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AULA 01
A importância das análises geracionais
Os jovens não estão
(2017)
Luiz Felipe Pondé
lI
mais “evoluídos”
O conceito de "geração", tal como usamos hoje, é um produto essencialmente do marketing americano
dos anos 1950 e 1960. Naquele momento, em um mundo do pós-guerra era necessário mapear os desejos,
aspirações e inspirações dos jovens de então, encarregados de reconstruir os EUA e, por que não, grande
parte do mundo. Nasce então os baby boomers. Assim sendo, quando se fala em "geração”, não se está
falando apenas em datas, mas em um conjunto de elementos materiais e sociais que determinam em
grande medida o comportamento de um conjunto de jovens. Do marketing, em si uma ciência social
aplicada, o conceito migrou para as ciências sociais teóricas (sociologia, antropologia, ciência política),
para a economia, para a psicologia, e mesmo para a filosofia. O conceito de geração, assim, ganhou
credenciais sólidas como ferramenta de análise do mundo contemporâneo. Os traços de comportamento
de cada geração estão ligados diretamente aos elementos materiais e simbólicos que constituem a esfera
de sentido, práticas, expectativas e afetos desses jovens. Entretanto, não se pode esquecer que um jovem
nascido em 1990 em uma sociedade afluente não é a mesma coisa de um jovem nascido na mesma data
em uma sociedade miserável. É dificil falar de millennials na Libéria. Logo, geração, como dito acima, não é
apenas uma questão de datas, mas, muito mais, uma questão de elementos materiais econômicos e sociais
que constituem a "qualidade” de vida que uma sociedade é capaz de gerar para seus jovens (p. 1).
.
pelo próprio nome da geração, os baby boomers são "fazedores de filhos", logo,
investidores na vida, corajosos, seguros de seu papel no mundo trabalhar, melhorar as
condições materiais de vida, ter mulher, marido, filhos). Tomar o mundo a sua volta um
lugar seguro, duradouro, doméstico", confiável. Nascidos entre 1946 e 1964 (não fique
obcecado com datas, elas podem se mover um pouco para cá e um pouco para lá), os
baby boomers seriam a última geração que sabia o que queria, por quê? Talvez
porque, de lá para cá, o mundo se tornou mais confuso, complexo, saturado de
informação, muitas opções sociais e materiais, enfim, o mundo se tornou um lugar
cheio de dúvidas ao invés de um mundo em que a "pauta" primeira e mais importante
era sua reconstrução e manutenção da vida. Em que pese muito as características de
um conceito vindo do mundo do marketing e suas construções imaginárias a serviço
do consumo, o debate credenciado sobre as gerações impacta as famílias, o mercado
de trabalho, as escolas e o futuro das sociedades contemporâneas (p. 2).
A geração X (nascidos entre 1965 e 1980) já apresentava menos segurança,
Impactada pela guerra do Vietnã e as primeiras críticas ao modo ocidental de
viver (sociedade de mercado e consumo), pisa o pé no freio do número de
filhos (alguns os chamaram mesmo de baby busters), iniciando um ciclo de
recusa de filhos que se radicalizará nos millennials (nascidos entre 1981 e
1994). Afinal, por que ter menos filhos é um marco nesse processo? Porque
filhos representam insegurança na própria capacidade de cuidar deles
materialmente, psicologicamente e socialmente (o que não implica em acertar
sempre em tudo isso). Em um mundo cada vez mais incerto, isso se torna uma
questão, principalmente para as mulheres que começam a pensar mil vezes
antes de engravidar e perder o lugar no mercado de trabalho (p. 2).
Os millenials, além dessa condição de negação de filhos, apre sentam as marcas de um
razoável ciclo de paz e enriquecimento. O resultado são jovens mais seguros quanto as
próprias capacidades porque mimados em casa, beirando a arrogância pura e simples, um
certo narcisismo, impaciência com coisas que não gostam de fazer, obcecados com a busca
de prazer (a riqueza instalada sempre foi vista pela filosofia e psicologia como agente possível
de risco para virtudes como humildade, disciplina e respeito a estruturas hierárquicas) e
significado no trabalho, e primeiros a assimilar, ainda relativamente jovens, o mundo das
mídias sociais e tecnologias disruptivas da informação e comunicação na sua formação como
jovens adultos. Ao mesmo tempo, essa mesma riqueza "disponível" levou muitos millennials a
abraçar causas sociais dentro de um quadro do chamado capitalismo consciente. O
surgimento dos primeiros sinais de um capitalismo cada vez mais desregulado (neoliberal,
como se costumava falar), também produziu uma sensação geral de risco no mercado de
trabalho e a busca do empreendedorismo a fim de não ser empregado de ninguém (p. 2-3).
E os iGen ou geração i? O mais importante
nesse debate sobre os jovens de hoje, que
estão entre as escolas, as universidades e o
inicio da vida no mercado de trabalho, é
romper as falsas imagens que se construiu
sobre eles. E qual é essa imagem?
iGen
(2017)
Jean M. Twenge
lI
Nascidos a partir de 1995, eles cresceram com telefones celulares, já tinham uma página no
Instagram antes de ingressar no ensino médio e não imaginam como era a vida antes da
internet… A predominância absoluta do smartphone entre adolescentes tem efeitos sobre todas
as facetas da vida da geração i, desde as interações sociais à saúde mental. Essa é a primeira
geração que tem acesso constante à internet. Mesmo se seu smartphone for um Samsung e seu
tablet, um Kindle, todos esses jovens são da geração i. (E mesmo adolescentes de famílias de
baixa renda passam tanto tempo conectados à internet quanto os de classes mais afluentes —
outro efeito dos smartphones.) O adolescente comum checa seu celular mais de oitenta vezes
por dia. No entanto, a tecnologia não é a único fator novo que molda a chamada iGen, ou
geração i, em que o 'i' representa o individualismo marcante de seus membros, uma ampla
tendência que nortea seu senso inabalável de igualdade, assim como sua rejeição as regras
sociais tradicionais. Isso também capta a desigualdade de renda, que gera uma insegurança
profunda entre os chamados centennials, que se preocupam em fazer as coisas certas para
alcançar éxito financeiro e se tornar alguém que "tem", não um “carente" (p. 16).
Devido a essas e diversas outras influências, a geração i é distinta de todas as gerações
anteriores em relação a como seus membros despendem o tempo, como se comportam
e seus posicionamentos quanto a religião, sexualidade e politica. Eles socializam de
maneira completamente inédita, rejeitam tabus sociais outrora sagrados e querem
coisas diferentes em suas vidas e carreiras. Eles têm obsessão por segurança e temor
por seu futuro econômico, e não toleram a desigualdade baseada em gênero, etnia ou
orientação sexual. Eles estão em primeiro plano na pior crise de saúde mental em
décadas, com taxas de depressão e suicídio entre adolescentes disparando desde 2011.
Ao contrário da ideia corrente de que as crianças estão crescendo mais rapidamente do
que as gerações anteriores, a geração i está crescendo mais lentamente: hoje, um jovem
de dezoito anos age como um de quinze antigamente, e um de treze anos se comporta
como se tivesse dez. Os adolescentes estão mais seguros fisicamente do que nunca,
porém são mais vulneráveis mentalmente (p. 16-17).
Tendências importantes da Geração i
Infantis - sem pressa de estender a infância e adolescência
Internet - primeira geração em conexão constante
Inseguros - aumento de doenças neuro-psicológicas
Incrédula - diminuição do interesse em religião
Isolada - declínio da comunicação social presencial
Indefinida - indiferente aos padrões de sexo, família, etc.
Inclusiva - tolerante quanto à liberdade de expressão
Independente - não se sente representada politicamente
A hora da geração digital
(2010)
Don Tapscott
lI
Espero que este livro destrua alguns dos mitos a respeito dessa geração, revelando do que eles realmente
gostam e como podemos aprender com eles a fim de melhorar as nossas instituições e a nossa sociedade.
Talvez os empregadores pensem em mudar suas práticas de RH e sua gestão depois de verem o valor da
conduta extraordinariamente colaborativa da Geração Internet, que se tornou tão importante para os
negócios no século XXI. Espero que os educadores pensem em alterar sua abordagem tradicional da
educação, do tipo “cuspe e giz", depois de verem como ela é inapropriada para os estudantes da Geração
Internet. Tenho certeza de que os políticos observarão cuidadosamente as novas maneiras como a internet
foi usada na campanha de Obama para arregimentar os jovens. Espero que os pais que vão às minhas
palestras por se perguntarem o que está acontecendo com os filhos leiam este livro e os entendam um
pouco melhor. Espero que este livro os tranquilize e os ajude a perceber que a imersão digital é uma coisa
boa para seus filhos. Este é um período extraordinário da história humana. Pela primeira vez, a geração que
está amadurecendo pode nos ensinar como preparar o nosso mundo para o futuro. As ferramentas digitais
de sua infância e juventude são mais poderosas do que as que existem em boa parte das empresas
americanas. Acredito que, se os ouvirmos e mobilizarmos, sua cultura de interação, colaboração e
capacitação guiará o desenvolvimento econômico e social e preparará este planeta cada vez menor para
um futuro mais seguro, justo e próspero. (p. 17-18).
A importância de aprender sobre as novas gerações não servirá
apenas para ver uma nova cultura de trabalho de alto desempenho
surgir, mas também para entender a escola e a universidade do
século XXI, a chamada empresa inovadora, entender porque as
famílias querem ser mais abertas, e até mesmo uma democracia na
qual os cidadãos são engajados em uma nova sociedade em rede.
Nesse cenário, a pergunta que nos resta é: como a Igreja de Jesus
irá responder? Como iremos cultivar os discípulos do futuro? Como
essas mudanças afetaram o povo de Deus?
AULA 02
Infantis: a lentidão no processo de amadurecimento
das crianças
iGen
(2017)
Jean M. Twenge
lI
Uma abordagem chamada teoria da história de vida esclarece alguns pontos. Essa
teoria argumenta que o ritmo de crescimento dos adolescentes depende de onde e
quando eles são criados. Em uma linguagem mais acadêmica, a velocidade
"desenvolvimental" é uma adaptação a um contexto cultural. Os adolescentes de
hoje seguem uma estratégia lenta de vida, que é usual em épocas e lugares em que
as famílias têm menos filhos e se dedicam intensamente a cada um deles por mais
tempo. Essa é uma boa descrição da cultura atual nos Estados Unidos, onde uma
família comum tem dois filhos, as crianças começam a praticar esportes organizados
aos três anos e desde a escola primaria se preparam para uma faculdade. Já em uma
estratégia rápida de vida, as famílias são maiores e os pais se concentram mais na
subsistência do que na qualidade. Essa estratégia rápida envolve menos preparação
para o futuro e mais foco em enfrentar um dia de cada vez (p. 40).
Em comparação com seus antecessores, os adolescentes da iGen são menos propensos a sair sem os pais,
a namorar, a fazer sexo, a dirigir, a trabalhar e a ingerir álcool. Adultos fazem todas essas coisas, mas
crianças não. A maioria das pessoas experimenta tais coisas pela primeira vez na adolescência - a época
intermediária entre a infância e a vida adulta. No ensino médio, os centennials são surpreendentemente
menos propensos a testar esses marcos outrora quase universais na adolescência, essas primeiras
experiências inebriantes de independência em relação aos pais que fazem o jovem se sentir adulto pela
primeira vez… Para o bem e para o mal, os adolescentes da iGen não têm pressa para crescer. Atualmente,
os jovens de dezoito anos parecem com os de quatorze anos antigamente, e os de quatorze parecem ter
dez ou doze anos. Toda essa história do crescimento lento começou bem antes da iGen. As primeiras
mudanças na velocidade “desenvolvimental" surgiram entre jovens adultos da geração X na década de
1990, os quais começaram a adiar os marcos tradicionais da vida adulta como seguir uma carreira, casar e
ter filhos… Ainda assim, os adolescentes da geração X não desaceleraram — são tão propensos a dirigir,
consumir álcool e namorar quanto os boomers, e mais propensos a fazer sexo e a engravidar na
adolescência. Mas então eles esperavam mais tempo para atingir uma vida adulta plena, com carreiras e
filhos. Portanto, a geração X conseguiu estender a adolescência além de todos os limites anteriores: eles
começaram mais cedo a se tornar adultos e concluíram esse processo mais tarde (p. 58).
Começando com os millennials e depois se acelerando com os centennials, a
adolescência está sendo novamente encurtada, pois a duração da infância
aumentou, com adolescentes tratados mais como crianças, menos
independentes e mais protegidos do que nunca pelos pais. Toda a trajetória
"desenvolvimental", desde a infância e a adolescência até a vida adulta, ficou
mais lenta. A adolescência — tempo de começar a fazer coisas que os adultos
fazem — agora começa mais tarde. Adolescentes de treze anos — e até jovens
de dezoito anos — são menos propensos a agir e a despender seu tempo como
adultos. Eles são mais propensos a agir como crianças — não necessariamente
por serem imaturos, mas porque adiam as atividades usuais dos adultos. Agora,
a adolescência é mais uma extensão da infância do que o início da vida adulta (p.
59-60).
Nem “mais bem-comportados" nem "tediosos" capta o que realmente está acontecendo com os
centennials: eles simplesmente estão demorando mais tempo para amadurecer. É, portanto, mais
apropriado empregar os termos da teoria da história de vida discutida anteriormente: os
adolescentes talvez tenham adotado uma estratégia lenta de vida devido a famílias menores e a
demandas forjadas pela desigualdade crescente de renda. Os pais têm tempo de cultivar cada
criança para que tenha êxito no ambiente econômico cada vez mais competitivo, o que pode levar
21 anos em vez de dezesseis, como antigamente. A mudança cultural em prol do individualismo
também pode ter um papel nisso: a infância e a adolescência são etapas extremamente
autofocadas, de modo que prolongá-las permite cultivar mais o eu individual. Com menos filhos e
mais tempo para dedicar a cada um, cada criança é notada e celebrada. Certamente, o
individualismo cultural é ligado à velocidade "desenvolvimental" mais lenta nos países e épocas.
Mundo afora, jovens adultos amadurecem mais lentamente em países individualistas do que
naqueles coletivistas. E, como a cultura americana se tornou mais individualista de 1965 até o
presente, os jovens adultos passaram a demorar cada vez mais para assumir para valer uma vida
profissional e familiar (p. 61).
Há também outro fator: vários estudos bem divulgados sobre desenvolvimento cerebral mostram
que o córtex frontal, a área do cérebro responsável por julgamentos e a tomada de decisões, só
conclui seu desenvolvimento aos 25 anos. Isso gerou a ideia de que os adolescentes não estão
totalmente preparados para crescer e, portanto, precisam de mais proteção por um tempo mais
longo. Essas descobertas sobre cérebros adolescentes subdesenvolvidos inspiraram numerosos
livros, artigos e orientações on-line para os pais. O curioso é que a interpretação desses estudos
parece ignorar uma verdade fundamental das pesquisas científicas: o cérebro muda com base nas
experiências. Talvez os adolescentes e jovens adultos de hoje em dia tenham o córtex frontal
subdesenvolvido porque não tiveram de assumir responsabilidades típicas dos adultos. Se houvesse
exames de ressonância magnética do cérebro em 1950, imagino o que eles teriam mostrado de uma
geração que geralmente começava a trabalhar aos dezoito anos, se casava aos 21 e logo em
seguida tinha filhos. No entanto, essa interpretação de tais estudos nunca é oferecida, deixando os
pais acreditarem que seu filho adolescente ou jovem adulto é biologicamente programado para
fazer más escolhas e que, portanto, é melhor protegê-lo pelo máximo de tempo possível (p. 61).
Como criar um adulto
(2015)
Julie Lythcott-Haims
lI
Baseada em seus valores e experiências, bem como no contexto daqueles vários fatores sociais que vimos
terem existido na década de 1980, essa geração desempenhou papel mais ativo na vida de seus filhos. Se
seus pais haviam sido emocionalmente distantes, eles se fizeram emocionalmente presentes na vida das
crianças, muitas vezes tornando-se seus amigos mais próximos. Se seus pais não haviam se metido em nada,
eles tentaram controlar e assegurar resultados para a prole, tornando-se seus defensores mais veementes.
Se seus pais haviam respeitado a hierarquia, a estrutura e autoridade, cles questionaram tudo isso com
espírito de vingança e suscitaram transformações sociais grandiosas, como a revolução sexual, os lares com
duas rendas, o rápido aumento do número de divórcios e a mentalidade, que talvez tenha alguma relação
com isso, de que é preciso passar, com as crianças, um "tempo de qualidade, e não muito tempo” - isto é,
não é a quantidade de tempo o que importa, e sim o modo como o passamos. Como pais, essa gente,
sempre acostumada a expressar a própria opinião, a ser ouvida e a conseguir o que queria, desejava estar ao
lado" de filhos a qualquer custo; ainda desafiavam o sistema, mas agora em favor deles, muitas vezes
anulando-se a si mesmos como para-choques entre as crianças, o sistema e suas figuras de autoridade. E
isso mesmo quando seus filhos já eram crescidos. Se pensarmos somente nos resultados de curto prazo, um
estilo muito participativo de educação traz segurança, assegura oportunidades e garante resultados (p. 14-15)
Um elevado nível de envolvimento dos pais na vida dos filhos é
obviamente um sinal de amor — algo bom, sem dúvida. Porém,
quando deixei, em 2012, o cargo de diretora em Stanford, eu havia
interagido não apenas com um número grandioso de pais, mas
também com alunos que pareciam depender deles de maneira que
parecia simplesmente ruim. Comecei a me preocupar com o fato de
os "meninos na faculdade” (nome pelo qual os universitários
passaram a ser conhecidos) não estarem plenamente formados como
seres humanos. Eles pareciam estar sempre procurando a mamãe e o
papai. Pela metade. Existencialmente impotentes (p. 15-16).
E será que alguns desses pais não se voltaram demais para os próprios desejos e necessidades,
obscurecendo as chances que seus filhos tinham de desenvolver um traço psicológico fundamental
chamado "autocficácia" — isto é, aquilo que o destacado psicólogo Albert Bandura identifica como
"a crença nas próprias capacidades de organizar e executar as ações exigidas ao manejo de
situações possíveis”? Há, aqui, uma ironia profundamente arraigada: talvez aqueles defensores da
realização pessoal tenham feito tanto pelos seus filhos que lhes subtraíram a oportunidade de crer
no próprio eu. Será que a educação que se tornou lugar-comum (e, em muitas comunidades,
também norma) desde meados dos anos 1980, uma educação preocupada com a segurança,
focada no triunfo acadêmico e na promoção da autoestima, não subtraiu de nossos filhos a chance
de se tornarem adultos saudáveis? O que será dos jovens adultos que parecem hábeis no papel,
mas parecem ter dificuldades para encontrar o próprio caminho sem o envolvimento constante de
seus pais? Como o mundo real reagirá a um rapaz que cresceu acostumado a ter seus problemas
resolvidos por outros e a ser elogiado a todo instante? Seria tarde de mais para desenvolverem o
anseio de estar no controle da própria vida? Porventura chegará o momento em que deixarão de se
tratarem como garotos e ousarão reivindicar, para si, o rótulo de “adultos”? (p. 16).
Nós os tratamos como a espécimes botânicos raros e preciosos e oferecemos uma quantidade deliberada
e calculada de carinho e alimentação, ao mesmo tempo em que nos metemos em tudo quanto poderia
torná-los mais durões e resistentes. Os homens, porém, precisam de certo grau de resistência para
sobreviver aos grandes desafios que a vida colocará à nossa frente. Sem experimentarem os pontos mais
duros da vida, nossos filhos se tornam sensíveis como as orquídeas, mas são incapazes, às vezes
profundamente incapazes, de prosperarem por si sós no mundo real. Por que a educação deixou de
preparar nossos filhos para a vida e passou a protegê-los dela - o que significa que não estão preparados
para viver a vida por conta própria? E por que esses problemas sobre os quais escrevo parecem estar
arraigados na classe média e na classe média alta? Os pais, afinal, se importam bastante em fazer um bom
trabalho, e se temos a sorte de pertencermos a uma dessas classes, possuímos à nossa disposição os
meios - tempo e renda — que nos ajudam a educar bem. Será, então, que perdemos a noção daquilo em
que realmente consiste a boa criação? E quanto a nossas vidas como pais? ("Que vida?” é uma resposta
razoável.) Nós andamos esgotados. Preocupados. Vazios. Nossas vizinhanças são fotogênicas; nossa
comida e nosso vinho, cuidadosamente harmonizados. No entanto, com a infância parecendo cada vez
mais uma corrida pelo triunfo, podemos dizer que nossos filhos estão levando uma “vida boa”? (p. 17).
Estamos vivendo um abismo geracional inaudito: nunca se
viu uma geração de crianças e adolescentes que não se
rebelava contra a superproteção dos pais — e que, inclusive,
a deseja! É indiscutível que o cuidado e o zelo dos pais é
fundamental, mas quando ele assume proporções idólatras
em nossos corações, passa a se tornar um dos fatores mais
prejudiciais ao amadurecimento das crianças que Deus nos
confiou. É preciso abrir mão da armadilha da superproteção
e começar a prepara as crianças para a vida adulta!
AULA 03
Internet: o novo ritmo pessoal de tempo online
em várias mídias
A hora da geração digital
(2010)
Don Tapscott
lI
Os jovens têm uma afinidade natural com a tecnologia que parece inacreditável. Eles
instintivamente procuram a internet para se comunicar, entender, aprender, achar e fazer
muitas coisas. Para vender um carro ou alugar um apartamento, você usa os classificados;
eles vão para o Craigslist. Uma bela noite para assistir a um filme? Você pega o jornal para ver
o que está passando; eles procuram na internet. Você assiste ao telejornal; eles têm listas RSS
de suas fontes favoritas ou obtêm suas notícias encontrando-as por acaso enquanto navegam
pela internet. Às vezes, você escuta música; os iPods deles estão sempre ligados. Você
consome conteúdo na internet, mas eles parecem estar constantemente criando ou
modificando o conteúdo on-line. Você acessa o YouTube para assistir a um vídeo do qual
ouviu falar; eles entram no YouTube ao longo do dia para descobrir as novidades. Você
compra um novo aparelho e lê o manual. Eles compram um novo aparelho e simplesmente o
usam. Você fala com os outros passageiros no carro, mas seus filhos, sentados no banco de
trás, trocam mensagens de texto entre si. Eles parecem se deleitar com a tecnologia e têm
uma aptidão intrigante para tudo o que é digital (p. 19).
Mas a questão não é apenas como eles usam a tecnologia. Eles parecem se comportar de
outra maneira, parecem até mesmo ser diferentes. Como gestor, você notou que os novatos
colaboram de uma maneira muito diferente da sua. Eles parecem ter novas motivações e não
têm o mesmo conceito de carreira que você. Como profissional de marketing, você nota que a
publicidade televisiva é, em sua maioria, ineficaz para os jovens, que parecem ter
desenvolvido detectores de lorotas. Como professor ou docente universitário, você está
percebendo que os jovens parecem não conseguir manter longos intervalos de atenção, pelo
menos quando devem ouvir as suas explanações. De fato, eles mostram sinais de que
aprendem de uma maneira diferente, e os melhores deles fazem com que a nata dos
estudantes de ontem pareça banal. Como pai, você vê seus filhos se tornando adultos e
fazendo coisas que você nunca teria sonhado, como querer morar com os pais depois de se
formar. Como político, você percebeu há algum tempo que eles não estão interessados no
processo político, mas fica surpreso ao ver como Barack Obama conseguiu engajá-los e
canalizar sua energia para se tornar um candidato à Presidência (p. 20).
Algo está acontecendo aqui. A Geração Internet amadureceu. O fato de ter
crescido em um ambiente digital causou um impacto profundo no seu modo de
pensar, a ponto de mudar a maneira como o seu cérebro está programado. E,
embora apresente desafios significativos para os jovens — como lidar com uma
quantidade vasta de informações ou garantir o equilíbrio entre o mundo digital e
o mundo físico —, essa imersão digital em geral não os prejudicou. Foi algo
positivo. Essa geração é mais tolerante em relação à diversidade racial e é mais
esperta e rápida do que as gerações anteriores. Esses jovens estão
remodelando todas as instituições da vida moderna, do local de trabalho ao
mercado, da politica à educação, até chegarem à estrutura básica representada
pela família. Aqui estão algumas das maneiras como isso está ocorrendo (p. 20).
Há muitos motivos para acreditar que o que estamos vendo é o primeiro caso de uma
geração que está crescendo com conexões cerebrais diferentes das da geração anterior. Há
cada vez mais evidências de que os integrantes da Geração Internet processam informações
e se comportam de maneira diferente porque de fato desenvolveram cérebros
funcionalmente diferentes dos de seus pais. Eles são mais velozes do que os pais, por
exemplo, no processamento de imagens em movimento rápido… Pense no impacto ambiente
midiático rico e interativo dessa geração. Quando eu era criança e morava numa cidade
pequena, havia três canais de televisão, uma pequena biblioteca, um jornal e poucas revistas
que me interessavam. A juventude de hoje nos Estados Unidos tem acesso a mais de
duzentos canais de teve a cabo, 5.500 revistas, 10.500 estações de rádio e quarenta bilhões
de páginas na internet. Além disso, 22 mil livros são publicados anualmente, e 240 milhões de
televisores estão em operação pelo país, sendo que existem até dois milhões deles em
banheiros. Essa geração foi inundada de informação, e o fato de ter aprendido a acessar,
selecionar, categorizar e lembrar de tudo isso aumentou sua inteligência (p. 42).
iGen
(2017)
Jean M. Twenge
lI
Segundo a pesquisa mais recente, hoje em dia, os alunos no 3º ano do ensino
médio passam em média 24 horas por dia digitando mensagens em seus
celulares, cerca de duas horas por dia na internet, uma hora e meia por dia com
jogos eletrônicos e cerca de meia hora em bate-papos com video. Isso totaliza
seis horas por dia com novas mídias — e isso só durante o tempo de lazer. Alunos
do 8º ano do ensino secundário não ficam muito atrás, passando uma hora e meia
por dia ocupados com mensagens de texto, uma hora e meia por dia on-line, uma
hora e meia por dia curtindo jogos e cerca de meia hora em bate-papos com
vídeo — um total de cinco horas por dia com novas mídias. Isso varia pouco
independentemente da situação familiar; adolescentes mais pobres passam tanto
ou mais tempo on-line do que os mais ricos. A era dos smartphones marcou o fim
do abismo entre classes sociais no que concerne ao acesso à internet (p. 69).
Por quê? Talvez porque livros não sejam rápidos o suficiente. Para uma geração
acostumada a clicar no próximo link e seguir para outro em segundos, os livros não
prendem a atenção, Harper, 21, que encontramos anteriormente, tira as melhores
notas na escola, mas diz: "Realmente não sou uma grande leitora. Acho difícil ler o
mesmo livro por muito tempo porque não aguento ficar parada em silêncio. Nós temos
de ler por vinte minutos por dia, e se um livro demora um pouco para ficar
interessante, acho muito difícil continuar a leitura”. Os livros não são a única mídia
impressa em declínio para a geração i. Levantamentos junto a alunos do 8º ano do
ensino secundário e do 1º ano do ensino médio perguntam sobre a leitura de revistas e
jornais, e os declínios são constantes, grandes e espantosos. A leitura de jornais
despencou de quase 70% no início dos anos 1990 para apenas 10% em 2015 (e isso se
refere a ler um jornal pelo menos uma vez por semana, um parâmetro bem baixo). A
leitura de revistas se manteve um pouco melhor (p. 81).
Aparentemente, lidar com mensagens de texto e postar em redes sociais, em vez de ler
livros, revistas e jornais, não são proveltosos para a compreensão de textos ou redações
acadêmicas. Isso talvez se deva parcialmente ao limiar curto de atenção estimulado pelas
novas mídias. Um estudo instalou em notebook de estudantes universitários um programa
que fazia uma captura de tela a cada cinco segundos. Os pesquisadores descobriram que
os estudantes mudavam de tarefas em média a cada dezenove segundos. Mais de 75% das
janelas dos computadores dos estudantes ficavam abertas por menos de um minuto, o que
é completamente diferente de se sentar e ler um livro durante horas. O declínio juvenil na
leitura gera desafios para editoras e muitas pessoas maduras diretamente envolvidas,
incluindo pais e educadores. Por exemplo, como estudantes que raramente leem livros vão
digerir um livro de 800 páginas obrigatório na faculdade? A maioria dos professores relata
que os alunos não leem nem sequer os livros obrigatórios. Muitas editoras estão investindo
mais em livros eletrônicos interativos para atrair os estudantes (p. 84).
Em suma: a iGen passa muito mais tempo on-line e digitando mensagens de texto, e
muito menos tempo envolvida com mídias mais tradicionais como revistas, livros e
TV. Os centennials despendem tanto tempo em seus smartphones que não estão
interessados nem disponíveis para ler revistas, ir ao cinema ou ver TV (a menos que
seja em seus celulares). Embora a TV fosse um prenúncio da revolução das telas, a
internet acelerou a decadência da mídia impressa. Após a invenção da prensa
tipográfica em 1440, por mais de quinhentos anos as palavras impressas em papel
foram o grande meio para transmitir informações. A época atual marca uma mudança
radical em relação a isso. O futuro da igen e de todos nós será moldado por essa
revolução. Sob uma perspectiva otimista, páginas da internet serão complementadas
por longas passagens de texto em livros eletrônicos, e todas as informações de que
precisamos estarão disponíveis em nossos notebooks e na internet (p. 88).
Diante dessas mudanças de conectividade entre
jovens e adolescentes, existe uma pergunta que se
faz urgente: se eles passam mais tempo se
comunicando com os amigos on-line, com que
frequência os adolescentes de hoje veem os amigos
ao vivo? A interação eletrônica substituiu a interação
cara a cara? Quais os efeitos dessa mudança no seu
processo de amadurecimento?
AULA 04 (Bônus!)
Internet: a influência das telas no
desenvolvimento neurológico da criança
A Criança Digital
(2014)
Gary Chapman
lI
Arlene Pellicane
As imagens em movimento são extraordinariamente estimulantes
para o cérebro, seja na tela plana da televisão, seja na tela do
smartphone. O cérebro em desenvolvimento da criança é
particularmente sensível e está cada vez mais exposto a novas
tecnologias. Quando nasce, o bebê vem ao mundo equipado com
cem bilhões de neurônios. Durante os três primeiros anos de vida,
esses muitos neurônios trabalham ativamente, estabelecendo
conexões uns com os outros. Os neuronios extras são eliminados
por volta dos 3 anos. É como podar uma árvore: quando cortamos
as conexões fracas, as fortes florescem (p. 142).
Por meio de ressonância magnética, os neurocientistas mapearam
o crescimento do cérebro em crianças e adolescentes. Os circuitos
do cérebro frontal, que controlam a atenção, se desenvolvem mais
rápido entre os 3 e os 6 anos. O segundo ciclo de formação da
sinapse ocorre no cérebro pouco antes da puberdade (por volta
dos 11 anos nas meninas e dos 12 anos nos meninos). Ocorre,
então, uma nova poda dos neurônios na adolescência. Segundo
alguns especialistas, esse é um momento particularmente
importante no desenvolvimento, capaz de impactar a criança pelo
resto da vida (p. 143).
Esses novatos foram, então, instruídos a passar apenas uma
hora por dia fazendo buscas na internet durante cinco dias.
nenhuma, quando fazia buscas na internet. Mas, quando os
dois grupos ambos apresentou resultados semelhantes. Após
aquele período, o teste foi repetido. As novas imagens
mostraram que o grupo tinha, agora, a mesma atividade no
córtex pré-frontal que o grupo experiente quando pesquisava
Google. Em apenas cinco horas de uso da internet, o cérebro
desse grupo havia sido remodelado (p. 144).
As crianças adoram as palavras eu, meu ou minha. O cérebro infantil não
produz empatia com os outros de forma natural. A empatia precisa ser
aprendida, e o tempo diante das telas quase sempre trabalha contra isso.
Quando estamos fisicamente com uma pessoa, podemos ver a de
expressão quando ela se sente magoada. Não podemos ver nem sentir
essa emoção on-line. Os vídeos que envergonham outras crianças podem
tornar-se a nova sensação que todos compartilham sem levar em conta os
sentimentos da pessoa envolvida. Quando uma criança passa muito tempo
com aparelhos eletrônicos, começa a desligar-se dos sentimentos alheios.
As buscas on-line frequentemente se desviam do objetivo, expondo o
cérebro da criança a imagens chocantes e conteúdo impróprio (p. 146).
Nicholas Carr: "O mundo da tela, como já passamos a entender, é um lugar muito
diferente do mundo da página. Uma, nova ética intelectual assumiu o controle. Os
caminhos de nosso cérebro foram mais uma vez redirecionados. Os leitores
tradicionais de livros mostram atividade nas regiões do cérebro associadas a
linguagem, memória e processamento visual enquanto leem, mas não apresentam
muita atividade nas regiões associadas a tomada de decisões e solução de problemas.
Já os usuários da internet mostram atividades extensas nas regiões relacionadas a
tomada de decisões e de solução de problemas quando navegam pelos sites. A leitura
que exige concentração torna-se difícil on-line que o cérebro precisa avaliar os links,
decidir onde navegar e processar distrações como propagandas. Tudo isso se torna
um empecilho para o cérebro entender o texto na tela. Nosso cérebro on-line trabalha
rapidamente para tomar decisões e navegar em meio a distrações, mas não se
concentra quando se trata de aprendizado (p. 148).
O centro das recompensas.
Bella, 5 anos, aperta o botão do controle remoto e vê uma imagem que a faz rir. É possível
ver o sorriso no rosto dela, mas o que se passa em seu cérebro? O nucleus accumbens, o
centro de prazer do cérebro, é responsável por controlar todas as experiências de prazer.
Quando Bella vê o desenho animado neurotransmissor dopamina envia um sinal a esse
centro de prazer. Bella sente-se bem enquanto vê televisão. Esse é um dos motivos que
dificultam tirá-la da frente da tela para fazer o dever de casa ou jantar. Quando as crianças
procuram mais prazer vendo mais televisão ou jogando mais video games, o nível de
dopamina no cérebro se torna cada vez mais elevado. Porém, quando o sistema do prazer
do cérebro é usado exageradamente, o sentimento de prazer diminui. Os trinta minutos
de video-game que antes davam emoção à criança agora não produzem a mesma alegria.
Assim, ela quer jogar mais ou encontrar um jogo mais estimulante, e começa a procurar
aquela dose renovada de dopamina (p. 149).
O que tudo isso significa é que as emoções de
nosso mundo digital, se excessivas, poderão
causar dependência droga e nos privar das
alegrias simples da vida.
— Sylvia Hart, The Digital Invasion
O que é dependência tecnológica?
Esta é uma expressão relativamente nova, que está sendo cada
vez mais usada pelos médicos. Um estudo pediu a mil alunos em
dez países que parassem de usar a tecnologia e as redes sociais
por apenas um dia. No fim daquele período de 24 horas,
muitos alunos usaram repetidas vezes a palavra dependência. Um
deles disse: "Senti comichões, como se fosse usuário de crack".
Outros não conseguiram ficar um dia inteiro sem a tecnologia. A
maioria disse que sentia falta do celular porque era sua fonte de
conexão e bem-estar (p. 150).
Ressonâncias do cérebro sugerem que video games violentos podem alterar
diretamente a atividade cerebral em pouco tempo, às vezes em uma semana.
Pesquisadores escolheram um grupo de rapazes de 18 a 21 anos, com pouca ou
nenhuma experiência em jogos violentos. Metade dos participantes se envolveu
em jogos de tiro em primeira pessoa durante dez horas, e não jogou
absolutamente nada na segunda semana. O outro grupo não jogou nenhum
video game. O grupo que jogou apresentou menos ativação nas áreas do
cérebro responsáveis por controlar a regulação emocional e o comportamento,
Esse padrão se revelou novamente no fim da segunda semana, embora o
grupo tivesse parado de jogar games violentos. Bastou uma semana de jogos
durante dez horas para provocar uma mudança no cérebro (p. 152).
O cérebro de plástico de seu filho
No final da década de 1990, pesquisadores ingleses examinaram, por meio de
ressonância magnética, o cérebro de dezesseis taxistas de Londres. Eles
descobriram que o hipocampo posterior dos taxistas, a parte do cérebro
responsável pela navegação espacial, era muito maior que a normal. Além disso,
quanto mais tempo de experiência o taxista tinha, mais seu hipocampo havia
aumentado. Mesmo na fase adulta, o cérebro deles havia mudado. O cérebro de
pessoas idosas é capaz de aprender novas habilidades, porém é mais fácil
aprender essas habilidades na juventude. O cérebro de seu filho consegue
aprender matemática, leitura, outros idiomas, música e muito mais. Como pai ou
mãe, você pode moldar o cérebro dele de maneira positiva equilibrar o tempo
diante das telas com leitura, esporte e outras atividades (p. 152-153).
Um número considerável de especialistas concordaria. Quando as
crianças usam a tecnologia de forma exagerada, o estímulo
constante do cérebro eleva o hormônio do estresse chamado
cortisol. O nível muito elevado de cortisol pode impedir a criança de
sentir calma e bem-estar. O dr. Archibald Hart diz: "Parte da função
do cortisol é bloquear os receptores de tranquilidade, tornando a
pessoa mais ansiosa e preparando-a para lidar com uma
emergência. Só que não se trata de uma emergência verdadeira,
mas de uma emergência induzida pelo jogo. Essa perda de
tranquilidade pode causar sérios transtornos de ansiedade (p. 154).
Ensinar suas crianças a encontrar equilíbrio no
mundo digital é desafiador. Muitos fatores
neurológicos, sociais e, acima de tudo, confessionais
estão em jogo. De forma muito prática, para reduzir o
nível de estresse de seu filho, pratique pelo menos
estas 4 atividades em casa: (1) tempo de descanso,
(2) uso restrito de aparelhos eletrônicos, (3)
exercícios físicos e (4) sono!
AULA 05
Internet: a perda da presença física das crianças
pelo tempo online
iGen
(2017)
Jean M. Twenge
lI
Em comparação com o final dos anos 1980, em 2016 os estudantes universitários passavam quatro horas a
menos por semana socializando com os amigos e três horas a menos por semana em festas — ou seja, sete
horas a menos por semana de interação social ao vivo. Isso significa que os centennials encontram os amigos
pessoalmente uma hora a menos por dia do que a geração X e os primeiros millennials. Uma hora a menos por
dia com os amigos representa prejuízos para formar habilidades sociais, administrar relacionamentos e estar em
contato com as próprias emoções. Certos pais talvez considerem que essa hora por dia seja canalizada para
atividades mais produtivas, mas, como vimos nos dois capítulos anteriores, esse tempo não foi diante de telas
substituído por deveres escolares em casa, e sim pelo tempo gasto diante das telas. Os adolescentes também
saem menos com os amigos… Aqueles que não saem com os amigos em uma semana normal geralmente ficam
em casa nas noites de sexta e sábado. Isso representava uma porcentagem inferior a 8% dos alunos do 3º ano
do ensino médio, mas em 2015 quase um em cada cinco jovens no 3º ano do ensino médio não saía com os
amigos durante uma semana normal. A tendência é ainda maior para alunos do 8º ano do ensino secundário e
do 1º ano do ensino médio: na década de 1990, apenas um em cada cinco saía raramente, mas em 2015 isso
aumentou para um em cada três. O início da queda marcante recente em saídas e reuniões com amigos é
altamente suspeito, pois ocorreu justamente quando os smartphones se disseminaram e o uso de redes sociais
realmente decolou. O tempo despendido ao vivo com amigos foi substituído por aquele on-line com amigos
(inclusive os virtuais) (p. 92).
Os adolescentes da iGen têm menos propensão a ir a bares e clubes noturnos - desde 1988,
quando a idade legal para beber foi aumentada para 21 em todo o país, o número de alunos do 3º
ano do ensino médio que ia a esses lugares caiu pela metade. Em 2006, o New York Times
documentou a nova tendência de clubes noturnos para adolescentes (os chamados “starter
clubs”), alguns para menores de dezoito anos. Em 2016, porém, o Times e outros jornais
observaram que muitos clubes de dança estavam fechando. Isso não significa que os
adolescentes estejam em harmonia com a família quando estão em casa. Athena, 13, que
encontramos na Introdução, me disse que ela e suas amigas ficam grande parte desse tempo em
seus celulares. “Quando estão com a família, minhas amigas não conversam, só dizem 'tá, tá,
tanto faz', e ficam ligadas nos celulares. Elas não prestam atenção na família", comentou ela.
Ultimamente, Athena tem passado bastante tempo sozinha: após passar o verão em seu quarto
dedicada à Netflix, a mensagens de texto e a redes sociais, ela contou o seguinte: “Minha cama
tem, tipo, a marca exata do meu corpo". Conforme suas atividades de verão ilustram, há uma
atividade que os centennials fazem mais do que seus antecessores: passar mais tempo de lazer
sozinhos (p. 94).
Em suma: os adolescentes da iGen são menos propensos a participar de todas as
atividades sociais cara a cara mensuradas em quatro conjuntos de dados relativos a
três grupos etários. Essas interações em vias de desaparecimento incluem desde
aquelas com menos gente, como se reunir com os amigos, a outras com muita gente,
como festas. Incluem também atividades sem finalidade específica, como passear de
carro, e outras com um propósito, como ir ao cinema para ver um filme. Outras podem
ser substituídas pela praticidade on-line, a exemplo de ir a um shopping center, ou ser
facilmente imitadas on-line, como estar com os amigos. O fato é que a geração i se
comunica eletronicamente, como mostra a Figura 3.4. E a conclusão é evidente: a
internet dominou tudo. Os adolescentes estão “instagramando", "snapchatting" e
trocando mais mensagens de texto com os amigos do que os encontrando
pessoalmente. Para os centennials, a amizade on-line substituiu a amizade ao vivo (p.
95).
Caso você não seja um centennial, pense como as coisas eram no ensino
médio do que você se lembra mais vividamente? Talvez da festa após a
formatura, do primeiro beijo ou da vez que você e seus amigos se
meteram em uma encrenca no shopping. Certamente você se lembra
bem de algo que aconteceu com seus amigos quando não havia pais por
perto. Tais experiências do cada vez mais raras para os adolescentes de
hoje. Do que eles irão se lembrar — daquelas mensagens de texto hilárias
trocadas com um amigo? De sua melhor selfie! De um meme que se
tornou viral? Ou irão se lembrar das poucas vezes em que de fato
estiveram pessoalmente com seus amigos? (p. 96).
Mais uma vez, a diferença entre atividades com telas e sem telas é
gritante: adolescentes que passam mais tempo diante de telas têm mais
propensão a ser deprimidos, e os que passam mais tempo em atividades
sem telas têm menos propensão a ser deprimidos. Alunos do 8º ano do
ensino secundário que são usuários pesados de redes sociais aumentam
seu risco de depressão em 27%, ao passo que aqueles que praticam
esportes, vão a cultos religiosos ou fazem os deveres escolares em casa
diminuem muito esse risco. Os adolescentes mais ativos nas redes sociais
também são os que correm maior risco de ter depressão, um problema
mental que afeta milhões de adolescentes por ano nos Estados Unidos (p.
102)
três horas por dia diante de telas aumentam a chance de um adolescente se suicidar. Então,
quanto tempo diante de telas é excessivo? Os riscos começam a aumentar a partir de duas
horas ou mais por dia e só pioram, com níveis muito altos de uso (cinco ou mais horas)
ligados a riscos consideravelmente mais altos de suicídio e infelicidade. Isso sugere que a
chave é moderação, não necessariamente a eliminação total de dispositivos eletrônicos da
vida dos adolescentes. Por que o uso de um dispositivo eletrônico é tão ligado ao aumento
no risco de suicídio? Isso não tem a ver com demografia; as probabilidades são
praticamente idênticas quando gênero, etnia e ano escolar são levados em conta. Pode ser
que adolescentes sob risco de suicídio tenham atração por dispositivos eletrônicos. Talvez,
mas os adolescentes, que ficam deprimidos com frequência costumam preferir atividades
passivas, como ver TV, em vez de atividades interativas como redes sociais e jogos de
computador. Então, o que especificamente faz com que os dispositivos eletrônicos sejam
muito piores do que a TV? Um fator é o ciberbullying. (p. 105).
o ciberbullying — a intimidação eletrônica via mensagens de texto, redes sociais e salas de
bate papo — é ainda pior. Dois terços (66%) dos adolescentes intimidados no ciberespaço
têm pelo menos um fator de risco de suicídio, 9% a mais do que aqueles que são intimidados
ao vivo e na escola. É comum adolescentes vítimas de ciberbullying dizerem que não têm
como escapar de seus perseguidores, pois não podem evitar certas pessoas. A menos que
desistam totalmente de usar seus celulares, a perseguição continua. "Elas diziam, 'ninguém
gosta de você, se mate logo’, relatou Sierra, 15, da Virginia, em American Girls, sobre as
garotas que a intimidavam e perseguiam no ciberespaço. Ela recebeu a seguinte postagem no
Instagram: "Você não tem bunda, garota, pare de tentar fazer fotos, não é maneiro, você
parece uma puta. Você é tão idiota... essa roupa faz você parecer uma daquelas prostitutas
baratas que ficam na esquina”. A perseguição constante fez Sierra perder o eixo. "Comecei a
tomar sorvete o tempo todo para tentar me animar, mas não quero ficar gorda. Então, resolvi
o problema me cortando”, disse ela se referindo à automutilação (ou seja, se cortar de
propósito com uma faca ou gilete, em geral nas pernas e nos braços). (p. 106-107).
Da mesma forma como aprendemos inglês, programação e a tocar
piano, habilidades sociais requerem treinamento. Os centennials não
estão praticando tanto suas habilidades sociais ao vivo quanto as
outras gerações. Quando os momentos importantes da sua vida
chegarem, eles são mais propensos a cometer erros: seja em entrevistas
em faculdades, ao fazer amizades no ensino médio e ao competir por
um emprego. As decisões sociais mais importantes de nossa vida ainda
são tomadas ao vivo, e a os centennials têm menos experiência nisso. É
provável que haja mais jovens que saibam qual é o emoji correto para
uma situação, mas não a expressão facial condizente.
AULA 06
Inseguros: as novas crises de saúde mental e
segurança pessoal
Filhos adultos mimados
(2015)
Tania Zagury
lI
pais negligenciados
Uma das coisas que mais incomodava os Boomers, como vimos,
era a falta de diálogo e de liberdade com seus pais. Até então
quem discordou, o fez internamente e se calou. Mas os seus pais,
esses não! Como é que um pai pode expulsar um filho de casa por
conta de uma carreira? Perguntavam-se inconformados. Era um
contrassenso com os princípios de liberdade e de igualdade que
defendiam. Portanto, não podiam aceitar que se deserdasse" um
filho por não seguir o que o pai decidira para sua vida. Menos
ainda que os filhos tivessem que se casar com quem não
escolheram (p. 87).
E, ainda assim, não odiavam seus pais. Aceitavam que pensassem diferentemente, mas
assumiam e viviam suas vidas do jeito que queriam e acreditavam que deviam viver.
Pegaram seu destino com as mãos – e as responsabilidades das decisões tomadas
também. Assim como as consequências. Quando tiveram filhos, quiseram se assegurar
de que eles não precisariam passar pelo mesmo sufoco por que tinham passado. E foi
aí que começaram a repetir um dos aforismos mais característicos: você vai contar
sempre comigo, em qualquer momento ou situação. Na verdade queriam dizer que
eles jamais fariam o que seus avós fizeram com eles. Queriam garantir principalmente
que não cortariam laços com vocês, ainda que as decisões e escolhas que você e seus
irmãos fizessem não correspondessem ou fossem totalmente diversas das que eles
próprios sonhavam. Era isso que os Boomers precisavam ter deixado claro: queriam
marcar a diferença entre o que ocorrera com eles e o que eles iriam fazer numa
situação semelhante (p. 90-91).
Só que a vida se encarregou de fazer com que esse propósito tão lindo fosse desvirtuado.
E sabe por quê? Porque seus pais se esqueceram de explicar, e bem explicadinho, o
porquê dessa frase - como eu acabei de fazer aqui. E isso fez muita diferença em relação
ao que sucedeu depois, porque, de forma um tanto esquizofrénica, consideraram que
todos, e principalmente os seus filhos, sabiam exatamente a que eles estavam se
referindo, quando falavam que estariam ao seu lado. Achavam também de uma forma
nada realista, que os filhos sabiam o tipo de mudanças fundamentais que estavam
introduzindo. Para deixar bem claro: o que desejavam dar aos filhos, e não tinham tido, era
fundamentalmente liberdade para conversar, discutir, dialogar e decidir sobre temas que
antes não eram considerados "conversáveis". Para os Boomers qualquer assunto devia ser
passível de discussão e troca de ideias, desde que com respeito mútuo, entre pais e filhos;
também queriam lhe dar liberdade para a escolha da profissão, da vida afetiva, sexual e
social; liberdade para conduzir seu destino, sua vida (p. 91-92).
Lindo, não é? Na prática, isso significava abandonar a expressão que seus avós
viviam usando: Obedeça-me, sou seu pai! Substituindo por: Nós estaremos
sempre a seu lado. E daí? Daí que as novas gerações, que receberam todas
essas conquistas "de graça", interpretaram como um direito adquirido o que a
seus pais parecia um precioso e generoso legado, porque o que se teve desde
bebê e por toda a vida acaba sendo visto como natural, normal, coisa
corriqueira. Quem recebe a benesse23 desde que nasceu nem a menos sabe
que o que recebeu é uma dádiva, uma vantagem - sequer cogita que poderia ter
sido diferente, caso os pais quisessem. Ainda mais quando a pessoa (que bem
pode ser você, leitor, que hoje tem entre 30 e 40 anos, mais ou menos) nem
sabe que antes era diferente e, mesmo que tenha ouvido falar que era diferente,
não viveu a experiência, não sentiu a diferença (p. 92).
O pai de hoje em dia coloca o filho de 1 ano no curso de
inglês, aos 10 meses tem que aprender a nadar e com
menos de 1 ano já usa celular e tablets. Diante desse
cenário, a pergunta que resta é: se confiam tanto (com
razão) na estimulação precoce e na capacidade dos filhos
de fazerem que aprendizagens intelectuais e motoras, por
que será não confiam também que eles têm capacidade
para as superimportantes aprendizagens sociais?
Como criar um adulto
(2015)
Julie Lythcott-Haims
lI
Num mundo em que abunda uma tecnologia muito avançada, nós nos achamos
capazes de garantir que nenhuma criança jamais se machucará. Nós acreditamos
em nossa capacidade de ter controle. Para conseguir isso, tornamos o mundo
muito mais seguro, previsível e benévolo para as crianças… Todavia, nós pais
levamos as coisas um pouco além, agindo pessoalmente como para-choques e
contratrilhos entre nossos filhos e o mundo, como se eles fossem permanecer
completamente seguros enquanto nos fizéssemos presentes… quando uma
criança se torna experiente o bastante para carregar as próprias coisas? E ainda:
qual é o grau de independência que deve ser dado a uma criança que frequenta
a escola primária? Após observar os pais que moravam nas cercanias das
escolas primárias de minha cidade, eu decidi investigar o quão abrangente era
essa tendência (p. 22).
A vigilância dos pais e a tecnologia deixam o mundo mais suave
para nossos filhos, mas nem sempre poderemos estar por perto
para tomar conta deles. Educar uma criança para que se torne um
adulto independente é nosso imperativo biológico, e ter
consciência de si mesma em nossos ambientes é uma habilidade
fundamental que deve ser por ela desenvolvida. Quando nos
sentimos tentados a fazer com que seja a nossa presença o que as
protege, devemos questionar: Para quê? Como podemos prevenir
e proteger enquanto comunicamos às crianças as habilidades de
que necessitam? Como as ensinamos a se virarem sozinhas (p. 25).
Quando unimos o medo de que a criança fique em casa
sozinha com o medo de que ela saia de casa a sós, o grau de
liberdade de que desfrutam os meninos americanos de hoje se
reduz a uma pequena fração daquela liberdade que seus pais
tiveram e a uma fração ainda menor daquela que tiveram seus
avós. Hoje, parecemos interessados em preparar nossos filhos
para que vivam toda a vida num raio de um quilômetro de
distância de nós; não nos interessamos pelas competências
básicas que nascem do aumento da independência (p. 35).
Se pararmos para pensar, nós só nos preocupamos por ficarmos sem
notícias de nossos filhos porque hoje é possível estar sempre em contato.
Há apenas dez ou quinze anos, era impossível ficar em cima das crianças
dessa maneira. Antes dos telefones celulares, elas não tinham como ligar
quando chegassem à praia; antes dos celulares, os filhos só telefonavam
para os pais uma vez por semana, no máximo — e isso do orelhão que
ficava no saguão do dormitório (e apenas quando as ligações de longa
distância estavam baratas!); antes dos celulares, os filhos iam estudar no
exterior e mandavam cartas, fazendo apenas uma ligação ocasional para
casa. Será que, apenas porque podemos ter contato a todo momento, nós
devemos fazê-lo? Isso faz bem? (p. 35).
iGen
(2017)
Jean M. Twenge
lI
Outra possibilidade é que os centennials estejam despreparados para a
adolescência e o início da vida adulta devido à sua falta de independência.
Menos propensos a trabalhar, a administrar o próprio dinheiro e a dirigir carros
no ensino médio, talvez eles não estejam desenvolvendo a resiliência advinda de
fazer coisas por conta própria. Um estudo indagou a estudantes universitários?
se seus pais “supervisionavam cada movimento seu", "se adiantavam para
resolver seus problemas" e "não deixavam eles entenderem as coisas de maneira
independente”. Estudantes cujos pais tinham essas características (os chamados
“pais-helicóptero”) tinham menos bem-estar psicológico e mais propensão a
tomar medicamentos receitados para ansiedade e depressão. Portanto, a
independência menor comprovadamente está correlacionada a transtornos
mentais e mudou ao mesmo tempo (p. 133-134).
Os dados desses levantamentos são desoladores: os sintomas depressivos dos
adolescentes tiveram um aumento meteórico em muito pouco tempo. O número
de adolescentes que concordavam com a afirmação "sinto que não consigo fazer
nada direito” teve a maior alta nos últimos anos, sobretudo após 2011… As redes
sociais influem nesses sentimentos de inadequação: como a norma é divulgar
apenas os êxitos, muitos adolescentes se sentem perdedores natos, pois não se
dão conta de que os amigos aparentemente sempre bem-sucedidos também
fracassam em certas coisas. Se passassem mais tempo pessoalmente com esses
amigos, perceberiam que não são os únicos a cometer erros. Um estudo
descobriu que estudantes universitários que usavam muito o Facebook eram
mais deprimidos, mas somente se tinham mais inveja dos outros (p. 121).
Cultivando discípulos do futuro

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Cultivando discípulos do futuro

  • 1.
  • 2. AULA 01 A importância das análises geracionais
  • 3. Os jovens não estão (2017) Luiz Felipe Pondé lI mais “evoluídos”
  • 4. O conceito de "geração", tal como usamos hoje, é um produto essencialmente do marketing americano dos anos 1950 e 1960. Naquele momento, em um mundo do pós-guerra era necessário mapear os desejos, aspirações e inspirações dos jovens de então, encarregados de reconstruir os EUA e, por que não, grande parte do mundo. Nasce então os baby boomers. Assim sendo, quando se fala em "geração”, não se está falando apenas em datas, mas em um conjunto de elementos materiais e sociais que determinam em grande medida o comportamento de um conjunto de jovens. Do marketing, em si uma ciência social aplicada, o conceito migrou para as ciências sociais teóricas (sociologia, antropologia, ciência política), para a economia, para a psicologia, e mesmo para a filosofia. O conceito de geração, assim, ganhou credenciais sólidas como ferramenta de análise do mundo contemporâneo. Os traços de comportamento de cada geração estão ligados diretamente aos elementos materiais e simbólicos que constituem a esfera de sentido, práticas, expectativas e afetos desses jovens. Entretanto, não se pode esquecer que um jovem nascido em 1990 em uma sociedade afluente não é a mesma coisa de um jovem nascido na mesma data em uma sociedade miserável. É dificil falar de millennials na Libéria. Logo, geração, como dito acima, não é apenas uma questão de datas, mas, muito mais, uma questão de elementos materiais econômicos e sociais que constituem a "qualidade” de vida que uma sociedade é capaz de gerar para seus jovens (p. 1).
  • 5. .
  • 6. pelo próprio nome da geração, os baby boomers são "fazedores de filhos", logo, investidores na vida, corajosos, seguros de seu papel no mundo trabalhar, melhorar as condições materiais de vida, ter mulher, marido, filhos). Tomar o mundo a sua volta um lugar seguro, duradouro, doméstico", confiável. Nascidos entre 1946 e 1964 (não fique obcecado com datas, elas podem se mover um pouco para cá e um pouco para lá), os baby boomers seriam a última geração que sabia o que queria, por quê? Talvez porque, de lá para cá, o mundo se tornou mais confuso, complexo, saturado de informação, muitas opções sociais e materiais, enfim, o mundo se tornou um lugar cheio de dúvidas ao invés de um mundo em que a "pauta" primeira e mais importante era sua reconstrução e manutenção da vida. Em que pese muito as características de um conceito vindo do mundo do marketing e suas construções imaginárias a serviço do consumo, o debate credenciado sobre as gerações impacta as famílias, o mercado de trabalho, as escolas e o futuro das sociedades contemporâneas (p. 2).
  • 7. A geração X (nascidos entre 1965 e 1980) já apresentava menos segurança, Impactada pela guerra do Vietnã e as primeiras críticas ao modo ocidental de viver (sociedade de mercado e consumo), pisa o pé no freio do número de filhos (alguns os chamaram mesmo de baby busters), iniciando um ciclo de recusa de filhos que se radicalizará nos millennials (nascidos entre 1981 e 1994). Afinal, por que ter menos filhos é um marco nesse processo? Porque filhos representam insegurança na própria capacidade de cuidar deles materialmente, psicologicamente e socialmente (o que não implica em acertar sempre em tudo isso). Em um mundo cada vez mais incerto, isso se torna uma questão, principalmente para as mulheres que começam a pensar mil vezes antes de engravidar e perder o lugar no mercado de trabalho (p. 2).
  • 8. Os millenials, além dessa condição de negação de filhos, apre sentam as marcas de um razoável ciclo de paz e enriquecimento. O resultado são jovens mais seguros quanto as próprias capacidades porque mimados em casa, beirando a arrogância pura e simples, um certo narcisismo, impaciência com coisas que não gostam de fazer, obcecados com a busca de prazer (a riqueza instalada sempre foi vista pela filosofia e psicologia como agente possível de risco para virtudes como humildade, disciplina e respeito a estruturas hierárquicas) e significado no trabalho, e primeiros a assimilar, ainda relativamente jovens, o mundo das mídias sociais e tecnologias disruptivas da informação e comunicação na sua formação como jovens adultos. Ao mesmo tempo, essa mesma riqueza "disponível" levou muitos millennials a abraçar causas sociais dentro de um quadro do chamado capitalismo consciente. O surgimento dos primeiros sinais de um capitalismo cada vez mais desregulado (neoliberal, como se costumava falar), também produziu uma sensação geral de risco no mercado de trabalho e a busca do empreendedorismo a fim de não ser empregado de ninguém (p. 2-3).
  • 9. E os iGen ou geração i? O mais importante nesse debate sobre os jovens de hoje, que estão entre as escolas, as universidades e o inicio da vida no mercado de trabalho, é romper as falsas imagens que se construiu sobre eles. E qual é essa imagem?
  • 11. Nascidos a partir de 1995, eles cresceram com telefones celulares, já tinham uma página no Instagram antes de ingressar no ensino médio e não imaginam como era a vida antes da internet… A predominância absoluta do smartphone entre adolescentes tem efeitos sobre todas as facetas da vida da geração i, desde as interações sociais à saúde mental. Essa é a primeira geração que tem acesso constante à internet. Mesmo se seu smartphone for um Samsung e seu tablet, um Kindle, todos esses jovens são da geração i. (E mesmo adolescentes de famílias de baixa renda passam tanto tempo conectados à internet quanto os de classes mais afluentes — outro efeito dos smartphones.) O adolescente comum checa seu celular mais de oitenta vezes por dia. No entanto, a tecnologia não é a único fator novo que molda a chamada iGen, ou geração i, em que o 'i' representa o individualismo marcante de seus membros, uma ampla tendência que nortea seu senso inabalável de igualdade, assim como sua rejeição as regras sociais tradicionais. Isso também capta a desigualdade de renda, que gera uma insegurança profunda entre os chamados centennials, que se preocupam em fazer as coisas certas para alcançar éxito financeiro e se tornar alguém que "tem", não um “carente" (p. 16).
  • 12. Devido a essas e diversas outras influências, a geração i é distinta de todas as gerações anteriores em relação a como seus membros despendem o tempo, como se comportam e seus posicionamentos quanto a religião, sexualidade e politica. Eles socializam de maneira completamente inédita, rejeitam tabus sociais outrora sagrados e querem coisas diferentes em suas vidas e carreiras. Eles têm obsessão por segurança e temor por seu futuro econômico, e não toleram a desigualdade baseada em gênero, etnia ou orientação sexual. Eles estão em primeiro plano na pior crise de saúde mental em décadas, com taxas de depressão e suicídio entre adolescentes disparando desde 2011. Ao contrário da ideia corrente de que as crianças estão crescendo mais rapidamente do que as gerações anteriores, a geração i está crescendo mais lentamente: hoje, um jovem de dezoito anos age como um de quinze antigamente, e um de treze anos se comporta como se tivesse dez. Os adolescentes estão mais seguros fisicamente do que nunca, porém são mais vulneráveis mentalmente (p. 16-17).
  • 13. Tendências importantes da Geração i Infantis - sem pressa de estender a infância e adolescência Internet - primeira geração em conexão constante Inseguros - aumento de doenças neuro-psicológicas Incrédula - diminuição do interesse em religião Isolada - declínio da comunicação social presencial Indefinida - indiferente aos padrões de sexo, família, etc. Inclusiva - tolerante quanto à liberdade de expressão Independente - não se sente representada politicamente
  • 14. A hora da geração digital (2010) Don Tapscott lI
  • 15. Espero que este livro destrua alguns dos mitos a respeito dessa geração, revelando do que eles realmente gostam e como podemos aprender com eles a fim de melhorar as nossas instituições e a nossa sociedade. Talvez os empregadores pensem em mudar suas práticas de RH e sua gestão depois de verem o valor da conduta extraordinariamente colaborativa da Geração Internet, que se tornou tão importante para os negócios no século XXI. Espero que os educadores pensem em alterar sua abordagem tradicional da educação, do tipo “cuspe e giz", depois de verem como ela é inapropriada para os estudantes da Geração Internet. Tenho certeza de que os políticos observarão cuidadosamente as novas maneiras como a internet foi usada na campanha de Obama para arregimentar os jovens. Espero que os pais que vão às minhas palestras por se perguntarem o que está acontecendo com os filhos leiam este livro e os entendam um pouco melhor. Espero que este livro os tranquilize e os ajude a perceber que a imersão digital é uma coisa boa para seus filhos. Este é um período extraordinário da história humana. Pela primeira vez, a geração que está amadurecendo pode nos ensinar como preparar o nosso mundo para o futuro. As ferramentas digitais de sua infância e juventude são mais poderosas do que as que existem em boa parte das empresas americanas. Acredito que, se os ouvirmos e mobilizarmos, sua cultura de interação, colaboração e capacitação guiará o desenvolvimento econômico e social e preparará este planeta cada vez menor para um futuro mais seguro, justo e próspero. (p. 17-18).
  • 16. A importância de aprender sobre as novas gerações não servirá apenas para ver uma nova cultura de trabalho de alto desempenho surgir, mas também para entender a escola e a universidade do século XXI, a chamada empresa inovadora, entender porque as famílias querem ser mais abertas, e até mesmo uma democracia na qual os cidadãos são engajados em uma nova sociedade em rede. Nesse cenário, a pergunta que nos resta é: como a Igreja de Jesus irá responder? Como iremos cultivar os discípulos do futuro? Como essas mudanças afetaram o povo de Deus?
  • 17.
  • 18. AULA 02 Infantis: a lentidão no processo de amadurecimento das crianças
  • 20. Uma abordagem chamada teoria da história de vida esclarece alguns pontos. Essa teoria argumenta que o ritmo de crescimento dos adolescentes depende de onde e quando eles são criados. Em uma linguagem mais acadêmica, a velocidade "desenvolvimental" é uma adaptação a um contexto cultural. Os adolescentes de hoje seguem uma estratégia lenta de vida, que é usual em épocas e lugares em que as famílias têm menos filhos e se dedicam intensamente a cada um deles por mais tempo. Essa é uma boa descrição da cultura atual nos Estados Unidos, onde uma família comum tem dois filhos, as crianças começam a praticar esportes organizados aos três anos e desde a escola primaria se preparam para uma faculdade. Já em uma estratégia rápida de vida, as famílias são maiores e os pais se concentram mais na subsistência do que na qualidade. Essa estratégia rápida envolve menos preparação para o futuro e mais foco em enfrentar um dia de cada vez (p. 40).
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25. Em comparação com seus antecessores, os adolescentes da iGen são menos propensos a sair sem os pais, a namorar, a fazer sexo, a dirigir, a trabalhar e a ingerir álcool. Adultos fazem todas essas coisas, mas crianças não. A maioria das pessoas experimenta tais coisas pela primeira vez na adolescência - a época intermediária entre a infância e a vida adulta. No ensino médio, os centennials são surpreendentemente menos propensos a testar esses marcos outrora quase universais na adolescência, essas primeiras experiências inebriantes de independência em relação aos pais que fazem o jovem se sentir adulto pela primeira vez… Para o bem e para o mal, os adolescentes da iGen não têm pressa para crescer. Atualmente, os jovens de dezoito anos parecem com os de quatorze anos antigamente, e os de quatorze parecem ter dez ou doze anos. Toda essa história do crescimento lento começou bem antes da iGen. As primeiras mudanças na velocidade “desenvolvimental" surgiram entre jovens adultos da geração X na década de 1990, os quais começaram a adiar os marcos tradicionais da vida adulta como seguir uma carreira, casar e ter filhos… Ainda assim, os adolescentes da geração X não desaceleraram — são tão propensos a dirigir, consumir álcool e namorar quanto os boomers, e mais propensos a fazer sexo e a engravidar na adolescência. Mas então eles esperavam mais tempo para atingir uma vida adulta plena, com carreiras e filhos. Portanto, a geração X conseguiu estender a adolescência além de todos os limites anteriores: eles começaram mais cedo a se tornar adultos e concluíram esse processo mais tarde (p. 58).
  • 26. Começando com os millennials e depois se acelerando com os centennials, a adolescência está sendo novamente encurtada, pois a duração da infância aumentou, com adolescentes tratados mais como crianças, menos independentes e mais protegidos do que nunca pelos pais. Toda a trajetória "desenvolvimental", desde a infância e a adolescência até a vida adulta, ficou mais lenta. A adolescência — tempo de começar a fazer coisas que os adultos fazem — agora começa mais tarde. Adolescentes de treze anos — e até jovens de dezoito anos — são menos propensos a agir e a despender seu tempo como adultos. Eles são mais propensos a agir como crianças — não necessariamente por serem imaturos, mas porque adiam as atividades usuais dos adultos. Agora, a adolescência é mais uma extensão da infância do que o início da vida adulta (p. 59-60).
  • 27. Nem “mais bem-comportados" nem "tediosos" capta o que realmente está acontecendo com os centennials: eles simplesmente estão demorando mais tempo para amadurecer. É, portanto, mais apropriado empregar os termos da teoria da história de vida discutida anteriormente: os adolescentes talvez tenham adotado uma estratégia lenta de vida devido a famílias menores e a demandas forjadas pela desigualdade crescente de renda. Os pais têm tempo de cultivar cada criança para que tenha êxito no ambiente econômico cada vez mais competitivo, o que pode levar 21 anos em vez de dezesseis, como antigamente. A mudança cultural em prol do individualismo também pode ter um papel nisso: a infância e a adolescência são etapas extremamente autofocadas, de modo que prolongá-las permite cultivar mais o eu individual. Com menos filhos e mais tempo para dedicar a cada um, cada criança é notada e celebrada. Certamente, o individualismo cultural é ligado à velocidade "desenvolvimental" mais lenta nos países e épocas. Mundo afora, jovens adultos amadurecem mais lentamente em países individualistas do que naqueles coletivistas. E, como a cultura americana se tornou mais individualista de 1965 até o presente, os jovens adultos passaram a demorar cada vez mais para assumir para valer uma vida profissional e familiar (p. 61).
  • 28. Há também outro fator: vários estudos bem divulgados sobre desenvolvimento cerebral mostram que o córtex frontal, a área do cérebro responsável por julgamentos e a tomada de decisões, só conclui seu desenvolvimento aos 25 anos. Isso gerou a ideia de que os adolescentes não estão totalmente preparados para crescer e, portanto, precisam de mais proteção por um tempo mais longo. Essas descobertas sobre cérebros adolescentes subdesenvolvidos inspiraram numerosos livros, artigos e orientações on-line para os pais. O curioso é que a interpretação desses estudos parece ignorar uma verdade fundamental das pesquisas científicas: o cérebro muda com base nas experiências. Talvez os adolescentes e jovens adultos de hoje em dia tenham o córtex frontal subdesenvolvido porque não tiveram de assumir responsabilidades típicas dos adultos. Se houvesse exames de ressonância magnética do cérebro em 1950, imagino o que eles teriam mostrado de uma geração que geralmente começava a trabalhar aos dezoito anos, se casava aos 21 e logo em seguida tinha filhos. No entanto, essa interpretação de tais estudos nunca é oferecida, deixando os pais acreditarem que seu filho adolescente ou jovem adulto é biologicamente programado para fazer más escolhas e que, portanto, é melhor protegê-lo pelo máximo de tempo possível (p. 61).
  • 29. Como criar um adulto (2015) Julie Lythcott-Haims lI
  • 30. Baseada em seus valores e experiências, bem como no contexto daqueles vários fatores sociais que vimos terem existido na década de 1980, essa geração desempenhou papel mais ativo na vida de seus filhos. Se seus pais haviam sido emocionalmente distantes, eles se fizeram emocionalmente presentes na vida das crianças, muitas vezes tornando-se seus amigos mais próximos. Se seus pais não haviam se metido em nada, eles tentaram controlar e assegurar resultados para a prole, tornando-se seus defensores mais veementes. Se seus pais haviam respeitado a hierarquia, a estrutura e autoridade, cles questionaram tudo isso com espírito de vingança e suscitaram transformações sociais grandiosas, como a revolução sexual, os lares com duas rendas, o rápido aumento do número de divórcios e a mentalidade, que talvez tenha alguma relação com isso, de que é preciso passar, com as crianças, um "tempo de qualidade, e não muito tempo” - isto é, não é a quantidade de tempo o que importa, e sim o modo como o passamos. Como pais, essa gente, sempre acostumada a expressar a própria opinião, a ser ouvida e a conseguir o que queria, desejava estar ao lado" de filhos a qualquer custo; ainda desafiavam o sistema, mas agora em favor deles, muitas vezes anulando-se a si mesmos como para-choques entre as crianças, o sistema e suas figuras de autoridade. E isso mesmo quando seus filhos já eram crescidos. Se pensarmos somente nos resultados de curto prazo, um estilo muito participativo de educação traz segurança, assegura oportunidades e garante resultados (p. 14-15)
  • 31. Um elevado nível de envolvimento dos pais na vida dos filhos é obviamente um sinal de amor — algo bom, sem dúvida. Porém, quando deixei, em 2012, o cargo de diretora em Stanford, eu havia interagido não apenas com um número grandioso de pais, mas também com alunos que pareciam depender deles de maneira que parecia simplesmente ruim. Comecei a me preocupar com o fato de os "meninos na faculdade” (nome pelo qual os universitários passaram a ser conhecidos) não estarem plenamente formados como seres humanos. Eles pareciam estar sempre procurando a mamãe e o papai. Pela metade. Existencialmente impotentes (p. 15-16).
  • 32. E será que alguns desses pais não se voltaram demais para os próprios desejos e necessidades, obscurecendo as chances que seus filhos tinham de desenvolver um traço psicológico fundamental chamado "autocficácia" — isto é, aquilo que o destacado psicólogo Albert Bandura identifica como "a crença nas próprias capacidades de organizar e executar as ações exigidas ao manejo de situações possíveis”? Há, aqui, uma ironia profundamente arraigada: talvez aqueles defensores da realização pessoal tenham feito tanto pelos seus filhos que lhes subtraíram a oportunidade de crer no próprio eu. Será que a educação que se tornou lugar-comum (e, em muitas comunidades, também norma) desde meados dos anos 1980, uma educação preocupada com a segurança, focada no triunfo acadêmico e na promoção da autoestima, não subtraiu de nossos filhos a chance de se tornarem adultos saudáveis? O que será dos jovens adultos que parecem hábeis no papel, mas parecem ter dificuldades para encontrar o próprio caminho sem o envolvimento constante de seus pais? Como o mundo real reagirá a um rapaz que cresceu acostumado a ter seus problemas resolvidos por outros e a ser elogiado a todo instante? Seria tarde de mais para desenvolverem o anseio de estar no controle da própria vida? Porventura chegará o momento em que deixarão de se tratarem como garotos e ousarão reivindicar, para si, o rótulo de “adultos”? (p. 16).
  • 33. Nós os tratamos como a espécimes botânicos raros e preciosos e oferecemos uma quantidade deliberada e calculada de carinho e alimentação, ao mesmo tempo em que nos metemos em tudo quanto poderia torná-los mais durões e resistentes. Os homens, porém, precisam de certo grau de resistência para sobreviver aos grandes desafios que a vida colocará à nossa frente. Sem experimentarem os pontos mais duros da vida, nossos filhos se tornam sensíveis como as orquídeas, mas são incapazes, às vezes profundamente incapazes, de prosperarem por si sós no mundo real. Por que a educação deixou de preparar nossos filhos para a vida e passou a protegê-los dela - o que significa que não estão preparados para viver a vida por conta própria? E por que esses problemas sobre os quais escrevo parecem estar arraigados na classe média e na classe média alta? Os pais, afinal, se importam bastante em fazer um bom trabalho, e se temos a sorte de pertencermos a uma dessas classes, possuímos à nossa disposição os meios - tempo e renda — que nos ajudam a educar bem. Será, então, que perdemos a noção daquilo em que realmente consiste a boa criação? E quanto a nossas vidas como pais? ("Que vida?” é uma resposta razoável.) Nós andamos esgotados. Preocupados. Vazios. Nossas vizinhanças são fotogênicas; nossa comida e nosso vinho, cuidadosamente harmonizados. No entanto, com a infância parecendo cada vez mais uma corrida pelo triunfo, podemos dizer que nossos filhos estão levando uma “vida boa”? (p. 17).
  • 34. Estamos vivendo um abismo geracional inaudito: nunca se viu uma geração de crianças e adolescentes que não se rebelava contra a superproteção dos pais — e que, inclusive, a deseja! É indiscutível que o cuidado e o zelo dos pais é fundamental, mas quando ele assume proporções idólatras em nossos corações, passa a se tornar um dos fatores mais prejudiciais ao amadurecimento das crianças que Deus nos confiou. É preciso abrir mão da armadilha da superproteção e começar a prepara as crianças para a vida adulta!
  • 35.
  • 36. AULA 03 Internet: o novo ritmo pessoal de tempo online em várias mídias
  • 37.
  • 38. A hora da geração digital (2010) Don Tapscott lI
  • 39. Os jovens têm uma afinidade natural com a tecnologia que parece inacreditável. Eles instintivamente procuram a internet para se comunicar, entender, aprender, achar e fazer muitas coisas. Para vender um carro ou alugar um apartamento, você usa os classificados; eles vão para o Craigslist. Uma bela noite para assistir a um filme? Você pega o jornal para ver o que está passando; eles procuram na internet. Você assiste ao telejornal; eles têm listas RSS de suas fontes favoritas ou obtêm suas notícias encontrando-as por acaso enquanto navegam pela internet. Às vezes, você escuta música; os iPods deles estão sempre ligados. Você consome conteúdo na internet, mas eles parecem estar constantemente criando ou modificando o conteúdo on-line. Você acessa o YouTube para assistir a um vídeo do qual ouviu falar; eles entram no YouTube ao longo do dia para descobrir as novidades. Você compra um novo aparelho e lê o manual. Eles compram um novo aparelho e simplesmente o usam. Você fala com os outros passageiros no carro, mas seus filhos, sentados no banco de trás, trocam mensagens de texto entre si. Eles parecem se deleitar com a tecnologia e têm uma aptidão intrigante para tudo o que é digital (p. 19).
  • 40. Mas a questão não é apenas como eles usam a tecnologia. Eles parecem se comportar de outra maneira, parecem até mesmo ser diferentes. Como gestor, você notou que os novatos colaboram de uma maneira muito diferente da sua. Eles parecem ter novas motivações e não têm o mesmo conceito de carreira que você. Como profissional de marketing, você nota que a publicidade televisiva é, em sua maioria, ineficaz para os jovens, que parecem ter desenvolvido detectores de lorotas. Como professor ou docente universitário, você está percebendo que os jovens parecem não conseguir manter longos intervalos de atenção, pelo menos quando devem ouvir as suas explanações. De fato, eles mostram sinais de que aprendem de uma maneira diferente, e os melhores deles fazem com que a nata dos estudantes de ontem pareça banal. Como pai, você vê seus filhos se tornando adultos e fazendo coisas que você nunca teria sonhado, como querer morar com os pais depois de se formar. Como político, você percebeu há algum tempo que eles não estão interessados no processo político, mas fica surpreso ao ver como Barack Obama conseguiu engajá-los e canalizar sua energia para se tornar um candidato à Presidência (p. 20).
  • 41. Algo está acontecendo aqui. A Geração Internet amadureceu. O fato de ter crescido em um ambiente digital causou um impacto profundo no seu modo de pensar, a ponto de mudar a maneira como o seu cérebro está programado. E, embora apresente desafios significativos para os jovens — como lidar com uma quantidade vasta de informações ou garantir o equilíbrio entre o mundo digital e o mundo físico —, essa imersão digital em geral não os prejudicou. Foi algo positivo. Essa geração é mais tolerante em relação à diversidade racial e é mais esperta e rápida do que as gerações anteriores. Esses jovens estão remodelando todas as instituições da vida moderna, do local de trabalho ao mercado, da politica à educação, até chegarem à estrutura básica representada pela família. Aqui estão algumas das maneiras como isso está ocorrendo (p. 20).
  • 42. Há muitos motivos para acreditar que o que estamos vendo é o primeiro caso de uma geração que está crescendo com conexões cerebrais diferentes das da geração anterior. Há cada vez mais evidências de que os integrantes da Geração Internet processam informações e se comportam de maneira diferente porque de fato desenvolveram cérebros funcionalmente diferentes dos de seus pais. Eles são mais velozes do que os pais, por exemplo, no processamento de imagens em movimento rápido… Pense no impacto ambiente midiático rico e interativo dessa geração. Quando eu era criança e morava numa cidade pequena, havia três canais de televisão, uma pequena biblioteca, um jornal e poucas revistas que me interessavam. A juventude de hoje nos Estados Unidos tem acesso a mais de duzentos canais de teve a cabo, 5.500 revistas, 10.500 estações de rádio e quarenta bilhões de páginas na internet. Além disso, 22 mil livros são publicados anualmente, e 240 milhões de televisores estão em operação pelo país, sendo que existem até dois milhões deles em banheiros. Essa geração foi inundada de informação, e o fato de ter aprendido a acessar, selecionar, categorizar e lembrar de tudo isso aumentou sua inteligência (p. 42).
  • 44. Segundo a pesquisa mais recente, hoje em dia, os alunos no 3º ano do ensino médio passam em média 24 horas por dia digitando mensagens em seus celulares, cerca de duas horas por dia na internet, uma hora e meia por dia com jogos eletrônicos e cerca de meia hora em bate-papos com video. Isso totaliza seis horas por dia com novas mídias — e isso só durante o tempo de lazer. Alunos do 8º ano do ensino secundário não ficam muito atrás, passando uma hora e meia por dia ocupados com mensagens de texto, uma hora e meia por dia on-line, uma hora e meia por dia curtindo jogos e cerca de meia hora em bate-papos com vídeo — um total de cinco horas por dia com novas mídias. Isso varia pouco independentemente da situação familiar; adolescentes mais pobres passam tanto ou mais tempo on-line do que os mais ricos. A era dos smartphones marcou o fim do abismo entre classes sociais no que concerne ao acesso à internet (p. 69).
  • 45.
  • 46. Por quê? Talvez porque livros não sejam rápidos o suficiente. Para uma geração acostumada a clicar no próximo link e seguir para outro em segundos, os livros não prendem a atenção, Harper, 21, que encontramos anteriormente, tira as melhores notas na escola, mas diz: "Realmente não sou uma grande leitora. Acho difícil ler o mesmo livro por muito tempo porque não aguento ficar parada em silêncio. Nós temos de ler por vinte minutos por dia, e se um livro demora um pouco para ficar interessante, acho muito difícil continuar a leitura”. Os livros não são a única mídia impressa em declínio para a geração i. Levantamentos junto a alunos do 8º ano do ensino secundário e do 1º ano do ensino médio perguntam sobre a leitura de revistas e jornais, e os declínios são constantes, grandes e espantosos. A leitura de jornais despencou de quase 70% no início dos anos 1990 para apenas 10% em 2015 (e isso se refere a ler um jornal pelo menos uma vez por semana, um parâmetro bem baixo). A leitura de revistas se manteve um pouco melhor (p. 81).
  • 47. Aparentemente, lidar com mensagens de texto e postar em redes sociais, em vez de ler livros, revistas e jornais, não são proveltosos para a compreensão de textos ou redações acadêmicas. Isso talvez se deva parcialmente ao limiar curto de atenção estimulado pelas novas mídias. Um estudo instalou em notebook de estudantes universitários um programa que fazia uma captura de tela a cada cinco segundos. Os pesquisadores descobriram que os estudantes mudavam de tarefas em média a cada dezenove segundos. Mais de 75% das janelas dos computadores dos estudantes ficavam abertas por menos de um minuto, o que é completamente diferente de se sentar e ler um livro durante horas. O declínio juvenil na leitura gera desafios para editoras e muitas pessoas maduras diretamente envolvidas, incluindo pais e educadores. Por exemplo, como estudantes que raramente leem livros vão digerir um livro de 800 páginas obrigatório na faculdade? A maioria dos professores relata que os alunos não leem nem sequer os livros obrigatórios. Muitas editoras estão investindo mais em livros eletrônicos interativos para atrair os estudantes (p. 84).
  • 48. Em suma: a iGen passa muito mais tempo on-line e digitando mensagens de texto, e muito menos tempo envolvida com mídias mais tradicionais como revistas, livros e TV. Os centennials despendem tanto tempo em seus smartphones que não estão interessados nem disponíveis para ler revistas, ir ao cinema ou ver TV (a menos que seja em seus celulares). Embora a TV fosse um prenúncio da revolução das telas, a internet acelerou a decadência da mídia impressa. Após a invenção da prensa tipográfica em 1440, por mais de quinhentos anos as palavras impressas em papel foram o grande meio para transmitir informações. A época atual marca uma mudança radical em relação a isso. O futuro da igen e de todos nós será moldado por essa revolução. Sob uma perspectiva otimista, páginas da internet serão complementadas por longas passagens de texto em livros eletrônicos, e todas as informações de que precisamos estarão disponíveis em nossos notebooks e na internet (p. 88).
  • 49. Diante dessas mudanças de conectividade entre jovens e adolescentes, existe uma pergunta que se faz urgente: se eles passam mais tempo se comunicando com os amigos on-line, com que frequência os adolescentes de hoje veem os amigos ao vivo? A interação eletrônica substituiu a interação cara a cara? Quais os efeitos dessa mudança no seu processo de amadurecimento?
  • 50.
  • 51. AULA 04 (Bônus!) Internet: a influência das telas no desenvolvimento neurológico da criança
  • 52. A Criança Digital (2014) Gary Chapman lI Arlene Pellicane
  • 53. As imagens em movimento são extraordinariamente estimulantes para o cérebro, seja na tela plana da televisão, seja na tela do smartphone. O cérebro em desenvolvimento da criança é particularmente sensível e está cada vez mais exposto a novas tecnologias. Quando nasce, o bebê vem ao mundo equipado com cem bilhões de neurônios. Durante os três primeiros anos de vida, esses muitos neurônios trabalham ativamente, estabelecendo conexões uns com os outros. Os neuronios extras são eliminados por volta dos 3 anos. É como podar uma árvore: quando cortamos as conexões fracas, as fortes florescem (p. 142).
  • 54. Por meio de ressonância magnética, os neurocientistas mapearam o crescimento do cérebro em crianças e adolescentes. Os circuitos do cérebro frontal, que controlam a atenção, se desenvolvem mais rápido entre os 3 e os 6 anos. O segundo ciclo de formação da sinapse ocorre no cérebro pouco antes da puberdade (por volta dos 11 anos nas meninas e dos 12 anos nos meninos). Ocorre, então, uma nova poda dos neurônios na adolescência. Segundo alguns especialistas, esse é um momento particularmente importante no desenvolvimento, capaz de impactar a criança pelo resto da vida (p. 143).
  • 55. Esses novatos foram, então, instruídos a passar apenas uma hora por dia fazendo buscas na internet durante cinco dias. nenhuma, quando fazia buscas na internet. Mas, quando os dois grupos ambos apresentou resultados semelhantes. Após aquele período, o teste foi repetido. As novas imagens mostraram que o grupo tinha, agora, a mesma atividade no córtex pré-frontal que o grupo experiente quando pesquisava Google. Em apenas cinco horas de uso da internet, o cérebro desse grupo havia sido remodelado (p. 144).
  • 56. As crianças adoram as palavras eu, meu ou minha. O cérebro infantil não produz empatia com os outros de forma natural. A empatia precisa ser aprendida, e o tempo diante das telas quase sempre trabalha contra isso. Quando estamos fisicamente com uma pessoa, podemos ver a de expressão quando ela se sente magoada. Não podemos ver nem sentir essa emoção on-line. Os vídeos que envergonham outras crianças podem tornar-se a nova sensação que todos compartilham sem levar em conta os sentimentos da pessoa envolvida. Quando uma criança passa muito tempo com aparelhos eletrônicos, começa a desligar-se dos sentimentos alheios. As buscas on-line frequentemente se desviam do objetivo, expondo o cérebro da criança a imagens chocantes e conteúdo impróprio (p. 146).
  • 57. Nicholas Carr: "O mundo da tela, como já passamos a entender, é um lugar muito diferente do mundo da página. Uma, nova ética intelectual assumiu o controle. Os caminhos de nosso cérebro foram mais uma vez redirecionados. Os leitores tradicionais de livros mostram atividade nas regiões do cérebro associadas a linguagem, memória e processamento visual enquanto leem, mas não apresentam muita atividade nas regiões associadas a tomada de decisões e solução de problemas. Já os usuários da internet mostram atividades extensas nas regiões relacionadas a tomada de decisões e de solução de problemas quando navegam pelos sites. A leitura que exige concentração torna-se difícil on-line que o cérebro precisa avaliar os links, decidir onde navegar e processar distrações como propagandas. Tudo isso se torna um empecilho para o cérebro entender o texto na tela. Nosso cérebro on-line trabalha rapidamente para tomar decisões e navegar em meio a distrações, mas não se concentra quando se trata de aprendizado (p. 148).
  • 58. O centro das recompensas. Bella, 5 anos, aperta o botão do controle remoto e vê uma imagem que a faz rir. É possível ver o sorriso no rosto dela, mas o que se passa em seu cérebro? O nucleus accumbens, o centro de prazer do cérebro, é responsável por controlar todas as experiências de prazer. Quando Bella vê o desenho animado neurotransmissor dopamina envia um sinal a esse centro de prazer. Bella sente-se bem enquanto vê televisão. Esse é um dos motivos que dificultam tirá-la da frente da tela para fazer o dever de casa ou jantar. Quando as crianças procuram mais prazer vendo mais televisão ou jogando mais video games, o nível de dopamina no cérebro se torna cada vez mais elevado. Porém, quando o sistema do prazer do cérebro é usado exageradamente, o sentimento de prazer diminui. Os trinta minutos de video-game que antes davam emoção à criança agora não produzem a mesma alegria. Assim, ela quer jogar mais ou encontrar um jogo mais estimulante, e começa a procurar aquela dose renovada de dopamina (p. 149).
  • 59. O que tudo isso significa é que as emoções de nosso mundo digital, se excessivas, poderão causar dependência droga e nos privar das alegrias simples da vida. — Sylvia Hart, The Digital Invasion
  • 60. O que é dependência tecnológica? Esta é uma expressão relativamente nova, que está sendo cada vez mais usada pelos médicos. Um estudo pediu a mil alunos em dez países que parassem de usar a tecnologia e as redes sociais por apenas um dia. No fim daquele período de 24 horas, muitos alunos usaram repetidas vezes a palavra dependência. Um deles disse: "Senti comichões, como se fosse usuário de crack". Outros não conseguiram ficar um dia inteiro sem a tecnologia. A maioria disse que sentia falta do celular porque era sua fonte de conexão e bem-estar (p. 150).
  • 61.
  • 62. Ressonâncias do cérebro sugerem que video games violentos podem alterar diretamente a atividade cerebral em pouco tempo, às vezes em uma semana. Pesquisadores escolheram um grupo de rapazes de 18 a 21 anos, com pouca ou nenhuma experiência em jogos violentos. Metade dos participantes se envolveu em jogos de tiro em primeira pessoa durante dez horas, e não jogou absolutamente nada na segunda semana. O outro grupo não jogou nenhum video game. O grupo que jogou apresentou menos ativação nas áreas do cérebro responsáveis por controlar a regulação emocional e o comportamento, Esse padrão se revelou novamente no fim da segunda semana, embora o grupo tivesse parado de jogar games violentos. Bastou uma semana de jogos durante dez horas para provocar uma mudança no cérebro (p. 152).
  • 63. O cérebro de plástico de seu filho No final da década de 1990, pesquisadores ingleses examinaram, por meio de ressonância magnética, o cérebro de dezesseis taxistas de Londres. Eles descobriram que o hipocampo posterior dos taxistas, a parte do cérebro responsável pela navegação espacial, era muito maior que a normal. Além disso, quanto mais tempo de experiência o taxista tinha, mais seu hipocampo havia aumentado. Mesmo na fase adulta, o cérebro deles havia mudado. O cérebro de pessoas idosas é capaz de aprender novas habilidades, porém é mais fácil aprender essas habilidades na juventude. O cérebro de seu filho consegue aprender matemática, leitura, outros idiomas, música e muito mais. Como pai ou mãe, você pode moldar o cérebro dele de maneira positiva equilibrar o tempo diante das telas com leitura, esporte e outras atividades (p. 152-153).
  • 64. Um número considerável de especialistas concordaria. Quando as crianças usam a tecnologia de forma exagerada, o estímulo constante do cérebro eleva o hormônio do estresse chamado cortisol. O nível muito elevado de cortisol pode impedir a criança de sentir calma e bem-estar. O dr. Archibald Hart diz: "Parte da função do cortisol é bloquear os receptores de tranquilidade, tornando a pessoa mais ansiosa e preparando-a para lidar com uma emergência. Só que não se trata de uma emergência verdadeira, mas de uma emergência induzida pelo jogo. Essa perda de tranquilidade pode causar sérios transtornos de ansiedade (p. 154).
  • 65. Ensinar suas crianças a encontrar equilíbrio no mundo digital é desafiador. Muitos fatores neurológicos, sociais e, acima de tudo, confessionais estão em jogo. De forma muito prática, para reduzir o nível de estresse de seu filho, pratique pelo menos estas 4 atividades em casa: (1) tempo de descanso, (2) uso restrito de aparelhos eletrônicos, (3) exercícios físicos e (4) sono!
  • 66.
  • 67. AULA 05 Internet: a perda da presença física das crianças pelo tempo online
  • 69. Em comparação com o final dos anos 1980, em 2016 os estudantes universitários passavam quatro horas a menos por semana socializando com os amigos e três horas a menos por semana em festas — ou seja, sete horas a menos por semana de interação social ao vivo. Isso significa que os centennials encontram os amigos pessoalmente uma hora a menos por dia do que a geração X e os primeiros millennials. Uma hora a menos por dia com os amigos representa prejuízos para formar habilidades sociais, administrar relacionamentos e estar em contato com as próprias emoções. Certos pais talvez considerem que essa hora por dia seja canalizada para atividades mais produtivas, mas, como vimos nos dois capítulos anteriores, esse tempo não foi diante de telas substituído por deveres escolares em casa, e sim pelo tempo gasto diante das telas. Os adolescentes também saem menos com os amigos… Aqueles que não saem com os amigos em uma semana normal geralmente ficam em casa nas noites de sexta e sábado. Isso representava uma porcentagem inferior a 8% dos alunos do 3º ano do ensino médio, mas em 2015 quase um em cada cinco jovens no 3º ano do ensino médio não saía com os amigos durante uma semana normal. A tendência é ainda maior para alunos do 8º ano do ensino secundário e do 1º ano do ensino médio: na década de 1990, apenas um em cada cinco saía raramente, mas em 2015 isso aumentou para um em cada três. O início da queda marcante recente em saídas e reuniões com amigos é altamente suspeito, pois ocorreu justamente quando os smartphones se disseminaram e o uso de redes sociais realmente decolou. O tempo despendido ao vivo com amigos foi substituído por aquele on-line com amigos (inclusive os virtuais) (p. 92).
  • 70.
  • 71.
  • 72.
  • 73. Os adolescentes da iGen têm menos propensão a ir a bares e clubes noturnos - desde 1988, quando a idade legal para beber foi aumentada para 21 em todo o país, o número de alunos do 3º ano do ensino médio que ia a esses lugares caiu pela metade. Em 2006, o New York Times documentou a nova tendência de clubes noturnos para adolescentes (os chamados “starter clubs”), alguns para menores de dezoito anos. Em 2016, porém, o Times e outros jornais observaram que muitos clubes de dança estavam fechando. Isso não significa que os adolescentes estejam em harmonia com a família quando estão em casa. Athena, 13, que encontramos na Introdução, me disse que ela e suas amigas ficam grande parte desse tempo em seus celulares. “Quando estão com a família, minhas amigas não conversam, só dizem 'tá, tá, tanto faz', e ficam ligadas nos celulares. Elas não prestam atenção na família", comentou ela. Ultimamente, Athena tem passado bastante tempo sozinha: após passar o verão em seu quarto dedicada à Netflix, a mensagens de texto e a redes sociais, ela contou o seguinte: “Minha cama tem, tipo, a marca exata do meu corpo". Conforme suas atividades de verão ilustram, há uma atividade que os centennials fazem mais do que seus antecessores: passar mais tempo de lazer sozinhos (p. 94).
  • 74. Em suma: os adolescentes da iGen são menos propensos a participar de todas as atividades sociais cara a cara mensuradas em quatro conjuntos de dados relativos a três grupos etários. Essas interações em vias de desaparecimento incluem desde aquelas com menos gente, como se reunir com os amigos, a outras com muita gente, como festas. Incluem também atividades sem finalidade específica, como passear de carro, e outras com um propósito, como ir ao cinema para ver um filme. Outras podem ser substituídas pela praticidade on-line, a exemplo de ir a um shopping center, ou ser facilmente imitadas on-line, como estar com os amigos. O fato é que a geração i se comunica eletronicamente, como mostra a Figura 3.4. E a conclusão é evidente: a internet dominou tudo. Os adolescentes estão “instagramando", "snapchatting" e trocando mais mensagens de texto com os amigos do que os encontrando pessoalmente. Para os centennials, a amizade on-line substituiu a amizade ao vivo (p. 95).
  • 75.
  • 76. Caso você não seja um centennial, pense como as coisas eram no ensino médio do que você se lembra mais vividamente? Talvez da festa após a formatura, do primeiro beijo ou da vez que você e seus amigos se meteram em uma encrenca no shopping. Certamente você se lembra bem de algo que aconteceu com seus amigos quando não havia pais por perto. Tais experiências do cada vez mais raras para os adolescentes de hoje. Do que eles irão se lembrar — daquelas mensagens de texto hilárias trocadas com um amigo? De sua melhor selfie! De um meme que se tornou viral? Ou irão se lembrar das poucas vezes em que de fato estiveram pessoalmente com seus amigos? (p. 96).
  • 77.
  • 78. Mais uma vez, a diferença entre atividades com telas e sem telas é gritante: adolescentes que passam mais tempo diante de telas têm mais propensão a ser deprimidos, e os que passam mais tempo em atividades sem telas têm menos propensão a ser deprimidos. Alunos do 8º ano do ensino secundário que são usuários pesados de redes sociais aumentam seu risco de depressão em 27%, ao passo que aqueles que praticam esportes, vão a cultos religiosos ou fazem os deveres escolares em casa diminuem muito esse risco. Os adolescentes mais ativos nas redes sociais também são os que correm maior risco de ter depressão, um problema mental que afeta milhões de adolescentes por ano nos Estados Unidos (p. 102)
  • 79.
  • 80. três horas por dia diante de telas aumentam a chance de um adolescente se suicidar. Então, quanto tempo diante de telas é excessivo? Os riscos começam a aumentar a partir de duas horas ou mais por dia e só pioram, com níveis muito altos de uso (cinco ou mais horas) ligados a riscos consideravelmente mais altos de suicídio e infelicidade. Isso sugere que a chave é moderação, não necessariamente a eliminação total de dispositivos eletrônicos da vida dos adolescentes. Por que o uso de um dispositivo eletrônico é tão ligado ao aumento no risco de suicídio? Isso não tem a ver com demografia; as probabilidades são praticamente idênticas quando gênero, etnia e ano escolar são levados em conta. Pode ser que adolescentes sob risco de suicídio tenham atração por dispositivos eletrônicos. Talvez, mas os adolescentes, que ficam deprimidos com frequência costumam preferir atividades passivas, como ver TV, em vez de atividades interativas como redes sociais e jogos de computador. Então, o que especificamente faz com que os dispositivos eletrônicos sejam muito piores do que a TV? Um fator é o ciberbullying. (p. 105).
  • 81. o ciberbullying — a intimidação eletrônica via mensagens de texto, redes sociais e salas de bate papo — é ainda pior. Dois terços (66%) dos adolescentes intimidados no ciberespaço têm pelo menos um fator de risco de suicídio, 9% a mais do que aqueles que são intimidados ao vivo e na escola. É comum adolescentes vítimas de ciberbullying dizerem que não têm como escapar de seus perseguidores, pois não podem evitar certas pessoas. A menos que desistam totalmente de usar seus celulares, a perseguição continua. "Elas diziam, 'ninguém gosta de você, se mate logo’, relatou Sierra, 15, da Virginia, em American Girls, sobre as garotas que a intimidavam e perseguiam no ciberespaço. Ela recebeu a seguinte postagem no Instagram: "Você não tem bunda, garota, pare de tentar fazer fotos, não é maneiro, você parece uma puta. Você é tão idiota... essa roupa faz você parecer uma daquelas prostitutas baratas que ficam na esquina”. A perseguição constante fez Sierra perder o eixo. "Comecei a tomar sorvete o tempo todo para tentar me animar, mas não quero ficar gorda. Então, resolvi o problema me cortando”, disse ela se referindo à automutilação (ou seja, se cortar de propósito com uma faca ou gilete, em geral nas pernas e nos braços). (p. 106-107).
  • 82. Da mesma forma como aprendemos inglês, programação e a tocar piano, habilidades sociais requerem treinamento. Os centennials não estão praticando tanto suas habilidades sociais ao vivo quanto as outras gerações. Quando os momentos importantes da sua vida chegarem, eles são mais propensos a cometer erros: seja em entrevistas em faculdades, ao fazer amizades no ensino médio e ao competir por um emprego. As decisões sociais mais importantes de nossa vida ainda são tomadas ao vivo, e a os centennials têm menos experiência nisso. É provável que haja mais jovens que saibam qual é o emoji correto para uma situação, mas não a expressão facial condizente.
  • 83.
  • 84. AULA 06 Inseguros: as novas crises de saúde mental e segurança pessoal
  • 85. Filhos adultos mimados (2015) Tania Zagury lI pais negligenciados
  • 86. Uma das coisas que mais incomodava os Boomers, como vimos, era a falta de diálogo e de liberdade com seus pais. Até então quem discordou, o fez internamente e se calou. Mas os seus pais, esses não! Como é que um pai pode expulsar um filho de casa por conta de uma carreira? Perguntavam-se inconformados. Era um contrassenso com os princípios de liberdade e de igualdade que defendiam. Portanto, não podiam aceitar que se deserdasse" um filho por não seguir o que o pai decidira para sua vida. Menos ainda que os filhos tivessem que se casar com quem não escolheram (p. 87).
  • 87. E, ainda assim, não odiavam seus pais. Aceitavam que pensassem diferentemente, mas assumiam e viviam suas vidas do jeito que queriam e acreditavam que deviam viver. Pegaram seu destino com as mãos – e as responsabilidades das decisões tomadas também. Assim como as consequências. Quando tiveram filhos, quiseram se assegurar de que eles não precisariam passar pelo mesmo sufoco por que tinham passado. E foi aí que começaram a repetir um dos aforismos mais característicos: você vai contar sempre comigo, em qualquer momento ou situação. Na verdade queriam dizer que eles jamais fariam o que seus avós fizeram com eles. Queriam garantir principalmente que não cortariam laços com vocês, ainda que as decisões e escolhas que você e seus irmãos fizessem não correspondessem ou fossem totalmente diversas das que eles próprios sonhavam. Era isso que os Boomers precisavam ter deixado claro: queriam marcar a diferença entre o que ocorrera com eles e o que eles iriam fazer numa situação semelhante (p. 90-91).
  • 88. Só que a vida se encarregou de fazer com que esse propósito tão lindo fosse desvirtuado. E sabe por quê? Porque seus pais se esqueceram de explicar, e bem explicadinho, o porquê dessa frase - como eu acabei de fazer aqui. E isso fez muita diferença em relação ao que sucedeu depois, porque, de forma um tanto esquizofrénica, consideraram que todos, e principalmente os seus filhos, sabiam exatamente a que eles estavam se referindo, quando falavam que estariam ao seu lado. Achavam também de uma forma nada realista, que os filhos sabiam o tipo de mudanças fundamentais que estavam introduzindo. Para deixar bem claro: o que desejavam dar aos filhos, e não tinham tido, era fundamentalmente liberdade para conversar, discutir, dialogar e decidir sobre temas que antes não eram considerados "conversáveis". Para os Boomers qualquer assunto devia ser passível de discussão e troca de ideias, desde que com respeito mútuo, entre pais e filhos; também queriam lhe dar liberdade para a escolha da profissão, da vida afetiva, sexual e social; liberdade para conduzir seu destino, sua vida (p. 91-92).
  • 89. Lindo, não é? Na prática, isso significava abandonar a expressão que seus avós viviam usando: Obedeça-me, sou seu pai! Substituindo por: Nós estaremos sempre a seu lado. E daí? Daí que as novas gerações, que receberam todas essas conquistas "de graça", interpretaram como um direito adquirido o que a seus pais parecia um precioso e generoso legado, porque o que se teve desde bebê e por toda a vida acaba sendo visto como natural, normal, coisa corriqueira. Quem recebe a benesse23 desde que nasceu nem a menos sabe que o que recebeu é uma dádiva, uma vantagem - sequer cogita que poderia ter sido diferente, caso os pais quisessem. Ainda mais quando a pessoa (que bem pode ser você, leitor, que hoje tem entre 30 e 40 anos, mais ou menos) nem sabe que antes era diferente e, mesmo que tenha ouvido falar que era diferente, não viveu a experiência, não sentiu a diferença (p. 92).
  • 90. O pai de hoje em dia coloca o filho de 1 ano no curso de inglês, aos 10 meses tem que aprender a nadar e com menos de 1 ano já usa celular e tablets. Diante desse cenário, a pergunta que resta é: se confiam tanto (com razão) na estimulação precoce e na capacidade dos filhos de fazerem que aprendizagens intelectuais e motoras, por que será não confiam também que eles têm capacidade para as superimportantes aprendizagens sociais?
  • 91. Como criar um adulto (2015) Julie Lythcott-Haims lI
  • 92. Num mundo em que abunda uma tecnologia muito avançada, nós nos achamos capazes de garantir que nenhuma criança jamais se machucará. Nós acreditamos em nossa capacidade de ter controle. Para conseguir isso, tornamos o mundo muito mais seguro, previsível e benévolo para as crianças… Todavia, nós pais levamos as coisas um pouco além, agindo pessoalmente como para-choques e contratrilhos entre nossos filhos e o mundo, como se eles fossem permanecer completamente seguros enquanto nos fizéssemos presentes… quando uma criança se torna experiente o bastante para carregar as próprias coisas? E ainda: qual é o grau de independência que deve ser dado a uma criança que frequenta a escola primária? Após observar os pais que moravam nas cercanias das escolas primárias de minha cidade, eu decidi investigar o quão abrangente era essa tendência (p. 22).
  • 93. A vigilância dos pais e a tecnologia deixam o mundo mais suave para nossos filhos, mas nem sempre poderemos estar por perto para tomar conta deles. Educar uma criança para que se torne um adulto independente é nosso imperativo biológico, e ter consciência de si mesma em nossos ambientes é uma habilidade fundamental que deve ser por ela desenvolvida. Quando nos sentimos tentados a fazer com que seja a nossa presença o que as protege, devemos questionar: Para quê? Como podemos prevenir e proteger enquanto comunicamos às crianças as habilidades de que necessitam? Como as ensinamos a se virarem sozinhas (p. 25).
  • 94. Quando unimos o medo de que a criança fique em casa sozinha com o medo de que ela saia de casa a sós, o grau de liberdade de que desfrutam os meninos americanos de hoje se reduz a uma pequena fração daquela liberdade que seus pais tiveram e a uma fração ainda menor daquela que tiveram seus avós. Hoje, parecemos interessados em preparar nossos filhos para que vivam toda a vida num raio de um quilômetro de distância de nós; não nos interessamos pelas competências básicas que nascem do aumento da independência (p. 35).
  • 95. Se pararmos para pensar, nós só nos preocupamos por ficarmos sem notícias de nossos filhos porque hoje é possível estar sempre em contato. Há apenas dez ou quinze anos, era impossível ficar em cima das crianças dessa maneira. Antes dos telefones celulares, elas não tinham como ligar quando chegassem à praia; antes dos celulares, os filhos só telefonavam para os pais uma vez por semana, no máximo — e isso do orelhão que ficava no saguão do dormitório (e apenas quando as ligações de longa distância estavam baratas!); antes dos celulares, os filhos iam estudar no exterior e mandavam cartas, fazendo apenas uma ligação ocasional para casa. Será que, apenas porque podemos ter contato a todo momento, nós devemos fazê-lo? Isso faz bem? (p. 35).
  • 96.
  • 98. Outra possibilidade é que os centennials estejam despreparados para a adolescência e o início da vida adulta devido à sua falta de independência. Menos propensos a trabalhar, a administrar o próprio dinheiro e a dirigir carros no ensino médio, talvez eles não estejam desenvolvendo a resiliência advinda de fazer coisas por conta própria. Um estudo indagou a estudantes universitários? se seus pais “supervisionavam cada movimento seu", "se adiantavam para resolver seus problemas" e "não deixavam eles entenderem as coisas de maneira independente”. Estudantes cujos pais tinham essas características (os chamados “pais-helicóptero”) tinham menos bem-estar psicológico e mais propensão a tomar medicamentos receitados para ansiedade e depressão. Portanto, a independência menor comprovadamente está correlacionada a transtornos mentais e mudou ao mesmo tempo (p. 133-134).
  • 99.
  • 100. Os dados desses levantamentos são desoladores: os sintomas depressivos dos adolescentes tiveram um aumento meteórico em muito pouco tempo. O número de adolescentes que concordavam com a afirmação "sinto que não consigo fazer nada direito” teve a maior alta nos últimos anos, sobretudo após 2011… As redes sociais influem nesses sentimentos de inadequação: como a norma é divulgar apenas os êxitos, muitos adolescentes se sentem perdedores natos, pois não se dão conta de que os amigos aparentemente sempre bem-sucedidos também fracassam em certas coisas. Se passassem mais tempo pessoalmente com esses amigos, perceberiam que não são os únicos a cometer erros. Um estudo descobriu que estudantes universitários que usavam muito o Facebook eram mais deprimidos, mas somente se tinham mais inveja dos outros (p. 121).