1. Coaching: Princípios Fundamentais.
O Brasil vive um momento de expansão do mercado de Coaching e, como em
qualquer outro mercado que não atingiu a maturidade, conceitos básicos ainda
parecem confusos. Esta coluna nasce com o objetivo de esclarecer aos leitores sobre
práticas, conceitos e benefícios do processo de Coaching.
Antes de continuar, vou esclarecer três termos que vez ou outra são
confundidos. A palavra coaching designa o processo em si; coachee é o indivíduo que
recebe Coaching e coach (plural coaches) é o profissional que faz Coaching.
Posto isso, vou buscar esclarecer o que não é Coaching.
Coaching não é orientação profissional. Ainda que o orientador profissional
possa utilizar técnicas de Coaching, o propósito da orientação profissional, segundo a
International Association for Educational and Vocacional Guidance, é ajudar pessoas
a compreenderem suas potencialidades e capacitá-los a planejar ações de
desenvolvimento que agreguem valor pessoal, econômico e social para o indivíduo e a
coletividade.
Coaching não é psicoterapia. O processo de Coaching, independente das
técnicas utilizadas, busca potencializar ações e comportamentos futuros e, por isso,
não estabelece uma relação dialética entre coach e coachee, com o passado.
Coaching não é mentoring. O processo de Coaching deve, obrigatoriamente,
levar o coachee a construir seu plano de ação. A relação entre coach e coachee não é
necessariamente entre alguém com muita experiência e outro com pouca.
Coaching não é bate-papo. O processo de Coaching tem início, meio e fim.
Deve ser estruturado, ter objetivos e alguma forma de avaliação. Outro fator crítico é
estar alinhado às perspectivas pessoais e/ou organizacionais.
Definir Coaching não é das tarefas mais simples. Por isso, apresento duas
definições, as quais sintetizam de forma ampla o conceito.
A International Coach Federation (ICF) define Coaching como fazer uma
parceria com os clientes em um processo criativo e estimulante para o pensamento,
que os inspire a maximizar o potencial pessoal e profissional.
Sérgio Almeida, vice-presidente da Associação Portuguesa de Coaching
(APCOACHING), afirma: “O Coaching baseia-se numa relação profissional entre
um Coach e o Coachee tendo por base a vontade de mudança deste último. Neste
processo o cliente vai “aprendendo fazendo”, definindo com o apoio do seu Coach a
2. melhor estratégia para atingir determinado objetivo pessoal ou profissional. Os
princípios básicos assentam numa vontade do cliente atingir as suas metas, objetivos,
assumir a mudança na sua vida e a responsabilidade pelos seus resultados”.
Não pretende-se com isso finalizar a discussão sobre o conceito, mas sim,
erguer pilares que sustentem uma discussão baseada em teorias amplamente aceitas e
não achismos ou modismos de mercado.
Outro ponto que suscita polêmica é o propósito do Coaching, o por quê fazê-lo
e em última análise, quais suas funções.
Observando o chamado Coaching Executivo, principal campo explorado no
mundo, percebe-se a aplicação de Coaching para gerenciar transições de liderança,
acelerar desenvolvimento de carreiras, reter colaboradores de alto potencial e corrigir
problemas de desempenho. Apesar desta variedade de aplicações, constata-se que a
principal razão pela qual organizações contratam coaches é desenvolver a capacidade
de liderança de seus executivos. Neste sentido, vale ressaltar, portanto, a importância
do processo ser desenvolvido em consonância à cultura organizacional e alinhado aos
objetivos estratégicos da empresa, sob pena de não atingir os objetivos almejados.
Como este tema é bastante amplo, tratarei dele em artigo futuro.
Noto também a aplicação de Coaching em programas de treinamento
específico, a fim de incrementar o resultado. Numa busca rápida pela web, encontrase programas de Coaching com foco em comunicação, gestão de tempo, falar em
público, aprendizagem financeira entre outros.
O Coaching de Vida (Life Coaching) é um segmento que vem crescendo nos
últimos anos. O propósito aqui é ajudar o cliente a alcançar metas em aspectos da sua
vida pessoal. Diferentemente do Coaching Executivo, o Coaching de Vida,
normalmente, é contratado e pago pelo próprio cliente. As práticas, valores de
remuneração e tempo de duração do processo também diferem do Coaching
Executivo.
Seja qual for o papel do Coaching, seu resultado deve proporcionar um salto
em sua capacidade de realizar algo. O célebre físico Albert Einstein dizia “Os
problemas significantes que confrontamos não podem ser resolvidos no mesmo nível
de pensamento no qual estávamos quando eles foram criados”.
Gabriel Santa Rosa