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A narração da viagem de Vasco da Gama, a
ação principal de Os Lusíadas, começa quando
a frota já se encontra a navegar em alto mar.
Ao mesmo tempo, os deuses preparam-se
para reunir: é o Consílio dos Deuses no
Olimpo!
O QUE TERÁ MOTIVADO ESTA REUNIÃO?
No final desta aula, deverás ser capaz de:
- Justificar a utilização do maravilhoso pagão em Os Lusíadas;
- Reconhecer a estrutura deste episódio;
- Identificar as posições assumidas pelos diferentes deuses em relação ao destino dos
Portugueses.
I, 19
INÍCIO DA
NARRAÇÃO
Depois de invocar as Tágides, ninfas do Tejo, e de dedicar
a epopeia a D. Sebastião, Camões dá inicio à narração.
À semelhança dos autores clássicos, começa a narração in
medias res, ou seja, quando o herói se encontra já a meio
da viagem.
19 JÁ NO LARGO OCEANO NAVEGAVAM,
As inquietas ondas apartando,
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando,
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas.
Luís de Camões, Os Lusíadas
20 QUANDO OS DEUSES NO OLIMPO luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
SE AJUNTAM EM CONSÍLIO glorioso
SOBRE AS COUSAS FUTURAS DO ORIENTE.
Pisando o cristalino Céu formoso,
Vêm pela Via-Láctea juntamente,
Convocados da parte do Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante.
Luís de Camões, Os Lusíadas
Iam os navegadores de Vasco da Gama tranquilamente navegando na zona do Canal de
Moçambique, quando os deuses decidiram juntar-se, no Monte Olimpo, a pedido de Júpiter,
seu chefe. Júpiter tinha mandado o seu mensageiro Mercúrio convocá-los. É que Júpiter tinha
algo muito importante a decidir: deveria, ou não, ajudar os Portugueses a chegar à Índia, o
seu objetivo. Ele era de opinião que devia ajudá-los, mas gostava de consultar os restantes
deuses sobre o assunto, juntando-os em reunião geral, ou consílio.
Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa
22 Estava o Padre ali sublime e dino,
Que vibra os feros raios de Vulcano,
Num assento de estrelas cristalino,
Com gesto alto, severo e soberano.
Do rosto respirava um ar divino,
Que divino tornara um corpo humano;
Com uma coroa e ceptro rutilante,
De outra pedra mais clara que diamante.
23 Em luzentes assentos, marchetados
De ouro e de perlas, mais abaixo estavam
Os outros Deuses todos assentados,
Como a razão e a ordem concertavam:
Precedem os antígos mais honrados;
Mais abaixo os menores se assentavam;
Quando Júpiter alto, assim dizendo,
C'um tom de voz começa, grave e horrendo:
Luís de Camões, Os Lusíadas
Iniciado o Consílio, falou, em
primeiro lugar, Júpiter que estava
num trono de diamante. Foi breve.
Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa
24 "Eternos moradores do luzente
Estelífero pólo, e claro assento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,
Deveis de ter sabido claramente,
Como é dos fados grandes certo intento,
Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.
25 Já lhe foi (bem o vistes) concedido
C’um poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra, que rega o Tejo ameno:
Pois contra o Castelhano tão temido,
Sempre alcançou favor do Céu sereno.
Assim que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.
Luís de Camões, Os Lusíadas
Júpiter dirige-se aos Deuses
dizendo que como
provavelmente já deveriam
saber, era intenção do destino,
dos Fados, que os Portugueses
viessem a fazer esquecer todos
os heróis da Antiguidade.
Argumenta que, sendo um povo
tão pequeno, tinha vencido os
Mouros conquistando as terras à
beira Tejo e vencido os
castelhanos.
27 Agora vedes bem que, cometendo
O duvidoso mar num lenho leve,
Por vias nunca usadas, não temendo
De Áfrico e Noto a força, a mais se atreve:
Que havendo tanto já que as partes vendo
Onde o dia é comprido e onde breve,
Inclinam seu propósito e porfia
A ver os berços onde nasce o dia.
28 Prometido lhe está do Fado eterno,
Cuja alta Lei não pode ser quebrada,
Que tenham longos tempos o governo
Do mar, que vê do Sol a roxa entrada.
Nas águas têm passado o duro inverno;
A gente vem perdida e trabalhada;
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra, que deseja.
29 E porque, como vistes, têm passados
Na viagem tão ásperos perigos,
Tantos climas e céus experimentados,
Tanto furor de ventos inimigos,
Que sejam, determino, agasalhados
Nesta costa africana, como amigos.
E tendo guarnecida a lassa frota,
Tornarão a seguir sua longa rota.“
Luís de Camões, Os Lusíadas
Júpiter alegou que a
frota de Vasco da
Gama já estava muito
cansada e precisava
de ajuda. Por isso,
talvez fosse bom dar-
lhes ajuda e tornar a
viagem mais fácil.
30 Estas palavras Júpiter dizia,
Quando os Deuses por ordem respondendo,
Na sentença um do outro diferia,
Razões diversas dando e recebendo.
O padre Baco ali não consentia
No que Júpiter disse, conhecendo
Que esquecerão seus feitos no Oriente,
Se lá passar a Lusitana gente.
31 Ouvido tinha aos Fados que viria
Uma gente fortíssima de Espanha
Pelo mar alto, a qual sujeitaria
Da Índia tudo quanto Dóris banha,
E com novas vitórias venceria
A fama antiga, ou sua, ou fosse estranha.
Altamente lhe dói perder a glória,
De que Nisa celebra inda a memória.
Luís de Camões, Os Lusíadas
Esta opinião de Júpiter
não foi bem recebida por
todos e logo se formaram
dois partidos: um
comandado por Baco,
deus dos baixos instintos
e do vinho. Este temia
que os portugueses o
ultrapassassem em fama
na Índia, em Nisa, cidade
por si fundada, e achava
que os Portugueses não
deviam ser ajudados.
Amélia Pinto Pais,
Os Lusíadas em Prosa
Baco simboliza as forças do Oriente que resistem a essa
expansão e ao domínio que daí pode advir.
33 Sustentava contra ele Vênus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana,
Por quantas qualidades via nela
Da antiga tão amada sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela,
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.
Luís de Camões, Os Lusíadas
Um outro partido era o
de Vénus, a deusa do
amor, que gostava dos
portuguese porque os
achava parecidos com os
romanos, descendentes
de Eneias, seu filho e
fundador de Roma. Os
Portugueses eram de
facto parecidos com os
Romanos, na coragem,
na língua que falavam e
nas vitórias que tinham
tido no Norte de África
(terra Tingitana).
Amélia Pinto Pais,
Os Lusíadas em Prosa-
Vénus simboliza a civilização
ocidental e o seu desejo de
expansão para Oriente.
38 E disse assim: "Ó Padre, a cujo império
Tudo aquilo obedece, que criaste,
Se esta gente, que busca outro hemisfério,
Cuja valia, e obras tanto amaste,
Não queres que padeçam vitupério,
Como há já tanto tempo que ordenaste,
Não ouças mais, pois és juiz direito,
Razões de quem parece que é suspeito.
36 Mas Marte, que da Deusa sustentava
Entre todos as partes em porfia,
Ou porque o amor antigo o obrigava,
Ou porque a gente forte o merecia,
De entre os Deuses em pé se levantava:
Merencório no gesto parecia;
O forte escudo ao colo pendurado
Deitando para trás, medonho e irado,
40 E tu, Padre de grande fortaleza,
Da determinação, que tens tomada,
Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Desistir-se da cousa começada.
Mercúrio, pois excede em ligeireza
Ao vento leve, e à seta bem talhada,
Lhe vá mostrar a terra, onde se informe
Da Índia, e onde a gente se reforme."
Luís de Camões, Os Lusíadas
Perante tão diferentes
opiniões, houve uma
enorme discussão, pois
ninguém se entendia. Foi
então que Marte, deus da
guerra, muito temido pelos
restantes, e antigo
apaixonado de Vénus, teve
uma intervenção decisiva.
Bateu com o bastão no
chão, pediu silêncio e, com
um ar zangado, disse que
Baco tinha mau carácter e
era movido pela inveja.
Afinal, o que Júpiter tinha a
fazer era não voltar atrás
com a decisão que pensava
dever tomar e ajudar os
portugueses que bem
mereciam.
Amélia Pinto Pais,
Os Lusíadas em Prosa
Marte, o deus da guerra, estava aborrecido (merencório no gesto);
usava um forte escudo e a viseira do elmo de diamante; ergueu-se
diante de Júpiter medonho e irado; mui seguro; armado forte e duro;
bateu com o conto do bastão no solo. Marte, no seu discurso, revela
poder de decisão, firmeza e a segurança de um chefe militar.
Marte favorece os Portugueses visto que apoia Vénus, que amara no
passado. Admira o mérito dos Portugueses. Denunciou a inveja de
Baco. Apela a Júpiter para manter a decisão de ajudar os Portugueses.
Marte representa a
conquista e faz
pender a balança
para o lado dos
Portugueses
41 Como isto disse, o Padre poderoso,
A cabeça inclinando, consentiu
No que disse Mavorte valeroso,
E néctar sobre todos esparziu.
Pelo caminho Lácteo glorioso
Logo cada um dos Deuses se partiu,
Fazendo seus reais acatamentos,
Para os determinados aposentos.
Luís de Camões, Os Lusíadas
Perante estas palavras, Júpiter
deu por acabado o Consílio,
mandou servir um belíssimo
banquete e despediu os deuses
que voltaram às suas moradas
habituais. O Consílio terminava
de modo favorável aos
portugueses, como tinha
desejado Júpiter.
Amélia Pinto Pais,
Os Lusíadas em Prosa-
RECORDA!
CONSÍLIO DOS DEUSES
PLANO DA VIAGEM
Já no largo Oceano navegavam”
PLANO MITOLÓGICO
Quando os Deuses no Olimpo luminoso
Júpiter convoca o consílio para que os Deuses se
pronunciem sobre o futuro dos Portugueses que
pretendem chegar à Índia por mar.
Júpiter reconhece o valor do povo português e
pretende premiá-lo, ajudando os portugueses a
encontrar um porto seguro onde possam repousar.
GERA-SE UMA DISCUSSÃO.
Vénus e Marte defendem e
apoiam os Portugueses.
Júpiter decide a favor dos
Portugueses.
Baco opõe-se ao
empreendimento dos
Portugueses.

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  • 1. A narração da viagem de Vasco da Gama, a ação principal de Os Lusíadas, começa quando a frota já se encontra a navegar em alto mar. Ao mesmo tempo, os deuses preparam-se para reunir: é o Consílio dos Deuses no Olimpo! O QUE TERÁ MOTIVADO ESTA REUNIÃO? No final desta aula, deverás ser capaz de: - Justificar a utilização do maravilhoso pagão em Os Lusíadas; - Reconhecer a estrutura deste episódio; - Identificar as posições assumidas pelos diferentes deuses em relação ao destino dos Portugueses.
  • 2. I, 19 INÍCIO DA NARRAÇÃO Depois de invocar as Tágides, ninfas do Tejo, e de dedicar a epopeia a D. Sebastião, Camões dá inicio à narração. À semelhança dos autores clássicos, começa a narração in medias res, ou seja, quando o herói se encontra já a meio da viagem. 19 JÁ NO LARGO OCEANO NAVEGAVAM, As inquietas ondas apartando, Os ventos brandamente respiravam, Das naus as velas côncavas inchando, Da branca escuma os mares se mostravam Cobertos, onde as proas vão cortando As marítimas águas consagradas, Que do gado de Próteu são cortadas. Luís de Camões, Os Lusíadas
  • 3.
  • 4. 20 QUANDO OS DEUSES NO OLIMPO luminoso, Onde o governo está da humana gente, SE AJUNTAM EM CONSÍLIO glorioso SOBRE AS COUSAS FUTURAS DO ORIENTE. Pisando o cristalino Céu formoso, Vêm pela Via-Láctea juntamente, Convocados da parte do Tonante, Pelo neto gentil do velho Atlante. Luís de Camões, Os Lusíadas Iam os navegadores de Vasco da Gama tranquilamente navegando na zona do Canal de Moçambique, quando os deuses decidiram juntar-se, no Monte Olimpo, a pedido de Júpiter, seu chefe. Júpiter tinha mandado o seu mensageiro Mercúrio convocá-los. É que Júpiter tinha algo muito importante a decidir: deveria, ou não, ajudar os Portugueses a chegar à Índia, o seu objetivo. Ele era de opinião que devia ajudá-los, mas gostava de consultar os restantes deuses sobre o assunto, juntando-os em reunião geral, ou consílio. Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa
  • 5. 22 Estava o Padre ali sublime e dino, Que vibra os feros raios de Vulcano, Num assento de estrelas cristalino, Com gesto alto, severo e soberano. Do rosto respirava um ar divino, Que divino tornara um corpo humano; Com uma coroa e ceptro rutilante, De outra pedra mais clara que diamante. 23 Em luzentes assentos, marchetados De ouro e de perlas, mais abaixo estavam Os outros Deuses todos assentados, Como a razão e a ordem concertavam: Precedem os antígos mais honrados; Mais abaixo os menores se assentavam; Quando Júpiter alto, assim dizendo, C'um tom de voz começa, grave e horrendo: Luís de Camões, Os Lusíadas Iniciado o Consílio, falou, em primeiro lugar, Júpiter que estava num trono de diamante. Foi breve. Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa
  • 6. 24 "Eternos moradores do luzente Estelífero pólo, e claro assento, Se do grande valor da forte gente De Luso não perdeis o pensamento, Deveis de ter sabido claramente, Como é dos fados grandes certo intento, Que por ela se esqueçam os humanos De Assírios, Persas, Gregos e Romanos. 25 Já lhe foi (bem o vistes) concedido C’um poder tão singelo e tão pequeno, Tomar ao Mouro forte e guarnecido Toda a terra, que rega o Tejo ameno: Pois contra o Castelhano tão temido, Sempre alcançou favor do Céu sereno. Assim que sempre, enfim, com fama e glória, Teve os troféus pendentes da vitória. Luís de Camões, Os Lusíadas Júpiter dirige-se aos Deuses dizendo que como provavelmente já deveriam saber, era intenção do destino, dos Fados, que os Portugueses viessem a fazer esquecer todos os heróis da Antiguidade. Argumenta que, sendo um povo tão pequeno, tinha vencido os Mouros conquistando as terras à beira Tejo e vencido os castelhanos.
  • 7. 27 Agora vedes bem que, cometendo O duvidoso mar num lenho leve, Por vias nunca usadas, não temendo De Áfrico e Noto a força, a mais se atreve: Que havendo tanto já que as partes vendo Onde o dia é comprido e onde breve, Inclinam seu propósito e porfia A ver os berços onde nasce o dia. 28 Prometido lhe está do Fado eterno, Cuja alta Lei não pode ser quebrada, Que tenham longos tempos o governo Do mar, que vê do Sol a roxa entrada. Nas águas têm passado o duro inverno; A gente vem perdida e trabalhada; Já parece bem feito que lhe seja Mostrada a nova terra, que deseja. 29 E porque, como vistes, têm passados Na viagem tão ásperos perigos, Tantos climas e céus experimentados, Tanto furor de ventos inimigos, Que sejam, determino, agasalhados Nesta costa africana, como amigos. E tendo guarnecida a lassa frota, Tornarão a seguir sua longa rota.“ Luís de Camões, Os Lusíadas Júpiter alegou que a frota de Vasco da Gama já estava muito cansada e precisava de ajuda. Por isso, talvez fosse bom dar- lhes ajuda e tornar a viagem mais fácil.
  • 8. 30 Estas palavras Júpiter dizia, Quando os Deuses por ordem respondendo, Na sentença um do outro diferia, Razões diversas dando e recebendo. O padre Baco ali não consentia No que Júpiter disse, conhecendo Que esquecerão seus feitos no Oriente, Se lá passar a Lusitana gente. 31 Ouvido tinha aos Fados que viria Uma gente fortíssima de Espanha Pelo mar alto, a qual sujeitaria Da Índia tudo quanto Dóris banha, E com novas vitórias venceria A fama antiga, ou sua, ou fosse estranha. Altamente lhe dói perder a glória, De que Nisa celebra inda a memória. Luís de Camões, Os Lusíadas Esta opinião de Júpiter não foi bem recebida por todos e logo se formaram dois partidos: um comandado por Baco, deus dos baixos instintos e do vinho. Este temia que os portugueses o ultrapassassem em fama na Índia, em Nisa, cidade por si fundada, e achava que os Portugueses não deviam ser ajudados. Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa Baco simboliza as forças do Oriente que resistem a essa expansão e ao domínio que daí pode advir.
  • 9. 33 Sustentava contra ele Vênus bela, Afeiçoada à gente Lusitana, Por quantas qualidades via nela Da antiga tão amada sua Romana; Nos fortes corações, na grande estrela, Que mostraram na terra Tingitana, E na língua, na qual quando imagina, Com pouca corrupção crê que é a Latina. Luís de Camões, Os Lusíadas Um outro partido era o de Vénus, a deusa do amor, que gostava dos portuguese porque os achava parecidos com os romanos, descendentes de Eneias, seu filho e fundador de Roma. Os Portugueses eram de facto parecidos com os Romanos, na coragem, na língua que falavam e nas vitórias que tinham tido no Norte de África (terra Tingitana). Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa- Vénus simboliza a civilização ocidental e o seu desejo de expansão para Oriente.
  • 10. 38 E disse assim: "Ó Padre, a cujo império Tudo aquilo obedece, que criaste, Se esta gente, que busca outro hemisfério, Cuja valia, e obras tanto amaste, Não queres que padeçam vitupério, Como há já tanto tempo que ordenaste, Não ouças mais, pois és juiz direito, Razões de quem parece que é suspeito. 36 Mas Marte, que da Deusa sustentava Entre todos as partes em porfia, Ou porque o amor antigo o obrigava, Ou porque a gente forte o merecia, De entre os Deuses em pé se levantava: Merencório no gesto parecia; O forte escudo ao colo pendurado Deitando para trás, medonho e irado, 40 E tu, Padre de grande fortaleza, Da determinação, que tens tomada, Não tornes por detrás, pois é fraqueza Desistir-se da cousa começada. Mercúrio, pois excede em ligeireza Ao vento leve, e à seta bem talhada, Lhe vá mostrar a terra, onde se informe Da Índia, e onde a gente se reforme." Luís de Camões, Os Lusíadas
  • 11. Perante tão diferentes opiniões, houve uma enorme discussão, pois ninguém se entendia. Foi então que Marte, deus da guerra, muito temido pelos restantes, e antigo apaixonado de Vénus, teve uma intervenção decisiva. Bateu com o bastão no chão, pediu silêncio e, com um ar zangado, disse que Baco tinha mau carácter e era movido pela inveja. Afinal, o que Júpiter tinha a fazer era não voltar atrás com a decisão que pensava dever tomar e ajudar os portugueses que bem mereciam. Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa Marte, o deus da guerra, estava aborrecido (merencório no gesto); usava um forte escudo e a viseira do elmo de diamante; ergueu-se diante de Júpiter medonho e irado; mui seguro; armado forte e duro; bateu com o conto do bastão no solo. Marte, no seu discurso, revela poder de decisão, firmeza e a segurança de um chefe militar. Marte favorece os Portugueses visto que apoia Vénus, que amara no passado. Admira o mérito dos Portugueses. Denunciou a inveja de Baco. Apela a Júpiter para manter a decisão de ajudar os Portugueses. Marte representa a conquista e faz pender a balança para o lado dos Portugueses
  • 12. 41 Como isto disse, o Padre poderoso, A cabeça inclinando, consentiu No que disse Mavorte valeroso, E néctar sobre todos esparziu. Pelo caminho Lácteo glorioso Logo cada um dos Deuses se partiu, Fazendo seus reais acatamentos, Para os determinados aposentos. Luís de Camões, Os Lusíadas Perante estas palavras, Júpiter deu por acabado o Consílio, mandou servir um belíssimo banquete e despediu os deuses que voltaram às suas moradas habituais. O Consílio terminava de modo favorável aos portugueses, como tinha desejado Júpiter. Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em Prosa-
  • 13. RECORDA! CONSÍLIO DOS DEUSES PLANO DA VIAGEM Já no largo Oceano navegavam” PLANO MITOLÓGICO Quando os Deuses no Olimpo luminoso Júpiter convoca o consílio para que os Deuses se pronunciem sobre o futuro dos Portugueses que pretendem chegar à Índia por mar. Júpiter reconhece o valor do povo português e pretende premiá-lo, ajudando os portugueses a encontrar um porto seguro onde possam repousar. GERA-SE UMA DISCUSSÃO. Vénus e Marte defendem e apoiam os Portugueses. Júpiter decide a favor dos Portugueses. Baco opõe-se ao empreendimento dos Portugueses.