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2015 vol. V nº 019 pág. 000-000
A PREVENÇÃO DE FRAUDE E A AFIRMAÇÃO DA
AUDITORIA FORENSE
Luís Fonseca
...
Ficha Técnica
Título
Revista Portuguesa de Contabilidade
Director
Hernâni Olímpio Carqueja
Subdirector
Bruno Miranda Alves Pereira
Editor
Ginocar Produções, Lda.
NIPC: 501 736 026
Sede de Redacção
Rua Domingos Sequeira, n.º 178
4050-230 Porto
Telf.: 22 339 40 30 • Fax: 22 339 40 39
www.revistadecontabilidade.com
encomendas@revistadecontabilidade.com
Propriedade
Ginocar Produções, Lda.
Execução Gráfica
www.Ginocar.pt
Rua Domingos Sequeira, n.º 178
4050-230 Porto
Tiragem
2000 Exemplares
Periodicidade Trimestral
DEZEMBRO/2015
ERC 126037
ISSN 2182-2042
DEP. LEGAL 327583/11
A PREVENÇÃO DE FRAUDE E A AFIRMAÇÃO DA AUDI-
TORIA FORENSE
ÍNDICE
Resumo____________________________________________________________________ 000
1_Introdução________________________________________________________________ 000
2_Conceito de fraude_________________________________________________________ 000
3_Os números da fraude______________________________________________________ 000
4_O auditor forense__________________________________________________________ 000
5_A prevenção da fraude______________________________________________________ 000
6_Limitações da auditoria forense_______________________________________________ 000
7_Conclusão________________________________________________________________ 000
Bibliografia__________________________________________________________________ 000
3Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
A PREVENÇÃO DE FRAUDE E A AFIRMAÇÃO DA AUDI-
TORIA FORENSE
RESUMO
As organizações devem reforçar a prevenção de fraude nos seus sistemas de controlo.
Além dos custos financeiros e de imagem a que estas poderão incorrer, no limite, a sua
perenidade poderá ser colocada em causa, e, em última instância, a economia dum país
poderá estremecer. Ao topo da gestão são também exigidas responsabilidades públicas.
É assim primordial conhecer-se com maior profundidade as raízes e as consequências
dos diversos tipos de fraudes, de forma a permitir às organizações preveni-las e detetá-las
eficazmente.
Neste contexto, o objetivo desta comunicação é partilhar mais um olhar sobre a importância
dos meios de controlo para a dissuasão de fraude e para o papel da auditoria e do auditor
forense.
Palavras-chave: Auditoria forense; Fraude; Deteção de Fraude; Prevenção de Fraude.
Revista Portuguesa de Contabilidade4 vol. V nº 019
1_INTRODUÇÃO
A presente edição do Congresso dos TOC é uma excelente oportunidade para manter
presente e vivo o tema do risco de fraude nas organizações. Este tema está na ordem do dia
porque continuamos a vivenciar casos de fraude que afetam a perenidade das empresas e
a economia do nosso país, com impactos nefastos na sociedade e, portanto, nas pessoas.
A fraude, nas suas mais diversas formas, é uma das principais causas para que o relato
financeiro das organizações não seja fiável, sendo que, para além de potenciais perdas de
elevados montantes de dinheiro, coloca também em causa a credibilidade das organizações.
Esta comunicação tem o objetivo de ser mais uma forma de demonstrar o papel que um
auditor forense deve ter numa organização, procurando assegurar a implementação de
mecanismos que previnam e possam dissuadir a fraude, com todas as vantagens mais
adiante demonstradas.
Para que a auditoria forense seja uma realidade, é necessário compreender em que condições
é que as fraudes têm maiores probabilidades de ocorrer, desafio que, pela sua natureza, não
é fácil e pode exigir um elevado nível de competências especializadas inerentes ao perfil e às
responsabilidades dos auditores forenses.
Nesta comunicação, para além do conceito de fraude, baseado no "Report to the Nation
on Occupational Fraud and Abuse - 2014 Global Fraud Study", publicado pela ACFE, são
apresentados os números da fraude a nível mundial. Seguidamente, é também apresentada a
importância da auditoria forense através do papel que o auditor forense poderá desempenhar
nas organizações, bem como um conjunto de medidas sugeridas para prevenir a fraude
ocupacional nas organizações. São ainda mencionadas limitações da auditoria forense e,
por último, são apresentadas as conclusões desta comunicação.
2_CONCEITO DE FRAUDE:
Definição de fraude1
:
Nome feminino
1.	 ato de má-fé praticado com o objetivo de enganar ou prejudicar alguém; burla;
engano; logração
2.	 ato ou comportamento que é ilícito e punível por lei
3.	 contrabando; candonga
1	Fraude in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2015. [consult. . em 27 Abr. 2015]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/
lingua-portuguesa/fraude
5Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
De acordo com Roque2
, na vida empresarial pode-se considerar que fraude é qualquer ato
ou omissão intencional destinada a enganar outrem, resultando em que a vítima sofra uma
perda e o autor obtenha um ganho.
De acordo com a ISA 2403
, a fraude é definida como: “Um ato intencional praticado por
um ou mais indivíduos de entre a gerência, encarregados da governação, empregados ou
terceiros, envolvendo o uso propositado de falsidades para obter uma vantagem injusta ou
ilegal”. Para a mesma ISA, as distorções nas demonstrações financeiras podem resultar de
fraude quando a ação subjacente que resulta na distorção das demonstrações financeiras
foi intencional, ou de erro, quando a mesma ação não foi intencional.
Esta ISA esclarece ainda que cabe à gestão da organização a responsabilidade primária
pela prevenção e deteção da fraude. É importante que seja colocada uma forte ênfase na
prevenção da fraude, para reduzir as oportunidades da sua ocorrência, desencorajando-a e
procurando persuadir os indivíduos a não cometê-la devido à probabilidade da sua deteção
e punição.
A fraude pode envolver esquemas sofisticados e cuidadosamente organizados concebidos
para a ocultar, como falsificação, falha deliberada do registo de transações ou declarações
ao auditor que sejam intencionalmente enganadoras. Tais tentativas de ocultação podem
ser ainda mais difíceis de detetar quando acompanhadas de conluio. O conluio pode fazer
com que o auditor creia que a prova de auditoria é persuasiva quando de facto é falsa. A
capacidade do auditor para detetar uma fraude depende de fatores como a habilidade do
seu autor, a frequência e extensão da manipulação, o grau de conluio envolvido, a dimensão
relativa das quantias individuais manipuladas e a senioridade dos indivíduos envolvidos.
Embora possa conseguir identificar potenciais oportunidades de fraude, é difícil para o auditor
determinar se distorções em áreas de julgamento, como as estimativas contabilísticas, são
causadas por fraude ou erro.
A identificação e prevenção da fraude devem estar regulamentadas a nível organizacional.
Tendo em consideração os impactos económico-financeiros que uma fraude produz
numa organização, assim como a falta de credibilidade gerada, é recomendável que as
organizações desenvolvam mecanismos de prevenção e deteção de indícios de fraude e
que invistam em sistemas de controlo interno robustos e eficazes.
No entanto, para que a fraude seja detetada, é necessário ao auditor forense conhecer os
diversos tipos de fraude praticados, assim como os fatores que promovem a prática de atos
fraudulentos por parte de determinados indivíduos. Neste âmbito, são aqui abordadas duas
2	 ROQUE, Pedro. Auditor Forense - Contributo para a definição de uma nova profissão em Portugal. [em
linha] (s.d) [consult. em 27 Abr. 2015] Disponível na Internet: http://www.otoc.pt/news/comcontabaudit/
pdf/128.pdf
3	 International Standard on Auditing 240, The Auditor’s Responsibilities Relating to Fraud in an Audit of
Financial Statements
Revista Portuguesa de Contabilidade6 vol. V nº 019
das principais referências que permitem compreender melhor a fraude: a Árvore da Fraude
e o Triângulo da Fraude.
Árvore da Fraude - A Árvore da Fraude foi apresentada num estudo desenvolvido por Wells
(2009) e tem como objetivo classificar as fraudes e os abusos ocupacionais.
De acordo com a Árvore da Fraude, existem três categorias principais de fraude:
1.	 Apropriação indevida de ativos: Segundo Wells (2009) “[…] a apropriação
indevida de ativos inclui mais do que o furto ou o desfalque [,] envolve o uso
indevido de qualquer bem da empresa para benefício pessoal.”. Esta categoria
divide-se em duas formas de apropriação, nomeadamente de dinheiro, de
inventários e de todos os outros ativos. Em relação à apropriação indevida do
dinheiro, esta subdivide-se em três meios: furto, desembolsos fraudulentos e
sonegação. O furto consiste em desviar valores em caixa e depósitos. Por sua
vez, os desembolsos fraudulentos compreendem esquemas relacionados com
falsificações de faturação, remunerações, reembolsos de despesas, cheques e
falsos registos em caixa.
2.	 Corrupção: Consiste na utilização do poder para favorecer o próprio ou
terceiros. Este tipo de fraude divide-se em quatro subcategorias: conflito de
interesses; suborno; gratificações ilegais e extorsão económica. O conflito de
interesses patenteia o favorecimento pessoal ou de um terceiro, através do
desenvolvimento de esquemas de compras ou de vendas. Relativamente ao
suborno, este representa a prática de oferecer dinheiro ou benefícios a um
indivíduo, em troca de um ato ilícito, promovendo a obtenção de vantagens.
No caso das gratificações ilegais, estas constituem uma recompensa paga, de
forma ilícita, pela realização de um determinado serviço prestado. Por sua vez, a
extorsão económica compreende a obtenção de vantagens por parte de outrem,
com recurso à coação, chantagem ou violência.
3.	 Relatórios de contas fraudulentos: As informações financeiras divulgadas
apresentam distorções que detém como finalidade induzir os seus utilizadores
em erro. Os relatórios em causa podem ser financeiros e não financeiros. Caso
se tratem de relatórios financeiros, poderão estar evidenciadas sobrevalorizações
ou subvalorizações de ativos e receitas. A nível dos relatórios não financeiro é
possível verificar-se a falsificação de documentos organizacionais, quer internos
quer externos.
Triângulo da Fraude - Donald Cressey na sua obra, "Other people's money; a study of the
social psychology of embezzlement", publicada em 1953, desenvolveu o Triângulo da Fraude
que permite identificar os motivos que originam ou incentivam a ocorrência de fraude, por
parte de um ou mais indivíduos. Este autor identificou três fatores que, em simultâneo,
promovem a prática de atos fraudulentos: a pressão, geralmente associada a necessidades
7Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
financeiras que o perpetrador possa ter, ou quando este pretenda viver com um estatuto
acima das suas possibilidades; a oportunidade, geralmente associada a fragilidades do
sistema de controlo das organizações; e a racionalização, geralmente através das razões
com que o perpetrador procura justificar a fraude.
3_OS NÚMEROS DA FRAUDE
A ACFE – Association of Certified Fraud Examiners (www.acfe.com) é a maior organização
do mundo que combate a fraude, sendo também o primeiro fornecedor de treino e formação
antifraude. Juntamente com mais de 75.000 membros, contribui para reduzir mundialmente
a fraude nas organizações e inspirar a confiança pública, a integridade e a objetividade desta
profissão.
De acordo com o último "Report to the Nation on Occupational Fraud and Abuse - 2014
Global Fraud Study", publicado pela ACFE, que contem uma análise de 1.483 casos de
fraude ocupacional que ocorreram em mais de 100 países e que foram investigados por
profissionais certificados pela ACFE, verificou-se que:
•  Uma organização típica perde anualmente 5% dos rendimentos devido a fraude.
Se extrapolarmos o produto bruto mundial, estimado para o ano de 2013, a
perda global potencial de fraude estaria perto de $3.7 triliões.
•  A perda média causada pelas fraudes foi de $145.000. Adicionalmente, 22%
dos casos envolveram perdas de pelo menos de $1 milhão.
•  A quantidade de tempo decorrida entre o início e a deteção da fraude foi de 18 meses.
•  As fraudes ocupacionais podem ser classificadas em três categorias preliminares:
Apropriação indevida de ativos, corrupção e relatórios de contas fraudulentos.
Destes, a apropriação indevida de ativos é a mais comum, com 85% dos casos,
representando os casos com menores custos, e que causaram uma perda média
de $130.000. Por outro lado, somente 9% dos casos respeitam a fraudes de
relatórios de contas fraudulentos, sendo de salientar que estes casos tiveram o
maior impacto financeiro, com uma perda média de $1 milhão. Os esquemas de
corrupção posicionam-se a meio da frequência, 37% dos casos, e representam
uma perda média de $200.000.
•  Muitos dos casos envolveram mais do que uma categoria de fraude ocupacional.
Aproximadamente 30% dos esquemas estudados incluíram duas, ou três das
formas preliminares de fraude ocupacional.
•  As denúncias são consistentemente o método mais comum que permitem
a deteção de fraude - 40% de todos os casos foram detetados a partir de
Revista Portuguesa de Contabilidade8 vol. V nº 019
denúncias, mais do dobro da percentagem do que qualquer dos outros métodos
de deteção. Foram os próprios colaboradores da organização que efetuaram
quase a metade de todas as denúncias que conduziram à descoberta da fraude.
•  Nas organizações com linhas de alerta existem maiores probabilidades para
se detetar a fraude através de uma denúncia. Conforme demonstrado pelos
dados do estudo, esta foi a maneira mais eficaz para se detetar a fraude.
Nestas organizações verificou-se também que os custos das fraudes eram 41%
menores, e 50% das fraudes foram detetadas mais rapidamente.
•  As organizações menores tendem a sofrer perdas desproporcionalmente maiores.
Adicionalmente, os riscos específicos de fraude enfrentados por organizações
de pequeno porte diferem daqueles enfrentados por organizações maiores,
em determinadas categorias de fraude, que são muito mais proeminentes em
entidades pequenas do que nas maiores (por exemplo, nas organizações mais
pequenas, a segregação de funções, pilar dum sistema de controlo eficaz, nem
sempre é assegurada).
•  As operações bancárias, os serviços financeiros, o governo, a administração
pública e as indústrias de manufatura continuam a ter o maior número dos casos
relatados, enquanto a indústria mineira, o mercado imobiliário, e as indústrias do
petróleo e do gás tiveram perdas médias em relação às relatadas.
•  Os esquemas de Fraude que ocorreram nas organizações que tinham em
funcionamento diversos controles antifraude tiveram um custo significativamente
inferior e foram detetados mais rapidamente do que as fraudes ocorridas nas
organizações onde faltam estes tipos de controlos.
•  Quanto mais elevado for o nível hierárquico do perpetrador, mais significativas
tendem a ser as perdas devido a fraude. Os proprietários/ executivos
representaram somente 19% de todas as fraudes, mas causaram uma perda
média de $500.000. Os colaboradores de base, inversamente, cometeram 42%
de fraudes ocupacionais mas causaram somente uma perda média de $75.000.
Os valores das fraudes cometidas por gestores encontram-se na média, tendo
cometido 36% das fraudes com uma perda média de $130.000.
•  As fraudes efetuadas por colaboradores em conluio, que contornaram os
controlos antifraude, permitiram roubos de maiores valores. A perda média
em fraudes cometidas por uma única pessoa foi de $80.000, mas quando o
número dos perpetradores aumenta, as perdas aumentam significativamente.
Nos casos de fraude com dois perpetradores a perda média foi de $200.000,
no caso de serem três perpetradores, a perda média foi de $355.000 e quando
a fraude foi cometida por quatro ou mais perpetradores, a perda média excedeu
os $500.000.
9Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
•  Aproximadamente 77% das fraudes foram cometidas por indivíduos que
trabalham num dos seguintes sete departamentos: contabilidade, operações,
vendas, executivo/ gerência, serviço ao cliente, compras e finanças.
•  Na avaliação do tempo e do esforço para recuperar o dinheiro roubado por
perpetradores, muitas organizações podem nunca vir a ser compensadas. Das
organizações vítimas de fraude, 58% não tinha recuperado quaisquer das suas
perdas, e somente 14% tinha feito uma recuperação total.
Este estudo apresenta ainda as seguintes conclusões sobre os números apresentados:
•  A fraude ocupacional é um problema, a nível global, para as organizações.
Embora existam algumas variações regionais nos métodos usados pelos
perpetradores, para cometerem os seus crimes, e pelas organizações, para
impedirem e detetarem os esquemas de fraude, as tendências totais verificadas
são bastante consistentes. Esta consistência sublinha a natureza e a persistência
da ameaça de fraude em todas as organizações.
•  As fraudes mais longas são as que mais danos financeiros causam. Os métodos
de deteção passivos (confissão, notificação pelas autoridades legais, auditorias
externas e por acidente) tendem a fazer com que as investigações se prolonguem
por um maior período de tempo, fazendo notar à gestão o quanto a perda por
fraude é aumentada. Consequentemente, as medidas proactivas de deteção,
tais como as linhas alerta, os procedimentos de revisão da gestão, as auditorias
internas e os sistemas de monitorização, demonstram ser vitais para a deteção
oportuna das fraudes, limitando as perdas por si causadas.
•  As organizações mais pequenas estarão mais vulneráveis à fraude porque
geralmente, carecem de controlos antifraudes. Os valores em causa poderão ser
desproporcionais. Quando os recursos disponíveis para medidas da prevenção
e da deteção de fraude são limitados em muitas organizações pequenas,
diversos controles antifraude, tais como uma política antifraude, procedimentos
formais da revisão da gestão e formação antifraude para membros da equipa de
colaboradores poderão ser implementados com reduzidos custos financeiros e,
assim, representarem um investimento eficaz para proteger, da fraude, este tipo
de organizações.
•  As auditorias externas são executadas por um grande número organizações, mas
estão entre os controlos menos eficazes para combater a fraude ocupacional.
Estas auditorias representaram o método de deteção preliminar em apenas
3% dos casos de fraude relatados no estudo, tal como os 7% dos casos que
foram detetados por acidente. Consequentemente, apesar das auditorias
independentes servirem um papel vital na governação organizacional, o estudo
Revista Portuguesa de Contabilidade10 vol. V nº 019
demonstra que esta não deve ser considerada como mecanismo antifraude
preliminar das organizações.
•  Muitos dos controlos antifraude mais eficazes estão a ser negligenciados por
uma parcela significativa das organizações. Por exemplo, a monitorização dos
dados e a análise proactiva foram usadas por somente 35% das organizações
vítimas de fraude, mas a presença deste controlo foi correlacionada com as
fraudes que tiveram 60% casos de menores custos e 50% de casos com
duração mais curta. Outros controlos menos comuns, incluindo as auditorias
de surpresa, efetuadas por um departamento de fraude ou por uma equipa
dedicada a avaliações de risco formais de fraude, comportam associações
similares, com reduções dos danos de fraude em termos de custo e de tempo
de ocorrência. Ao se determinar como investir em medidas antifraude, a gestão
deve considerar a eficácia observada das atividades específicas do controlo e
como esses controlos podem reforçar aos potenciais perpetradores a perceção
do sucesso de deteção, funcionando como um sólido fator de dissuasão de
fraude.
•  A vasta maioria de perpetradores ocupacionais é estreante. No estudo, somente
5% foram identificados como reincidentes de outros crimes. Além disso, 82%
de perpetradores nunca tinham sido previamente punidos ou despedidos
por um empregador devido a conduta relacionada com fraude. No ato de
recrutamento, sempre que for possível, deve-se verificar em profundidade as
referências do candidato a emprego. Estas informações poderão ser úteis para
uma seleção credível também em termos éticos, mas apesar de ser uma medida
preventiva antifraude, é impossível garantir a imunidade do candidato a um
futuro comportamento fraudulento. A maioria de perpetradores trabalham para
os seus empregadores durante anos antes de se tornarem criminosos, assim, a
monitorização contínua da atividade e uma compreensão dos fatores de risco e
dos sinais de advertência da fraude serão muito mais eficazes na identificação
da fraude, do que no processo de recrutamento.
•  As maiorias dos perpetradores ocupacionais exibem determinados traços de
comportamento que podem ser sinais de advertência dos seus crimes, tais como
viverem além de seus recursos ou terem relacionamentos muito próximos com
fornecedores ou clientes. Em 92% dos casos do estudo, uma red flag com estes
tipos de comportamento foi identificada antes da fraude ter sido detetada. Os
gestores, os funcionários, os revisores de contas e outros devem ser formados
para reconhecer estes sinais de advertência que, quando combinados com
outros fatores, poderão indiciar fraude.
11Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
4_O AUDITOR FORENSE
No contexto organizacional, de acordo com Roque4
,
Se, num primeiro momento, a investigação da fraude era uma atividade que
estava essencialmente reservada às polícias e entidades oficiais de investigação,
nos últimos anos tem vindo a crescer e a ganhar importância a investigação da
fraude por entidades privadas, os auditores forenses.
Quando um auditor forense é chamado a intervir num processo de fraude,
procede à investigação da fraude, de forma independente, com vista ao
apuramento dos factos e, consequentemente, da prova.
É recomendável que o auditor forense, nas suas competências, tenha sólidos conhecimentos
de matérias como a auditoria financeira e interna, contabilidade, gestão de fraude, gestão
de riscos e direito (especialmente o do setor da organização em questão). Ao nível da
organização, o auditor forense deve ter um profundo conhecimento dos regulamentos
internos, da missão, da cadeia de valor, da estrutura orgânica e funcional e do meio
envolvente (para poder comparar os dados obtidos com os dados de referência do setor).
O auditor forense tem um papel importante a desempenhar nas organizações. A confiança
que transmite deverá ser reconhecida pelas características do trabalho que desenvolve,
que incluem a independência, a objetividade, o rigor, a verdade, a qualidade, e o ceticismo
profissional. É através de referências normalizadas, sob as quais efetua o seu trabalho, e
também através do seu julgamento profissional, que reforça a credibilidade das conclusões
a que chega e que transmite nos seus relatórios.
A prova deve ser sempre obtida em conformidade com as leis e regulamentos e ser suficiente
e apropriada. O auditor forense, para cada linha de investigação, desenvolve o seu trabalho
analisando exaustivamente a informação disponível. O acesso à informação deverá ser feito
com independência e objetividade.
No âmbito dos trabalhos de investigação de fraude efetuados, o auditor forense deve
informar o topo da gestão da organização sobre as seguintes questões: o esquema da
fraude; a exposição legal; a extensão das perdas; durante quanto tempo decorreu a fraude;
como é que ela esteve oculta durante esse período de tempo, onde é que a fraude ocorreu;
quem estava envolvido; como prevenir futuras ocorrências e qual o custo da investigação.
4	 ROQUE, Pedro. Auditor Forense - Contributo para a definição de uma nova profissão em Portugal. [em
linha] (s.d) [consult. em 27 Abr. 2015] Disponível em: http://www.otoc.pt/news/comcontabaudit/pdf/128.pdf
Revista Portuguesa de Contabilidade12 vol. V nº 019
5_A PREVENÇÃO DE FRAUDE:
Importa entender as razões que explicam a existência continuada de fraude. Desta forma,
segundo Roque (apud Goldman, 2009): existem cinco mitos que ajudam a explicar as razões
que promovem a ocorrência de fraude nas organizações:
•  Mito 1: Ética e treino em compliance mantêm-nos protegidos;
•  Mito 2: O staff é qualificado para proteger a empresa contra a fraude;
•  Mito 3: Não existe fraude na empresa;
•  Mito 4: A fraude é um custo necessário para o exercício da atividade;
•  Mito 5: A implementação de controlos e a formação são caros.
Estes mitos, que efetivamente podem ser frequentemente constatados nas organizações,
são, essencialmente, justificados pelas deficientes autoavaliações que se fazem ao
conhecimento interno sobre o combate à fraude e pelas deficientes avaliações das relações
custo-benefício inerentes à implementação de controlos e formação/treino em prevenção e
combate à fraude adequados (e não apenas formação em ética e compliance).
Os gestores têm de partir da presunção de que nenhuma organização está imune à fraude,
pelo que deverão manter uma atitude de ceticismo permanente. A prevenção da fraude
exige assim um esforço diligente e contínuo.
De acordo com a ISA 2405
, terá de existir empenho na criação de uma cultura de
honestidade e de comportamento ético, que pode ser reforçada por uma supervisão ativa
dos encarregados da governação. A supervisão pelos encarregados da governação inclui
considerar a potencial derrogação de controlos, ou outra influência inapropriada, sobre o
processo de relato financeiro, tais como esforços da gerência para gerir os resultados de
modo a influenciar as perceções dos analistas quanto ao desempenho e rentabilidade da
entidade.
Esta mesma ISA diz o seguinte no que respeita à prevenção de fraude:
O auditor deve obter declarações escritas da gerência e, quando apropriado, dos
encarregados da governação de que:
a.	 Reconhecem a sua responsabilidade pela conceção, implementação e
manutenção do controlo interno destinado a evitar e detetar a fraude;
b.	 Divulgaram ao auditor os resultados da sua avaliação do risco de que as
demonstrações financeiras possam estar materialmente distorcidas em
consequência de fraude;
5	 International Standard on Auditing 240, The Auditor’s Responsibilities Relating to Fraud in an Audit of
Financial Statements
13Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
c.	 Divulgaram ao auditor o seu conhecimento de fraude ou de suspeita de fraude
que afecte a entidade envolvendo:
i.	 A Gerência;
ii.	 Funcionários que tenham funções importantes no controlo interno; ou
iii.	 Outros, quando a fraude possa ter um efeito material nas demonstrações
financeiras; e
d.	 Divulgaram ao auditor o seu conhecimento de quaisquer alegações de fraude,
ou suspeita de fraude, que afetem as demonstrações financeiras da entidade,
comunicadas por funcionários, antigos funcionários, analistas, reguladores ou
outros.
De acordo com o "Report to the Nation on Occupational Fraud and Abuse - 2014 Global
Fraud Study", a ameaça de provável deteção é um dos fatores mais poderosos no combate
à fraude, porque elimina principalmente a oportunidade percebida do perpetrador. No actual
relatório e nas versões anteriores, foi solicitadas aos entrevistados informações sobre como
é que os seus esquemas de fraude ocupacional foram detectados pela primeira vez. Uma
das tendências recorrentes que se verificou, foi o facto de alguns métodos de deteção
mostrarem-se mais eficazes do que outros. Comparando-se o método de detecção inicial
com outras informações, tais como a duração da fraude e o prejuízo financeiro causado,
encontramos diferenças substanciais entre as várias fraudes e as maneiras como foram
descobertas. O método de detecção está portanto diretamente relacionado ao combate à
fraude e à mitigação da perda. Além disso, a maneira pela qual são detectadas fraudes não é
puramente acidental, os dados sugerem que a probabilidade de descobrir a fraude aumenta
quando os vários métodos são adequadamente modelados às particularidades das fraudes
em questão, devendo ser incluídos nos procedimentos de controlo implementados nas
organizações.
Em "Managing the Business Risk of Fraud: A Practical Guide"6
, encontramos definidos os
princípios-chave para criar um ambiente pró-ativo para gerir eficazmente o risco de fraude
numa organização:
Princípio 1: Como parte da estrutura de governação da organização, deve estar disponível
um programa de gestão do risco de fraude, incluindo uma política escrita para transmitir as
expectativas da administração e alta direção quanto ao risco de fraude de gestão.
Princípio 2: O risco de exposição à fraude deve ser avaliado periodicamente pela organização
para identificar os potenciais esquemas e acontecimentos que a organização precisa de
mitigar;
6	 Managing the Business Risk of Fraud: a Practical Guide, publicado pelo Institute of Internal Auditors - IIA,
pelo The American Institute of Certified Public Accountants - AICPA e pelo Association of Certified Fraud
Examiners – ACFE
Revista Portuguesa de Contabilidade14 vol. V nº 019
Princípio 3: Sempre que possível devem ser estabelecidas técnicas de prevenção para evitar
situações chave de risco de fraude, no sentido de atenuar os possíveis impactos sobre a
organização.
Princípio 4: Devem ser estabelecidas técnicas de deteção para a descoberta de fraudes
quando as medidas preventivas falham ou se efetivam riscos não mitigados;
Princípio 5: Deve estar disponível um processo de relato, que incorpore informação sobre
qualquer possível fraude, e deve ser utilizado um processo de investigação coordenado
bem como ações correctivas, adequadas para assegurar que potenciais fraudes sejam
comunicadas de forma apropriada e tempestiva.
Ainda neste mesmo documento na Secção 3: Prevenção de Fraude, é referido que: “devem
ser estabelecidos, sempre que possível, técnicas de prevenção de fraude para mitigar
possíveis riscos de fraude, e os seus impactos sobre a organização”.
Apesar dos melhores esforços dos responsáveis pela prevenção de fraudes, uma realidade
inevitável continua: a "fraude acontece." A fraude e a má conduta podem ocorrer em vários
níveis, em qualquer organização, é essencial que as técnicas preventivas e de deteção
de fraude sejam apropriadas e estejam implementadas. A prevenção de fraude engloba
políticas, procedimentos, formação e comunicação.
Embora as medidas preventivas não permitam assegurar que a fraude não será cometida,
elas são a primeira linha de defesa para minimizar o risco de fraude.
Uma chave para a prevenção é fazer o pessoal de toda a organização consciente do
programa de gestão de risco de fraude, incluindo os tipos de fraude e má conduta que possa
ocorrer. Esta consciência deve reforçar a noção de que todas as técnicas estabelecidas no
programa são reais e que são aplicadas. Os esforços de comunicação deverão fornecer
informações sobre o potencial disciplinar, criminal e ações civis que a organização poderá
tomar contra o perpetrador.
Com estes pontos chave em mente, a prevenção e dissuasão são conceitos interligados. Se
os controles preventivos forem eficazes e estiverem bem presentes no seio da organização,
contribuirão para dissuadir aqueles que de outra forma poderiam ser tentados a cometer
fraudes. O medo de ser apanhado é sempre um forte elemento dissuasor.
O sistema de controlos internos numa organização é projetado para lidar com os riscos
do negócio inerentes. Os riscos do negócio são identificados no protocolo de avaliação
de riscos da empresa, e os controles associados a cada risco são anotados. O Enterprise
Risk Management Framework - Integrado do COSO7
descreve os componentes essenciais
da gestão de riscos da organização, princípios e conceitos para todas as organizações,
independentemente do seu tamanho.
7	 Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
15Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
Estabelecer controlos internos pode não ser suficiente para mitigar todos os riscos de fraude
de uma organização. Estes riscos necessitam de controlos específicos para mitigá-los,
o que torna o processo de avaliação de risco de fraude de uma organização essencial
para prevenção de fraudes. Além da implementação de controlos preventivos de fraude,
é importante para a organização, avaliar e monitorizar continuamente a sua eficácia
operacional, para prevenir de que outros tipos de fraude ocorram.
Podem-se resumir, nos pontos seguintes, as principais medidas presentes neste documento
para prevenir a Fraude:
a.	 Implementação dos controles preventivos de fraude
A função de recursos humanos (RH) de uma organização pode desempenhar um papel
importante na prevenção de fraude, obtendo, na fase de recrutamento, informações credíveis
sobre a idoneidade do candidato a ser admitido, mediante a aplicação dos seguintes
procedimentos:
A chave do negócio de risco e fraude em qualquer organização está nas pessoas
contratadas para operar o negócio e nas que são promovidas para posições de confiança e
autoridade. Por essa razão, é importante conhecer os funcionários, a fim de avaliar as suas
credenciais e competência, habilidades para as exigências do trabalho, e estar ciente de
quaisquer questões de integridade pessoal que podem afetar a sua aptidão para o cargo.
Muito pode ser aprendido sobre um indivíduo através da confirmação do seu histórico de
trabalho e da educação apresentados numa candidatura de emprego, ou pelo seu currículo,
ou nas confirmações das referências fornecidas. É possível encontrar informações falsas,
ou eventos não revelados de reputação, que podem representar um aumento de risco,
possivelmente inaceitável.
Enquanto a organização deva estabelecer procedimentos para obter informações suficientes
para avaliar um candidato a emprego, ou a uma promoção, a natureza e a extensão da
informação que pode ser solicitada, seja a um colaborador em perspetiva, ou existente, ou
obtidos de forma independente, é regida por leis e regulamentos aplicáveis. A verificação
de antecedentes criminais, ou da situação financeira pessoal só pode ser possível com o
consentimento do indivíduo em questão. O departamento jurídico deve ser procurado para
aconselhar sobre quais as informações que podem ser obtidas e quais os procedimentos
adequados a seguir.
A verificação histórica também deve ser realizada aos novos e aos fornecedores já existentes,
clientes e parceiros de negócios, para identificar quaisquer problemas de saúde financeira,
de reputação e de integridade, que podem representar um risco inaceitável para o negócio.
b.	 Formação Antifraude
Uma organização pode contratar ou promover pessoas competentes que, tendo sido
submetidas a verificações de antecedentes apropriadas, representam um baixo risco
Revista Portuguesa de Contabilidade16 vol. V nº 019
de fraude. É possível que essas pessoas tenham uma compreensão abrangente do que
a fraude é, e quais são as suas red flags, e uma apreciação do seu potencial que pode
devastar uma organização. Não deve, porém, ser descurada a necessidade delas receberem
uma orientação inicial e uma formação permanente sobre o programa de gestão de risco
de fraude implementado na organização, independentemente das posições que esses
indivíduos vão ocupar na organização. Essa formação serve para estabelecer e reforçar a
politica da gestão de topo em relação à responsabilidade dos indivíduos e dos processos
que lidam com as suspeitas de fraude.
O grupo de RH de uma organização é muitas vezes responsável por desenvolver e fornecer a
formação necessária sobre a finalidade do programa de gestão de risco de fraude, incluindo
os códigos de conduta e ética, o que constitui fraude, e o que fazer quando há suspeita de
fraude. A eficácia dessa formação é dependente da presença obrigatória dos colaboradores,
com atualizações periódicas e respetivas sessões de atualização.
c.	 Avaliação do Desempenho e dos Programas de Remuneração
Os Gestores de RH devem estar envolvidos nos programas de gestão de desempenho e
de remuneração. A gestão de desempenho envolve a avaliação do comportamento dos
funcionários e desempenho, bem como a competência relacionada com o trabalho. É uma
característica humana querer o reconhecimento da sua competência e a recompensa pelo
seu desempenho e sucesso positivo. A avaliação regular e robusta de desempenho dos
funcionários com feedback em tempo útil e construtivo, permite desenvolver um longo
percurso para a prevenção de possíveis problemas.
A recompensa também pode ser refletida na remuneração. Desta forma, através da realização
de pesquisas de remunerações e análise do mercado local, os RH podem determinar se a
alta administração e os funcionários são remunerados de forma adequada e, portanto, o
tipo de condução desejado através de um equilíbrio entre a remuneração fixa e variável. No
entanto, convém, considerar que no respeita aos gestores, cuja remuneração é amplamente
baseada em bónus relacionados com indicadores de desempenho de curto prazo, existe
o risco desses indicadores serem adulterados para que os gestores possam receber esse
bónus.
d.	 Realização de entrevistas de saída
Uma política de realização de entrevistas de saída de funcionários demitidos ou que pediram
demissão pode auxiliar a prevenção e a deteção de fraude. Estas entrevistas podem ajudar
os gestores de RH a determinar se existem questões relativas à integridade da gestão ou
à informação a respeito de condições propícias à fraude. Os RH devem, também, rever o
conteúdo e as informações contidas em cartas de demissão, pois podem conter informações
sobre possíveis fraudes e má conduta existente dentro da organização.
17Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
e.	 Limites de autoridade
Uma organização pode estabelecer níveis de aprovação de autoridade em toda a empresa,
de modo a desenvolver um controlo de nível de entidade. Por outro lado, aos indivíduos que
trabalham dentro de uma função específica pode ser atribuído apenas um acesso limitado
de TI como um controle ao nível dos processos. Estes tipos de controlos, apoiados por
uma segregação adequada de funções, são importantes na primeira linha de defesa na
prevenção da fraude.
f.	 Procedimentos ao nível das Transações
O Controlo de transações com terceiros e com partes relacionadas também pode ajudar a
prevenir a fraude. Porque esquemas de fraude muitas vezes envolvem o uso de entidades /
indivíduos de terceiros, as organizações precisam de medidas exaustivas no front-end que
irão impedir as atividades de back-end. Falsos vendedores ou funcionários são dois dos
esquemas mais óbvios e anotados nesta área.
As medidas preventivas são especialmente necessárias para as transações com partes
relacionadas, podendo ser efetuadas por membros da direção, ou por funcionários
mandatados de uma entidade externa com a qual a organização é representada na realização
de um negócio, no sentido se se obterem benefícios pessoais à custa da organização.
g.	 Documentação de Técnicas de Prevenção de Fraudes
Uma organização deve documentar formalmente as técnicas desenvolvidas e
implementadas para evitar fraudes. Isso inclui processos de documentação usados para
avaliar o desempenho dos controlos preventivos de fraude, ou para indicar quando tais
controlos são ineficazes. Procedimentos de testes realizados para garantir o funcionamento
adequado de controlos preventivos de fraude e os resultados dos testes também devem ser
cuidadosamente documentados.
Junto a esta documentação deve constar uma descrição detalhada dos elementos e
das técnicas de prevenção de fraudes da organização, com ênfase sobre os papéis e
responsabilidades de todas as partes envolvidas.
h.	 Avaliar Prevenção a Fraudes da Organização
As organizações devem avaliar periodicamente os seus programas de gestão de riscos de
fraude, assim como, a avaliação das técnicas de prevenção de fraude utilizadas, promovendo
a melhoria da sua gestão de riscos. As organizações com grandes preocupações e obrigações
perante a prevenção da fraude podem recorrer a especialistas externos independentes, para
avaliar suas técnicas de prevenção de fraude.
i.	 Monitorização Contínua da fraude e controles preventivos
O plano da organização, a abordagem e o âmbito de monitorizar as suas técnicas de
prevenção da fraude, deve ser documentado e atualizado conforme necessário. Com
Revista Portuguesa de Contabilidade18 vol. V nº 019
todas as partes envolvidas no processo de avaliação de risco e, subsequente elaboração
das atividades de controlo, é difícil exigir que a prevenção da fraude seja monitorizada
regularmente por uma entidade independente. Mas as revisões devem ser realizadas
separadamente de quaisquer auditorias de rotina, ou planeada, e devem ser projetadas para
assegurar a gestão da eficácia da prevenção de fraudes da organização.
Antes de cada revisão do programa, temas como mudanças significativas na organização
e seus riscos associados, mudanças no pessoal responsável pela execução das atividades
e dos resultados das avaliações anteriores, irão determinar se o âmbito de aplicação do
exame atual precisa ser alterado. Cada avaliação deve incluir elementos de prova de que a
gestão mantém ativamente a responsabilidade pela supervisão do programa de gestão de
risco de fraude, que foram tomadas as medidas corretivas oportunas e suficientes, tendo
em consideração as deficiências de controlo ou fraquezas detetadas anteriormente, e que
o plano para a monitorização do programa mantém-se adequada para garantir o sucesso
contínuo do mesmo.
6_LIMITAÇÕES DA AUDITORIA FORENSE:
O acesso e a análise da informação estão normalizados por leis e regulamentos e requer,
entre outros, competências específicas ao nível dos Recursos Humanos, assim como
investimento. É também fundamental garantir-se a suficiência e a fiabilidade dos dados
necessários à investigação. Atualmente, estes são alguns dos grandes desafios que as
organizações devem respeitar ou, conforme o caso, superar, para assegurarem a eficácia
da auditoria contínua.
Neste sentido, podem-se considerar como limitações comuns:
•  Conformidade legal. Todo o processo de auditoria forense tem que ser
desenvolvido em conformidade legal, com relevância para a legislação que
protege os dados pessoais. A conformidade legal é obrigatória e, nalguns casos,
poderá limitar a informação disponível. Existem informações que poderão ser
relevantes para a investigação, mas que só podem ser acedidas por agentes
da lei quando devidamente autorizados, por exemplo, o sigilo bancário, a
informação pessoal presente em computadores, ou registos telefónicos.
•  Investimento. O investimento necessário para a formação dos auditores forenses,
poderá ser considerado limitativo se disser respeito a um recurso interno da
organização, pois o número de horas mensais necessário a esta actividade
especifica poderá não justificar o investimento. No entanto, é importante salientar
duas coisas, a primeira, é que a implementação dum sistema de prevenção
de fraude produzirá um rápido retorno de investimento; a segunda, é que o
19Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V
auditor forense poderá exercer outras funções em complemento, igualmente
independentes, enquadradas numa equipa de auditoria interna.
•  Necessidade de constante reavaliação das regras definidas no sistema de
prevenção de fraude. Por forma a combater a rotina dos testes forenses (um dos
principais inimigos de qualquer auditoria), é fundamental avaliar a pertinência dos
mesmos em eventos cujo risco está mitigado e é também importante identificar
novos eventos de risco que justifiquem ser acompanhados.
7_CONCLUSÃO
A questão fundamental à qual se procurou responder ao longo desta comunicação, passou
por confirmar, se vale a pena investir na prevenção da fraude.
Foi possível perceber os diversos contornos que a fraude ocupacional tem, identificar, com
uma segurança razoável, que os valores monetários que a fraude impacta nas organizações,
exigem medidas a serem aplicadas em áreas críticas, com a finalidade de se prevenirem
e se detetarem eventuais esquemas fraudulentos, afirmando-se assim a necessidade e a
importância das auditorias forenses nas organizações.
Os custos da fraude quando esta é prevenida, serão mais baixos, do que quando se tentam
recuperar os valores que foram indevidamente apropriados por terceiros. Nesta perspetiva,
as organizações devem adotar rapidamente uma política pró-ativa em vez de reativa
Chega-se à conclusão que é fundamental para o país e para as organizações, erradicar
as situações que podem servir de incentivo a atos fraudulentos, impondo-se políticas e
um investimento global estratégico para implementação de medidas ao nível da prevenção,
maior celeridade na detecção e investigação da fraude.
Com este trabalho pretende-se contribuir para reforçar junto das organizações importância
da dissuasão de fraude, contrariando, cada vez mais, as ideias de facilidade e de impunidade
que estarão na oportunidade de fraude.
Revista Portuguesa de Contabilidade20 vol. V nº 019
BIBLIOGRAFIA
2014 Report to the Nations on Occupational Fraud and Abuse. Copyright 2014 by the
Association of Certified Fraud Examiners, Inc.
International Standard on Auditing 240, The Auditor’s Responsibilities Relating to Fraud in an
Audit of Financial Statements
Managing the Business Risk of Fraud: a Practical Guide. Institute of Internal Auditors – IIA;
The American Institute of Certified Public Accountants – AICPA; Association of Certified
Fraud Examiners – ACFE Managing the Business Risk of Fraud: a Practical Guide.
ROQUE, Pedro. Auditor Forense - Contributo para a definição de uma nova profissão em
Portugal. [em linha] (s.d) [consult. em 27 Abr. 2015] Disponível em: http://www.otoc.pt/news/
comcontabaudit/pdf/128.pdf
WELLS, Joseph T. – Fraude na empresa: prevenção e deteção. 2ª ed. Coimbra: Edições
Almedina. SA, 2009. ISBN 978-972-40-3757-8

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A Prevenção de Fraude e a Afirmação da Auditoria Forense

  • 1. 2015 vol. V nº 019 pág. 000-000 A PREVENÇÃO DE FRAUDE E A AFIRMAÇÃO DA AUDITORIA FORENSE Luís Fonseca ...
  • 2. Ficha Técnica Título Revista Portuguesa de Contabilidade Director Hernâni Olímpio Carqueja Subdirector Bruno Miranda Alves Pereira Editor Ginocar Produções, Lda. NIPC: 501 736 026 Sede de Redacção Rua Domingos Sequeira, n.º 178 4050-230 Porto Telf.: 22 339 40 30 • Fax: 22 339 40 39 www.revistadecontabilidade.com encomendas@revistadecontabilidade.com Propriedade Ginocar Produções, Lda. Execução Gráfica www.Ginocar.pt Rua Domingos Sequeira, n.º 178 4050-230 Porto Tiragem 2000 Exemplares Periodicidade Trimestral DEZEMBRO/2015 ERC 126037 ISSN 2182-2042 DEP. LEGAL 327583/11 A PREVENÇÃO DE FRAUDE E A AFIRMAÇÃO DA AUDI- TORIA FORENSE ÍNDICE Resumo____________________________________________________________________ 000 1_Introdução________________________________________________________________ 000 2_Conceito de fraude_________________________________________________________ 000 3_Os números da fraude______________________________________________________ 000 4_O auditor forense__________________________________________________________ 000 5_A prevenção da fraude______________________________________________________ 000 6_Limitações da auditoria forense_______________________________________________ 000 7_Conclusão________________________________________________________________ 000 Bibliografia__________________________________________________________________ 000
  • 3. 3Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V A PREVENÇÃO DE FRAUDE E A AFIRMAÇÃO DA AUDI- TORIA FORENSE RESUMO As organizações devem reforçar a prevenção de fraude nos seus sistemas de controlo. Além dos custos financeiros e de imagem a que estas poderão incorrer, no limite, a sua perenidade poderá ser colocada em causa, e, em última instância, a economia dum país poderá estremecer. Ao topo da gestão são também exigidas responsabilidades públicas. É assim primordial conhecer-se com maior profundidade as raízes e as consequências dos diversos tipos de fraudes, de forma a permitir às organizações preveni-las e detetá-las eficazmente. Neste contexto, o objetivo desta comunicação é partilhar mais um olhar sobre a importância dos meios de controlo para a dissuasão de fraude e para o papel da auditoria e do auditor forense. Palavras-chave: Auditoria forense; Fraude; Deteção de Fraude; Prevenção de Fraude.
  • 4. Revista Portuguesa de Contabilidade4 vol. V nº 019 1_INTRODUÇÃO A presente edição do Congresso dos TOC é uma excelente oportunidade para manter presente e vivo o tema do risco de fraude nas organizações. Este tema está na ordem do dia porque continuamos a vivenciar casos de fraude que afetam a perenidade das empresas e a economia do nosso país, com impactos nefastos na sociedade e, portanto, nas pessoas. A fraude, nas suas mais diversas formas, é uma das principais causas para que o relato financeiro das organizações não seja fiável, sendo que, para além de potenciais perdas de elevados montantes de dinheiro, coloca também em causa a credibilidade das organizações. Esta comunicação tem o objetivo de ser mais uma forma de demonstrar o papel que um auditor forense deve ter numa organização, procurando assegurar a implementação de mecanismos que previnam e possam dissuadir a fraude, com todas as vantagens mais adiante demonstradas. Para que a auditoria forense seja uma realidade, é necessário compreender em que condições é que as fraudes têm maiores probabilidades de ocorrer, desafio que, pela sua natureza, não é fácil e pode exigir um elevado nível de competências especializadas inerentes ao perfil e às responsabilidades dos auditores forenses. Nesta comunicação, para além do conceito de fraude, baseado no "Report to the Nation on Occupational Fraud and Abuse - 2014 Global Fraud Study", publicado pela ACFE, são apresentados os números da fraude a nível mundial. Seguidamente, é também apresentada a importância da auditoria forense através do papel que o auditor forense poderá desempenhar nas organizações, bem como um conjunto de medidas sugeridas para prevenir a fraude ocupacional nas organizações. São ainda mencionadas limitações da auditoria forense e, por último, são apresentadas as conclusões desta comunicação. 2_CONCEITO DE FRAUDE: Definição de fraude1 : Nome feminino 1. ato de má-fé praticado com o objetivo de enganar ou prejudicar alguém; burla; engano; logração 2. ato ou comportamento que é ilícito e punível por lei 3. contrabando; candonga 1 Fraude in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. . em 27 Abr. 2015]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/ lingua-portuguesa/fraude
  • 5. 5Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V De acordo com Roque2 , na vida empresarial pode-se considerar que fraude é qualquer ato ou omissão intencional destinada a enganar outrem, resultando em que a vítima sofra uma perda e o autor obtenha um ganho. De acordo com a ISA 2403 , a fraude é definida como: “Um ato intencional praticado por um ou mais indivíduos de entre a gerência, encarregados da governação, empregados ou terceiros, envolvendo o uso propositado de falsidades para obter uma vantagem injusta ou ilegal”. Para a mesma ISA, as distorções nas demonstrações financeiras podem resultar de fraude quando a ação subjacente que resulta na distorção das demonstrações financeiras foi intencional, ou de erro, quando a mesma ação não foi intencional. Esta ISA esclarece ainda que cabe à gestão da organização a responsabilidade primária pela prevenção e deteção da fraude. É importante que seja colocada uma forte ênfase na prevenção da fraude, para reduzir as oportunidades da sua ocorrência, desencorajando-a e procurando persuadir os indivíduos a não cometê-la devido à probabilidade da sua deteção e punição. A fraude pode envolver esquemas sofisticados e cuidadosamente organizados concebidos para a ocultar, como falsificação, falha deliberada do registo de transações ou declarações ao auditor que sejam intencionalmente enganadoras. Tais tentativas de ocultação podem ser ainda mais difíceis de detetar quando acompanhadas de conluio. O conluio pode fazer com que o auditor creia que a prova de auditoria é persuasiva quando de facto é falsa. A capacidade do auditor para detetar uma fraude depende de fatores como a habilidade do seu autor, a frequência e extensão da manipulação, o grau de conluio envolvido, a dimensão relativa das quantias individuais manipuladas e a senioridade dos indivíduos envolvidos. Embora possa conseguir identificar potenciais oportunidades de fraude, é difícil para o auditor determinar se distorções em áreas de julgamento, como as estimativas contabilísticas, são causadas por fraude ou erro. A identificação e prevenção da fraude devem estar regulamentadas a nível organizacional. Tendo em consideração os impactos económico-financeiros que uma fraude produz numa organização, assim como a falta de credibilidade gerada, é recomendável que as organizações desenvolvam mecanismos de prevenção e deteção de indícios de fraude e que invistam em sistemas de controlo interno robustos e eficazes. No entanto, para que a fraude seja detetada, é necessário ao auditor forense conhecer os diversos tipos de fraude praticados, assim como os fatores que promovem a prática de atos fraudulentos por parte de determinados indivíduos. Neste âmbito, são aqui abordadas duas 2 ROQUE, Pedro. Auditor Forense - Contributo para a definição de uma nova profissão em Portugal. [em linha] (s.d) [consult. em 27 Abr. 2015] Disponível na Internet: http://www.otoc.pt/news/comcontabaudit/ pdf/128.pdf 3 International Standard on Auditing 240, The Auditor’s Responsibilities Relating to Fraud in an Audit of Financial Statements
  • 6. Revista Portuguesa de Contabilidade6 vol. V nº 019 das principais referências que permitem compreender melhor a fraude: a Árvore da Fraude e o Triângulo da Fraude. Árvore da Fraude - A Árvore da Fraude foi apresentada num estudo desenvolvido por Wells (2009) e tem como objetivo classificar as fraudes e os abusos ocupacionais. De acordo com a Árvore da Fraude, existem três categorias principais de fraude: 1. Apropriação indevida de ativos: Segundo Wells (2009) “[…] a apropriação indevida de ativos inclui mais do que o furto ou o desfalque [,] envolve o uso indevido de qualquer bem da empresa para benefício pessoal.”. Esta categoria divide-se em duas formas de apropriação, nomeadamente de dinheiro, de inventários e de todos os outros ativos. Em relação à apropriação indevida do dinheiro, esta subdivide-se em três meios: furto, desembolsos fraudulentos e sonegação. O furto consiste em desviar valores em caixa e depósitos. Por sua vez, os desembolsos fraudulentos compreendem esquemas relacionados com falsificações de faturação, remunerações, reembolsos de despesas, cheques e falsos registos em caixa. 2. Corrupção: Consiste na utilização do poder para favorecer o próprio ou terceiros. Este tipo de fraude divide-se em quatro subcategorias: conflito de interesses; suborno; gratificações ilegais e extorsão económica. O conflito de interesses patenteia o favorecimento pessoal ou de um terceiro, através do desenvolvimento de esquemas de compras ou de vendas. Relativamente ao suborno, este representa a prática de oferecer dinheiro ou benefícios a um indivíduo, em troca de um ato ilícito, promovendo a obtenção de vantagens. No caso das gratificações ilegais, estas constituem uma recompensa paga, de forma ilícita, pela realização de um determinado serviço prestado. Por sua vez, a extorsão económica compreende a obtenção de vantagens por parte de outrem, com recurso à coação, chantagem ou violência. 3. Relatórios de contas fraudulentos: As informações financeiras divulgadas apresentam distorções que detém como finalidade induzir os seus utilizadores em erro. Os relatórios em causa podem ser financeiros e não financeiros. Caso se tratem de relatórios financeiros, poderão estar evidenciadas sobrevalorizações ou subvalorizações de ativos e receitas. A nível dos relatórios não financeiro é possível verificar-se a falsificação de documentos organizacionais, quer internos quer externos. Triângulo da Fraude - Donald Cressey na sua obra, "Other people's money; a study of the social psychology of embezzlement", publicada em 1953, desenvolveu o Triângulo da Fraude que permite identificar os motivos que originam ou incentivam a ocorrência de fraude, por parte de um ou mais indivíduos. Este autor identificou três fatores que, em simultâneo, promovem a prática de atos fraudulentos: a pressão, geralmente associada a necessidades
  • 7. 7Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V financeiras que o perpetrador possa ter, ou quando este pretenda viver com um estatuto acima das suas possibilidades; a oportunidade, geralmente associada a fragilidades do sistema de controlo das organizações; e a racionalização, geralmente através das razões com que o perpetrador procura justificar a fraude. 3_OS NÚMEROS DA FRAUDE A ACFE – Association of Certified Fraud Examiners (www.acfe.com) é a maior organização do mundo que combate a fraude, sendo também o primeiro fornecedor de treino e formação antifraude. Juntamente com mais de 75.000 membros, contribui para reduzir mundialmente a fraude nas organizações e inspirar a confiança pública, a integridade e a objetividade desta profissão. De acordo com o último "Report to the Nation on Occupational Fraud and Abuse - 2014 Global Fraud Study", publicado pela ACFE, que contem uma análise de 1.483 casos de fraude ocupacional que ocorreram em mais de 100 países e que foram investigados por profissionais certificados pela ACFE, verificou-se que: •  Uma organização típica perde anualmente 5% dos rendimentos devido a fraude. Se extrapolarmos o produto bruto mundial, estimado para o ano de 2013, a perda global potencial de fraude estaria perto de $3.7 triliões. •  A perda média causada pelas fraudes foi de $145.000. Adicionalmente, 22% dos casos envolveram perdas de pelo menos de $1 milhão. •  A quantidade de tempo decorrida entre o início e a deteção da fraude foi de 18 meses. •  As fraudes ocupacionais podem ser classificadas em três categorias preliminares: Apropriação indevida de ativos, corrupção e relatórios de contas fraudulentos. Destes, a apropriação indevida de ativos é a mais comum, com 85% dos casos, representando os casos com menores custos, e que causaram uma perda média de $130.000. Por outro lado, somente 9% dos casos respeitam a fraudes de relatórios de contas fraudulentos, sendo de salientar que estes casos tiveram o maior impacto financeiro, com uma perda média de $1 milhão. Os esquemas de corrupção posicionam-se a meio da frequência, 37% dos casos, e representam uma perda média de $200.000. •  Muitos dos casos envolveram mais do que uma categoria de fraude ocupacional. Aproximadamente 30% dos esquemas estudados incluíram duas, ou três das formas preliminares de fraude ocupacional. •  As denúncias são consistentemente o método mais comum que permitem a deteção de fraude - 40% de todos os casos foram detetados a partir de
  • 8. Revista Portuguesa de Contabilidade8 vol. V nº 019 denúncias, mais do dobro da percentagem do que qualquer dos outros métodos de deteção. Foram os próprios colaboradores da organização que efetuaram quase a metade de todas as denúncias que conduziram à descoberta da fraude. •  Nas organizações com linhas de alerta existem maiores probabilidades para se detetar a fraude através de uma denúncia. Conforme demonstrado pelos dados do estudo, esta foi a maneira mais eficaz para se detetar a fraude. Nestas organizações verificou-se também que os custos das fraudes eram 41% menores, e 50% das fraudes foram detetadas mais rapidamente. •  As organizações menores tendem a sofrer perdas desproporcionalmente maiores. Adicionalmente, os riscos específicos de fraude enfrentados por organizações de pequeno porte diferem daqueles enfrentados por organizações maiores, em determinadas categorias de fraude, que são muito mais proeminentes em entidades pequenas do que nas maiores (por exemplo, nas organizações mais pequenas, a segregação de funções, pilar dum sistema de controlo eficaz, nem sempre é assegurada). •  As operações bancárias, os serviços financeiros, o governo, a administração pública e as indústrias de manufatura continuam a ter o maior número dos casos relatados, enquanto a indústria mineira, o mercado imobiliário, e as indústrias do petróleo e do gás tiveram perdas médias em relação às relatadas. •  Os esquemas de Fraude que ocorreram nas organizações que tinham em funcionamento diversos controles antifraude tiveram um custo significativamente inferior e foram detetados mais rapidamente do que as fraudes ocorridas nas organizações onde faltam estes tipos de controlos. •  Quanto mais elevado for o nível hierárquico do perpetrador, mais significativas tendem a ser as perdas devido a fraude. Os proprietários/ executivos representaram somente 19% de todas as fraudes, mas causaram uma perda média de $500.000. Os colaboradores de base, inversamente, cometeram 42% de fraudes ocupacionais mas causaram somente uma perda média de $75.000. Os valores das fraudes cometidas por gestores encontram-se na média, tendo cometido 36% das fraudes com uma perda média de $130.000. •  As fraudes efetuadas por colaboradores em conluio, que contornaram os controlos antifraude, permitiram roubos de maiores valores. A perda média em fraudes cometidas por uma única pessoa foi de $80.000, mas quando o número dos perpetradores aumenta, as perdas aumentam significativamente. Nos casos de fraude com dois perpetradores a perda média foi de $200.000, no caso de serem três perpetradores, a perda média foi de $355.000 e quando a fraude foi cometida por quatro ou mais perpetradores, a perda média excedeu os $500.000.
  • 9. 9Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V •  Aproximadamente 77% das fraudes foram cometidas por indivíduos que trabalham num dos seguintes sete departamentos: contabilidade, operações, vendas, executivo/ gerência, serviço ao cliente, compras e finanças. •  Na avaliação do tempo e do esforço para recuperar o dinheiro roubado por perpetradores, muitas organizações podem nunca vir a ser compensadas. Das organizações vítimas de fraude, 58% não tinha recuperado quaisquer das suas perdas, e somente 14% tinha feito uma recuperação total. Este estudo apresenta ainda as seguintes conclusões sobre os números apresentados: •  A fraude ocupacional é um problema, a nível global, para as organizações. Embora existam algumas variações regionais nos métodos usados pelos perpetradores, para cometerem os seus crimes, e pelas organizações, para impedirem e detetarem os esquemas de fraude, as tendências totais verificadas são bastante consistentes. Esta consistência sublinha a natureza e a persistência da ameaça de fraude em todas as organizações. •  As fraudes mais longas são as que mais danos financeiros causam. Os métodos de deteção passivos (confissão, notificação pelas autoridades legais, auditorias externas e por acidente) tendem a fazer com que as investigações se prolonguem por um maior período de tempo, fazendo notar à gestão o quanto a perda por fraude é aumentada. Consequentemente, as medidas proactivas de deteção, tais como as linhas alerta, os procedimentos de revisão da gestão, as auditorias internas e os sistemas de monitorização, demonstram ser vitais para a deteção oportuna das fraudes, limitando as perdas por si causadas. •  As organizações mais pequenas estarão mais vulneráveis à fraude porque geralmente, carecem de controlos antifraudes. Os valores em causa poderão ser desproporcionais. Quando os recursos disponíveis para medidas da prevenção e da deteção de fraude são limitados em muitas organizações pequenas, diversos controles antifraude, tais como uma política antifraude, procedimentos formais da revisão da gestão e formação antifraude para membros da equipa de colaboradores poderão ser implementados com reduzidos custos financeiros e, assim, representarem um investimento eficaz para proteger, da fraude, este tipo de organizações. •  As auditorias externas são executadas por um grande número organizações, mas estão entre os controlos menos eficazes para combater a fraude ocupacional. Estas auditorias representaram o método de deteção preliminar em apenas 3% dos casos de fraude relatados no estudo, tal como os 7% dos casos que foram detetados por acidente. Consequentemente, apesar das auditorias independentes servirem um papel vital na governação organizacional, o estudo
  • 10. Revista Portuguesa de Contabilidade10 vol. V nº 019 demonstra que esta não deve ser considerada como mecanismo antifraude preliminar das organizações. •  Muitos dos controlos antifraude mais eficazes estão a ser negligenciados por uma parcela significativa das organizações. Por exemplo, a monitorização dos dados e a análise proactiva foram usadas por somente 35% das organizações vítimas de fraude, mas a presença deste controlo foi correlacionada com as fraudes que tiveram 60% casos de menores custos e 50% de casos com duração mais curta. Outros controlos menos comuns, incluindo as auditorias de surpresa, efetuadas por um departamento de fraude ou por uma equipa dedicada a avaliações de risco formais de fraude, comportam associações similares, com reduções dos danos de fraude em termos de custo e de tempo de ocorrência. Ao se determinar como investir em medidas antifraude, a gestão deve considerar a eficácia observada das atividades específicas do controlo e como esses controlos podem reforçar aos potenciais perpetradores a perceção do sucesso de deteção, funcionando como um sólido fator de dissuasão de fraude. •  A vasta maioria de perpetradores ocupacionais é estreante. No estudo, somente 5% foram identificados como reincidentes de outros crimes. Além disso, 82% de perpetradores nunca tinham sido previamente punidos ou despedidos por um empregador devido a conduta relacionada com fraude. No ato de recrutamento, sempre que for possível, deve-se verificar em profundidade as referências do candidato a emprego. Estas informações poderão ser úteis para uma seleção credível também em termos éticos, mas apesar de ser uma medida preventiva antifraude, é impossível garantir a imunidade do candidato a um futuro comportamento fraudulento. A maioria de perpetradores trabalham para os seus empregadores durante anos antes de se tornarem criminosos, assim, a monitorização contínua da atividade e uma compreensão dos fatores de risco e dos sinais de advertência da fraude serão muito mais eficazes na identificação da fraude, do que no processo de recrutamento. •  As maiorias dos perpetradores ocupacionais exibem determinados traços de comportamento que podem ser sinais de advertência dos seus crimes, tais como viverem além de seus recursos ou terem relacionamentos muito próximos com fornecedores ou clientes. Em 92% dos casos do estudo, uma red flag com estes tipos de comportamento foi identificada antes da fraude ter sido detetada. Os gestores, os funcionários, os revisores de contas e outros devem ser formados para reconhecer estes sinais de advertência que, quando combinados com outros fatores, poderão indiciar fraude.
  • 11. 11Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V 4_O AUDITOR FORENSE No contexto organizacional, de acordo com Roque4 , Se, num primeiro momento, a investigação da fraude era uma atividade que estava essencialmente reservada às polícias e entidades oficiais de investigação, nos últimos anos tem vindo a crescer e a ganhar importância a investigação da fraude por entidades privadas, os auditores forenses. Quando um auditor forense é chamado a intervir num processo de fraude, procede à investigação da fraude, de forma independente, com vista ao apuramento dos factos e, consequentemente, da prova. É recomendável que o auditor forense, nas suas competências, tenha sólidos conhecimentos de matérias como a auditoria financeira e interna, contabilidade, gestão de fraude, gestão de riscos e direito (especialmente o do setor da organização em questão). Ao nível da organização, o auditor forense deve ter um profundo conhecimento dos regulamentos internos, da missão, da cadeia de valor, da estrutura orgânica e funcional e do meio envolvente (para poder comparar os dados obtidos com os dados de referência do setor). O auditor forense tem um papel importante a desempenhar nas organizações. A confiança que transmite deverá ser reconhecida pelas características do trabalho que desenvolve, que incluem a independência, a objetividade, o rigor, a verdade, a qualidade, e o ceticismo profissional. É através de referências normalizadas, sob as quais efetua o seu trabalho, e também através do seu julgamento profissional, que reforça a credibilidade das conclusões a que chega e que transmite nos seus relatórios. A prova deve ser sempre obtida em conformidade com as leis e regulamentos e ser suficiente e apropriada. O auditor forense, para cada linha de investigação, desenvolve o seu trabalho analisando exaustivamente a informação disponível. O acesso à informação deverá ser feito com independência e objetividade. No âmbito dos trabalhos de investigação de fraude efetuados, o auditor forense deve informar o topo da gestão da organização sobre as seguintes questões: o esquema da fraude; a exposição legal; a extensão das perdas; durante quanto tempo decorreu a fraude; como é que ela esteve oculta durante esse período de tempo, onde é que a fraude ocorreu; quem estava envolvido; como prevenir futuras ocorrências e qual o custo da investigação. 4 ROQUE, Pedro. Auditor Forense - Contributo para a definição de uma nova profissão em Portugal. [em linha] (s.d) [consult. em 27 Abr. 2015] Disponível em: http://www.otoc.pt/news/comcontabaudit/pdf/128.pdf
  • 12. Revista Portuguesa de Contabilidade12 vol. V nº 019 5_A PREVENÇÃO DE FRAUDE: Importa entender as razões que explicam a existência continuada de fraude. Desta forma, segundo Roque (apud Goldman, 2009): existem cinco mitos que ajudam a explicar as razões que promovem a ocorrência de fraude nas organizações: •  Mito 1: Ética e treino em compliance mantêm-nos protegidos; •  Mito 2: O staff é qualificado para proteger a empresa contra a fraude; •  Mito 3: Não existe fraude na empresa; •  Mito 4: A fraude é um custo necessário para o exercício da atividade; •  Mito 5: A implementação de controlos e a formação são caros. Estes mitos, que efetivamente podem ser frequentemente constatados nas organizações, são, essencialmente, justificados pelas deficientes autoavaliações que se fazem ao conhecimento interno sobre o combate à fraude e pelas deficientes avaliações das relações custo-benefício inerentes à implementação de controlos e formação/treino em prevenção e combate à fraude adequados (e não apenas formação em ética e compliance). Os gestores têm de partir da presunção de que nenhuma organização está imune à fraude, pelo que deverão manter uma atitude de ceticismo permanente. A prevenção da fraude exige assim um esforço diligente e contínuo. De acordo com a ISA 2405 , terá de existir empenho na criação de uma cultura de honestidade e de comportamento ético, que pode ser reforçada por uma supervisão ativa dos encarregados da governação. A supervisão pelos encarregados da governação inclui considerar a potencial derrogação de controlos, ou outra influência inapropriada, sobre o processo de relato financeiro, tais como esforços da gerência para gerir os resultados de modo a influenciar as perceções dos analistas quanto ao desempenho e rentabilidade da entidade. Esta mesma ISA diz o seguinte no que respeita à prevenção de fraude: O auditor deve obter declarações escritas da gerência e, quando apropriado, dos encarregados da governação de que: a. Reconhecem a sua responsabilidade pela conceção, implementação e manutenção do controlo interno destinado a evitar e detetar a fraude; b. Divulgaram ao auditor os resultados da sua avaliação do risco de que as demonstrações financeiras possam estar materialmente distorcidas em consequência de fraude; 5 International Standard on Auditing 240, The Auditor’s Responsibilities Relating to Fraud in an Audit of Financial Statements
  • 13. 13Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V c. Divulgaram ao auditor o seu conhecimento de fraude ou de suspeita de fraude que afecte a entidade envolvendo: i. A Gerência; ii. Funcionários que tenham funções importantes no controlo interno; ou iii. Outros, quando a fraude possa ter um efeito material nas demonstrações financeiras; e d. Divulgaram ao auditor o seu conhecimento de quaisquer alegações de fraude, ou suspeita de fraude, que afetem as demonstrações financeiras da entidade, comunicadas por funcionários, antigos funcionários, analistas, reguladores ou outros. De acordo com o "Report to the Nation on Occupational Fraud and Abuse - 2014 Global Fraud Study", a ameaça de provável deteção é um dos fatores mais poderosos no combate à fraude, porque elimina principalmente a oportunidade percebida do perpetrador. No actual relatório e nas versões anteriores, foi solicitadas aos entrevistados informações sobre como é que os seus esquemas de fraude ocupacional foram detectados pela primeira vez. Uma das tendências recorrentes que se verificou, foi o facto de alguns métodos de deteção mostrarem-se mais eficazes do que outros. Comparando-se o método de detecção inicial com outras informações, tais como a duração da fraude e o prejuízo financeiro causado, encontramos diferenças substanciais entre as várias fraudes e as maneiras como foram descobertas. O método de detecção está portanto diretamente relacionado ao combate à fraude e à mitigação da perda. Além disso, a maneira pela qual são detectadas fraudes não é puramente acidental, os dados sugerem que a probabilidade de descobrir a fraude aumenta quando os vários métodos são adequadamente modelados às particularidades das fraudes em questão, devendo ser incluídos nos procedimentos de controlo implementados nas organizações. Em "Managing the Business Risk of Fraud: A Practical Guide"6 , encontramos definidos os princípios-chave para criar um ambiente pró-ativo para gerir eficazmente o risco de fraude numa organização: Princípio 1: Como parte da estrutura de governação da organização, deve estar disponível um programa de gestão do risco de fraude, incluindo uma política escrita para transmitir as expectativas da administração e alta direção quanto ao risco de fraude de gestão. Princípio 2: O risco de exposição à fraude deve ser avaliado periodicamente pela organização para identificar os potenciais esquemas e acontecimentos que a organização precisa de mitigar; 6 Managing the Business Risk of Fraud: a Practical Guide, publicado pelo Institute of Internal Auditors - IIA, pelo The American Institute of Certified Public Accountants - AICPA e pelo Association of Certified Fraud Examiners – ACFE
  • 14. Revista Portuguesa de Contabilidade14 vol. V nº 019 Princípio 3: Sempre que possível devem ser estabelecidas técnicas de prevenção para evitar situações chave de risco de fraude, no sentido de atenuar os possíveis impactos sobre a organização. Princípio 4: Devem ser estabelecidas técnicas de deteção para a descoberta de fraudes quando as medidas preventivas falham ou se efetivam riscos não mitigados; Princípio 5: Deve estar disponível um processo de relato, que incorpore informação sobre qualquer possível fraude, e deve ser utilizado um processo de investigação coordenado bem como ações correctivas, adequadas para assegurar que potenciais fraudes sejam comunicadas de forma apropriada e tempestiva. Ainda neste mesmo documento na Secção 3: Prevenção de Fraude, é referido que: “devem ser estabelecidos, sempre que possível, técnicas de prevenção de fraude para mitigar possíveis riscos de fraude, e os seus impactos sobre a organização”. Apesar dos melhores esforços dos responsáveis pela prevenção de fraudes, uma realidade inevitável continua: a "fraude acontece." A fraude e a má conduta podem ocorrer em vários níveis, em qualquer organização, é essencial que as técnicas preventivas e de deteção de fraude sejam apropriadas e estejam implementadas. A prevenção de fraude engloba políticas, procedimentos, formação e comunicação. Embora as medidas preventivas não permitam assegurar que a fraude não será cometida, elas são a primeira linha de defesa para minimizar o risco de fraude. Uma chave para a prevenção é fazer o pessoal de toda a organização consciente do programa de gestão de risco de fraude, incluindo os tipos de fraude e má conduta que possa ocorrer. Esta consciência deve reforçar a noção de que todas as técnicas estabelecidas no programa são reais e que são aplicadas. Os esforços de comunicação deverão fornecer informações sobre o potencial disciplinar, criminal e ações civis que a organização poderá tomar contra o perpetrador. Com estes pontos chave em mente, a prevenção e dissuasão são conceitos interligados. Se os controles preventivos forem eficazes e estiverem bem presentes no seio da organização, contribuirão para dissuadir aqueles que de outra forma poderiam ser tentados a cometer fraudes. O medo de ser apanhado é sempre um forte elemento dissuasor. O sistema de controlos internos numa organização é projetado para lidar com os riscos do negócio inerentes. Os riscos do negócio são identificados no protocolo de avaliação de riscos da empresa, e os controles associados a cada risco são anotados. O Enterprise Risk Management Framework - Integrado do COSO7 descreve os componentes essenciais da gestão de riscos da organização, princípios e conceitos para todas as organizações, independentemente do seu tamanho. 7 Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
  • 15. 15Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V Estabelecer controlos internos pode não ser suficiente para mitigar todos os riscos de fraude de uma organização. Estes riscos necessitam de controlos específicos para mitigá-los, o que torna o processo de avaliação de risco de fraude de uma organização essencial para prevenção de fraudes. Além da implementação de controlos preventivos de fraude, é importante para a organização, avaliar e monitorizar continuamente a sua eficácia operacional, para prevenir de que outros tipos de fraude ocorram. Podem-se resumir, nos pontos seguintes, as principais medidas presentes neste documento para prevenir a Fraude: a. Implementação dos controles preventivos de fraude A função de recursos humanos (RH) de uma organização pode desempenhar um papel importante na prevenção de fraude, obtendo, na fase de recrutamento, informações credíveis sobre a idoneidade do candidato a ser admitido, mediante a aplicação dos seguintes procedimentos: A chave do negócio de risco e fraude em qualquer organização está nas pessoas contratadas para operar o negócio e nas que são promovidas para posições de confiança e autoridade. Por essa razão, é importante conhecer os funcionários, a fim de avaliar as suas credenciais e competência, habilidades para as exigências do trabalho, e estar ciente de quaisquer questões de integridade pessoal que podem afetar a sua aptidão para o cargo. Muito pode ser aprendido sobre um indivíduo através da confirmação do seu histórico de trabalho e da educação apresentados numa candidatura de emprego, ou pelo seu currículo, ou nas confirmações das referências fornecidas. É possível encontrar informações falsas, ou eventos não revelados de reputação, que podem representar um aumento de risco, possivelmente inaceitável. Enquanto a organização deva estabelecer procedimentos para obter informações suficientes para avaliar um candidato a emprego, ou a uma promoção, a natureza e a extensão da informação que pode ser solicitada, seja a um colaborador em perspetiva, ou existente, ou obtidos de forma independente, é regida por leis e regulamentos aplicáveis. A verificação de antecedentes criminais, ou da situação financeira pessoal só pode ser possível com o consentimento do indivíduo em questão. O departamento jurídico deve ser procurado para aconselhar sobre quais as informações que podem ser obtidas e quais os procedimentos adequados a seguir. A verificação histórica também deve ser realizada aos novos e aos fornecedores já existentes, clientes e parceiros de negócios, para identificar quaisquer problemas de saúde financeira, de reputação e de integridade, que podem representar um risco inaceitável para o negócio. b. Formação Antifraude Uma organização pode contratar ou promover pessoas competentes que, tendo sido submetidas a verificações de antecedentes apropriadas, representam um baixo risco
  • 16. Revista Portuguesa de Contabilidade16 vol. V nº 019 de fraude. É possível que essas pessoas tenham uma compreensão abrangente do que a fraude é, e quais são as suas red flags, e uma apreciação do seu potencial que pode devastar uma organização. Não deve, porém, ser descurada a necessidade delas receberem uma orientação inicial e uma formação permanente sobre o programa de gestão de risco de fraude implementado na organização, independentemente das posições que esses indivíduos vão ocupar na organização. Essa formação serve para estabelecer e reforçar a politica da gestão de topo em relação à responsabilidade dos indivíduos e dos processos que lidam com as suspeitas de fraude. O grupo de RH de uma organização é muitas vezes responsável por desenvolver e fornecer a formação necessária sobre a finalidade do programa de gestão de risco de fraude, incluindo os códigos de conduta e ética, o que constitui fraude, e o que fazer quando há suspeita de fraude. A eficácia dessa formação é dependente da presença obrigatória dos colaboradores, com atualizações periódicas e respetivas sessões de atualização. c. Avaliação do Desempenho e dos Programas de Remuneração Os Gestores de RH devem estar envolvidos nos programas de gestão de desempenho e de remuneração. A gestão de desempenho envolve a avaliação do comportamento dos funcionários e desempenho, bem como a competência relacionada com o trabalho. É uma característica humana querer o reconhecimento da sua competência e a recompensa pelo seu desempenho e sucesso positivo. A avaliação regular e robusta de desempenho dos funcionários com feedback em tempo útil e construtivo, permite desenvolver um longo percurso para a prevenção de possíveis problemas. A recompensa também pode ser refletida na remuneração. Desta forma, através da realização de pesquisas de remunerações e análise do mercado local, os RH podem determinar se a alta administração e os funcionários são remunerados de forma adequada e, portanto, o tipo de condução desejado através de um equilíbrio entre a remuneração fixa e variável. No entanto, convém, considerar que no respeita aos gestores, cuja remuneração é amplamente baseada em bónus relacionados com indicadores de desempenho de curto prazo, existe o risco desses indicadores serem adulterados para que os gestores possam receber esse bónus. d. Realização de entrevistas de saída Uma política de realização de entrevistas de saída de funcionários demitidos ou que pediram demissão pode auxiliar a prevenção e a deteção de fraude. Estas entrevistas podem ajudar os gestores de RH a determinar se existem questões relativas à integridade da gestão ou à informação a respeito de condições propícias à fraude. Os RH devem, também, rever o conteúdo e as informações contidas em cartas de demissão, pois podem conter informações sobre possíveis fraudes e má conduta existente dentro da organização.
  • 17. 17Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V e. Limites de autoridade Uma organização pode estabelecer níveis de aprovação de autoridade em toda a empresa, de modo a desenvolver um controlo de nível de entidade. Por outro lado, aos indivíduos que trabalham dentro de uma função específica pode ser atribuído apenas um acesso limitado de TI como um controle ao nível dos processos. Estes tipos de controlos, apoiados por uma segregação adequada de funções, são importantes na primeira linha de defesa na prevenção da fraude. f. Procedimentos ao nível das Transações O Controlo de transações com terceiros e com partes relacionadas também pode ajudar a prevenir a fraude. Porque esquemas de fraude muitas vezes envolvem o uso de entidades / indivíduos de terceiros, as organizações precisam de medidas exaustivas no front-end que irão impedir as atividades de back-end. Falsos vendedores ou funcionários são dois dos esquemas mais óbvios e anotados nesta área. As medidas preventivas são especialmente necessárias para as transações com partes relacionadas, podendo ser efetuadas por membros da direção, ou por funcionários mandatados de uma entidade externa com a qual a organização é representada na realização de um negócio, no sentido se se obterem benefícios pessoais à custa da organização. g. Documentação de Técnicas de Prevenção de Fraudes Uma organização deve documentar formalmente as técnicas desenvolvidas e implementadas para evitar fraudes. Isso inclui processos de documentação usados para avaliar o desempenho dos controlos preventivos de fraude, ou para indicar quando tais controlos são ineficazes. Procedimentos de testes realizados para garantir o funcionamento adequado de controlos preventivos de fraude e os resultados dos testes também devem ser cuidadosamente documentados. Junto a esta documentação deve constar uma descrição detalhada dos elementos e das técnicas de prevenção de fraudes da organização, com ênfase sobre os papéis e responsabilidades de todas as partes envolvidas. h. Avaliar Prevenção a Fraudes da Organização As organizações devem avaliar periodicamente os seus programas de gestão de riscos de fraude, assim como, a avaliação das técnicas de prevenção de fraude utilizadas, promovendo a melhoria da sua gestão de riscos. As organizações com grandes preocupações e obrigações perante a prevenção da fraude podem recorrer a especialistas externos independentes, para avaliar suas técnicas de prevenção de fraude. i. Monitorização Contínua da fraude e controles preventivos O plano da organização, a abordagem e o âmbito de monitorizar as suas técnicas de prevenção da fraude, deve ser documentado e atualizado conforme necessário. Com
  • 18. Revista Portuguesa de Contabilidade18 vol. V nº 019 todas as partes envolvidas no processo de avaliação de risco e, subsequente elaboração das atividades de controlo, é difícil exigir que a prevenção da fraude seja monitorizada regularmente por uma entidade independente. Mas as revisões devem ser realizadas separadamente de quaisquer auditorias de rotina, ou planeada, e devem ser projetadas para assegurar a gestão da eficácia da prevenção de fraudes da organização. Antes de cada revisão do programa, temas como mudanças significativas na organização e seus riscos associados, mudanças no pessoal responsável pela execução das atividades e dos resultados das avaliações anteriores, irão determinar se o âmbito de aplicação do exame atual precisa ser alterado. Cada avaliação deve incluir elementos de prova de que a gestão mantém ativamente a responsabilidade pela supervisão do programa de gestão de risco de fraude, que foram tomadas as medidas corretivas oportunas e suficientes, tendo em consideração as deficiências de controlo ou fraquezas detetadas anteriormente, e que o plano para a monitorização do programa mantém-se adequada para garantir o sucesso contínuo do mesmo. 6_LIMITAÇÕES DA AUDITORIA FORENSE: O acesso e a análise da informação estão normalizados por leis e regulamentos e requer, entre outros, competências específicas ao nível dos Recursos Humanos, assim como investimento. É também fundamental garantir-se a suficiência e a fiabilidade dos dados necessários à investigação. Atualmente, estes são alguns dos grandes desafios que as organizações devem respeitar ou, conforme o caso, superar, para assegurarem a eficácia da auditoria contínua. Neste sentido, podem-se considerar como limitações comuns: •  Conformidade legal. Todo o processo de auditoria forense tem que ser desenvolvido em conformidade legal, com relevância para a legislação que protege os dados pessoais. A conformidade legal é obrigatória e, nalguns casos, poderá limitar a informação disponível. Existem informações que poderão ser relevantes para a investigação, mas que só podem ser acedidas por agentes da lei quando devidamente autorizados, por exemplo, o sigilo bancário, a informação pessoal presente em computadores, ou registos telefónicos. •  Investimento. O investimento necessário para a formação dos auditores forenses, poderá ser considerado limitativo se disser respeito a um recurso interno da organização, pois o número de horas mensais necessário a esta actividade especifica poderá não justificar o investimento. No entanto, é importante salientar duas coisas, a primeira, é que a implementação dum sistema de prevenção de fraude produzirá um rápido retorno de investimento; a segunda, é que o
  • 19. 19Revista Portuguesa de Contabilidade nº 019 vol. V auditor forense poderá exercer outras funções em complemento, igualmente independentes, enquadradas numa equipa de auditoria interna. •  Necessidade de constante reavaliação das regras definidas no sistema de prevenção de fraude. Por forma a combater a rotina dos testes forenses (um dos principais inimigos de qualquer auditoria), é fundamental avaliar a pertinência dos mesmos em eventos cujo risco está mitigado e é também importante identificar novos eventos de risco que justifiquem ser acompanhados. 7_CONCLUSÃO A questão fundamental à qual se procurou responder ao longo desta comunicação, passou por confirmar, se vale a pena investir na prevenção da fraude. Foi possível perceber os diversos contornos que a fraude ocupacional tem, identificar, com uma segurança razoável, que os valores monetários que a fraude impacta nas organizações, exigem medidas a serem aplicadas em áreas críticas, com a finalidade de se prevenirem e se detetarem eventuais esquemas fraudulentos, afirmando-se assim a necessidade e a importância das auditorias forenses nas organizações. Os custos da fraude quando esta é prevenida, serão mais baixos, do que quando se tentam recuperar os valores que foram indevidamente apropriados por terceiros. Nesta perspetiva, as organizações devem adotar rapidamente uma política pró-ativa em vez de reativa Chega-se à conclusão que é fundamental para o país e para as organizações, erradicar as situações que podem servir de incentivo a atos fraudulentos, impondo-se políticas e um investimento global estratégico para implementação de medidas ao nível da prevenção, maior celeridade na detecção e investigação da fraude. Com este trabalho pretende-se contribuir para reforçar junto das organizações importância da dissuasão de fraude, contrariando, cada vez mais, as ideias de facilidade e de impunidade que estarão na oportunidade de fraude.
  • 20. Revista Portuguesa de Contabilidade20 vol. V nº 019 BIBLIOGRAFIA 2014 Report to the Nations on Occupational Fraud and Abuse. Copyright 2014 by the Association of Certified Fraud Examiners, Inc. International Standard on Auditing 240, The Auditor’s Responsibilities Relating to Fraud in an Audit of Financial Statements Managing the Business Risk of Fraud: a Practical Guide. Institute of Internal Auditors – IIA; The American Institute of Certified Public Accountants – AICPA; Association of Certified Fraud Examiners – ACFE Managing the Business Risk of Fraud: a Practical Guide. ROQUE, Pedro. Auditor Forense - Contributo para a definição de uma nova profissão em Portugal. [em linha] (s.d) [consult. em 27 Abr. 2015] Disponível em: http://www.otoc.pt/news/ comcontabaudit/pdf/128.pdf WELLS, Joseph T. – Fraude na empresa: prevenção e deteção. 2ª ed. Coimbra: Edições Almedina. SA, 2009. ISBN 978-972-40-3757-8