Este documento descreve a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson, que inclui oito estágios ao longo da vida, cada um caracterizado por uma crise psicossocial central. Explica como Erikson se diferenciou de Freud e Piaget ao considerar o desenvolvimento ao longo de toda a vida, e resumo os principais estágios e crises psicossociais.
2. Erikson nasceu em 1902, na Alemanha, e fixou-se nos EUA
desde 1933, tendo lecionado em várias universidades.
Formou-se em Psicanálise no Instituto de Viena mas
assumiu uma atitude crítica relativamente a esta corrente:
a psicanálise não dava importância às interações entre o
indivíduo e o meio.
Interessou-se pela antropologia na década de 30, tendo
habitado na reserva dos índios Sioux, o que acentuou o seu
interesse pela influência dos fatores sociais no
desenvolvimento do ser humano.
3. Diferenças entre Erikson e Freud/Piaget
Freud e Piaget abordavam o
processo de
desenvolvimento do
nascimento até à
adolescência
Erikson considera que o
desenvolvimento decorre
desde o nascimento até à
morte através de oito idades,
oito estádios psicossociais.
É a progressão nos estádios
psicossociais que explica o
desenvolvimento da
personali-dade, que
acompanha, portanto, todo
o ciclo de vida.
4. De acordo com a perspetiva de
desenvolvimento de Erikson:
Cada idade ou período de
desenvolvimento é caracterizado por
tarefas específicas (que é necessário
cumprir para se progredir para o
estádio seguinte) e pela experiência
de determinado conflito ou crise.
É através da resolução do conflito, da
crise de cada estádio que o indivíduo
adquire novas capacidades, que se
desenvolve.
A resolução positiva e favorável da
crise constitui uma aquisição positiva
que se manifesta a diferentes níveis:
psicológico, emocional e social.
A teoria de Erikson é uma
conceção psicodinâmica, dado
que considera que o
ajustamento (experiências
positivas) ou desajustamento
(experiências negativas) não
são situações definitivas.
As experiências em fases
subsequentes podem
contrariar as vivências tidas
em idades anteriores.
5. Estádios de Desenvolvimento Psicossocial
1ª Idade – Confiança versus Desconfiança (0-18 meses)
2ª Idade – Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses-3 anos)
3ª Idade – Iniciativa versus Culpa (3-6 anos)
4ª Idade – Indústria versus Inferioridade (6-12 anos)
5ª Idade – Identidade versus Difusão ou Confusão (12-18 anos)
6ª Idade – Intimidade versus Isolamento (18-30 anos)
7ª Idade – Generatividade versus Estagnação (30-60 anos)
8ª Idade – Integridade versus Desespero (após os 65 anos)
6. 1 .a
idade Confiança versas Desconfiança
(0-18 meses)
Este estádio é marcado pela
relação que o bebé estabelece
com a mãe.
Se a relação é compensadora, a
criança sente-se segura,
manifestando uma atitude de
confiança face ao mundo.
Se a relação com a mãe não é
satisfatória, desenvolve
sentimentos que conduzem à
formação de uma atitude de
desconfiança.
A crise deste estádio ocorre entre
o bebé e a mãe.
Questão-base: O meu mundo é
previsível e protetor?
Vertente positiva - sentimento
de confiança relativamente aos
outros e ao meio.
Vertente negativa - suspeita,
medo e insegurança
relativamente aos outros e ao
meio em geral.
7. 2ª idade Autonomia versus Dúvida e Vergonha
(18 meses-3 anos)
Neste estádio, a criança está apta a
explorar ativamente o meio que a
rodeia.
Se for encorajada, desenvolve
autonomia e autossuficiência.
Se for muito protegida e controlada,
desenvolve um sentimento de
dependência, de vergonha em se
expor, de dúvida em relação às suas
capacidades de desenvolver
atividades sozinha.
Depende muito da aprovação das
outras pessoas e apresenta o desejo
manifesto de independência.
Questão base: Sou capaz de
fazer as coisas
sozinho ou preciso de ajuda?
Vertente positiva - sentimento
de autossuficiência.
Vertente negativa - falta de
independência.
8. 3ª idade Iniciativa versus Culpa (3-6 anos)
As crianças tomam iniciativas e
desenvolvem as suas
atividades, sentindo grande
prazer quando obtêm sucesso.
Se não conseguem ou não é
favorecido o desenvolvimento
das suas iniciativas pela
repressão ou punição dos pais,
a criança sente-se culpada por
desejar comportar-se segundo
os seus desejos.
Questão base: Sou bom ou
mau?
Vertente positiva - capacidade
para iniciar ações.
Vertente negativa -
sentimentos de culpabilização
pelo que faz e pelo que
pensa.
9. 4.a
idade Indústria versus Inferioridade (6-12 anos)
Na nossa cultura predominam as
atividades escolares neste estádio.
Se a criança corresponde ao que lhe
é exigido no processo de
aprendizagem, a sua curiosidade é
estimulada bem como o desejo de
aprender.
O sucesso desenvolve nela
sentimentos de autoestima, de
competência (indústria).
Se a criança se sente incapaz de
atingir com sucesso as atividades
escolares, quando os seus
companheiros o atingem, pode
desenvolver um sentimento de
inferioridade, desinvestindo nas
tarefas.
Questão-base: Sou bem-sucedido ou
incompetente?
Vertente positiva - desenvolvimento
do sentido da competência.
Vertente negativa - falta do sentido
de competência; sentimento de
inferioridade.
10. 5.a
idade Identidade versus Difusão ou Confusão
(12-18 anos)
A construção da identidade é a
tarefa fundamental deste estádio.
A identidade constrói-se através da
experimentação de vários papéis
possíveis, o que vai permitir ao
adolescente reconhecer-se como
pessoa única e distinta de todos os
outros.
Se não consegue definir os papéis
que pode ou quer desempenhar,
experimenta uma confusão de
identidade e de papéis.
Integra coerentemente diferentes
papéis e identidades.
É neste estádio que se vive a
experiência da moratória
psicossocial, que consiste no
período de espera e de
experimentação de vários
papéis.
É um período de pausa e
procura de papéis de adulto
que melhor se adequam a si
próprio.
11. Questão-base: Quem sou e o que serei?
Vertente positiva - formação de uma identidade pessoal;
reconhecimento de papéis a seguir.
Vertente negativa - incapacidade de definir papéis a
seguir; indecisão, confusão de papéis.
12. 6.a
idade Intimidade versus Isolamento
(18-30 anos)
Com uma identidade já
construída, o adulto desenvolve
relações de amizade e afeto com
outros.
Geralmente procura uma relação
de intimidade com outra pessoa
que pode envolver um
relacionamento sexual.
Se não consegue estabelecer
esses laços sociais, pode isolar-se,
distanciando-se dos outros.
Questão-base: Partilharei a minha
vida com outra pessoa ou viverei
sozinho?
Vertente positiva –desenvolvimento
de relações de intimidade (relações
amorosas e de amizade).
Vertente negativa - receio de
estabelecimento de relações com os
outros, evitando compromissos.
13. 7.a
idade Generatividade versus Estagnação
(30-60 anos)
Há uma grande vontade de tornar
o mundo melhor, de transmitir
aos mais jovens valores e
propostas num processo de um
compromisso social
(generatividade).
O adulto pode não desenvolver
atividades úteis para os outros,
preocu-pando-se apenas consigo
próprio (estagnação).
Questão-base: Será que faço
alguma coisa que tem realmente
valor? Será que sou um bom
profissional? Serei um bom pai/boa
mãe?
Vertente positiva - contributo
como membro ativo da sociedade;
desenvolvimento de interesses e
atividades produtivas.
Vertente negativa - centração em
si próprio, desinteresse pelos
outros.
14. 8.a
idade Integridade versus Desespero
(após os 65 anos)
O indivíduo avalia a sua vida,
podendo experimentar
sentimentos de satisfação ou de
fracasso.
O sentimento de integridade
ocorre de uma avaliação positiva
da sua vida, aceitando a sua
existência como valiosa.
O desespero resulta de uma
avaliação negativa da sua vida e
da impossibilidade de começar
tudo de novo.
Questão-base: Vivi uma vida
satisfatória ou foi um fracasso?
Vertente positiva - sentimento de
realização face ao passado.
Vertente negativa - sentimento
de que se perderam
oportunidades
importantes.
15. A importância da teoria de Erikson
Um dos mais importantes
contributos deste autor é,
ter perspetivado o
desenvolvimento ao longo
de toda a vida.
Esta conceção contribuiu
sem para o aprofundamento
da investigação sobre a
psicologia do adulto e do
idoso.
A importância dada à infância
e à adolescência na
construção da identidade é
também um aspeto relevante
da sua teoria.
Pode-se afirmar que as
conceções de Erikson
revolucionaram a psicologia
do desenvolvimento.