Este documento discute três tópicos principais sobre o uso de tecnologias de aprendizagem colaborativa: 1) O uso de projetos baseados em TIC para estimular a aprendizagem ativa dos alunos; 2) O uso de wikis para projetos, permitindo a colaboração; 3) A importância de ensinar o uso seguro da internet na escola.
1. Universidade Católica Portuguesa
Faculdade de Ciências Humanas
Tecnologias de
Aprendizagem Colaborativa
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
baseadas na Internet na educação - Prova Presencial
16-07-2011
Mestrando em Ciências da Educação – Informática Educacional
Jorge Teixeira
2. Índice
Enquadramento ......................................................................................................................... 3
Grupo I: As TIC na aprendizagem baseadas em projectos ........................................................ 4
Grupo II: Utilização de uma Wiki como trabalho de projecto ................................................... 6
Grupo III: O Uso seguro da Internet na escola........................................................................... 8
Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 9
3. Mestrado em Ciências da Educação
Especialização em Informática Educacional
Unidade Curricular: Tecnologias de Aprendizagem Colaborativa
Prova Presencial
Enquadramento
Uma estratégia de ensino e aprendizagem mediado pelas novas tecnologias deve prever
sempre várias questões que lhes são transversais: acessibilidades - quer no acesso e utilização das
ferramentas, quer no incorporar ou ser incorporado noutras, mutações nos perfis do
professor/formador e aluno/formando e, claro, no afinar de um conceito de escola enquanto agente
primordial na construção de cidadãos de uma sociedade do conhecimento e onde a (preparação
para a) empregabilidade assume particular importância.
A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação no ensino, cada vez mais assentes
em serviços e tecnologias web based, devem ser encaradas como facilitadoras de uma escola una e
centrada em objectivos sociais, culturais e do conhecimento que lhe exigem o cumprimento de
planos de actividades e de projectos educativos em estreita ligação interna (entre os vários
departamentos e unidades orgânicas que a compõem) e externa (na relação escola/comunidade).
Este envolvimento activo, quer da escola enquanto instituição, quer dos seus agentes, está
intrinsecamente ligado às “novas” formas sociais de comunicação bem como (hoje mais do que
nunca) a processos que reflictam a aprendizagem de uma pessoa ao longo da vida – uma
aprendizagem mais desmaterializada, a uma larga distância, sendo que o registo do percurso dessa
pessoa assume uma particular importância. Trata-se de uma ideia em tudo coincidente com a
definição de Web 2.0 e de software social:
As pessoas costumavam recorrer à Internet essencialmente para aceder a informação ou a produtos
multimédia, um pouco como se fossem ao cinema, visitar uma biblioteca ou até ver televisão. Um
conceito-chave da Web 2.0 é a ideia de que os seus utilizadores participam activamente, produzindo
conteúdos, em vez de se limitarem a ser consumidores passivos. Ao mesmo tempo, os criadores de
software têm conseguido criar ferramentas que ajudam as pessoas a fazer isto – sobretudo ferramentas
que permitem desenvolver a criatividade, trabalhar colaborativamente e partilhar informação
Hughes (2007)
Esta produção activa de conteúdos encontra reflexo nos softwares sociais, criados para
funcionamento em ambientes online e que permitem aos utilizadores interagir e partilhar
informação com outros utilizadores.
Caso a direcção desta análise caminhasse neste sentido, poderíamos ainda encontrar ecos em
termos como software colaborativo e comunidades online, trabalhos cooperativos versus trabalhos
colaborativos, identidade e diversidade na web, entre outros. Contudo, alguns destes tópicos
reflectir-se-ão, ainda que uma forma ligeira, nos tópicos pretendidos.
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4. Mestrado em Ciências da Educação
Especialização em Informática Educacional
Unidade Curricular: Tecnologias de Aprendizagem Colaborativa
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Grupo I: As TIC na aprendizagem baseadas em projectos
Não sendo uma temática nova, a aprendizagem baseada em projectos ganha novo relevo com
as funcionalidades e potencialidades que lhe são introduzidas pelo recurso às TIC. Propostas como
as da EduTechie – Digital Learners, no artigo “4 Things Good Teachers do to Get Students REALLY
Involved in Projects”1 sucedem-se e proliferam nos mais variados espaços relacionados com a
temática, enaltecendo as virtudes que a escolha de espaços de partilha e realização de conteúdos
partilhados podem trazer para uma esfera educativa. As propostas encorajam ainda que se utilizem
as ferramentas mais amigáveis e conhecidas pelos alunos/formandos, na persecução de objectivos
patentes em realização de projectos (assinale-se a diferenciação entre projectos e conjunto de
trabalhos) e onde estes possam assumir um papel activo (interventivo e decisor) sobre o desenrolar
dos mesmos.
Vários investigadores apontam para a integração destas ferramentas em plataformas de e-
learning como um dos aspectos mais proveitosos na sua utilização. Esta integração, aliada ao uso das
redes sociais (ou outras plataformas digitais) permitem estabelecer uma correspondência quase
exacta às características dos alunos/formandos actuais - multitarefa e nativos digitais (Prensky,
2004), estimulando-os a descobrir os conteúdos.
“So we now have a generation of students that is better at taking in information and making decisions
quickly, better at multitasking and parallel processing; a generation that thinks graphically rather than
textually, assumes connectivity, and is accustomed to seeing the world through a lens of games and
play. (…) I call this generation the “Digital Natives” (…)”.
Prenski (2004).
Trata-se de um conjunto de funcionalidades que já permitem, por exemplo, ao aluno/formando
criar uma segunda identidade em “mundos virtuais”2. A combinação de todas estas tecnologias
entre si e com as dimensões social e colaborativa da Web 2.0 pode ser a base de novos ambientes
de aprendizagem adaptados às realidades e experiências dos nativos digitais que, Por outro lado, a
combinação destas tecnologias com a Web 2.0 integra um conceito que muitos designam por Web
3.0, assinalando-se já a existência de várias propostas para o uso destas tecnologias em várias áreas
da educação, como as da K-12 Mobile Learning3.
Existe ainda um outro conceito emergente consubstanciado pela integração de várias
ferramentas web e de produtividade em plataformas de e-learning: o de Personal Learning
Environment. Segundo Oliveira & Moreira (sd) “Os estudantes poderão, deste modo, criar os seus
próprios PLE ao mesmo tempo que constroem os seus portefólios electrónicos (e-portfolios).” Esta
1
http://edutechie.com/2007/04/27/4-things-good-teachers-do-to-get-students-really-involved-in-projects/
2
Também designados por MUVEs (Multi-User Virtual Environments) normalmente aplicados a um tipo de comunidades online sob a forma
de simulações de computador, onde os utilizadores são representados graficamente por avatares que podem interagir uns com os outros, criar
e usar objectos.
3
http://www.k12mobilelearning.com/?p=107
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5. Mestrado em Ciências da Educação
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última ferramenta, o e-portefólio, pode ser uma importante mais-valia no fomento de valores de
cidadania e empregabilidade.
Quer se trate de actividades dirigidas, ou de projectos educativos, é importante que a
integração destas ferramentas com finalidades pedagógicas contemple (ou obrigue?) à reflexão, ao
debate de ideias e ao storytelling, que contemple acessibilidades e que dinamize percursos através
dos chamados e-conteúdos. Deve igualmente assegurar-se que cada estudante dispõe de um guia
explicitando os objectivos e conteúdos, dispondo de grupos de discussão (peer-to-peer teaching).
Por último assinala-se como enriquecedor destes ambientes de aprendizagem a existência de um
espaço de registo pessoal (“Diário de bordo) e de self quizes para auto-avaliação. A este conjunto,
quando presente em projectos educativos e que permitem ao estudante a escolha da sua trajectória,
do seu percurso, com as suas ferramentas e com as suas ideias, torna-se evidente que a motivação e
o empenho aumentam substancialmente daí advindo enormes vantagens para a sua aprendizagem.
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6. Mestrado em Ciências da Educação
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Grupo II: Utilização de uma Wiki como trabalho de projecto
Considerando a forma como a disciplina de TIC 9º ano está neste momento a ser leccionada:
demasiado "agarrada" aos conteúdos e pouco vocacionada para as competências, não devendo ser
leccionada com fichas atrás de fichas, conteúdo atrás de conteúdo, como se de uma lista de compras
se tratasse.
A meu ver a disciplina de TIC deveria ser leccionada como a Área de Projecto (agora extinta,
talvez por não ter sido bem implementada pelos professores (?), orientando-se a utilização das
ferramentas para uma aplicabilidade efectiva.
Esta metodologia baseada em projectos e assente em competências e não em conteúdos, que
referi como preferencial para a leccionação da disciplina de TIC, pode encontrar sustentação nos
resultados que alcancei com a actividade que agora apresento.
Tratou-se de uma actividade, aplicada em 4 aulas de 90 minutos, para as turmas de 9º ano,
cujos alunos apresentavam uma média de idades de 13/14 anos, já muito auto-suficientes no uso
das tecnologias, mas que nunca sentiram a necessidade de reflectir sobre o funcionamento, serviços
e riscos da Internet, unidade inserida nos conteúdos curriculares da disciplina de TIC. Os objectivos
que se pretendiam alcançar seriam os de: aferir sobre a finalidade da Internet, identificar os
componentes e conceitos inerentes ao seu funcionamento, abordar e explicar a evolução e
tendências actuais da Internet, utilizar correctamente a Internet em termos éticos e reconhecer os
seus principais serviços. Tudo isto recorrendo apenas ao PBWorks4, onde os alunos teriam de estar
registados, e a um vídeo do YouTube (“Cultura Digital”5).
A actividade consistia em abordar terminologia e os serviços da internet, partindo de uma
“brincadeira” – o vídeo. Após a sua visualização, cada aluno (ou grupo de dois alunos, devido ao
elevado número de alunos por turma face aos computadores disponíveis) teriam de seleccionar
conceitos presentes na letra musical do vídeo, transposta para a Wiki e, depois de pesquisar e
seleccionar a informação, realizava um pequeno texto que a definisse, ligando-o à página principal
da Wiki. Após este primeiro momento, e trata-se de uma Wiki, aberta a todas as turmas, os alunos
foram encorajados a proceder à correcção e ao complemento dos termos definidos pelos colegas
(num segundo momento, inter-turmas). A partir do vídeo, e após o alcance de um nível satisfatório e
com qualidade de participações, partiu-se para uma análise e construção de conhecimento sobre a
importância da Internet e das tecnologias na sociedade.
O mesmo processo foi utilizado com turmas de Educação e Formação de Adultos (EFA), sendo
que o exemplo abaixo é a Wiki da minha turma EFA do ano passado:
http://formacaotrabalhocolaborativo.pbworks.com/.
A avaliação da actividade assentou no registo de observações e no aplicar de vários
instrumentos de avaliação, a saber: capacidade de pesquisa; sintetização da informação; rigor e
correcção técnica; contributo individual para o trabalho de grupo; desempenho do grupo e
4
http://pbworks.com/
5
http://www.youtube.com/watch?v=rk-vxLUBR20&feature=player_embedded
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7. Mestrado em Ciências da Educação
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responsabilidade. Cada aluno preencheu também uma ficha de auto-avaliação (de si e do grupo) e
realizou posteriormente um mini-teste na plataforma Moodle alusivo aos conceitos abordados e
debatidos.
Foi engraçado verificar que após um momento inicial de timidez (ninguém quer ser o primeiro a
colocar um conceito ou a corrigir um colega), autonomamente os alunos começam a envolver-se e a
participar mais activamente.
Por último, fica a referência aos conceitos que foram trabalhados com uma simples Wiki:
criação e utilização de uma caixa de correio electrónico (essencial para o registo); noções de HTML
para a criação das hiperligações e das páginas, manipulação e incorporação de objectos em HTML
(oriundos de várias fontes), edição e formatação de textos; selecção de texto oriundo da Internet
(muito importante), entre outros conceitos que estão no programa, e sem fichas!
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8. Mestrado em Ciências da Educação
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Grupo III: O Uso seguro da Internet na escola
Tendo em conta a nossa sociedade actual e o modo como as TIC a influência e a marca com “o
aumento contínuo da utilização da Internet e a sofisticação das tecnologias de suporte veio trazer
um conjunto de funcionalidades que alavancaram a evolução das sociedades de forma irreversível. A
comunicação entre pessoas, a comunicação para as pessoas, a produção de conteúdos e a
divulgação de todo o tipo de informação (da cultura à economia), perspectivam uma utilização
positiva e útil destes novos meios” Lagarto (sd), de estranhar seria que a escola se desmarcasse da
sua utilização e afastasse os seus educandos da sociedade que os acolhe.
Contudo a escola não deve única e exclusivamente incentivar ao seu puro uso (“usar por usar”).
Deve apelar ao seu uso numa perspectiva enriquecedora, apelativa e consciente. Estas perspectivas
devem estar presentes numa cultura de escola pois só assim serão transmitidas aos seus actuais e
futuros estudantes.
Há que intervir nas dimensões regulamentar, educacional e tecnológica.
Na dimensão regulamentar interessa estabelecer um conjunto de regras que se exigem que os
utilizadores cumpram na utilização da Internet. Não quer isto dizer que a firewaal não deva filtrar
todo o tipo de conteúdos ligados ao entretenimento, quer apenas dizer que se pode limitar aqueles
que se julgam nocivos para determinada faixa etária. A existência de uma consciencialização e know
how do professor pode dispensar esta vertente, sendo esta capaz de gerir a sua sala de aula de
forma eficaz. Pode em alternativa utilizar um software para monitorização de PCs clientes como o
iTALC6.
Na dimensão educacional pretende-se promover, de forma pedagógica, a indução de
comportamentos seguros dos utilizadores, fazendo-os entender que são as atitudes correctas e
seguras que podem defender uma boa utilização dos serviços existentes na Internet.
Na dimensão tecnológica, para além dos referidos na dimensão regulamentar, poderão ser
utilizadas as disponibilidades de controlo parental através de hardware e software vário que existe
para esse fim e/ou para limitar a utilização de determinados sítios e fazer o rastreio dos sítios por
onde determinado utilizador navegou.
Uma acção de formação, preferencialmente conjunta (com todos os agentes educativos),
poderá passar simplesmente por uma abordagem ao funcionamento da Internet, aos seus serviços,
os perigos que advém da sua utilização e às políticas de segurança que podem ser adoptadas para a
sua prevenção. Não muito duradoura, mas se participada e com a existência de testemunhos e
exemplos reais, pode resultar numa importante mais-valia.
6
http://italc.sourceforge.net/
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9. Mestrado em Ciências da Educação
Especialização em Informática Educacional
Unidade Curricular: Tecnologias de Aprendizagem Colaborativa
Prova Presencial
Referências Bibliográficas
Hughes, Jenny [Red] et al. (2009). TACCLE Teachers’ Aids on Creating Content for Learning Environments. Consultado em
http://www.crie.min-edu.pt/files/@crie/1283778458_TACCLEportugees.pdf em 16 de Julho de 2011.
ITALC. Página oficial. Consultado em http://italc.sourceforge.net/ em 16 de Julho de 2011.
Kissko, Johnny. K12 Mobile Learning. Top 5 Ways to Use Augmented Reality in Education: Part 1 of 5 – Second Life.
Consultado em http://www.k12mobilelearning.com/?p=107 em 16 de Julho de 2011.
Andrade, A. & Lagarto, J. (sd). Gestão das Tecnologias na Escola. Faculdade de Educação e Psicologia. Universidade Católica
Portuguesa
Oliveira, L. & Moreira, F. Integração de Aplicações Web 2.0 e Sistemas de Gestão de Conteúdos em Ambientes Pessoais de
Aprendizagem. Consultado em
http://ipp.academia.edu/LinoOliveira/Papers/353167/Integracao_De_Aplicacoes_Web_2.0_E_Sistemas_De_Gestao_D
e_Conteudos_Em_Ambientes_Pessoais_De_Aprendizagem em 16 de Julho de 2011.
PBWorks. Site oficial. Consultado em http://pbworks.com/ em 16 de Julho de 2011.
Prensky, Mark (2004). Use Their Tools! Speak Their Language!. Consultado em
http://www.marcprensky.com/writing/Prensky-Use_Their_Tools_Speak_Their_Language.pdf em 16 de Julho de 2011.
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