SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Baixar para ler offline
CUIDANDO BEM ATÉ O FIM,
        do seu idoso com demência (Alzheimer ou doença similar)
               Judy Robbe – Harmonia de Viver, Belo Horizonte, MG, 2010

     A demência terá sempre um aspecto profundamente trágico, tanto para os
     portadores quanto para aqueles que são próximos. Existe, porém uma enorme
     diferença entre uma tragédia na qual as pessoas estão ativamente envolvidas e
     moralmente comprometidas, e a submissão cega e sem esperança ao destino.
     Dr Tom Kitwood, 1997


Demência do tipo Alzheimer em fase avançada ou terminal.

Desde 1988 quando comecei a orientar as famílias sobre os cuidados diários do seu ente
querido com Alzheimer, coordenado reuniões mensais, ministrado cursos e palestras
sobre o assunto, tenho percebido a dificuldade das pessoas para discutir “finitude”. A
elaboração desta cartilha vem ao término do meu curso de Tanatologia da SOTAMIG
em 2010 e tem o objetivo de suprir uma falta de informações para as famílias que ao
longo da doença se empenham tanto para aprender como lidar com as mudanças de
comportamento no seu idoso e como manter a sua qualidade de vida, mas não
conseguem enfrentar ou não sabem lidar com a fase final e morte.

Acompanhar uma pessoa com Alzheimer ao longo dos seus últimos anos é a uma tarefa
árdua. À medida que a doença avança você vai tomar cada vez mais decisões para o seu
ente querido, algumas difíceis como o uso ou não de alimentação por sonda. Entre as
mais profundas, são decisões que asseguram dignidade e conforto físico até o final da
vida. A comunicação contínua com o médico e outros membros da equipe de saúde será
fundamental.

Por muitas razões, este estágio da doença pode ser o mais difícil porque em geral o
familiar principal já está esgotado e desiludido quando aos serviços disponíveis. Podem
surgir idéias de “institucionalizar” que muitas vezes é vista como “falhar”, trazendo
sentimentos de culpa. No caso da família disfuncional, é comum nesta fase, piorarem os
conflitos familiares.


   “Sonhamos com um mundo ainda por vir, onde não vamos mais precisar de
   aparelhos eletrônicos com seres virtuais para superar nossa solidão e realizar
   nossa essência humana de cuidado e de gentileza. Sonhamos com uma sociedade
   mundializada, na grande casa comum, a Terra, onde os valores estruturantes se
   construirão ao redor do cuidado com as pessoas, sobretudo com os diferentes
   culturalmente, com os penalizados pela natureza ou pela história, cuidado com os
   espoliados e excluídos, as crianças, os velhos, os moribundos, cuidado com as
   plantas, os animais, as paisagens queridas e especialmente cuidado com a nossa
   grande e generosa Mãe, a Terra. Sonhamos com o cuidado assumido como o ethos
   fundamental do humano e como compaixão imprescindível para com todos os seres
   da criação”.
                                                          (BOFF, Leonardo, 2000)
“O uso da expressão “paciente terminal” para indicar aquela pessoa com doença
avançada e incurável não significa que nada mais há para se fazer. Pelo contrário, é
exatamente essa pessoa, no auge da sua fragilidade, extremamente dependente para as
suas necessidades e, por vezes, com alto grau de rejeição social, que mais exige cuidado
e assistência especializada. No período antes da morte, todas as suas funções vão
declinando até haver uma falência orgânica total, para a qual qualquer medida para
tentar reverter a situação é absolutamente inútil. É quando os cuidados paliativos entram
em cena como a melhor e mais apropriada abordagem para o atendimento”. (Claudia
Burlá e Lygia Py, ‘Manual dos Cuidados da Pessoa Idosa’ Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, Brasília 2008)



CUIDADOS PALIATIVOS EM DEMÊNCIA

O termo “cuidados finais” significa cuidados da pessoa que se aproxima do final da sua
vida. Porém, no caso de Alzheimer e demências similares pode ser difícil prever quando
a pessoa se aproxima da morte. Ela pode apresentar sinais que sugerem estar muito
próximo, mas de fato pode apresentar estes sinais durante muitos meses e até anos. Pode
também parecer estar próximo da morte, melhorar e viver ainda por muitos meses.

Além disto, a pessoa com demência pode morrer de outra doença, como por exemplo,
câncer ou doença cardíaca. Pode também sofrer de infecções ou outras comorbidades.
Por causa disto, a pessoa pode ser internada e chegar a falecer numa unidade hospitalar
não especializada em cuidados da pessoa com demência.

Por todas estas razões, enquanto o conhecimento sobre cuidados ao final da vida tem
melhorado muito ao longo da última década, especialmente em áreas como o câncer,
muitas pessoas com demência ainda não recebem bons cuidados ao final da vida.



DECLARAÇÃO ANTECIPADA DA PRÓPRIA VONTADE

Sabemos que a população idosa cresce muito no Brasil e que a questão precisa ser vista
com outro olhar – com mais respeito. Mas é também importante que as próprias pessoas
preparem o seu futuro. Já é hora de aceitar que o envelhecimento e a morte fazem parte
da vida, e de perder o medo de falar sobre o assunto. Ouvimos falar atualmente que nós
devemos, enquanto com saúde, elaborar o nosso ‘Testamento Vital’, mas o que é isto?

É uma declaração de como o assinante quer ser tratado, caso venha a sofrer uma
doença grave e chegar ao ponto de não conseguir mais opinar sobre o seu tratamento
médico. Pode optar, por exemplo, por Cuidados Paliativos, evitando medidas heróicas
para adiar a morte e prolongar o sofrimento no CTI, se “não existir possibilidade
terapêutica”. Esta “declaração” deve ser registrada em cartório e cópias distribuídas aos
familiares, pois, ainda que não tenha valor legal no Brasil, pode poupá-los de decisões
muito difíceis no futuro.
CUIDADOS PALIATIVOS E A FILOSOFIA ‘HOSPICE’.

A demência em estágio avançado é atualmente incurável; então, deverá ser considerada
uma doença terminal, similar ao câncer. Assim Cuidados Paliativos pode ser a estratégia
mais apropriada. Os objetivos de Cuidados Paliativos são a manutenção da qualidade de
vida, dignidade e conforto. (L. Volicer, 2007)

Na verdade, “Hospice” não é só um local, mas sim uma filosofia.

HISTÓRIA

Para entender a filosofia Hospice é interessante conhecer a sua história:
Durante a Idade Média, e até depois, as peregrinações dos cristãos aos lugares santos
levaram as pessoas a se deslocarem por longas distâncias, caminhando por meses e até
por alguns anos. No decurso de sua trajetória os peregrinos cansavam, adoeciam,
passavam privações, eram maltratados e assaltados. Eram então recolhidos em casas
chamadas “hospice” (que significa asilo, abrigo, refúgio), fundadas e dirigidas por
religiosos cristãos. Aí os viajantes permaneciam tempo suficiente para se recuperar e
seguir viajem ou eram cuidados até a morte.

No século XX e particularmente após a II Guerra Mundial houve um grande avanço
científico nos campos médico-cirúrgico, farmacêutico e na tecnologia de diagnóstico e
apoio, e o exercício da medicina tornou-se progressivamente impessoal. O esforço para
prolongar a vida por meios artificiais tornou-se uma obsessão científica. A tríade do ser
humano – corpo, mente e espírito – foi ignorada, cuidando-se tão somente do primeiro
componente.

O ensinamento bíblico do Eclesiastes 3,2: “há um tempo de nascer e um tempo de
morrer”, foi completamente esquecido. Na avaliação dos resultados terapêuticos de
doenças crônicas e fatais, passou-se a valorizar o tempo de sobrevida e não a qualidade
de vida. Quando a evolução do processo mórbido desafiava e derrotava todas as
intervenções terapêuticas, a equipe médica se retirava de campo deixando o doente
entregue ao seu destino, pois nada mais havia a fazer.

Em 1967 a enfermeira inglesa (e posteriormente médica e assistente social) Cicely
Saunders, inconformada com os sofrimentos físicos, psicológicos, espirituais,
familiares, sociais e econômicos destes seres humanos, tomou a si a tarefa de cuidar dos
mesmos, tratando-os de seus sofrimentos globais, isto é, do corpo, da mente e do
espírito. A sua intenção era tornar digna e confortável a vida restante.

Cicely Saunders fundou o St. Christopher’s Hospice em Londres e existe hoje em torno
de 470 “Hospices” na Inglaterra, oferecendo hospedagem, acompanhamento em clinica
e em domicílio (www.helpthehospices.org.uk)

       “Dar mais vida aos dias do que acrescentar dias à vida” (C. Saunders)
DEFINIÇÃO de Cuidados Paliativos:

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Cuidado Paliativo é uma
abordagem que melhora a qualidade de vida do paciente e da família que enfrenta
problemas associados com uma doença sem possibilidade de cura, através da prevenção
e alivio do sofrimento, com identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da
dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.

O tratamento é focado em paliar ou aliviar os sintomas da pessoa com demência que se
aproxima do final de sua vida, em vez de curar a doença que está causando a sua morte.

Para os familiares o cuidado paliativo consiste em oferecer apoio emocional e prático
antes, durante o processo, e após a morte da pessoa, no período de luto. Cuidado
Paliativo não deve ser confundido com eutanásia, um termo associado com
intervenções que visam apressar o processo de morte.

Tradicionalmente, o Cuidado Paliativo tem sido usado para atender as necessidades de
pessoas com câncer em fase terminal. Atualmente é cada vez mais reconhecido como a
melhor abordagem para cuidar de pessoas com um leque de doenças sem possibilidades
terapêuticas, incluindo a demência.

Cuidado Paliativo:
   1. Proporciona alivio da dor e outros sintomas aflitivos;
   2. Afirma a vida e reconhece a morte como um processo natural;
   3. Significa nem apressar nem adiar a morte;
   4. Integra os aspectos psico-sociais e espirituais de cuidados;
   5. Oferece um sistema de apoio para ajudar o paciente a viver o mais ativamente
      possível até a sua morte;
   6. Oferece um sistema de apoio para ajudar a família durante a doença da pessoa e
      durante o seu próprio período de luto;
   7. Usa uma abordagem interdisciplinar para abordar as necessidades do paciente e
      a sua família, incluindo Terapia de Luto, quando indicado.

Manter a funcionalidade de pessoas com demência em estágio avançado é importante
para elevar a auto-estima e facilitar o cuidado diário. Hospitalização leva à piora
funcional mesmo em idosos sem déficit cognitivo.
PROGNÓSTICO

Nos Estados Unidos, para que Medicare (Sistema de seguro de saúde do governo
destinado ás pessoas com 65 anos ou mais) cubra as despesas de ‘Hospice’ é necessário
um prognóstico de sobrevida de menos que seis meses. Vários estudos têm focado na
previsão de morte na demência (Volicer et al, 1993; Hanrahan et al, 1999; Schonwetter
et al, 2003). Muitos destas previsões se mostraram incorretos. Contudo três
marcadores de severidade sugeridos por Sachs et al, (2004) podem ser apropriados.

O primeiro é a avaliação FAST (Reisberg et al, 1994), indicando que a pessoa esteja no
estágio 7C especialmente quando em conjunto com complicações como perda de peso
de 10% ou mais, infecções recorrentes ou úlceras de pressão múltiplas. O segundo é
fratura do fêmur ou pneumonia em demência avançada (Morrison & Siu, 2000).
O terceiro é a necessidade de alimentação enteral (Grant et al, 1998).
Fonte: Advances in Psychiatric Treatment (2007), vol. 13, 251–260 doi: 10.1192/apt.bp.106.003442

Estágio 7c da Escala FAST significa:

        Perda da capacidade de se movimentar sozinho para realizar algo proposto;
        Perda da comunicação verbal;
        Não consegue comer sozinho;
        Pode engasgar com líquidos e alimentos sólidos;
        Aspiração (podendo levar à pneumonia);
        Não reconhece familiares exceto em momentos raros;
        Imobilidade;
        Complicações clínicas;
        Perda de peso;
        Irritações de pele;
        Infecções repetidas (especialmente pneumonia e infecção urinária);
        Não conseguir manter-se em posição assentada sem apoio;
        Perda da habilidade de sorrir;
        Volta aos reflexos primitivos (do bebê recém-nascido).

O aparecimento e piora destes sintomas irá variar entre as pessoas por causa de
processos diferentes da doença, diferenças individuais e patologias co-existentes como
cardiopatia, diabetes ou câncer.

O custo dos cuidados no estágio avançado de demência é freqüentemente aumentado
pelo uso de intervenções médicas agressivas que podem não ser no melhor interesse do
paciente. (Volicer.L. 2007)
INTERVENÇÕES


Um dos estudos recentes mostrou que embora a taxa de mortalidade dos pacientes, em
fase terminal de Alzheimer, seja quatro a cinco vezes mais elevada do que daqueles sem
demência, eles recebem a mesma quantidade de procedimentos dolorosos, incluindo
picadas diárias de agulha para exames, colocação de cateteres venosos e dolorosas
injeções de medicamentos.

Este mesmo estudo mostrou que é mais provável os pacientes com a doença de
Alzheimer serem submetidos à colocação de cateteres na bexiga e colocação de sondas
de alimentação através do nariz ou cirurgicamente através do abdômen do que pacientes
sem demência.

Apesar do fato de que a alimentação por sonda não impedir a aspiração (conteúdo da
boca ou do estômago ir para o pulmão), não prolongar a sobrevida, não reduzir
infecções, não melhorar o funcionamento, ou aumentar o conforto do paciente, as
pessoas com doença de Alzheimer avançada são submetidos à colocação de sondas, de
forma alarmante.
Pacientes com doença de Alzheimer e outras demências que são alimentados por sonda
muitas vezes morrem dentro de um ano, têm aumento do número de infecções
pulmonares e apresentam aumento da agitação que exige mais uso de restrições físicas e
sedação, que por sua vez, resulta em mais situações de ruptura dolorosa da pele. A
filosofia “Hospice” e Cuidados Paliativos podem ajudar a diminuir estes problemas para
os pacientes e suas famílias.

“Morrer com dignidade significa que eu tenha permissão de morrer com meu
caráter, e com a minha personalidade” (Dra. Elizabeth Kubler Ross)


COMO POSSO SABER SE O MEU ENTE QUERIDO ESTÁ MORRENDO?

Reconhecer quando a pessoa com demência avançada está morrendo não é fácil, porque
ela/ele já pode apresentar alguns destes sinais e sintomas há alguns meses ou até anos,
como por exemplo: profunda fraqueza, ingestão reduzida de comida e líquidos,
sonolência e consciência reduzida, aparência esquelética, dificuldade para engolir,
acamado, dependência total de cuidados, desorientação quanto ao tempo ou local,
agitação e inquietação, dificuldade de concentração.

Porém, quando estes sintomas pioram muito ao longo de duas ou três semanas, ou até
dias ou horas, é importante avisar o médico que, dentro da filosofia de Cuidados
Paliativos e junto com a família, irá planejar os próximos cuidados do seu idoso.

Quando o processo de morte for estabelecido, a pessoa pode apresentar outras mudanças
como a perda da consciência (você não consegue acordá-la), não conseguir mais
engolir, “agitação terminal”, além de mudanças na respiração e circulação.
MANTER A CALMA

“Agitação terminal” deve ser relatada imediatamente ao médico porque pode ser devido
à dor ou febre e precisa ser aliviado. Você pode acomodar a pessoa na cama ou mudá-la
de posição. Se estiver quente ao toque, pode usar um ventilador ou pano úmido frio na
testa. Talvez seja necessário um medicamento (receitado pelo médico) para aliviar a dor
e agitação.

À medida que a morte se aproxima, o padrão de respiração poderá se modificar. Isto é
causado pela entrada no estado de inconsciência. É conhecido como respiração de
“Cheyne Stokes” e a pessoa poderá ter períodos de respiração regular e aí parar de
respirar por alguns segundos. A respiração geralmente acelera e pode haver longas
pausas no meio. A pessoa não está ciente disto, mas para os familiares pode ser
desconfortante. É importante saber que isto é normal. A respiração poderá também ser
acompanhada de bastante secreção durante os últimos dias ou horas de vida e o médico
pode indicar medicamentos para secá-la. Se for possível, mantenha a cabeceira da cama
mais elevada.

A pele pode se tornar pálida e úmida. Os dedos das mãos e os pés podem apresentar
uma coloração azulada. Isto é porque a circulação de sangue pelo corpo está diminuindo
à medida que a morte se aproxima.


ABORDAGEM NÃO-FARMACOLÓGICA

A geração que hoje envelhece busca, cada vez mais, uma abordagem holística dos
tratamentos oferecidos, uma abordagem que leva em conta o seu bem estar físico,
mental e espiritual. É de esperar que, ao final da vida, estas pessoas continuem
desejando a mesma abordagem.

Na Inglaterra, país apontado em estudo recente, como o melhor lugar no mundo para
morrer, as terapias complementares se tornam cada vez mais disponíveis para os
pacientes de doenças crônicas, como uma parte integral dos Cuidados Paliativos que
recebem nos hospitais, nos Hospices, nos seus próprios lares e em “casas de apoio a
pessoas com câncer” (como por exemplo no Brasil, o CAPEC e Casa Hope). Foi
desenvolvido um guia oficial de orientações claras, concisas e compreensivas para
nortear o uso das terapias escolhidas, entre elas Reflexologia, Aromaterapia,
Relaxamento Dirigido e “Therapeutic Touch” (“Toque Terapêutico”, similar ao Reiki).
Uma descrição breve das terapias é acompanhada por dados científicos e orientação
sobre o seu uso em cuidados paliativos, incluindo situações nas quais as terapias podem
ser úteis, contra-indicações e precauções.
Reflexologia.
Faça uma massagem suave nos pés e nas mãos do seu idoso, usando um creme da sua
preferência ou aliado à Aromaterapia para aliviar o estresse e promover relaxamento.




Aromaterapia.
É o uso de óleos essenciais de plantas especialmente em massagem, banhos,
aromatizador de ambiente ou compressa. De acordo com estudos, podem ser usados
para atenuar os distúrbios de comportamento na demência. Chame um profissional para
lhe ensinar como utilizar os óleos como Lavanda e Melissa.

Reiki
Chame um terapeuta formado em Reiki para fazer aplicações. O atendimento com Reiki
se expandiu nos últimos anos em todo o mundo. É usado em vários departamentos do
Hospital de Base em Brasília inclusive no ambulatório da dor e cuidados paliativos,
com 120 voluntários reikianos, e conta com a autorização da Secretaria de Saúde.

Fisioterapia
Chame um profissional especializado em geriatria e, se possível, com experiência em
Cuidados Paliativos.
QUE MAIS EU POSSO FAZER?

Aprender a constatar a dor por meio da expressão facial e corporal, gemidos, e outros
sinais para poder relatar isto à equipe de saúde. Existem muitas causas da dor no estágio
avançado de demência, entre elas: artrite, câimbras, contraturas, falta de mobilidade,
aumento da osteoporose, indigestão. Muitas pessoas desenvolvem uma
hipersensitividade ao toque.

Aproveite para falar com o seu idoso como nunca antes. Em algum nível ele consegue
ouvir e entender, o que se tornará evidente nos períodos de lucidez que irão acontecer.
Diga a ele que o ama e que se lembra de bons tempos que compartilharam.

Leia em voz alta a Bíblia ou outro livro favorito. Cante canções antigas e conhecidas.

Traga flores para o quarto e coloque-as onde possam ser vistos da cama.

Ofereça um bicho de pelúcia, bolinha ou um colar de contas para segurar na mão.

Massageie levemente as mãos e os pés do seu idoso.

Ofereça o toque e contato humanos. Sente-se ao lado da cama, segure a mão da
pessoa e fale com ela como se ainda pudesse ouvir e entender. A audição pode ser o
último sentido a ser perdido. Reduza as intervenções somente às necessárias, mude a
pessoa de posição a cada duas horas ou quando precisar trocar a fralda.

Cuide da boca seca, umedecendo-a com gaze molhada em água mineral e aplique
vaselina ou manteiga de cacau nos lábios. Limpe a secreção dos olhos com gaze úmida.

Preste atenção à prisão de ventre. Siga as orientações da equipe de saúde.

Atenda às necessidades espirituais e culturais. Para algumas pessoas isto pode
significar chamar um sacerdote da sua religião para conversar. Para outros pode ser que
as suas músicas preferidas sejam tocadas como um fundo suave. O balançar ou “ninar”
acalma e conforta. Estas e outras informações devem ser conhecidas e organizadas com
antecedência.

Mantenha um ambiente de harmonia e paz - bom para quem parte e para quem fica.

Trabalhe junto com a equipe de saúde. Fale claramente o que precisa, anote suas
perguntas e preocupações e também as instruções sobre os cuidados ao conversar com
os profissionais.

Incentive as pessoas próximas a visitar, pois mesmo que não os reconheça, o idoso
percebe a presença carinhosa de alguém que o ama.
Crie um “ultimo casulo” de amor, atenção e carinho onde o seu idoso possa se
preparar para “voar”, finalmente livre da doença que tem limitado a sua vida por tantos
anos. Isto pode ser feito onde quer que o idoso esteja - em casa, na clínica ou no
hospital. Depois soltar, liberar, ceder, permitir, desapegar e entregar...


VIVER BEM… (Elizabeth Kubler Ross)

O foco de cuidado paliativo na filosofia “Hospice” está em viver tão bem quanto
possível até o fim da vida, que significa:

Viver livre de dor, ou com dor que seja possível de agüentar,
Poder me comunicar de alguma forma e não ser sedado,
Manter a minha dignidade,
Ter a companhia de meus familiares e amigos,
Ser cuidado com amor e respeito, sem sentir-me um fardo,
Viver e morrer no meu ambiente preferido
Entre coisas conhecidas que me confortam,
Não morrer só.




                      Contato: Judy Robbe – ‘Harmonia de Viver’
                                judyrobbe@gmail.com
                              (31) 3223 1145 / 9991 2142

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cuidador Domiciliar e Sobrecarga
Cuidador Domiciliar e SobrecargaCuidador Domiciliar e Sobrecarga
Cuidador Domiciliar e Sobrecargaadonems
 
O papel do cuidador e seus aspectos psicossociais
O papel do cuidador e seus aspectos psicossociaisO papel do cuidador e seus aspectos psicossociais
O papel do cuidador e seus aspectos psicossociaisAlinebrauna Brauna
 
Cuidados paliativos...uma missão
Cuidados paliativos...uma missãoCuidados paliativos...uma missão
Cuidados paliativos...uma missãoeccifafe
 
Cuidando do cuidador
Cuidando do cuidadorCuidando do cuidador
Cuidando do cuidadorpastorlinaldo
 
CUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMER
CUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMERCUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMER
CUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMERMárcio Borges
 
Livro cuidado paliativo_cremesp
Livro cuidado paliativo_cremespLivro cuidado paliativo_cremesp
Livro cuidado paliativo_cremespLaryssasampaio
 
ApresentaçãO Morte
ApresentaçãO MorteApresentaçãO Morte
ApresentaçãO Morteguestb58853
 
0506 Luto - Daniela
0506 Luto - Daniela 0506 Luto - Daniela
0506 Luto - Daniela laiscarlini
 
O doente oncológico em fase terminal
O doente oncológico em fase terminalO doente oncológico em fase terminal
O doente oncológico em fase terminalPelo Siro
 
UFCD -6579- Cuidados de Saúde Mental
UFCD -6579-  Cuidados de Saúde MentalUFCD -6579-  Cuidados de Saúde Mental
UFCD -6579- Cuidados de Saúde MentalNome Sobrenome
 
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)Fernanda Marinho
 
Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Futuros Medicos
 
Especialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUSEspecialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUSSebástian Freire
 
4 terminalidade da vida e cuidados paliativos
4  terminalidade da vida e cuidados paliativos4  terminalidade da vida e cuidados paliativos
4 terminalidade da vida e cuidados paliativosAlmeida Almeida
 

Mais procurados (19)

Cuidador Domiciliar e Sobrecarga
Cuidador Domiciliar e SobrecargaCuidador Domiciliar e Sobrecarga
Cuidador Domiciliar e Sobrecarga
 
Manual de cuidados paliativos
Manual de cuidados paliativosManual de cuidados paliativos
Manual de cuidados paliativos
 
O papel do cuidador e seus aspectos psicossociais
O papel do cuidador e seus aspectos psicossociaisO papel do cuidador e seus aspectos psicossociais
O papel do cuidador e seus aspectos psicossociais
 
Cuidados paliativos...uma missão
Cuidados paliativos...uma missãoCuidados paliativos...uma missão
Cuidados paliativos...uma missão
 
Cuidando do cuidador
Cuidando do cuidadorCuidando do cuidador
Cuidando do cuidador
 
CUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMER
CUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMERCUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMER
CUIDAR DA FAMÍLIA AFETADA PELA DOENÇA DE ALZHEIMER
 
Cuidador idoso
Cuidador idosoCuidador idoso
Cuidador idoso
 
Livro cuidado paliativo_cremesp
Livro cuidado paliativo_cremespLivro cuidado paliativo_cremesp
Livro cuidado paliativo_cremesp
 
ApresentaçãO Morte
ApresentaçãO MorteApresentaçãO Morte
ApresentaçãO Morte
 
Texo leidy
Texo leidyTexo leidy
Texo leidy
 
0506 Luto - Daniela
0506 Luto - Daniela 0506 Luto - Daniela
0506 Luto - Daniela
 
O doente oncológico em fase terminal
O doente oncológico em fase terminalO doente oncológico em fase terminal
O doente oncológico em fase terminal
 
UFCD -6579- Cuidados de Saúde Mental
UFCD -6579-  Cuidados de Saúde MentalUFCD -6579-  Cuidados de Saúde Mental
UFCD -6579- Cuidados de Saúde Mental
 
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)
ASPECTOS BIOÉTICOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS (EUTANÁSIA E DISTANÁSIA)
 
A familia em cuidados paliativos
A familia em cuidados paliativosA familia em cuidados paliativos
A familia em cuidados paliativos
 
Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2Aula 11 a morte e o luto2
Aula 11 a morte e o luto2
 
Especialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUSEspecialização em Saúde da Família UNA - SUS
Especialização em Saúde da Família UNA - SUS
 
Cuidados Paliativos - Morrer com dignidade
Cuidados Paliativos - Morrer com dignidadeCuidados Paliativos - Morrer com dignidade
Cuidados Paliativos - Morrer com dignidade
 
4 terminalidade da vida e cuidados paliativos
4  terminalidade da vida e cuidados paliativos4  terminalidade da vida e cuidados paliativos
4 terminalidade da vida e cuidados paliativos
 

Destaque

Destaque (6)

OUR PITCH.
OUR PITCH.OUR PITCH.
OUR PITCH.
 
How to choose a best offshore provider
How to choose a best offshore providerHow to choose a best offshore provider
How to choose a best offshore provider
 
Dofa
DofaDofa
Dofa
 
Lecture7
Lecture7Lecture7
Lecture7
 
Признаки объектов
Признаки объектовПризнаки объектов
Признаки объектов
 
Die StäDte Der Zukunft
Die StäDte Der ZukunftDie StäDte Der Zukunft
Die StäDte Der Zukunft
 

Semelhante a Cuidados paliativos em demência: guia para familiares

Cuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.ppt
Cuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.pptCuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.ppt
Cuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.pptMariaFerreiraMaria
 
SAUDE DO IDOSO4.pdf
SAUDE DO IDOSO4.pdfSAUDE DO IDOSO4.pdf
SAUDE DO IDOSO4.pdfherika26
 
O profissional da saúde diante da morte
O profissional da  saúde diante da morteO profissional da  saúde diante da morte
O profissional da saúde diante da morteMarian de Souza
 
Alzheimer Guia completo (1).pdf
Alzheimer Guia completo (1).pdfAlzheimer Guia completo (1).pdf
Alzheimer Guia completo (1).pdfDeniseTorres62
 
A morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrerA morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrerEliane Santos
 
Cartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionais
Cartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionaisCartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionais
Cartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionaisLucasSilva385433
 
Aula central de transplantes maio
Aula central de transplantes  maioAula central de transplantes  maio
Aula central de transplantes maioMiguel Pedro
 
Sobre A Morte E O Morrer
Sobre A Morte E O MorrerSobre A Morte E O Morrer
Sobre A Morte E O Morrerkack
 
O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer
O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrerO fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer
O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrerCentro Universitário Ages
 
A morte no contexto hospitalar doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar   doação de órgãosA morte no contexto hospitalar   doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar doação de órgãosPrLinaldo Junior
 
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...biacastro
 
apresentação luto beta 2.pptx
apresentação luto beta 2.pptxapresentação luto beta 2.pptx
apresentação luto beta 2.pptxJooMurta3
 
Suicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirSuicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirAbel Sidney Souza
 
Seminário A Morte e o Morrer.pptx
Seminário A Morte e o Morrer.pptxSeminário A Morte e o Morrer.pptx
Seminário A Morte e o Morrer.pptxSamilaAlves7
 

Semelhante a Cuidados paliativos em demência: guia para familiares (20)

Seminário de geriatria
Seminário de geriatriaSeminário de geriatria
Seminário de geriatria
 
Cuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.ppt
Cuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.pptCuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.ppt
Cuidados Paliativos- ONCOLÓGICOS.ppt
 
SAUDE DO IDOSO4.pdf
SAUDE DO IDOSO4.pdfSAUDE DO IDOSO4.pdf
SAUDE DO IDOSO4.pdf
 
O profissional da saúde diante da morte
O profissional da  saúde diante da morteO profissional da  saúde diante da morte
O profissional da saúde diante da morte
 
Palestra "cuidados paliativos"
Palestra "cuidados paliativos" Palestra "cuidados paliativos"
Palestra "cuidados paliativos"
 
Boletim Abril/2019
Boletim Abril/2019Boletim Abril/2019
Boletim Abril/2019
 
Alzheimer Guia completo (1).pdf
Alzheimer Guia completo (1).pdfAlzheimer Guia completo (1).pdf
Alzheimer Guia completo (1).pdf
 
A morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrerA morte e o processo de morrer
A morte e o processo de morrer
 
01.Educacao_para_a_morte.pdf
01.Educacao_para_a_morte.pdf01.Educacao_para_a_morte.pdf
01.Educacao_para_a_morte.pdf
 
00.FALTA_Psicologia_da_Morte.pdf
00.FALTA_Psicologia_da_Morte.pdf00.FALTA_Psicologia_da_Morte.pdf
00.FALTA_Psicologia_da_Morte.pdf
 
Cartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionais
Cartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionaisCartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionais
Cartilha-de-Suporte-ao-Luto - estratégias para profissionais
 
Aula central de transplantes maio
Aula central de transplantes  maioAula central de transplantes  maio
Aula central de transplantes maio
 
Sobre A Morte E O Morrer
Sobre A Morte E O MorrerSobre A Morte E O Morrer
Sobre A Morte E O Morrer
 
O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer
O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrerO fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer
O fim da vida: a eutanásia, a morte e o morrer
 
Até que a morte nos separe 4
Até que a morte nos separe 4Até que a morte nos separe 4
Até que a morte nos separe 4
 
A morte no contexto hospitalar doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar   doação de órgãosA morte no contexto hospitalar   doação de órgãos
A morte no contexto hospitalar doação de órgãos
 
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...
ASPECTOS EMOCIONAIS DO PACIENTE IDOSO HOSPITALIZADO E O PAPEL DO PSICÓLOGO HO...
 
apresentação luto beta 2.pptx
apresentação luto beta 2.pptxapresentação luto beta 2.pptx
apresentação luto beta 2.pptx
 
Suicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenirSuicídio conhecer para prevenir
Suicídio conhecer para prevenir
 
Seminário A Morte e o Morrer.pptx
Seminário A Morte e o Morrer.pptxSeminário A Morte e o Morrer.pptx
Seminário A Morte e o Morrer.pptx
 

Último

Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
ELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VER
ELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VERELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VER
ELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VERDeiciane Chaves
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 

Último (20)

Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
ELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VER
ELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VERELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VER
ELETIVA TEXTOS MULTIMODAIS LINGUAGEM VER
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 

Cuidados paliativos em demência: guia para familiares

  • 1. CUIDANDO BEM ATÉ O FIM, do seu idoso com demência (Alzheimer ou doença similar) Judy Robbe – Harmonia de Viver, Belo Horizonte, MG, 2010 A demência terá sempre um aspecto profundamente trágico, tanto para os portadores quanto para aqueles que são próximos. Existe, porém uma enorme diferença entre uma tragédia na qual as pessoas estão ativamente envolvidas e moralmente comprometidas, e a submissão cega e sem esperança ao destino. Dr Tom Kitwood, 1997 Demência do tipo Alzheimer em fase avançada ou terminal. Desde 1988 quando comecei a orientar as famílias sobre os cuidados diários do seu ente querido com Alzheimer, coordenado reuniões mensais, ministrado cursos e palestras sobre o assunto, tenho percebido a dificuldade das pessoas para discutir “finitude”. A elaboração desta cartilha vem ao término do meu curso de Tanatologia da SOTAMIG em 2010 e tem o objetivo de suprir uma falta de informações para as famílias que ao longo da doença se empenham tanto para aprender como lidar com as mudanças de comportamento no seu idoso e como manter a sua qualidade de vida, mas não conseguem enfrentar ou não sabem lidar com a fase final e morte. Acompanhar uma pessoa com Alzheimer ao longo dos seus últimos anos é a uma tarefa árdua. À medida que a doença avança você vai tomar cada vez mais decisões para o seu ente querido, algumas difíceis como o uso ou não de alimentação por sonda. Entre as mais profundas, são decisões que asseguram dignidade e conforto físico até o final da vida. A comunicação contínua com o médico e outros membros da equipe de saúde será fundamental. Por muitas razões, este estágio da doença pode ser o mais difícil porque em geral o familiar principal já está esgotado e desiludido quando aos serviços disponíveis. Podem surgir idéias de “institucionalizar” que muitas vezes é vista como “falhar”, trazendo sentimentos de culpa. No caso da família disfuncional, é comum nesta fase, piorarem os conflitos familiares. “Sonhamos com um mundo ainda por vir, onde não vamos mais precisar de aparelhos eletrônicos com seres virtuais para superar nossa solidão e realizar nossa essência humana de cuidado e de gentileza. Sonhamos com uma sociedade mundializada, na grande casa comum, a Terra, onde os valores estruturantes se construirão ao redor do cuidado com as pessoas, sobretudo com os diferentes culturalmente, com os penalizados pela natureza ou pela história, cuidado com os espoliados e excluídos, as crianças, os velhos, os moribundos, cuidado com as plantas, os animais, as paisagens queridas e especialmente cuidado com a nossa grande e generosa Mãe, a Terra. Sonhamos com o cuidado assumido como o ethos fundamental do humano e como compaixão imprescindível para com todos os seres da criação”. (BOFF, Leonardo, 2000)
  • 2. “O uso da expressão “paciente terminal” para indicar aquela pessoa com doença avançada e incurável não significa que nada mais há para se fazer. Pelo contrário, é exatamente essa pessoa, no auge da sua fragilidade, extremamente dependente para as suas necessidades e, por vezes, com alto grau de rejeição social, que mais exige cuidado e assistência especializada. No período antes da morte, todas as suas funções vão declinando até haver uma falência orgânica total, para a qual qualquer medida para tentar reverter a situação é absolutamente inútil. É quando os cuidados paliativos entram em cena como a melhor e mais apropriada abordagem para o atendimento”. (Claudia Burlá e Lygia Py, ‘Manual dos Cuidados da Pessoa Idosa’ Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Brasília 2008) CUIDADOS PALIATIVOS EM DEMÊNCIA O termo “cuidados finais” significa cuidados da pessoa que se aproxima do final da sua vida. Porém, no caso de Alzheimer e demências similares pode ser difícil prever quando a pessoa se aproxima da morte. Ela pode apresentar sinais que sugerem estar muito próximo, mas de fato pode apresentar estes sinais durante muitos meses e até anos. Pode também parecer estar próximo da morte, melhorar e viver ainda por muitos meses. Além disto, a pessoa com demência pode morrer de outra doença, como por exemplo, câncer ou doença cardíaca. Pode também sofrer de infecções ou outras comorbidades. Por causa disto, a pessoa pode ser internada e chegar a falecer numa unidade hospitalar não especializada em cuidados da pessoa com demência. Por todas estas razões, enquanto o conhecimento sobre cuidados ao final da vida tem melhorado muito ao longo da última década, especialmente em áreas como o câncer, muitas pessoas com demência ainda não recebem bons cuidados ao final da vida. DECLARAÇÃO ANTECIPADA DA PRÓPRIA VONTADE Sabemos que a população idosa cresce muito no Brasil e que a questão precisa ser vista com outro olhar – com mais respeito. Mas é também importante que as próprias pessoas preparem o seu futuro. Já é hora de aceitar que o envelhecimento e a morte fazem parte da vida, e de perder o medo de falar sobre o assunto. Ouvimos falar atualmente que nós devemos, enquanto com saúde, elaborar o nosso ‘Testamento Vital’, mas o que é isto? É uma declaração de como o assinante quer ser tratado, caso venha a sofrer uma doença grave e chegar ao ponto de não conseguir mais opinar sobre o seu tratamento médico. Pode optar, por exemplo, por Cuidados Paliativos, evitando medidas heróicas para adiar a morte e prolongar o sofrimento no CTI, se “não existir possibilidade terapêutica”. Esta “declaração” deve ser registrada em cartório e cópias distribuídas aos familiares, pois, ainda que não tenha valor legal no Brasil, pode poupá-los de decisões muito difíceis no futuro.
  • 3. CUIDADOS PALIATIVOS E A FILOSOFIA ‘HOSPICE’. A demência em estágio avançado é atualmente incurável; então, deverá ser considerada uma doença terminal, similar ao câncer. Assim Cuidados Paliativos pode ser a estratégia mais apropriada. Os objetivos de Cuidados Paliativos são a manutenção da qualidade de vida, dignidade e conforto. (L. Volicer, 2007) Na verdade, “Hospice” não é só um local, mas sim uma filosofia. HISTÓRIA Para entender a filosofia Hospice é interessante conhecer a sua história: Durante a Idade Média, e até depois, as peregrinações dos cristãos aos lugares santos levaram as pessoas a se deslocarem por longas distâncias, caminhando por meses e até por alguns anos. No decurso de sua trajetória os peregrinos cansavam, adoeciam, passavam privações, eram maltratados e assaltados. Eram então recolhidos em casas chamadas “hospice” (que significa asilo, abrigo, refúgio), fundadas e dirigidas por religiosos cristãos. Aí os viajantes permaneciam tempo suficiente para se recuperar e seguir viajem ou eram cuidados até a morte. No século XX e particularmente após a II Guerra Mundial houve um grande avanço científico nos campos médico-cirúrgico, farmacêutico e na tecnologia de diagnóstico e apoio, e o exercício da medicina tornou-se progressivamente impessoal. O esforço para prolongar a vida por meios artificiais tornou-se uma obsessão científica. A tríade do ser humano – corpo, mente e espírito – foi ignorada, cuidando-se tão somente do primeiro componente. O ensinamento bíblico do Eclesiastes 3,2: “há um tempo de nascer e um tempo de morrer”, foi completamente esquecido. Na avaliação dos resultados terapêuticos de doenças crônicas e fatais, passou-se a valorizar o tempo de sobrevida e não a qualidade de vida. Quando a evolução do processo mórbido desafiava e derrotava todas as intervenções terapêuticas, a equipe médica se retirava de campo deixando o doente entregue ao seu destino, pois nada mais havia a fazer. Em 1967 a enfermeira inglesa (e posteriormente médica e assistente social) Cicely Saunders, inconformada com os sofrimentos físicos, psicológicos, espirituais, familiares, sociais e econômicos destes seres humanos, tomou a si a tarefa de cuidar dos mesmos, tratando-os de seus sofrimentos globais, isto é, do corpo, da mente e do espírito. A sua intenção era tornar digna e confortável a vida restante. Cicely Saunders fundou o St. Christopher’s Hospice em Londres e existe hoje em torno de 470 “Hospices” na Inglaterra, oferecendo hospedagem, acompanhamento em clinica e em domicílio (www.helpthehospices.org.uk) “Dar mais vida aos dias do que acrescentar dias à vida” (C. Saunders)
  • 4. DEFINIÇÃO de Cuidados Paliativos: De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Cuidado Paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida do paciente e da família que enfrenta problemas associados com uma doença sem possibilidade de cura, através da prevenção e alivio do sofrimento, com identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. O tratamento é focado em paliar ou aliviar os sintomas da pessoa com demência que se aproxima do final de sua vida, em vez de curar a doença que está causando a sua morte. Para os familiares o cuidado paliativo consiste em oferecer apoio emocional e prático antes, durante o processo, e após a morte da pessoa, no período de luto. Cuidado Paliativo não deve ser confundido com eutanásia, um termo associado com intervenções que visam apressar o processo de morte. Tradicionalmente, o Cuidado Paliativo tem sido usado para atender as necessidades de pessoas com câncer em fase terminal. Atualmente é cada vez mais reconhecido como a melhor abordagem para cuidar de pessoas com um leque de doenças sem possibilidades terapêuticas, incluindo a demência. Cuidado Paliativo: 1. Proporciona alivio da dor e outros sintomas aflitivos; 2. Afirma a vida e reconhece a morte como um processo natural; 3. Significa nem apressar nem adiar a morte; 4. Integra os aspectos psico-sociais e espirituais de cuidados; 5. Oferece um sistema de apoio para ajudar o paciente a viver o mais ativamente possível até a sua morte; 6. Oferece um sistema de apoio para ajudar a família durante a doença da pessoa e durante o seu próprio período de luto; 7. Usa uma abordagem interdisciplinar para abordar as necessidades do paciente e a sua família, incluindo Terapia de Luto, quando indicado. Manter a funcionalidade de pessoas com demência em estágio avançado é importante para elevar a auto-estima e facilitar o cuidado diário. Hospitalização leva à piora funcional mesmo em idosos sem déficit cognitivo.
  • 5. PROGNÓSTICO Nos Estados Unidos, para que Medicare (Sistema de seguro de saúde do governo destinado ás pessoas com 65 anos ou mais) cubra as despesas de ‘Hospice’ é necessário um prognóstico de sobrevida de menos que seis meses. Vários estudos têm focado na previsão de morte na demência (Volicer et al, 1993; Hanrahan et al, 1999; Schonwetter et al, 2003). Muitos destas previsões se mostraram incorretos. Contudo três marcadores de severidade sugeridos por Sachs et al, (2004) podem ser apropriados. O primeiro é a avaliação FAST (Reisberg et al, 1994), indicando que a pessoa esteja no estágio 7C especialmente quando em conjunto com complicações como perda de peso de 10% ou mais, infecções recorrentes ou úlceras de pressão múltiplas. O segundo é fratura do fêmur ou pneumonia em demência avançada (Morrison & Siu, 2000). O terceiro é a necessidade de alimentação enteral (Grant et al, 1998). Fonte: Advances in Psychiatric Treatment (2007), vol. 13, 251–260 doi: 10.1192/apt.bp.106.003442 Estágio 7c da Escala FAST significa: Perda da capacidade de se movimentar sozinho para realizar algo proposto; Perda da comunicação verbal; Não consegue comer sozinho; Pode engasgar com líquidos e alimentos sólidos; Aspiração (podendo levar à pneumonia); Não reconhece familiares exceto em momentos raros; Imobilidade; Complicações clínicas; Perda de peso; Irritações de pele; Infecções repetidas (especialmente pneumonia e infecção urinária); Não conseguir manter-se em posição assentada sem apoio; Perda da habilidade de sorrir; Volta aos reflexos primitivos (do bebê recém-nascido). O aparecimento e piora destes sintomas irá variar entre as pessoas por causa de processos diferentes da doença, diferenças individuais e patologias co-existentes como cardiopatia, diabetes ou câncer. O custo dos cuidados no estágio avançado de demência é freqüentemente aumentado pelo uso de intervenções médicas agressivas que podem não ser no melhor interesse do paciente. (Volicer.L. 2007)
  • 6. INTERVENÇÕES Um dos estudos recentes mostrou que embora a taxa de mortalidade dos pacientes, em fase terminal de Alzheimer, seja quatro a cinco vezes mais elevada do que daqueles sem demência, eles recebem a mesma quantidade de procedimentos dolorosos, incluindo picadas diárias de agulha para exames, colocação de cateteres venosos e dolorosas injeções de medicamentos. Este mesmo estudo mostrou que é mais provável os pacientes com a doença de Alzheimer serem submetidos à colocação de cateteres na bexiga e colocação de sondas de alimentação através do nariz ou cirurgicamente através do abdômen do que pacientes sem demência. Apesar do fato de que a alimentação por sonda não impedir a aspiração (conteúdo da boca ou do estômago ir para o pulmão), não prolongar a sobrevida, não reduzir infecções, não melhorar o funcionamento, ou aumentar o conforto do paciente, as pessoas com doença de Alzheimer avançada são submetidos à colocação de sondas, de forma alarmante. Pacientes com doença de Alzheimer e outras demências que são alimentados por sonda muitas vezes morrem dentro de um ano, têm aumento do número de infecções pulmonares e apresentam aumento da agitação que exige mais uso de restrições físicas e sedação, que por sua vez, resulta em mais situações de ruptura dolorosa da pele. A filosofia “Hospice” e Cuidados Paliativos podem ajudar a diminuir estes problemas para os pacientes e suas famílias. “Morrer com dignidade significa que eu tenha permissão de morrer com meu caráter, e com a minha personalidade” (Dra. Elizabeth Kubler Ross) COMO POSSO SABER SE O MEU ENTE QUERIDO ESTÁ MORRENDO? Reconhecer quando a pessoa com demência avançada está morrendo não é fácil, porque ela/ele já pode apresentar alguns destes sinais e sintomas há alguns meses ou até anos, como por exemplo: profunda fraqueza, ingestão reduzida de comida e líquidos, sonolência e consciência reduzida, aparência esquelética, dificuldade para engolir, acamado, dependência total de cuidados, desorientação quanto ao tempo ou local, agitação e inquietação, dificuldade de concentração. Porém, quando estes sintomas pioram muito ao longo de duas ou três semanas, ou até dias ou horas, é importante avisar o médico que, dentro da filosofia de Cuidados Paliativos e junto com a família, irá planejar os próximos cuidados do seu idoso. Quando o processo de morte for estabelecido, a pessoa pode apresentar outras mudanças como a perda da consciência (você não consegue acordá-la), não conseguir mais engolir, “agitação terminal”, além de mudanças na respiração e circulação.
  • 7. MANTER A CALMA “Agitação terminal” deve ser relatada imediatamente ao médico porque pode ser devido à dor ou febre e precisa ser aliviado. Você pode acomodar a pessoa na cama ou mudá-la de posição. Se estiver quente ao toque, pode usar um ventilador ou pano úmido frio na testa. Talvez seja necessário um medicamento (receitado pelo médico) para aliviar a dor e agitação. À medida que a morte se aproxima, o padrão de respiração poderá se modificar. Isto é causado pela entrada no estado de inconsciência. É conhecido como respiração de “Cheyne Stokes” e a pessoa poderá ter períodos de respiração regular e aí parar de respirar por alguns segundos. A respiração geralmente acelera e pode haver longas pausas no meio. A pessoa não está ciente disto, mas para os familiares pode ser desconfortante. É importante saber que isto é normal. A respiração poderá também ser acompanhada de bastante secreção durante os últimos dias ou horas de vida e o médico pode indicar medicamentos para secá-la. Se for possível, mantenha a cabeceira da cama mais elevada. A pele pode se tornar pálida e úmida. Os dedos das mãos e os pés podem apresentar uma coloração azulada. Isto é porque a circulação de sangue pelo corpo está diminuindo à medida que a morte se aproxima. ABORDAGEM NÃO-FARMACOLÓGICA A geração que hoje envelhece busca, cada vez mais, uma abordagem holística dos tratamentos oferecidos, uma abordagem que leva em conta o seu bem estar físico, mental e espiritual. É de esperar que, ao final da vida, estas pessoas continuem desejando a mesma abordagem. Na Inglaterra, país apontado em estudo recente, como o melhor lugar no mundo para morrer, as terapias complementares se tornam cada vez mais disponíveis para os pacientes de doenças crônicas, como uma parte integral dos Cuidados Paliativos que recebem nos hospitais, nos Hospices, nos seus próprios lares e em “casas de apoio a pessoas com câncer” (como por exemplo no Brasil, o CAPEC e Casa Hope). Foi desenvolvido um guia oficial de orientações claras, concisas e compreensivas para nortear o uso das terapias escolhidas, entre elas Reflexologia, Aromaterapia, Relaxamento Dirigido e “Therapeutic Touch” (“Toque Terapêutico”, similar ao Reiki). Uma descrição breve das terapias é acompanhada por dados científicos e orientação sobre o seu uso em cuidados paliativos, incluindo situações nas quais as terapias podem ser úteis, contra-indicações e precauções.
  • 8. Reflexologia. Faça uma massagem suave nos pés e nas mãos do seu idoso, usando um creme da sua preferência ou aliado à Aromaterapia para aliviar o estresse e promover relaxamento. Aromaterapia. É o uso de óleos essenciais de plantas especialmente em massagem, banhos, aromatizador de ambiente ou compressa. De acordo com estudos, podem ser usados para atenuar os distúrbios de comportamento na demência. Chame um profissional para lhe ensinar como utilizar os óleos como Lavanda e Melissa. Reiki Chame um terapeuta formado em Reiki para fazer aplicações. O atendimento com Reiki se expandiu nos últimos anos em todo o mundo. É usado em vários departamentos do Hospital de Base em Brasília inclusive no ambulatório da dor e cuidados paliativos, com 120 voluntários reikianos, e conta com a autorização da Secretaria de Saúde. Fisioterapia Chame um profissional especializado em geriatria e, se possível, com experiência em Cuidados Paliativos.
  • 9. QUE MAIS EU POSSO FAZER? Aprender a constatar a dor por meio da expressão facial e corporal, gemidos, e outros sinais para poder relatar isto à equipe de saúde. Existem muitas causas da dor no estágio avançado de demência, entre elas: artrite, câimbras, contraturas, falta de mobilidade, aumento da osteoporose, indigestão. Muitas pessoas desenvolvem uma hipersensitividade ao toque. Aproveite para falar com o seu idoso como nunca antes. Em algum nível ele consegue ouvir e entender, o que se tornará evidente nos períodos de lucidez que irão acontecer. Diga a ele que o ama e que se lembra de bons tempos que compartilharam. Leia em voz alta a Bíblia ou outro livro favorito. Cante canções antigas e conhecidas. Traga flores para o quarto e coloque-as onde possam ser vistos da cama. Ofereça um bicho de pelúcia, bolinha ou um colar de contas para segurar na mão. Massageie levemente as mãos e os pés do seu idoso. Ofereça o toque e contato humanos. Sente-se ao lado da cama, segure a mão da pessoa e fale com ela como se ainda pudesse ouvir e entender. A audição pode ser o último sentido a ser perdido. Reduza as intervenções somente às necessárias, mude a pessoa de posição a cada duas horas ou quando precisar trocar a fralda. Cuide da boca seca, umedecendo-a com gaze molhada em água mineral e aplique vaselina ou manteiga de cacau nos lábios. Limpe a secreção dos olhos com gaze úmida. Preste atenção à prisão de ventre. Siga as orientações da equipe de saúde. Atenda às necessidades espirituais e culturais. Para algumas pessoas isto pode significar chamar um sacerdote da sua religião para conversar. Para outros pode ser que as suas músicas preferidas sejam tocadas como um fundo suave. O balançar ou “ninar” acalma e conforta. Estas e outras informações devem ser conhecidas e organizadas com antecedência. Mantenha um ambiente de harmonia e paz - bom para quem parte e para quem fica. Trabalhe junto com a equipe de saúde. Fale claramente o que precisa, anote suas perguntas e preocupações e também as instruções sobre os cuidados ao conversar com os profissionais. Incentive as pessoas próximas a visitar, pois mesmo que não os reconheça, o idoso percebe a presença carinhosa de alguém que o ama.
  • 10. Crie um “ultimo casulo” de amor, atenção e carinho onde o seu idoso possa se preparar para “voar”, finalmente livre da doença que tem limitado a sua vida por tantos anos. Isto pode ser feito onde quer que o idoso esteja - em casa, na clínica ou no hospital. Depois soltar, liberar, ceder, permitir, desapegar e entregar... VIVER BEM… (Elizabeth Kubler Ross) O foco de cuidado paliativo na filosofia “Hospice” está em viver tão bem quanto possível até o fim da vida, que significa: Viver livre de dor, ou com dor que seja possível de agüentar, Poder me comunicar de alguma forma e não ser sedado, Manter a minha dignidade, Ter a companhia de meus familiares e amigos, Ser cuidado com amor e respeito, sem sentir-me um fardo, Viver e morrer no meu ambiente preferido Entre coisas conhecidas que me confortam, Não morrer só. Contato: Judy Robbe – ‘Harmonia de Viver’ judyrobbe@gmail.com (31) 3223 1145 / 9991 2142