Este documento apresenta a equipe responsável pela produção do material didático "Fundamentos de Geologia". Em três frases:
O documento descreve a equipe editorial responsável pelo livro "Fundamentos de Geologia", incluindo a autora, ilustradores, revisores e coordenadores. A produção envolveu vários profissionais sob a supervisão da gerente de ensino Ana Paula Amorim e da coordenação de Carlos Magno. O material didático foi produzido pela FTC EAD e todos os direitos são reservados pela editora.
6. Apresentação da Disciplina
Caro aluno,
Geologia é a ciência que estuda a Terra: sua origem, seus materiais e suas
transformações. Analisa os processos que operam na superfície e no inte-
rior do planeta e examina os materiais terrestres, sua composição e aplica-
bilidade. A geologia interage com diversas outras ciências como a física, a
química, a biologia, bem como as ciências econômicas e sociais, e busca a
exploração dos recursos naturais de maneira economicamente viável e am-
bientalmente sustentável.
Esta disciplina é fundamental para o estudo da Biologia, já que a biosfera
e a litosfera, juntamente com a atmosfera e a hidrosfera, formam sistemas
integrados que se influenciam mutuamente. O estudo da formação e evolu-
ção da Terra e dos ambientes terrestres é a base para os estudos dos ecossis-
temas e da evolução das espécies.
Neste material, vamos tentar apresentar a geologia em seus diversos
aspectos, para que possamos entender melhor o nosso ambiente natural,
aprendendo a valorizar as relações entre o ser humano e a natureza.
Profª Drª Iracema Reimão Silva
7.
8. A DINÂMICA INTERNA E OS
MATERIAIS TERRESTRES
PROCESSOS INTERNOS E TEMPO
GEOLÓGICO
ESTRUTURA INTERNA DA TERRA
O planeta Terra é um corpo dinâmico composto por diversos sistemas que estão sempre intera-
gindo entre si.
A hidrosfera, a atmosfera, a biosfera e a terra sólida compõem este corpo dinâmico e as alterações
sofridas em um destes sistemas produz alterações nos demais.
Podemos imaginar este integração analisando, por exemplo, uma erupção vulcânica:
A partir da erupção vulcânica são lançados blocos de ro-
cha e lava na superfície da Terra. Este material pode obstruir va-
les e criar lagos, modificando o sistema de drenagem da região;
Grandes quantidades de gases e cinzas vulcânicas são lan-
çadas na atmosfera, influenciando na quantidade de energia solar
que chega à superfície da Terra. Isto pode causar uma diminuição
na temperatura do ar devido a pouca quantidade de raios solares
que conseguem atravessar a atmosfera nestas condições;
Esta mudança climática certamente afetará a biosfera,
além disso, muitos organismos e seus habitats podem ser elimi-
nados pela lava ou por cinza vulcânica.
Em 1864, o escritor Jules Verne imaginou, em “Jornada para o Centro da Terra”, um mundo sub-
terrâneo cheio de serpentes marinhas gigantes e outras grotescas criaturas. Contudo, o que os cientistas
conhecem hoje sobre o interior do planeta está muito longe da fantástica estória de Verne: atualmente
sabe-se que o interior da Terra é formado por rochas e metais, sujeitos a altíssimas temperaturas e pres-
sões, progressivamente mais densos à medida que se chega aos níveis mais profundos.
Apenas em circunstâncias muito raras (que serão discutidas no próximo item) as rochas de regiões
profundas da Terra chegam à superfície ou próximo
dela. Devido a essa dificuldade, os geólogos tiveram
que utilizar mecanismos ou ferramentas que lhes
possibilitasse inferir a composição interna da terra. Saiba mais!
A grande ferramenta utilizada para conhecer a com- O ramo da geologia que trata dos
posição das camadas internas da Terra é o estudo princípios físicos que ajudam a desvendar o
das ondas sísmicas. Além das ondas sísmicas, as va- interior da Terra é a geofísica.
riações no fluxo de calor, a gravidade e o magnetis-
mo também são utilizados com esta finalidade.
Fundamentos de Geologia 7
9. A maior parte dos conhecimentos que se tem atualmente sobre a estrutura interna da Terra foi ob-
tida através da análise das variações na velocidade de propagação das ondas sísmicas. Estas ondas tendem
a se propagar com a mesma velocidade quando atravessam regiões mais ou menos homogêneas; tornam-
se, por outro lado, mais lentas ou mais rápidas quando atravessam materiais de composição diferente.
Desta forma, através da comparação de dados coletados em estações sismográficas em várias partes do
mundo, os cientistas puderam estimar a densidade, a composição, a estrutura e o estado físico das diversas
camadas do interior da Terra.
Fonte:<http://astro.if.ufrgs.br/planetas/est-
terra.jpeg
Crosta: a crosta é a camada rochosa mais externa do planeta e pode ser analisada a partir de
amostras coletadas nos continentes ou no fundo dos oceanos. A parte da crosta que compõe os
continentes é chamada de crosta continental, enquanto que a parte da crosta que forma o substrato
oceânico é chamada de crosta oceânica.
Crosta continental: apresenta composição tipicamente granítica e tem densidade relativa-
mente baixa (aproximadamente 2,7g/cm3). Porém, na sua porção inferior ou basal, mais
próximo ao manto, a crosta continental apresenta composição basáltica (com densidade de
cerca de 3,0 g/ cm3), ao contrário do que ocorre mais próximo à superfície. Nos locais onde
se encontra mais estreita, tem geralmente espessura inferior a 20km, já nas regiões monta-
nhosas pode apresentar até 70km de espessura.
Saiba mais!
Rochas de composição granítica são chamadas de rochas félsicas; rochas de composição
basáltica são chamadas de rochas básicas.
Crosta oceânica: a crosta oceânica é mais difícil de ser estudada devido ao fato de estar
abaixo de uma lâmina d’água de cerca de 4km e de uma pilha de sedimentos marinhos que
chega a 200m de espessura. Apresenta composição basáltica e sua espessura média é de 6km,
muito inferior à espessura da crosta continental.
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10. Você sabia?
O limite entre a base da crosta (continental ou oceânica) e o topo do manto é marcado por
uma descontinuidade sísmica, ou seja, uma mudança abrupta na velocidade de propagação das
ondas sísmicas, chamada de Descontinuidade de Mohorovicic ou simplesmente Moho, em home-
nagem ao seu descobridor, o sismólogo Andrija Mohorovicic.
Manto: o manto é a camada imediatamente abaixo da crosta e ocupa mais de 80% do volume
do planeta, se estendendo até uma profundidade de 2900 km. Devido ao aumento da profun-
didade, ocorre um aumento da pressão e conseqüentemente da densidade do manto. Próximo
a Moho (contato crosta/manto) a densidade é de 3,3 g/cm3 e, próximo ao contato manto/nú-
cleo, fica em torno de 5,5 g/cm3.
As rochas que compõem o manto são constituídas por minerais ricos em ferro e magnésio (ro-
chas básicas), como as olivinas e os piroxênios (que serão estudados no Tema 2 deste Bloco).
O aumento da temperatura, decorrente do
aumento da profundidade, tende a fundir as ro-
chas, contudo, o aumento da pressão tende a fa- Você sabia?
zer com que as rochas fiquem no estado sólido. As ondas sísmicas são mais rápidas quan-
A cerca de 100km abaixo da superfície, o gran- do atravessam rochas sólidas e mostram baixa
de aumento da temperatura predomina sobre o au- velocidade de propagação quando atravessam
mento da pressão e as rochas apresentam um es- rochas em estado parcialmente fundido. Na
tado parcialmente pastoso. Esta região, de ,aproxi- ZBV as ondas passam de uma velocidade de
madamente, 250 km de extensão, é conhecida como 8,3 km/s quando atravessam a parte superior
Zona de Baixa Velocidade ( ZBV ) e representa do manto, para menos de 8,0 km/s nesta zona.
mias uma descontinuidade sísmica.
Núcleo: o limite entre o manto e o núcleo ocorre a 2900 km abaixo da superfície, aproximada-
mente a metade da distância entre a superfície e o entro da Terra. Neste limite ocorre mais uma
importante descontinuidade sísmica: a Descontinuidade de Gutenberg. As ondas passam de uma
velocidade de 13,6 km/s na base do manto, para 8,1 km/s no núcleo.
No núcleo, as temperaturas são superiores a 7600°C. Os dados sísmicos indicam duas camadas no
núcleo: uma camada externa líquida (rocha fundida) de aproximadamente 2270 km de espessura e uma
camada interna sólida com o diâmetro de 1216 km.
Fundamentos de Geologia 9
11. TECTÔNICA DE PLACAS
A Terra é um planeta muito dinâmico. Os cientistas têm mostrado que as massas continentais não são
fixas, elas migram ao redor do globo. E essa mobilidade gera terremotos, vulcões e cadeia de montanhas.
Saiba mais!
A teoria que descreve essa mobilidade é chamada de Tectônica de Placas.
Em 1915, o cientista alemão Alfred Wegener publicou o livro “A Origem dos Continentes e dos
Oceanos” apresentando a revolucionária teoria da deriva continental. Wegener sugere que, há cerca de
200 milhões de anos, existia um supercontinente que ele chamou de Pangea. Segundo a sua hipótese,
este supercontinente teria se fragmentado em pequenos continentes que teriam migrado ou “derivado”
até as suas posições atuais.
Fonte: <http://homepage.mac.com/uriar-
te/triasico.jpg>
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12. Diversas evidências contribuíram para esta hipótese:
A coincidência do contorno entre a América do Sul e a África: a grande similaridade entre as
linhas de costa em lados opostos do Atlântico Sul, como um quebra-cabeça, foi uma das primeiras
evidências que sempre intrigou os cientistas. Devido à constante modificação das linhas de costa
por eventos erosivos essa união não é perfeita, deixando ainda dúvidas aos cientistas. Entretanto,
em 1960 os cientistas produziram um mapa com o contorno da plataforma continental até uma
profundidade de 900m e observaram esta similaridade de forma ainda mais perfeita;
Evidências fósseis: os paleontólogos apontam diversos fósseis de organismos encontrados
em diferentes continentes e que não poderia ser cruzado os oceanos que separam essas massas
continentais. Um destes exemplos é o Mesosaurus, um réptil marinho cujos fósseis foram en-
contrados na América do Sul e na África, indicando uma antiga união destes dois continentes;
Atual distribuição de alguns organismos: em seu livro, Wegener também cita a distribui-
ção atual de alguns organismos que evidenciam também a idéia da deriva dos continentes. Por
exemplo, alguns organismos modernos têm ancestrais claramente similares, como os marsupiais
australianos que têm uma direta ligação fóssil com os marsupiais encontrados nas Américas;
Associação entre tipos e estruturas de rochas: além da perfeita coincidência entre o contorno
de alguns continentes, alguns “desenhos” encontrados nestes continentes também coincidem. Isso
ocorre em algumas cadeias de montanhas com idade, forma, estrutura e composição rochosa simi-
lar em continentes opostos. Um exemplo desta evidência são as cadeias de montanhas apalachianas,
na América do Norte, e as cadeias de montanhas caledonianas, na Escandinávia. Quando os conti-
nentes estavam unidos estas cadeias de montanhas formavam um único cinturão montanhoso;
Climas passados: dados paleoclimáticos também dão suporte para a teoria da deriva con-
tinental. Wegener indicou evidências de mudanças climáticas globais severas no passado. O
estudo de depósitos glaciais em diversos continentes indicou que, a cerca de 220 a 300 mi-
lhões de anos atrás, capas de gelo cobriam extensas áreas do hemisfério sul. Rochas de origem
glacial foram encontradas na América do Sul, na África, na Índia e na Austrália, indicando
que estes continentes, nesta época, encontravam-se unidos no pólo sul, junto à Antártica. Por
outro lado, para esta mesma época passada, existem evidências de ocorrência vegetação típica
de climas tropicais em regiões do hemisfério norte, indicando que no passado a América do
Norte e a Europa estavam mais próximas do Equador.
Você sabia?
Depósitos de origem glacial são encontrados em diversos locais do Brasil. Na Bahia, em
várias localidades da Chapada Diamantina, os geólogos encontram rochas criadas a partir do der-
retimento de antigas geleiras.
Apesar de todas as evidências apontadas por Wegener, ele não conseguiu explicar o mecanismo
responsável pelo movimento das massas continentais e, por isso, ficou por muito tempo desacreditado
no meio científico. Mais de 50 anos depois das postulações de Wegener, o avanço tecnológico permitiu
o conhecimento de dados sísmicos e do campo magnético da Terra e, com isso, surgiu a partir da teoria
da deriva continental de Wegener, a teoria da Tectônica de Placas.
Fundamentos de Geologia 11
13. De acordo com o modelo da tectônica de placas, a parte superior do manto junto com a crosta
formam uma camada rígida chamada de litosfera. Esta camada encontra-se sobre uma outra camada
menos rígida chamada de astenosfera. A litosfera é quebrada em diversos segmentos chamados de pla-
cas, que estão constantemente se movimentando e mudando de forma e de tamanho.
As sete maiores placas que compõem a nossa litosfera são:
Saiba mais!
As placas litosféricas se movimentam de forma lenta, mas contínua, com razões de poucos
centímetros por ano. E este movimento é responsável pela distribuição das massas continentais,
gerando terremotos, criando vulcões e grandes cordilheiras de montanhas.
As placas se movem como uma unidade coerente e as mais significativas interações ocorrem nos
seus limites e não no seu interior. Ou seja, a ocorrência de eventos como terremotos, vulcanismo, gera-
ção de montanhas, em geral ocorrem no limite das placas.
De acordo com o tipo de movimento, os limites de placas são classificados em três tipos:
LIMITE DIVERGENTE: as placas se afastam uma da outra devido ao movimento divergen-
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14. te. Esta separação ocorre em média com a velocidade de 5cm/ano. O “vazio” deixado por este
afastamento é preenchido pelo material que ascende do manto criando um novo substrato mari-
nho. Esta ascensão de magma vindo do manto gera cadeias de montanhas submersas chamadas
de Dorsais Oceânicas. A partir do eixo central destas dorsais, nova crosta oceânica é continuamente
formada. Essa crosta se torna mais densa à medida que se resfria e se afasta da fonte que a criou,
devido a este movimento contínuo de separação a partir do centro da dorsal.
Você sabia?
Este mecanismo vem ocorrendo nos últimos 165 milhões
de anos no atlântico sul, separando a América do Sul da África e
criando o nosso Oceano Atlântico. Aproximadamente no meio do
caminho entre estes dois continentes, no fundo do mar, ocorre,
na zona de separação das placas, uma cadeia de montanhas gera-
da pela atividade magmática (o magma vindo do manto extravasa
continuamente neste local) chamada de Dorsal Meso-Atlântica.
Limite convergente: as placas se movem uma em direção a outra. Neste caso, a placa mais
densa mergulha sobre a menos densa e afunda em direção ao manto sobre a crosta menos densa.
Este “consumo” ou “destruição” de crosta contrabalança a geração de novas crostas que ocorre
nos limites divergentes, mantendo a área superficial da Terra constante. Com o choque entre as
crostas ocorre o “encurtamento” das massas rochosas, gerando grandes cadeias de montanhas e
intensa atividade vulcânica devido á fusão da rocha que mergulha em direção ao manto.
Esta convergência pode se dá de três formas:
Convergência entre crosta continental e crosta oceânica: nesta situação, a placa oceâ-
nica, mais densa devido a sua composição basáltica (rica em ferro e magnésio), afunda sob
a crosta continental menos densa de composição granítica (rica em alumínio). Este local
onde a crosta afunda ou subducciona sobre a outra é chamada de Zona de Subducção. A me-
dida que a crosta oceânica afunda, as altas temperaturas do manto fazem que as rochas se
fundam gerando magma. Este magma é extravasado em vulcões no continente.
Saiba mais!
Este mecanismo ocorre no limite oeste da América do Sul, na região dos Andes. Neste local,
a placa oceânica mergulha sob a placa continental sul-americana gerando uma zona de subducção e
a formação de cadeias de montanhas.
Convergência entre duas crostas oceânicas: nesta situação, a placa oceânica mais antiga e,
portanto, mais resfriada e mais densa, mergulha sob a placa menos densa. A atividade vulcâni-
ca ocorre de forma similar ao caso de choque entre crosta oceânica e continental, contudo, os
vulcões gerados na placa oceânica menos densa formará ilhas vulcânicas ou arcos de ilhas.
Fundamentos de Geologia 13
15. Convergência entre duas crostas continentais: no caso de convergência entre duas crostas
continentais, devido à baixa densidade destas crostas, nenhuma das duas consegue entrar em
subducção ou mergulhar sob a outra. O resultado é a colisão entre dois blocos continentais
gerando encurtamento crustal e formando grandes cadeias de montanhas.
LIMITE CONSERVATIVO: neste limite, as placas passam uma ao lado da outra sem gerar
ou destruir litosfera. Estes limites são gerados por zonas fraturadas na crosta, em geral com
mais de 100km de comprimento, onde os segmentos de crosta se movimentam em sentidos
contrários, lado a lado, gerando as Falhas Transformantes. Nestas regiões é muito intensa a
incidência de abalos sísmicos e terremotos.
Saiba mais!
Um exemplo deste tipo
de limite é a Falha de Santo
André, na América do Norte.
Ao longo desta falha, a Placa
do Pacífico se move na di-
reção noroeste passando ao
lado da Placa Norte America-
na, gerando intensa atividade
tectônica na costa oeste dos
Estados Unidos e Canadá.
14 FTC EAD | BIO
16. Qual é a força responsável pelo movimento das placas?
O principal modelo criado para explicar a deriva continental e a tectônica de placas é a
existência de grandes correntes de convecção no manto.
Saiba mais!
Plumas de material mais aquecido tornam-se menos densas e ascendem, depois começam
a se resfriar, ficam mais densas e descem, criando as células de convecção dentro do manto. Este
mecanismo é, grosso modo, similar ao observado em uma panela de água fervente.
O movimento das células de convecção na astenosfera menos sólida faz com que a litosfera rígida
se movimente como se estivesse em uma esteira rolante.
Segundo este modelo, a ascensão do material geraria o afastamento da litosfera, enquanto que o
fluxo convectivo descendente geraria as zonas de subducção.
Texto complementar
A terra: um planeta heterogêneo e dinâmico
Prof. Dra. Maria Cristina Motta de Toledo
Fonte: <http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php>
O planeta Terra é constituído por diversos dade e de direção de propagação com a variação
setores ou ambientes, alguns dos quais permi- das características do meio atravessado. A inte-
tem acesso direto, como a atmosfera, a hidros- gração das observações das numerosas estações
fera (incluindo rios, lagos, águas subterrâneas e sismográficas espalhadas pelo mundo todo for-
geleiras), a biosfera (conjunto dos seres vivos) e nece informações sobre como é o interior do
a superfície da parte rochosa. Desta superfície planeta, atravessado em todas as direções por
para baixo, o acesso é muito limitado. As esca- ondas sísmicas geradas a cada terremoto e a cada
vações e sondagens mais profundas já chegaram explosão. As Informações sobre a velocidade das
a cerca de 13km de profundidade, enquanto o ondas sísmicas no interior da Terra permitiram
raio da terra é de quase 6.400km. Por isso, para reconhecer três camadas principais (crosta, man-
se obter informações deste interior inacessível, to e núcleo), que têm suas próprias características
existem métodos indiretos de investigação: a sis- de densidade, estado físico, temperatura, pressão
mologia e a comparação com meteoritos. e espessura. Na diferenciação dos materiais ter-
A sismologia é o estudo do comportamen- restres, ao longo da história do planeta, a água,
to das ondas sísmicas ao atravessar as diversas formando a hidrosfera, bem como a atmosfera,
partes internas do planeta. Estas ondas elásticas constituída por gases como nitrogênio, oxigênio
propagam-se gerando deformações, sendo ge- e outros, por serem menos densos, ficaram prin-
radas por explosões artificiais e sobretudo pelos cipalmente sobre a parte sólida, formada pelos
terremotos; as ondas sísmicas mudam de veloci- materiais sólidos e mais densos.
Fundamentos de Geologia 15
17. Dentre os materiais sólidos, os mais pe- tão altas que lá ocorrem (milhares de atmosferas).
sados se concentraram no núcleo, os menos Assim, o material do manto, ao contrário
pesados na periferia, formando a crosta, e os do que muitos crêem, é sólido, e só se torna lí-
intermediários no manto. Pode-se comparar os quido se uma ruptura na crosta alivia a pressão
diferentes tipos de meteoritos com as camadas a que está submetido. Somente nesta situação é
internas da Terra, pressupondo-se que eles (os que o material silicático do manto se liqüefaz, e
meteoritos) tiveram a mesma origem e evolução pode, então, ser chamado de magma. Se o mag-
dos outros corpos do Sistema Solar, formados ma fica retido em bolsões dentro da crosta, for-
como corpos homogêneos, a frio, por acresção ma uma câmara magmática, e vai pouco a pouco
planitesimal. Aqueles que tinham massa sufi- solidificando-se, formando um corpo de rocha
cientemente grande, desenvolveram um forte ígnea plutônica ou intrusiva, Se o magma conse-
calor interno, por causa da energia gravitacional, gue extravasar até a superfície, no contato com a
da energia cinética dos planetesimais quando da atmosfera e hidrosfera, pode ser chamado lava,
acresção e da radioatividade natural. Isto oca- enquanto estiver líquido, e seu resfriamento e
sionou uma fusão parcial, seguida de segregação solidificação vai formar um corpo de rocha íg-
interna, a partir da mobilidade que as altas tem- nea vulcânica ou extrusiva.
peraturas permitiam ao material.
As rochas ígneas assim assim formadas, jun-
Os meteoritos provenientes da fragmenta- tamente com as rochas metamórficas e sedimen-
ção de corpos pequenos, que não sofreram esta tares, formadas por outros processos geológicos,
diferenciação, são os condritos, que representam constituem a crosta, que é a mais fina e a mais
a composição química média do corpo fragmen- importante camada para nós, pois é sobre ela que
tado e por inferência, do Sistema Solar como um se desenvolve a vida. A crosta oceânica e a crosta
todo, menos os elementos voláteis. Não existem continental apresentam diferenças entre si.
materiais geológicos, ou seja, terrestres, seme-
lhantes aos condritos. Os meteoritos provenien- A primeira ocorre sob os oceanos, é menos
tes da fragmentação de corpos maiores, como espessa e é formada por extravasamentos vulcâni-
a Terra, que sofreram a diferenciação interna, cos ao longo de imensas faixas no meio dos ocea-
representam a composição química e densidade nos (as cadeias meso-oceânicas), que geram rochas
de cada uma das partes internas diferenciadas basálticas. A segunda é mais espessa, pode emergir
do corpo que os originou. São os sideritos, os até alguns milhares de metros acima do nível do
acondritos e ainda outros tipos. Pela sua den- mar, e é formada por vários processos geológicos,
sidade, faz-se a correlação com as camadas da tendo uma composição química média mais rica
Terra determinadas pela sismologia, e supõe-se em Si e em AI que as rochas basálticas, que pode
que sua composição química represente a com- ser chamada de composição granítica.
posição química da camada terrestre de mesma A crosta oceânica e continental, junto com
densidade. Assim, com estas duas ferramentas uma parte superior do manto, forma uma camada
indiretas, a sismologia e a comparação com os rígida com 100 a 350km de espessura. Esta cama-
meteoritos, foi estabelecido um modelo para a da chama-se LITOSFERA e constitui as placas
constituição interna do globo terrestre. tectônicas, que formam, na superfície do globo,
É importante ressaltar que todo o material um mosaico de placas encaixadas entre si como
no interior da Terra é sólido, com exceção apenas um gigantesco quebra-cabeças; são as placas tec-
do núcleo externo, onde o material líquido metá- tônicas ou placas litosféricas. Abaixo da litosfe-
lico se movimenta, gerando correntes elétricas e ra, ocorre a ASTENOSFERA, que é parte do
o campo magnético da Terra. A uma dada tem- manto superior; suas condições de temperatura
peratura, o estado físico dos materiais depende da e pressão permitem uma certa mobilidade, muito
pressão. ‘As temperaturas que ocorrem no manto, lenta, mas sensível numa escala de tempo muito
os silicatos seriam líquidos, não fossem as pressões grande, como é a escala do tempo geológico.
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18. DEFORMAÇÕES GEOLÓGICAS: FALHAS E DOBRAS
Quais são as forças capazes de transformar rochas
comuns em enormes estruturas montanhosas maciças
como os Alpes, os Andes ou os Himalaias?
Quais forças teriam o poder de contradizer a natureza
rígida destas rochas, deformando-as e dobrando-as?
Saiba mais!
A Tectônica de Placas produz as mais importantes feições de larga-escala encontradas no
planeta. Graças a ela são geradas bacias oceânicas e cadeias de montanhas.
Essa mesma força capaz de mover as placas produz grandes rupturas na crosta, soerguimen-
to e rebaixamento de grandes blocos rochosos.
Quando as placas interagem, nos seus limites, sejam divergentes, convergentes ou transformantes
(conservativos), as rochas que compõem a crosta ficam sujeitas a um poderoso STRESS.
Quando uma rocha sofre um stress, ela é deformada, mudando de forma e de volume.
A análise das estruturas deformacionais apresentadas pelas rochas, permite aos geólogos entender
antigos movimentos de placas ou outros eventos geológicos do passado.
As rochas podem sofrer três tipos de stress, cada um correspondendo a um dos três tipos básicos
de limites de placas:
As rochas que se encontram em margens de placas convergentes sofrem stress compressio-
nal. Este tipo de stress reduz o volume das rochas. As rochas que sofrem compressão geralmen-
te são dobradas, havendo um aumento no sentido vertical e uma diminuição lateral.
As rochas que se encontram em margens divergentes sofrem stress tencional ou de exten-
são. As rochas são “esticadas”, havendo uma diminuição no sentido vertical e um aumento
lateral da área ocupada por estas rochas após a deformação.
As rochas em margens de placas transformantes são movimentadas lateralmente em sentidos
opostos, sofrendo um stress de cizalhamento. Através deste tipo de stress, grandes blocos de
rocha são movimentados lateralmente.
Fundamentos de Geologia 17
19. Quando sujeitas ao stress, as rochas respondem de forma diferente a depender das condições de
temperatura e pressão do ambiente onde se encontram. Estas condições dependem da sua profundidade
e vão refletir em um comportamento mais ou menos plástico das rochas.
• As rochas que se encontram a grande profun-
didades (geralmente abaixo de 20 km), sujeitas
a altas temperaturas e pressões, vão responder à
Você sabia?
deformação de forma plástica ou dúctil. No final do ano de 2005, um terre-
moto na região da Caxemira matou mais
• As rochas mais próximas à superfície, em geral , de 90.000 pessoas.
respondem ao stress de forma rígida ou rúptil.
O que são os terremotos? Como eles são gerados?
E como podem ser preditos? Qual a relação entre estas
forças capazes de gerar terremotos e as grandes cadeias
de montanhas existentes no planeta?
• Os terremotos são vibrações da Terra produzidas por uma liberação rápida de energia.
As grandes energias lançadas por explosões atômicas ou por erupções vulcânicas podem produzir
terremotos, contudo estes são eventos pouco freqüentes. A maior parte dos terremotos são gerados por
movimentos que ocorrem em grandes fraturas existentes na crosta terrestre chamadas de falhas.
A teoria da Tectônica de Placas mostra que a crosta terrestre está em constante movimento e essa
movimentação ao longo dos limites de placas muitas vezes se dá através de falhas.
O mecanismo de formação de terremotos foi descoberto em 1906 por H. F. Reid, que elaborou
estudos a partir do terremoto de São Francisco. Este terremoto foi acompanhado por um deslocamento
horizontal de vários metros ao longo da falha de Santo André (1.300m de fratura na região da Califórnia,
que separa a Placa da América do Norte e a Placa do Pacífico). Em um único terremoto, a Placa do Pací-
fico se deslocou 4,7m em direção ao norte, passando pela placa norte-americana.
Epicentros dos terremotos
• O local no interior da Terra onde é gerado o terremoto é chamado de foco.
• O local na superfície da Terra imediatamente acima do foco é chamado de epicentro.
Saiba mais!
Instrumentos chamados sismógrafos amplificam e registram a movimentação das ondas sís-
micas. Estas ondas se propagam em todas as direções a partir do foco do terremoto.
Cerca de 95% da energia liberada nos terremotos tem origem em uma zona relativamente restrita
em torno do oceano Pacífico conhecida como Cinturão do Pacífico. Esta zona inclui regiões com grande
atividade sísmica como o Japão, as Filipinas, o Chile e numerosas ilhas vulcânicas.
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20. Os principais tipos de deformação tectônica sofridas pelas rochas são as dobras e as falhas.
Dobras
As dobras são estruturas construídas em camadas ou estratos rochosos que foram depositados
originalmente na horizontal e depois sofreram uma deformação plástica ou dúctil.
As dobras podem variar muito de tamanho – podem apresentar uma extensão de poucos milíme-
tros até centenas de quilômetros.
As dobras podem apresentar duas formas principais:
Sinclinais: são dobras côncavas, as rochas são dobradas tendendo a formar bacias ou vales,
contudo, a expressão final no relevo vai depender da resistência das rochas a erosão.
Anticlinais: são dobras convexas, as rochas são dobradas tendendo a formar domos ou morros, contu-
do, como no caso anterior, a expressão final no relevo vai depender da resistência das rochas à erosão.
Os lados de uma dobra são chamados de flancos ou limbos. As compressões, em geral, produzem
uma seqüência de sinclinais e anticlinais que apresentam sempre um flanco em comum.
Cada sinclinal ou anticlinal tem um plano axial, um plano imaginário que divide a dobra em duas
partes aproximadamente iguais.
As dobras (sinclinais e anticlinais) podem ser:
• Simétricas: quando o plano axial é aproximadamente vertical e os flancos apresentam a mesma
inclinação. Dobras simétricas geralmente ocorrem quando a compressão é relativamente suave;
• Assimétricas: em situações onde a compressão é mais intensa, como próximo aos limites
de placas, as forças tectônicas compressivas forçam um flanco a se movimentar mais que o
outro, gerando dobras assimétricas. Nestas dobras o plano axial é inclinado;
• Recumbentes: com a continuidade da compressão, o plano axial da dobra assimétrica
pode deitar até ficar na horizontal, virtualmente paralelo à superfície da Terra. As dobras
recumbentes são tipicamente encontradas em cadeias de montanhas fortemente deformados
como os Apalaches, os Himalaias e os Alpes Europeus.
Falhas
Quando as rochas sofrem stress a bai-
xas temperaturas e baixas pressões litostáticas,
onde elas encontram-se ainda em estado mui-
to rígido, surgem “rachaduras” ou fraturas. Saiba mais!
Como as rochas, neste caso, não têm plastici- Falhas são fraturas na crosta terrestre
dade suficiente para dobrar, elas se rompem. com deslocamento relativo, perceptível entre os
O caso mais drástico é quando lados contíguos e ao longo do plano de falha.
ocorre um movimento ao longo destas
fraturas, gerando as falhas.
As falhas podem deslocar grandes blocos rochosos ao longo de um plano de falha. O plano de
falha é a superfície ao longo da qual ocorre o movimento dos blocos.
Fundamentos de Geologia 19
21. Devido aos processos erosivos a que estão sujeitas as rochas na superfície, dificilmente são encon-
trados os originais planos de falha.
Você sabia?
Na Bahia, o desnível topográfico que separa a Cida-
de Alta da Cidade Baixa foi gerado por uma falha, a cha-
mada Falha de Salvador. Esta falha representa a borda
da Bacia do Recôncavo, aberta como uma conseqüência
secundária da separação Brasil / África, que gerou o Atlân-
tico sul. Ao longo do tempo, o plano de falha já sofreu um
grande recuo erosivo, estando atualmente a superfície de
erosão nas proximidades do Elevador Lacerda.
• O bloco de rocha localizado acima do plano de falha é chamado de teto.
• O bloco localizado abaixo do plano de falha é chamado de muro.
De acordo com o seu movimento relativo (de um bloco em relação ao outro), as falhas são classificadas em:
Falhas horizontais ou transcorrentes: são falhas geradas por stress de cizalhamento, gerando
um movimento horizontal, paralelo ao plano de falha.
A maior e mais conhecida falha transcorrente encontrada na literatura é a Falha de Santo André,
nos Estados Unidos.
Falhas verticais: neste tipo de falha os blocos rochosos se movem verticalmente em relação ao
plano da falha, como é o caso da Falha de Salvador. A depender da direção de movimento dos
blocos, as falhas verticais podem ser:
Falhas normais: o bloco do teto desce em relação ao muro. Este tipo de falha está geral-
mente associado com stress tencional ou divergente. A descida dos blocos rochosos, ocasio-
nada por este tipo de falhamento, gera depressões chamadas de graben. O bloco do muro
que permanece elevado em relação ao teto é chamado de horst.
Falhas inversas: neste tipo de falha, o bloco do teto sobe em relação ao muro. Esta
falha está geralmente associada com poderosas compressões horizontais, comuns onde
existe convergência de placas.
TEMPO GEOLÓGICO
Durante muitos anos, não se sabia nenhum método confiável para datar os vários eventos
no passado geológico.
Em 1869, John Wesley Powell fez uma pioneira expedição ao Rio Colorado e ao Grand Canyon,
nos Estados Unidos. Powell observou que os canyons desta região representavam um livro de revelações
escrito nas rochas, como uma Bíblia da geologia. Ele afirmou que milhões de anos da história da Terra
estavam expostos nas paredes do Grand Canyon.
20 FTC EAD | BIO
22. Semelhante a um longo e complicado livro de história,
as rochas registram os eventos geológicos e as mudan-
ças das formas de vida ao longo do tempo. Este livro,
contudo, não está completo. Muitas páginas, especialmente
nos primeiros capítulos, foram perdidas. Ainda hoje, muitas
partes deste livro precisam ser decifradas.
Grand Canyon
Um dos princípios básicos usados, ainda nos dias atuais, para desvendar a história da Terra foi postulado
por James Hutton no seu livro “Teoria da Terra”, publicado em 1700 – o Princípio do Uniformitarismo.
Este princípio diz que as leis químicas, físicas e biológicas que operam atualmente são as mesmas
que operaram no passado geológico. Isso significa que as forças e os processos que nós observamos atu-
almente agindo no nosso planeta têm atuado desde muito tempo atrás. Então, para decifrarmos as rochas
antigas temos primeiramente que compreender os processos que atuam hoje e os seus resultados.
Saiba mais!
O Principio do Uniformitarismo é, geralmente, expresso pelo
ditado “o presente é a chave para o passado”.
Os geólogos que desenvolveram a escala de tempo geológico revolucionaram a maneira com
que as pessoas concebiam o tempo e como percebiam o nosso planeta. Eles mostraram que a Terra é
muito mais antiga do que se poderia imaginar e que a sua superfície e o seu interior sofreram mudanças
no passado através dos mesmos processos geológicos que operam atualmente.
A principal subdivisão da escala de tempo geológico é chamada de eon. Os geólogos dividiram o
tempo geológico em dois grandes eons:
Precambriano (dividido em Arqueano e Proterozóico): representa os primeiros 4 bilhões de
anos da história do planeta.
Fanerozóico: representa últimos 540 milhões de anos.
O Precambriano representa cerca de 88% da história da Terra, mas pouco se sabe sobre este
período. Devido à grande raridade de fósseis para datações, não foi possível subdividi-lo em pequenas
unidades de tempo.
Fundamentos de Geologia 21
23. O Fanerozóico é marcado pelo aparecimento de animais com partes duras, como as conchas, que permiti-
ram a sua preservação fóssil. Este eon foi dividido em três eras, que por sua vez foram divididas em períodos:
Era Paleozóica (540 – 248 milhões de anos atrás): marca o aparecimento de diversos organis-
mos invertebrados, dos primeiros organismos com conchas, dos peixes, das plantas terrestres,
dos insetos, dos anfíbios e dos répteis. Por outro lado, o final desta era é marca pela extinção de
várias espécies, estima-se que aproximadamente 80% da vida marinha desapareceu nesta era.
Durante esta era, o movimento das placas juntou todas as massas continentais em um único super-
continente chamado Pangea. Esta redistribuição de massa e terra gerou grandes mudanças climáticas que
se acredita ser a causa da grande extinção de espécies ocorrida nesta época.
Está subdividida em seis períodos:
Cambriano;
Ordoviciano;
Siluriano;
Devoniano;
Carbonífero;
Permiano.
Era Mesozóica (248 – 65 milhões de anos atrás): é marcada pelo aparecimento e extinção dos
dinossauros, e pelo surgimento dos primeiros pássaros e das primeiras plantas com flores. Está
subdividida em três períodos:
Triássico
Jurássico
Cretáceo
Era Cenozóica (65 milhões de
anos até os dias atuais): representa
a menor de todas as eras e que se
encontra melhor registrada. Marca
o aparecimento dos mamíferos e o
desenvolvimento da vida humana.
Está subdividida em dois períodos:
Terciário
Quaternário
22 FTC EAD | BIO
24. Datação relativa
A datação relativa é feita estabelecendo-se uma seqüência de eventos geológicos, ou seja, a idade
relativa diz quais as rochas mais velhas e quais as mais novas umas em relação às outras, apresentando a
seqüência de formação entre elas.
Os geólogos determinam a seqüência dos eventos geológicos que foram produzidos nas rochas de
uma determinada área usando certos princípios básicos, ajudados por seus conhecimentos de processos
fundamentais como sedimentação, vulcanismo e erosão. Estes princípios envolvem principalmente rela-
ções espaciais e conhecimentos de evolução biológica e análise de evidências fósseis. Os princípios mais
fundamentais da datação relativa são:
Uniformitarismo: este é o mais básico dos princípios usados para interpretar a história da
Terra e diz que os processos geológicos que ocorrem no presente são similares àqueles ocorri-
dos no passado. Desta forma, a observação de fenômenos geológicos modernos (terremotos,
vulcanismos, etc) pode ajudar a interpretar eventos antigos.
Horizontalidade e Superposição: a maior parte dos sedimentos são transportados em corpos
d’água (rios, oceanos...) e são depositados como camadas horizontais ou sub-horizontais. Essa
tendência é chamada de princípio da horizontalidade original. Quando as camadas apresentam-
se muito inclinadas significa que houve a atuação de forças tectônicas que as deformaram. O
princípio da superposição diz que as rochas são depositadas sob outras mais antigas, desta for-
ma, em uma seqüência de estratos rochosos inalterados os estratos mais jovens estarão no topo
e os mais antigos na base da seqüência.
Relações de cruzamentos e cortes: estas relações mostram que rochas ígneas intrusivas são
necessariamente mais novas do que as rochas onde elas penetram (intrudem), da mesma manei-
ra, falhas e dobras são posteriores à formação das rochas que elas fraturam ou deformam.
Fósseis: os fósseis são restos de organismos antigos ou evi-
dências de sua existência preservados no material geológico. O
estudo dos fósseis indica o período em que estes organismos se
desenvolveram no planeta e quando foram extintos.
Datação absoluta
Em geral, os cientistas preferem ter dados da idade das rochas quantificados em anos e não simplesmente
saber se a rocha A é mais nova ou mais velha que a rocha B. Desta forma, sempre que possível eles utilizam méto-
dos de datação absoluta para determinar a idade das rochas. Os dois métodos principais de datação absoluta são:
Datação Radiométrica: esse tipo de datação usa o decaimento de isótopos radiativos que são
por vezes incorporados na estrutura cristalina de alguns minerais formadores de rochas. São
usados principalmente isótopos de urânio, potássio e rubídio. Este método só consegue datar
materiais rochosos com mais de 100.000 anos de idade.
Datação com Carbono - 14: este método de datação utiliza o carbono-14 a partir de conchas,
plantas, polens, carapaças, etc. Este método pode ser usado em materiais entre 100 e 100.000
anos de idade. Em função disso, é possível datar, por exemplo, as glaciações mais recentes e os
eventos de subida ou descida no nível do mar.
Fundamentos de Geologia 23
25. Atividade Complementar
1. Qual a região de maior incidência de terremotos no mundo?
2. Quais as principais evidências apontadas pelos cientistas de que os continentes estariam juntos
há cerca de 200 milhões de anos e teriam migrado até as posições atuais?
3. Sabendo que as forças tectônicas podem romper ou deformar as rochas, explique o que são
“falhas” e o que são “dobras” e como são formadas.
4. Quais as principais diferenças entre os métodos de datação relativos e absolutos?
5. Explique o princípio do Uniformitarismo.
24 FTC EAD | BIO
26. MINERAIS E ROCHAS
CICLO DAS ROCHAS / MINERAIS FORMADORES
DAS ROCHAS
Além do valor econômico associado às rochas e aos minerais, todos os processos da Terra estão de
alguma forma ligados às propriedades destes materiais.
Você sabia?
Desta forma, o conhecimento básico dos materiais terrestres é essencial no conhecimento
dos fenômenos que ocorrem no planeta.
As rochas são divididas em três grupos, baseados em seu modo de origem: rochas ígneas, sedi-
mentares e metamórficas.
A inter-relação entre estes tipos de rochas é representada pelo ciclo das rochas. Com isso, o ciclo
das rochas demonstra também a integração entre diferentes partes do complexo sistema terrestre.
O ciclo das rochas nos ajuda a entender a origem das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas e a perce-
ber que cada tipo está ligado aos outros através de processos eu agem na superfície e no interior do planeta.
Tomando arbitrariamente um ponto de início para o ciclo das rochas, temos o magma. O magma
é um material derretido formado no interior do planeta. Eventualmente este material se resfria e
se solidifica. Este processo de solidificação do magma é chamado de cristalização. A cristalização
do magma pode ocorrer na superfície, através de erupções vulcânicas, ou ainda em subsuperfície
(no interior da crosta). Em ambos os casos as rochas geradas são chamadas de rochas ígneas.
Quando as rochas ígneas são expostas na superfície (devido a um levantamento crustal, erosão,
ou por já terem se cristalizado na superfície), sofrem a ação de agentes como a água, as variações
de temperatura, mecanismos de oxidação, etc. Estes agentes causam a desintegração e a decom-
posição das rochas na superfície num processo chamado de intemperismo.
Este material (partículas e/ou substâncias dissolvidas) resultante da desagregação e decompo-
sição das rochas é chamado de sedimentos. Os sedimentos são transportados pelos agentes
erosivos – água, gelo, vento ou ondas – e eventualmente são depositados.
Os sedimentos podem formar campos de dunas, planícies fluviais, mangues, praias, etc. Quando
os sedimentos são compactados, através da sobreposição de camadas de sedimentos umas
sobre as outras, ou cimentados, através da percolação de água contendo carbonato de cálcio
ou sílica, esses sedimentos então se convertem em rocha. Este processo de transformação de
sedimentos em rocha é chamado de litificação e resulta na formação de rochas sedimentares.
Se as rochas sedimentares forem submetidas a grandes temperaturas e pressões responderam às
mudanças nas condições ambientais com a recristalização e o rearranjo de seus minerais criando
o terceiro tipo de rocha – as rochas metamórficas. Essas mudanças ambientais podem ocor-
rer, por exemplo, se estas rochas forem envolvidas na criação de cadeias de montanhas através
de forças tectônicas, ou entrarem em contato com massas magmáticas (fluxos de magma).
Fundamentos de Geologia 25
27. Se as condições ambientais a que forem submetidas as rochas sedimentares forem capazes de
fundi-las, estas rochas serão transformadas em magma podem voltar a formar rochas ígneas.
Seguindo um outro caminho, as rochas ígneas podem, ao invés de serem desagregadas e de-
compostas na superfície, sofrer a ação de esforços compressionais e a elevação da temperatura e
pressão pode causar o metamorfismo destas rochas, vindo a formar rochas metamórficas.
As rochas metamórficas, quer sejam de origem ígnea ou de origem sedimentar, quando expostas
na superfície vão sofrer a ação dos agentes de intemperismo transformando-se em seixos, grãos,
partículas ou soluções dissolvidas sendo posteriormente depositados como sedimentos. Caso estes
sedimentos sejam litificados (cimentação e compactação), formará rochas sedimentares.
Num caminho inverso, as rochas sedimentares, expostas na superfície, sofrerão a ação dos
processos intempéricos e se desagregarão ou serão decompostas tornando-se novamente sedi-
mentos inconsolidados, compondo, por exemplo, planícies ou campos de duna.
Saiba mais!
Minerais são sólidos inorgânicos que ocorrem naturalmente na nature-
za, formados por elementos químicos em determinadas proporções e com um
sistemático arranjo interno.
Desta forma, os compostos sintéticos formados em labo-
ratório não são considerados minerais. Também os compostos
orgânicos, como o carvão (que é formado a partir de restos de
plantas sob altas temperaturas e pressões), não são considera-
dos minerais.
O diamante, a esmeralda, o quartzo, a biotita são exem-
plos de minerais.
Alguns minerais são chamados de gemas – são minerais preciosos ou semi-preciosos que apresentam
valor econômico, em geral devido à sua cor, brilho ou forma do cristal. Como os diamantes, rubis, safiras,
esmeraldas, ametistas, etc.
Minerais formadores das rochas
Saiba mais!
As rochas são agregados ou combinações
naturais de um ou mais minerais.
A crosta da Terra é composta essencialmente por oito elementos mais comuns que se combinam
para formar os minerais formadores das rochas. Estes elementos são o O (oxigênio), Si (silício), Al
(alumínio), Fe (ferro), Ca (cálcio), K (potássio), Na (sódio) e Mg (magnésio).
26 FTC EAD | BIO
28. Os dois elementos principais são o oxigênio e o silício. Estes se combinam para formar tetraedros de
silício-oxigênio. Esta estrutura básica forma o mais abundante grupo de minerais do planeta: os silicatos.
Os tetraedros de silício-oxigênio podem formar uma grande variedade de estruturas cristalinas e
compor minerais como quartzo, feldspatos (K-feldspato, plagioclásio), micas (biotita, moscovita), an-
fibólios, piroxênios e olivinas.
Alguns não-silicatos são também formadores de rochas. Os principais deles são os carbona-
tos (calcita, dolomita, por exemplo), os óxidos (como os óxidos ricos em ferro como a hematita
e a magnetita), os sulfetos (como a galena, sulfeto de chumbo, e a pirita, sulfeto de ferro) e os
sulfatos (como o gipso, sulfato de cálcio).
Atenção!
O texto abaixo serve para comple-
mentar o conteúdo apresentado sobre os
minerais formadores das rochas.
Minerais e rochas
Fonte: < http://www.geocities.com/paulac_onofre/>
Que são minerais? Substâncias produzidas artificialmente, ou
através de atividade orgânica (de animais e plantas),
Cristal Mineral não são consideradas minerais verdadeiros.
Com a notável exceção do mercúrio, os mi- Mais do que simples rochas
nerais são pesados, duros e compactos. São massas
As rochas são feitas de combinações específi-
sólidas que exibem formas chamadas cristais.
cas de minerais. As milhões de maneiras pelas quais
O cristal é uma substância de forma constan- os minerais podem se combinar resultam na imensa
te e regular. Isso significa que, mesmo quando re- variedade de rochas e paisagens que observamos na
duzido a pó, cada partícula ainda retém a forma do natureza.
cristal original. Esse é o modo como os minerais são
identificados. Tradições, mitos e lendas
Ao pensar nos minerais em termos de sua
Natural, artificial e inorgânico aplicação na indústria moderna e pela ciência, es-
Os minerais são substâncias naturais que se quecemos que, no passado, eram tidos como subs-
formam dentro de diferentes tipos de rochas. Para tâncias dotadas de propriedades mágicas, místicas e
extraí-los, às vezes é necessário cavar bem fundo medicinais. Algumas dessas crenças são surpreen-
– abrindo minas, poços e túneis. dentemente corretas, outras apenas bizarras.
Fundamentos de Geologia 27
29. O futuro previsto no quartzo de um espécime. Algumas cores só ocorrem em
determinados minerais, que por isso mesmo são
Durante milhares de anos as pessoas inventa- de grande valia para os artistas.
ram histórias extraordinárias a respeito dos minerais
Um dos atrativos dos minerais, que exerce fas-
e das pedras preciosas. Daí o grande número de tra-
cínio constante nas pessoas, é a gama de cores mara-
dições e lendas que envolvem a magia, a astrologia,
vilhosas que possuem, já que essas cores representam
a alquimia e simbolismos religiosos. O Santo Graal,
todo o espectro e toda e qualquer tonalidade que se
da Última Ceia de Cristo, segundo se dizia, era uma
possa imaginar. Muitos minerais são incorporados às
taça de esmeralda. A bola de cristal na qual os viden-
tintas usadas na pintura, em parte porque as tonalida-
tes previam o futuro era afeita de quartzo. Segundo
des são exclusivas e inimitáveis e, em parte, porque as
crenças antigas, certos minerais tornavam imunes a
cores derivadas de minerais costumam ser tremenda-
envenenamentos quem os possuísse. Acreditava-se
mente estáveis e não desbotam, mesmo em caso de
que algumas gemas acalmavam febres, curavam res-
prolongada exposição à luz, natural ou artificial.
saca e tornavam os guerreiros invencíveis. Os alqui-
mistas afirmavam que poderiam transformar metais Entre as cores mais fantásticas exibidas pelos
comuns em ouro ou prata. cristais, temos os vermelhos (prustita, cinabre, real-
gar), alaranjados brilhantes (crocoíta, wulfenita va-
nadinita), amarelos (trissulfureto de arsênico e enxo-
Propriedades de cura fre), verdes amarelados (autunita e outros minerais
Em tempos idos, acreditava-se que os minerais secundários do urânio), verdes brilhantes (dioptásio,
e as gemas tivessem propriedades de cura tão bené- esmeralda), azuis (lápis-lazúli, vivianita, azurita), vio-
ficas e eficazes quanto as plantas. Em alguns casos, láceas (ametista, fluorita, kamerita), entre outras.
a evidência científica apóia a teoria: o sal de Epsom Alguns minerais têm uma determinada cor em
ou sal amargo, por exemplo, de fato alivia o sistema estado natural, mas adquirem outra totalmente dife-
digestivo. Mas outras idéias antigas, tais como engo- rente quando moídos. Um bom exemplo disso é a
lir ametista moída para evitar ressaca, não passam de hematita, um óxido de ferro muito comum, normal-
histórias da carochinha, e provavelmente provocaram mente negro quando cristal. Entretanto, apresenta
mais danos físicos do que cabeças desanuviadas. uma cor de traço vermelho-profunda e produz um
Da mesma forma, é altamente improvável que a pigmento amplamente usado desde os tempos anti-
ágata moída, ingerida junto com vinho, fosse capaz de gos. O nome da hematita vem da palavra “sangue”
curar ferimentos expostos, ou que as safiras, mistura- em grego, justamente em função de sua cor.
das ao leite, conseguissem acalmar cólicas intestinais. A cor de um mineral pode variar bastante de
um espécime a outro, dificultando a identificação,
Isso se deve a impurezas locais e a elementos quími-
Talismãs e amuletos cos adjacentes que podem ter afetado parcialmente
As gemas têm sido usadas como talismãs e sua aparência. A melhor maneira de tirar conclusões
amuletos desde o princípio da história do homem. acertadas sobre a identidade de um mineral tendo
Eram objetos supostamente dotados de poderes por base a cor é examina-la em conjunto com o bri-
sobrenaturais ou mágicos – principalmente com o lho desse mineral – ou seja, com o brilho da superfí-
poder de evitar o mal ou o infortúnio. cie ou com a qualidade de sua luz reflexa.
De início, entoavam-se fórmulas cabalísticas
em torno de talismãs e amuletos para investi-los de Dureza, clivagem e fragmentação dos
poderes mágicos, mas as civilizações posteriores minerais
começaram a inscrever essas fórmulas mágicas nos
próprios amuletos e talismãs. A dureza de um mineral e seu grau de fragmen-
tação (caso haja) são determinados pela estrutura crista-
As cores dos minerais, além de ser em geral
lina do espécime e pela maneira como seus componen-
maginíficas e atraentes, fornecem pistas impor-
tes se ligam. A dureza e a clivagem de um mineral estão
tantes para a identificação deles. Cores mais vivas
entre as propriedades mecânicas mais fáceis de serem
ou inusitadas aumentam muito o valor comercial
observadas pelo mineralogista amador; mas as provas
28 FTC EAD | BIO
30. que fornecem raramente bastam para se estabelecer em materiais. Em geral, o grau de dureza é bastante alto
definitivo a identidade de um espécime desconhecido. em minerais com estruturas internas compactas,
nas quais os átomos se encontram o mais próximos
Dureza possível uns dos outros e onde os elos em forma de
andaime entre os átomos são muito fortes.
A dureza poderia ser definida como a capaci-
dade de um mineral de resistir à abrasão de outros
Fundamentos de Geologia 29
31. O diamante, a mais dura das substâncias naturais, quando os planos da estrutura não são paralelos.
é uma forma de carbono que tem tanto uma estrutura Neste caso, a estrutura do mineral afetado é frágil e
interna muito compacta quanto elos muito fortes entre se parte de modo desigual em direções diferentes.
os cristais. A grafita – uma outra forma (alotrópica) de Muitos minerais têm fratura e clivagem, mas alguns
carbono, quimicamente idêntica ao diamante – é mais só têm a fratura.
mole e fraca que o diamante porque seus átomos estão Usamos quatro graus de fratura para descre-
dispostos em camadas que podem ser deslocadas umas ver os minerais: irregular, desigual, concóide (seme-
das outras com relativa facilidade. lhante a uma concha) e lascado ou denteado (com
A dureza de um mineral não é necessaria- superfícies recortadas, irregulares).
mente a mesma em todas as direções. A bela gema Nunca se deve esquecer que, a exemplo do
azul de cianita, por exemplo, tem dureza 4 quando que ocorre com a dureza, até certo ponto a cliva-
riscada no sentido da superfície dos cristais, mas gem é melhor para descrever os minerais do que
uma dureza 7 quando riscada na transversal. para defini-los em termos estritamente científicos.
Escala de Mohs Magnetismo
Infelizmente, medir a dureza dos minerais O magnetismo é uma força que tanto pode
não é a melhor forma de defini-los, embora o mé- atrair para perto quanto afastar para longe certas
todo seja útil para descrevê-los. A Escala de Mohs é substâncias. Há vários minerais magnéticos e um
apenas um meio grosseiro e instantâneo de compa- dos mais comuns é a magnetita. Conhecida tam-
ração entre minerais, não uma medição cientifica- bém como pedra-ímã, a magnetita ocorre em ro-
mente precisa. Mas, apesar das limitações, a Escala chas ígneas e metamórficas no mundo todo.
de Mohs continua sendo perfeitamente adequada e
o método mais comum para uso geral.
Pólos magnéticos
Clivagem Uma das propriedades mais importantes dos
materiais magnéticos é a formação de dois pólos.
A clivagem é a tendência que têm os mine- Um é chamado “pólo norte”, o outro “pólo sul”.
rais de se partir em certas direções. A facilidade da Pólos iguais (norte e norte; sul e sul) forçam o afas-
clivagem varia muito de mineral a mineral. Utili- tamento mútuo, ao passo que pólos opostos atra-
zamos quatro graus de clivagem: perfeita, distinta, em-se. Se você pegar dois pedaços de rocha natu-
indistinta, inexistente. A direção da clivagem é sem- ralmente magnética, como a magnetita (óxido de
pre paralela à face cristalina possível ou existente. ferro), elas se atraem ou se repelem, dependendo
Entre os minerais que têm clivagem perfeita estão das extremidades que forem postas juntas. A regra
a barita, a calcita, a clorita, o diamante, a galena, a é: pólos iguais repelem; pólos diferentes atraem.
hemimorfita, a rodonita e o topázio.
Essa regra continua valendo independente-
mente de como você divida a substância magnética.
Fratura e ruptura Se, por exemplo, você partir um magneto em dois
pedaços, terá não um magneto quebrado e sim dois
A clivagem é diferente da fratura. A cliva-
magnetos, cada qual com um pólo norte e um pólo
gem só acontece ao longo das linhas da estrutura
sul próprios. Se em seguida você partir os dois, terá
cristalina, mas a fratura pode ocorrer no sentido
quatro magnetos e assim sucessivamente.
transversal. Outro efeito, chamado ruptura, ocorre
30 FTC EAD | BIO
32. Radioatividade natural dos minerais Tudo isso é extremamente útil para os geólo-
gos porque, uma vez que a duração da meia-vida de
Alguns elementos químicos que compõem um elemento tenha sido descoberta, é muito sim-
os minerais e as gemas nem sempre são estáveis, ples calcular a idade das rochas circundantes pelo
e podem partir-se espontaneamente nas partículas grau de decomposição encontrado nos elementos
atômicas constituintes. Quando isso ocorre, são radioativos que contêm.
emitidas várias formas de radiação. Esse fenômeno
importante foi descoberto recentemente.
Gemas animais
Radioatividade Algumas das mais belas e valiosas preciosida-
des da Terra não são originárias de rochas, mas de
Um dos fatos mais importantes para se ter organismos vivos, tanto vegetais como animais. As
em mente, em relação à radioatividade natural, é descritas a seguir são algumas das mais conhecidas.
que ela não é influenciada por mudanças químicas
ou por quaisquer mudanças normais no ambiente
Âmbar
do material na qual ocorre. A radioatividade é mui-
to diferente de qualquer reação que se possa obter O âmbar é uma resina viscosa, castanha ou
por aquecimento, por exemplo, ou por qualquer amarelada, liberada (“secretada”) pelas coníferas e
outra forma de reação química. depois fossilizada. Pode conter coisas como inse-
tos, folhas, etc., que ficam presas na sua resina pe-
A radioatividade pode ser definida como desin-
tegração espontânea de certos núcleos atômicos. (O gajosa antes que ela se solidifique. Entre as inúme-
núcleo é a parte central do átomo, a que contém a ras coisas já encontradas dentro de fragmentos de
maior parte de sua massa.) Sempre que ocorre radio- âmbar estão bolhas de ar, folhas, pinhas, pedaços
de madeira, insetos, aranhas e até rãs e sapos. As
atividade, ela é acompanhada pela emissão de partícu-
bolhas de ar empanam o brilho do âmbar; sendo
las alfa (núcleos de hélio), partículas beta (elétrons) ou
radiação gama (ondas eletromagnéticas curtas). em geral removidas através de tratamento térmico.
Ao contrário, muitos dos corpos estranhos men-
Minerais radioativos são os que contém ele-
cionados aumentam de modo considerável o valor
mentos químicos instáveis ou variedades raras e
da peça, especialmente se dentro dela estiver uma
instáveis de certos elementos que ocorrem mais
espécie rara ou extinta.
comumente em forma estável. Esses minerais de-
compõem-se naturalmente e, quando isso acontece, O melhor e mais valioso âmbar é transparen-
liberam enormes quantidades de energia em forma te, e fragmentos extremamente polidos são usados
de radiação. A taxa de decomposição natural varia para fazer amuletos e contas. Quando friccionado,
de elemento para elemento e o tempo que leva para o âmbar dá origem à eletricidade estática.
que metade dos átomos de qualquer elemento ra- Os principais depósitos de âmbar no mundo
dioativo se desintegre é conhecido como sua meia- são encontrados no litoral norte da Alemanha: o
vida. O processo de desintegração prossegue e não âmbar pode ser levado pelas águas, do leito do mar
se encerra após uma meia vida. Depois de transcor- Báltico até as praias da Grã-Bretanha. Eis outros
ridas duas meias-vidas, restará ¼ do elemento ori- lugares em que o âmbar é encontrado: Myanma
ginal; depois de três períodos, restará 1/8; depois (ex-Birmânia), Canadá, República Tcheca, Repúbli-
de quatro períodos, 1/16, e assim por diante. ca Dominicana, França, Itália e Estados Unidos.
Isótopos Coral
Os núcleos atômicos de um determinado As mais grandiosas estruturas criadas por se-
elemento nem sempre têm a mesma composição. res vivos não são de autoria do homem, mas sim de
Essas variantes do mesmo elemento básico são organismos minúsculos que se unem, formando os
conhecidas como radioisótopos ou isótopos, sim- recifes de coral.
plesmente. Embora as variantes tenham o mesmo
número de prótons da forma básica do elemento, O coral é constituído por esqueletos de ani-
têm um número diferente de nêutrons. mais marinhos chamados pólipos de coral, perten-
Fundamentos de Geologia 31
33. centes à classe zoológica anthozoa. Estes pólipos molusco secreta camadas de carbonato de cálcio.
têm corpos ocos e cilíndricos, e, embora algumas Essas secreções – que de início têm o nome
vezes vivam sozinhos, são com maior freqüência de nácar ou madrepérola – circundam o corpo es-
encontrados em grandes colônias, onde se desen- tranho invasor, e vão construindo sobre ele uma
volvem, um em cima do outro, acabando por cons- casca que endurece com o passar dos anos: esse
tituir grandiosas formações geográficas, como os processo protege o molusco contra o intruso, for-
recifes de coral e atóis. Esses esqueletos são for- necendo ao homem uma das suas mais preciosas
mados de carbonato de cálcio (rocha calcária), que riquezas, a belíssima pérola.
com o passar dos anos se torna maciço.
As pérolas podem ser redondas ou irregula-
O coral pode existir apenas em águas com tem- res, e são brancas ou negras. As pérolas naturais são
peratura acima de 22°C – embora a maior parte deles originárias do golfo Pérsico, do golfo de Manaar,
seja encontrada em águas tropicais, há alguns nas regi- que separa a Índia do Sri Lanka e do mar Verme-
ões mais quentes do mar Mediterrâneo. Pode ser azul, lho. As pérolas de água doce são encontradas nos
rosa, vermelho ou branco. O coral vermelho é o mais rios da Áustria, França, Alemanha, EUA (Mississi-
valioso, e há milhares de anos é usado em jóias. pi), Irlanda e Grã-Bretanha (Escócia).
As pérolas cultivadas – isto é, pérolas cuja
Marfim
produção é artificialmente induzida pela inserção
O marfim é uma espécie de dentina que for- deliberada de uma pequena conta que incita a ostra
ma as presas de grandes animais selvagens – espe- a criar uma pérola – são produzidas principalmente
cialmente dos elefantes, mas também de hipopó- no Japão, onde as águas rasas do litoral propiciam
tamos e javalis. Os mamíferos marinhos como o condições ideais para isso.
cachalote, o narval, o leão-marinho e a morsa tam-
bém são capturados por causa dele. O marfim tem Azeviche
cor branca cremosa, é um material raro e bonito,
e, embora seja muito utilizado em decoração des- O azeviche é uma variedade de carvão e ,como
de o começo da humanidade – uma peça de presa tal, foi formado há milhões de anos, originário da ma-
de mamute entalhada, encontrada na França, tem deira imersa em água estagnada e depois comprimida
mais de 30 000 anos -, houve nos últimos 50 anos e fossilizada por camadas posteriores do mesmo ma-
uma mudança radical de atitude em relação ao esse terial e de outros, que se acumularam por cima dele.
tipo de exploração dos animais para o benefício e Sabe-se que o homem extrai o azeviche des-
prazer do homem. Muitos que antes teriam cobi- de 1400 a.C., e durante a ocupação da Grã-Breta-
çado peças de marfim agora são estimulados a usar nha os romanos davam-lhe tanto valor que muitos
alguns de seus muitos substitutos, como o marfim carregamentos desse material eram freqüentemen-
vegetal, osso, chifre e jaspe. No entanto, apesar da te enviados para Roma.
conscientização cada vez mais generalizada a res-
A beleza do azeviche é acentuada pelo po-
peito do problema, e da legislação internacional
limento, e por causa de sua cor negra era muito
que protege os animais sob ameaça de extinção, os
procurado no século XIX para fazer adornos usa-
elefantes continuam a ser caçados em muitas regi-
dos em ocasiões de luto. Como o âmbar, o azeviche
ões da África e da Índia por caçadores clandestinos
gera eletricidade estática quando friccionado.
de marfim, e ainda correm perigo de extinção.
Pérola Fósseis
As pérolas são formadas por ostras e me- O que são fósseis?
xilhões de água doce como um tipo de proteção Fósseis são restos preservados de plantas ou
contra parasitas ou grãos de areia que penetram em animais mortos que existiram em eras geológicas
suas conchas, causando irritação. passadas. Em geral apenas as partes rígidas dos or-
Ao se iniciar o processo de irritação, uma cama- ganismos se fossilizam – principalmente ossos, den-
da de tecido – “manto” – entre a concha e o corpo do tes, conchas e madeiras. Mas às vezes um organismo
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34. inteiro é preservado, o que pode ocorrer quando as mos muito delgados, como folhas, por exemplo, são
criaturas ficam presas em resina de âmbar; ou então chamados de impressões. Quando pegadas, rastros
quando são enterradas em turfeiras, depósitos sali- ou fezes fossilizadas (coprólitos) são assim prensa-
nos, piche natural ou gelo. Entre as muitas descober- dos e preservados chamam-se vestígios fósseis.
tas fascinantes feitas em regiões árticas extremamen- As melhores condições para a fossilização
te geladas como o norte canadense e a Sibéria, na surgiram durante sedimentações rápidas, principal-
Rússia, temos os restos perfeitamente preservados mente em regiões onde o leito do mar é profundo o
de mamutes e rinocerontes lanudos. bastante para não ser perturbado pelo movimento
Essas descobertas são excepcionais e, quando da água que há por cima.
ocorrem, chegam às manchetes do mundo inteiro. Em termos gerais, todo fóssil deve ter a mesma
A maioria dos fósseis transforma-se em pe- idade do estrato de rocha onde se encontra ou, pelo
dra, um processo que leva o nome de petrificação. menos, deve ser mais jovem que a camada diretamen-
De modo geral existem três tipos de fossili- te abaixo e mais velho que a camada diretamente aci-
zação. O primeiro é chamado de permineralização. ma dele. Existe, porém, um pequeno número de exce-
Isso acontece quando líquidos que contém sílica ou ções, quando o estrato provém de alguma rocha mais
calcita sobem à superfície e substituem os compo- velha e se depositou numa rocha mais nova através de
nentes orgânicos originais da criatura ou planta que processos de sedimentação ou metamorfose.
ali morreu. O processo leva o nome de substituição Portanto, quando o cientista sabe a idade da
ou mineralização. Em quase todo o mundo existem rocha é capaz de calcular a idade do fóssil. Talvez
ouriços-do-mar silicificados em depósitos de gre- o resultado mais espetacular disso tenha ocorrido
da; eles constituem um dos principais fósseis que no século XIX, quando cientistas britânicos des-
você deve procurar em suas excursões. cobriram os restos de misteriosas criaturas que, de
Quando o organismo fossilizado contém te- acordo com os estratos circundantes, teriam for-
cidos moles – carne e músculos, por exemplo -, o çosamente existido há pelo menos 65 milhões de
hidrogênio e o oxigênio que compunham essa estru- anos. Esses animais de aspecto tenebroso – que até
tura em vida são liberados, deixando para trás apenas então eram completamente desconhecidos do ser
o carbono. Este forma uma película negra na rocha humano – foram batizados de “dinossauros”, pala-
que delineia o contorno do organismo original. Esse vra de origem grega que significa “lagartos terríveis”.
contorno chama-se molde, e os moldes de organis-
ROCHAS ÍGNEAS
Como já foi dito anteriormente, as rochas ígneas são formadas pela cristalização do magma quando
este se resfria.
O magma (rocha fundida) vem de profundidades geralmente acima de 200 km e consiste primaria-
mente de elementos formadores de minerais silicatados (minerais do grupo dos silicatos, formados por
silício e oxigênio, acrescidos de alumínio, ferro,
cálcio, sódio, potássio, magnésio, dentre outros).
Além destes elementos, o magma também contém
gases, principalmente vapor d’água.
Saiba mais!
As erupções vulcânicas lançam para
Como o magma é menos denso que as
superfície fragmentos de rocha e fluxos
rochas, ele migra tentando ascender à superfí-
de lava. A lava é similar ao magma, contu-
cie, num trabalho que leva centenas a milhares
do, na lava, a maior parte dos gases consti-
de anos. Chegando à superfície o magma extra-
tuintes do magma já escapou.
vasa produzindo as erupções vulcânicas.
Fundamentos de Geologia 33
35. As grandes explosões que às vezes acompanham as erupções vulcânicas são produzidas pelos gases
que escapam sob pressão confinada.
As rochas resultantes da solidificação ou cristalização da lava geram dois tipos de rocha:
Rochas vulcânicas ou extrusivas: são as que se cristalizam na superfície;
Rochas plutônicas ou intrusivas: são aquelas que se cristalizam em profundidade.
À medida que o magma se resfria, são criados cristais de minerais até que todo o líquido é transfor-
mado em uma massa sólida pela aglomeração dos cristais.
A razão ou taxa de resfriamento influencia do tamanho dos cristais gerados:
Quando o resfriamento se dá de forma lenta os cristais têm tempo suficiente para crescerem,
então a rocha formada terá grandes cristais, ou seja, a rocha será constituída por poucos e bem
desenvolvidos cristais;
Quando o resfriamento se dá de forma rápida ocorrerá a formação de um grande número de
pequenos cristais.
Saiba mais!
Desta forma, se uma rocha ígnea apresenta cristais que são visíveis apenas com o auxílio de
um microscópio, sabe-se que ela se cristalizou muito rápido. Mas, se os cristais identificados a olho
nu, então essa rocha se cristalizou lentamente.
Em geral, as rochas vulcânicas se cristalizam rapidamente pela brusca mudança de condições de
temperatura quando a lava chega á superfície, já as rochas plutônicas geralmente se cristalizam mais len-
tamente em regiões mais profundas.
Como se classificam as rochas ígneas?
As rochas ígneas podem variar muito de composição e aparência física. Isso ocorre devido às dife-
renças na composição do magma, da quantidade de gases dissolvidos e do tempo de cristalização.
Existem dois principais modos de classificar as rochas ígneas: com base na sua textura e com base
na sua composição mineralógica.
Classificação das rochas ígneas de acordo com sua textura
A textura descreve a aparência geral da rocha, baseada no tamanho e arranjo dos cristais. A textura
é importante porque revela as condições ambientais em que a rocha foi formada.
Afanítica: as rochas apresentam pequenos cristais muito pequenos. Estas rochas podem ter se
cristalizado próximo ou na superfície.
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36. Em algumas situações, essas rochas podem mostrar pequenos buracos formados devido ao escape
de gases durante a sua cristalização que são chamados de vesículas.
Fanerítica: são formadas quando as massas de magma se solidificam abaixo da superfície e os
cristais têm tempo suficiente para se desenvolverem. Neste caso a rocha apresenta cristais gran-
des, que podem ser individualmente identificados.
Porfirítica: como dentro do magma os cristais não são formados ao mesmo tempo, alguns
cristais podem ser formados enquanto o material ainda está abaixo da superfície. Se ocorrer a
extrusão deste magma, os cristais formados anteriormente, quando o magma estava no interior
da crosta, ficarão emersos em um material mais fino solidificado durante a erupção vulcânica.
O resultado é uma rocha com cristais grandes emersos em uma matriz de cristais muito finos.
Esses cristais maiores são chamados de pórfiros, daí a textura recebe o nome de porfirítica.
Vítrea: a textura vítrea ocorre quando, durante as erupções vulcânicas, o material se resfria tão
rapidamente em contato com a atmosfera que não há tempo para ordenar a estrutura cristalina.
Neste caso não são formados cristais e sim uma espécie de vidro natural.
A mais comum destas rochas é conhecida como obsidiana. Um outro tipo de rocha vulcânica que
exibe a textura vítrea é a púmice (vendida comercialmente como pedra púmice). Diferentemente da ob-
sidiana, a púmice exibe muitos veios de ar interligados, como uma esponja, devido ao escape de gases.
Algumas amostras de púmice inclusive flutuam na água devido a grande quantidade de vazios.
Classificação das rochas ígne-
as de acordo com sua composição
mineralógica
Você sabia?
O cientista N. L. Bowen descobriu que,
A composição mineral das rochas ígne- em magmas resfriados em laboratório, certos
as depende da composição química do magma minerais se cristalizam primeiro, em tempera-
a partir do qual estes minerais serão formados. turas muito altas. Com o abaixamento suces-
Contudo, um mesmo magma pode produzir ro- sivo da temperatura, novos cristais vão sendo
chas de composição mineral muito diversa. formados. Ele descobriu também que os cris-
Esta seqüência de cristalização é conhe- tais formados reagem com o magma restante
cida como série de cristalização magmática ou para criar o próximo mineral.
Série de Bowen.
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