O documento discute os desafios da leitura na sociedade atual, incluindo a complexidade crescente da leitura devido à internet e mídias digitais. Argumenta que bibliotecas e escolas devem criar condições para apoiar práticas de leitura ao longo da vida através de parcerias e estratégias envolvendo alunos, famílias e comunidade.
2. Encontro(s) - Bibliotecas: Desafios na sociedade actual
A leitura no outro lado do espelho
Tondela, 31 de Março de 2011
3. A leitura no outro lado do espelho
Não nascemos leitores. Tornamo-nos leitores. O difícil
é permanecermos leitores.
Bérnard Épin
4. A leitura no outro lado do espelho
“Ler para aprender. Esta fórmula parece-nos uma evidência,
hoje em dia. Desde o séc. XIX saber ler e a prática da leitura
definem as condições de acesso ao conhecimento. Ler é o
instrumento imprescindível sem o qual aprender é
impossível. Analfabetismo e ignorância tornaram-se
sinónimos.”
Chartir, Roger. Aprender a leer, leer para aprender
5. A leitura no outro lado do espelho
“A questão da literacia (…) comporta hoje a intervenção de um
factor novo, sob muitos aspectos, decisivo. Sinto-me tentado a
chamar-lhe uma terceira cultura. É a da revolução electrónica,
(…) a revolução que deu origem aos computadores actuais, à
Internet, à teia global, ao marketing planetário (…) e aos meios
teoricamente ilimitados de armazenamento e recuperação em
bancos de dados e motores de busca. (…) Nenhum artefacto
ou invenção, desde sem dúvida a domesticação do fogo pelo
homem, terá exercido um impacto configurador sobre as
actividades quotidianas da humanidade comparável ao
exercido pelo PC e pelo portátil, pelo SMS, e pela Internet”
Steiner, George, Os livros que não escrevi
6. A leitura no outro lado do espelho
Factores geradores de mudanças nas práticas:
O desenvolvimento das democracias reclama uma cidadania
mais activa e crítica na interpretação das mensagens
Novas formas de acesso à informação e ao lazer
Novos cenários de aprendizagem da leitura
e da escrita
A internet introduziu novas comunidades discursivas
Rapidez e imediatismo dos motores de busca no acesso à
informação.
7. A leitura no outro lado do espelho
A leitura adquire maior complexidade e diversidade (modelo humanista
vs cultura tecnológica) :
Hipertextualidade substitui a linearidade da escrita em papel
O leitor constrói o seu percurso
Intertextualidade - toma decisões a partir de links que o levam a
outros documentos ou outras partes do documento ( textos
fragmentados)
8. A leitura no outro lado do espelho
(cont.)
Integração de diferentes modos de representação do
conhecimento (escrita, oralidade, som, imagem, vídeo)
Criam-se documentos mais complexos – novos registos
verbais, abreviaturas, léxico específico, maior informalidade
de estilo
Diluição da distância entre oralidade e escrita
Exigência de níveis mais elaborados de leitura para o sucesso
escolar, individual e social
9. A leitura no outro lado do espelho
A revolução digital que vem ocorrendo no presente modificou
tudo de uma vez, os suportes de escrita, as técnicas de
reprodução e disseminação e as maneiras de ler. Tal
simultaneidade é inédita na história da humanidade.
Chartier, Roger.
10. A leitura no outro lado do espelho
“A leitura sofre a concorrência de outras fontes de diversão e
informação, em especial os meios audiovisuais, que exercem desde
a infância um poderoso fascínio (…) Porque dizemos que a
concorrência de estas outras magias é desleal? Porque não joga só
com o brilho das suas imagens, ou com o caudal de informação, ou
com a variedade dos seus conteúdos. O problema é que intoxica
com a sua facilidade e rapidez.”
Marina, José António.
A magia de leer”.Barcelona: Plaza Janés, 2005
11. A leitura no outro lado do espelho
Novos cenários para as práticas de leitura reclamam um novo
sujeito leitor, apto a dominar literacias múltiplas, nos ambientes
informacionais em que vivemos e nos movimentamos.
Maior responsabilidade da escola e da
biblioteca na criação de condições favoráveis:
à aprendizagem
ao seu desenvolvimento
À sustentabilidade/permanência dos
hábitos de leitura.
O leitor é um sujeito em construção
12. A leitura no outro lado do espelho
Formar leitores exige atender a uma tripla dimensão: ensinar a ler,
a desfrutar a leitura, e a ler para aprender. Estas dimensões não
têm carácter consecutivo; em qualquer momento em que se
planificam experiências educativas destinadas a promover a
leitura resulta necessário tê-las em conta. Isabel Solé Gallart
13. A leitura no outro lado do espelho
A biblioteca não é um fim em si mesmo, justifica-se pela
comunidade que serve. Constitui um equipamento educativo
e cultural que, na articulação com os professores, se afirma
como um agente dinâmico do desenvolvimento individual,
colectivo e de apoio às práticas lectivas e de leitura.
14. A leitura no outro lado do espelho
Stephen Krashen mostra:
Impacto da BE no rendimento escolar, pelo acesso que
permite a materiais de leitura diversificados
Alunos com maior acesso a diferentes fontes de materiais
de leitura – especialmente os que correspondem aos
interesses do aluno – lêem por vontade própria, em maior
quantidade, com mais frequência e obtêm melhores
qualificações
Melhores condições para a leitura promovem
comportamentos leitores mais diversificados
15. A leitura no outro lado do espelho
Biblioteca, parceira do professor
Disponibiliza equipamentos e recursos que sustentam a acção educativa e
formativa do professor.
Promove :
• estratégias que aproximem a criança, o jovem do livro, criando-lhe
a necessidade de ler e escrever, favorecendo a sua participação
activa, reflexiva e crítica
• experiências de leitura estimulantes, emotivas e satisfatórias
•planificação e avaliação de estratégias que fortaleçam o
crescimento de crianças e jovens enquanto leitores
Atenua as desigualdades no acesso ao livro
ou outros suportes de leitura
16. A leitura no outro lado do espelho
Biblioteca, parceira professor
Promove (cont) :
• aprendizagem de técnicas de trabalho
• uso crítico da informação;
• formação leitores autónomos
no acesso, selecção,
tratamento e produção
de todo o tipo de informação
17. A leitura no outro lado do espelho
…
- liberdade para aceder/ escolher as suas leituras
- adequação ao percurso individual dos alunos
- metodologias activas
- a aprendizagem ao longo da vida
- sensibilização das famílias
- as parcerias externas, nomeadamente com a Biblioteca
Pública …
18. A leitura no outro lado do espelho
Biblioteca, parceira do professor
• Promove o trabalho colaborativo com os professores
• Desenvolve parcerias e trabalho de equipa
• Constrói equipas flexíveis e complementares que favoreçam a
partilha de saberes
• Promove a utilização dos instrumentos da web 2.0 para
facilitar a comunicação, colaboração e criatividade entre os
utlizadores
• Integra os conteúdos e os meios próprios à geração Net,
criando novas oportunidades de envolvimento na construção
do conhecimento
19. A leitura no outro lado do espelho
“A leitura frequente é o melhor meio que possuímos para a apropriação
da linguagem e das suas criações. É o grande instrumento, o instrumento
óbvio. A riqueza lexical, a argumentação, a explicação, a expressão dos
sentimentos, a compreensão do outro, a liberdade de pensamento,
adquirem-se através da leitura. Talvez isto seja o mais peculiar da nossa
proposta: cremos que ler é necessário para nos apropriarmos da
linguagem, e que é importante fomentar o prazer de ler, porque assim se
facilita essa apropriação.”
Marina, José António. A magia de leer”.Barcelona: Plaza
Janés, 2005
20. “Estamos seguros que se é a
escola inteira que educa, (...) a
biblioteca deve servir para
reforçar esta unidade leitora. A
leitura poderia ser o grande
sistema circulatório que manteria
vivo o organismo educativo”.
Marina, José António. A magia de leer”.Barcelona: Plaza Janés, 2005
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