O documento descreve o projeto Observatório da Educação no Campo no Rio Grande do Sul, que teve como objetivo qualificar o letramento de professores e estudantes de escolas rurais. O projeto teve impactos positivos nas relações entre escola e universidade, na formação de professores, e na compreensão da educação rural. As atividades do observatório ajudaram a desnaturalizar práticas cotidianas e incentivaram novas abordagens pedagógicas nas escolas participantes.
[Resumo] escolas do campo no estado do rio grande do sul impactos
1. PALUDO, Conceição. ESCOLAS DO CAMPO NO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL: IMPACTOS A PARTIR DO PROJETO OBSERVATÓRIO DA
EDUCAÇAO NO CAMPO. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e
Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas – 2012.
Ester Marcelino Batista
O artigo escolhido buscou relatar, a partir um conjunto de experiências e
vivências, quais foram os principais impactos junto à comunidade e
comunidade acadêmica do Observatório da Educação, a partir do Projeto de
extensão “Realidade das escolas do campo na Região Sul do Brasil:
diagnóstico e intervenção pedagógica com ênfase em letramento e formação
de professores”. Neste relatório são elencados cinco eixos centrais (Relação
Escola Universidade, Educação Básica, Formação de Professores, Pós-
Graduação e Escolas Participantes) e em cada um dos pontos são discutidos
como o observatório pode contribuir na transformação social, a partir de seus
esforços, e como estas experiências modificaram as próprias concepções de
educação do grupo.
Inicialmente, apresenta-se um pequeno histórico de como o grupo foi
sendo concebido dentro da universidade. Seus primeiros contornos foram
traçados em 2003 no Departamento da Geografia, em 2009 o projeto é
retomado pela Faculdade de Educação, até ser finalmente institucionalizado
junto a CAPES em 2011. O projeto tem a validade de quatro anos (2011-2014)
e foi composto por mais duas instituições: UFSC/SC e UTP/PR:
O grupo tem como objetivo central [...] a partir da metodologia da
investigação-ação, contribuir para a qualificação do letramento dos professores
e estudantes das escolas; assim como, por meio da análise dos dados do
IDEB/IDH, obter diagnóstico qualificado da situação das escolas do campo no
Sul do Brasil.
De acordo com o texto redigido pela coordenadora do grupo:
O Observatório da Educação veio somar no trabalho que já se vinha
realizando com as escolas do campo da região e com a Universidade.
2. Ter bolsistas e condições matérias para a realização do trabalho
revelou-se como um grande motivador para a continuidade, porque
objetivamente gera condições para a realização das atividades e
permite projetar, o que é fundamental para significar o trabalho.
A seguir o grupo apresenta de uma forma sucinta quais foram os
impactos do seu trabalho em cada âmbito dos já supracitados.
1. RELAÇÃO ESCOLA UNIVERSIDADE
Destacando suas ações e práticas continuas, o grupo menciona como foi
valorativa presença da própria Universidade dentro do ambiente escolar e
como essa troca foi benéfica para os dois lados. Essa presença permitiu a
aproximação da universidade com a rede pública de educação, mais
especificamente, com a realidade das escolas do campo.
“Essa aproximação abre possibilidades para reconectar o “fio terra‟,
na direção da universidade trabalhar com a escola real, o sujeito real,
enfim com os problemas reais existentes na direção da qualificação
da educação.”
2. EDUCAÇÃO BÁSICA
O segundo ponto mencionou os impactos dos trabalhos realizados
especificamente junto as diferentes comunidades escolares em Pelotas e dos
distritos do município. Aqui se abarca também os esforços das Secretarias
Municipais e Coordenadorias de Educação, ao realizar cursos de formação
continuada e esporádicos, palestras e promoção de eventos específicos.
Dentre as transformações, o grupo destaca a conexão com os professores o
número de professores atingidos diretamente com as ações do grupo:
É reconhecido pelos professores e pelos órgãos gestores da região o
trabalho na direção da socialização desse campo de conhecimento e
de suas implicações na forma de compreender o campo, seus
sujeitos, a escola do campo e as relações para o processo de ensino
e aprendizagem que desenvolve.
3. FORMAÇÃO DE PROFESSORES
3. Nesse quesito reforçam-se os significativos avanços na compreensão da
Educação do Campo por parte dos bolsistas, que serão futuros professores, e
também dos professores e professoras das comunidades rurais:
[...] Principalmente, no que diz respeito a não urbanização da escola
do campo; no estabelecimento, embora ainda insipiente, da relação
entre educação e desenvolvimento sustentável; e na importância da
qualificação teórica e metodológica (interdisciplinaridade, articulação
teoria e prática, domínio de conhecimento específico, planejamento e
adequação cotidiana do mesmo, método de trabalho) do professor no
processo de ensino-aprendizagem.
4. PÓS-GRADUAÇÃO
Neste quarto eixo, os autores salientam a consolidação da Educação do
Campo como um campo do conhecimento científico, bem como as
participações bolsistas da pós-graduação em seminários, encontros e eventos
acadêmicos. Alem disso, salienta-se a profunda melhora na compreensão por
parte dos estudantes sobre as concepções de educação popular, uma vez que
estão indo a campo, então em contato com as comunidades escolares
(professores, funcionários, pais e alunos) e isto abriu aos bolsistas novas
possibilidades de pensar a forma de aprender-ensinar/ensinar-aprender.
O trabalho no Observatório qualifica a formação das mestrandas, que
dele participam, na prática investigativa, apresentando-se como um
preparo para o desenvolvimento da pesquisa na esfera institucional,
tanto na apropriação teórica exigida para a compreensão da dinâmica
particular de cada espaço escolar, quanto no desenvolvimento das
habilidades organizativas e pedagógicas frente à dinâmica de
realização das atividades promovidas pelo Observatório. (p.17)
5. ESCOLAS PARTICIPANTES
Por fim, neste ultimo item são relatadas as diversas experiências que o
observatório realizou em parceria com as escolas e com a secretaria de
educação. Em cada escola foram realizadas oficinas que atendessem as
demandas de cada uma das três escolas citadas ao longo do texto. Ainda, em
uma pequena síntese, o grupo apresenta oito principais captações:
4. Por fim, o grupo apresenta as considerações, brevemente citados a seguir
(PALUDO, 2012):
a) Desnaturalização do/no cotidiano da mesma, através da explicitação dos
problemas da escola;
b) Utilização de instrumentos didáticos diferenciados;
c) Desvelamento do mito entorno da excessiva fragilidade das condições da
escola,
d) Percepção de outras formas de relacionamento entre escola/comunidade e
do papel da família no processo de ensino/aprendizagem;
e) A compreensão sobre a importância de qualificação dos espaços
pedagógicos da escola agrícolas como introdução do trabalho do campo no
contexto da escola;
f) Incidência da cultura escolar, desafiando os professores e favorecendo a
retomada dos estudos do rural;
h) Possibilitam a percepção da escola como uma totalidade: há uma relação
estreita entre os diferentes níveis de ensino, as diferentes áreas de
conhecimento e o ambiente da sala de aula com o ambiente da escola como
um todo.
Ao cabo, o grupo apresenta as considerações finais, dizendo-se muito
contente sobre as atividades realizadas durante o ano, apresentando as
estratégias para o ano seguinte.