O documento descreve as principais características do período barroco na arte e literatura, que surgiu após o Renascimento nos séculos XVII e XVIII na Europa, especialmente na Espanha, Portugal e Itália. O barroco se caracterizou por um pessimismo sobre a natureza humana, contraste e artificialidade na obra de arte, que buscava excitar a sensibilidade do público. Foi uma época de crise após a decomposição dos valores renascentistas, marcada pela angústia e sensação de efemeridade do mundo.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
O Barroco - Época de crise e desengano
1. O BARROCO
Demarcação cronológica
Surge após o Renascimento, correspondendo ao século XVII. Em Portugal, conheceu um
longo período de vigência, estendendo-se, aproximadamente, de 1580 a 1740.
Implantação geográfica
Vigorou, sobretudo, em Espanha, Portugal e Itália.
Etimologia
Atribui-se, como possível, a origem da palavra “barroco” à cidade de Barokia, perto de Diu,
donde provinham umas pérolas assimétricas. Assim, o adjetivo “barroco” aplicar-se-ia inicialmente
às pérolas irregulares.
Renascimento vs Barroco
Renascimento
Barroco
Época de:
Época em que:
Exaltação da vida;
Confiança na natureza humana;
Otimismo generalizado;
Valorização da harmonia e do equilíbrio;
Busca da simplicidade e da beleza ideal;
A obra de arte procura proporcionar prazer
estético;
A vida era considerada como um transe doloroso
que termina na morte;
Se considerava que o maior inimigo do homem
era o próprio homem;
A sociedade se deixou invadir por sentimentos de
pessimismo e de desilusão;
Se buscaram os fortes contrastes: vida/morte,
realidade/aparência, luz/obscuridade;
Tendia para o exagero e a artificialidade;
A obra de arte procura excitar a sensibilidade do
contemplador ou do leitor.
2. O Barroco – época de crise
A atmosfera obscurantista, fanática e de cerceamento das liberdades individuais conduz a
uma atitude de autocensura. Surge, então, uma literatura de evasão, marcada pelo ludismo.
Abundam as contorções, os refinamentos linguísticos, os jogos formais e concetuais, em torno de
temáticas palacianas ou religiosas, sendo os conteúdos frequentemente insignificantes. Verifica-se
um contraste entre a ênfase, a tortura do estilo e as ninharias que servem de pretexto a muitos
poemas: o desmaio de uma senhora provocado por uma sangria, o caso de um pintassilgo comido
por um gato ou o de uma disenteria originada por um bolo podre.
A decomposição dos valores renascentistas conduziu a uma profunda crise espiritual e
moral, sendo esta fase civilizacional marcada pela instabilidade e pela angústia. Perdido no
infinito, já que a Terra perdera o seu lugar de centro do universo onde Ptolomeu a colocara, o
Homem sente-se desprotegido, pequeno, frustrado. Daí que surja na obra de quase todos os
autores barrocos uma temática dominante que inclui o desengano da vida e dos homens, a
sensação aguda da efemeridade do mundo e das coisas, a oscilação entre a atração da matéria e a
do espírito. Verifica-se, igualmente, um desejo de fuga e de alienação, através do fausto e da
religião.