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Violência doméstica contra mulheres
Luiz Henrique Machado de Aguiar
Doutor em Psicologia Clínica e Cultura – UnB
Professor Universidade Paulista - UNIP
Psicólogo CEAM – SEMDH - GDF
luizhaguiar@gmail.com
DIMENSÔES DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
CONTRA A MULHER
 Fenômeno descrito desde a Antiguidade
 Honra masculina, religiões, ideologias e filosofias
• Mulheres agredidas e mortas no ambiente inviolável do lar
 Há 2500 anos já existiam registros do modelo patriarcal
 Aristóteles (Base da filosofia ocidental)
• Dualismos hierarquizados: Alma/Corpo;
Razão(Masculino)/Emoção(Feminino).
 Passagens da Bíblia
A SEGUNDA ONDA FEMINISTA
 No final da década de 1960 emerge a “segunda onda”
do feminismo
 Extensão da primeira (direitos políticos) + questões da
igualdade entre os sexos e fim da discriminação.
 Associadas às manifestações dos movimentos negros e
homossexuais
 Denúncias / desigualdades de acesso às universidades, ao
mercado de trabalho, desigualdades de salários, assédio moral
e sexual, violência contra as mulheres, etc
A SEGUNDA ONDA FEMINISTA
 Referência o Ano Internacional da Mulher (1975) e a
Década da Mulher (1976-85), ambos promovidos pela
Organização das Nações Unidas - ONU.
 2ª. Onda: Vai além das preocupações sociais e políticas
ao voltar sua atuação também para o campo das
construções teóricas – Contexto Acadêmico
 Problematização do conceito de Gênero
CONCEITUAÇAO DE GÊNERO
 Feministas anglo-saxãs pioneiras em utilizar o termo
gender como distinto de sex
 Incapacidade das teorias existentes - BIOLOGIA E RELIGIÃO - em
explicar as desigualdades históricas entre homens e mulheres.
 Rejeição ao determinismo biológico implícito
 Biologia e diferença não é negada / Ênfase na construção
cultural, social e histórica produzida sobre as
características biológicas
 Scott (1995): ao rejeitar explicitamente explicações essencialmente
biológicas, o termo gênero passa a indicar as construções culturais e
a criação inteiramente social de idéias sobre os papéis adequados
aos homens e às mulheres – expectativas sociais
Ciclo da Violência Doméstica e Familiar
Contra Mulheres
1ª Fase – Construção da Tensão
 Escalada gradual e discreta das agressões - ↑ Intensidade
 Gritos, empurrões, agressões verbais, xingamentos,
ameaças, destruição de objetos e alguns abusos físicos
 Agressor demonstra hostilidade e insatisfação com a
relação
 Agressões ainda não são expressas de forma extrema
 Mulher procura soluções para acalmar o parceiro e controlar
a situação
Guimarães (2009)
2ª Fase – Tensão Máxima
 Descontrole da situação e violências levada ao extremo
 Série de agressões verbais e físicas
 Abuso pode variar de um tapa ao feminicídio
 Fase cessa com a descarga da tensão que gerou as
agressões
 Episódio violento pode levar a uma reconfiguração do
casal
 Separação, denúncias, intervenção de terceiros e/ou
manutenção da relação violenta no estagio seguinte do ciclo
3ª Fase – Lua de Mel
 Reestruturação da relação após uma violência intensa
 Agressor dá assistência à vítima
 Pede desculpas, mostra-se arrependido e com remorsos
 Relata desejo de mudar e promete que não ocorrerão
novos abusos
 Neste momento ele tem a convicção que não será mais violento
 A mulher tenta acreditar e tem a esperança de que ele
realmente tenha a capacidade de mudar
 Esta fase é a responsável pela manutenção da relação!!!!
Ciclo da Violência Doméstica e Familiar
Contra Mulheres
MITOS EM TORNO DA VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
 Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher
 Violência conjugal acontece apenas com pessoas de baixa renda e
pouca instrução
 Homem que bate em mulher é louco
 O álcool é a maior causa da violência conjugal
 Após o casamento os homens cessam a violência
 A mulher continua com o agressor porque gosta de apanhar
FATORES DE RISCO
 Ameaças
 Dependência econômica
 Aspectos culturais e estereótipos de gênero
 Dependência emocional
 Não reconhecimento da violência
 Rede pessoal pobre
 Falta de rede de serviços
FATORES DE PROTEÇÃO
 Independência econômica
 Reconhecimento das violências
 Rede pessoal e familiar significativa
 Reflexão sobre os papéis sociais de gênero
 Rede institucional constituída e articulada
O ciclo da violência doméstica e as
anestesias relacionais nas violências
contra mulheres
Violência doméstica contra mulheres
Luiz Henrique Machado de Aguiar
Doutor em Psicologia Clínica e Cultura – UnB
Professor Universidade Paulista - UNIP
Psicólogo CEAM – SEMDH - GDF
luizhaguiar@gmail.com
Duplo Vínculo
 Conceito cunhado por Gregory Bateson em 1956, EUA
“ ...relacionamentos contraditórios onde são expressados
comportamentos de afeto e agressão simultaneamente, onde ambas
pessoas estão fortemente envolvidas emocionalmente e não
conseguem se desvincular uma da outra” (Bateson, 1956)
 Inicialmente o conceito foi utilizado no estudo da esquizofrenia
 EX: A mãe que diz que ama seu filho porém o negligencia diariamente.
 O marido que logo após bater na esposa pede perdão e se propõe a
reparar através de romantismos.
 O cuidador que ao mesmo tempo que expressa compaixão e atenção a um
paciente também expressa tédio, cansaço e o culpa pela situação.
Fatores necessários para que haja o
duplo vínculo
 (a) Uma pessoa de valor afetivo importante e
com valor de sobrevivência;
 (b) Presença de mensagens paradoxais;
 e (c) Impossibilidade de refletir sobre ou sair da
relação
(Angelim, 2009; Angelim & Diniz, 2010)
Uma pessoa de valor afetivo importante e
com valor de sobrevivência
 É estruturada na crença de não conseguir sobreviver
sem a presença do/a cônjuge
 mesmo quando a relação fica bastante adversa – como no caso
da presença de violência conjugal.
 Papéis sociais de gênero: espera-se da mulher que seja a
cuidadora da família e responsável pelo seu sucesso ou
fracasso
 pedidos de arquivamentos dos processos de violências podem
significar esse apelo cultural de manutenção da família
 Status sociais diferenciados para homens e mulheres
casados em relação aos solteiros
Presença de Mensagens Paradoxais
 três indícios importantes da força das mensagens
paradoxais no contexto da violência:
1. Interpretação do episódio de violência como
demonstração de afeto.
 Essa contradição tem o ciúme como principal
elemento.
 busca mudar e restringir seus próprios
comportamentos para não “provocar” ira; e não se
permite sentir a dor das agressões.
Presença de Mensagens Paradoxais
 O ciúme excessivo não tem como base o amor, mas
o sentimento de insegurança, de controle e de
posse.
 A mulher pode também ver o seu parceiro como um
doente, como um sofredor que precisa ser cuidado.
 Essa interpretação pode aprisioná-la ainda mais à
relação. A separação pode ser vista como
sinônimo de abandono, e a mulher pode sentir-
se extremamente culpada por isso (Guimarães,
2009).
Presença de Mensagens Paradoxais
2 . Justificativas das violências e minimizações das
suas consequências
• Elas explicam as agressões como gestos involuntários ou
atos reflexos do parceiro.
• Atribuem a violência a fatores externos, geralmente ao álcool
e ao uso de outras drogas.
• As violências verbais ou empurrões são vistos como atitudes
do parceiro para evitar agressões maiores.
 Essa é uma das consequências mais graves da violência – o fato de
que a vítima passa a justificar a violência que sofre (Guimarães, 2009).
Presença de mensagens paradoxais
3 . Ambivalência de sentimentos
• Mulheres em situação de violência conjugal tendem a se
sentirem extremamente confusas - não sabem se amam ou
odeiam o parceiro agressor
• Padrão de diversos términos e retornos à relação.
• Terminar e reconciliar a conjugalidade evidencia a coexistência da
expectativa de sair da relação e a esperança de mudança na sua
dinâmica
• A ambivalência de sentimento atinge seu extremo quando ocorre o
paradoxo entre amor e ódio – feminicídio / suicídio
Impossibilidade de Refletir sobre a Relação
 Ciclo da violência (Walker, 1979) - seus altos e baixos
e repetições dificultam a percepção das agressões
 O isolamento social da família também dificulta ou
impossibilita a reflexão sobre a relação
 Isolamento é muito comum em famílias em situação de violência e
ocorre quando a vítima perde ou diminui significativamente o
contato com seus parentes, amigos e comunidade.
 O parceiro geralmente tenta impedir de todas as maneiras que a
mulher estude, trabalhe e circule livremente
 Anestesias relacionais
Anestesias Relacionais
 Cristina Ravazzola (1997) – conceito de DUPLO CEGO
 “Não vemos as coisas para as quais não encontramos nomes.
Tampouco vemos que não as vemos. Acreditamos então sem
esforço que elas não existem. O efeito do ‘duplo-cego’ (...) é
poderoso” (p. 92)
 Anestesia aparece em oposição às reações que seriam
esperadas diante de violência: dor, indignação, raiva, etc.
 Para anestesia ocorrer, é necessário três atores:
 Abusador, vítima e contexto reforçador
Guimarães (2009)
Abusador
 Se sente vítima do comportamento da mulher
 Teme a independência da vítima – sente que deve
controlar as suas ações
 Não percebe os sentimentos da vítima
 Tende a se colocar em posição hierárquica superior a ela
 Acredita que não necessita de ajuda ou apoio
 Acredita que terceiros não devem intervir na dinâmica
da família
Vítima
 Não se vê como protagonista da própria vida
 Crença de que é importante viver para os filhos, marido ...
 Sente-se responsável pelo companheiro, que precisaria de ajuda
 Crê que há algo errado em si, e falha em não controlar o
companheiro – violência sofrida como “mal comportamento”
 Sente vergonha (alheia) e culpa pela violência sofrida
 Anestesia a impede de entra em contato com o seu
sofrimento – com as injustiças e os perigos que corre
 PERDE A NOÇÃO DO PERIGO
Vítima
 A mulher passa a não perceber mais as violências
 Banaliza, pode até rir ao relatar seus dramas
 Provoca raiva, antipatia e desqualificação de quem escuta
 Fenômeno dissociativo-cognitivo
 Ela passa a apresentar lentidão de raciocínio, passividade, falta
de memoria, insegurança, irritabilidade, sonolência, ansiedade,
distúrbios alimentares, etc
 Cefaleias, dores, palpitações, diarreia, insônia, etc
 Negação e minimização da situação – necessita de
intervenção externa para superar as violências sofridas
Contexto Reforçador
 Familiares, vizinhos, amigos, profissionais, etc
 Geralmente essas pessoas têm melhores condições de
ajudar na resolução dos problemas – Rede Social
 Contudo, também podem ser os grandes reforçadores
para a manutenção das violências
 A intervenção de terceiros deve “desanestesiar” o sistema
 Vítima precisa retomar o mal-estar e o medo
 Agressor precisa ter dimensão dos seus atos violentos
 RESPONSABILIZAÇÃO – Reflexão deve ser feita com ambos
Contexto Reforçador
 Ravazzola defende que os profissionais que lidam
com a violência contra mulheres também devem
recuperar o próprio mal-estar
“Cada vez que a negamos ou minimizamos (...) reforçamos
involuntariamente uma lógica que admite que ocorram novos
episódios de violência. Participamos de uma anestesia que os
próprios protagonistas do sistema não registram como tal.
Recuperar o nosso mal-estar é então, um ponto de partida
imprescindível para produzir uma perturbação nesses sistemas
tão estáveis. Acabar com esta cadeia de negações está mais ao
nosso alcance do que ao alcance dos protagonistas. Eles não
podem ver que negam o que negam”
(Guimarães, 2009)
O ciclo da violência doméstica e as
anestesias relacionais nas violências
contra mulheres
Bibliografia Utilizada
 Guimarães, F.L.; Angelim, F.P.; Diniz, G.R.S. (2017). "Mas Ele Diz que me Ama...": Duplo-Vínculo e Nomeação
da Violência Conjugal. Psicologia Teoria e Pesquisa.
file:///C:/Users/luiz.aguiar/Downloads/Mas_Ele_Diz_que_me_Ama_Duplo-Vinculo_e_Nomeacao_da%20(1).pdf
 Guimarães, F.L. (2016) “Ela não precisava chamar a polícia...” : anestesias relacionais e duplo-vínculos na
perspectiva de homens autores de violência conjugal. Tese de Doutorado. Psicologia Clinica e Cultura.
Universidade de Brasília.
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/20983/1/2015_Fabr%c3%adcioLemosGuimar%c3%a3es.pdf
 Aguiar, L.H.M. Intervenções psicossociais e responsabilização com homens autores de violências contra
parceiras íntimas no Distrito Federal, Brasil e em Porto, Portugal. Tese de Doutorado. Psicologia Clinica e
Cultura. Universidade de Brasília.
 Walker, L.E.A. (2017). The battered woman syndrome. 4th edition. Springer Publishing Company.
http://lghttp.48653.nexcesscdn.net/80223CF/springer
static/media/samplechapters/9780826170989/9780826170989_chapter.pdf
O ciclo da violência doméstica e as
anestesias relacionais nas violências
contra mulheres
Luiz Henrique Machado de Aguiar
Doutor em Psicologia Clínica e Cultura – UnB
Professor Universidade Paulista - UNIP
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luizhaguiar@gmail.com

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  • 1. Violência doméstica contra mulheres Luiz Henrique Machado de Aguiar Doutor em Psicologia Clínica e Cultura – UnB Professor Universidade Paulista - UNIP Psicólogo CEAM – SEMDH - GDF luizhaguiar@gmail.com
  • 2. DIMENSÔES DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER  Fenômeno descrito desde a Antiguidade  Honra masculina, religiões, ideologias e filosofias • Mulheres agredidas e mortas no ambiente inviolável do lar  Há 2500 anos já existiam registros do modelo patriarcal  Aristóteles (Base da filosofia ocidental) • Dualismos hierarquizados: Alma/Corpo; Razão(Masculino)/Emoção(Feminino).  Passagens da Bíblia
  • 3. A SEGUNDA ONDA FEMINISTA  No final da década de 1960 emerge a “segunda onda” do feminismo  Extensão da primeira (direitos políticos) + questões da igualdade entre os sexos e fim da discriminação.  Associadas às manifestações dos movimentos negros e homossexuais  Denúncias / desigualdades de acesso às universidades, ao mercado de trabalho, desigualdades de salários, assédio moral e sexual, violência contra as mulheres, etc
  • 4. A SEGUNDA ONDA FEMINISTA  Referência o Ano Internacional da Mulher (1975) e a Década da Mulher (1976-85), ambos promovidos pela Organização das Nações Unidas - ONU.  2ª. Onda: Vai além das preocupações sociais e políticas ao voltar sua atuação também para o campo das construções teóricas – Contexto Acadêmico  Problematização do conceito de Gênero
  • 5. CONCEITUAÇAO DE GÊNERO  Feministas anglo-saxãs pioneiras em utilizar o termo gender como distinto de sex  Incapacidade das teorias existentes - BIOLOGIA E RELIGIÃO - em explicar as desigualdades históricas entre homens e mulheres.  Rejeição ao determinismo biológico implícito  Biologia e diferença não é negada / Ênfase na construção cultural, social e histórica produzida sobre as características biológicas  Scott (1995): ao rejeitar explicitamente explicações essencialmente biológicas, o termo gênero passa a indicar as construções culturais e a criação inteiramente social de idéias sobre os papéis adequados aos homens e às mulheres – expectativas sociais
  • 6. Ciclo da Violência Doméstica e Familiar Contra Mulheres
  • 7. 1ª Fase – Construção da Tensão  Escalada gradual e discreta das agressões - ↑ Intensidade  Gritos, empurrões, agressões verbais, xingamentos, ameaças, destruição de objetos e alguns abusos físicos  Agressor demonstra hostilidade e insatisfação com a relação  Agressões ainda não são expressas de forma extrema  Mulher procura soluções para acalmar o parceiro e controlar a situação Guimarães (2009)
  • 8. 2ª Fase – Tensão Máxima  Descontrole da situação e violências levada ao extremo  Série de agressões verbais e físicas  Abuso pode variar de um tapa ao feminicídio  Fase cessa com a descarga da tensão que gerou as agressões  Episódio violento pode levar a uma reconfiguração do casal  Separação, denúncias, intervenção de terceiros e/ou manutenção da relação violenta no estagio seguinte do ciclo
  • 9. 3ª Fase – Lua de Mel  Reestruturação da relação após uma violência intensa  Agressor dá assistência à vítima  Pede desculpas, mostra-se arrependido e com remorsos  Relata desejo de mudar e promete que não ocorrerão novos abusos  Neste momento ele tem a convicção que não será mais violento  A mulher tenta acreditar e tem a esperança de que ele realmente tenha a capacidade de mudar  Esta fase é a responsável pela manutenção da relação!!!!
  • 10. Ciclo da Violência Doméstica e Familiar Contra Mulheres
  • 11. MITOS EM TORNO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER  Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher  Violência conjugal acontece apenas com pessoas de baixa renda e pouca instrução  Homem que bate em mulher é louco  O álcool é a maior causa da violência conjugal  Após o casamento os homens cessam a violência  A mulher continua com o agressor porque gosta de apanhar
  • 12. FATORES DE RISCO  Ameaças  Dependência econômica  Aspectos culturais e estereótipos de gênero  Dependência emocional  Não reconhecimento da violência  Rede pessoal pobre  Falta de rede de serviços
  • 13. FATORES DE PROTEÇÃO  Independência econômica  Reconhecimento das violências  Rede pessoal e familiar significativa  Reflexão sobre os papéis sociais de gênero  Rede institucional constituída e articulada
  • 14. O ciclo da violência doméstica e as anestesias relacionais nas violências contra mulheres
  • 15. Violência doméstica contra mulheres Luiz Henrique Machado de Aguiar Doutor em Psicologia Clínica e Cultura – UnB Professor Universidade Paulista - UNIP Psicólogo CEAM – SEMDH - GDF luizhaguiar@gmail.com
  • 16. Duplo Vínculo  Conceito cunhado por Gregory Bateson em 1956, EUA “ ...relacionamentos contraditórios onde são expressados comportamentos de afeto e agressão simultaneamente, onde ambas pessoas estão fortemente envolvidas emocionalmente e não conseguem se desvincular uma da outra” (Bateson, 1956)  Inicialmente o conceito foi utilizado no estudo da esquizofrenia  EX: A mãe que diz que ama seu filho porém o negligencia diariamente.  O marido que logo após bater na esposa pede perdão e se propõe a reparar através de romantismos.  O cuidador que ao mesmo tempo que expressa compaixão e atenção a um paciente também expressa tédio, cansaço e o culpa pela situação.
  • 17. Fatores necessários para que haja o duplo vínculo  (a) Uma pessoa de valor afetivo importante e com valor de sobrevivência;  (b) Presença de mensagens paradoxais;  e (c) Impossibilidade de refletir sobre ou sair da relação (Angelim, 2009; Angelim & Diniz, 2010)
  • 18. Uma pessoa de valor afetivo importante e com valor de sobrevivência  É estruturada na crença de não conseguir sobreviver sem a presença do/a cônjuge  mesmo quando a relação fica bastante adversa – como no caso da presença de violência conjugal.  Papéis sociais de gênero: espera-se da mulher que seja a cuidadora da família e responsável pelo seu sucesso ou fracasso  pedidos de arquivamentos dos processos de violências podem significar esse apelo cultural de manutenção da família  Status sociais diferenciados para homens e mulheres casados em relação aos solteiros
  • 19. Presença de Mensagens Paradoxais  três indícios importantes da força das mensagens paradoxais no contexto da violência: 1. Interpretação do episódio de violência como demonstração de afeto.  Essa contradição tem o ciúme como principal elemento.  busca mudar e restringir seus próprios comportamentos para não “provocar” ira; e não se permite sentir a dor das agressões.
  • 20. Presença de Mensagens Paradoxais  O ciúme excessivo não tem como base o amor, mas o sentimento de insegurança, de controle e de posse.  A mulher pode também ver o seu parceiro como um doente, como um sofredor que precisa ser cuidado.  Essa interpretação pode aprisioná-la ainda mais à relação. A separação pode ser vista como sinônimo de abandono, e a mulher pode sentir- se extremamente culpada por isso (Guimarães, 2009).
  • 21. Presença de Mensagens Paradoxais 2 . Justificativas das violências e minimizações das suas consequências • Elas explicam as agressões como gestos involuntários ou atos reflexos do parceiro. • Atribuem a violência a fatores externos, geralmente ao álcool e ao uso de outras drogas. • As violências verbais ou empurrões são vistos como atitudes do parceiro para evitar agressões maiores.  Essa é uma das consequências mais graves da violência – o fato de que a vítima passa a justificar a violência que sofre (Guimarães, 2009).
  • 22. Presença de mensagens paradoxais 3 . Ambivalência de sentimentos • Mulheres em situação de violência conjugal tendem a se sentirem extremamente confusas - não sabem se amam ou odeiam o parceiro agressor • Padrão de diversos términos e retornos à relação. • Terminar e reconciliar a conjugalidade evidencia a coexistência da expectativa de sair da relação e a esperança de mudança na sua dinâmica • A ambivalência de sentimento atinge seu extremo quando ocorre o paradoxo entre amor e ódio – feminicídio / suicídio
  • 23. Impossibilidade de Refletir sobre a Relação  Ciclo da violência (Walker, 1979) - seus altos e baixos e repetições dificultam a percepção das agressões  O isolamento social da família também dificulta ou impossibilita a reflexão sobre a relação  Isolamento é muito comum em famílias em situação de violência e ocorre quando a vítima perde ou diminui significativamente o contato com seus parentes, amigos e comunidade.  O parceiro geralmente tenta impedir de todas as maneiras que a mulher estude, trabalhe e circule livremente  Anestesias relacionais
  • 24. Anestesias Relacionais  Cristina Ravazzola (1997) – conceito de DUPLO CEGO  “Não vemos as coisas para as quais não encontramos nomes. Tampouco vemos que não as vemos. Acreditamos então sem esforço que elas não existem. O efeito do ‘duplo-cego’ (...) é poderoso” (p. 92)  Anestesia aparece em oposição às reações que seriam esperadas diante de violência: dor, indignação, raiva, etc.  Para anestesia ocorrer, é necessário três atores:  Abusador, vítima e contexto reforçador Guimarães (2009)
  • 25. Abusador  Se sente vítima do comportamento da mulher  Teme a independência da vítima – sente que deve controlar as suas ações  Não percebe os sentimentos da vítima  Tende a se colocar em posição hierárquica superior a ela  Acredita que não necessita de ajuda ou apoio  Acredita que terceiros não devem intervir na dinâmica da família
  • 26. Vítima  Não se vê como protagonista da própria vida  Crença de que é importante viver para os filhos, marido ...  Sente-se responsável pelo companheiro, que precisaria de ajuda  Crê que há algo errado em si, e falha em não controlar o companheiro – violência sofrida como “mal comportamento”  Sente vergonha (alheia) e culpa pela violência sofrida  Anestesia a impede de entra em contato com o seu sofrimento – com as injustiças e os perigos que corre  PERDE A NOÇÃO DO PERIGO
  • 27. Vítima  A mulher passa a não perceber mais as violências  Banaliza, pode até rir ao relatar seus dramas  Provoca raiva, antipatia e desqualificação de quem escuta  Fenômeno dissociativo-cognitivo  Ela passa a apresentar lentidão de raciocínio, passividade, falta de memoria, insegurança, irritabilidade, sonolência, ansiedade, distúrbios alimentares, etc  Cefaleias, dores, palpitações, diarreia, insônia, etc  Negação e minimização da situação – necessita de intervenção externa para superar as violências sofridas
  • 28. Contexto Reforçador  Familiares, vizinhos, amigos, profissionais, etc  Geralmente essas pessoas têm melhores condições de ajudar na resolução dos problemas – Rede Social  Contudo, também podem ser os grandes reforçadores para a manutenção das violências  A intervenção de terceiros deve “desanestesiar” o sistema  Vítima precisa retomar o mal-estar e o medo  Agressor precisa ter dimensão dos seus atos violentos  RESPONSABILIZAÇÃO – Reflexão deve ser feita com ambos
  • 29. Contexto Reforçador  Ravazzola defende que os profissionais que lidam com a violência contra mulheres também devem recuperar o próprio mal-estar “Cada vez que a negamos ou minimizamos (...) reforçamos involuntariamente uma lógica que admite que ocorram novos episódios de violência. Participamos de uma anestesia que os próprios protagonistas do sistema não registram como tal. Recuperar o nosso mal-estar é então, um ponto de partida imprescindível para produzir uma perturbação nesses sistemas tão estáveis. Acabar com esta cadeia de negações está mais ao nosso alcance do que ao alcance dos protagonistas. Eles não podem ver que negam o que negam” (Guimarães, 2009)
  • 30. O ciclo da violência doméstica e as anestesias relacionais nas violências contra mulheres
  • 31.
  • 32. Bibliografia Utilizada  Guimarães, F.L.; Angelim, F.P.; Diniz, G.R.S. (2017). "Mas Ele Diz que me Ama...": Duplo-Vínculo e Nomeação da Violência Conjugal. Psicologia Teoria e Pesquisa. file:///C:/Users/luiz.aguiar/Downloads/Mas_Ele_Diz_que_me_Ama_Duplo-Vinculo_e_Nomeacao_da%20(1).pdf  Guimarães, F.L. (2016) “Ela não precisava chamar a polícia...” : anestesias relacionais e duplo-vínculos na perspectiva de homens autores de violência conjugal. Tese de Doutorado. Psicologia Clinica e Cultura. Universidade de Brasília. http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/20983/1/2015_Fabr%c3%adcioLemosGuimar%c3%a3es.pdf  Aguiar, L.H.M. Intervenções psicossociais e responsabilização com homens autores de violências contra parceiras íntimas no Distrito Federal, Brasil e em Porto, Portugal. Tese de Doutorado. Psicologia Clinica e Cultura. Universidade de Brasília.  Walker, L.E.A. (2017). The battered woman syndrome. 4th edition. Springer Publishing Company. http://lghttp.48653.nexcesscdn.net/80223CF/springer static/media/samplechapters/9780826170989/9780826170989_chapter.pdf
  • 33. O ciclo da violência doméstica e as anestesias relacionais nas violências contra mulheres Luiz Henrique Machado de Aguiar Doutor em Psicologia Clínica e Cultura – UnB Professor Universidade Paulista - UNIP Psicólogo CEAM – SEMDH - GDF luizhaguiar@gmail.com