1. O documento discute a relação entre cultura, desenvolvimento e diversidade cultural, argumentando que a cultura deve ser vista como bem e recurso para promover o desenvolvimento humano de forma sustentável e equitativa.
2. Defende que a diversidade cultural não é natural e precisa ser protegida e promovida através de políticas que estimulem o diálogo intercultural e a troca entre culturas de forma a preservar diferenças e promover inovações.
3. Aponta que redes colaborativas e a economia solidária podem ser mode
2. Apresentação
Professor e Pesquisador do PPG em Comunicação da
PUC Minas
Coordenador do Curso de Pós Graduação em Gestão
Cultural da FAPP/UEMG
Coordenador do Observatório da Diversidade Cultural –
ODC – www.observatoriodadiversidade.org.br
Consultor na área de políticas culturais e formação de
gestores culturais (MINC/UNB/UFBa)
3. Apresentação
Consultor do Centro de Formação e Pesquisa em
Desenvolvimento Criativo do SESC MG
Professor do Curso de Gestão Cultural do SESC SP
4. EMENTA
Como pensar a articulação entre a cultura e o
desenvolvimento humano, de forma a proteger e
promover a diversidade?
Mais além da geração de renda e tributos, como
a cultura pode produzir, fazer circular riquezas e
contribuir para o enfrentamento das desigualdades?
6. Cultura
Simbólica
Econômica
Cidadã
Modos de viver, fazer e criar
que inauguram referencias,
identidades
A cultura como direito:
criação, fruição, difusão,
identidade, cooperação e
participação
Produção de riquezas
materiais
Tridimensionalidade da Cultura
7. • As 3 dimensões não são naturais e nem
espontâneas, resultam de nossas trocas
e experiências
• Dependem dos sistemas de produção,
reprodução e circulação dos bens
simbólicos
8. Mas...
A cultura não pode ser tratada como mero
instrumento.
O desenvolvimento cultural é um fim em si
mesmo.
9. O que essa visão demanda dos agentes,
produtores e gestores culturais ?
reconhecer que para além das artes, dos
circuitos instituídos e dos sujeitos produtores de
bens artísticos, as políticas, os programas, os
projetos de cultura devem se voltar a todos os
sujeitos e cidadãos produtores de bens
simbólicos
12. » Visão Romântica
A Diversidade Cultural como característica natural das
formas de vida e das manifestações culturais.
Prefiro pensar como…
» dinâmicas sócio-políticas de interação entre os
diferentes.
14. POR QUE TRATAR DA
DIVERSIDADE CULTURAL É TÃO
IMPORTANTE ?
15. Porque as diferenças
são constitutivas da
condição humana
Porque o diverso supõe a
troca e é isso que
assegura à cultura
importância e
centralidade no
desenvolvimento humano
Porque não existe
democracia sem
pluralidade cultural,
portanto, sem um
pluralismo patrimonial
16. » A diversidade cultural não se renova naturalmente.
» A diversidade cultural é dinâmica precisa ser pensada
conjugando proteção e promoção.
» A diversidade cultural encerra um conjunto de
tensões e não pode ser pensada como um mosaico
harmônico de diferenças.
(François de Bernard)
17. » A diversidade cultural convoca sempre ao diálogo, à
troca e ao respeito mútuo.
» Não se conjuga a Diversidade Cultural na primeira
pessoa do singular mas na sua intersecção
19. O que é proteger e promover
a diversidade cultural ?
20. » Desenvolver políticas, programas e ações
transversais que afetem a dimensão
antropológica da cultura e não apenas sua
dimensão artística
» Isso é importante para garantir as
condições de continuarmos diferentes.
21. » desencadear por meio de políticas,
programas e projetos, processos dialógicos
em 3 dimensões:
X
22. • Reafirmação identitária e
política de si e dos iguais
• A descoberta do outro e a
troca que permite a
fertilização de uma cultura
pela outra
• A construção do nós, que
assegura a tradução de uma
cultura para várias outras
culturas e, assim, a descoberta
da universalidade.
23. Como fazer para articular a diversidade cultural e
o desenvolvimento humano?
Toma-la como como BEM mas também como
RECURSO.
O que isso implica ?
2
III
25. Como mostra o Relatório da
Unesco (Investir na diversidade
e no diálogo intercultural) as
tradições reinventam a si
mesmas.
Daí a necessidade de se
pensar a diversidade
cultural em suas relações
com as mudanças, as
inovações e as trocas e
influencias mútuas.
26. A articulação proposta impõe a
necessidade de articular a proteção,
especialmente das práticas e
expressões em perigo de extinção,
com
a promoção especialmente sensível
às
mudanças.
27. A experiência cultural contemporânea é
marcada pelo deslocamento, pela
mistura, pelo hibridismo.
Promover a diversidade é promover a
relação entre polos e processos e não a
conservação do passado.
28. Articular diversidade cultural e o
desenvolvimento, é enfrentar o
desafio de relacionar nossas
raízes e nossas antenas de forma
a equilibrar contextos de
inovação e tradições.
Tanto o novo quanto o tradicional
são fontes que alimentam a
diversidade.
29. Essa articulação deve considerar novos
modelos de criação, produção, circulação e
consumo de bens culturais que não mais
cabem na equação centro e periferia,
popular e erudito, tradicional e
contemporâneo
30. Mas é preciso ter cuidado...
» Uma face aponta para a riqueza da
interculturalidade;
» Outra para os perigos da padronização e
exotização das diferenças pelo mercado,
seja ele convencional ou não;
31. IV
Mas o que é desenvolvimento humano ?
• Processo de mudança social e econômica em termos de
potencialidades e capacidades do ser humano;
• Que assegura liberdade social, econômica e política;
• Que garante oportunidades de saúde, educação,
criação;
• Que assegura os direitos humanos.
32. Desenvolvimento que articula e equilibra
Capital Natural
Capital
Construído
Capital
Humano
Capital Social
Fonte Banco Mundial
33. Um conjunto de valores e atitudes que se revelam através:
• do grau de confiança existente entre os atores sociais de
uma sociedade;
• das atitudes e valores que auxiliam as pessoas a superar
relações conflituosas e competitivas para conformar
relações de cooperação e ajuda mútua, ou seja, de
reciprocidade;
• e das atitudes cidadãs praticadas que fazem a sociedade
mais coesiva e mais do que uma soma de indivíduos
35. SUSTENTABILIDADE,
ou seja, desenvolvimento
que busca integrar
passado, presente e
perspectiva de futuro
EQUILIBRIO entre as
lógicas do simbólico e as
razões de mercado.
Relacioná-las de forma
produtiva, criativa e
respeitosa
REDUÇÃO das
desigualdades locais,
regionais e mundiais e
RESPEITO aos direitos
humanos
CONSOLIDAÇÃO de um
modelo democrático de
participação e decisão
COMPROMISSOS
37. falar de trabalho em rede não é uma questão de
desenvolver uma técnica de entrelaçamento e
conexão, é adotar um novo paradigma.
Trabalho colaborativo é mais do que o uso de
redes sociais
38. Mas o que é REDE ?
(segundo Cássio Martinho, especialista brasileiro no assunto)
• É um modo de organização constituído,
necessariamente, de agentes autônomos que,
interligados, cooperam entre si. São os elementos da
rede.
• Rede é um modelo de organização de pessoas (físicas e
jurídicas) que, em nome de algo superior, um objetivo
consensual, realizam trabalho coletivo, cooperando entre
si.
• A ordem em uma Rede é horizontal, portanto, não
comporta coexistência com hierarquia. A base conceitual
de Rede se funda na contraposição à hierarquia. Este é o
aspecto mais desafiante.
39. • A Rede é um meio de interligar elementos diferentes,
mas a interligação não é gratuita, nem suficiente para
que ela se constitua.
• O que torna a Rede uma realidade é a
horizontalidade e a convergência.
• Toda Rede deve ser uma rede de informação,
intercâmbio de informações e práticas : uma
comunidade de práticas...
40. • O pressuposto básico da Rede, segundo Cassio
Martinho, é que a união de esforços individuais criará
um conjunto mais forte do que a mera soma dos
esforços individuais, ocorrendo sinergia.
• À medida que os atores trocam informação e
compartilham capacidades, a rede se torna mais
poderosa e os processos fluem melhor por ela.
41. Redes efetivas realizam a experiência de:
• Substituir a hierarquia pela horizontalidade
• Potencializar a emergência de novos talentos e
valores
• Fomentar a inovação e a criatividade
• Reunir diferentes que pactuam objetivos e métodos
comuns
42. • Redes não são realidades naturais,
mas projetos construídos através de
pactos e informação, mas também
de atitudes e práticas.
43. Protagonismo com ética
Penso que o modelo econômico que melhor se adequa a este
projeto de articulação entre cultura, diversidade e
desenvolvimento é o da economia solidária
• Um conjunto de atividades econômicas – de produção,
distribuição, consumo, poupança e crédito – organizadas e
realizadas solidariamente sob a forma coletiva e
autogestionária.
• Possui 4 importantes características:
44.
45. Cooperação
Existência de interesses e objetivos comuns,
união dos esforços e capacidades,
propriedade coletiva parcial ou total de bens,
partilha dos resultados e responsabilidade
solidária diante das dificuldades.
46. Autogestão
Exercício de práticas participativas de
autogestão nos processos de trabalho, nas
definições estratégicas e cotidianas dos
empreendimentos, na direção e coordenação
das ações nos seus diversos graus e interesses.
47. Viabilidade Econômica
Agregação de esforços, recursos e
conhecimentos para viabilizar as iniciativas
coletivas de produção, prestação de serviços,
beneficiamento, crédito, comercialização e
consumo.
48. Solidariedade
Preocupação permanente com a justa
distribuição dos resultados e a melhoria das
condições de vida de participantes.
Comprometimento com o meio ambiente
saudável e com a comunidade, com
movimentos emancipatórios e com o bem
estar de quem produz e quem consome.
49. Como ensina Edgard Morin,
vivemos num tempo onde o
cheio provoca o oco, a
saciedade gera a angústia, o
permanente é trocado pelo
atual, o "mais novo".
Quais são os compromissos e
desafios de um agente,
produtor, gestor cultural ?
50. Referências
BARROS, José Marcio, OLIVEIRA JR. Pensar e Agir com a Cultura –
Desafios da gestão cultural. BH: Observatório da Diversidade
Cultural, 2011.
KLIKSBERG, Bernardo; VALENZUELA, Sandra Trabucco Falácias e
mitos do desenvolvimento social Editora Cortez, 2001,
MARTINHO, Cássio. Redes: uma introdução às dinâmicas da
conectividade e da auto-organização. WWF-Brasil, 2003.
UNESCO, Relatório Investir na diversidade e no diálogo
intercultural, 2012