1) O documento analisa as perspectivas e desafios do ensino remoto no processo de alfabetização em tempos de pandemia.
2) Discutem-se concepções de alfabetização e como podem ser aplicadas no ensino remoto, considerando suas limitações.
3) Recomenda-se uma flexibilização curricular e investimentos em formação docente para enfrentar os desafios da alfabetização remota.
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
ALFABETIZAÇÃO
1. PREFEITURA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE CAXIAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - SEMECT
CURRÍCULO E ALFABETIZAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: PERSPECTIVAS
E DESAFIOS NO CONTEXTOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS
Coordenação Pedagógica
Profa. Dra. Franc-Lane Sousa Carvalho do Nascimento
2.
3. OBJETIVO
Analisar as perspectivas e desafios do ensino remoto no campo da alfabetização.
Problematizamos as seguintes questões
Como as práticas alfabetizadoras podem/devem acontecer no ERE?
quais as concepções de alfabetização orientam as práticas alfabetizadoras no ERE?
Entendemos que a apropriação dos diferentes usos sociais da escrita no ensino
remoto, visto que a alfabetização pressupõe o ingresso nas culturas do escrito.
4. Alfabetização como um processo pelo qual a criança passa a apropriar-se das
culturas do escrito próprias da sua língua materna.
O ensino de uma língua deve trabalhar os contextos sociais e a diversidade neles
existentes para promoção de reflexões nos participantes desse processo.
O processo de alfabetização demanda o desenvolvimento de possibilidades
necessárias às práticas de leitura e escrita, fala, escuta e a socialização.
Alfabetizar é ensinar uma língua, aquela que o aluno já fala e escuta. Requer
procedimentos de interação e de estratégias que possibilite ao aluno aprender a ler e
escrever, ou seja, inserir nas culturas do escrito.
5. Pires, Ferreira e Lima (2010) nos chamam atenção para as especificidades no
processo de ensinar a língua materna que envolve o aluno e o professor.
As crianças em processo de alfabetização foram destaque no Parecer n. 5/2020, do
Conselho Nacional de Educação (CNE), que trata da reorganização do calendário
escolar, atividades não presenciais e carga horária, para todos os níveis de ensino
da Educação Básica, é assim explicitado no referido parecer:
Existem dificuldades para acompanhar atividades online uma vez que as crianças do
primeiro ciclo encontram-se em fase de alfabetização formal, sendo necessária
supervisão de adulto para realização de atividades. Pode haver atividades
pedagógicas não presenciais com as crianças desta etapa da educação básica,
mesmo considerando a situação mais complexa nos anos iniciais. As atividades
devem ser mais estruturadas, para que se atinja a aquisição das habilidades básicas
do ciclo de alfabetização (BRASIL, 2020, p. 11)
6. Sacristán (2000), o currículo é a referência para fazer a análise do que
a escola faz em relação ao projeto pedagógico e à cultura. Os
currículos, objetivam colaborar com a formação do discente no meio
cultural, formativo e social. A função da escola é socializar o
conhecimento aos alunos por meio de atividades que devem ser
planejadas de acordo com o currículo escolar.
O currículo escolar é constituído pelas experiências organizadas e
realizadas pela escola em torno do conhecimento, é permeado pelas
relações sociais, articulando vivências e saberes dos alunos com os
conhecimentos historicamente acumulados. (PACHECO, 2009)
7. Associação Brasileira de Alfabetização (ABALf), se posicionou sobre ao ensino
remoto destacando a importância da vida: “o direito à vida” (2020, p. 1).
Critica a manutenção do cumprimento das 800horas, pois ressalta que isso “[...] dá
margem para a ampliação de propostas de atividades remotas, mesmo que as redes
e os estudantes não tenham condições para tal” (ABALF, 2020, p. 1).
A ABALf destaca que “[...] a isso soma-se a etapa da alfabetização, que requer
processo específico de interação constante entre professores e alunos, de modo que
as ferramentas digitais apresentam limitação nesse sentido.”
Alfabetizar exige afetividade, interação entre pares, jogos, brincadeiras, leituras,
conversas, dramatizações, registros diversos, livros e outros materiais.
Muitas atividades, associadas às interações entre as crianças e entre as crianças e
os professores, requerem a observação, participação complementação e intervenção
dos professores, para se garantir e ampliar o processo de ensino e aprendizagem.
8. Parecer 11/2020 (BRASIL, 2020, p. 02), reconhece as lacunas na aprendizagem a
partir das atividades não presenciais: “[...] as limitações na capacidade de
implementar atividades não presenciais ao longo do período de isolamento social
poderão afetar de modo desigual as oportunidades de aprendizagem dos alunos”.
Desse modo, a tendência é que os vulneráveis se tornem ainda mais vulneráveis e
continuem sem acesso ao direito de aprendizagem.
Conceito de alfabetização na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL,
2019), responsável pela descrição de competências e habilidades por área de
conhecimento, orienta que as atividades visando a inserção dos estudantes “[...] na
cultura letrada, e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida social”
(BRASIL, 2019, p.13). Ressalta a aquisição do sistema de escrita alfabética, o uso da
leitura e escrita, e suas práticas sociais.
9. Perspectivas e desafios do processo de alfabetização
Na escola a criança tem a oportunidade de participar de situações planejadas com o
propósito de avançar em suas conceitualizações sobre a escrita.
O ensino remoto se configura como única alternativa possível no contexto
pandêmico, não se constitui na melhor alternativa para a alfabetização.
O ERE assegura a manutenção do vínculo das crianças com a escola, mas cerceia
as possibilidades de participação em práticas sociais de leitura e escrita no coletivo
Propor situações de leitura e escrita que de fato façam sentido para as crianças.
Para dirimir as limitações que a distância física impõe, os professores são
convidados a mudar suas práticas com novas metodologias e o uso das TICs.
Sendo necessário uma política de formação de professores que assegure as
condições necessárias para a alfabetização.
10. Os profissionais da educação precisam ressignificar a docência em meio a essa
mudança decenário.
É preocupante as condições em que essa ressignificação precisa acontecer.
A aprendizagem dos alunos se dar, rodeada por um contexto de crise, de perdas e
de incertezas. É nesse contexto que se impõe que a alfabetização aconteça.
Para o ciclo de alfabetização, faz-se necessário uma proposta curricular que valorize
a identidade dos grupos sociais, reconheça as diferenças entre os sujeitos e os
valores culturais da comunidade, respeitando as singularidades.
O processo de leitura como prática social incorpora um conceito bem mais amplo: o
Letramento, que é “[...] o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e
escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou indivíduo como
consequência de ter-se apropriado da escrita” (SOARES, 2012, p. 18).
11. A avaliação faz parte do processo educativo, junto ao trabalho do professor, com os
seus objetivos e planejamento. A partir de uma avaliação traçada com os objetivos
voltados para as aprendizagens a serem desenvolvidas, é possível elaborar novas
propostas e analisar o processo do contexto inserido.
Avaliar na alfabetização é compreender suas facetas e a heterogeneidade desse
sistema, pois as avaliações estão expostas a uma variedade de fatores que
influenciam diretamente nos seus resultados.
As avaliações na alfabetização devem priorizar a produção de conhecimentos pelos
alunos. Pois as relações sociais, se modificam de acordo com a demanda e estudos
que são realizados na área.
12. Reflexões...
O currículo é um conjunto estruturado de disciplinas e atividades, organizado com o
objetivo de possibilitar o alcance de metas propostas em função de um planejamento
educativo. Indica a estruturação dos conhecimentos que integram determinado
domínio do saber, de modo a facilitar o aprendizado.
Para Saviani (1999) nas escolas deve ser trabalhado o currículo clássico, a
educação deve ser para todos, zelando a transmissão-assimilação de conhecimentos
sistematizados. Atividades nucleares distribuídas nos contextos escolares.
Este momento requer:
• flexibilização curricular;
• investimento em formação continuada para os servidores da educação;
• utilização das mídias de forma adequada, facilitando o ensino e a aprendizagem;
• reflexão sobre os processo de alfabetização e avaliação da aprendizagem;
• acompanhamento pedagógico mais sistemático e personalizado;
• entender a importância da nossa função nos contextos educativos e formativos.
13. REFERÊNCIAS
ABALF, Associação Brasileira de Alfabetização. Posicionamento da ABALf sobre a reposição de aulas remotas na Educação Básica.Ofício nº
16/99 –GOE –APLO, 16/04/2020. Disponível em: https://28473cf1-9f63-40b0-b146-f3b3c65a8b23.filesusr.com/ugd/64d1da_
02d84c489f924895a8ceb7ffc60fe062.pdf. Acesso em: 06 ago. 2020.A
LVES, Lynn. Educação Remota: entre a ilusão e a realidade. Revista Interfaces Científicas, Aracajú, v. 8, n. 3, p. 348-365, 2020. Disponível em:
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2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 5, de 28 de abril de 2020. Reorganização do Calendário
Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da
Pandemia da COVID-19. Brasília: DF, 2020a. D.O.U. de 01/06/2020, Seção 1, Pág. 32. 2020a. Disponível em: Acesso em: 1 ago. 2020.
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BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 11, de07 de julho de 2020. Orientações Educacionais para a
Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia. Brasília: DF, 2020b. Disponível em:
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Acesso em: 28 ago. 2020.
PACHECO, José Augusto. Currículo: entre teorias e métodos. In: Cadernos de Pesquisa, v. 39, n. 137, p. 383-400, maio/ago. 2009.
PIRES, Maria das Graças Porto.; FERREIRA, Lúcia Gracia; LIMA, Daniel Fernandes. Al-fabetização, professor alfabetizador e prática
pedagógica. Revista Letra Magna.Ano 06, n. 13, 2º Semestre de 2010. Disponível em: http://www.letramagna.com/Artigo10_13.pdf. Acesso em:
17 ago. 2020.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento em texto didático. São Paulo: Contexto, 2003.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.