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DEZ PASSOS BÁSICOS
NO ATENDIMENTO AO RN
COM ASFIXIA PERINATAL
Seguir as Diretrizes do Programa de Reanimação Neonatal da
Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN/SBP).
Obter gasometria do cordão / recém-nascido na primeira hora
de vida e realizar exame neurológico na UTI usando uma escala
padrão.
Controlar temperatura durante a reanimação e à admissão na
UTI mantendo o RN em normotermia durante a avaliação.
Realizar acesso venoso central (umbilical) para administração
de líquidos e glicose.
Oferecer uma taxa hídrica diária inicial entre 40-60ml/kg/dia
com ajustes de acordo com balanço hídrico a cada 12h.
Evitar a infusão excessiva de líquido e indicar expansão de
volume somente em situações especiais.
Controlar glicose, sódio, potássio, hemoglobina/hematócrito e
coagulograma/plaquetas a cada 12h no primeiro dia de vida e
depois, a cada 24h. Evite correções rápidas de cálcio.
Controlar adequadamente a pressão arterial.
Fornecer, se necessário, suporte respiratório invasivo, ou não, e
manter SpO2 entre 90-95% com gasometria normal.
Iniciar hipotermia terapêutica nas primeiras 6h de vida se
RN apresentar encefalopatia moderada ou grave, se possível
com neuromonitorização para identificação correta de crises
convulsivas.
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9
10
INSTRUTIVO:
PASSO 1: Siga as boas práticas no parto e nasci-
mento e os passos da Reanimação Neonatal. Pre-
vina a hipotermia: controle a temperatura da sala
de parto (entre 23 e 26ºC), a temperatura da par-
turiente e do recém-nascido (entre 36.5 e 37.5ºC).
PASSO 2: É necessário coleta de gasometria de
cordão ou do RN dentro da primeira hora de vida
em casos de eventos perinatais agudos, suspeita
de insulto hipóxico-isquêmico ou caso necessá-
ria reanimação neonatal. Pacientes com asfixia
perinatal comumente apresentam acidemia grave
ao nascimento (pH<7.0 ou excesso de base <-16).
Entretanto, não é preconizada reposição de bicar-
bonato de sódio, uma vez que estabilizado o qua-
dro hemodinâmico, a acidemia deve ser corrigida
espontaneamente. Uso de bicarbonato de sódio
está associado a diminuição de pH intracelular e
aumento de mortalidade neonatal. É fundamental
que a equipe seja treinada para realizar avaliação
neurológica através de uma escala padrão (ex: Es-
core de Sarnat) para classificação de encefalopa-
tia clínica.
PASSO3:Sigaasnormasdereanimaçãoneonatale
previna a hipotermia / hipertermia na sala de parto
e à admissão na UTI. A avaliação clínica da encefa-
lopatiadeveserfeitacomopacientenormotérmico.
PASSO 4: Trata-se de paciente possivelmente crí-
tico dentro da UTI e é necessário acesso venoso
de calibre adequado após o nascimento. O cate-
ter umbilical arterial pode ser considerado para
facilitar coleta de exames e avaliação invasiva da
pressão arterial (especialmente em casos de ins-
tabilidade hemodinâmica).
PASSO 5: Restrição hídrica inicial é necessária pois
o RN com asfixia tem propensão a retenção de lí-
quidos devido: a) insulto renal agudo (podendo le-
var a necrose tubular aguda); b) comum síndrome
de secreção inapropriada do hormônio antidiurético
(SIADH); c) redução de perdas insensíveis devido a
vasoconstrição em caso de hipotermia terapêutica.
Adequar oferta de líquidos conforme balanço hídri-
co.
PASSO 6: Deve-se evitar expansões volumétricas
devido aos motivos explanados no passo 5. So-
brecarga hídrica está associada a edema cerebral
e aumento de morbidade neonatal. Considerar ex-
pansões volumétricas em caso de hipovolemia do-
cumentada.
PASSO 7: Distúrbios da glicemia (hipo/hiperglice-
mia), hidroeletrolíticos (alteração no nível sérico
de sódio e potássio) são comuns. Hipocalcemia
é comum e ocorre devido aumento da permeabi-
lidade neuronal ao cálcio pelo insulto hipóxico-is-
quêmico (este influxo é um dos mecanismos que
podem levar a apoptose neuronal). Deve-se evitar
reposição intempestiva de cálcio. Avaliar hema-
timetria (frequente anemia em casos de sangra-
mento materno-fetal) e distúrbios de coagulação.
Coleta de coagulogama a cada 24h (em especial
em casos de sangramento ativo), enquanto RN es-
tiver em resfriamento corpóreo pelo risco de dis-
crasia sanguínea. Se necessário, podem ser utili-
zadas hemotransfusões.
PASSO 8: Se apresentar hipotensão, verificar a
função cardíaca com ecocardiograma e conside-
rar consulta com cardiologia. Se preciso, usar uma
amina que aumente a contratilidade cardíaca sem
aumentar a resistência vascular periférica.
PASSO 9: É necessário fazer uso controlado de oxi-
gêniosuplementarevitandohipóxiaehiperóxia(ambas
lesivas ao RN). Suporte ventilatório deve ser provido de
acordo com a necessidade de cada RN. Em muitos ca-
sosondeoRNestáestável,nãoénecessáriointubação
orotraqueal durante o tratamento da asfixia.
PASSO 10: A hipotermia terapêutica, com redução da
temperatura corpórea para 33,5oC por 72h seguido
de reaquecimento lento e gradual (0,2-0,5oC/h) é o
tratamento standard para RN com encefalopatia mo-
derada ou grave e provou reduzir a chance de morte
ou lesões neurológicas graves nesta população. A
asfixia é a principal causa de crises convulsivas em
recém-nascidos e seu tratamento adequado é neces-
sário. Considerando que mais de 80% das crises con-
vulsivas no período neonatal são subclínicas, o uso
de neuromonitorização com EEG contínuo ou EEG de
amplitude integrada (aEEG) é preconizado para cor-
reta identificação e tratamento de crises convulsivas.

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10 passos asfixia neonatal

  • 1. DEZ PASSOS BÁSICOS NO ATENDIMENTO AO RN COM ASFIXIA PERINATAL Seguir as Diretrizes do Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN/SBP). Obter gasometria do cordão / recém-nascido na primeira hora de vida e realizar exame neurológico na UTI usando uma escala padrão. Controlar temperatura durante a reanimação e à admissão na UTI mantendo o RN em normotermia durante a avaliação. Realizar acesso venoso central (umbilical) para administração de líquidos e glicose. Oferecer uma taxa hídrica diária inicial entre 40-60ml/kg/dia com ajustes de acordo com balanço hídrico a cada 12h. Evitar a infusão excessiva de líquido e indicar expansão de volume somente em situações especiais. Controlar glicose, sódio, potássio, hemoglobina/hematócrito e coagulograma/plaquetas a cada 12h no primeiro dia de vida e depois, a cada 24h. Evite correções rápidas de cálcio. Controlar adequadamente a pressão arterial. Fornecer, se necessário, suporte respiratório invasivo, ou não, e manter SpO2 entre 90-95% com gasometria normal. Iniciar hipotermia terapêutica nas primeiras 6h de vida se RN apresentar encefalopatia moderada ou grave, se possível com neuromonitorização para identificação correta de crises convulsivas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
  • 2. INSTRUTIVO: PASSO 1: Siga as boas práticas no parto e nasci- mento e os passos da Reanimação Neonatal. Pre- vina a hipotermia: controle a temperatura da sala de parto (entre 23 e 26ºC), a temperatura da par- turiente e do recém-nascido (entre 36.5 e 37.5ºC). PASSO 2: É necessário coleta de gasometria de cordão ou do RN dentro da primeira hora de vida em casos de eventos perinatais agudos, suspeita de insulto hipóxico-isquêmico ou caso necessá- ria reanimação neonatal. Pacientes com asfixia perinatal comumente apresentam acidemia grave ao nascimento (pH<7.0 ou excesso de base <-16). Entretanto, não é preconizada reposição de bicar- bonato de sódio, uma vez que estabilizado o qua- dro hemodinâmico, a acidemia deve ser corrigida espontaneamente. Uso de bicarbonato de sódio está associado a diminuição de pH intracelular e aumento de mortalidade neonatal. É fundamental que a equipe seja treinada para realizar avaliação neurológica através de uma escala padrão (ex: Es- core de Sarnat) para classificação de encefalopa- tia clínica. PASSO3:Sigaasnormasdereanimaçãoneonatale previna a hipotermia / hipertermia na sala de parto e à admissão na UTI. A avaliação clínica da encefa- lopatiadeveserfeitacomopacientenormotérmico. PASSO 4: Trata-se de paciente possivelmente crí- tico dentro da UTI e é necessário acesso venoso de calibre adequado após o nascimento. O cate- ter umbilical arterial pode ser considerado para facilitar coleta de exames e avaliação invasiva da pressão arterial (especialmente em casos de ins- tabilidade hemodinâmica). PASSO 5: Restrição hídrica inicial é necessária pois o RN com asfixia tem propensão a retenção de lí- quidos devido: a) insulto renal agudo (podendo le- var a necrose tubular aguda); b) comum síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH); c) redução de perdas insensíveis devido a vasoconstrição em caso de hipotermia terapêutica. Adequar oferta de líquidos conforme balanço hídri- co. PASSO 6: Deve-se evitar expansões volumétricas devido aos motivos explanados no passo 5. So- brecarga hídrica está associada a edema cerebral e aumento de morbidade neonatal. Considerar ex- pansões volumétricas em caso de hipovolemia do- cumentada. PASSO 7: Distúrbios da glicemia (hipo/hiperglice- mia), hidroeletrolíticos (alteração no nível sérico de sódio e potássio) são comuns. Hipocalcemia é comum e ocorre devido aumento da permeabi- lidade neuronal ao cálcio pelo insulto hipóxico-is- quêmico (este influxo é um dos mecanismos que podem levar a apoptose neuronal). Deve-se evitar reposição intempestiva de cálcio. Avaliar hema- timetria (frequente anemia em casos de sangra- mento materno-fetal) e distúrbios de coagulação. Coleta de coagulogama a cada 24h (em especial em casos de sangramento ativo), enquanto RN es- tiver em resfriamento corpóreo pelo risco de dis- crasia sanguínea. Se necessário, podem ser utili- zadas hemotransfusões. PASSO 8: Se apresentar hipotensão, verificar a função cardíaca com ecocardiograma e conside- rar consulta com cardiologia. Se preciso, usar uma amina que aumente a contratilidade cardíaca sem aumentar a resistência vascular periférica. PASSO 9: É necessário fazer uso controlado de oxi- gêniosuplementarevitandohipóxiaehiperóxia(ambas lesivas ao RN). Suporte ventilatório deve ser provido de acordo com a necessidade de cada RN. Em muitos ca- sosondeoRNestáestável,nãoénecessáriointubação orotraqueal durante o tratamento da asfixia. PASSO 10: A hipotermia terapêutica, com redução da temperatura corpórea para 33,5oC por 72h seguido de reaquecimento lento e gradual (0,2-0,5oC/h) é o tratamento standard para RN com encefalopatia mo- derada ou grave e provou reduzir a chance de morte ou lesões neurológicas graves nesta população. A asfixia é a principal causa de crises convulsivas em recém-nascidos e seu tratamento adequado é neces- sário. Considerando que mais de 80% das crises con- vulsivas no período neonatal são subclínicas, o uso de neuromonitorização com EEG contínuo ou EEG de amplitude integrada (aEEG) é preconizado para cor- reta identificação e tratamento de crises convulsivas.