SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 66
A Metafísica da Modernidade I
1. Metafísica enquanto Teoria do
Conhecimento
A Teoria do Conhecimento,
também conhecida pelos
nomes de Epistemologia ou
Gnosiologia, é uma das
áreas centrais da Filosofia,
tornando-se disciplina
específica somente a partir
dos filósofos modernos.
O que é Teoria do conhecimento?
Segundo Urbano Zilles, Teoria do
Conhecimento é a “disciplina
filosófica que indaga pela
possibilidade, origem, essência,
limites, pelos elementos e pelas
condições do conhecimento”.
O que é Teoria do conhecimento?
(ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento e Teoria da
Ciência. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006, p. 11).
O que é Teoria do conhecimento?
Ou seja, a Teoria do Conhecimento questiona:
1. Quais são as possibilidades do conhecimento?
Respostas: dogmatismo, ceticismo, relativismo,
subjetivismo, pragmatismo e criticismo.
2. Qual é a origem do conhecimento? Respostas:
racionalismo, empirismo, intelectualismo e apriorismo.
3. Qual é a essência do conhecimento? Respostas:
objetivismo, subjetivismo, realismo, idealismo e
fenomenalismo.
4. Quais os limites e condições de um conhecimento?
Noutras palavras, qual é o seu critério de verdade?
Para a Teoria do Conhecimento existem dois
elementos indispensáveis para o conhecimento:
sujeito e objeto.
No conhecimento, sujeito (consciência) e o objeto
(coisas) encontram-se frente à frente numa espécie
de relação que é, ao mesmo tempo, uma co-relação:
O sujeito só é sujeito para o objeto e o objeto só
é objeto para um sujeito.
Logo, ambos só são o que são enquanto o são
para o outro
O que é Teoria do conhecimento?
•Visto pelo lado do sujeito, o conhecimento seria uma espécie
de interiorização do sujeito no objeto, captando assim as
suas informações específicas.
•Visto pelo lado do objeto, o conhecimento seria uma espécie
de transferência de informações do objeto para o sujeito.
O que é Teoria do conhecimento?
2. Metafísica moderna:
mudança do “ser” para o “conhecer”
Com a filosofia moderna, o
problema passou da
ontologia para a teoria do
conhecimento, do “ser”
para o “conhecer”.
Não estavam mais
preocupados em saber o
“que é o Ser”, mas sim em
“como conhecer o ser”.
Mudança do “ser” para o “conhecer”
E por que essa mudança de perspectiva dos gregos
para os modernos?
Porque a Filosofia Moderna
pressupõe algo que não
fazia parte do horizonte
conceitual da Filosofia Grega
Antiga: a presença do
Cristianismo, que trouxe
questões e problemas que
os antigos filósofos
desconheciam.
Mudança do “ser” para o “conhecer”
Quando se afirma que a Teoria do Conhecimento se
tornou uma disciplina específica da Filosofia somente
com os filósofos modernos, não se quer dizer que
antes deles o problema do conhecimento não havia
ocupado a tarefa de outros filósofos (antigos e
medievais), e sim que, para os modernos, a questão
do conhecimento foi considerada anterior à questão
da ontologia e pré-requisito para a Filosofia e
para as ciências.
Mudança do “ser” para o “conhecer”
Ou seja, pelo fato dos modernos não aceitarem as
respostas medievais (verdades de fé e verdade de
razão), a questão do conhecimento tornou-se
central para eles.
René Descartes, criador do
método científico racionalista.
Como é possível o erro ou a ilusão?
Os filósofos gregos antigos se surpreendiam que
pudesse haver o erro e a ilusão. Para eles a
pergunta filosófica só podia ser essa:
Como é possível o erro ou a ilusão?
Como é possível o erro ou a ilusão?
Ou seja: se o verdadeiro é
o próprio Ser presente em
tudo (percepções, palavras
e pensamento), como
então o falso é possível se
o falso é afirmar “que
existe” o que “não existe”?
Para os modernos, a pergunta central ia em
sentido oposto:
Como é possível o erro ou a ilusão?
Como é possível o conhecimento da
verdade?
Como é possível o erro ou a ilusão?
De fato, se a verdade é o
que está no intelecto
infinito de Deus, então quer
dizer que ela está escondida
de nossa razão finita, sendo
impossível acessá-la.
Portanto, se essa explicação for legítima, a
verdade não é o que está manifesto na realidade,
e sim o que depende da revelação divina.
Como é possível o erro ou a ilusão?
A partir desse conceito de revelação, é possível fazer
duas considerações acerca do conhecimento racional:
1ª) Ideia da limitação e impotência da razão: pelo
fato da revelação ser conhecida apenas pela fé, ela
obriga o homem a dizer “assim seja” e reconhecer que a
razão não pode entender o mistério divino.
2ª) Ideia da perversão da razão: visto que o
intelecto limitado humano foi pervertido pela
vontade pecadora, torna-se impossível conhecer até
mesmo as verdades de de razão (que estão ao alcance
do homem) sem o auxílio da revelação e da fé.
A contaminação das verdade de razão
Observaram que as
verdades de fé haviam
influenciado a
própria maneira de
conceber as verdades
de razão.
Diante de tão problemática explicação do
conhecimento racional, os filósofos modernos
puderam identificar onde estaria o erro na teoria
do conhecimento medieval:
Ou seja, o princípio da
autoridade medieval
contaminou as
verdades de razão,
fazendo com que os
filósofos só aceitassem
uma ideia se esta viesse
com o “selo” de alguma
autoridade da Igreja.
A contaminação das verdade de razão
A fé ditando as regras da ciência
“Parece que um novo astro
logo quer provar que a Terra
se move através dos céus [...]
O tolo quer virar toda a arte da
astronomia pelo avesso”.
(Lutero apud GLEISER, M. A
Dança do Universo).
Lutero (1483-1546)
Sobre a teoria heliocêntrica de Copérnico, escreve
Lutero:
“Permitamos, pois, que, junto com as antigas,
em nada mais verossímeis, façam-se conhecer
também essas novas hipóteses, tanto mais por
serem elas ao mesmo tempo admiráveis e
fáceis, e por trazerem consigo um enorme
tesouro de doutíssimas observações. E que
ninguém espere da astronomia algo de certo no
que concerne a hipóteses, pois nada disso
procura ela nos oferecer” (Andreas Osiander).
Osiander
(1498-1552)
Prefácio da 1ª edição da obra “Sobre as revoluções das
órbitas celestes” de Copérnico, inserido anonimamente
por Osiander e sem o consentimento do autor
(Copérnico).
A fé ditando as regras da ciência
Com isso, a primeira tarefa que os modernos
apreenderam foi a de recusar o “poder da
autoridade da fé e da Igreja” sobre a razão.
Começaram, por isso,
separando a fé da razão,
considerando cada uma
delas voltada para
conhecimentos
diferentes, sem que uma
deva subordinar-se à
outra.
A recusa da autoridade eclesial
O problema do conhecimento tornou-se crucial para a
Filosofia, cujo ponto de partida para os modernos
passou a ser o sujeito do conhecimento.
Os dois primeiros filósofos que
iniciaram esse novo modo de fazer
filosofia a partir do séc. XVII.
Filósofos modernos
O filósofo que pela 1ª vez propõe uma teoria
do conhecimento propriamente dita.
Descartes Bacon
Locke
3. Racionalismo e Empirismo
O que é o “conhecimento”? Podemos dizer que é
uma relação que se estabelece entre:
Um sujeito que
conhece...
... e um objeto
que é conhecido.
Racionalismo e Empirismo
De onde vem o conhecimento?
Chama-se Racionalismo quando se
afirma que a origem do conhecimento
provém do sujeito.
Do sujeito?
Do objeto?
Ou
Chama-se Empirismo quando se
afirma que a origem do conhecimento
provém do experiência.
4. Francis Bacon: origem do
método científico
Bacon elaborou uma teoria conhecida como crítica
dos ídolos. Existem quatro preconceitos (ídolos)
que impedem o conhecimento da verdade e que
precisam ser destruídos:
Bacon: crítica dos “ídolos”
1. Ídolos da Caverna
2. Ídolos do Fórum
3. Ídolos do Teatro
4. Ídolos da Tribo
1. Ídolos da Caverna:
tratam-se das opiniões
distorcidas que se formam por
erro dos sentidos ou de uma
má educação. São os mais
fáceis de ser corrigidos pela
razão.
São os mais fáceis de ser corrigidos pelo
intelecto.
Ídolos da “caverna”
2. Ídolos do Fórum:
tratam-se dos erros que se
formam como consequência
da ambiguidade e limitação
da linguagem humana.
São difíceis de ser vencidos, mas o intelecto ainda
tem poder sobre eles.
Ídolos do “fórum”
3. Ídolos do Teatro: tratam-
se dos erros que se formam
em decorrência dos poderes
de autoridades que impõem
seus pontos de vistas e os
transformam em leis inques-
tionáveis.
Só podem ser desfeitos se houver uma mudança
social e política.
Ídolos do “teatro”
4. Ídolos da Tribo: tratam-se
dos erros que se formam em
decorrência da limitação da
própria natureza humana.
São próprios da espécie humana e só podem ser
vencidos se houver uma reforma da própria
natureza humana.
Ídolos da “tribo”
A demolição dos ídolos é, portanto, uma reforma
do intelecto, dos conhecimentos e da sociedade.
Origem do método científico
Para os dois primeiros,
Bacon propõe a
instauração de um
método, definido como
o modo seguro de aplicar
o pensamento lógico aos
dados oferecidos pela
experiência sensível.
O método deve tornar possível:
1. Organizar e controlar os dados recebidos da
experiência, graças aos procedimentos de observação e
experimentação.
2. Organizar e controlar os resultados observacionais e
experimentais para chegar a conhecimentos novos ou à
formulação de teorias verdadeiras.
3. Desenvolver procedimentos adequados à aplicação
prática dos resultados teóricos, pois para Bacon o homem
é “ministro da natureza” e, se souber conhecê-la, pode
comandá-la.
Origem do método científico
5. René Descartes e as regras do
método
Descartes identificava o erro em duas atitudes
infantis ou preconceitos:
Dois erros infantis
1. Ingenuidade: é facilidade com que
nossa razão se deixa levar por opiniões e
ideias alheias, sem se preocupar se elas
são ou não verdadeiras.
2. Precipitação: é facilidade e a
velocidade com que nossa vontade
nos faz emitir juízos sobre as coisas
antes de verificarmos se nossas ideias
são ou não verdadeiras.
Essa duas atitudes indicam que, para Descartes, o
erro situa-se no conhecimento sensível (sensação,
percepção, imaginação, memória e linguagem).
Proeminência da razão
Logo, o conhecimento
verdadeiro é puramente
intelectual: está baseado
apenas nas operações da razão
e tem como ponto de partida ou
as ideias inatas ou observações
que foram inteiramente
controladas pela razão.
Assim como Bacon, Descartes também via no
método a possibilidade de reforma do
entendimento e dos conhecimentos.
Reforma científica: a busca pelo
método
Essa reforma deve ser feita
pelo sujeito do
conhecimento quando este
compreende a necessidade
de encontrar fundamentos
seguros para o saber e se
instituir um método.
Os objetivos do método
1. Assegurar a reforma do intelecto para que este siga o
caminho mais seguro da verdade.
2. Oferecer procedimentos pelos quais a razão possa
controlar-se a si mesma durante o processo de
conhecimento, sabendo que caminho percorrer.
3. Propiciar ampliação ou o aumento dos conhecimentos
graças a procedimentos seguros que permitam passar do já
conhecido ao desconhecido.
4. Oferecer os meios para que os novos conhecimentos
possam ser aplicados, pois o saber deve tornar o homem
“senhor da natureza”.
Com Descartes, a Razão (“eu
penso”) passa a ser o princípio
central do conhecimento.
Posso duvidar de tudo que existe,
de todos os conhecimentos
herdados. No entanto, a única
coisa que não posso negar é o fato
de que continuo a pensar até
mesmo quando duvido das coisas.
Portanto, a Razão é o elemento mais indubitável
da realidade: “se penso, logo existo”.
Método Cartesiano
Ao escrever O Discurso
do Método e Regras para
direção do Espírito,
Descartes pretende
elaborar um método
que possa guiar o
pensamento em direção
aos conhecimentos
verdadeiros e distingui-
los dos falsos.
Importância do Método
1. Regras certas: o método dá segurança ao
pensamento.
2. Regras fáceis: o método evita complicações e
esforços inúteis.
3. Regras amplas: o método deve permitir que se
alcancem todos os conhecimentos possíveis para o
entendimento humano
O método cartesiano é um conjunto de regras cujas
características principais são três:
Características das Regras:
“certas”, “fáceis” e “amplas”
1ª) Regra da evidência: jamais aceitar como
verdadeiro algo que não seja evidente e claro em si e
por si mesmo.
2ª) Regra da divisão: dividir um determinado
problema em quantas partes for necessário para
analisá-las separadamente.
3ª) Regra da ordem: organizar as partes analisadas,
começando das mais simples até as mais complexas.
4ª) Regra da enumeração: revisar e enumerar
rigorosamente cada uma das partes, para se ter a
certeza de que nada foi esquecido.
As quatro regras do Método
6. John Locke e o Empirismo
John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento
propriamente dita porque se propõe analisar:
• cada uma das formas de
conhecimento que possuímos;
• a origem das ideias;
• a finalidade das teorias;
• e as capacidades do sujeito
cognoscente com relação aos
objetos que pode conhecer.
A preocupação pelo ato de conhecer
Logo na abertura de sua obra, Ensaio sobre o
entendimento humano, Locke escreve:
“Visto que o entendimento situa o homem acima
dos outros seres sensíveis e dá-lhes toda
vantagem e todo domínio que tem sobre eles,
seu estudo consiste certamente num tópico que,
por sua nobreza, é merecedor de nosso trabalho
de investigá-lo. O entendimento, como o olho,
não observa a si mesmo; requer arte e esforço
situá-lo a distância e fazê-lo seu próprio objeto”.
Origem da Teoria do Conhecimento
A principal preocupação de Locke
foi combater a doutrina de
Descartes sobre a existência de
idéias inatas na mente do
homem.
Ao contrário de Descartes, Locke acredita que o
conhecimento só pode ser alcançado a partir das
experiências sensíveis do indivíduo, sem trazer
consigo desde o nascimento, qualquer marca ou idéia
de conhecimentos prévios.
Locke: oposição a Descartes
“Suponhamos então, que a
mente seja, como se diz, um
papel branco, vazio de todos os
caracteres, sem quaisquer ideias.
Como chega a recebê-las? De
onde tira todos os materiais da
razão e do conhecimento? A isto
respondo com uma só palavra:
da experiência”.
(Locke. Ensaio sobre o
Entendimento Humano)
O Empirismo de Locke
“Não está no poder do mais elevado engenho, nem do
mais amplo entendimento, seja qual for a agilidade ou
variedade do seu pensamento, inventar ou formar na
mente uma nova idéia simples, que não provenha das
vias antes mencionadas; nem pode nenhuma força do
entendimento destruir as que já aí existem. [...] Eu
quereria que alguém tentasse imaginar um sabor
nunca sentido pelo seu paladar, ou formar idéia de um
aroma que nunca tivesse cheirado; e, se alguém
conseguisse fazer, eu também poderia concluir que um
cego tem idéias das cores e um surdo noções distintas
e verdadeiras dos sons” (Locke, Ensaio sobre o
Entendimento Humano).
O Empirismo de Locke
Noutras palavras, para Locke, o intelecto recebe da
experiência sensível todo o material do
conhecimento e, por esse motivo, pode-se dizer que
não há nada em nosso entendimento que não
tenha vindo das sensações.
O Empirismo de Locke
Como se forma o conhecimento?
Segundo Locke, o conhecimento
se forma por um processo de
associação e combinação das
ideias e dados da experiência.
Para o autor, existem três tipos de ideias: a)
Ideias de sensação; b) Ideias de percepção; c)
Ideias de razão.
Associações e combinações
Ideias de SENSAÇÃO: Ideias Simples
As Sensações
da natureza
Fazem com que o homem receba
as impressões das coisas
externas, gerando as...
IDEIAS
SIMPLES
Ideias de Sensação
Percepção
(do sujeito)
Ideias de PERCEPÇÃO: Ideias Complexas
As ideias simples (impressões)
se associam por semelhanças e
por diferenças, gerando as...
IDEIAS
COMPLEXAS
Ideias de Percepção
Razão (do sujeito)
Ideias de RAZÃO: Ideias Gerais e Ideias de Relação
Ideias GERAIS ou
ABSTRATAS:
Ideias de substância, corpo,
alma, Deus, natureza etc.
Por intermédio de novas combinações e associações,
as ideias se tornam mais complexas, formando as...
Ideias de RELAÇÃO:
(entre as ideias gerais)
Ideias de identidade,
causalidade, finalidade etc.
Ideias de Razão
A formação das ideias na sensação, na percepção
e na razão acontece por um processo de
generalização:
Na generalização, a cada passo
do conhecimento, o intelecto
humano vai eliminando as
diferenças entre as ideias
para ficar apenas com as
semelhanças e os traços
comuns, cujo conjunto forma
uma ideia universal.
Por exemplo, a
cor vermelha
A generalização das ideias
Como já se sabe, tudo o que existe nos é dado pelas
sensações e percepções (experiência). Visto que a
experiência nos mostra e nos dá a conhecer apenas
as coisas singulares, então somente elas existem.
As ideias universais, por sua vez, não correspondem
a realidades ou a essências existentes, mas são
apenas nomes que instituímos por convenção para
organizar o nosso pensamento e o nosso discurso
As ideias universais
Voltado ao exemplo da cor vermelha:
Ao olhar para essas coisas vermelhas, os olhos sentem e
percebem os objetos coloridos e não a cor em si. Ou
seja, a razão humana, ao receber as percepções
singulares dos objetos coloridos, combina e organiza
essas sensações e percepções, abstrai (separa) dos
objetos as qualidades coloridas e com elas forma a ideia
universal de “cor vermelha”.
A generalização das ideias
Portanto, para Locke, não existe a “cor”, mas
apenas objetos singulares coloridos tal como os
percebemos.
“Cor” não passa de um nome geral com que nossa
razão organiza nossas sensações visuais.
É justamente por esse motivo Locke é considerado
pela filosofia como nominalista.
O “nominalismo” de Locke
7. Galileu Galilei: o nascimento
da Ciência Moderna
O mérito de Galileu foi o de ter mostrado com
clareza e precisão a distinção entre filosofia,
ciência e religião, fazendo ver que o objeto
específicos delas é essencialmente diferente:
O mérito de Galileu
Religião
Verdades
religiosas (fé)
Filosofia
Verdades ontológicas
(reflexão)
Ciência
Verdades naturais
(experiência)
Segundo Galileu, no debate científico, não se pode
apelar nem para a autoridade dos filósofos, nem
para a Bíblia.
O mérito de Galileu
Nada é mais vergonhoso
do que recorrer a textos
sagrados e filosóficos
(que muitas vezes foram
escritos com outra
intenção) para resolver
os problemas específicos
da natureza.
Sagrada Escritura e Natureza procedem ambas do
Verbo Divino: a primeira ditada pelo Espírito
Santo; a segunda como executora da vontade de
Deus.
Natureza e Sagrada Escritura
Natureza e Sagrada Escritura
No entanto, enquanto a Sagrada Escritura precisou
adaptar-se arbitrariamente à interpretação dos
homens, a natureza permanece a mesma, segundo
as leis que lhe foram impostas (fato este que torna
possível conhecê-la diretamente).
Desta maneira, por
colocar-se como evidente
aos olhos do cientista, os
resultados e observações
da experiência devem ser
considerados como os
mais seguros, mesmo
que isso não pareça de
acordo com alguma
passagem da Sagrada
Escritura.
Autonomia da Natureza
Ilustração sobre a
Inquisição de Galileu em
16 de fevereiro de 1616.
Portanto, para Galileu:
Autonomia da Natureza
Bíblia
Livro da Religião
Manual
Livro da Ciência
Cuida das
verdades divinas
Cuida das
verdades naturais
Cada livro cuida da sua área: assim como não é
conveniente explicar a realidade divina a partir do
manual de ciência, não é sensato explicar a natureza a
partir da Bíblia.
Universo e linguagem matemática
Na opinião de Galileu, não se começa a filosofar a
partir das opiniões célebres de outros filósofos. Isso
cria um discurso estéril e infecundo.
Pelo contrário, a
filosofia encontra-se
escrita no grande livro
que permanece sempre
aberto aos olhos de
todos: o Universo.
Universo e linguagem matemática
Se o Universo é um livro, não se pode conhecê-lo
sem antes entender a língua e os caracteres com os
quais está escrito.
E qual é essa língua? Para
Galileu o universo está
escrito em linguagem
matemática e em figuras
geométricas, sem as
quais torna-se impossível
conhecer a realidade.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Platão e a teoria das ideias
Platão e a teoria das ideiasPlatão e a teoria das ideias
Platão e a teoria das ideias
 
Filosofia Política
Filosofia PolíticaFilosofia Política
Filosofia Política
 
O surgimento da filosofia
O surgimento da filosofiaO surgimento da filosofia
O surgimento da filosofia
 
Os pré-socráticos
Os pré-socráticosOs pré-socráticos
Os pré-socráticos
 
Aula de filosofia antiga, tema: Santo Agostinho de Hipona
Aula de filosofia antiga, tema: Santo Agostinho de HiponaAula de filosofia antiga, tema: Santo Agostinho de Hipona
Aula de filosofia antiga, tema: Santo Agostinho de Hipona
 
Nietzsche
NietzscheNietzsche
Nietzsche
 
As origens e os principais teóricos da sociologia
As origens e os principais teóricos  da sociologiaAs origens e os principais teóricos  da sociologia
As origens e os principais teóricos da sociologia
 
Aula 3 metafísica
Aula 3   metafísicaAula 3   metafísica
Aula 3 metafísica
 
Filosofia moderna
Filosofia modernaFilosofia moderna
Filosofia moderna
 
Aula 06 filosofia escolástica
Aula 06   filosofia escolásticaAula 06   filosofia escolástica
Aula 06 filosofia escolástica
 
Filosofia 04 - Filosofia Medieval
Filosofia 04 - Filosofia MedievalFilosofia 04 - Filosofia Medieval
Filosofia 04 - Filosofia Medieval
 
Introdução à filosofia
Introdução à filosofiaIntrodução à filosofia
Introdução à filosofia
 
Natureza e Cultura
Natureza e CulturaNatureza e Cultura
Natureza e Cultura
 
Aula A origem da filosofia
Aula  A origem da filosofia Aula  A origem da filosofia
Aula A origem da filosofia
 
Introdução à filosofia
Introdução à filosofiaIntrodução à filosofia
Introdução à filosofia
 
Mundo Das Ideias de Platão
Mundo Das Ideias de PlatãoMundo Das Ideias de Platão
Mundo Das Ideias de Platão
 
Aula de filosofia antiga, tema: Sócrates
Aula de filosofia antiga, tema: SócratesAula de filosofia antiga, tema: Sócrates
Aula de filosofia antiga, tema: Sócrates
 
História da filosofia antiga
História da filosofia antigaHistória da filosofia antiga
História da filosofia antiga
 
Aula 1 filosofia no ENEM
Aula 1 filosofia no ENEMAula 1 filosofia no ENEM
Aula 1 filosofia no ENEM
 
Aristóteles
AristótelesAristóteles
Aristóteles
 

Semelhante a 5. Metafísica na Modernidade I.pptx

Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano   3º e 4º bimestreApostila do 1º ano   3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestreDuzg
 
Estudo dirigido (3) de ética e filosofia na ci
Estudo dirigido (3) de ética e filosofia na ciEstudo dirigido (3) de ética e filosofia na ci
Estudo dirigido (3) de ética e filosofia na ciRita Gonçalves
 
Conhecimento platônico
Conhecimento platônico Conhecimento platônico
Conhecimento platônico Camila Brito
 
A metafísica na modernidade 1° integral.docx
A metafísica na modernidade 1° integral.docxA metafísica na modernidade 1° integral.docx
A metafísica na modernidade 1° integral.docxJulianaDomingosdaSil2
 
Teoria do conhecimento
Teoria do conhecimentoTeoria do conhecimento
Teoria do conhecimentoEstude Mais
 
Apostila do projeto integrador i
Apostila do projeto integrador iApostila do projeto integrador i
Apostila do projeto integrador iElizabete Dias
 
Filosofia 2º bimestre -1ª série - o conhecimento
Filosofia   2º bimestre -1ª série - o conhecimentoFilosofia   2º bimestre -1ª série - o conhecimento
Filosofia 2º bimestre -1ª série - o conhecimentomtolentino1507
 
Racionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mp
Racionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mpRacionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mp
Racionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mpalemisturini
 
Trabalho de Filosofia
Trabalho de Filosofia Trabalho de Filosofia
Trabalho de Filosofia Laguat
 
SLIDES_empirismo e racionalismo.ppt
SLIDES_empirismo e racionalismo.pptSLIDES_empirismo e racionalismo.ppt
SLIDES_empirismo e racionalismo.pptFernandoPilan4
 
Teoria do conhecimento
Teoria do conhecimentoTeoria do conhecimento
Teoria do conhecimentoLinda Lopes
 
Introdução disciplina Teoria do Conhecimento
Introdução disciplina Teoria do ConhecimentoIntrodução disciplina Teoria do Conhecimento
Introdução disciplina Teoria do ConhecimentoLucianoEnes1
 
Recionalismo e empirismo
Recionalismo e empirismoRecionalismo e empirismo
Recionalismo e empirismoPaulo Alexandre
 
Esdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espirita
Esdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espiritaEsdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espirita
Esdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espiritaDenise Aguiar
 
resumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdf
resumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdfresumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdf
resumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdfTamraSilva
 
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptxPsicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptxssuser494bbd
 
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptxPsicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptxdemonoidalex
 

Semelhante a 5. Metafísica na Modernidade I.pptx (20)

Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano   3º e 4º bimestreApostila do 1º ano   3º e 4º bimestre
Apostila do 1º ano 3º e 4º bimestre
 
Epistemologia
EpistemologiaEpistemologia
Epistemologia
 
Estudo dirigido (3) de ética e filosofia na ci
Estudo dirigido (3) de ética e filosofia na ciEstudo dirigido (3) de ética e filosofia na ci
Estudo dirigido (3) de ética e filosofia na ci
 
Conhecimento platônico
Conhecimento platônico Conhecimento platônico
Conhecimento platônico
 
A metafísica na modernidade 1° integral.docx
A metafísica na modernidade 1° integral.docxA metafísica na modernidade 1° integral.docx
A metafísica na modernidade 1° integral.docx
 
Teoria do conhecimento
Teoria do conhecimentoTeoria do conhecimento
Teoria do conhecimento
 
Apostila do projeto integrador i
Apostila do projeto integrador iApostila do projeto integrador i
Apostila do projeto integrador i
 
Filosofia 2º bimestre -1ª série - o conhecimento
Filosofia   2º bimestre -1ª série - o conhecimentoFilosofia   2º bimestre -1ª série - o conhecimento
Filosofia 2º bimestre -1ª série - o conhecimento
 
Racionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mp
Racionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mpRacionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mp
Racionalismo, empirismo e iluminismo brenda 22 mp
 
Trabalho de Filosofia
Trabalho de Filosofia Trabalho de Filosofia
Trabalho de Filosofia
 
SLIDES_empirismo e racionalismo.ppt
SLIDES_empirismo e racionalismo.pptSLIDES_empirismo e racionalismo.ppt
SLIDES_empirismo e racionalismo.ppt
 
Teoria do conhecimento
Teoria do conhecimentoTeoria do conhecimento
Teoria do conhecimento
 
Introdução disciplina Teoria do Conhecimento
Introdução disciplina Teoria do ConhecimentoIntrodução disciplina Teoria do Conhecimento
Introdução disciplina Teoria do Conhecimento
 
Recionalismo e empirismo
Recionalismo e empirismoRecionalismo e empirismo
Recionalismo e empirismo
 
Esdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espirita
Esdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espiritaEsdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espirita
Esdei 01.03 triplice aspecto da doutrina espirita
 
resumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdf
resumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdfresumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdf
resumo_do_11º_ano_para_prepaprar_o_exame.pdf
 
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptxPsicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
 
Racionalismo - Descartes
Racionalismo - Descartes  Racionalismo - Descartes
Racionalismo - Descartes
 
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptxPsicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
Psicologia conceito e contribuições para a educação.pptx
 
Hume descartes e_locke
Hume descartes e_lockeHume descartes e_locke
Hume descartes e_locke
 

Último

Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfElianeElika
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 

Último (20)

Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 

5. Metafísica na Modernidade I.pptx

  • 1. A Metafísica da Modernidade I
  • 2. 1. Metafísica enquanto Teoria do Conhecimento
  • 3. A Teoria do Conhecimento, também conhecida pelos nomes de Epistemologia ou Gnosiologia, é uma das áreas centrais da Filosofia, tornando-se disciplina específica somente a partir dos filósofos modernos. O que é Teoria do conhecimento?
  • 4. Segundo Urbano Zilles, Teoria do Conhecimento é a “disciplina filosófica que indaga pela possibilidade, origem, essência, limites, pelos elementos e pelas condições do conhecimento”. O que é Teoria do conhecimento? (ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento e Teoria da Ciência. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006, p. 11).
  • 5. O que é Teoria do conhecimento? Ou seja, a Teoria do Conhecimento questiona: 1. Quais são as possibilidades do conhecimento? Respostas: dogmatismo, ceticismo, relativismo, subjetivismo, pragmatismo e criticismo. 2. Qual é a origem do conhecimento? Respostas: racionalismo, empirismo, intelectualismo e apriorismo. 3. Qual é a essência do conhecimento? Respostas: objetivismo, subjetivismo, realismo, idealismo e fenomenalismo. 4. Quais os limites e condições de um conhecimento? Noutras palavras, qual é o seu critério de verdade?
  • 6. Para a Teoria do Conhecimento existem dois elementos indispensáveis para o conhecimento: sujeito e objeto. No conhecimento, sujeito (consciência) e o objeto (coisas) encontram-se frente à frente numa espécie de relação que é, ao mesmo tempo, uma co-relação: O sujeito só é sujeito para o objeto e o objeto só é objeto para um sujeito. Logo, ambos só são o que são enquanto o são para o outro O que é Teoria do conhecimento?
  • 7. •Visto pelo lado do sujeito, o conhecimento seria uma espécie de interiorização do sujeito no objeto, captando assim as suas informações específicas. •Visto pelo lado do objeto, o conhecimento seria uma espécie de transferência de informações do objeto para o sujeito. O que é Teoria do conhecimento?
  • 8. 2. Metafísica moderna: mudança do “ser” para o “conhecer”
  • 9. Com a filosofia moderna, o problema passou da ontologia para a teoria do conhecimento, do “ser” para o “conhecer”. Não estavam mais preocupados em saber o “que é o Ser”, mas sim em “como conhecer o ser”. Mudança do “ser” para o “conhecer”
  • 10. E por que essa mudança de perspectiva dos gregos para os modernos? Porque a Filosofia Moderna pressupõe algo que não fazia parte do horizonte conceitual da Filosofia Grega Antiga: a presença do Cristianismo, que trouxe questões e problemas que os antigos filósofos desconheciam. Mudança do “ser” para o “conhecer”
  • 11. Quando se afirma que a Teoria do Conhecimento se tornou uma disciplina específica da Filosofia somente com os filósofos modernos, não se quer dizer que antes deles o problema do conhecimento não havia ocupado a tarefa de outros filósofos (antigos e medievais), e sim que, para os modernos, a questão do conhecimento foi considerada anterior à questão da ontologia e pré-requisito para a Filosofia e para as ciências. Mudança do “ser” para o “conhecer”
  • 12. Ou seja, pelo fato dos modernos não aceitarem as respostas medievais (verdades de fé e verdade de razão), a questão do conhecimento tornou-se central para eles. René Descartes, criador do método científico racionalista. Como é possível o erro ou a ilusão?
  • 13. Os filósofos gregos antigos se surpreendiam que pudesse haver o erro e a ilusão. Para eles a pergunta filosófica só podia ser essa: Como é possível o erro ou a ilusão? Como é possível o erro ou a ilusão? Ou seja: se o verdadeiro é o próprio Ser presente em tudo (percepções, palavras e pensamento), como então o falso é possível se o falso é afirmar “que existe” o que “não existe”?
  • 14. Para os modernos, a pergunta central ia em sentido oposto: Como é possível o erro ou a ilusão? Como é possível o conhecimento da verdade?
  • 15. Como é possível o erro ou a ilusão? De fato, se a verdade é o que está no intelecto infinito de Deus, então quer dizer que ela está escondida de nossa razão finita, sendo impossível acessá-la. Portanto, se essa explicação for legítima, a verdade não é o que está manifesto na realidade, e sim o que depende da revelação divina.
  • 16. Como é possível o erro ou a ilusão? A partir desse conceito de revelação, é possível fazer duas considerações acerca do conhecimento racional: 1ª) Ideia da limitação e impotência da razão: pelo fato da revelação ser conhecida apenas pela fé, ela obriga o homem a dizer “assim seja” e reconhecer que a razão não pode entender o mistério divino. 2ª) Ideia da perversão da razão: visto que o intelecto limitado humano foi pervertido pela vontade pecadora, torna-se impossível conhecer até mesmo as verdades de de razão (que estão ao alcance do homem) sem o auxílio da revelação e da fé.
  • 17. A contaminação das verdade de razão Observaram que as verdades de fé haviam influenciado a própria maneira de conceber as verdades de razão. Diante de tão problemática explicação do conhecimento racional, os filósofos modernos puderam identificar onde estaria o erro na teoria do conhecimento medieval:
  • 18. Ou seja, o princípio da autoridade medieval contaminou as verdades de razão, fazendo com que os filósofos só aceitassem uma ideia se esta viesse com o “selo” de alguma autoridade da Igreja. A contaminação das verdade de razão
  • 19. A fé ditando as regras da ciência “Parece que um novo astro logo quer provar que a Terra se move através dos céus [...] O tolo quer virar toda a arte da astronomia pelo avesso”. (Lutero apud GLEISER, M. A Dança do Universo). Lutero (1483-1546) Sobre a teoria heliocêntrica de Copérnico, escreve Lutero:
  • 20. “Permitamos, pois, que, junto com as antigas, em nada mais verossímeis, façam-se conhecer também essas novas hipóteses, tanto mais por serem elas ao mesmo tempo admiráveis e fáceis, e por trazerem consigo um enorme tesouro de doutíssimas observações. E que ninguém espere da astronomia algo de certo no que concerne a hipóteses, pois nada disso procura ela nos oferecer” (Andreas Osiander). Osiander (1498-1552) Prefácio da 1ª edição da obra “Sobre as revoluções das órbitas celestes” de Copérnico, inserido anonimamente por Osiander e sem o consentimento do autor (Copérnico). A fé ditando as regras da ciência
  • 21. Com isso, a primeira tarefa que os modernos apreenderam foi a de recusar o “poder da autoridade da fé e da Igreja” sobre a razão. Começaram, por isso, separando a fé da razão, considerando cada uma delas voltada para conhecimentos diferentes, sem que uma deva subordinar-se à outra. A recusa da autoridade eclesial
  • 22. O problema do conhecimento tornou-se crucial para a Filosofia, cujo ponto de partida para os modernos passou a ser o sujeito do conhecimento. Os dois primeiros filósofos que iniciaram esse novo modo de fazer filosofia a partir do séc. XVII. Filósofos modernos O filósofo que pela 1ª vez propõe uma teoria do conhecimento propriamente dita. Descartes Bacon Locke
  • 23. 3. Racionalismo e Empirismo
  • 24. O que é o “conhecimento”? Podemos dizer que é uma relação que se estabelece entre: Um sujeito que conhece... ... e um objeto que é conhecido. Racionalismo e Empirismo
  • 25. De onde vem o conhecimento? Chama-se Racionalismo quando se afirma que a origem do conhecimento provém do sujeito. Do sujeito? Do objeto? Ou Chama-se Empirismo quando se afirma que a origem do conhecimento provém do experiência.
  • 26. 4. Francis Bacon: origem do método científico
  • 27. Bacon elaborou uma teoria conhecida como crítica dos ídolos. Existem quatro preconceitos (ídolos) que impedem o conhecimento da verdade e que precisam ser destruídos: Bacon: crítica dos “ídolos” 1. Ídolos da Caverna 2. Ídolos do Fórum 3. Ídolos do Teatro 4. Ídolos da Tribo
  • 28. 1. Ídolos da Caverna: tratam-se das opiniões distorcidas que se formam por erro dos sentidos ou de uma má educação. São os mais fáceis de ser corrigidos pela razão. São os mais fáceis de ser corrigidos pelo intelecto. Ídolos da “caverna”
  • 29. 2. Ídolos do Fórum: tratam-se dos erros que se formam como consequência da ambiguidade e limitação da linguagem humana. São difíceis de ser vencidos, mas o intelecto ainda tem poder sobre eles. Ídolos do “fórum”
  • 30. 3. Ídolos do Teatro: tratam- se dos erros que se formam em decorrência dos poderes de autoridades que impõem seus pontos de vistas e os transformam em leis inques- tionáveis. Só podem ser desfeitos se houver uma mudança social e política. Ídolos do “teatro”
  • 31. 4. Ídolos da Tribo: tratam-se dos erros que se formam em decorrência da limitação da própria natureza humana. São próprios da espécie humana e só podem ser vencidos se houver uma reforma da própria natureza humana. Ídolos da “tribo”
  • 32. A demolição dos ídolos é, portanto, uma reforma do intelecto, dos conhecimentos e da sociedade. Origem do método científico Para os dois primeiros, Bacon propõe a instauração de um método, definido como o modo seguro de aplicar o pensamento lógico aos dados oferecidos pela experiência sensível.
  • 33. O método deve tornar possível: 1. Organizar e controlar os dados recebidos da experiência, graças aos procedimentos de observação e experimentação. 2. Organizar e controlar os resultados observacionais e experimentais para chegar a conhecimentos novos ou à formulação de teorias verdadeiras. 3. Desenvolver procedimentos adequados à aplicação prática dos resultados teóricos, pois para Bacon o homem é “ministro da natureza” e, se souber conhecê-la, pode comandá-la. Origem do método científico
  • 34. 5. René Descartes e as regras do método
  • 35. Descartes identificava o erro em duas atitudes infantis ou preconceitos: Dois erros infantis 1. Ingenuidade: é facilidade com que nossa razão se deixa levar por opiniões e ideias alheias, sem se preocupar se elas são ou não verdadeiras. 2. Precipitação: é facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas ideias são ou não verdadeiras.
  • 36. Essa duas atitudes indicam que, para Descartes, o erro situa-se no conhecimento sensível (sensação, percepção, imaginação, memória e linguagem). Proeminência da razão Logo, o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual: está baseado apenas nas operações da razão e tem como ponto de partida ou as ideias inatas ou observações que foram inteiramente controladas pela razão.
  • 37. Assim como Bacon, Descartes também via no método a possibilidade de reforma do entendimento e dos conhecimentos. Reforma científica: a busca pelo método Essa reforma deve ser feita pelo sujeito do conhecimento quando este compreende a necessidade de encontrar fundamentos seguros para o saber e se instituir um método.
  • 38. Os objetivos do método 1. Assegurar a reforma do intelecto para que este siga o caminho mais seguro da verdade. 2. Oferecer procedimentos pelos quais a razão possa controlar-se a si mesma durante o processo de conhecimento, sabendo que caminho percorrer. 3. Propiciar ampliação ou o aumento dos conhecimentos graças a procedimentos seguros que permitam passar do já conhecido ao desconhecido. 4. Oferecer os meios para que os novos conhecimentos possam ser aplicados, pois o saber deve tornar o homem “senhor da natureza”.
  • 39. Com Descartes, a Razão (“eu penso”) passa a ser o princípio central do conhecimento. Posso duvidar de tudo que existe, de todos os conhecimentos herdados. No entanto, a única coisa que não posso negar é o fato de que continuo a pensar até mesmo quando duvido das coisas. Portanto, a Razão é o elemento mais indubitável da realidade: “se penso, logo existo”. Método Cartesiano
  • 40. Ao escrever O Discurso do Método e Regras para direção do Espírito, Descartes pretende elaborar um método que possa guiar o pensamento em direção aos conhecimentos verdadeiros e distingui- los dos falsos. Importância do Método
  • 41. 1. Regras certas: o método dá segurança ao pensamento. 2. Regras fáceis: o método evita complicações e esforços inúteis. 3. Regras amplas: o método deve permitir que se alcancem todos os conhecimentos possíveis para o entendimento humano O método cartesiano é um conjunto de regras cujas características principais são três: Características das Regras: “certas”, “fáceis” e “amplas”
  • 42. 1ª) Regra da evidência: jamais aceitar como verdadeiro algo que não seja evidente e claro em si e por si mesmo. 2ª) Regra da divisão: dividir um determinado problema em quantas partes for necessário para analisá-las separadamente. 3ª) Regra da ordem: organizar as partes analisadas, começando das mais simples até as mais complexas. 4ª) Regra da enumeração: revisar e enumerar rigorosamente cada uma das partes, para se ter a certeza de que nada foi esquecido. As quatro regras do Método
  • 43. 6. John Locke e o Empirismo
  • 44. John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento propriamente dita porque se propõe analisar: • cada uma das formas de conhecimento que possuímos; • a origem das ideias; • a finalidade das teorias; • e as capacidades do sujeito cognoscente com relação aos objetos que pode conhecer. A preocupação pelo ato de conhecer
  • 45. Logo na abertura de sua obra, Ensaio sobre o entendimento humano, Locke escreve: “Visto que o entendimento situa o homem acima dos outros seres sensíveis e dá-lhes toda vantagem e todo domínio que tem sobre eles, seu estudo consiste certamente num tópico que, por sua nobreza, é merecedor de nosso trabalho de investigá-lo. O entendimento, como o olho, não observa a si mesmo; requer arte e esforço situá-lo a distância e fazê-lo seu próprio objeto”. Origem da Teoria do Conhecimento
  • 46. A principal preocupação de Locke foi combater a doutrina de Descartes sobre a existência de idéias inatas na mente do homem. Ao contrário de Descartes, Locke acredita que o conhecimento só pode ser alcançado a partir das experiências sensíveis do indivíduo, sem trazer consigo desde o nascimento, qualquer marca ou idéia de conhecimentos prévios. Locke: oposição a Descartes
  • 47. “Suponhamos então, que a mente seja, como se diz, um papel branco, vazio de todos os caracteres, sem quaisquer ideias. Como chega a recebê-las? De onde tira todos os materiais da razão e do conhecimento? A isto respondo com uma só palavra: da experiência”. (Locke. Ensaio sobre o Entendimento Humano) O Empirismo de Locke
  • 48. “Não está no poder do mais elevado engenho, nem do mais amplo entendimento, seja qual for a agilidade ou variedade do seu pensamento, inventar ou formar na mente uma nova idéia simples, que não provenha das vias antes mencionadas; nem pode nenhuma força do entendimento destruir as que já aí existem. [...] Eu quereria que alguém tentasse imaginar um sabor nunca sentido pelo seu paladar, ou formar idéia de um aroma que nunca tivesse cheirado; e, se alguém conseguisse fazer, eu também poderia concluir que um cego tem idéias das cores e um surdo noções distintas e verdadeiras dos sons” (Locke, Ensaio sobre o Entendimento Humano). O Empirismo de Locke
  • 49. Noutras palavras, para Locke, o intelecto recebe da experiência sensível todo o material do conhecimento e, por esse motivo, pode-se dizer que não há nada em nosso entendimento que não tenha vindo das sensações. O Empirismo de Locke
  • 50. Como se forma o conhecimento? Segundo Locke, o conhecimento se forma por um processo de associação e combinação das ideias e dados da experiência. Para o autor, existem três tipos de ideias: a) Ideias de sensação; b) Ideias de percepção; c) Ideias de razão. Associações e combinações
  • 51. Ideias de SENSAÇÃO: Ideias Simples As Sensações da natureza Fazem com que o homem receba as impressões das coisas externas, gerando as... IDEIAS SIMPLES Ideias de Sensação
  • 52. Percepção (do sujeito) Ideias de PERCEPÇÃO: Ideias Complexas As ideias simples (impressões) se associam por semelhanças e por diferenças, gerando as... IDEIAS COMPLEXAS Ideias de Percepção
  • 53. Razão (do sujeito) Ideias de RAZÃO: Ideias Gerais e Ideias de Relação Ideias GERAIS ou ABSTRATAS: Ideias de substância, corpo, alma, Deus, natureza etc. Por intermédio de novas combinações e associações, as ideias se tornam mais complexas, formando as... Ideias de RELAÇÃO: (entre as ideias gerais) Ideias de identidade, causalidade, finalidade etc. Ideias de Razão
  • 54. A formação das ideias na sensação, na percepção e na razão acontece por um processo de generalização: Na generalização, a cada passo do conhecimento, o intelecto humano vai eliminando as diferenças entre as ideias para ficar apenas com as semelhanças e os traços comuns, cujo conjunto forma uma ideia universal. Por exemplo, a cor vermelha A generalização das ideias
  • 55. Como já se sabe, tudo o que existe nos é dado pelas sensações e percepções (experiência). Visto que a experiência nos mostra e nos dá a conhecer apenas as coisas singulares, então somente elas existem. As ideias universais, por sua vez, não correspondem a realidades ou a essências existentes, mas são apenas nomes que instituímos por convenção para organizar o nosso pensamento e o nosso discurso As ideias universais
  • 56. Voltado ao exemplo da cor vermelha: Ao olhar para essas coisas vermelhas, os olhos sentem e percebem os objetos coloridos e não a cor em si. Ou seja, a razão humana, ao receber as percepções singulares dos objetos coloridos, combina e organiza essas sensações e percepções, abstrai (separa) dos objetos as qualidades coloridas e com elas forma a ideia universal de “cor vermelha”. A generalização das ideias
  • 57. Portanto, para Locke, não existe a “cor”, mas apenas objetos singulares coloridos tal como os percebemos. “Cor” não passa de um nome geral com que nossa razão organiza nossas sensações visuais. É justamente por esse motivo Locke é considerado pela filosofia como nominalista. O “nominalismo” de Locke
  • 58. 7. Galileu Galilei: o nascimento da Ciência Moderna
  • 59. O mérito de Galileu foi o de ter mostrado com clareza e precisão a distinção entre filosofia, ciência e religião, fazendo ver que o objeto específicos delas é essencialmente diferente: O mérito de Galileu Religião Verdades religiosas (fé) Filosofia Verdades ontológicas (reflexão) Ciência Verdades naturais (experiência)
  • 60. Segundo Galileu, no debate científico, não se pode apelar nem para a autoridade dos filósofos, nem para a Bíblia. O mérito de Galileu Nada é mais vergonhoso do que recorrer a textos sagrados e filosóficos (que muitas vezes foram escritos com outra intenção) para resolver os problemas específicos da natureza.
  • 61. Sagrada Escritura e Natureza procedem ambas do Verbo Divino: a primeira ditada pelo Espírito Santo; a segunda como executora da vontade de Deus. Natureza e Sagrada Escritura
  • 62. Natureza e Sagrada Escritura No entanto, enquanto a Sagrada Escritura precisou adaptar-se arbitrariamente à interpretação dos homens, a natureza permanece a mesma, segundo as leis que lhe foram impostas (fato este que torna possível conhecê-la diretamente).
  • 63. Desta maneira, por colocar-se como evidente aos olhos do cientista, os resultados e observações da experiência devem ser considerados como os mais seguros, mesmo que isso não pareça de acordo com alguma passagem da Sagrada Escritura. Autonomia da Natureza Ilustração sobre a Inquisição de Galileu em 16 de fevereiro de 1616.
  • 64. Portanto, para Galileu: Autonomia da Natureza Bíblia Livro da Religião Manual Livro da Ciência Cuida das verdades divinas Cuida das verdades naturais Cada livro cuida da sua área: assim como não é conveniente explicar a realidade divina a partir do manual de ciência, não é sensato explicar a natureza a partir da Bíblia.
  • 65. Universo e linguagem matemática Na opinião de Galileu, não se começa a filosofar a partir das opiniões célebres de outros filósofos. Isso cria um discurso estéril e infecundo. Pelo contrário, a filosofia encontra-se escrita no grande livro que permanece sempre aberto aos olhos de todos: o Universo.
  • 66. Universo e linguagem matemática Se o Universo é um livro, não se pode conhecê-lo sem antes entender a língua e os caracteres com os quais está escrito. E qual é essa língua? Para Galileu o universo está escrito em linguagem matemática e em figuras geométricas, sem as quais torna-se impossível conhecer a realidade.