principais na maior parte dos Contos de Fadas são: o protagonista, geralmente representado pela sua bondade que o leva a riqueza, poder e felicidade, o antagonista que é o vilão na maioria das vezes é uma madrasta ou bruxa e o mediador mágico que são fadas, magos, anões que vivem em bosques, florestas e que interagem naturalmente e não envelhecem nunca. Não são personagens simplificados das histórias de hoje que despertam grandes identificações entre eles e as crianças. Os personagens dos Contos têm características que provocam diversos sentimentos, pois não tem nome próprio, seus nomes estão ligados às características físicas e emocionais como: Branca de Neve (“por que sua pele é branca como a neve”), seus familiares não tem idade definida... Entre outras características que fazem com que qualquer pessoa de qualquer faixa etária se identifique com a história. Sobre este processo de identificação AMARILHA (1997) diz-nos que: Através do processo de identificação com os personagens, a criança passa a viver o jogo ficcional projetando-se na trama da narrativa. Acrescenta-se à experiência o momento catártico, em que a identificação atinge o grau de
  • 22. 21 elação emocional, concluindo de forma liberadora todo o processo de envolvimento. Portanto, o próprio jogo de ficção pode ser responsabilizado, parcialmente, pelo fascínio que (o conto de fadas) exerce sobre o receptor (p. 18). São uma mistura de lazer e aprendizado, a magia chegando perto da realidade através do imaginário infantil, uma ligação de mundos que pode trazer grandes benefícios e compreensões para a educação das crianças oferecendo novas dimensões a sua imaginação e mexendo com todos os tipos de convívios na sociedade, seja em família, ou na escola... Trazendo para si todas as formas de emoções que as histórias permitem transmitir. Considera-se “maravilhoso” todas as situações que ocorreram fora do nosso entendimento, é um dos elementos mais importantes da literatura e, portanto também, dos Contos de Fadas. Os Contos de Fadas são eternos. Passam de geração pra geração, e se tornaram grandes meios de transmissão de valores éticos e morais, mesmo nos tempos que vivemos com a degradação da família e a proliferação da violência eles continuam resistindo ao tempo, pois fazem parte da infância contribuindo bastante para a formação das crianças. Quando as histórias são trabalhadas em sala de aula as crianças vão se identificando com os personagens e passam todos os conflitos, alegrias, medos e tristezas para aqueles que vivem na história, passam então a se envolver de tal forma e a viver e agir como se fossem um dos personagens. O professor tem em suas mãos o grande papel de propor ao aluno situações de aprendizagem para (re) construção do conhecimento, e é nessas aulas que a criança pode perceber que seus conflitos e medos passam a ser amenizados quando a professora a faz refletir sobre eles. Isso pode fazer com que as suas relações sociais se tornem melhores e menos conflitantes, além de incentivar o aluno ao aprendizado da leitura. 2.3 Leitura e sua construção por meio da Literatura
  • 23. 22 A leitura desenvolve no indivíduo o senso crítico construtivo e criativo, dando condições de interpretar e ampliar a visão de mundo. Permite assim, ao aluno construir seus conhecimentos sobre diferentes gêneros, como mostra Garcia: É através da leitura que o educando ampliará sua visão de mundo e suas interpretações da história ficará mais bem capacitado para o desempenho específico da parte que lhe cabe no coletivo da escola. Deve ser o educador o primeiro a buscar na leitura os caminhos para as soluções de muitos problemas existentes na escola... (1992, p.77) Vivemos numa sociedade gafocentrica, assim à leitura é dado um valor positivo, pois a mesma é considerada como portal de entrada no mundo do conhecimento para possibilitar a ascensão social. No século XVIII, os mediadores do texto literário, sacerdotes e críticos, cederam espaço à figura do leitor - interprete, foram abertas infinitas possibilidades em sentido à leitura. A partir de essa premissa ler é sempre interpretar, e a leitura tem uma dimensão social. Provoca, enriquece e encaminha à reflexão. A leitura dos Contos de Fadas incentiva a busca da identidade e sua interação com a realidade. Daí porque Bettelheim (1980) define o gênero como aquele que, enquanto diverte o pequeno, oferece esclarecimentos sobre ele mesmo, favorecendo o desenvolvimento da sua personalidade. O ensino da leitura está historicamente vinculado à escola. Para Coelho, “A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e a sua possível/impossível realização”... (2000, p.27). A Literatura tem o poder de fazer a criança entrar no texto e viajar no mundo da fantasia. Nesse sentido a leitura pode ser vista, vivida, sentida, falada, ouvida e contada. “Daí o atual renascimento da fantasia, do imaginário, da magia, do ocultismo... Na literatura para crianças e adultos, o mágico e o absurdo irrompem na rotina cotidiana e fazem desaparecer os limites entre o real e o imaginário.” (COELHO. 2000. P. 26).
  • 24. 23 É necessário resgatar o poder da literatura infantil antes e durante o processo de alfabetização. A sala de aula precisa se transformar em uma ambiente dinâmico, e capaz de promover de forma mais eficiente possível a aprendizagem da leitura. A leitura se constitui num instrumento enriquecedor de conhecimentos para o aluno, assim nos diz Silva (1981): Leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda à própria vida do ser humano. (O patrimônio simbólico do homem contém uma herança cultural registrada pela escrita. Estar com e no mundo pressupõe, então, atos de criação e re-criação direcionados a essa herança. A leitura, por ser uma via de acesso a essa herança, é uma das formas do homem se situar com o mundo de forma a dinamizá-lo.) (p. 42) Portanto, transpor esse abismo construindo uma nova forma de lidar com essas práticas, aproximando-as das práticas sociais é o desafio de qualquer instituição, pois essa atitude exige renovação, persistência e mudanças. Assim, Silva (1985) nos afirma: “A leitura, se levada a efeito crítico e reflexivamente, levanta-se com um trabalho de combate à alienação (não-racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (libertação)” (p. 22,23). Desse modo o momento da leitura não é apenas lazer, mas trás consigo um amplo grau de informações. O incentivo da leitura as crianças ajuda no desenvolvimento da escrita e na compreensão do mundo, possibilitando uma formação pessoal e social. É preciso induzir as crianças a lerem por prazer. É através da leitura de obras literárias infantis que a criança aprende brincando em um mundo de emoções que irá despertar a curiosidade e produzir novas experiências. De acordo com Abramovich (1997): É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas faz (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário (p. 17).
  • 25. 24 É importante ressaltar o quanto os alunos ficam maravilhados com as histórias contadas. As atividades de leitura precisam ser planejadas onde o professor através de uma ação significativa proporcione o encontro dos educandos com o mundo da leitura e escrita de forma lúdica e consciente levando-os a perceber e questionar o mundo em que estão inseridos. Garcia (2003) nos diz que: Organizar o ensino da leitura e escrita procurando criar condições para a apropriação da linguagem escrita como instrumento de compreensão e intervenção da realidade implica... possibilitar vivencias com a leitura e a escrita que tenha relevância e significado para ávida da criança algo que se torne uma necessidade para ela e que lhe permita refletir sobre sua realidade e compreende-la (p. 94). Assim, é preciso que o professor esteja preparado para desenvolver atividades de leitura, que esteja dedicado e comprometido com a educação. O ato de ensinar deve ser algo transformador que possibilite aos educandos não apenas o ler e o escrever corretamente, mas torná-los críticos e criativos, capazes de questionar a realidade interagindo ativamente em seu meio social. 2.4 Educação Infantil: Alicerce do processo educativo A Educação Infantil representa hoje o alicerce no desenvolvimento ao processo educativo e o seu papel vai além do assistencialismo para trabalhar as estruturas cognitivas da criança que desde a primeira infância deve ser estimulada a viver experiências diversas voltadas às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta exercendo grande influência no desenvolvimento da criança. E é também o espaço em que a criança entra em contato propriamente dito com a Literatura como instrumento auxiliador no processo de aprendizagem, como reforça AGUIAR (2001): “(...) devemos admitir que o primeiro encontro da criança brasileira com a produção literária é quase sempre, na esfera escolar, por isso preocuparmos em oferecer subsídios aos educadores que atentam para a singularidade desse produto cultural” (p. 158). A educação Infantil recebeu uma grande contribuição de ROUSSEAU (1712-1772), com suas idéias que muito influenciaram na educação da modernidade. Segundo LUZURIAGA (1990) foi ROUSSEAU quem centralizou a questão da infância na
  • 26. 25 educação, tratando a criança não mais como homem pequeno, mas que ela viva em um mundo próprio cabendo ao adulto compreendê-la: Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de ser homem. Cumpre, pois estudar o menino. “Não se conhece a infância; com as falsas idéias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se extraviam”. “A infância tem maneiras de ver de pensar de sentir, que lhes são próprias”. (RAUSSEAU apud LUZURIAGA, 1990. p. 106). Essa forma de ver a infância teve no século XX, houve interesses psicológicos e preocupações morais em prol das crianças como seres destinados à escola. KRAMER (1992), diz que: “Foi criada a primeira creche popular para filhos de operários; 1909, inaugurando o jardim de infância campos Salles no Rio de Janeiro. Em 1919, o departamento da criança do Brasil e 1920 foi reconhecido como utilidade pública” (p. 49). Conforme KRAMER (1992) começa então a surgir educadores que com suas ideais passam a interferir e acrescentar nestas instituições. São eles: FROEBEL, MONTESSORI, DEWEY, PIAGET e outros. Com o passar do tempo alguns jardins de infância passam a ver a criança não mais como um “adulto em miniatura”, mas como um ser em desenvolvimento. TUNES (2006) fala sobre a LDB: Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, a educação até os 6 anos ficou definida como a primeira etapa da Educação Básica. A Educação Infantil passou a ser dividida assim: creche – para crianças até 3 anos – e pré-escola de 4 a 6 anos. Essa divisão foi alterada em maio passado, com a sanção presidencial à Lei federal nº. 11.114, que define que as crianças com 6 anos completos devem ser matriculadas no 1º ano do Ensino Fundamental. Dessa forma a Educação Infantil passou a atender crianças até 5 anos de idade (p. 06). A Educação Infantil é a primeira etapa do processo de escolarização da criança, e requer uma atenção especial de todos os que estão envolvidos nesta fase que a criança faz as primeiras descobertas e vive experiências que contribuem para o seu desenvolvimento psicossocial. Este período é ideal para a criança adquirir a maior quantidade possível de experiências nessas áreas para seu completo desenvolvimento. Segundo a afirmação:
  • 27. 26 A pré-escola serve para propiciar o desenvolvimento infantil, considerando os conhecimentos e valores culturais que as crianças já têm e progressivamente, garantindo a ampliação dos conhecimentos, de forma a possibilitar a construção da autonomia (...). Contribuindo, portanto, para a formação da cidadania (KRAMER, 1994). A escola e professores devem levar em conta que as crianças estão expostas a experiências interessantes quanto à literatura em seu cotidiano, isso resulta numa melhor compreensão do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que isso seja possível elas devem ser induzidas a desenvolver o gosto pela leitura, tendo como principal função propiciar o encontro entre criança e livro de forma prazerosa. É nesta fase de Educação Infantil que a criança passa pelo seu processo de alfabetização que se inicia desde o primeiro ano na escola até o fim da Educação Infantil, e é nesta fase que a Literatura Infantil pode ser inserida neste processo. Ao entrar em contato com esse mundo cheio de fantasia, a criança sente a necessidade de não apenas manusear os livros e ver suas figuras, pois percebe que desvendar aquilo que está escrito é muito mais fantástico e real, essa curiosidade faz com que essas histórias tornem-se um importante instrumento pedagógico. 2.5 Prática Docente na Educação Infantil Considera-se necessário que a prática educativa do professor seja criativa, capaz de compreender e desenvolver sua ação dentro de um contexto social, buscando ações conscientes e significativas. A prática docente é uma atividade orientada com o objetivo de aplicar situações de ensino aprendizagem, e garantir aos sujeitos além de conteúdos programáticos, bens históricos, culturais e sociais, uma postura reflexiva, crítica e criadora no seu meio social. A escola é, portanto, o espaço social com a função de possibilitar ao educando a apropriação desses conhecimentos e reflexões. O trabalho dos professores de Educação Infantil exige conhecimentos específicos que estão entre cuidados e educação, inseridos em sua prática pedagógica docente ressaltando o desenvolvimento cognitivo e social da criança, podemos perceber isso no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998):
  • 28. 27 [...] que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação (p. 41). É preciso ter a prática docente como elemento norteador da escola, pois é uma ação desempenhada utilizando além de conteúdos programáticos, um conhecimento prévio do aluno e a realidade em que está inserido. Dando relevância a seu modo de vida e estrutura familiar. O professor hoje atua como mediador e não como depositante como em tempos anteriores, e com isso ele precisa antes de tudo, de ter um pensamento crítico dos conhecimentos que adquire para que possa passá-lo adiante, em palavras de Ostetto (2001): O agir pedagógico deve atender as reais necessidades das crianças, deve ser criativo, flexível, atendendo a individualidade e ao coletivo. Será o eixo organizador da aquisição e da construção do conhecimento, a fim de que a criança passe de um patamar a outro na construção de sua aprendizagem. (p. 26) É preciso perceber a carga que os alunos já trazem para sala de aula como um ponto inicial do planejamento de ensino, apesar de essa prática muitas vezes ser ignorada por professores e muitas vezes por não ser compreendida. Como diz Basso (1998): "[...] o trabalho alienado descaracteriza toda e qualquer prática pedagógica exercida por esse professor na escola." (p.27). Em palavras de Zabala (1998) podemos concluir que significado de prática docente mudou bastante e deixou de ser uma mera ação que vem da experiência prática do exercício do magistério, hoje é desenvolvida como uma prática consciente que requer habilidades, saberes e formação docente. A formação também servirá de estímulo crítico ao constatar as enormes contradições da profissão e ao tentar trazer elementos para superar as situações perpetuadoras que se arrastam há tanto tempo: a alienação profissional – por estar sujeitos a pessoas que não participam da ação
  • 29. 28 profissional - as condições de trabalho, a estruturas hierárquicas etc. E isso implica mediante a ruptura de tradições, inércia e ideologias impostas, formar o professor na mudança e para a mudança por meio do desenvolvimento de capacidades reflexivas em grupo, e abrir caminho para uma verdadeira autonomia profissional compartilhada, já que a profissão docente deve compartilhar o conhecimento com o contexto. (Imbernòn, 2002, p. 15) Assim também Severino (2002) confirma que a universidade tem percebido a prática docente e criado e conceituado os conteúdos, fazendo então necessário a capacitação do docente, para que em sua prática saiba compreender o universo social e cultural dos seus educandos desvendando os desafios de produzir saber em sala de aula. Sabemos que a prática ligada a Literatura de modo geral tem um papel importante no desenvolvimento da leitura, por meio dela é que os educandos entram em contato com os Contos de Fadas e com todas as outras formas de Literatura. Por meio desta prática na Educação Infantil é que as crianças vão iniciar o contato com as histórias e com o livro. A prática da leitura e contação são incorporadas à rotina escolar com facilidade principalmente nesta fase escolar, pois ela mistura lazer com aprendizado, podemos perceber isso no Referencial Curricular Nacional Educação Infantil (1998): (...) os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor. (p. 117-159) É importante que o educador dê o devido valor à Literatura Infantil, pois como afirma Meireles (1990, p. 31): “a Literatura Infantil não é como tantos supõem um passatempo. É uma nutrição.” Portanto, a prática da leitura em sala de aula é importante, pois a criança vai descobrir o prazer de ler inicialmente depois que tiver o prazer de ouvir estas histórias.
  • 30. 29 CAPITULO III PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvida, incerteza, decorrente da busca do pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo JAPIASSU (1983): “nosso conhecimento nasce na dúvida e se alimenta das incertezas” (p. 14). Em todo ato de pesquisa faz-se necessário contextualizar a realidade na qual está inserida a população alvo da pesquisa, o que nos permitirá uma visão mais abrangente da problemática e das relações múltiplas que se estabelecem sobre determinada realidade. Na perspectiva de DEMO (1999), pesquisa significa: “(...) diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de interação. Em tese a pesquisa é atitude do “aprender a apreender” e como tal faz parte de todo processo educativo” (p. 128). Na busca de conhecer o trabalho dos professores de Educação Infantil da escola Centro de Educação Sementinha do Futuro adotamos a seguinte metodologia. 3.1 Tipo de Pesquisa Utilizaremos a abordagem de pesquisa qualitativa por ser o melhor caminho a se seguir nesse processo de descoberta, justificada pelo fato de que ela responde de forma discreta a liberdade do pesquisando permitindo envolvimento ou inserção pessoal, intelectual ou social e também por compreender que a mesma utiliza uma abordagem sociológica para discutir tanto o comportamento como valores, expectativas e concepções. Este tipo de pesquisa permite o contato direto entre o pesquisador, o ambiente e a situação investigada, através do trabalho de campo, proporcionando um relacionamento mais longo e flexível entre o pesquisador e o objeto pesquisado, criando um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. Assim LUDKE (1986), “(...) a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que sendo investigada, via de regra através do trabalho intenso de campo.” (p.11). E DESLANDES (1994) completa:
  • 31. 30 A pesquisa qualitativa responde a questões particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o universo de significados, motivos aspirações, crenças, valores e atitudes que correspondem a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis (p. 21). A pesquisa qualitativa é importante para este trabalho, pois permite um contato mais direto e prolongado com os sujeitos e o ambiente pesquisados e, portanto nos dá oportunidade de investigar os relatos dados pelos sujeitos obtendo dados descritivos no contato direto com os mesmos. 3.2 Sujeitos da Pesquisa Os sujeitos envolvidos na investigação são as cinco professoras de Educação Infantil da Escola Centro de Educação Sementinha do Futuro. Escolhi as cinco professoras por optar trabalhar apenas com o turno vespertino. 3.3 Lócus da Pesquisa O lócus tem fundamental importância para a pesquisa, pois leva o pesquisador a refletir sobre o seu problema, interações e questionamentos dessa experiência, abrindo espaço para a investigação. Diante disso TRIVIÑOS (1987) nos diz que: “Ambos os tipos de pesquisa, a com base fenomenológica e a com fundamentos materialistas e dialéticos, ressaltam a importância do ambiente na configuração da personalidade, problemas e situações de existência do sujeito (p. 128). Portanto a instituição onde o projeto será desenvolvido é a escola Centro de Educação Sementinha do Futuro, situada à Rua Acesso 04, 01, no bairro de Casas Populares, na cidade de Senhor do Bonfim-BA. A referida escola é particular e funciona nos turnos matutino e vespertino, atualmente tem um corpo docente formado por nove professores, oferecendo cursos de Maternalzinho, Maternal, Pré- escola I e Pré-escola II, com 40 alunos no turno matutino e Maternalzinho, Maternal, 1º ano (3º período) e 2º ano do Ensino Fundamental, com 43 alunos no turno vespertino.
  • 32. 31 3.4 Instrumentos de Coleta de Dados Nesta pesquisa será utilizada a observação participante, o questionário fechado e o questionário aberto com o intuito de envolver os alunos na investigação. Como diz DESLANDES (1994): “Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples descoberta para através da criatividade produzir conhecimentos” (p. 52). 3.4.1 Observação Participante A observação participante é uma fase exploratória e essencial para o desenvolvimento da pesquisa. É um dos instrumentos de pesquisa mais utilizados, pois nos permite chegar mais perto dos sujeitos, a partir dessa análise do espaço, dos alunos, dos professores e com a proximidade dos mesmos é que podemos perceber a fundo o contato do sujeito com a questão que está sendo pesquisada. Como afirma Ludke e André (1986): O pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidências, pedindo cooperação ao grupo. Contudo terá em geral que aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tornado público pela pesquisa (p. 29). A observação participante também tem vantagens em relação a outros instrumentos, pois propõe a interação com o grupo e as respostas às suas indagações dependerão muito do seu comportamento e da sua relação com o grupo, que pode ser melhor se o pesquisador mostrar-se diferente dos mesmos, na perspectiva de Ludke e André (1986): Nesse papel ele pode desenvolver a sua atividade de observação sem ser visto, ficando por detrás de uma parede espelhada, ou pode estar na presença do grupo sem estabelecer relações interpessoais (p. 29). Este instrumento traz um contato maior com o sujeito de pesquisa permitindo que o pesquisador participe do grupo, o que o torna muito importante para a pesquisa. A observação participante traz o pesquisador ao convívio com o sujeito possibilitando a vivência de experiências onde o ele poderá acompanhar e compreender o dia-a- dia do sujeito, permitindo então uma visão maior do real, segundo a afirmação de Marconi e Lakatos (1996):
  • 33. 32 [...] consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo, Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das agrupo, fazer os indivíduos compreenderam a importância da investigação, sem ocultar o seu objetivo ou sua missão (p. 68). A observação é um instrumento importante na nossa pesquisa por nos permitir um contato pessoal com os sujeitos e o lócus pesquisados, nos proporcionando acompanhar o dia-a-dia dos sujeitos e com isso comparar experiências com os relatos obtidos nos questionários. 3.4.2 Questionário Fechado O questionário fechado é o método mais adequado para traçarmos o perfil sócio econômico dos sujeitos pesquisados. Marconi e Lakatos (1996, p.88) definem o questionário como “... um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados”. O questionário deve ser direto e fácil de responder, ou seja, as questões devem ser de fácil compreensão, assegurando que assim eles devem ser respondidos rapidamente e sem dificuldades, assegurando também o anonimato do sujeito pesquisado. Portanto o questionário fechado é o meio mais rápido para obter informações sobre o sujeito, traçando então o seu perfil de forma organizada e objetiva. O questionário fechado é um instrumento relevante para a nossa pesquisa pela rapidez e facilidade das repostas, podendo então traçar um perfil detalhado do sujeito. 3.4.3 Questionário Aberto Outro instrumento a ser utilizado é o questionário-aberto, por enriquecer as informações, pois possibilita que o sujeito exponha suas idéias de forma evidente. MARCONI e LAKATOS (1996, p.88) definem o questionário como “... um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,
  • 34. 33 que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de entrevistados”. E completa GRESSLER (1989): [...] uma série de perguntas organizadas, com o objetivo de levantar dados para uma pesquisa, cujas respostas são formuladas pelo informante ou pesquisadas sem a assistência direta ou orientação do investigador. Todas as questões do questionário são pré-elaboradas e as respostas são dadas por escrito (p.58). O questionário dá maior liberdade ao sujeito ao expressar suas opiniões sobre o tema em questão, permite que ele tenha tempo para refletir sobre o que vai responder, além de dar maior liberdade de resposta devido ao anonimato exigido. O questionário aberto é um instrumento muito importante para a nossa pesquisa por recolher informações com facilidade, relatos mais precisos e reais, permitindo que os sujeitos expressem suas idéias de forma livre e com isso podemos construir reflexões sobre a questão de estudo.
  • 35. 34 CAPITULO IV ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Apresentaremos neste capítulo a análise e interpretação de dados com o intuito de alcançarmos o objetivo principal desta pesquisa que é perceber a opinião das educadoras sobre a utilização dos Contos na sala de aula e se elas reconhecem se os Contos podem colaborar na formação do educando como leitor. Portanto, este capítulo constitui uma leitura dos dados: observação e questionários. É preciso ressaltar que estas análises aqui apresentadas representam nossas interpretações e não uma realidade única e imutável. 4.1 Perfis dos sujeitos Os sujeitos envolvidos na investigação são cinco professoras de Educação Infantil da escola Centro de Educação Sementinha do Futuro que lecionam no turno vespertino. Para traçar o perfil dos sujeitos utilizaremos gráficos com porcentagens. 4.1.1 Gênero Gráfico 4.1.1 Percentual quanto ao gênero dos sujeitos. Conforme o gráfico acima com a análise dos sujeitos observados, percebemos que 100% dos educadores são do sexo feminino, o que mostra que a presença feminina tem grande espaço na área educacional como aponta Kramer (1992):
  • 36. 35 O gênero como constitutivo das relações sociais e apontando marcas de uma socialização orientada por modelos de papéis sexuais dicotomizados e diferenciados, em que a socialização feminina tem como eixos o trabalho doméstico e a maternagem (p. 125). E completa Silva (2002): “A feminilização do magistério ocorreu com a luta das mulheres, para se estabelecerem profissionalmente, configurando um nicho no mercado de trabalho ocupado por mulheres” (p. 45). Essa predominância do sexo feminino na educação e principalmente na Educação Infantil vem ao longo do tempo perpetuando-se essa concepção de que as mulheres seriam as responsáveis pela formação das crianças. 4.1.2 Nível de formação Gráfico 4.1.2 Percentual quanto ao nível de formação dos sujeitos. Quanto ao nível de formação podemos observar no gráfico acima que 20% das professoras possuem Ensino Médio completo entre elas uma possui o curso de Magistério e a outra o Ensino Médio básico, 20% delas possuem Ensino Superior completo o qual corresponde ao curso de Geografia e 60% das professoras possuem Ensino Superior Incompleto as quais cursam graduação em Pedagogia. Percebemos que a maior parte dos professores de Educação Infantil vem buscando aperfeiçoamento na profissão buscando conhecimentos numa formação adequada para a função exercida, procurando se adequar às exigências legais da lei de Diretrizes e Bases – LDB, portanto conforme o artigo 62 assim fica determinado:
  • 37. 36 A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 1996) 4.1.3 Carga horária de trabalho Gráfico 4.1.3 Percentual quanto à carga-horária de trabalho. A partir da análise deste gráfico, podemos perceber que a carga-horária de trabalho dos sujeitos está entre 20 e 40 horas semanal. Apenas uma das que trabalham 20 horas tem outro trabalho no turno matutino. Entendemos que a carga horária menor de trabalho faz com que este profissional desempenhe melhor o seu trabalho, pois possibilita tempo para planejar suas atividades, porém a precarização do trabalho docente faz com que eles tenham necessidade de ter outras atividades para complementar sua remuneração. 4.1.4 Faixa etária Gráfico 4.1.4 Percentual quanto à faixa etária.
  • 38. 37 De acordo com o gráfico acima a faixa etária das professoras está em 60% entre 26 a 35 anos, e 40% está entre 19 a 25 anos. Este resultado mostra que a maior parte dos professores é jovem e isso estabelece uma ligação com o nível de formação uma vez que 60% estão cursando o nível superior. 4.1.5 Renda mensal Gráfico 4.1.5 Percentual quanto à renda mensal dos sujeitos. De acordo com as informações obtidas e representadas no gráfico, identificamos que 100% das professoras têm renda mensal de um salário mínimo. A renda mensal das professoras é muito baixa principalmente por ser uma escola de pequeno porte. Segundo Libâneo (2004): O professorado diante das novas realidades e da complexidade de saberes envolvidos presentemente na sua formação profissional, precisaria de formação teórica mais aprofundada (...) além, obviamente, da indispensável correção dos salários, nas condições de trabalho e de exercício profissional (p. 77). Embora exista um piso salarial determinado pelo Ministério da Educação muitas escolas não o seguem, e a escola pesquisada justifica-se por ser uma escola de pequeno porte, o valor arrecadado pelas mensalidades não é suficiente para cobrir o salário determinado. Percebemos então a importância da busca por capacitação do profissional em educação e com isso podendo então desempenhar um papel significativo no desenvolvimento dos educandos. 4.2 Contando e analisando: o que dizem as professoras
  • 39. 38 Analisando o questionário aberto podemos perceber o significado que as professoras dão aos Contos de Fadas e o que eles representam na formação do aluno quanto leitor. Para que preservemos a identidade do professor utilizaremos códigos de identificação dos sujeitos como: P1, P2 (...) P5. 4.2.1 O contato com os ouvintes Por se tratarem de professoras de Educação Infantil e por trabalhar com cinco professoras o primeiro passo foi identificar em que turma, ou com qual faixa etária cada uma delas trabalha. Entre as professoras estão uma professora de Maternal, que trabalha com crianças entre dois e três anos, duas professoras de Pré-escola I, que são crianças com quatro anos e duas professoras de Pré-escola II, que trabalha com crianças de cinco anos. 4.2.2 O que é Literatura Infantil? Perguntamos às professoras o que é Literatura Infantil para elas, a maioria foram respostas simplificadas, sem muitos significados. Ao analisarmos suas respostas compreendemos o significado que elas dão à Literatura Infantil e com isso já buscamos perceber um pouco da importância que tem para cada uma delas. “São histórias para crianças.” (P1) “É literatura para crianças.” (P2) Percebemos nas respostas acima uma simplificação grande do que é Literatura Infantil, podemos também comparar nos questionários que uma das professoras faz parte dos 20% das professoras que possuem Ensino Médio e a outra faz parte dos 20% que possuem Ensino Superior completo o qual corresponde ao curso de Geografia. É provável que a resposta seja referente à falta de conhecimento (formação adequada) sobre o assunto.
  • 40. 39 “É a literatura voltada para a criança, com uma linguagem voltada para o público infantil.” (P4) “É onde a criança interage, cria, imagina, compreende o mundo, são estimuladas a criar e até mesmo se colocar no lugar dos personagens das histórias dos contos.” (P5) Podemos perceber nas respostas de P3, P4 e P5 um aprofundamento e vários significados e finalidades atribuídos à Literatura Infantil como afirma Dinorah (1995): “O livro é aquele brinquedo, por incrível que pareça que, entre um mistério e um segredo, põe idéias na cabeça” (p. 15). Portanto a Literatura Infantil é mais que histórias contadas para crianças, ela pode ser um mundo de imaginação e prazer no cotidiano infantil despertando o gosto pela leitura, acreditamos que a simplificação das respostas vem da falta de formação das educadoras, percebemos ao analisar o gráfico 4.1.2 que 60% delas ainda estão em processo de formação no curso de Pedagogia. 4.2.3 Num lugar tão distante ainda existe o gosto pela Leitura Nos relatos sobre a questão: Você gosta de ler? Percebemos que o gostar de leitura abrange 100% das professoras todas gostam de ler, mas algumas justificam a falta de leitura pela fatal de oportunidade, de tempo e afirmam que não costumam ler habitualmente. “Gosto, mas não leio muito.” (P1) “Às vezes, não tenho muito tempo.” (P2) “Gosto.” (P5) As opiniões expressas em cada discurso mostram, de várias formas, que a chamada a leitura por prazer no cotidiano do professor fora da sala de aula quase não ocorre. “Sim, a leitura para mim abre portas, mundos... e com isso podemos viajar e vivenciar situações apenas com uma boa leitura”. (P4) Neste sentido Coelho (2000) afirma:
  • 41. 40 Chega-se à conclusão de que o professor precisa estar “sintonizado” com as transformações do momento presente e reorganizar seu próprio conhecimento ou consciência de mundo, orientado em três direções principais: da literatura (como leitor atento), da realidade social que o cerca... e da docência (como profissional competente)”. (p. 18) A resposta de P4 mostra uma leitura por prazer, com isso percebemos que a professora tem um hábito de ler sempre e essa forma de gostar de ler possivelmente é transmitida em sala de aula. 4.2.4 Quem conta um conto aumenta... muitos pontos De modo geral ler e contar histórias na sala de aula é fundamental para muitas questões, a Literatura Infantil, além de fazer viajar, se emocionar, se encontrar... forma e informa. E neste sentido, para Abramovich (1997): [...] é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início de aprendizagem para ser um leitor, e ser um leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo... (p. 16) As idéias expressas pelas professoras e a observação que foi feita nas salas de aula mostram que a Literatura Infantil está presente no cotidiano escolar das turmas em que lecionam. “Sim, eles gostam muito de ouvir histórias.” (P1) “Sim, as histórias prendem a atenção deles.” (P2) “Sim, eles adoram ouvir histórias”. (P4) “Leio, sempre, na hora das atividades.” (P5) Notamos que o motivo maior das professoras contarem histórias na sala de aula é o fator das crianças gostarem de ouvi-las, isso mostra que em meio a um mundo tecnológico e extremamente informatizado, o gosto por ouvir histórias, contos ainda sobrevive a tais mudanças no contexto humano e principalmente infantil. Em palavras de Garcia (1992) vimos anteriormente que é o professor que deve buscar caminhos para o aprendizado da leitura desenvolvendo senso crítico e criativo. O fato dessas professoras já fazerem o uso das histórias e dos Contos de
  • 42. 41 Fadas já mostra que elas têm compreensão de que eles fazem parte do universo infantil e que podem trazer benefícios na educação dos seus alunos. 4.2.5 E quem quiser que conte outra (o)... Acerca do tipo de Literatura Infantil que elas utilizam com maior freqüência na sala de aula as respostas foram em 100% a mesma: “Conto de Fadas” (P1) “Contos Clássicos, modernos e fábulas” (P3) “Os Contos de Fadas” (P5) Os contos estão envolvidos na magia, na fantasia e misturam o lazer e o aprendizado. Em palavras de Abramovich (1997): Por quê? Porque os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um universo que denota fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu... Porque se passam num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do espaço, mas onde qualquer um pode caminhar... (...) Porque todo esse processo é vivido através da fantasia, do imaginário, com intervenção de entidades fantásticas (bruxas, fadas, duendes, animais falantes, plantas sábias...). (p. 120) A forma com que os Contos desenrolam os seus conflitos é que mostra à criança um espaço para que elas representem e encontrem formas de resolver seus conflitos interiores. Respondendo a pergunta se elas trabalham com Contos Clássicos temos as seguintes respostas: “Sim, porque elas gostam.” (P1) “Sim, porque são histórias que elas mais gostam.” (P2) “Também. Por que meus alunos gostam e eu também além de despertar a fantasia e imaginação.” (P3) “Sim, porque é a literatura que mais encanta.” (P4) “Sim, acho que é o momento de interação das crianças, onde elas vivem no seu mundo imaginário.” (P5)
  • 43. 42 As respostas mostram o interesse do aluno de Educação Infantil pelos Contos de Fadas, e que o encantamento que essas histórias proporcionam é que faz elas quererem sempre ouvir mais histórias, podemos perceber esta realidade no momento da observação participante, observamos a euforia das crianças no momento das histórias e vimos que alguns até mesmo pedem que a história preferida seja contada, mesmo que seja pela 5ª vez. 4.2.6 Pela estrada a fora encantando com um capuz vermelho Perguntamos às professoras qual a história que prende mais a atenção dos seus alunos e a resposta foi única: “Chapeuzinho Vermelho” (P1) “Chapeuzinho Vermelho e Os três porquinhos” (P2) “Festa no céu e os três porquinhos” (P3) “Chapeuzinho Vermelho” (P5) Vimos durante a observação direta também, que elas pedem as histórias que mais gostam e percebemos que estão entre os Contos de Fadas e geralmente pedem a mesma história por várias vezes. Preferem histórias em que o professor faça um suspense e que algo de misterioso aconteça. As crianças gostam do que é mágico e irreal, como quando a vovó da Chapeuzinho é engolida pelo Lobo e no final ressurge saindo então da barriga dele, com isso ela acredita que ao final de situações difíceis tudo acaba bem. Essa característica dos Contos de Fadas em que tudo no final tem uma solução boa e fácil para quem é “do bem”, é que traz o encantamento fazendo com que elas se identifiquem com a história e com isso buscar o conhecimento de forma lúdica e prazerosa. 4.2.7 E pra formar leitores precisa de capuz vermelho? Quando perguntamos se elas acreditam que os contos de fadas podem ajudar no processo de formação do leitor na Educação Infantil, as respostas foram positivas:
  • 44. 43 “Os livros fazem elas terem curiosidade de ler.” (P1) “Acho que sim, por que o livro, as figuras coloridas, e a forma com que se lê, fazem elas terem a curiosidade de aprender a ler.” (P2) “Sim, por que através das histórias a criança vai sendo despertada para o gosto pela leitura e pela curiosidade de ler outras histórias.” (P3) “Sim, por que o conto é a primeira forma de literatura que as crianças têm contato e por ser prazerosa faz com que a criança tenha vontade de aprender a ler.” (P4) “Acredito. As histórias também ajudam a formar a personalidade das pessoas.” (P5) A Literatura é o que garante o prazer da leitura, ou seja, a leitura por prazer. Segundo Cunha (1995, p. 47): “(...) a leitura é uma forma altamente ativa de lazer”. Como diz a professora P4 os Contos estão presentes na vida da criança, muitas vezes, desde o berço, e o poder que eles têm de encantar junto com a mediação do professor, pode incentivar o aluno ao aprendizado da leitura. As professoras em questão afirmam que os Contos podem sim incentivar os seus alunos a aprenderem a ler, isso revela que elas acreditam no poder das histórias infantis, em que o despertar de emoções pode trazer a leitura, a linguagem para mais perto da criança e que isso pode influenciar na formação do seu aluno quanto leitor. 4.2.8 Contando... qual a sua maneira? Ao analisarmos as respostas sobre de que maneira elas utilizam os contos na sala de aula, percebemos que a contação é o modo mais utilizado pelas professoras: “Utilizo contando as histórias ou lendo nos próprios livros.” (P1) “Contando as histórias da minha maneira ou leio nos livrinhos.” (P2) “É utilizada com as atividades, dependendo do conteúdo.” (P3) “Contando as histórias, lendo livrinhos. Às vezes eu escolho a história, mas às vezes mesmo já tendo escolhido, tenho que contar outra, pois eles pedem alguma história que mais gostam.” (P4)
  • 45. 44 Na observação participante podemos observar também essas afirmações, vimos professoras contando histórias dos Contos de Fadas, principalmente, contando com suas palavras, com seu jeito, da sua maneira, muitas vezes com a participação dos alunos, percebemos a ansiedade quando a professora dizia que ia contar uma história e como diz a P4, também ouvimos os pedidos que eles fazem acerca da história que querem ouvir muitas vezes uma história que já foi contada outras vezes, mas que mesmo assim ainda traz emoções. 4.2.9 O que precisa usar pra contar? Acerca de materiais ou recursos que podem ser utilizados para contar essas histórias perguntamos: Você utiliza algum recurso para contar as histórias? Qual? Notamos que a escola possui alguns recursos para ajudar as professoras como os livros, os fantoches e muito material para criar seus próprios recursos. “Às vezes, utilizo fantoches ou livros.” (P1) “Sim, fantoches, objetos, livros.” (P2) “Fantoche, avental, dramatização. Rodinha.” (P3) “Sim. Utilizo objetos, fantoches, fantoches confeccionados, brinquedos...” (P4) Com a nossa observação participante podemos ver várias situações de leitura e contação de histórias, achamos muito interessante a forma de contar de cada uma, com os fantoches, em algumas situações confeccionando material, assim como também improvisando com brinquedos e até mesmo com materiais do uso da criança, como, por exemplo, as borrachas como João e Maria e a cola como bruxa má, momentos de lazer e aprendizado andando juntos. 4.2.10 Tem hora certa pra contar? Ouvimos muito falar sobre “a hora do conto”, muitas escolas adotam este procedimento determinando na rotina semanal o dia e a hora certa para contar histórias. Então perguntamos se as professoras têm dia e hora específica para contar histórias e quantas vezes na semana elas o fazem.
  • 46. 45 “Não tenho dia específico, conto quando sinto vontade de contar. Não tenho quantidade de vezes durante a semana.” (P1) “Não, às vezes 1, 2 ou 3 vezes na semana.” (P2) “Sim, todos os dias após o recreio e na rotina com o conteúdo.” (P3) “Toda sexta-feira eu conto uma história, mas às vezes conto outros dias da semana, quando tem tempo livre.” (P4) “Não, acho que uma vez na semana.” (P5) Percebemos nos relatos que a maioria delas não tem um tempo determinado para contar histórias, o momento é aquele que elas julgam ser oportunos para a utilização das histórias na sala de aula e quanto à quantidade de vezes em que contam histórias percebemos que na maioria dos relatos as professoras dizem que trabalham regularmente (mais de uma vez na semana), “Ao ler uma história a criança também desenvolve todo o potencial crítico. (...) Mas fazendo parte da rotina escolar, sendo sistemático, sempre presente... (ABRAMOVICH, 1997, p. 173), percebemos também na observação direta os momentos de contação e leitura de histórias, além da alegria, euforia e encanto das crianças. 4.2.11 Sobre Projetos de leitura Não temos dúvida quanto à importância de que a Literatura Infantil e os Contos de Fadas têm relevância no processo de formação da criança, ampliando conhecimentos e estimulando o processo de formação de leitores. O educador deve saber o quanto é importante sua prática e ação em sala de aula, sua mediação motivará ou não a criança à prática da leitura. Segundo ZILBERMAN, “(...) Para se alcançar o estímulo à leitura, é preciso que esta disciplina estabeleça quais metas didáticas são válidas para utilização ao livro infantil na escola” (1993, p. 29). E quanto a Educação Infantil Radino (2003): “O ato de ouvir histórias auxilia a criança no seu processo de alfabetização, pois quanto mais histórias ouvir mais ela aguçará sua capacidade de imaginação...”
  • 47. 46 Questionamos às professoras se na escola elas trabalham com algum projeto específico de literatura com incentivo a leitura. Percebemos uma contradição nas falas da professora P2, quando diz: “Não. Nunca pensei nessa hipótese de já influenciar nisso.” (P2) Podemos observar que em questões anteriores ela afirmou que acredita sim que os contos de Fadas podem ajudar no processo de formação do leitor. “Não, não temos projetos de leitura ou literatura na Educação Infantil.” (P1) “Não fiz projeto de leitura com eles, pois são muito pequeninos.” (P4) “Não apenas conto as histórias.” (P5) Nos relatos acima podemos perceber que elas não trabalham com nenhum projeto específico de Literatura ou Leitura, a professora P4 afirma inclusive que acham as crianças muito pequeninas para já serem influenciadas a ler.
  • 48. 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os Contos de Fadas, apesar de trazerem contextos sociais e econômicos que estão ligados à realidade da Europa Medieval, que se encontram muito distantes do nosso contexto social, tem seu grande espaço na vida das crianças de casa à escola por apresentarem problemas muitas vezes envolvendo um meio familiar com sentimentos de amor, medo, vida, morte, resolvendo os conflitos sempre de forma simples e objetiva. Não há projeto de Literatura Infantil com incentivo à leitura, mas, a prática docente utilizando-se da literatura Infantil pode colaborar com a formação do leitor, visto que o processo de alfabetização acontece de um modo contínuo durante toda a Educação Infantil. Sabemos que os Contos de Fadas e a Literatura Infantil de modo geral são instrumentos significativos neste processo de construção de conhecimento e formação de leitores. A leitura de histórias na sala de aula e a forma como o educador conduz é fundamental para formar leitores críticos e reflexivos, com essa prática ajuda a desenvolver também o prazer e o hábito da leitura. Diante de todas as questões que foram levantadas às professoras, percebemos que apesar de não serem leitores em sua essência, em sala de aula elas admitem que a leitura e contação dos Contos de Fadas são importantes, e que elas fazem o uso delas em sala de aula. Com as observações também percebemos que as professoras permitem o contato da criança com o livro e que reconhecem que os Contos podem influenciar na formação do leitor, mas afirmam que não fazem uso das mesmas com a intenção de incentivá-los a aprender ou querer aprender a ler, vimos que o conto faz parte do cotidiano escolar, mais como uma forma de lazer e divertimento, e algumas vezes também atrelado a algum assunto específico, como trabalhar sobre o a órgãos do sentido contando a história de Chapeuzinho Vermelho, enfatizando a parte em que a menina pergunta a avó (lobo) sobre as partes exageradas do seu rosto.
  • 49. 48 Os resultados apontam que a forma com que elas trazem os Contos para a sala de aula, com estratégias diferentes para atrair a atenção do aluno nos revela que mesmo inconsciente, as professoras vem incentivando e atraindo os alunos às histórias e não só ao imaginário e maravilhoso, mas também vem despertando os alunos a gostarem do que está no livro. Notamos pela forma com que alguns alunos que ainda não sabem ler, até mesmo de maternal, por exemplo, pegam nos livros fingem que estão lendo, imitam o jeito das professoras contarem e até mesmo desvendam a história pelas figuras fazendo leitura de imagem. Constatamos que as educadoras, por meio da sua prática, mesmo sem intenção, incentivam as crianças à leitura e se elas investissem em projetos com Contos de Fadas como instrumento em sala de aula poderia ter estratégias mais definidas para incentivar os alunos a se tornarem futuros leitores. Notamos a diferença entre as ações dos professores, que nos momentos que não tem o que fazer em sala de aula apenas pegam um livro e lêem a história, e as professoras questionadas durante a pesquisa onde durante a observação participamos de várias ações de leitura e contação de forma dinâmica, fazendo com que os alunos queiram interagir neste momento. Assim, todas as discussões acerca dessas ações docentes envolvem profissionais e vimos que a maioria deles já estão em formação no curso de Pedagogia, isso mostra que esses profissionais vêm buscando capacitação e isso os possibilitará a elaboração de projetos de leitura e com isso no futuro teremos mais leitores “felizes para sempre”.
  • 50. 49 REFERENCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo. Scipione, 1997. AGUIAR, Vera Teixeira de e (coord). Era uma vez... na escola. Formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001. AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? – literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1997. ÁRIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. BASSO, I. S. Significado e sentido do trabalho docente. Cadernos Cedes, v.44. Campinas, São Paulo. 1998. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96 de 20 de Dezembro, 1996. Estabelece as Diretrizes e Base da Educação Nacional. CASHDAN, Sheldon. Os 7 pecados capitais nos contos de fadas: como os contos de fadas influenciam nossas vidas. [s.n.] Rio de Janeiro: Campus, 2000. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e prática. São Paulo: Ática, 1995. DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 2º edição – Petrópolis: Vozes, 1999.
  • 51. 50 DESLANDES, Suely Ferreira. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade/ Suely Ferreira Deslandes, Otávio Cruz Neto, Romeu Gomes, Maria Cecília de Souza Minaio (organizadora), Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. DINORAH, Maria. O livro infantil e a formação do leitor – m.d. (Em poesia sapeca, L&PM Editores, Porto Alegre, RS) – RJ, Vozes – 1995. GARCIA, Edson Gabriel. A Leitura na escola de 1º grau. Por uma outra leitura da leitura. 2ª Ed. São Paulo; Editora Loyola, 1992. GARCIA, Regina Leite (org). A formação da professora alfabetizadora: reflexões sobre a prática. São Paulo, Cortez, 2003. GIGLIO, Zula Garcia (org). Contos Maravilhosos: Expressão do Desenvolvimento Humano. Campinas: NEP/UNICAMP, 1991. GRESSLER, Lori Alice. Pesquisa educacional: importância, modelos, validade variáveis, hipóteses, amostragem, instrumentos. 3ª ed. Edições Loyola, São Paulo; Brasil, 1989. IMBERNÒN. F. Formação docente e profissional: formar-se para mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2002. JAPIASSU, Hilton. A pedagogia da incerteza. In: A pedagogia da incerteza e outros estudos. Rio de Janeiro: Imago, 1983. KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. Tese de doutoramento. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Publicado em 1992, São Paulo, Ática. KRAMER, Sônia (coord.). Com a pré-escola nas mãos; uma alternativa curricular para a Educação Infantil, 8ª Edição. São Paulo: Ática, 1994. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissionais docentes. 6ª Ed. São Paulo: Cortez, 2004.
  • 52. 51 LUDKE, Menga e Marli E. D. A. André. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo. EPU, 1986. LUZURIAGA, L. História da Educação e a Pedagogia. São Paulo: Nacional, 1990. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa: planejamento e educação de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. / Marina de Andrade Marconi, Eva Marina Lakatos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996. MEIRELES, Cecília. Problemas de Literatura Infantil. 4. ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1990. OSTETTO, Luciana Esmeralda. Encontros e Encantamentos na Educação Infantil. Campinas: Papirus, 2000. OSTETTO, L. E.; OLIVEIRA E. R. de. e MESSINA, V. da S. Deixando marcas: a prática do registro no cotidiano da educação infantil. Florianópolis, Cidade Futura, 2001. RADINO, Glória. Branca de Neve educadora: O imaginário em Jogo. (Tese de Mestrado). Assis: Unesp. Campus de Assis; 2001. RADINO, Glória. Contos de Fadas e Realidade Psíquica: a importância da fantasia no desenvlvimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Brasília: MEC/SEF, 1998. SEVERINO, Antonio Joaquim e FAZENDA, Ivone Catarina Arantes (org.). Formação Docente: ruptura e possibilidades. Campinas, SP: Papirus, 2002. SILVA, E. T. da. Ler é, antes de tudo, compreender. In:_____. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 1981.
  • 53. 52 SILVA, A. Arte e comunicação. Rio de Janeiro: Pongetti, 1985. SILVA, V. L. G. da. Profissão: professora. In: CAMPOS, M. C. S. de S., SILVA, V. L. G. da (orgs.) Feminização do magistério: vestígios do passado que marcam o presente. Bragança Paulista: Edusf, 2002. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. TUNES, Suzel, Rumo à maturidade. Nova Escola, São Paulo, ed.especial, n°. 9, p. 6-9, abr.2006. ZABALA, Antoni. A prática Educativa: Como Ensinar?/Antoni Zabala; trad. Ernani S. da S. Rosa. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998. ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil e Ensino. São Paulo: Cortez, 1990. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1993.
  • 54. 53
  • 55. 54 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII Este questionário sócio-econômico faz parte de um trabalho de pesquisa da Universidade do Estado da Bahia. Conto com a sua participação. Obrigada! QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO 1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Escolaridade: ( ) Ensino Médio ( ) Superior incompleto ( ) Superior Completo:______________ ( ) Pós-graduação Ano de Conclusão: ________ 3. Carga-horária de trabalho: ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas 4. Idade ( ) 19 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 40 anos
  • 56. 55 ( ) Acima de 40 anos 5. Renda familiar: ( ) Um salário mínimo ( ) Dois salários mínimos ( ) Três salários mínimos ( ) Mais de três salários mínimos
  • 57. 56 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII Este questionário faz parte de um trabalho de pesquisa da Universidade do Estado da Bahia. Conto com a sua participação. Obrigada! QUESTIONÁRIO: 1. Com qual série você trabalha? ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 2. Para você o que é Literatura Infantil? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 3. Você gosta de ler? ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4. Você lê sempre para seus alunos? ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 5. Que tipo de literatura você utiliza com maior freqüência na sala de aula? ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 6. Você costuma trabalhar com os Contos clássicos? Por quê? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________