O documento discute os riscos do uso excessivo da internet e das redes sociais para a saúde mental dos jovens. Ele explica que pesquisas mostram que o tempo excessivo online está associado ao aumento de problemas como depressão, ansiedade e distúrbios alimentares. Também descreve como as redes sociais exploram mecanismos como likes e notificações para manter os usuários conectados, criando um "cassino emocional" que pode ser prejudicial para os adolescentes.
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Como as redes sociais estão afetando a saúde mental dos jovens
1. 8ª SEMANA – ATIVIDADE DE LEITURA
ENSINO FUNDAMENTAL ENVIO: 22/06/2020.
LÍNGUA PORTUGUESA – ADRIANNA NÓBREGA LUSTOZA
TEXTO 01: ÉTICA NA INTERNET. PRECISAMOS FALAR DISSO! DE LETÍCIA
MALINOSKI
Em um ambiente tão cheio de
informações e conexões, como seria a forma ética
mais esperada no comportamento virtual de cada
um de nós?
Ética ou ser ético, de acordo com o
dicionário Aurélio, tem por definição possuir um
comportamento de acordo com a índole e a moral
esperada de um indivíduo em determinado grupo
social. Dentro da nossa sociedade, significa agir
de uma forma justa e honesta com nossas ações,
sempre priorizando o respeito com as atividades
e ações de outras pessoas.
Dentro de redes sociais é sempre importante discutir ética e como ela deve fazer parte
das muitas situações que a conectividade da internet nos dá, principalmente por ser um ambiente
onde temos o risco de nos deparar com fake news (notícias falsas), propagandas enganosas
(que prometem algo, mas não cumprem com integridade), propagandas ilusórias (que parecem
prometer algo, mas na realidade prometem outro) e discussões acerca de determinado assunto
e plágio de conteúdos pessoais ou corporativos.
Com fake news e as propagandas enganosas, a falta de ética está por parte de quem
cria esses tipos de conteúdo, disseminando informações erradas que podem induzir várias
pessoas ao erro, como por exemplo o boato de que o uso de vacinas poderia aumentar a chances
de desenvolvimento de autismo, que resultou num surto de sarampo na Europa, pois foram várias
pessoas pararam de fazer a prevenção por vacinação. Para impedir o aumento desse tipo de
desinformação, deve-se verificar sempre o dado repassado com outras fontes confiáveis
disponíveis na rede. Isso é possível a partir de uma pesquisa rápida.
Discussões provindas de temas compartilhados na internet são positivas quando feitas
de forma respeitosa e construtiva, de acordo com os princípios éticos. O problema se apresenta
quando duas opiniões se confrontam e a partir disso surgem críticas e mais críticas que
transformam a discussão em conflito, trazendo uma situação desconfortável e inconclusiva. Agir
de acordo com a ética também implica saber respeitar e ouvir opiniões diferentes, abrindo espaço
para um ambiente onde possam ser desenvolvidas novas ideias e opiniões acerca de um tema,
sem que nenhum pensamento seja instantaneamente reprimido.
Situações onde se comprova um plágio, isto é, alguém apresentar um trabalho (texto,
pesquisa, ilustração, reportagem, etc.) feito por outro como se fosse seu, foram sempre
problemáticas dentro de áreas acadêmicas e artísticas. A internet trouxe uma revolução que
deixou disponível os mais diversos tipos de informação a cliques de distância, o que aumentou
casos de plágio das mais diversas formas e em diferentes áreas de atuação. Além de ser um ato
de falta de ética, plágio pode ser considerado crime! Sempre deve-se referenciar corretamente
o autor ou fonte selecionada, sem que haja cópia da ideia que foi desenvolvida por esta fonte.
São ações por muitas vezes simples, mas que contribuem para tornar o ambiente virtual
das redes sociais e digitais cada vez mais próximo do que se idealizou: uma área onde é possível
interagir e compartilhar informações como forma de propagar conhecimento. O importante é que
cada um possa fazer sua parte, tomando a iniciativa de agir sempre dentro dos princípios da
ética.
2. 8ª SEMANA – ATIVIDADE DE LEITURA
ENSINO FUNDAMENTAL ENVIO: 22/06/2020.
LÍNGUA PORTUGUESA – ADRIANNA NÓBREGA LUSTOZA
TEXTO 02: COMO AS REDES SOCIAIS ESTÃO ADOECENDO OS JOVENS?
POR ANALICE GIGLIOTTI
A internet armou um ciclo vicioso e nocivo que tem castigado a saúde mental dos
adolescentes
Quem foi criança entre os anos 70 e 90 passou boas horas diante da televisão. A “babá
eletrônica” era um entretenimento barato e acessível, apesar da disputa pelo controle remoto.
Mas com o surgimento da internet e, mais recentemente, das redes sociais, tudo mudou. A
televisão começou a dividir a atenção dos jovens com outras telas, como tablets, computadores
e celulares. Passados alguns anos, a ciência é categórica: as redes sociais estão deixando
nossos jovens doentes.
Diante de evidências do aumento de casos de depressão e suicídio, especialistas foram
investigar e identificaram que a causa do comportamento dos jovens é o uso excessivo de
internet. E não ficou por aí: as horas online também se mostraram responsáveis pelo crescimento
de ocorrências de transtorno alimentar e comportamento agressivo entre os jovens.
A média de tempo de acesso desta faixa etária é de seis a oito horas, cerca de um terço
do dia! Os estudos concluíram que a questão não é o tipo de mídia social que frequentam –
Tinder, Youtube, Facebook, Instagram, jogos on-line -, mas a quantidade de horas gastas nelas.
Pesquisa pioneira da Universidade Federal do Espírito Santo, realizada em 2019 com
2 mil adolescentes entre 15 e 19, mostrou que 25,3% são dependentes moderados ou graves de
internet. O número de casos de ansiedade é duas vezes maior (34%) entre os dependentes
tecnológicos.
Adolescentes estão sempre em busca de novidades – e é bom que seja assim -, mas
também são mais sensíveis a elas: têm menos controle decisório e capacidade de arbitrar o que
é bom e o que não é. A formação total do cérebro só acontece entre os 20 e 25 anos e isso
transforma os adolescentes em um alvo perfeito a ser explorado, já que o grande ativo das mídias
sociais é a captação de dados dos seus usuários. Quanto mais tempo passam conectados, mais
dados são apreendidos: assim está armado o ciclo vicioso e nocivo que tem vitimado a saúde
mental dos jovens.
Nessa corrida do ouro para que os usuários permaneçam conectados o maior tempo
possível, lançam-se mão de todas as ferramentas e algoritmos. Quando temos uma experiência
prazerosa, o cérebro ativa um neurotransmissor chamado dopamina. Isso acontece, por
exemplo, quando alguém come
chocolate, pratica exercício físico, faz
sexo, usa drogas ou… ganha likes na
rede social. E o oposto também é real:
sabe aquela sensação frustrante de
caprichar na foto e ter poucas curtidas?
É esse “cassino emocional” que está
adoecendo os adolescentes. (O uso da
palavra “cassino” aqui é proposital: já
reparou que o movimento de arrastar a
tela do celular para baixo, com a
intenção de atualizar a página, é o
mesmo das máquinas de caça níquel?)
3. 8ª SEMANA – ATIVIDADE DE LEITURA
ENSINO FUNDAMENTAL ENVIO: 22/06/2020.
LÍNGUA PORTUGUESA – ADRIANNA NÓBREGA LUSTOZA
Mais do que se utilizar de estratagemas para engajar novos usuários, o que vemos são
recursos bastante questionáveis para o “enganchamento”: uma vez preso à rede social, é difícil
sair dela. Jaron Lanier, considerado o pai da realidade virtual e uma das maiores referências em
tecnologia no Vale do Silício, é bastante objetivo no livro “Dez argumentos para você deletar
agora suas redes sociais” (Editora Intrínseca):
“Evito as redes sociais pela mesma razão que evito as drogas. ”
Trata-se de uma mudança de paradigma de comportamento que exige readequação de
todos nós. Até há bem pouco tempo, não tínhamos uma educação digital. Nossa sociedade foi
lançada há um mundo violento de informação e novidades em escala algorítmica, sem saber o
que nos esperava. Nenhum pai sabia quais seriam as consequências de expor os _lhos a tantas
telas. Mas hoje sabemos.
O resultado das muitas horas conectados à internet aparece nos consultórios: jovens
desacostumados da vivência de frustração. Gosto da imagem das antigas salas de espera de
médicos, onde não havia nada a fazer a não ser… esperar. Viver os tempos mortos. Isso acabou.
É uma geração ocupada o tempo todo pela falsa companhia de um aparelho celular. São
adolescentes que não se conectam consigo mesmos, preocupados com as aparências, com o
externo a eles, com o que mostram nas telas. A vida reduzida a uma vitrine para os outros.
A consequência é um vazio gigantesco: eles não estão preenchidos por nada.
Por outro lado, seria ingenuidade imaginar um jovem sem celular ou sem conexão à
internet. É naquele ambiente que parte das suas vidas acontecem. É no universo online que
muitos descobrem não estar sozinhos em uma fase difícil da vida, de descobrimento de traços
da personalidade, como a sexualidade. No campo vasto da internet, todas as tribos se
encontram. Ela não é, por si só, uma inimiga. Mas a internet requer moderação.
Este é o ponto: a medida certa. Não é razoável expô-los completamente à tecnologia e
essa supervisão cabe aos pais ou responsáveis.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que de zero a dois anos a criança
não tenha qualquer exposição a telas. Entre dois e cinco anos, no máximo 1 hora diante de tela.
De seis a 10 anos, entre 1 e 2 horas ao dia. E dos 11 aos 18 anos, exposição máxima de 3 horas
por dia diante de telas, incluindo videogame, e mesmo assim, equilibrando com a prática de
atividade física.
Outra orientação aos pais é não permitir que o jovem se isole no quarto com
computador, smartphone, tablete ou celular; o uso deve ser em áreas comuns da casa. O horário
das refeições deve ser respeitado, sem acesso ao celular à mesa. Especialistas também
sugerem que se adote um “dia sem conexão”, em que todos deixam os gadgets de lado por
algumas horas, para estimular o convívio em família.
É fundamental que os adultos também façam um uso racional de computadores,
celulares e redes sociais em nome da saúde dos próprios filhos. Dar o exemplo não é a melhor
maneira de educar os outros. É a única.
Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da Escola Médica de Pós-Graduação
da PUCRio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de
Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.
Fonte: https://vejario.abril.com.br/blog/manual-de-sobrevivencia-no-seculo-21/redes-sociais-adoecendo-jovens/