O documento discute a teoria de educação centrada no aluno de Carl Rogers. Ele argumenta que a aprendizagem deve se concentrar nos interesses e sentimentos do aluno, não na transmissão de fatos. Isso é melhor alcançado quando o professor assume o papel de facilitador, estabelecendo uma relação democrática e demonstrando interesse pelo aluno. O papel do facilitador é estimular a curiosidade do aluno e desafiá-lo a buscar conhecimento por conta própria, usando autenticidade, compreensão empática e aceitação positiva in
Educação centrada no aluno segundo teoria de carl rogers
1. Educação centrada no aluno segundo teoria de Carl Rogers1
A teoria de Carl Rogers nos remete a uma reflexão sobre o processo de aprendizagem que permeia
a educação tradicional, instigando-nos ao desenvolvimento de um posicionamento crítico no
sentido de propor mudanças a esse processo, apontando assim caminhos para a construção de
uma aprendizagem mais significativa para o aprendiz, onde esta “é mais que uma acumulação de
fatos, é uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do
indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma
aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra
profundamente todas as parcelas da sua existência”. (ROGERS, 2001).
Está explícito no discurso de Rogers a sua inquietação acerca da metodologia adotada pelas escolas
tradicionais onde suas regras são impostas de cima para baixo, sendo o aluno percebido como um
ser passivo, neutro diante da tomada de decisão acerca de sua aprendizagem.
As escolas preparam seu currículo preocupadas no que deverão ensinar a seus alunos, quando na
verdade a proposta deveria ser outra, ou seja, o objetivo de nosso sistema educacional, desde a
escola maternal até a escola de pós-graduação, deve derivar-se da natureza dinâmica de nossa
1 Texto de Eleomar Paes.
2. sociedade caracterizada por mudança, não por tradição, por processo, não por rigidez estática, seu
objetivo deve ser o desenvolvimento de pessoas plenamente atuantes.
Apesar de alguns críticos considerarem utópica e irrealizável, a teoria em questão é bastante
instigadora e revolucionária e, para que a mesma seja colocada em prática, é necessário que ocorra
uma mudança no âmbito educacional no sentido de proporcionar uma práxis pedagógica mais
centrada no aluno, levando em conta seu real interesse, seus sentimentos, emoções, e esse
objetivo é alcançado mais facilmente quando o professor, na posição de facilitador, busca uma
relação mais democrática com o aluno, demonstrando preocupação e interesse pelo mesmo,
facilitando assim o processo de aprendizagem.
Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem. Numa abordagem centrada na
pessoa, o professor não é mais visto com centro do processo ensino-aprendizagem, onde o
docente era o detentor do conhecimento, e esse transferia as informações para os seus alunos.
Pelo contrário, na teoria de Carl Rogers, o professor é visto como um facilitador, onde não é o
docente que ensina, e sim o aluno que aprende; o importante não é o que ele aprende, e sim como
ele aprende. O papel do professor facilitador é instigar o aluno, atiçar a sua curiosidade e desafiá-
lo a buscar novos conhecimentos.
Para que esse processo aconteça é necessário um conjunto de qualidades que transformam o
professor em facilitador da aprendizagem, são elas: autenticidade ou congruência. Rogers, no livro
Pessoa para Pessoa, define esses termos: “Em primeiro lugar, a minha hipótese é que o
crescimento pessoal é facilitado quando o conselheiro é aquele que, na relação com o cliente, é
autêntico, sem máscara ou fachada, e apresenta abertamente os sentimentos e atitudes que nele
surgem naquele momento. Empregamos a palavra ‘congruência’ para tentar descrever esta
condição”, ou seja, o professor na condição de facilitador ele é autêntico, sem disfarce ou
falsidade, ele se assume como ele é, com defeitos e qualidades, tristezas e alegrias, e essa
transparência é que cativa os alunos e conquista a confiança deles.
Compreensão empática como a capacidade de se emergir no mundo subjetivo do outro e de
participar na sua experiência, na extensão em que a comunicação verbal ou não verbal o permite.
É a capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar do outro, de ver o mundo como ele o vê,
ou seja, é a capacidade do professor facilitador de se colocar na posição de aluno, podendo assim
compreender quais as dificuldades dos estudantes, valorizando-os enquanto ser.
Aceitação positiva incondicional é aceitar o outro da maneira que ele é, sem preconceitos ou
julgamentos, com respeito e apreço pelas expressões dos seus alunos. O facilitador confia no
estudante e acredita que ele é um ser em transformação.
Em suma, para que a aprendizagem seja significante para o educando, é necessário que haja uma
boa relação interpessoal entre o facilitador e o aprendiz, e essas qualidades acima citadas são as
bases para essa relação, proporcionando assim uma esfera de bem estar emocional e intelectual
onde o desenvolvimento da aprendizagem terá um maior aproveitamento.