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       UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
       DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                 SENHOR DO BONFIM




       MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES




O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA
               EDUCAÇÃO INFANTIL




             SENHOR DO BONFIM
                   2009
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       MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES




O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA
               EDUCAÇÃO INFANTIL




                      Monografia apresentada como pré-
                      requisito para conclusão do Curso de
                      Pedagogia: Docência e Gestão de
                      Processos Educativos, Departamento de
                      Educação Campus VII da Universidade
                      do Estado da Bahia.


                      Orientador: Profº. Pascoal Eron Santos
                      de Souza




             SENHOR DO BONFIM
                   2009
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                MARIA ELIZANGELA GOMES NUNES




     O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA
                    EDUCAÇÃO INFANTIL




Aprovada em ______ de ______________ de 2009




Orientador: __________________________________________
          Prof. Pascoal Eron dos Santos de Souza


Avaliador(a): __________________________________________




Avaliador(a): __________________________________________
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                               AGRADECIMENTOS


Diante de todo o caminho trilhado, chegou-se ao final dessa etapa, e que muitos
foram aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta. Quero pois, manifestar a
minha sincera gratidão:


A Deus, por ter me dado forças durante todo o caminho trilhado, nas maiores
dificuldades, Ele está sempre do meu lado.


A Universidade do Estado da Bahia, por ter me possibilitado cursos do Ensino
Superior.


Ao professor Pascoal Eron, que gentilmente aceitou ser meu orientador, fazendo
com que essa pesquisa se tornasse real.


Ao colegiado de Pedagogia e em especial a professora Suzzana Alice que fez com
que compreendesse o verdadeiro sentido de pesquisa e a Professora Maisa que fez
com que despertasse o verdadeiro sentido do lúdico na atuação pedagógica,
fazendo-me despertar por esse tema.


Aos funcionários da biblioteca que sempre estavam à disposição para nos ajudar.


Aos meus familiares que estiveram sempre presentes nos momentos mais difíceis,
prontos a ajudar, como meus pais, minha avó e meu esposo.


A todos os meus amigos do curso, em especial a Eliane Miranda, Adriana de
Carvalho e Camilla Barbosa, que estiveram presentes, juntas em todos os trabalhos;
valeu pelas conversas, discussões e conclusões.


Aos amigos e colegas universitários que durante o curso, juntos estávamos à espera
de uma carona, embaixo de ventos frios e chuva.


Aos caminhoneiros que nos deram carona com o mesmo medo que tínhamos deles.
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Aos professores da Creche Mãe Dedé que sempre estiveram à disposição para nos
ajudar em nossas pesquisas.


A todos vocês, o meu eterno e muito obrigado! Que Deus os abençoe!
6




“A criança, um ser em criação, cada ato é para ela uma
ocasião de explorar e de tomar posse de si mesma; ou,
para melhor dizer, a cada extensão a ampliação de si
mesma. É esta operação, executa-a com veemência, com
fé: um jogo contínuo. A importância decorrente de
conquistas, uma vibração incessante”. (Montessori)
7



                                     RESUMO



NUNES, Maria Elisângela Gomes. O Lúdico: uma forma prazerosa de aprender na
Educação Infantil. Monografia de Conclusão do Curso de Pedagogia com habilitação
em docência e gestão de processos educativos apresentada à Universidade do
Estado da Bahia – UNEB – Campus VII, 2009.

O presente trabalho traz algumas reflexões e considerações sobre a importância das
atividades lúdicas para as crianças de Educação Infantil na perspectiva do professor
desse nível de ensino da Creche Mãe Dedé, situada no Município de Filadélfia-
Bahia. Tendo como tema: o lúdico como forma prazerosa de aprender na Educação
Infantil. Ao ressaltarmos sobre a ludicidade, percebemos como muitos professores
resumem o lúdico às práticas de brincadeiras acontecidas na sala de aula. Nessa
pesquisa, através dos questionários fechado e aberto, fazendo-se uso da pesquisa
qualitativa, buscou-se respostas para as inquietações referentes ao objetivo desse
estudo. Onde buscamos para o aprofundamento, dialogar com Almeida (2000),
Oliveira (2008), Candau (1996), Fazenda (1991), Kishimoto (2002), Silva (2003),
Kramer (2001), Machado (2001), Maluf (2008), dentre outros. Por fim, podemos
concluir que os professores possuem uma concepção sobre a ludicidade, mas que
encaram como algo novo e que necessitam de preparação e recursos para
trabalharem de forma lúdica, mas reconhecem a Educação Infantil como alicerce
para o desenvolvimento humano, mas é um trabalho que exige formação e
dedicação. Conclui-se, que esses profissionais sentem anseios por mais formações,
onde possibilitem uma atuação concreta, pois a Educação Infantil não se resume em
só brincar sem objetivo, ou só cuidar, mas sim em educar, encaminhar essas
crianças visualizando um mundo de formação, para que possam se tornar cidadãos
atuantes; para isso, é necessário que reconheçamos a importância da Educação
Infantil e possamos quebrar esses estereótipos que ameaçam esse nível de ensino,
pois através das atividades lúdicas as crianças se desenvolvem de forma mais
prazerosa.

Palavras-chave: Atividades lúdicas, Educação Infantil, Professor da Educação
Infantil, Processo ensino-aprendizagem.
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                             LISTA DE FIGURAS




FIGURA 01: Percentual em relação à formação;
FIGURA 02: Percentual em relação ao gênero;
FIGURA 03: Percentual em relação ao tempo de atuação;
FIGURA 04: Percentual em relação à quantidade de aluno;
FIGURA 05: Percentual em relação à renda mensal.
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                                                     SUMÁRIO




   INTRODUÇÃO.............................................................................................. 11
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 13
   1. EDUCAÇÃO INFANTIL, O BRINCAR COMO FORMA LÚDICA............... 13
CAPÍTULO II .................................................................................................... 19
   2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 19
      2.1.1 O brincar, o jogo e o brinquedo........................................................ 21
      2.2 Educação Infantil: perspectivas e descobertas ................................... 24
      2.3 Os paradigmas dos professores da Educação Infantil ........................ 28
      2.4 O Professor e o lúdico na Educação Infantil ....................................... 31
      2.5 O processo ensino-aprendizagem e o lúdico ...................................... 33
CAPÍTULO III ................................................................................................... 36
   3. CAMINHOS METODOLÓGICOS ............................................................. 36
      3.1 Pesquisa Qualitativa............................................................................ 36
      3.2 Sujeitos da pesquisa ........................................................................... 37
      3.3 Lócus da Pesquisa .............................................................................. 37
      3.4 Instrumento de coleta de dados .......................................................... 38
         3.4.1 Questionário fechado.................................................................... 38
         3.4.2 Questionário Aberto...................................................................... 38
CAPÍTULO IV................................................................................................... 40
   4. ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS.................................... 40
         4.1.1 Formação ..................................................................................... 40
         4.1.2 Gênero.......................................................................................... 41
         4.1.3 Tempo de Atuação ....................................................................... 42
         4.1.4 Quantidade de aluno .................................................................... 43
         4.1.5 Renda Mensal............................................................................... 44
      4.2 Analisando o questionário aberto........................................................ 45
         4.2.1Educação Infantil considerada como alicerce................................ 45
         4.2.2 Como deve ser um professor da Educação Infantil? .................... 47
         4.2.3 A ludicidade na Educação Infantil................................................. 48
         4.3.4 Conceitos sobre as atividades lúdicas e sua importância............. 50
10



      4.3.5 Os obstáculos encontrados ao se trabalhar com o lúdico ............ 52
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 55
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 57
APÊNICES
11



                                  INTRODUÇÃO




A educação infantil é concebida como parte integrante da Educação Básica,
trazendo no seu percurso histórico uma idéia de assistencialismo e preparação para
o ensino fundamental; quando na verdade esse nível de ensino está atrelado a uma
formação que contribuirá para todo o desenvolvimento humano. Este trabalho
buscou analisar a importância que as atividades lúdicas proporcionam ao
desenvolvimento das crianças da Educação Infantil, em uma perspectiva
pedagógica.


A pesquisa é composta por quatro capítulos:


No Capítulo I, trazemos as concepções das funções da Educação Infantil marcadas
pelo percurso trilhado, como também a função do educador que é o mediador desse
processo, mostrando a intermediação entre a prática pedagógica e a importância da
presença do lúdico nessa prática, pois atuar nesse nível vai além do cuidar e
ensinar, mas preparar para uma vida futura. Atuar na Educação Infantil exige
formação e dedicação.


No Capítulo II, buscamos uma reflexão entre a prática com apoio em autores que
retratam sobre a importância das atividades lúdicas no contexto infantil, mostrando
os pontos referentes aos conceitos-chave.


No Capítulo III, ressaltamos sobre os procedimentos que realizamos em busca de
respostas. Trazemos então a metodologia, mostrando como surgiu a necessidade
dessa pesquisa. Referindo-se ao enfoque qualitativo. Identificando também, o lócus,
sujeitos e os instrumentos de coleta de dados.


No Capítulo IV, apresentamos a análise e interpretações dos dados, nesse aspecto
procurou-se analisar as falas dos professores, comparando com as concepções
trazidas pelos autores. Essa análise foi dividida em categorias, tentando buscar
respostas para os objetivos almejados na pesquisa
12



Por fim, fazemos algumas considerações buscando apresentar os resultados
definidos dessa pesquisa, sem intenção de maquiá-los, mas mostrar a realidade
educacional do nosso lócus, evidenciando que muito ainda pode ser feito por esse
nível de ensino que é a base de todo o desenvolvimento intelectual humano.Assim
sendo, evidencia-se relevante a presente pesquisa, uma vez que focaliza a
necessidade de reconhecer a importância do lúdico no cotidiano das crianças.
13



                                     CAPÍTULO I




1. EDUCAÇÃO INFANTIL, O BRINCAR COMO FORMA LÚDICA.


Ao longo da história da Educação Infantil, percebemos esta etapa educativa é
recente aqui em nosso país, surgindo com a sociedade capitalista, urbano-industrial,
pois crescia o número de empregos, e as crianças precisavam de cuidados
enquanto seus pais trabalhavam. Esse tipo de educação surgiu com a função de
“guarda de crianças”, predominando a chamada visão assistencialista e sanitária,
isto é, onde a criança receberia os cuidados necessários, enquanto seus pais
trabalhavam.


Segundo Machado (1991) caberia a instituição substituir a mãe cuidando da criança,
alimentando e cuidando de sua higiene, saúde com muito rigor. “[...] a soma desses
elementos seriam responsáveis pela formação adequada das crianças preenchendo
a lacuna deixada pela mãe ausente, até que aos sete anos eles ingressassem no
sistema escolar vigente”. (p. 17).


Já para Silva (2003): “a Educação Infantil no Brasil configura através de duas redes
paralelas com objetivos públicos distintos: a visão assistencialista e da educação
pré-escolar, voltada para preparação pedagógica do ensino fundamental”. (p. 10).


As crianças são sujeitos sociais e históricos, marcados, portanto pelas contradições
das sociedades em que estão inseridas, elas não se resumem a ser alguém que não
é, mas que se tornará no dia que deixará de ser criança. Elas são cidadãs, pessoas
detentoras de direitos que produzem uma cultura de acordo com o seu meio. Por
isso é necessário termos consciência dos valores e princípios éticos que queremos
construir nas nossas ações educativas.


Nessa mesma perspectiva, a função da Educação Infantil é conduzir esses
ensinamentos utilizando uma boa metodologia, pela qual a criança aprende
14



consciente e feliz, pois nessa fase da vida acreditamos estarmos formando alicerce
para toda a sua vida intelectual, moral e social. Como afirma Angotti (2001):
                      Estudos científicos, principalmente os da psicologia, tem apontado a
                      importância dos primeiros anos de vida para a construção do sujeito.
                      Devemos ter como meta, na educação pré-escolar, a criança com seu
                      desenvolvimento enquanto ser cognoscente e cognoscível, para que
                      possamos garantir condições para a construção de sua pessoa. (p. 55).



Nessa mesma perspectiva afirma Fazenda (1991): “a função da educação infantil é
caminhar com a criança, respeitando suas limitações e explorando seu potencial.
Para tanto, há necessidade de conhecer por onde caminha e qual o ponto que se
pretende chegar”. (p. 16).


Por isso cabe salientar a importância do papel do professor da Educação Infantil,
que necessita ter um conhecimento teórico e prático, reconhecendo a realidade
social em que vivem as crianças e os fatores de desenvolvimento infantil, para que
possa realizar seu trabalho de forma responsável e criativa, pois ao se tratar de
crianças, percebemos que a falta de capacitação poderá trazer prejuízos
irreversíveis, como afirma Fazenda (1991):


                      Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas,
                      requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as
                      situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos
                      prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16).



A educação é um processo complexo e em se tratando de Educação Infantil
podemos ressaltar que educar não é só aprender a ler, mas compreender e
acumular saberes para humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, como
ressalta Alencar (2005): “educar é ensinar o olhar para fora e para dentro superando
o divórcio, típico da nossa sociedade, entre a objetividade e subjetividade (p.47)”.


A educação infantil necessita de professores que tenham uma formação teórica
sólida, no entanto, é necessário que o professor da Educação Infantil se identifique
enquanto educador deste seguimento, pois, na medida em que existe “paixão” por
tal função, o professor terá maior compromisso e responsabilidade e assim agirá de
maneira atuante envolvendo a pesquisa e o planejamento na sua prática,
15



procurando atuar como agente de formação e transformação. Como vem afirmando
Candau (1996):

                        Por compromisso, entendo o envolvimento, o profundo engajamento com o
                        aluno no plano intelectual e afetivo, o qual deve ser perpassado por uma
                        postura de “paixão” de “prazer” pelo trabalho. Esse compromisso, que é
                        profissional e político, dá o real sentido a nossas ações, ao nosso ofício –
                        sendo profissionais do Ensino. (p. 74).



Nesse     sentido,    ser   professor   é    uma     tarefa   multidimensional,       de    mutua
responsabilidade, o mesmo precisa ter noção do onde quer chegar e por onde quer
conduzir, e por isso é necessário que tenha a compreensão de sua função como
agente formador e transformador, dentro desse contexto sócio-político.


O papel do professor da Educação Infantil é de apropriar-se de um preparo
pedagógico que consiga alcançar as necessidades dos educandos, contextualizando
com a realidade desses sujeitos, valorizando os saberes que a criança possui, pois
quando a criança chega a escola, ela já possui uma bagagem adquirida no mundo
exterior. Por isso cabe ao professor utilizar uma metodologia que propicie às
crianças condições de reinventar o seu conhecimento prévio, encorajando-as a
encontrar melhores formas de resolver os problemas que desafiam sua curiosidade
e estimulem a sua reflexão. Conforme Almeida (2000):


                        A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um
                        amigo, um guia, um animador, um líder – alguém muito consciente e que
                        se preocupe com ela e que faça pensar, tomar consciência de si e do
                        mundo, que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma
                        nova história e uma sociedade melhor. (p. 195).



O ser humano nasceu para aprender, e através dos seus descobrimentos apropria-
se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexo, e é isso que
lhe garante a sua sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo,
crítico e criativo.


Em todas as fases da nossa vida, estamos em contato com o semelhante, e neste
ato estamos aprendendo algo, independente do tipo de cultura, raça ou classe
social, toda criança brinca. A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que
16



por meio das brincadeiras, as crianças possam desenvolver-se satisfazendo seus
interesses e necessidades.


O lúdico é uma das formas mais eficazes para envolver o aluno nas atividades, pois
a brincadeira está intimamente ligada a criança. Essas formas diversificadas de
brincadeiras trabalhadas na sala de aula podem ser aplicadas em todas as
disciplinas, pois é uma maneira de aprender/ensinar que desperta prazer e dessa
forma, a aprendizagem se realiza. Para tanto, Almeida (2000) salienta que: “o
verdadeiro sentido da ludicidade só estará garantido se o professor estiver
preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma”.
(p. 63).


A criança vive em constantes mutações, descobrindo e aprendendo sempre novas
formas de enriquecer suas idéias através da integração com os outros, com seus
pensamentos e suas ações, por isso em suas brincadeiras ela faz e desfaz, aprende
e se diverte, cria e recria, vivendo intensamente, e essa é uma forma lúdica de
aprendizagem. Como afirma Maluf (2003): “A busca do saber torna-se prazerosa
quando a criança aprende brincando. E é possível através do brincar, formar
indivíduos com autonomia, motivados por muitos interesses e capazes de aprender
rapidamente”. (p. 09).


O brincar oferece a criança possibilidades de construir uma identidade autônoma,
corporativa e criativa. A criança que brinca adentra ao mundo do trabalho, da cultura
e dos afetos pela vida de representações e da experimentação. A brincadeira é um
espaço educativo fundamental na infância.


Nessa perspectiva cabe ressaltar que a ludicidade é muito importante para o
desenvolvimento da criança, pois é através dessa práxis que ela vive um mundo do
“faz-de-conta”, trazendo o seu imaginário à sua vivencia real, desenvolvendo assim,
suas habilidades motoras, cognitivas, emocionais e sócio-emocionais.


Quando a criança brinca, seu conhecimento de mundo se expande, formaliza suas
idéias de acordo com o contexto ao qual está inserida, idealizando suas emoções e
contradições, ou seja, ela representa e através de suas representações ela aprende
17



trazendo algo para sua realidade. Segundo Maluf (2003): “é importante a criança
brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai
construindo sua identidade a imagem de si e do mundo que a cerca”. (p. 20).


O lúdico está presente no dia-a-dia de cada um, pois quando agimos de forma
prazerosa, significa que estamos vivendo ludicamente, como afirma Almeida (2000):
                     A educação lúdica integra uma teoria profunda de uma prática atuante.
                     Seus objetivos além de explicar as relações múltiplas do ser humano em
                     seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação
                     das relações pessoais passivas, técnicas, para as relações reflexivas,
                     criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um
                     compromisso consciente, intencional, de esforço, sem perder o caráter de
                     prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade. (p. 32).



A partir do que foi mencionado sobre o lúdico, percebemos que ele está presente
nos atos que a criança age prazerosamente. Por isso cabe salientar que a atividade
só é lúdica quando existem a presença subjetiva da espontaneidade, prazer,
liberdade. E por isso que relacionamos com o brincar e jogar, pois o brincar e jogar
estão ligados à infância e neste ato a criança age de forma prazerosa e espontânea.
O brincar só é lúdico quando a criança participa de forma espontânea,
prazerosamente e completa.


Educar ludicamente não é algo tão fácil, pois não é jogar lições empacotadas para o
aluno consumir naturalmente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar a
criança consciente, engajada e feliz no mundo, é seduzir o aluno para o prazer de
conhecer. Como salienta Maluf (2003): “quanto mais a criança participa de
atividades lúdicas, novas buscas de conhecimento se manifestam, seu aprender
será sempre mais prazeroso”. (p. 32).


Percebemos que o papel do professor é primordial, pois é ele que cria espaços,
oferece os materiais e participa de jogos e brincadeiras, ou seja, media a construção
do conhecimento, por isso é o mediador que possibilita a aprendizagem de forma
mais criativa e social possível. Por isso é necessário que o professor tenha uma
formação baseada em três pilares: formação teórica, formação pedagógica e como
inovação a formação lúdica. Santos (1997) diz: “quanto mais o adulto vivenciar sua
18



ludicidade, mais será a chance de este profissional trabalhar com criança de forma
prazerosa” (p. 14).


Aproveitar esse momento para aprender é valorizar a maneira como a criança
percebe e dá valor aos acontecimentos da sua vida. Santos (1999) afirma: “o brincar
tem se revelado como uma estratégia prazerosa para a criança aprender”. Ele
enfatiza que Froebel “foi quem pela primeira vez viu o brincar como atividade
responsável pelo desenvolvimento físico, mental e cognitivo das crianças”. (p. 114).


Nesse sentido, é importante que a Educação Infantil cumpra o papel de oferecer
condições e propiciar oportunidades de trabalhar através do lúdico, desenvolvendo o
processo ensino/aprendizagem mais prazeroso para as crianças, podendo formar
indivíduos com autonomia e criticidade para enfrentar situações de conflito.


Sendo assim as discussões construídas durante o curso de pedagogia reacendeu
uma estima pelos estudos voltados à prática do professor de Educação Infantil e a
utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem. O gosto pela temática já
mencionada foi desenvolvida a partir da experiência vivenciada durante o estágio
supervisionado, pois surgiu a oportunidade de participar de uma forma mais
presente. Partindo do exposto, nasce a seguinte pesquisa: Qual o papel das
atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem de crianças da Educação
Infantil na perspectiva dos professores que atuam neste nível de ensino?


Diante do proposto acima, o nosso estudo tem como objetivo: Identificar a
importância que os professores da Educação Infantil do município de Filadélfia dão à
ludicidade na sua prática educativa dentro do processo ensino-aprendizagem.


O presente trabalho situa-se na perspectiva de estar contribuindo para abordar as
práticas motivadoras para o desenvolvimento da criança dentro do seu contexto
social e cultural, através da prática educativa. Pretende ainda mostrar a contribuição
que o educador pode trazer através da sua metodologia atrelada ao lúdico,
identificando o lado prazeroso do ensinar e aprender.
19



                                   CAPÍTULO II




2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA



Atualmente, vive-se em uma era de constantes modificações que exige de todos os
educadores estarem sempre se modificando e inovando. Buscando compreender o
papel das atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem das crianças da
Educação Infantil na perspectiva do professor que atuam neste nível de ensino,
surge a necessidade de uma aproximação e reflexão dos conceitos-chave que
norteiam esta pesquisa, sendo estes: Atividades lúdicas, Educação Infantil,
Professor da Educação Infantil, Processo ensino-aprendizagem.


2.1 Atividades lúdicas: um brincar como forma de aprendizagem


As atividades lúdicas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil,
porque para as crianças não há atividade mais completa do que o Brincar. Pela
brincadeira ela é introduzida ao meio sócio-cultural do adulto, constituindo-se num
modo de assimilação e recreação da realidade (SANTOS, 1999).


De acordo com a afirmação percebemos como o brincar é uma das atividades
lúdicas que apresenta significados no desenvolvimento da criança, porque quando
ela brinca, ela vive plenamente aquele momento, trazendo algo de real que
contribuirá no seu desenvolvimento pessoal e social. Como afirma Maluf (2008):

                     As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente importantes,
                     mais do que entretenimento, são um auxilio indispensável para o processo
                     ensino-aprendizagem, que propicia a obtenção de informações em
                     perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do
                     educando. A ludicidade é uma tática insubstituível para ser empregada
                     como estímulo ao aprimoramento do conhecimento e no progresso das
                     diferentes habilidades. (p. 42).



Uma forma de resgatar e desenvolver a criatividade é a ludicidade que permite que a
criança descubra em si mesma o poder de criação. Luckesi (2008) afirma: “o que a
20



ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano quando age ludicamente,
vivência uma experiência plena, e com isso queremos dizer que na vivência de uma
atividade lúdica, cada um de nós estamos plenos, inteiros nesse momento”. (p. 01)


Diante do exposto, percebemos que a educação lúdica contribui e possui uma
grande influência no desenvolvimento da criança, como vem afirmando Almeida
(2000):
                      A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança
                      e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento
                      permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática
                      enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática
                      exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação
                      social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e
                      modificação do meio. (p. 51).



Neste sentido, podemos salientar a importância das atividades lúdicas para
despertar na criança a participação, a criticidade e a interação dentro do contexto no
qual está inserida, possibilitando modificações e transformações.


Por isso, vemos a ludicidade como uma atividade que tem um valor educacional
muito grande dentro desse contexto infantil, sendo utilizada como recurso
pedagógico; dessa forma várias são as razões que levam os educadores a
empregarem as atividades lúdicas no processo ensino/aprendizagem. Como ressalta
Teixeira (1995):


                      O lúdico apresenta dois elementos que o caracteriza: o prazer e o esforço
                      espontâneo. Ele é considerado prazeroso devido a sua capacidade de
                      absolver o individuo de forma intensa e total, criando um clima de
                      entusiasmos. É este aspecto de envolvimento emocional que torna uma
                      atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de
                      vibração e euforia. Em virtude dessa atmosfera de prazer dentro do qual se
                      desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando
                      as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu
                      objetivo. Portanto as atividades lúdicas são excitantes, mas também
                      requerem um esforço voluntário (...) As situações lúdicas mobilizam
                      esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade
                      aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais,
                      estimulando o pensamento (...) As atividades lúdicas integram as várias
                      dimensões da personalidade, e a medida que gera envolvimento
                      emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que as
                      atividades lúdicas se assemelham a atividade artística, como elemento
                      integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é,
                      também o ser que age, sente, pensa e se desenvolve. (p. 23).
21



Diante do exposto, podemos afirmar que as atividades lúdicas, são todos os
movimentos que tem o objetivo de produzir prazer, divertir e por isso devem ser
utilizados como ferramentas importantes de Educação. Para Maluf (2008) “atividade
lúdica e toda e qualquer animação que tem como intenção causar prazer e
entretenimento em qualquer prática”. (p. 21).


Para Piaget (1998) “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa”. (p. 58).


Através das atividades lúdicas, a criança aprenderá brincando, de uma maneira
agradável, e além de sentir prazer, ela estará se desenvolvendo nas diferentes
áreas do conhecimento, ao interagirem com outras, desenvolvem a sua capacidade
motora, criativa e o raciocínio. Maluf (2008) nos afirma que:


                      O prazer está presente nas atividades lúdicas. A criança fica absorvida de
                      forma integral. Cria-se um clima de entusiasmo. [...] A criança se expressa,
                      assimila conhecimentos e constrói a sua realidade quando está em alguma
                      atividade lúdica. Ela também espelha a sua experiência com os seus
                      gostos e interesses. (p. 23).



Maluf (2008) ainda salienta sobre os benefícios que as atividades lúdicas
proporcionam às crianças, entre eles: “assimilação de valores, aquisição de
comportamentos,      desenvolvimento       de     diversas     áreas     de     conhecimento,
aprimoramento de habilidades e socialização”. (p. 23).


Portanto as atividades lúdicas são todas as práticas que o individuo vive por
completo, podemos até citar algumas: brincar, jogar, desenhar, dançar, construir
coletivamente, ler, passear, usar softwares educativos, dramatizar, cantar, etc. Enfim
toda atividade que a criança vivencia plenamente é uma atividade lúdica,
destacamos o brincar e o jogar por estar intimamente ligados à criança no seu
cotidiano.



2.1.1 O brincar, o jogo e o brinquedo
22



O Brincar causa na criança reações que promovem divertimento e envolve o
comportamento. Independente da época, cultura ou classe social, as brincadeiras,
os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem no mundo
das fantasias. Segundo Maluf (2003): “Brincar sempre foi e sempre será uma
atividade espontânea e muito prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer
faixa etária, classe social ou condição econômica.” (p. 17).


Ao vivenciar o Brincar, a criança vive criativamente no mundo, ter prazer em brincar
é ter prazer em viver. (MACHADO, 2001). No Brincar a criança vivência situações
que contribuirão para o seu conhecimento e o desenvolvimento da sua
personalidade. Como afirma Santos (1999):


                      No Brincar, o conhecimento de si mesma, os papéis sociais evidenciados,
                      o envolvimento com os parceiros e as características prazerosas contidas
                      no jogo remetem a criança um tipo de conhecimento da realidade,
                      permitindo sua apropriação e representação, contribuindo para construção
                      do conhecimento e da personalidade. (p. 14)



Através das brincadeiras a criança pode realmente encontrar significados para sua
vida e transformar a sua realidade. A brincadeira possui um poder muito grande na
vida da criança, pois permite o desenvolvimento, concentração e outros fatores que
serão indispensáveis a vida adulta, como ressalta Maluf (2003): “toda criança que
brinca vive uma vida feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado física
e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidades, problemas que
possam a surgir no seu dia-a-dia”. (p. 21).


O Brincar pode ser visto sob vários pontos de vista, como explica Santos (1999):


                      •      do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um
                      mecanismo para contrapor à racionalidade; a emoção deverá estar junto na
                      ação humana tanto quanto a razão;
                      •      do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como uma
                      forma mais pura de inserção da criança na sociedade; brincando, a criança
                      assimila crenças, costumes, regras e hábitos do meio em que vive;
                      •      do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o
                      desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação do seu
                      comportamento;
                      •      do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato
                      criativo estão centrados na busca do “eu”; é no brincar que podemos ser
                      criativos e é no criar que brincamos com as imagens e signos fazendo uso
                      do próprio potencial;
23



                       •     do ponto de vista pedagógico, o brincar tem se revelado como uma
                       estratégia poderosa para a criança aprender. (p. 111-114).


Nessa perspectiva, o brincar é uma peça importantíssima nesse processo de ensino-
aprendizagem, pois contribui para o desenvolvimento da criança. Mas Angotti (2006)
ressalta que:


                       É importante que o entendimento do caráter lúdico não se restrinja apenas
                       às situações de jogos e brincadeiras, mas que seja entendido também nos
                       princípios de prazer e da liberdade, sobretudo liberdade de possuir o
                       próprio filtro do entendimento e de expressar elaborações, sentimentos,
                       percepções, representações, enfim de se permitir à criança o colocar-se
                       enquanto explorador contumaz do mundo para decorá-lo, entendê-lo e dele
                       fazer parte de maneira interessante, participativa e significativa. (p. 21).


Por isso, o brincar e o jogar não podem ser utilizados como passa-tempo, pois
quando a criança interage nessas atividades, ela está desenvolvendo e de certa
forma, aquela prática tem um significado para ela, pois cada atividade tem suas
diferenças, a criança participa da sua maneira, algumas possuem regras, outras
não.


O jogo se diferencia um pouco da brincadeira pelo fato da existência de regras como
afirma Kishimoto (1999): “É a ação que a criança desempenha ao concretizar as
regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação.
Dessa forma o brinquedo e a brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e
não se confundem com o jogo”. (p.p. 17-18).


Para Carneiro (1990), (apud, JARDIM 2002): “enquanto o brincar apresenta ser mais
livre, possui um fim em si mesmo, e realiza-se apenas um elemento, o jogo possui
regras, pode ser utilizado como meio para chegar-se a um fim e, geralmente,
envolve dois ou mais parceiros”. (p. 33).


Em se tratando de jogo podemos conceber vários significados, mas o que queremos
enfatizar é que ele pode trazer uma relação de prazer através da recreação,
socialização e aprendizagem no mundo infantil. Para Kishimoto (2002) “o jogo, visto
como recreação, desde os tempos passados, aparece como relaxamento necessário
às atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar [...]” (p. 40-41).
24



Percebemos que através do jogo a criança consegue relaxar, mesmo que essa
atividade exija um esforço físico, e consegue se desenvolver de forma criativa e
prazerosa.


Quanto ao brinquedo, percebemos que é um instrumento que contribui através das
atividades lúdicas, porque quando ela manuseia este instrumento, ela cria e recria
ludicamente. Brougére (apud Jardim, 2002, p. 35) define brinquedo como:
                      (...) o brinquedo é um objeto distinto e específico, cuja imagem projetada
                      em três dimensões parece vaga, mas cujo valor simbólico é expressivo e
                      sobrepõe o valor funcional. O brinquedo é um objeto cultural produzido
                      pelos adultos para as crianças e que ganha ou produz significados no
                      processo de brincadeiras pela imagem da realidade que representa e
                      transmite.



Segundo o autor o uso do brinquedo é aberto, a criança dispõe de um acervo de
significados e ao interpretá-las durante a brincadeira confere significado ao seu
brinquedo. Para Bomtempo (1999): “O brinquedo aparece como um pedaço de
cultura colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na brincadeira. A
manipulação do brinquedo lega a criança à ação e à representação, a agir e
imaginar”. (p. 68).


Nesse contexto, percebemos que o brinquedo possui grandes significados para a
criança, ao brincar com o brinquedo ela recria suas experiências através das
brincadeiras. O ato de brincar, o jogo e o brinquedo estão interligados nesse mundo
lúdico das crianças da educação infantil, pois são atividades lúdicas que
proporcionam desenvolvimento e prazer.


Portanto, o brincar e o jogar são atividades lúdicas que são utilizadas como
instrumentos didáticos que efetivam a prática educativa, reconhecendo-os também
como instrumentos culturais que possibilitam a aprendizagem e o desenvolvimento
da criança na Educação Infantil.



2.2 Educação Infantil: perspectivas e descobertas
25



Ao analisar a história da Educação no Brasil muitos estudos mostram que ela surgiu
com uma visão assistencialista, classificando as creches como local onde ficavam as
crianças com menos de três anos e de pré-escolar para as crianças de quatro a seis
anos onde recebiam uma preparação pedagógica.


Hoje a Educação Infantil é considerada como parte integrante da educação básica.
Nesse período, as crianças devem ser estimuladas através de atividades lúdicas
para exercitar suas capacidades, fazendo descobertas. Nesse sentido diz Oliveira
(2007): “na Educação Infantil, hoje, busca-se ampliar requisitos necessários para
adequada inserção da criança no mundo atual, sensibilidade, solidariedade e senso
crítico”. (p. 49).


Nessa perspectiva, percebemos que o objetivo da Educação Infantil é o
desenvolvimento integral da criança em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e
social, fazendo com que possa atuar de forma independente, confiante e positiva em
todas as relações sociais. Como vem afirmando a Lei 9.394/96, na seção II, em seu
artigo 29: “a Educação Infantil, a primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos de idade, em seus
aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, completando a ação da família”.
Segundo Angotti (2006):


                      O papel da educação e educador infantil caracteriza no ideal de
                      recuperação da infância perdida nos tempos modernos para inserir a
                      criança no mundo do conhecimento, na condução de ser alfabetizada na
                      leitura de mundo, na leitura interpretativa de tudo que está ao seu redor
                      sem perder a natureza, a magia, a fantasia, o mundo maravilhoso do ser
                      criança e propiciar-lhe desenvolvimento integral, seguro e significativo. (p.
                      26)



De acordo com a autora percebemos que essa fase da infância é de suma
importância, mas que deve ser reconhecida, planejada de acordo com as
necessidades das crianças, visando o contexto ao qual elas estão inseridas. Como
afirma Angotti (2006): “O período da infância é sim uma etapa singular da vida do
ser humano, momento mágico, único, de desenvolvimento, e para tanto deve estar
planejado e estruturado”. (p. 19)
26



Nessa perspectiva cabe ressaltar a importância dos profissionais desse nível de
ensino, que devem ter uma formação específica para desempenhar seu papel com
compromisso e responsabilidade, pois, segundo Angotti (2006):


                      [...] É primordial a presença de profissionais que possam povoar as
                      instituições infantis na condição de educadores e não meros funcionários,
                      de terem uma formação específica para fundamentar e definir um novo
                      fazer educacional, uma nova profissionalidade, que possa atender ao ser
                      criança provendo e promovendo seu processo de desenvolvimento [...].
                      (p.19)



Nesse pensamento podemos reconhecer que a Educação Infantil exige profissionais
com uma boa formação, pois é uma etapa pela qual a criança passa por variações,
as quais denominamos períodos, onde vários autores trazem uma concepção,
portanto o educador deve estar apto para atuar nesse nível de ensino, que esses
conhecimentos serviriam de aporte para a sua atuação.


Diante do exposto, fica visível o papel da Educação Infantil, que é de grande
importância. Podemos até afirmar que esta fase da escolarização é como alicerce
para toda a vida. Nesta etapa a criança está se formando integralmente, e por se
tratar de um cidadão cabe aos educadores a tarefa de educá-la, precisando
reconhecer alguns períodos aos quais toda criança vivencia.


Segundo Piaget (1975), a criança passa por quatro estágios de desenvolvimento
que são classificados como sensório motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos),
operações concretas (7 a 11 anos) e operações formais (11 a 12 anos em diante).
De acordo com este autor, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o
indivíduo consegue fazer nessa faixa etária. Todos os indivíduos passam por esses
estágios, nessa sequência, porém o inicio e o término de cada uma delas depende
das características biológicas e fatores educacionais e sociais de cada indivíduo.


Por isso existem uma necessidade de reconhecimento por parte dos educadores
para saber atuar com as crianças de um determinado período de desenvolvimento.
Porque segundo Piaget, a criança se desenvolve através do meio, em contato com
os objetos que estão a sua volta.
27



Vygotsky (1987), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as
funções psicológicas superiores são construídas ao longo da vida. Ele não
estabelece fases para explicar o desenvolvimento, para ele o sujeito é produto do
meio, ele é interativo.


De acordo com Vygotsky (1987), o conhecimento se dá através das zonas de
desenvolvimento: real ou proximal. A zona de desenvolvimento real é a do
conhecimento já adquirido, e o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é
atingida, de inicio, com o auxilio de outras pessoas que já tenham adquirido esse
conhecimento. Para ele o desenvolvimento de um ser ocorre ao longo da vida e que
as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da vida. Por isso
percebemos a necessidade do reconhecimento das atividades lúdicas como o
brincar, o jogar e os brinquedos, dentro desse processo de ensino-aprendizagem.


Para Vygotsky (1987) o brinquedo é definido:

                          [...] Assim brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da
                          criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do
                          comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário;
                          no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no
                          foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do
                          desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande
                          fonte de desenvolvimento. (p. 134,135)



Percebemos que o brinquedo é um objeto que norteia toda a brincadeira, fazendo
com que a criança se desenvolva através do seu manuseio, fazendo com que o seu
imaginário seja ativado, através dos faz-de-conta. A criança quando brinca
transforma objetos fictícios em reais, vivenciando situações cotidianas como reais, e
nesse processo consegue absorver algo para sua vida real. Como diz Vygotsky
(1987): “a criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de
brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade
condutora que determina o desenvolvimento da criança”. (p. 135).


Nessa perspectiva cabe ressaltar a importância do papel do professor da Educação
Infantil, pois percebemos que cabe a sua função promover atividades lúdicas, que
proporcionem o desenvolvimento de forma prazerosa, criativa e autônoma, pois a
28



criança precisa sentir-se segura e feliz para que possa se tornar mais participativa
nesse contexto pedagógico infantil.


Nesse sentido, é de responsabilidade do professor, ajudar a criança a encontrar
possibilidades de ação, proporcionando atividades lúdicas que promovam o seu
desenvolvimento sócio-cultural.



2.3 Os paradigmas dos professores da Educação Infantil


Através dos estudos sobre a história da Educação Infantil podemos perceber que o
professor é o mediador desse processo; a sua função é de grande responsabilidade,
a ele compete sensibilizar e mobilizar a criança para que a aprendizagem aconteça,
selecionando os conteúdos e recursos lúdicos didáticos pertinentes a essa situação.
Por isso é necessário que tenha a compreensão da sua função como agente
formador, dentro do contexto sócio-político. Como salienta Luckesi (2001):

                     Nesse contexto, ao educador individual não pode ser imputada a
                     responsabilidade por todos os desejos, os desafios da Educação. Porém,
                     quanto pior for o exercício do seu trabalho, menores serão as
                     possibilidades de que os educandos de hoje, venham a ser cidadãos
                     dignos de amanhã, com capacidade de compreensão crítica do mundo,
                     condições de participação e capacidade de reivindicações dos bens
                     materiais, culturais e espirituais, aos quais tem direito inalienável. (p. 125).



O professor da educação infantil necessita estar apto a sua função como agente
formador, trabalhando para organizar suas metodologias e procedimentos, podendo
apontar seus objetivos para que possa conduzir as crianças, mostrando o seu
potencial. Como afirma Oliveira (2001):


                     O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer
                     estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estão
                     sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é fundamental a busca, a
                     coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os
                     procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social,
                     profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus
                     ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana,
                     igualitária e justa, preservando o que a sociedade tem de melhor, seu
                     potencial humano. (p. 67).
29



Para Candau (1996) o “novo” educador é aquele que encara a educação como
problematização, frente a isso, salienta:


                      A educação assim é aquela que propicia desenvolver nos alunos o seu
                      poder de capacitação e compreensão do mundo como realidade em
                      processo, pensando-o e a si mesmo, sem decotomizar este pensar da
                      ação. A prática educativa problematizadora propõe aos homens a sua
                      própria situação como um problema (um desafio) a ser encarado, visando a
                      transformação. (p. 89).



Portanto o ato do professor da educação infantil abrange não só uma visão
assistencialista ou alfabetizadora, mas a humanização, pois, em tratar-se de
crianças, o educador precisa ter conhecimentos específicos das concepções infantis,
para que possa formar cidadãos autônomos e críticos para atuar em uma sociedade
mais digna e justa.


Sobre essa prática, Kramer (2001) nos diz: “nenhuma prática é neutra, ao contrário,
ela está sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos”. (p.
23).


Percebemos que a função do professor não é neutra e sempre se tem um objetivo
que se deseja alcançar, cabe salientar a importância de uma conscientização do ato
de cada educador que é considerado como mediador entre o aluno e o
conhecimento. Para Freire (1996): “ensinar exige uma reflexão crítica sobre a
prática, pois uma prática que intenciona ser crítica envolve um movimento dinâmico,
entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. (p. 43).


Nessa perspectiva, ressaltamos sobre uma reflexão da atuação dos professores,
sobre suas práticas e metodologias, principalmente os que atuam no contexto
infantil, pois, estamos falando de uma clientela cheia de fantasias, criações e
expectativas. Por isso ressaltamos a importância de uma formação especifica para
atuar na Educação Infantil. Pois segundo Leite (apud Machado, 2005):
                      Para se melhorar a qualidade do atendimento em instituições da Educação
                      Infantil, é importante assegurar a ação educativa das atividades
                      desenvolvidas junto as crianças de 0 a 6 anos de idade, por meio de uma
                      formação especifica do profissional que lida diretamente com essas
                      crianças. (p. 194).
30



Dentro da atuação do professor da Educação Infantil, percebemos que seu papel,
não é fácil, pois em vez de receber uma formação específica, ele possui uma
formação geral, pode lecionar em qualquer série conforme afirma Andrade (2006):

                     A formação do docente não pode ser vista apenas como processo de
                     acumulação de conhecimento de forma estática (...) mas sim como uma
                     contínua reconstrução da identidade pessoal e profissional do professor.
                     Esse processo deve estar vinculado à concepção e análise dos contextos
                     sociais e culturais produzindo um conjunto de valores, saberes e atitudes
                     encontrados nas próprias experiências e vivências pessoais, as quais
                     imprime significados ao fazer educativo (p.64).



Para Angotti (2001) o exercício da profissão exige que:


                     O professor tenha elementos para proceder à análise, reflexões e
                     avaliações referentes ao seu próprio fazer, encontrando novos caminhos
                     qualitativamente diferente para efetivação de um trabalho docente, reflexivo
                     e orientado por um projeto de educação pré-escolar. (p. 55)



Percebemos a importância de se ter conhecimento específico para o professor que
atua nesse nível de ensino, pois estamos lidando com crianças, seres sociais e
culturais, que precisam de um entendimento especial, por serem produto e produtora
de uma determinada cultura e nesse processo o professor é o mediador, procurando
sempre novos caminhos para que o conhecimento se desenvolva.


Dentro das necessidades formativas, as práticas e as concepções que marcaram e
orientam a prática docente que atuam na educação infantil foram contempladas por
Kramer (2001) ao citar três tendências que amparam o seu fazer docente:

                     [...] A tendência romântica: A pré-escola é um jardim, as crianças são as
                     flores ou sementes, a professora é a jardineira – A educação deve
                     favorecer o desenvolvimento natural. [...] tendência cognitiva: a criança é
                     um sujeito que pensa, e a pré-escola o lugar de tornar as crianças
                     inteligentes – a educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo. [...]
                     A tendência crítica: A pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o
                     professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis – a
                     educação deve favorecer a transformação do contexto social (p. 25, 28,
                     33).



Nessa mesma perspectiva, Kramer (2001) nos dá o entendimento que:
31




                      •     A tendência romântica, que concebe a criança como a “semente” do
                      futuro e a professora é a “jardineira”, a protetora da infância que cultivará
                      desenvolvimento das potencialidades infantis, a felicidade e a verdadeira
                      humanidade;
                      •     A tendência cognitiva, deriva da anterior, a partir do momento em que
                      a pessoa acredita ser sua atribuição auxiliar a criança no seu processo de
                      desenvolvimento, contribuindo na sua formação no aspecto cognitivo,
                      social, físico e emocional;
                      •     A tendência crítica, identifica-se como uma educação para a
                      cidadania, isto é, que contribua, para uma inserção crítica e criativa dos
                      indivíduos na sociedade, concebe a escola como um lugar de trabalho, a
                      criança e o professor como cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e
                      responsáveis. (p. 25, 28, 33).



Nessa perspectiva percebemos que a autora traz as tendências da seguinte
maneira: utilizando uma forma afetiva onde possa desenvolver o conhecimento, mas
ao mesmo tempo critica, reconhecendo as crianças como cidadãos, atribuindo a
educação um papel de transformador social.


Segundo Kramer (2007): “a cultura infantil é, pois produção e criação. As crianças
produzem cultura e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e
que lhes é contemporânea (de seu tempo)”. Por isso cabe salientar a influência do
meio nessa fase da vida, em que a criança está se desenvolvendo e descobrindo,
formando um saber crítico e ativo dentro do seu contexto. Nascimento (2002) diz:


                      A criança possui modos próprios de compreender e interagir com o mundo.
                      A nós professores, cabe favorecer a criação de um ambiente escolar onde
                      a infância possa ser vivida em toda a sua plenitude, um espaço e um
                      tempo de encontro entre os seus próprios espaços e tempo de ser criança
                      dentro e fora da escola. (p. 31).



Por isso, cabe ao professor oferecer espaços que estejam de acordo com o mundo
infantil, pois quando a criança chega na sala de aula ela vem cheia de expectativas,
então esse local deve estar preparado para recepcioná-la, como também o professor
precisa ter o compromisso, que cabe a sua função, de proporcionar momentos
lúdicos, dentro deste contexto infantil, fazendo com que a criança sinta-se realizada.



2.4 O Professor e o lúdico na Educação Infantil
32



O professor é uma peça fundamental nesse processo de ensino-aprendizagem, pois
ele é responsável pela sua atuação, dando-lhe vida ao espaço onde trabalha, tanto
no aspecto físico como psicológico. A criança quando chega a escola já possui uma
bagagem e o professor precisa ter uma metodologia eficaz para recepcioná-lo de
forma agradável e criativa, fazendo com que a criança se identifique, sentindo-se
segura e feliz. Como afirma Almeida (2000):

                      [...] Sabemos também que quando os alunos gostam do professor acabam
                      gostando daquilo que ele ensina e se esforçam cada vez mais para
                      aprender e não decepcionar [...] temos consciência também de que,
                      quando um professor desperta na criança a paixão pelos estudos, ela
                      mesma buscará o conhecimento e fará tudo para corresponder. (p. 64).



Partindo do exposto, a importância da identificação do educando para com o
educador, pois, se a criança não gostar do professor, ela não desempenhará um
bom desenvolvimento, não participando desse processo, o que causará o abandono.
Por tudo isso, queremos destacar a necessidade de rever o papel do professor da
educação infantil como também as suas metodologias, pois quando a criança gosta
do professor e sua metodologia, ela participa e se desenvolve. Nesse contexto cabe
salientar a importância das atividades lúdicas nesse nível de ensino.


Ao vivenciar esse tipo de atividade a criança estará manifestando-se de forma
aberta e inteiramente presente, desenvolvendo sua potencialidade de forma ativa e
criativa. Como salienta Candá (2006): “as atividades lúdicas relacionam-se como o
reconhecimento dos limites e dos avanços do sujeito na realização de atividades que
ativem as potencialidades desse sujeito e as possibilitem evoluir”. (p. 143).


Portanto, a atividade lúdica proporciona o auto-conhecimento, a coletividade no
mundo social ao qual a criança está inserida. Nessa concepção, cabe ressaltar que
o professor que é o mediador nesse processo, deve estar consciente da sua função,
como também reconhecer o que é o lúdico e sua importância, pois vivenciar esse
processo ludicamente é uma questão de identificação com a profissão, mas isso
nem sempre acontece, pois existem profissionais que atuam na área por falta de
opção e este problema dificulta o processo, pois trabalhar na Educação Infantil,
precisa ir além da formação, é uma questão teórica, mas também prática.
33



A ludicidade está presente na vida da criança proporcionando inteireza e prazer,
fazendo com que possa desenvolver suas potencialidades de forma integral.
Segundo Candá (2006):

                     O processo lúdico é caracterizado pela absorção da experiência plena que
                     diz respeito à presença completa do sujeito na experiência vivenciada. A
                     educação lúdica baseia-se em uma abordagem de desenvolvimento
                     integral e não voltada somente para a aquisição de conteúdos na escola e
                     fora dela. Esse processo de desenvolvimento integral do ser humano,
                     abrange, de forma dialética, as quatro dimensões principais do sujeito:
                     física, cognitiva, emocional e sócio-cultural. Essas quatro dimensões
                     constituem o ser humano e quanto mais trabalhadas forem, maiores
                     possibilidades de ampliação terá o seu desenvolvimento. (p. 145).



Portanto, o papel do educador é fazer com que a criança viva esse processo de
forma lúdica, pois assim poderá fazer com que a criança possa desenvolver seu
conhecimento.



2.5 O processo ensino-aprendizagem e o lúdico


Educar não se limita a repassar informações, mas em oferecer ferramentas e
oportunidades que a criança possa se desenvolver. A atividade lúdica é uma
metodologia que o professor pode utilizar para que a criança possa se desenvolver
individualmente e coletivamente. O desenvolvimento em seu aspecto lúdico facilita a
aprendizagem, pois quando a criança aprende prazerosamente, percebemos que o
aprendizado ocorre de maneira eficaz.


Na perspectiva de Vygotsky (1987), a criança é inserida no meio social, e interage
com o contexto cultural. Então quando a criança chega à escola ela já traz consigo
um tipo de cultura, cabendo ao professor oferecer recursos metodológicos que
desafie, sensibilize o aluno para que a aprendizagem aconteça. Segundo Maluf
(2003):


                     O professor deve organizar suas atividades, selecionando aquelas mas
                     significativas para seus alunos. Em seguida deverá criar condições para
                     que estas atividades significativas sejam realizadas. Destaca-se a
                     importância dos alunos trabalharem na sala de aula, individualmente ou em
                     grupo. [...] cabe ao professor em sala de aula ou fora dela, estabelecer
                     metodologias e condições para desenvolver e facilitar esse tipo de trabalho.
                     (p. 29)
34




Reconhecendo o papel do professor nesse nível de ensino, cabe salientar que esse
processo de ensino-aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, pois
não é simplesmente executar receitas prontas desse processo, mas sim, estabelecer
metodologias através de teorias baseadas nos níveis de desenvolvimento no qual a
criança se encontra, pois de acordo com Piaget (1975), o desenvolvimento cognitivo
é uma teoria de etapas, que pressupõe que os seres humanos passam por uma
série de mudanças ordenadas e previsíveis.


Reconhecer as etapas de desenvolvimento é de suma importância, pois dessa
maneira o educador poderá atuar de forma condizente com a etapa na qual a
criança se encontra. Como salienta Bock (1997): “Estudar o desenvolvimento
humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária,
permitindo-nos reconhecer individualidades, o que nos torna mais aptos para
observação e interpretação dos conhecimentos”. (p. 81).


A aprendizagem é um processo no qual a criança aprende algo, e realizar esse
processo chega a ser complexo e difícil, pois necessita despertar nas crianças
aptidões de conhecimento, para que elas se desenvolvam, dentro desse processo é
necessário despertar o seu interesse, fazendo com que vivencie essa experiência de
forma lúdica.


Para Santos (1999): “A ludicidade, entendida como um mecanismo da subjetividade,
afetividade, dos valores e sentimentos – portanto da emoção –, deverá estar junto
na ação humana, tanto quanto na razão”. (p. 112).


Ao realizar o processo ensino aprendizagem de forma lúdica, percebemos que é
fazer com que a criança aprenda de forma prazerosa vivenciando plenamente essa
experiência. Santos (1999) ainda afirma: “A expressão lúdica tem a capacidade de
unir a razão e emoção, conhecimento e sonho, formando um ser humano mais
completo e pleno”. (p. 112).
35



Participar desse processo de ensino-aprendizagem requer além de formação
teórica, identificação, pois trabalhar com crianças da Educação Infantil é você além
de ensinar teoricamente, brincar, é educar para a vida, pois esse nível de ensino
servirá de alicerce para toda a sua vida. Santos (1999) afirma que:


                      Educar não se limita a repassar informação ou mostrar apenas um caminho
                      que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar
                      consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como
                      pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a
                      pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível
                      com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstancias adversas
                      que cada um irá encontrar. Educar é preparar para vida. (p.p. 11-12)


Portanto é importante que o professor reconheça a importância da ludicidade dentro
desse processo ensino-aprendizagem, descobrindo metodologias lúdicas que
venham a aperfeiçoar a sua prática pedagógica nesse nível de ensino.
36



                                  CAPÍTULO III




3. CAMINHOS METODOLÓGICOS


A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvidas incertezas, decorrentes da busca do
pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo Japiassu
(1983): “nosso conhecimento nasce de dúvidas e se alimenta das incertezas”. (p. 14)


Partindo dos estudos realizados sobre a Educação Infantil, cabe salientar a
importância do lúdico nesse nível de ensino, procuramos autores que evidenciam
essa importância, para buscar a perspectiva que os professores trazem de lúdico na
sua prática educativa. Nasce daí a necessidade de uma pesquisa, que objetiva a
investigação do significado das atividades lúdicas na perspectiva do professor da
Educação Infantil.


Para a realização de uma pesquisa, segundo Ludke e André (1986): “é preciso
promover o confronto entre dados, as evidencias, as informações coletadas sobre
determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. (p. 01).
Essa pesquisa situa-se na abordagem qualitativa.



3.1 Pesquisa Qualitativa


A pesquisa qualitativa tem como uma das características investigar os significados
que os envolvidos dão ao assunto pesquisado. Baseando na abordagem qualitativa,
Bogdan e Biklen (1987) afirmam: “A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de
dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com situações
estudados, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar as
perspectivas dos participantes”. (apud Ludke e André, 1986, p. 13).


A pesquisa qualitativa supõe um contato direto e prolongado do pesquisador com o
pesquisado e a situação que está sendo investigada, por isso ela facilita a
37



interpretação, dá mais ênfase na subjetividade inerente ao processo de pesquisa.
Segundo Ludke e André (1986):


                      A pesquisa qualitativa tem um ambiente natural como fonte direta de dados
                      e o pesquisador como seu principal instrumento (...) A pesquisa qualitativa
                      supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a
                      situação que está sendo investigada, via de regras através do trabalho
                      intensivo de campo. (p. 11).


Nessa perspectiva percebemos que a pesquisa qualitativa dá a oportunidade do
pesquisador estar bem próximo do objeto investigado, proporcionando um resultado
mais nítido.


A abordagem qualitativa é basicamente aquela que busca entender um
acontecimento específico em profundidade. Trabalha com discrições, comparações
e interpretações. É mais participativa e os participantes podem direcionar o rumo da
pesquisa em suas interações com o pesquisador. Para Goldemberg (2000) “na
pesquisa qualitativa a preocupação não é com a representatividade numérica do
grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social
de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória, etc... (p. 14).




3.2 Sujeitos da pesquisa


O sujeito dá ao pesquisador caminhos, possibilidades... Partindo desse princípio,
nossos sujeitos foram os professores da Educação Infantil da Creche Mãe Dedé.
Onde lecionam 11 professores, sendo que funcionam 12 (doze) salas, um dos
professores ensina os dois turnos. Da nossa pesquisa só participaram 10
professores. A escolha deu-se por se tratar de um quadro de professores que fazem
parte do ensino público, buscando analisar e compreender a questão do estudo.




3.3 Lócus da Pesquisa
38



O lócus de pesquisa proporciona ao pesquisador grandes interações e
questionamento dessa experiência, dando abertura para o mesmo investigar as
formas pelas quais as suas subjetividades são expressas.
Portanto, nosso lócus de pesquisa foi a Creche Mãe Dedé, situada a Rua Cantídio
Pereira Maia, no município de Filadélfia. Seu espaço físico é composto de: 09 salas,
01 refeitório, 01 cozinha, 01 secretaria, 01 sala de reunião e DVD, 01 almoxarifado,
04 sanitários, 04 banheiros (chuveiros), 01 banheiro para professores, 01 grande
pátio com areia, um parque, 01 área cimentada e 02 entradas principais.



3.4 Instrumento de coleta de dados


Para obter as informações necessárias para o procedimento dessa pesquisa
utilizamos como instrumento de coleta de dados, primeiramente o questionário
fechado, que buscou traçar o perfil dos sujeitos entrevistados, o que contribuiu para
uma melhor análise dos dados e o questionário aberto, que possibilitou a articulação
das idéias e garantem as expressões sobre as compreensões do tema abordado.


3.4.1 Questionário fechado


É um instrumento que corresponde a uma ordem de perguntas a serem respondidas
pelos sujeitos. Marcone e Lakatos (1996) ressaltam que:


                     Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma
                     série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem
                     a presença do entrevistados. Em geral, o pesquisador envia o questionário
                     ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o
                     pesquisador, devolve-o do mesmo modo. (p. 88).


Além de possibilitar traçar o perfil dos sujeitos da pesquisa, segundo Barros (2000),
o questionário fechado é aquele que apresenta categoria de alternativas e respostas
fixas. Apresentando também adquirir informações relacionadas a idade, gênero,
estado civil, formação, renda mensal, dentre outros.



3.4.2 Questionário Aberto
39



O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por uma
série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do investigador. Segundo Goldemberg (2000):

                     [...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que
                     temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos
                     pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com
                     calma. (p.p. 87-88).


Para a obtenção de dados concisos, o questionário pode contribuir como um
instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número de
pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação, em
virtude da natureza impessoal do instrumento.


Para Cervo e Bervian (1993):


                     O questionário refere-se a um meio de obter respostas as questões por
                     uma fórmula que o próprio informante preenche. [...] possui a vantagem
                     dos respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o anonimato, o que
                     possibilita coletar informações e respostas mais reais. (p. 159).




3.5 Tratamento dos dados


Através da permissão da diretora e aceitação dos professores em participar dessa
pesquisa, iniciamos o processo de coleta de dados com uma conversa explicando o
motivo da pesquisa e distribuindo os questionários. Esse momento segundo
Goldemberg (2000) é “o ponto que exige muita sensibilidade para que se aproveite o
máximo possível dos dados coletados e da teoria estudada”. (p. 19). Com essa
compreensão, procedeu-se com a categorização das respostas, buscando a
interpretação e análise, recorrendo sempre ao quadro teórico, para melhor
entendimento das concordâncias, dissonâncias e ausências.


Portanto, a análise dos dados ocorreu através do cruzamento de todos os dados
obtidos por meio dos instrumentos.
40



                                    CAPÍTULO IV



4. ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS


Esse capítulo procura analisar e interpretar os dados obtidos, através do
questionário fechado e questionário aberto. Primeiramente analisaremos o
questionário fechado, buscando traçar o perfil desses profissionais, com a
compreensão que esse instrumento subsidiará as análises posteriores.


4.1 Perfil dos Sujeitos



4.1.1 Formação



                          18%             18%
                                                        Ensino Médio



                                                        Magistério


                  18%
                                                        Pedagogia



                                                        Pós Graduação
                                          46%



                  Figura 01: Formação
                  Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa



O gráfico acima faz uma demonstração da formação do professor da Educação
Infantil. Como podemos observar 18% tem o ensino médio, 46% tem magistério,
18% tem graduação em Pedagogia e 18% são pós graduados. Pode-se concluir que
a partir daí, a falta de formação específica, o funcionamento desse nível de ensino,
pois esses profissionais para atuarem nessa área deveria ter uma boa formação, ou
uma formação específica. Ao analisar esse gráfico fica perceptível que ainda há uma
visão assistencialista, segundo a qual esse profissional precisa somente saber
cuidar das crianças, sem necessariamente precisar de uma formação. Como
41



enfatiza Santos (1999) “o atendimento de crianças pequenas se dá na família ou em
instituições infantis, as quais têm se caracterizado pela diversidade e multiplicidade
na formação dos profissionais que nelas trabalham, além do baixo nível de
escolarização”. (p. 10).


Na verdade, esse nível de ensino deveria ter profissionais qualificados, pois essa é a
primeira etapa da educação básica e também está formando cidadãos. Como afirma
Angotti (2001):


                       O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de um constante
                       busco de conhecimentos como alimento para o seu crescimento pessoal e
                       profissional. Isso poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização
                       do seu trabalho docente. Esta busca poderá instrumentalizar para assumir
                       seus critérios, seus ideais, suas verdades, contribuindo para referendar um
                       corpo teórico que dê sustentação para a realização do seu fazer. (p. 64).



De acordo com a citação percebemos a importância de uma boa formação para a
atuação do profissional desse nível de ensino.



4.1.2 Gênero




                                                 Masculino
                                                 Feminino




         Figura 02: Formação
         Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa




Com base no gráfico acima, 100% dos profissionais de Educação Infantil nesta
instituição, são do sexo feminino, deixando visível a relação que eles fazem desse
profissional com o papel da mãe, referenciando a maternidade e os cuidados que
42



esse profissional deve ter com as crianças, substituindo a ausência da mãe. Na
verdade, o professor não substitui a mãe, ele tem um papel muito importante nesse
nível de ensino que além de cuidar, é educar, pois nessa fase de ensino a criança
está formando sua personalidade, como salienta Machado (1991): “A professora não
substitui a mãe e vice-versa. Por outro lado é preciso ter consciência de que na
escola se está lidando com uma parcela da vida da criança”. (p. 50).


Nessa mesma linha de pensamento, não podemos deixar de reconhecer nesse nível
de ensino o número de professoras supera o de professores, por relacionar a
educação ao cuidar, visando os princípios maternos. De acordo com Kishimoto
(2002):


                     Ao longo da constituição da Educação Infantil, o profissional enfrentou as
                     contradições entre o feminino e o profissional. Principio como a
                     maternagem, que acompanhou a história da Educação Infantil desde seus
                     primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação
                     da criança pequena e a socialização, apenas no âmbito doméstico,
                     impediram a profissionalização diária. (p. 7).



Diante da explicitação não podemos deixar de ressaltar que a existência da grande
quantidade de professoras está relacionada a figura da mãe, mas que, o profissional
dessa área não deve ser confundido com esse papel, pois a sua função vai além do
cuidar.



4.1.3 Tempo de Atuação


Ao observarmos as figura 03, percebemos que 73% dos professores trabalham a
mais de cinco anos na Educação Infantil, mostrando que possui um tempo
significativo de atuação nesse nível de ensino, trazendo consigo uma carga de
experiência e compreensão do seu papel como educador dentro desse processo de
ensino e aprendizagem.


Ao observarmos o gráfico, percebemos que 73% dos professores trabalham a mais
de cinco anos na Educação Infantil, mostrando que possui um tempo significativo de
atuação nesse nível de ensino, trazendo consigo uma carga de experiência e
43



compreensão do seu papel como educador dentro desse processo de ensino e
aprendizagem.




                                                    02 a 03 anos

                                                    04 a 05 anos


                                                    Mais de 05
                                                    anos




                Figura 03: Formação
                Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa




Ao analisarmos o tempo de atuação, conseguimos enxergar a questão da prática
que esse profissional tem, e que precisa sempre estar se renovando de acordo com
atualizações ocorridas no decorrer desse processo de ensino. Pois com o passar do
tempo os métodos vão se modificando e o professor precisa estar sempre apto a
essas modificações. Como afirma Almeida (2000):


                      É fundamental que os professores redescubram seu papel de
                      pesquisadores, buscando conhecimentos novos por meio de leituras,
                      cursos, entrevistas, palestras, ações que lhes darão embasamento e
                      coragem para enfrentar o novo e um caminhar seguro. (p. 72).



Ao refletirmos sobre essa colocação percebemos que não é só prática, atenção,
mas que o professor precisa estar sempre se atualizando e pesquisando para atuar
de forma crítica, principalmente nesse nível de ensino que é a Educação Infantil.



4.1.4 Quantidade de aluno


Ao analisarmos a figura 04 percebemos indicam que as salas possuem até 20
alunos totalizando 100%. Fica evidente que isso ocorre porque o espaço físico é
pequeno, sendo que um número elevado de alunos na sala não contribui para um
bom desenvolvimento, dificultando o processo de ensino-aprendizagem.
44




                                               Mais de 20
                                               Alunos
                                               Até 20 Alunos




       Figura 04: Quantidade de alunos
       Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa




4.1.5 Renda Mensal




               82%

                                            18%


                                                  Um salário

                                                  Mais de dois
                                                  salários




      Figura 05: Renda mensal
      Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa



Percebemos que a renda mensal é um grande motivador da prática do professor e
ao analisarmos o gráfico percebemos que 18% ganham mais de dois salários por
trabalharem desdobrando, ou seja, trabalham em dois turnos, o que mostra que o
salário do professor é pouco e ele precisa trabalhar dobrado para ganhar mais, e
assim garantir a sua sobrevivência, o que implica na sua prática, pois o professor
que atua em dois ou mais turnos não atua de forma bem planejada e articulada, pois
não sobra tempo para um bom planejamento.
45



Percebemos que deveria haver políticas públicas que determinassem salário digno
para o professor, para que trabalhasse um único turno e pudesse planejar, pesquisar
para atuar como um profissional consciente e atuante, fazendo com que a educação
melhorasse, para transformar essa sociedade injusta, numa sociedade mais digna.
O professor precisa ganhar mais, mas também precisa atuar mais.


Como cita Freire (1996):


                     O mundo não é. O mundo está sendo, como subjetividade curiosa,
                     inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me
                     relaciono, meu papel no mundo não é só de quem constata o que ocorre
                     mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrência. Não sou
                     apenas objeto da história nas seu sujeito igualmente. No mundo da história,
                     da cultura, da política, constato não para me adaptar mas para mudar. (p.
                     77).



De acordo com o autor o professor pode e deve mudar, sendo que ele precisa se
enxergar como sujeito da história, e através da sua prática fazer a mudança.



4.2 Analisando o questionário aberto

Ao descrevermos sobre esse instrumento de coleta de dados, percebemos a grande
insegurança dos professores, pois estava planejado que seria realizada uma
entrevista semi-estruturada, mas a maioria não aceitou, deixando claro a questão da
insegurança, medo... Diante dessa situação, optamos pelo questionário aberto, pois
através desse instrumento os sujeitos sentiram-se mais tranqüilos e participantes,
podendo assim realizarmos a coleta dos dados.



4.2.1 Educação Infantil considerada como alicerce


Para os dez professores que responderam o questionário aberto, a Educação Infantil
é considerada como base/alicerce de toda a escolaridade. Eis alguns depoimentos,
quando questionamos sobre o que é Educação Infantil:
46


                             1
                          P1 : É a base de toda vida educacional. É o ponto de partida para um bom
                          desenvolvimento em outras séries.

                          P2: É a base, é o alicerce da educação escolar na vida de um indivíduo.

                          P3: É a fase muito importante, na qual se estrutura a educação na vida de
                          qualquer ser humano.

                          P4: É a base. Toda criança que faz uma bem feita, será um bom aluno no
                          futuro.



Nesses depoimentos percebemos que estes educadores, reconhecem que a
Educação Infantil é como uma fase de grande importância para desenvolvimentos
posteriores, ou seja, é considerada como uma preparação pedagógica para o ensino
fundamental. Mas cabe ressaltar que essa fase de ensino não se resume em uma
simples preparação para o ensino fundamental, pois a criança nesse nível de ensino
deve ser educada de forma integral segundo a LDB (9394/95): “o desenvolvimento
integral das crianças de 0 a 6 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos,
intelectual e social”.


Através    desses      depoimentos       percebemos        entrelaçados      em     suas falas a
preocupação com os conhecimentos escolares, como se a Educação Infantil se
resumisse a meros conhecimentos teóricos voltados a alfabetização, como
salientam:

                          P6: A Educação Infantil é de suma importância à criança, pois através dela
                          a criança envolve-se com o processo educacional.

                          P7: A Educação Infantil é importante para uma boa formação.

                          P1: A Educação Infantil é importante porque os alunos que não passaram
                          pela Educação Infantil, chegam tardiamente na escola, dificilmente tem o
                          mesmo rendimento daqueles que passaram pela Educação Infantil.


Perante estas declarações percebemos a preocupação no letramento deixando de
lado o verdadeiro sentido de Educação Infantil que é a formação integral. Para o P8:
“A Educação Infantil é o alicerce no desenvolvimento do processo educativo da
criança e a partir dessa educação que a criança vai construindo seus
conhecimentos”.



1
 Código utilizado para preservação da identidade dos sujeitos da pesquisa, utilizaremos a letra P,
seguida dos numerais arábicos, para identificar e diferenciar cada participante.
47



Nesse depoimento percebemos que o professor reconhece que a criança é um ser
capaz e que através da inter-relação na Educação Infantil a criança é capaz de
desenvolver-se produzindo o seu próprio conhecimento. Para Angotti (2006) a
função da Educação Infantil é:


                      Olhar a Educação Infantil, enxergá-la em sua complexidade e sua
                      singularidade significa buscar entendê-la em sua característica de
                      formação de crianças entre 0 e 6 anos de idade, construindo espaços e
                      tempos, procedimentos e instrumentos, atividades e jogos, experiências e
                      vivências... em que o cuidar possa oferecer condições para que o educar
                      possa acontecer e o educar possa prover condições de cuidado,
                      respeitando a criança em suas inúmeras linguagens e no seu vinculo
                      estreito com a ludicidade. (p. 25).



Diante das colocações dos professores e em comparação com a autora,
percebemos que os professores precisam saber que a Educação Infantil, vai mais
além do cuidar e educar, pois nessa etapa da vida a criança está se formando, ou
seja formando a sua personalidade, é nesse sentido que o educador deve se
preocupar com a sua atuação, procurando oferecer espaços e atividades que
contemplem o lúdico de cada um, fazendo com que se forme cidadãos autônomos e
críticos. Passamos então a ressaltar sobre o papel do professor da Educação
Infantil.



4.2.2 Como deve ser um professor da Educação Infantil?


Ao ressaltarmos sobre o professor da Educação Infantil, alguns professores
salientaram que o perfil desse profissional deveria ser:

                      P1: Atento, dedicado a todas as necessidades da criança.

                      P2: Um profissional bem dinâmico com muito jogo de cintura, criativo.

                      P7: Deve ser paciente, dedicado e gostar de lidar com as crianças.

                      P10: Muita calma, paciência e dedicação.


Notamos que no depoimento desses profissionais eles não ressaltam a importância
de uma formação específica, mas sim a questão de uma habilidade sem respaldo
teórico, como se lidar com criança não exigisse uma especialização, uma formação.
48




Ao ressaltarem sobre a formação é perceptível nas suas falas que eles procuraram
responder sobre esse questionário baseados em aportes teóricos, ou seja eles
ficaram tão preocupados com as respostas, atuação e formação, que um professor
respondeu essa questão baseado no Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil – RCNEI. P5: “O professor da Educação Infantil deve ter uma competência
polivalente, ser polivalente significa que o professor cobre trabalhos com conteúdos
de natureza diversas e conhecimentos específicos”.


Percebemos que esse profissional tem uma concepção que sua função é de ter
conhecimentos específicos e ao mesmo tempo mútuo, pois o educador precisa estar
apto para atuar com a diversidade cultural na qual a criança está inserida.Sobre
esse aspecto Kishimoto (2002) diz que: “é necessário respeitar a especificidade
infantil, valorizando seus saberes, criando espaços de autonomia, de expressão de
linguagem e de iniciativa para a exploração e a compreensão do mundo”. (p. 8).


Percebemos em algumas falas, a presença dos ranços assistencialistas, como
também o reconhecimento de uma boa formação pedagógica-teórica, mas em
momento algum eles ressaltaram sobre uma formação lúdica. E educar ludicamente
exige-se uma formação. Segundo Santos e Cruz (1997):


                      A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a
                      criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da
                      alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas,
                      experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da
                      linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (p. 13, 14).



Ao citarmos sobre essa formação, queremos interligar a atuação desse profissional,
que deve ter consciência do seu papel como formador e transformador. Ao agir
ludicamente ele pode estar formando cidadãos mais ativos, críticos e participativos.



4.2.3 A ludicidade na Educação Infantil
49



Ao enfatizarmos sobre ludicidade,percebemos que muitas concepções aparecem na
fala desses profissionais, e que, algumas são condizentes com o verdadeiro sentido
lúdico. Ao questionarmos sobre a concepção de ludicidade eles responderam:

                     P3: É ensinar e aprender através de atividades que proporcionam prazer.

                     P4: É o jeito divertido de aprender e ensinar.

                     P7: São atividades que chamam a atenção do aluno.


Ao analisarmos as respostas percebemos que eles resumem a ludicidade ao
sentimento de prazer e que não deve ser vista apenas como diversão, pois quando
agimos ludicamente, sentimos prazer, mas nos desenvolvemos também. Como
salienta Santos e Cruz (1997):


                     A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não
                     pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto
                     lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
                     colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil,
                     facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e
                     construção de conhecimento. (p. 12).



Por isso cabe ressaltar que a criança vive ludicamente, ela vive esse momento por
inteiro, prazerosamente, dentro do seu contexto. Já outros professores ressaltaram
que a ludicidade:


                     P5: Ludicidade na Educação Infantil é o principal indicador das brincadeiras
                     entre as crianças e o papel que assumem quando brincam. As brincadeiras
                     favorecem a auto-estima das crianças, transformando os conhecimentos
                     que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam.

                     P8: São os tipos de brincadeiras que são usadas na aprendizagem
                     didática.

                     P9: São as brincadeiras desenvolvidas na escola para tornar as atividades
                     mais prazerosas e que possa auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem
                     das crianças.

                     P10: São as recreações que fazem com que as crianças se desenvolvam.



Diante do exposto podemos perceber que eles ligam a ludicidade as brincadeiras e
através delas as crianças se desenvolvem e aprendem. Nesse sentido, esses
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  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL SENHOR DO BONFIM 2009
  • 2. 2 MARIA ELIZÂNGELA GOMES NUNES O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como pré- requisito para conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, Departamento de Educação Campus VII da Universidade do Estado da Bahia. Orientador: Profº. Pascoal Eron Santos de Souza SENHOR DO BONFIM 2009
  • 3. 3 MARIA ELIZANGELA GOMES NUNES O LÚDICO: UMA FORMA PRAZEROSA DE APRENDER NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aprovada em ______ de ______________ de 2009 Orientador: __________________________________________ Prof. Pascoal Eron dos Santos de Souza Avaliador(a): __________________________________________ Avaliador(a): __________________________________________
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS Diante de todo o caminho trilhado, chegou-se ao final dessa etapa, e que muitos foram aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta. Quero pois, manifestar a minha sincera gratidão: A Deus, por ter me dado forças durante todo o caminho trilhado, nas maiores dificuldades, Ele está sempre do meu lado. A Universidade do Estado da Bahia, por ter me possibilitado cursos do Ensino Superior. Ao professor Pascoal Eron, que gentilmente aceitou ser meu orientador, fazendo com que essa pesquisa se tornasse real. Ao colegiado de Pedagogia e em especial a professora Suzzana Alice que fez com que compreendesse o verdadeiro sentido de pesquisa e a Professora Maisa que fez com que despertasse o verdadeiro sentido do lúdico na atuação pedagógica, fazendo-me despertar por esse tema. Aos funcionários da biblioteca que sempre estavam à disposição para nos ajudar. Aos meus familiares que estiveram sempre presentes nos momentos mais difíceis, prontos a ajudar, como meus pais, minha avó e meu esposo. A todos os meus amigos do curso, em especial a Eliane Miranda, Adriana de Carvalho e Camilla Barbosa, que estiveram presentes, juntas em todos os trabalhos; valeu pelas conversas, discussões e conclusões. Aos amigos e colegas universitários que durante o curso, juntos estávamos à espera de uma carona, embaixo de ventos frios e chuva. Aos caminhoneiros que nos deram carona com o mesmo medo que tínhamos deles.
  • 5. 5 Aos professores da Creche Mãe Dedé que sempre estiveram à disposição para nos ajudar em nossas pesquisas. A todos vocês, o meu eterno e muito obrigado! Que Deus os abençoe!
  • 6. 6 “A criança, um ser em criação, cada ato é para ela uma ocasião de explorar e de tomar posse de si mesma; ou, para melhor dizer, a cada extensão a ampliação de si mesma. É esta operação, executa-a com veemência, com fé: um jogo contínuo. A importância decorrente de conquistas, uma vibração incessante”. (Montessori)
  • 7. 7 RESUMO NUNES, Maria Elisângela Gomes. O Lúdico: uma forma prazerosa de aprender na Educação Infantil. Monografia de Conclusão do Curso de Pedagogia com habilitação em docência e gestão de processos educativos apresentada à Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus VII, 2009. O presente trabalho traz algumas reflexões e considerações sobre a importância das atividades lúdicas para as crianças de Educação Infantil na perspectiva do professor desse nível de ensino da Creche Mãe Dedé, situada no Município de Filadélfia- Bahia. Tendo como tema: o lúdico como forma prazerosa de aprender na Educação Infantil. Ao ressaltarmos sobre a ludicidade, percebemos como muitos professores resumem o lúdico às práticas de brincadeiras acontecidas na sala de aula. Nessa pesquisa, através dos questionários fechado e aberto, fazendo-se uso da pesquisa qualitativa, buscou-se respostas para as inquietações referentes ao objetivo desse estudo. Onde buscamos para o aprofundamento, dialogar com Almeida (2000), Oliveira (2008), Candau (1996), Fazenda (1991), Kishimoto (2002), Silva (2003), Kramer (2001), Machado (2001), Maluf (2008), dentre outros. Por fim, podemos concluir que os professores possuem uma concepção sobre a ludicidade, mas que encaram como algo novo e que necessitam de preparação e recursos para trabalharem de forma lúdica, mas reconhecem a Educação Infantil como alicerce para o desenvolvimento humano, mas é um trabalho que exige formação e dedicação. Conclui-se, que esses profissionais sentem anseios por mais formações, onde possibilitem uma atuação concreta, pois a Educação Infantil não se resume em só brincar sem objetivo, ou só cuidar, mas sim em educar, encaminhar essas crianças visualizando um mundo de formação, para que possam se tornar cidadãos atuantes; para isso, é necessário que reconheçamos a importância da Educação Infantil e possamos quebrar esses estereótipos que ameaçam esse nível de ensino, pois através das atividades lúdicas as crianças se desenvolvem de forma mais prazerosa. Palavras-chave: Atividades lúdicas, Educação Infantil, Professor da Educação Infantil, Processo ensino-aprendizagem.
  • 8. 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: Percentual em relação à formação; FIGURA 02: Percentual em relação ao gênero; FIGURA 03: Percentual em relação ao tempo de atuação; FIGURA 04: Percentual em relação à quantidade de aluno; FIGURA 05: Percentual em relação à renda mensal.
  • 9. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................. 11 CAPÍTULO I ..................................................................................................... 13 1. EDUCAÇÃO INFANTIL, O BRINCAR COMO FORMA LÚDICA............... 13 CAPÍTULO II .................................................................................................... 19 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 19 2.1.1 O brincar, o jogo e o brinquedo........................................................ 21 2.2 Educação Infantil: perspectivas e descobertas ................................... 24 2.3 Os paradigmas dos professores da Educação Infantil ........................ 28 2.4 O Professor e o lúdico na Educação Infantil ....................................... 31 2.5 O processo ensino-aprendizagem e o lúdico ...................................... 33 CAPÍTULO III ................................................................................................... 36 3. CAMINHOS METODOLÓGICOS ............................................................. 36 3.1 Pesquisa Qualitativa............................................................................ 36 3.2 Sujeitos da pesquisa ........................................................................... 37 3.3 Lócus da Pesquisa .............................................................................. 37 3.4 Instrumento de coleta de dados .......................................................... 38 3.4.1 Questionário fechado.................................................................... 38 3.4.2 Questionário Aberto...................................................................... 38 CAPÍTULO IV................................................................................................... 40 4. ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS.................................... 40 4.1.1 Formação ..................................................................................... 40 4.1.2 Gênero.......................................................................................... 41 4.1.3 Tempo de Atuação ....................................................................... 42 4.1.4 Quantidade de aluno .................................................................... 43 4.1.5 Renda Mensal............................................................................... 44 4.2 Analisando o questionário aberto........................................................ 45 4.2.1Educação Infantil considerada como alicerce................................ 45 4.2.2 Como deve ser um professor da Educação Infantil? .................... 47 4.2.3 A ludicidade na Educação Infantil................................................. 48 4.3.4 Conceitos sobre as atividades lúdicas e sua importância............. 50
  • 10. 10 4.3.5 Os obstáculos encontrados ao se trabalhar com o lúdico ............ 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 55 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 57 APÊNICES
  • 11. 11 INTRODUÇÃO A educação infantil é concebida como parte integrante da Educação Básica, trazendo no seu percurso histórico uma idéia de assistencialismo e preparação para o ensino fundamental; quando na verdade esse nível de ensino está atrelado a uma formação que contribuirá para todo o desenvolvimento humano. Este trabalho buscou analisar a importância que as atividades lúdicas proporcionam ao desenvolvimento das crianças da Educação Infantil, em uma perspectiva pedagógica. A pesquisa é composta por quatro capítulos: No Capítulo I, trazemos as concepções das funções da Educação Infantil marcadas pelo percurso trilhado, como também a função do educador que é o mediador desse processo, mostrando a intermediação entre a prática pedagógica e a importância da presença do lúdico nessa prática, pois atuar nesse nível vai além do cuidar e ensinar, mas preparar para uma vida futura. Atuar na Educação Infantil exige formação e dedicação. No Capítulo II, buscamos uma reflexão entre a prática com apoio em autores que retratam sobre a importância das atividades lúdicas no contexto infantil, mostrando os pontos referentes aos conceitos-chave. No Capítulo III, ressaltamos sobre os procedimentos que realizamos em busca de respostas. Trazemos então a metodologia, mostrando como surgiu a necessidade dessa pesquisa. Referindo-se ao enfoque qualitativo. Identificando também, o lócus, sujeitos e os instrumentos de coleta de dados. No Capítulo IV, apresentamos a análise e interpretações dos dados, nesse aspecto procurou-se analisar as falas dos professores, comparando com as concepções trazidas pelos autores. Essa análise foi dividida em categorias, tentando buscar respostas para os objetivos almejados na pesquisa
  • 12. 12 Por fim, fazemos algumas considerações buscando apresentar os resultados definidos dessa pesquisa, sem intenção de maquiá-los, mas mostrar a realidade educacional do nosso lócus, evidenciando que muito ainda pode ser feito por esse nível de ensino que é a base de todo o desenvolvimento intelectual humano.Assim sendo, evidencia-se relevante a presente pesquisa, uma vez que focaliza a necessidade de reconhecer a importância do lúdico no cotidiano das crianças.
  • 13. 13 CAPÍTULO I 1. EDUCAÇÃO INFANTIL, O BRINCAR COMO FORMA LÚDICA. Ao longo da história da Educação Infantil, percebemos esta etapa educativa é recente aqui em nosso país, surgindo com a sociedade capitalista, urbano-industrial, pois crescia o número de empregos, e as crianças precisavam de cuidados enquanto seus pais trabalhavam. Esse tipo de educação surgiu com a função de “guarda de crianças”, predominando a chamada visão assistencialista e sanitária, isto é, onde a criança receberia os cuidados necessários, enquanto seus pais trabalhavam. Segundo Machado (1991) caberia a instituição substituir a mãe cuidando da criança, alimentando e cuidando de sua higiene, saúde com muito rigor. “[...] a soma desses elementos seriam responsáveis pela formação adequada das crianças preenchendo a lacuna deixada pela mãe ausente, até que aos sete anos eles ingressassem no sistema escolar vigente”. (p. 17). Já para Silva (2003): “a Educação Infantil no Brasil configura através de duas redes paralelas com objetivos públicos distintos: a visão assistencialista e da educação pré-escolar, voltada para preparação pedagógica do ensino fundamental”. (p. 10). As crianças são sujeitos sociais e históricos, marcados, portanto pelas contradições das sociedades em que estão inseridas, elas não se resumem a ser alguém que não é, mas que se tornará no dia que deixará de ser criança. Elas são cidadãs, pessoas detentoras de direitos que produzem uma cultura de acordo com o seu meio. Por isso é necessário termos consciência dos valores e princípios éticos que queremos construir nas nossas ações educativas. Nessa mesma perspectiva, a função da Educação Infantil é conduzir esses ensinamentos utilizando uma boa metodologia, pela qual a criança aprende
  • 14. 14 consciente e feliz, pois nessa fase da vida acreditamos estarmos formando alicerce para toda a sua vida intelectual, moral e social. Como afirma Angotti (2001): Estudos científicos, principalmente os da psicologia, tem apontado a importância dos primeiros anos de vida para a construção do sujeito. Devemos ter como meta, na educação pré-escolar, a criança com seu desenvolvimento enquanto ser cognoscente e cognoscível, para que possamos garantir condições para a construção de sua pessoa. (p. 55). Nessa mesma perspectiva afirma Fazenda (1991): “a função da educação infantil é caminhar com a criança, respeitando suas limitações e explorando seu potencial. Para tanto, há necessidade de conhecer por onde caminha e qual o ponto que se pretende chegar”. (p. 16). Por isso cabe salientar a importância do papel do professor da Educação Infantil, que necessita ter um conhecimento teórico e prático, reconhecendo a realidade social em que vivem as crianças e os fatores de desenvolvimento infantil, para que possa realizar seu trabalho de forma responsável e criativa, pois ao se tratar de crianças, percebemos que a falta de capacitação poderá trazer prejuízos irreversíveis, como afirma Fazenda (1991): Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas, requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16). A educação é um processo complexo e em se tratando de Educação Infantil podemos ressaltar que educar não é só aprender a ler, mas compreender e acumular saberes para humanizá-lo, distribuí-lo e dar-lhe um sentido ético, como ressalta Alencar (2005): “educar é ensinar o olhar para fora e para dentro superando o divórcio, típico da nossa sociedade, entre a objetividade e subjetividade (p.47)”. A educação infantil necessita de professores que tenham uma formação teórica sólida, no entanto, é necessário que o professor da Educação Infantil se identifique enquanto educador deste seguimento, pois, na medida em que existe “paixão” por tal função, o professor terá maior compromisso e responsabilidade e assim agirá de maneira atuante envolvendo a pesquisa e o planejamento na sua prática,
  • 15. 15 procurando atuar como agente de formação e transformação. Como vem afirmando Candau (1996): Por compromisso, entendo o envolvimento, o profundo engajamento com o aluno no plano intelectual e afetivo, o qual deve ser perpassado por uma postura de “paixão” de “prazer” pelo trabalho. Esse compromisso, que é profissional e político, dá o real sentido a nossas ações, ao nosso ofício – sendo profissionais do Ensino. (p. 74). Nesse sentido, ser professor é uma tarefa multidimensional, de mutua responsabilidade, o mesmo precisa ter noção do onde quer chegar e por onde quer conduzir, e por isso é necessário que tenha a compreensão de sua função como agente formador e transformador, dentro desse contexto sócio-político. O papel do professor da Educação Infantil é de apropriar-se de um preparo pedagógico que consiga alcançar as necessidades dos educandos, contextualizando com a realidade desses sujeitos, valorizando os saberes que a criança possui, pois quando a criança chega a escola, ela já possui uma bagagem adquirida no mundo exterior. Por isso cabe ao professor utilizar uma metodologia que propicie às crianças condições de reinventar o seu conhecimento prévio, encorajando-as a encontrar melhores formas de resolver os problemas que desafiam sua curiosidade e estimulem a sua reflexão. Conforme Almeida (2000): A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder – alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que faça pensar, tomar consciência de si e do mundo, que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor. (p. 195). O ser humano nasceu para aprender, e através dos seus descobrimentos apropria- se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexo, e é isso que lhe garante a sua sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo. Em todas as fases da nossa vida, estamos em contato com o semelhante, e neste ato estamos aprendendo algo, independente do tipo de cultura, raça ou classe social, toda criança brinca. A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que
  • 16. 16 por meio das brincadeiras, as crianças possam desenvolver-se satisfazendo seus interesses e necessidades. O lúdico é uma das formas mais eficazes para envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira está intimamente ligada a criança. Essas formas diversificadas de brincadeiras trabalhadas na sala de aula podem ser aplicadas em todas as disciplinas, pois é uma maneira de aprender/ensinar que desperta prazer e dessa forma, a aprendizagem se realiza. Para tanto, Almeida (2000) salienta que: “o verdadeiro sentido da ludicidade só estará garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma”. (p. 63). A criança vive em constantes mutações, descobrindo e aprendendo sempre novas formas de enriquecer suas idéias através da integração com os outros, com seus pensamentos e suas ações, por isso em suas brincadeiras ela faz e desfaz, aprende e se diverte, cria e recria, vivendo intensamente, e essa é uma forma lúdica de aprendizagem. Como afirma Maluf (2003): “A busca do saber torna-se prazerosa quando a criança aprende brincando. E é possível através do brincar, formar indivíduos com autonomia, motivados por muitos interesses e capazes de aprender rapidamente”. (p. 09). O brincar oferece a criança possibilidades de construir uma identidade autônoma, corporativa e criativa. A criança que brinca adentra ao mundo do trabalho, da cultura e dos afetos pela vida de representações e da experimentação. A brincadeira é um espaço educativo fundamental na infância. Nessa perspectiva cabe ressaltar que a ludicidade é muito importante para o desenvolvimento da criança, pois é através dessa práxis que ela vive um mundo do “faz-de-conta”, trazendo o seu imaginário à sua vivencia real, desenvolvendo assim, suas habilidades motoras, cognitivas, emocionais e sócio-emocionais. Quando a criança brinca, seu conhecimento de mundo se expande, formaliza suas idéias de acordo com o contexto ao qual está inserida, idealizando suas emoções e contradições, ou seja, ela representa e através de suas representações ela aprende
  • 17. 17 trazendo algo para sua realidade. Segundo Maluf (2003): “é importante a criança brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai construindo sua identidade a imagem de si e do mundo que a cerca”. (p. 20). O lúdico está presente no dia-a-dia de cada um, pois quando agimos de forma prazerosa, significa que estamos vivendo ludicamente, como afirma Almeida (2000): A educação lúdica integra uma teoria profunda de uma prática atuante. Seus objetivos além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais passivas, técnicas, para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um compromisso consciente, intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade. (p. 32). A partir do que foi mencionado sobre o lúdico, percebemos que ele está presente nos atos que a criança age prazerosamente. Por isso cabe salientar que a atividade só é lúdica quando existem a presença subjetiva da espontaneidade, prazer, liberdade. E por isso que relacionamos com o brincar e jogar, pois o brincar e jogar estão ligados à infância e neste ato a criança age de forma prazerosa e espontânea. O brincar só é lúdico quando a criança participa de forma espontânea, prazerosamente e completa. Educar ludicamente não é algo tão fácil, pois não é jogar lições empacotadas para o aluno consumir naturalmente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar a criança consciente, engajada e feliz no mundo, é seduzir o aluno para o prazer de conhecer. Como salienta Maluf (2003): “quanto mais a criança participa de atividades lúdicas, novas buscas de conhecimento se manifestam, seu aprender será sempre mais prazeroso”. (p. 32). Percebemos que o papel do professor é primordial, pois é ele que cria espaços, oferece os materiais e participa de jogos e brincadeiras, ou seja, media a construção do conhecimento, por isso é o mediador que possibilita a aprendizagem de forma mais criativa e social possível. Por isso é necessário que o professor tenha uma formação baseada em três pilares: formação teórica, formação pedagógica e como inovação a formação lúdica. Santos (1997) diz: “quanto mais o adulto vivenciar sua
  • 18. 18 ludicidade, mais será a chance de este profissional trabalhar com criança de forma prazerosa” (p. 14). Aproveitar esse momento para aprender é valorizar a maneira como a criança percebe e dá valor aos acontecimentos da sua vida. Santos (1999) afirma: “o brincar tem se revelado como uma estratégia prazerosa para a criança aprender”. Ele enfatiza que Froebel “foi quem pela primeira vez viu o brincar como atividade responsável pelo desenvolvimento físico, mental e cognitivo das crianças”. (p. 114). Nesse sentido, é importante que a Educação Infantil cumpra o papel de oferecer condições e propiciar oportunidades de trabalhar através do lúdico, desenvolvendo o processo ensino/aprendizagem mais prazeroso para as crianças, podendo formar indivíduos com autonomia e criticidade para enfrentar situações de conflito. Sendo assim as discussões construídas durante o curso de pedagogia reacendeu uma estima pelos estudos voltados à prática do professor de Educação Infantil e a utilização do lúdico no processo de ensino-aprendizagem. O gosto pela temática já mencionada foi desenvolvida a partir da experiência vivenciada durante o estágio supervisionado, pois surgiu a oportunidade de participar de uma forma mais presente. Partindo do exposto, nasce a seguinte pesquisa: Qual o papel das atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem de crianças da Educação Infantil na perspectiva dos professores que atuam neste nível de ensino? Diante do proposto acima, o nosso estudo tem como objetivo: Identificar a importância que os professores da Educação Infantil do município de Filadélfia dão à ludicidade na sua prática educativa dentro do processo ensino-aprendizagem. O presente trabalho situa-se na perspectiva de estar contribuindo para abordar as práticas motivadoras para o desenvolvimento da criança dentro do seu contexto social e cultural, através da prática educativa. Pretende ainda mostrar a contribuição que o educador pode trazer através da sua metodologia atrelada ao lúdico, identificando o lado prazeroso do ensinar e aprender.
  • 19. 19 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Atualmente, vive-se em uma era de constantes modificações que exige de todos os educadores estarem sempre se modificando e inovando. Buscando compreender o papel das atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem das crianças da Educação Infantil na perspectiva do professor que atuam neste nível de ensino, surge a necessidade de uma aproximação e reflexão dos conceitos-chave que norteiam esta pesquisa, sendo estes: Atividades lúdicas, Educação Infantil, Professor da Educação Infantil, Processo ensino-aprendizagem. 2.1 Atividades lúdicas: um brincar como forma de aprendizagem As atividades lúdicas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para as crianças não há atividade mais completa do que o Brincar. Pela brincadeira ela é introduzida ao meio sócio-cultural do adulto, constituindo-se num modo de assimilação e recreação da realidade (SANTOS, 1999). De acordo com a afirmação percebemos como o brincar é uma das atividades lúdicas que apresenta significados no desenvolvimento da criança, porque quando ela brinca, ela vive plenamente aquele momento, trazendo algo de real que contribuirá no seu desenvolvimento pessoal e social. Como afirma Maluf (2008): As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente importantes, mais do que entretenimento, são um auxilio indispensável para o processo ensino-aprendizagem, que propicia a obtenção de informações em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é uma tática insubstituível para ser empregada como estímulo ao aprimoramento do conhecimento e no progresso das diferentes habilidades. (p. 42). Uma forma de resgatar e desenvolver a criatividade é a ludicidade que permite que a criança descubra em si mesma o poder de criação. Luckesi (2008) afirma: “o que a
  • 20. 20 ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano quando age ludicamente, vivência uma experiência plena, e com isso queremos dizer que na vivência de uma atividade lúdica, cada um de nós estamos plenos, inteiros nesse momento”. (p. 01) Diante do exposto, percebemos que a educação lúdica contribui e possui uma grande influência no desenvolvimento da criança, como vem afirmando Almeida (2000): A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio. (p. 51). Neste sentido, podemos salientar a importância das atividades lúdicas para despertar na criança a participação, a criticidade e a interação dentro do contexto no qual está inserida, possibilitando modificações e transformações. Por isso, vemos a ludicidade como uma atividade que tem um valor educacional muito grande dentro desse contexto infantil, sendo utilizada como recurso pedagógico; dessa forma várias são as razões que levam os educadores a empregarem as atividades lúdicas no processo ensino/aprendizagem. Como ressalta Teixeira (1995): O lúdico apresenta dois elementos que o caracteriza: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso devido a sua capacidade de absolver o individuo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmos. É este aspecto de envolvimento emocional que torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude dessa atmosfera de prazer dentro do qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo. Portanto as atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço voluntário (...) As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento (...) As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade, e a medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que as atividades lúdicas se assemelham a atividade artística, como elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também o ser que age, sente, pensa e se desenvolve. (p. 23).
  • 21. 21 Diante do exposto, podemos afirmar que as atividades lúdicas, são todos os movimentos que tem o objetivo de produzir prazer, divertir e por isso devem ser utilizados como ferramentas importantes de Educação. Para Maluf (2008) “atividade lúdica e toda e qualquer animação que tem como intenção causar prazer e entretenimento em qualquer prática”. (p. 21). Para Piaget (1998) “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa”. (p. 58). Através das atividades lúdicas, a criança aprenderá brincando, de uma maneira agradável, e além de sentir prazer, ela estará se desenvolvendo nas diferentes áreas do conhecimento, ao interagirem com outras, desenvolvem a sua capacidade motora, criativa e o raciocínio. Maluf (2008) nos afirma que: O prazer está presente nas atividades lúdicas. A criança fica absorvida de forma integral. Cria-se um clima de entusiasmo. [...] A criança se expressa, assimila conhecimentos e constrói a sua realidade quando está em alguma atividade lúdica. Ela também espelha a sua experiência com os seus gostos e interesses. (p. 23). Maluf (2008) ainda salienta sobre os benefícios que as atividades lúdicas proporcionam às crianças, entre eles: “assimilação de valores, aquisição de comportamentos, desenvolvimento de diversas áreas de conhecimento, aprimoramento de habilidades e socialização”. (p. 23). Portanto as atividades lúdicas são todas as práticas que o individuo vive por completo, podemos até citar algumas: brincar, jogar, desenhar, dançar, construir coletivamente, ler, passear, usar softwares educativos, dramatizar, cantar, etc. Enfim toda atividade que a criança vivencia plenamente é uma atividade lúdica, destacamos o brincar e o jogar por estar intimamente ligados à criança no seu cotidiano. 2.1.1 O brincar, o jogo e o brinquedo
  • 22. 22 O Brincar causa na criança reações que promovem divertimento e envolve o comportamento. Independente da época, cultura ou classe social, as brincadeiras, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem no mundo das fantasias. Segundo Maluf (2003): “Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e muito prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer faixa etária, classe social ou condição econômica.” (p. 17). Ao vivenciar o Brincar, a criança vive criativamente no mundo, ter prazer em brincar é ter prazer em viver. (MACHADO, 2001). No Brincar a criança vivência situações que contribuirão para o seu conhecimento e o desenvolvimento da sua personalidade. Como afirma Santos (1999): No Brincar, o conhecimento de si mesma, os papéis sociais evidenciados, o envolvimento com os parceiros e as características prazerosas contidas no jogo remetem a criança um tipo de conhecimento da realidade, permitindo sua apropriação e representação, contribuindo para construção do conhecimento e da personalidade. (p. 14) Através das brincadeiras a criança pode realmente encontrar significados para sua vida e transformar a sua realidade. A brincadeira possui um poder muito grande na vida da criança, pois permite o desenvolvimento, concentração e outros fatores que serão indispensáveis a vida adulta, como ressalta Maluf (2003): “toda criança que brinca vive uma vida feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidades, problemas que possam a surgir no seu dia-a-dia”. (p. 21). O Brincar pode ser visto sob vários pontos de vista, como explica Santos (1999): • do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade; a emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão; • do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como uma forma mais pura de inserção da criança na sociedade; brincando, a criança assimila crenças, costumes, regras e hábitos do meio em que vive; • do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação do seu comportamento; • do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”; é no brincar que podemos ser criativos e é no criar que brincamos com as imagens e signos fazendo uso do próprio potencial;
  • 23. 23 • do ponto de vista pedagógico, o brincar tem se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender. (p. 111-114). Nessa perspectiva, o brincar é uma peça importantíssima nesse processo de ensino- aprendizagem, pois contribui para o desenvolvimento da criança. Mas Angotti (2006) ressalta que: É importante que o entendimento do caráter lúdico não se restrinja apenas às situações de jogos e brincadeiras, mas que seja entendido também nos princípios de prazer e da liberdade, sobretudo liberdade de possuir o próprio filtro do entendimento e de expressar elaborações, sentimentos, percepções, representações, enfim de se permitir à criança o colocar-se enquanto explorador contumaz do mundo para decorá-lo, entendê-lo e dele fazer parte de maneira interessante, participativa e significativa. (p. 21). Por isso, o brincar e o jogar não podem ser utilizados como passa-tempo, pois quando a criança interage nessas atividades, ela está desenvolvendo e de certa forma, aquela prática tem um significado para ela, pois cada atividade tem suas diferenças, a criança participa da sua maneira, algumas possuem regras, outras não. O jogo se diferencia um pouco da brincadeira pelo fato da existência de regras como afirma Kishimoto (1999): “É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Dessa forma o brinquedo e a brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo”. (p.p. 17-18). Para Carneiro (1990), (apud, JARDIM 2002): “enquanto o brincar apresenta ser mais livre, possui um fim em si mesmo, e realiza-se apenas um elemento, o jogo possui regras, pode ser utilizado como meio para chegar-se a um fim e, geralmente, envolve dois ou mais parceiros”. (p. 33). Em se tratando de jogo podemos conceber vários significados, mas o que queremos enfatizar é que ele pode trazer uma relação de prazer através da recreação, socialização e aprendizagem no mundo infantil. Para Kishimoto (2002) “o jogo, visto como recreação, desde os tempos passados, aparece como relaxamento necessário às atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar [...]” (p. 40-41).
  • 24. 24 Percebemos que através do jogo a criança consegue relaxar, mesmo que essa atividade exija um esforço físico, e consegue se desenvolver de forma criativa e prazerosa. Quanto ao brinquedo, percebemos que é um instrumento que contribui através das atividades lúdicas, porque quando ela manuseia este instrumento, ela cria e recria ludicamente. Brougére (apud Jardim, 2002, p. 35) define brinquedo como: (...) o brinquedo é um objeto distinto e específico, cuja imagem projetada em três dimensões parece vaga, mas cujo valor simbólico é expressivo e sobrepõe o valor funcional. O brinquedo é um objeto cultural produzido pelos adultos para as crianças e que ganha ou produz significados no processo de brincadeiras pela imagem da realidade que representa e transmite. Segundo o autor o uso do brinquedo é aberto, a criança dispõe de um acervo de significados e ao interpretá-las durante a brincadeira confere significado ao seu brinquedo. Para Bomtempo (1999): “O brinquedo aparece como um pedaço de cultura colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo lega a criança à ação e à representação, a agir e imaginar”. (p. 68). Nesse contexto, percebemos que o brinquedo possui grandes significados para a criança, ao brincar com o brinquedo ela recria suas experiências através das brincadeiras. O ato de brincar, o jogo e o brinquedo estão interligados nesse mundo lúdico das crianças da educação infantil, pois são atividades lúdicas que proporcionam desenvolvimento e prazer. Portanto, o brincar e o jogar são atividades lúdicas que são utilizadas como instrumentos didáticos que efetivam a prática educativa, reconhecendo-os também como instrumentos culturais que possibilitam a aprendizagem e o desenvolvimento da criança na Educação Infantil. 2.2 Educação Infantil: perspectivas e descobertas
  • 25. 25 Ao analisar a história da Educação no Brasil muitos estudos mostram que ela surgiu com uma visão assistencialista, classificando as creches como local onde ficavam as crianças com menos de três anos e de pré-escolar para as crianças de quatro a seis anos onde recebiam uma preparação pedagógica. Hoje a Educação Infantil é considerada como parte integrante da educação básica. Nesse período, as crianças devem ser estimuladas através de atividades lúdicas para exercitar suas capacidades, fazendo descobertas. Nesse sentido diz Oliveira (2007): “na Educação Infantil, hoje, busca-se ampliar requisitos necessários para adequada inserção da criança no mundo atual, sensibilidade, solidariedade e senso crítico”. (p. 49). Nessa perspectiva, percebemos que o objetivo da Educação Infantil é o desenvolvimento integral da criança em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, fazendo com que possa atuar de forma independente, confiante e positiva em todas as relações sociais. Como vem afirmando a Lei 9.394/96, na seção II, em seu artigo 29: “a Educação Infantil, a primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, completando a ação da família”. Segundo Angotti (2006): O papel da educação e educador infantil caracteriza no ideal de recuperação da infância perdida nos tempos modernos para inserir a criança no mundo do conhecimento, na condução de ser alfabetizada na leitura de mundo, na leitura interpretativa de tudo que está ao seu redor sem perder a natureza, a magia, a fantasia, o mundo maravilhoso do ser criança e propiciar-lhe desenvolvimento integral, seguro e significativo. (p. 26) De acordo com a autora percebemos que essa fase da infância é de suma importância, mas que deve ser reconhecida, planejada de acordo com as necessidades das crianças, visando o contexto ao qual elas estão inseridas. Como afirma Angotti (2006): “O período da infância é sim uma etapa singular da vida do ser humano, momento mágico, único, de desenvolvimento, e para tanto deve estar planejado e estruturado”. (p. 19)
  • 26. 26 Nessa perspectiva cabe ressaltar a importância dos profissionais desse nível de ensino, que devem ter uma formação específica para desempenhar seu papel com compromisso e responsabilidade, pois, segundo Angotti (2006): [...] É primordial a presença de profissionais que possam povoar as instituições infantis na condição de educadores e não meros funcionários, de terem uma formação específica para fundamentar e definir um novo fazer educacional, uma nova profissionalidade, que possa atender ao ser criança provendo e promovendo seu processo de desenvolvimento [...]. (p.19) Nesse pensamento podemos reconhecer que a Educação Infantil exige profissionais com uma boa formação, pois é uma etapa pela qual a criança passa por variações, as quais denominamos períodos, onde vários autores trazem uma concepção, portanto o educador deve estar apto para atuar nesse nível de ensino, que esses conhecimentos serviriam de aporte para a sua atuação. Diante do exposto, fica visível o papel da Educação Infantil, que é de grande importância. Podemos até afirmar que esta fase da escolarização é como alicerce para toda a vida. Nesta etapa a criança está se formando integralmente, e por se tratar de um cidadão cabe aos educadores a tarefa de educá-la, precisando reconhecer alguns períodos aos quais toda criança vivencia. Segundo Piaget (1975), a criança passa por quatro estágios de desenvolvimento que são classificados como sensório motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operações concretas (7 a 11 anos) e operações formais (11 a 12 anos em diante). De acordo com este autor, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessa faixa etária. Todos os indivíduos passam por esses estágios, nessa sequência, porém o inicio e o término de cada uma delas depende das características biológicas e fatores educacionais e sociais de cada indivíduo. Por isso existem uma necessidade de reconhecimento por parte dos educadores para saber atuar com as crianças de um determinado período de desenvolvimento. Porque segundo Piaget, a criança se desenvolve através do meio, em contato com os objetos que estão a sua volta.
  • 27. 27 Vygotsky (1987), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da vida. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento, para ele o sujeito é produto do meio, ele é interativo. De acordo com Vygotsky (1987), o conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: real ou proximal. A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, e o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de inicio, com o auxilio de outras pessoas que já tenham adquirido esse conhecimento. Para ele o desenvolvimento de um ser ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da vida. Por isso percebemos a necessidade do reconhecimento das atividades lúdicas como o brincar, o jogar e os brinquedos, dentro desse processo de ensino-aprendizagem. Para Vygotsky (1987) o brinquedo é definido: [...] Assim brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (p. 134,135) Percebemos que o brinquedo é um objeto que norteia toda a brincadeira, fazendo com que a criança se desenvolva através do seu manuseio, fazendo com que o seu imaginário seja ativado, através dos faz-de-conta. A criança quando brinca transforma objetos fictícios em reais, vivenciando situações cotidianas como reais, e nesse processo consegue absorver algo para sua vida real. Como diz Vygotsky (1987): “a criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança”. (p. 135). Nessa perspectiva cabe ressaltar a importância do papel do professor da Educação Infantil, pois percebemos que cabe a sua função promover atividades lúdicas, que proporcionem o desenvolvimento de forma prazerosa, criativa e autônoma, pois a
  • 28. 28 criança precisa sentir-se segura e feliz para que possa se tornar mais participativa nesse contexto pedagógico infantil. Nesse sentido, é de responsabilidade do professor, ajudar a criança a encontrar possibilidades de ação, proporcionando atividades lúdicas que promovam o seu desenvolvimento sócio-cultural. 2.3 Os paradigmas dos professores da Educação Infantil Através dos estudos sobre a história da Educação Infantil podemos perceber que o professor é o mediador desse processo; a sua função é de grande responsabilidade, a ele compete sensibilizar e mobilizar a criança para que a aprendizagem aconteça, selecionando os conteúdos e recursos lúdicos didáticos pertinentes a essa situação. Por isso é necessário que tenha a compreensão da sua função como agente formador, dentro do contexto sócio-político. Como salienta Luckesi (2001): Nesse contexto, ao educador individual não pode ser imputada a responsabilidade por todos os desejos, os desafios da Educação. Porém, quanto pior for o exercício do seu trabalho, menores serão as possibilidades de que os educandos de hoje, venham a ser cidadãos dignos de amanhã, com capacidade de compreensão crítica do mundo, condições de participação e capacidade de reivindicações dos bens materiais, culturais e espirituais, aos quais tem direito inalienável. (p. 125). O professor da educação infantil necessita estar apto a sua função como agente formador, trabalhando para organizar suas metodologias e procedimentos, podendo apontar seus objetivos para que possa conduzir as crianças, mostrando o seu potencial. Como afirma Oliveira (2001): O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é fundamental a busca, a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando o que a sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67).
  • 29. 29 Para Candau (1996) o “novo” educador é aquele que encara a educação como problematização, frente a isso, salienta: A educação assim é aquela que propicia desenvolver nos alunos o seu poder de capacitação e compreensão do mundo como realidade em processo, pensando-o e a si mesmo, sem decotomizar este pensar da ação. A prática educativa problematizadora propõe aos homens a sua própria situação como um problema (um desafio) a ser encarado, visando a transformação. (p. 89). Portanto o ato do professor da educação infantil abrange não só uma visão assistencialista ou alfabetizadora, mas a humanização, pois, em tratar-se de crianças, o educador precisa ter conhecimentos específicos das concepções infantis, para que possa formar cidadãos autônomos e críticos para atuar em uma sociedade mais digna e justa. Sobre essa prática, Kramer (2001) nos diz: “nenhuma prática é neutra, ao contrário, ela está sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos”. (p. 23). Percebemos que a função do professor não é neutra e sempre se tem um objetivo que se deseja alcançar, cabe salientar a importância de uma conscientização do ato de cada educador que é considerado como mediador entre o aluno e o conhecimento. Para Freire (1996): “ensinar exige uma reflexão crítica sobre a prática, pois uma prática que intenciona ser crítica envolve um movimento dinâmico, entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. (p. 43). Nessa perspectiva, ressaltamos sobre uma reflexão da atuação dos professores, sobre suas práticas e metodologias, principalmente os que atuam no contexto infantil, pois, estamos falando de uma clientela cheia de fantasias, criações e expectativas. Por isso ressaltamos a importância de uma formação especifica para atuar na Educação Infantil. Pois segundo Leite (apud Machado, 2005): Para se melhorar a qualidade do atendimento em instituições da Educação Infantil, é importante assegurar a ação educativa das atividades desenvolvidas junto as crianças de 0 a 6 anos de idade, por meio de uma formação especifica do profissional que lida diretamente com essas crianças. (p. 194).
  • 30. 30 Dentro da atuação do professor da Educação Infantil, percebemos que seu papel, não é fácil, pois em vez de receber uma formação específica, ele possui uma formação geral, pode lecionar em qualquer série conforme afirma Andrade (2006): A formação do docente não pode ser vista apenas como processo de acumulação de conhecimento de forma estática (...) mas sim como uma contínua reconstrução da identidade pessoal e profissional do professor. Esse processo deve estar vinculado à concepção e análise dos contextos sociais e culturais produzindo um conjunto de valores, saberes e atitudes encontrados nas próprias experiências e vivências pessoais, as quais imprime significados ao fazer educativo (p.64). Para Angotti (2001) o exercício da profissão exige que: O professor tenha elementos para proceder à análise, reflexões e avaliações referentes ao seu próprio fazer, encontrando novos caminhos qualitativamente diferente para efetivação de um trabalho docente, reflexivo e orientado por um projeto de educação pré-escolar. (p. 55) Percebemos a importância de se ter conhecimento específico para o professor que atua nesse nível de ensino, pois estamos lidando com crianças, seres sociais e culturais, que precisam de um entendimento especial, por serem produto e produtora de uma determinada cultura e nesse processo o professor é o mediador, procurando sempre novos caminhos para que o conhecimento se desenvolva. Dentro das necessidades formativas, as práticas e as concepções que marcaram e orientam a prática docente que atuam na educação infantil foram contempladas por Kramer (2001) ao citar três tendências que amparam o seu fazer docente: [...] A tendência romântica: A pré-escola é um jardim, as crianças são as flores ou sementes, a professora é a jardineira – A educação deve favorecer o desenvolvimento natural. [...] tendência cognitiva: a criança é um sujeito que pensa, e a pré-escola o lugar de tornar as crianças inteligentes – a educação deve favorecer o desenvolvimento cognitivo. [...] A tendência crítica: A pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis – a educação deve favorecer a transformação do contexto social (p. 25, 28, 33). Nessa mesma perspectiva, Kramer (2001) nos dá o entendimento que:
  • 31. 31 • A tendência romântica, que concebe a criança como a “semente” do futuro e a professora é a “jardineira”, a protetora da infância que cultivará desenvolvimento das potencialidades infantis, a felicidade e a verdadeira humanidade; • A tendência cognitiva, deriva da anterior, a partir do momento em que a pessoa acredita ser sua atribuição auxiliar a criança no seu processo de desenvolvimento, contribuindo na sua formação no aspecto cognitivo, social, físico e emocional; • A tendência crítica, identifica-se como uma educação para a cidadania, isto é, que contribua, para uma inserção crítica e criativa dos indivíduos na sociedade, concebe a escola como um lugar de trabalho, a criança e o professor como cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis. (p. 25, 28, 33). Nessa perspectiva percebemos que a autora traz as tendências da seguinte maneira: utilizando uma forma afetiva onde possa desenvolver o conhecimento, mas ao mesmo tempo critica, reconhecendo as crianças como cidadãos, atribuindo a educação um papel de transformador social. Segundo Kramer (2007): “a cultura infantil é, pois produção e criação. As crianças produzem cultura e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e que lhes é contemporânea (de seu tempo)”. Por isso cabe salientar a influência do meio nessa fase da vida, em que a criança está se desenvolvendo e descobrindo, formando um saber crítico e ativo dentro do seu contexto. Nascimento (2002) diz: A criança possui modos próprios de compreender e interagir com o mundo. A nós professores, cabe favorecer a criação de um ambiente escolar onde a infância possa ser vivida em toda a sua plenitude, um espaço e um tempo de encontro entre os seus próprios espaços e tempo de ser criança dentro e fora da escola. (p. 31). Por isso, cabe ao professor oferecer espaços que estejam de acordo com o mundo infantil, pois quando a criança chega na sala de aula ela vem cheia de expectativas, então esse local deve estar preparado para recepcioná-la, como também o professor precisa ter o compromisso, que cabe a sua função, de proporcionar momentos lúdicos, dentro deste contexto infantil, fazendo com que a criança sinta-se realizada. 2.4 O Professor e o lúdico na Educação Infantil
  • 32. 32 O professor é uma peça fundamental nesse processo de ensino-aprendizagem, pois ele é responsável pela sua atuação, dando-lhe vida ao espaço onde trabalha, tanto no aspecto físico como psicológico. A criança quando chega a escola já possui uma bagagem e o professor precisa ter uma metodologia eficaz para recepcioná-lo de forma agradável e criativa, fazendo com que a criança se identifique, sentindo-se segura e feliz. Como afirma Almeida (2000): [...] Sabemos também que quando os alunos gostam do professor acabam gostando daquilo que ele ensina e se esforçam cada vez mais para aprender e não decepcionar [...] temos consciência também de que, quando um professor desperta na criança a paixão pelos estudos, ela mesma buscará o conhecimento e fará tudo para corresponder. (p. 64). Partindo do exposto, a importância da identificação do educando para com o educador, pois, se a criança não gostar do professor, ela não desempenhará um bom desenvolvimento, não participando desse processo, o que causará o abandono. Por tudo isso, queremos destacar a necessidade de rever o papel do professor da educação infantil como também as suas metodologias, pois quando a criança gosta do professor e sua metodologia, ela participa e se desenvolve. Nesse contexto cabe salientar a importância das atividades lúdicas nesse nível de ensino. Ao vivenciar esse tipo de atividade a criança estará manifestando-se de forma aberta e inteiramente presente, desenvolvendo sua potencialidade de forma ativa e criativa. Como salienta Candá (2006): “as atividades lúdicas relacionam-se como o reconhecimento dos limites e dos avanços do sujeito na realização de atividades que ativem as potencialidades desse sujeito e as possibilitem evoluir”. (p. 143). Portanto, a atividade lúdica proporciona o auto-conhecimento, a coletividade no mundo social ao qual a criança está inserida. Nessa concepção, cabe ressaltar que o professor que é o mediador nesse processo, deve estar consciente da sua função, como também reconhecer o que é o lúdico e sua importância, pois vivenciar esse processo ludicamente é uma questão de identificação com a profissão, mas isso nem sempre acontece, pois existem profissionais que atuam na área por falta de opção e este problema dificulta o processo, pois trabalhar na Educação Infantil, precisa ir além da formação, é uma questão teórica, mas também prática.
  • 33. 33 A ludicidade está presente na vida da criança proporcionando inteireza e prazer, fazendo com que possa desenvolver suas potencialidades de forma integral. Segundo Candá (2006): O processo lúdico é caracterizado pela absorção da experiência plena que diz respeito à presença completa do sujeito na experiência vivenciada. A educação lúdica baseia-se em uma abordagem de desenvolvimento integral e não voltada somente para a aquisição de conteúdos na escola e fora dela. Esse processo de desenvolvimento integral do ser humano, abrange, de forma dialética, as quatro dimensões principais do sujeito: física, cognitiva, emocional e sócio-cultural. Essas quatro dimensões constituem o ser humano e quanto mais trabalhadas forem, maiores possibilidades de ampliação terá o seu desenvolvimento. (p. 145). Portanto, o papel do educador é fazer com que a criança viva esse processo de forma lúdica, pois assim poderá fazer com que a criança possa desenvolver seu conhecimento. 2.5 O processo ensino-aprendizagem e o lúdico Educar não se limita a repassar informações, mas em oferecer ferramentas e oportunidades que a criança possa se desenvolver. A atividade lúdica é uma metodologia que o professor pode utilizar para que a criança possa se desenvolver individualmente e coletivamente. O desenvolvimento em seu aspecto lúdico facilita a aprendizagem, pois quando a criança aprende prazerosamente, percebemos que o aprendizado ocorre de maneira eficaz. Na perspectiva de Vygotsky (1987), a criança é inserida no meio social, e interage com o contexto cultural. Então quando a criança chega à escola ela já traz consigo um tipo de cultura, cabendo ao professor oferecer recursos metodológicos que desafie, sensibilize o aluno para que a aprendizagem aconteça. Segundo Maluf (2003): O professor deve organizar suas atividades, selecionando aquelas mas significativas para seus alunos. Em seguida deverá criar condições para que estas atividades significativas sejam realizadas. Destaca-se a importância dos alunos trabalharem na sala de aula, individualmente ou em grupo. [...] cabe ao professor em sala de aula ou fora dela, estabelecer metodologias e condições para desenvolver e facilitar esse tipo de trabalho. (p. 29)
  • 34. 34 Reconhecendo o papel do professor nesse nível de ensino, cabe salientar que esse processo de ensino-aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, pois não é simplesmente executar receitas prontas desse processo, mas sim, estabelecer metodologias através de teorias baseadas nos níveis de desenvolvimento no qual a criança se encontra, pois de acordo com Piaget (1975), o desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis. Reconhecer as etapas de desenvolvimento é de suma importância, pois dessa maneira o educador poderá atuar de forma condizente com a etapa na qual a criança se encontra. Como salienta Bock (1997): “Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer individualidades, o que nos torna mais aptos para observação e interpretação dos conhecimentos”. (p. 81). A aprendizagem é um processo no qual a criança aprende algo, e realizar esse processo chega a ser complexo e difícil, pois necessita despertar nas crianças aptidões de conhecimento, para que elas se desenvolvam, dentro desse processo é necessário despertar o seu interesse, fazendo com que vivencie essa experiência de forma lúdica. Para Santos (1999): “A ludicidade, entendida como um mecanismo da subjetividade, afetividade, dos valores e sentimentos – portanto da emoção –, deverá estar junto na ação humana, tanto quanto na razão”. (p. 112). Ao realizar o processo ensino aprendizagem de forma lúdica, percebemos que é fazer com que a criança aprenda de forma prazerosa vivenciando plenamente essa experiência. Santos (1999) ainda afirma: “A expressão lúdica tem a capacidade de unir a razão e emoção, conhecimento e sonho, formando um ser humano mais completo e pleno”. (p. 112).
  • 35. 35 Participar desse processo de ensino-aprendizagem requer além de formação teórica, identificação, pois trabalhar com crianças da Educação Infantil é você além de ensinar teoricamente, brincar, é educar para a vida, pois esse nível de ensino servirá de alicerce para toda a sua vida. Santos (1999) afirma que: Educar não se limita a repassar informação ou mostrar apenas um caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstancias adversas que cada um irá encontrar. Educar é preparar para vida. (p.p. 11-12) Portanto é importante que o professor reconheça a importância da ludicidade dentro desse processo ensino-aprendizagem, descobrindo metodologias lúdicas que venham a aperfeiçoar a sua prática pedagógica nesse nível de ensino.
  • 36. 36 CAPÍTULO III 3. CAMINHOS METODOLÓGICOS A pesquisa é fruto de uma inquietação, dúvidas incertezas, decorrentes da busca do pesquisador em delimitar um problema, em descobrir algo. Segundo Japiassu (1983): “nosso conhecimento nasce de dúvidas e se alimenta das incertezas”. (p. 14) Partindo dos estudos realizados sobre a Educação Infantil, cabe salientar a importância do lúdico nesse nível de ensino, procuramos autores que evidenciam essa importância, para buscar a perspectiva que os professores trazem de lúdico na sua prática educativa. Nasce daí a necessidade de uma pesquisa, que objetiva a investigação do significado das atividades lúdicas na perspectiva do professor da Educação Infantil. Para a realização de uma pesquisa, segundo Ludke e André (1986): “é preciso promover o confronto entre dados, as evidencias, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. (p. 01). Essa pesquisa situa-se na abordagem qualitativa. 3.1 Pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa tem como uma das características investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto pesquisado. Baseando na abordagem qualitativa, Bogdan e Biklen (1987) afirmam: “A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com situações estudados, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar as perspectivas dos participantes”. (apud Ludke e André, 1986, p. 13). A pesquisa qualitativa supõe um contato direto e prolongado do pesquisador com o pesquisado e a situação que está sendo investigada, por isso ela facilita a
  • 37. 37 interpretação, dá mais ênfase na subjetividade inerente ao processo de pesquisa. Segundo Ludke e André (1986): A pesquisa qualitativa tem um ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento (...) A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regras através do trabalho intensivo de campo. (p. 11). Nessa perspectiva percebemos que a pesquisa qualitativa dá a oportunidade do pesquisador estar bem próximo do objeto investigado, proporcionando um resultado mais nítido. A abordagem qualitativa é basicamente aquela que busca entender um acontecimento específico em profundidade. Trabalha com discrições, comparações e interpretações. É mais participativa e os participantes podem direcionar o rumo da pesquisa em suas interações com o pesquisador. Para Goldemberg (2000) “na pesquisa qualitativa a preocupação não é com a representatividade numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória, etc... (p. 14). 3.2 Sujeitos da pesquisa O sujeito dá ao pesquisador caminhos, possibilidades... Partindo desse princípio, nossos sujeitos foram os professores da Educação Infantil da Creche Mãe Dedé. Onde lecionam 11 professores, sendo que funcionam 12 (doze) salas, um dos professores ensina os dois turnos. Da nossa pesquisa só participaram 10 professores. A escolha deu-se por se tratar de um quadro de professores que fazem parte do ensino público, buscando analisar e compreender a questão do estudo. 3.3 Lócus da Pesquisa
  • 38. 38 O lócus de pesquisa proporciona ao pesquisador grandes interações e questionamento dessa experiência, dando abertura para o mesmo investigar as formas pelas quais as suas subjetividades são expressas. Portanto, nosso lócus de pesquisa foi a Creche Mãe Dedé, situada a Rua Cantídio Pereira Maia, no município de Filadélfia. Seu espaço físico é composto de: 09 salas, 01 refeitório, 01 cozinha, 01 secretaria, 01 sala de reunião e DVD, 01 almoxarifado, 04 sanitários, 04 banheiros (chuveiros), 01 banheiro para professores, 01 grande pátio com areia, um parque, 01 área cimentada e 02 entradas principais. 3.4 Instrumento de coleta de dados Para obter as informações necessárias para o procedimento dessa pesquisa utilizamos como instrumento de coleta de dados, primeiramente o questionário fechado, que buscou traçar o perfil dos sujeitos entrevistados, o que contribuiu para uma melhor análise dos dados e o questionário aberto, que possibilitou a articulação das idéias e garantem as expressões sobre as compreensões do tema abordado. 3.4.1 Questionário fechado É um instrumento que corresponde a uma ordem de perguntas a serem respondidas pelos sujeitos. Marcone e Lakatos (1996) ressaltam que: Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistados. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisador, devolve-o do mesmo modo. (p. 88). Além de possibilitar traçar o perfil dos sujeitos da pesquisa, segundo Barros (2000), o questionário fechado é aquele que apresenta categoria de alternativas e respostas fixas. Apresentando também adquirir informações relacionadas a idade, gênero, estado civil, formação, renda mensal, dentre outros. 3.4.2 Questionário Aberto
  • 39. 39 O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador. Segundo Goldemberg (2000): [...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma. (p.p. 87-88). Para a obtenção de dados concisos, o questionário pode contribuir como um instrumento que obtém respostas rápidas e precisas, atingindo um maior número de pessoas simultaneamente, o que proporcionou mais uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento. Para Cervo e Bervian (1993): O questionário refere-se a um meio de obter respostas as questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. [...] possui a vantagem dos respondentes sentirem-se mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais. (p. 159). 3.5 Tratamento dos dados Através da permissão da diretora e aceitação dos professores em participar dessa pesquisa, iniciamos o processo de coleta de dados com uma conversa explicando o motivo da pesquisa e distribuindo os questionários. Esse momento segundo Goldemberg (2000) é “o ponto que exige muita sensibilidade para que se aproveite o máximo possível dos dados coletados e da teoria estudada”. (p. 19). Com essa compreensão, procedeu-se com a categorização das respostas, buscando a interpretação e análise, recorrendo sempre ao quadro teórico, para melhor entendimento das concordâncias, dissonâncias e ausências. Portanto, a análise dos dados ocorreu através do cruzamento de todos os dados obtidos por meio dos instrumentos.
  • 40. 40 CAPÍTULO IV 4. ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS Esse capítulo procura analisar e interpretar os dados obtidos, através do questionário fechado e questionário aberto. Primeiramente analisaremos o questionário fechado, buscando traçar o perfil desses profissionais, com a compreensão que esse instrumento subsidiará as análises posteriores. 4.1 Perfil dos Sujeitos 4.1.1 Formação 18% 18% Ensino Médio Magistério 18% Pedagogia Pós Graduação 46% Figura 01: Formação Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa O gráfico acima faz uma demonstração da formação do professor da Educação Infantil. Como podemos observar 18% tem o ensino médio, 46% tem magistério, 18% tem graduação em Pedagogia e 18% são pós graduados. Pode-se concluir que a partir daí, a falta de formação específica, o funcionamento desse nível de ensino, pois esses profissionais para atuarem nessa área deveria ter uma boa formação, ou uma formação específica. Ao analisar esse gráfico fica perceptível que ainda há uma visão assistencialista, segundo a qual esse profissional precisa somente saber cuidar das crianças, sem necessariamente precisar de uma formação. Como
  • 41. 41 enfatiza Santos (1999) “o atendimento de crianças pequenas se dá na família ou em instituições infantis, as quais têm se caracterizado pela diversidade e multiplicidade na formação dos profissionais que nelas trabalham, além do baixo nível de escolarização”. (p. 10). Na verdade, esse nível de ensino deveria ter profissionais qualificados, pois essa é a primeira etapa da educação básica e também está formando cidadãos. Como afirma Angotti (2001): O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de um constante busco de conhecimentos como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Isso poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu trabalho docente. Esta busca poderá instrumentalizar para assumir seus critérios, seus ideais, suas verdades, contribuindo para referendar um corpo teórico que dê sustentação para a realização do seu fazer. (p. 64). De acordo com a citação percebemos a importância de uma boa formação para a atuação do profissional desse nível de ensino. 4.1.2 Gênero Masculino Feminino Figura 02: Formação Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa Com base no gráfico acima, 100% dos profissionais de Educação Infantil nesta instituição, são do sexo feminino, deixando visível a relação que eles fazem desse profissional com o papel da mãe, referenciando a maternidade e os cuidados que
  • 42. 42 esse profissional deve ter com as crianças, substituindo a ausência da mãe. Na verdade, o professor não substitui a mãe, ele tem um papel muito importante nesse nível de ensino que além de cuidar, é educar, pois nessa fase de ensino a criança está formando sua personalidade, como salienta Machado (1991): “A professora não substitui a mãe e vice-versa. Por outro lado é preciso ter consciência de que na escola se está lidando com uma parcela da vida da criança”. (p. 50). Nessa mesma linha de pensamento, não podemos deixar de reconhecer nesse nível de ensino o número de professoras supera o de professores, por relacionar a educação ao cuidar, visando os princípios maternos. De acordo com Kishimoto (2002): Ao longo da constituição da Educação Infantil, o profissional enfrentou as contradições entre o feminino e o profissional. Principio como a maternagem, que acompanhou a história da Educação Infantil desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação da criança pequena e a socialização, apenas no âmbito doméstico, impediram a profissionalização diária. (p. 7). Diante da explicitação não podemos deixar de ressaltar que a existência da grande quantidade de professoras está relacionada a figura da mãe, mas que, o profissional dessa área não deve ser confundido com esse papel, pois a sua função vai além do cuidar. 4.1.3 Tempo de Atuação Ao observarmos as figura 03, percebemos que 73% dos professores trabalham a mais de cinco anos na Educação Infantil, mostrando que possui um tempo significativo de atuação nesse nível de ensino, trazendo consigo uma carga de experiência e compreensão do seu papel como educador dentro desse processo de ensino e aprendizagem. Ao observarmos o gráfico, percebemos que 73% dos professores trabalham a mais de cinco anos na Educação Infantil, mostrando que possui um tempo significativo de atuação nesse nível de ensino, trazendo consigo uma carga de experiência e
  • 43. 43 compreensão do seu papel como educador dentro desse processo de ensino e aprendizagem. 02 a 03 anos 04 a 05 anos Mais de 05 anos Figura 03: Formação Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa Ao analisarmos o tempo de atuação, conseguimos enxergar a questão da prática que esse profissional tem, e que precisa sempre estar se renovando de acordo com atualizações ocorridas no decorrer desse processo de ensino. Pois com o passar do tempo os métodos vão se modificando e o professor precisa estar sempre apto a essas modificações. Como afirma Almeida (2000): É fundamental que os professores redescubram seu papel de pesquisadores, buscando conhecimentos novos por meio de leituras, cursos, entrevistas, palestras, ações que lhes darão embasamento e coragem para enfrentar o novo e um caminhar seguro. (p. 72). Ao refletirmos sobre essa colocação percebemos que não é só prática, atenção, mas que o professor precisa estar sempre se atualizando e pesquisando para atuar de forma crítica, principalmente nesse nível de ensino que é a Educação Infantil. 4.1.4 Quantidade de aluno Ao analisarmos a figura 04 percebemos indicam que as salas possuem até 20 alunos totalizando 100%. Fica evidente que isso ocorre porque o espaço físico é pequeno, sendo que um número elevado de alunos na sala não contribui para um bom desenvolvimento, dificultando o processo de ensino-aprendizagem.
  • 44. 44 Mais de 20 Alunos Até 20 Alunos Figura 04: Quantidade de alunos Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa 4.1.5 Renda Mensal 82% 18% Um salário Mais de dois salários Figura 05: Renda mensal Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa Percebemos que a renda mensal é um grande motivador da prática do professor e ao analisarmos o gráfico percebemos que 18% ganham mais de dois salários por trabalharem desdobrando, ou seja, trabalham em dois turnos, o que mostra que o salário do professor é pouco e ele precisa trabalhar dobrado para ganhar mais, e assim garantir a sua sobrevivência, o que implica na sua prática, pois o professor que atua em dois ou mais turnos não atua de forma bem planejada e articulada, pois não sobra tempo para um bom planejamento.
  • 45. 45 Percebemos que deveria haver políticas públicas que determinassem salário digno para o professor, para que trabalhasse um único turno e pudesse planejar, pesquisar para atuar como um profissional consciente e atuante, fazendo com que a educação melhorasse, para transformar essa sociedade injusta, numa sociedade mais digna. O professor precisa ganhar mais, mas também precisa atuar mais. Como cita Freire (1996): O mundo não é. O mundo está sendo, como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só de quem constata o que ocorre mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrência. Não sou apenas objeto da história nas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar mas para mudar. (p. 77). De acordo com o autor o professor pode e deve mudar, sendo que ele precisa se enxergar como sujeito da história, e através da sua prática fazer a mudança. 4.2 Analisando o questionário aberto Ao descrevermos sobre esse instrumento de coleta de dados, percebemos a grande insegurança dos professores, pois estava planejado que seria realizada uma entrevista semi-estruturada, mas a maioria não aceitou, deixando claro a questão da insegurança, medo... Diante dessa situação, optamos pelo questionário aberto, pois através desse instrumento os sujeitos sentiram-se mais tranqüilos e participantes, podendo assim realizarmos a coleta dos dados. 4.2.1 Educação Infantil considerada como alicerce Para os dez professores que responderam o questionário aberto, a Educação Infantil é considerada como base/alicerce de toda a escolaridade. Eis alguns depoimentos, quando questionamos sobre o que é Educação Infantil:
  • 46. 46 1 P1 : É a base de toda vida educacional. É o ponto de partida para um bom desenvolvimento em outras séries. P2: É a base, é o alicerce da educação escolar na vida de um indivíduo. P3: É a fase muito importante, na qual se estrutura a educação na vida de qualquer ser humano. P4: É a base. Toda criança que faz uma bem feita, será um bom aluno no futuro. Nesses depoimentos percebemos que estes educadores, reconhecem que a Educação Infantil é como uma fase de grande importância para desenvolvimentos posteriores, ou seja, é considerada como uma preparação pedagógica para o ensino fundamental. Mas cabe ressaltar que essa fase de ensino não se resume em uma simples preparação para o ensino fundamental, pois a criança nesse nível de ensino deve ser educada de forma integral segundo a LDB (9394/95): “o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 6 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social”. Através desses depoimentos percebemos entrelaçados em suas falas a preocupação com os conhecimentos escolares, como se a Educação Infantil se resumisse a meros conhecimentos teóricos voltados a alfabetização, como salientam: P6: A Educação Infantil é de suma importância à criança, pois através dela a criança envolve-se com o processo educacional. P7: A Educação Infantil é importante para uma boa formação. P1: A Educação Infantil é importante porque os alunos que não passaram pela Educação Infantil, chegam tardiamente na escola, dificilmente tem o mesmo rendimento daqueles que passaram pela Educação Infantil. Perante estas declarações percebemos a preocupação no letramento deixando de lado o verdadeiro sentido de Educação Infantil que é a formação integral. Para o P8: “A Educação Infantil é o alicerce no desenvolvimento do processo educativo da criança e a partir dessa educação que a criança vai construindo seus conhecimentos”. 1 Código utilizado para preservação da identidade dos sujeitos da pesquisa, utilizaremos a letra P, seguida dos numerais arábicos, para identificar e diferenciar cada participante.
  • 47. 47 Nesse depoimento percebemos que o professor reconhece que a criança é um ser capaz e que através da inter-relação na Educação Infantil a criança é capaz de desenvolver-se produzindo o seu próprio conhecimento. Para Angotti (2006) a função da Educação Infantil é: Olhar a Educação Infantil, enxergá-la em sua complexidade e sua singularidade significa buscar entendê-la em sua característica de formação de crianças entre 0 e 6 anos de idade, construindo espaços e tempos, procedimentos e instrumentos, atividades e jogos, experiências e vivências... em que o cuidar possa oferecer condições para que o educar possa acontecer e o educar possa prover condições de cuidado, respeitando a criança em suas inúmeras linguagens e no seu vinculo estreito com a ludicidade. (p. 25). Diante das colocações dos professores e em comparação com a autora, percebemos que os professores precisam saber que a Educação Infantil, vai mais além do cuidar e educar, pois nessa etapa da vida a criança está se formando, ou seja formando a sua personalidade, é nesse sentido que o educador deve se preocupar com a sua atuação, procurando oferecer espaços e atividades que contemplem o lúdico de cada um, fazendo com que se forme cidadãos autônomos e críticos. Passamos então a ressaltar sobre o papel do professor da Educação Infantil. 4.2.2 Como deve ser um professor da Educação Infantil? Ao ressaltarmos sobre o professor da Educação Infantil, alguns professores salientaram que o perfil desse profissional deveria ser: P1: Atento, dedicado a todas as necessidades da criança. P2: Um profissional bem dinâmico com muito jogo de cintura, criativo. P7: Deve ser paciente, dedicado e gostar de lidar com as crianças. P10: Muita calma, paciência e dedicação. Notamos que no depoimento desses profissionais eles não ressaltam a importância de uma formação específica, mas sim a questão de uma habilidade sem respaldo teórico, como se lidar com criança não exigisse uma especialização, uma formação.
  • 48. 48 Ao ressaltarem sobre a formação é perceptível nas suas falas que eles procuraram responder sobre esse questionário baseados em aportes teóricos, ou seja eles ficaram tão preocupados com as respostas, atuação e formação, que um professor respondeu essa questão baseado no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil – RCNEI. P5: “O professor da Educação Infantil deve ter uma competência polivalente, ser polivalente significa que o professor cobre trabalhos com conteúdos de natureza diversas e conhecimentos específicos”. Percebemos que esse profissional tem uma concepção que sua função é de ter conhecimentos específicos e ao mesmo tempo mútuo, pois o educador precisa estar apto para atuar com a diversidade cultural na qual a criança está inserida.Sobre esse aspecto Kishimoto (2002) diz que: “é necessário respeitar a especificidade infantil, valorizando seus saberes, criando espaços de autonomia, de expressão de linguagem e de iniciativa para a exploração e a compreensão do mundo”. (p. 8). Percebemos em algumas falas, a presença dos ranços assistencialistas, como também o reconhecimento de uma boa formação pedagógica-teórica, mas em momento algum eles ressaltaram sobre uma formação lúdica. E educar ludicamente exige-se uma formação. Segundo Santos e Cruz (1997): A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (p. 13, 14). Ao citarmos sobre essa formação, queremos interligar a atuação desse profissional, que deve ter consciência do seu papel como formador e transformador. Ao agir ludicamente ele pode estar formando cidadãos mais ativos, críticos e participativos. 4.2.3 A ludicidade na Educação Infantil
  • 49. 49 Ao enfatizarmos sobre ludicidade,percebemos que muitas concepções aparecem na fala desses profissionais, e que, algumas são condizentes com o verdadeiro sentido lúdico. Ao questionarmos sobre a concepção de ludicidade eles responderam: P3: É ensinar e aprender através de atividades que proporcionam prazer. P4: É o jeito divertido de aprender e ensinar. P7: São atividades que chamam a atenção do aluno. Ao analisarmos as respostas percebemos que eles resumem a ludicidade ao sentimento de prazer e que não deve ser vista apenas como diversão, pois quando agimos ludicamente, sentimos prazer, mas nos desenvolvemos também. Como salienta Santos e Cruz (1997): A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento. (p. 12). Por isso cabe ressaltar que a criança vive ludicamente, ela vive esse momento por inteiro, prazerosamente, dentro do seu contexto. Já outros professores ressaltaram que a ludicidade: P5: Ludicidade na Educação Infantil é o principal indicador das brincadeiras entre as crianças e o papel que assumem quando brincam. As brincadeiras favorecem a auto-estima das crianças, transformando os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam. P8: São os tipos de brincadeiras que são usadas na aprendizagem didática. P9: São as brincadeiras desenvolvidas na escola para tornar as atividades mais prazerosas e que possa auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem das crianças. P10: São as recreações que fazem com que as crianças se desenvolvam. Diante do exposto podemos perceber que eles ligam a ludicidade as brincadeiras e através delas as crianças se desenvolvem e aprendem. Nesse sentido, esses