Um resumo sobre a 1 lei da termodinamica
A termodinâmica é o ramo da física que estuda as relações de troca entre o calor e o trabalho realizado na transformação de um sistema físico, quando esse interage com o meio externo. Ou seja, ela estuda como a variação da temperatura, da pressão e do volume interfere nos sistemas físicos.
Termodinâmica: Energia, Calor, Trabalho e Funções de Estado
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A termodinâmica estuda a transformação de uma forma de energia em outra, e envolve:
As trocas de energia que acompanham os processos físicos (como mudança de estado
sólido-líquido e líquido-gás, variação de temperatura, pressão e volume) e nos processos
químicos (trocas de energia em reações químicas).
Relaciona diferentes propriedades do sistema (como pressão, temperatura, energia
interna...) e define funções termodinâmicas pelas quais é possível definir uma variável
(pressão, temperatura, volume, etc.) em função de outras.
Para se analisar trocas de energia, precisa-se separar o sistema do resto do universo.
Sistema: porção que isolamos para estudo. Vizinhança: o resto do universo em volta do
sistema.
Sistema fechado: não troca matéria com o ambiente, mas troca energia (na forma de calor ou
trabalho).
Sistema isolado: não troca matéria e nem energia com o ambiente (sistema adiabático).
Energia é a capacidade de se realizar trabalho ou transferir calor.
Trabalho é a energia utilizada para se deslocar um corpo contra uma força oposta.
O trabalho é a transferência de energia por meio do movimento organizado das
moléculas no meio.
Calor é a energia utilizada para aumentar a temperatura de um corpo (corpos trocam energia
na forma de calor devido à diferença de temperatura entre eles).
No nível molecular, calor é a transferência de energia que faz uso do movimento
desordenado das moléculas no meio. Este movimento desordenado chamas-se
movimento térmico, que é diretamente proporcional à temperatura.
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Processo endotérmico: o sistema recebe energia do meio na forma de calor.
Processo exotérmico: o sistema libera energia para o meio na forma de calor.
O calor é um “processo” e não uma “entidade”, ou seja, o calor é a transferência de energia
devido a uma diferença de temperatura.
Energia interna E: a soma de toda energia potencial e cinética dos componentes de um
sistema.
Energia cinética: a energia que um corpo possui devido ao movimento.
Energia potencial é a energia armazenada que surge das atrações e repulsões que um corpo
experimenta em relação a outro corpo.
Energia cinética e potencial se interconvertem de forma a conservar a energia total.
1 J = 1 Kg.m2/s2; 1 caloria é a energia necessária para subir a temperatura de 1 g de massa
de 14,5 °C para 15,5 °C. 1 cal = 4,184 J.
Efinal – Einicial = ΔE = q + w: calor “q” e trabalho “w” são as formas pelas quais o sistema
ganha ou perde energia.
Apenas ΔE (variação da energia interna) do sistema é mensurável, por meio das medidas de
“q” e/ou “w”.
W ou q > 0: trabalho (w) realizado pelo ambiente sobre o sistema, ou calor (q) absorvido
pelo sistema, que aumentam sua energia interna “E” (processo endotérmico) e, desta forma,
sua capacidade de realizar trabalho; w ou q < 0: trabalho realizado pelo sistema sobre o
ambiente, ou calor (q) liberado do sistema para o ambiente, e diminuem sua E (processo
exotérmico).
Primeira lei da termodinâmica: a energia interna de um sistema isolado é constante.
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Expressão matemática da primeira lei: ΔE = q + w.
A energia interna no nível molecular: o teorema de equipartição estima a contribuição do
movimento das moléculas para a energia interna do sistema.
As moléculas possuem graus de liberdade de movimento: vibração, rotação e translação,
cujas contribuições quadráticas para a E são iguais a 1/2kT.
Para o movimento em três dimensões: 3x1/2kT = 3/2NkT ou 3/2nRT (sabendo que R =
Nak e N = nNa). Para um gás monoatômico perfeito
Em(T) = Em(0) + 3/2RT (há somente translação), em que Em(0) = E em T = 0 (ausência de
movimento).
No caso de moléculas, introduz-se a contribuição quadrática dos movimentos de rotação:
▪ Molécula linear: Em(T) = Em(0) + (2 x 1/2kT (rotações) + 3/2kT (translação 3D) =
Em(0) + 5/2RT.
▪ Molécula não linear: Em(T) = Em(0) + (3 x 1/2kT (rotações) + 3/2kT (translação 3D)
= Em(0) + 3RT.
Para que a temperatura de um mol de moléculas não-lineares aumente na mesma
magnitude que um gás monoatômico, é necessário aplicar o dobro de energia.
Tipos de trabalho: expansão, elétrico, extensão de uma mola, etc.
Trabalho de expansão
Quando um gás se expande contra uma força de oposição (a pressão externa) ele realiza
trabalho de expansão: w = - pexAd = - pexΔV, onde A = área do pistão, p = pressão e d =
distância de deslocamento do pistão. “A” vezes “d” = volume “V”. Esta fórmula é válida
para pressão externa constante.
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EXERCÍCIO 1
a. Um gás expande 500 mL contra uma pressão externa de 1,2 atm, sem haver troca de calor.
Quanto trabalho o gás realiza nesta expansão? Qual a mudança de energia interna do sistema?
b. A água se expande quando congela. Quanto trabalho realiza 100 g de água sobre as paredes de
um cano que exerce um pressão de oposição de 1070 atm, ao congelar a 0 °C? As densidades da
água e do gelo a 0°C são 1,00 g.cm-3 e 0,92 g.cm-3, respectivamente. (Resposta: w = - 0,86 kJ).
c. O gás nos quatro cilindros do motor de um carro expande de 0,22 L para 2,2 L em um cliclo.
Assumindo que as engrenagens exercem uma pressão constante de 9,60 atm sobre o gás, quanto
trabalho o motor realiza em um ciclo de combustão?
Processo reversível: pode ser revertido ao estado original por uma mudança infinitesimal em
uma variável (pressão, temperatura ou volume): pressão interna do gás e pressão externa
estão em equilíbrio, ou diferem infinitesimalmente, a cada estágio da expansão.
O trabalho realizado no processo reversível é a área total sob a curva no gráfico:
dw = - pexdV (trabalho realizado em um estágio da expansão)
pex = p
dw = - pdV
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dw = - (nRT/V)dV
Trabalho total realizado por todos os estágios de expansão:
Processo irreversível: expansão contra uma diferença de pressão externa mensurável
(grande) da pressão interna do gás. Ao aumentar infinitesimalmente pex, por exemplo, não
converte a expansão em compressão. O processo ocorre em um único estágio (expande de
uma vez).
O gás realiza menos trabalho ao expandir irreversivelmente, pois a pressão externa neste
processo é sempre menor do que a pressão externa em cada estágio no processo reversível.
EXERCÍCIO 2
a. Um pistão confina 0,100 mol de Ar(g) em um cilindro de 1,00 L, a 25 °C. Dois
experimentos são realizados: (1) O gás expande por um espaço de mais 1,00 L contra uma
pressão externa constante 1,00 atm; e (2) O gás expande reversívelmente e isotermicamente
até o mesmo volume final. Em qual processo o gás realiza mais trabalho? Prove.
b. Um cilindro de 2,00 L de volume contém 0,100 mol de He(g) imerso em um banho de
água a temperatura constante de 30 °C. Em qual processo o sistema realiza mais trabalho:
expansão isotérmica até um volume final de 2,4 L contra uma pressão externa constante de
1,00 atm, ou ao expandir reversível e isotermicamente até o mesmo volume final?
c. Calcule o trabalho realizado quando 50g de ferro reage com ácido clorídrico para produzir
FeCl2(aq) e hidrogênio em (1) um recipiente fechado, de volume fixo; e (2) um béquer
aberto a 25 °C.
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Funções de estado, como energia interna, volume e pressão, não dependem do caminho
seguido pelo processo, apenas das condições que definem o atual estado (temperatura,
pressão, massa, etc.), e ΔE depende, então, apenas do estado inicial e final:
Um gás pode ser expandido de um volume inicial de 10 L a um volume final de 20 L por
dois processos (caminhos) diferentes: expansão contra o vácuo (ΔE = w = q = 0) ou
isotérmica (ΔE = - w = + q). Em ambos os casos, ΔE = 0, mas w e q são diferentes.
Calor e trabalho não são funções de estado. Dependem, portanto, do caminho, ou do
processo de mudança de estado do sistema.
Calorimetria
Expressão geral para a mudança infinitesimal de energia interna do sistema:
dE = dq + dwexp + dwe
Onde dwe é o trabalho extra, de não-expansão.
Um sistema mantido a volume constante não realiza trabalho, portanto, dE = dq, ou para
uma quantidade mensurável de energia, ΔE = qv (qv = mudança de estado a volume
constante).
Ao medir esta quantidade de calor, qv, liberada ou absorvida, medimos a mudança de
energia interna do sistema:
A quantidade de calor é medida pela variação de temperatura, com a bomba calorimétrica
mantida em um banho adiabático de água:
ΔE = q = CvΔT, onde Cv é a capacidade calorífica da bomba calorimétrica.
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Slope of E versus T at constant V: inclinação de E versus T a V constante: a inclinação desta
curva em qualquer E e T, a V constante, é igual à derivada parcial
Cv = (∂U/∂T)VdT
dE = CvdTou ΔE = q = CvΔT (a variação de temperatura que o sistema tem de sofrer para
ganhar ou perder 1 J de calor, a volume constante).
Entalpia
Uma nova função de estado: entalpia é igual à energia transferida (do sistema ou para o
sistema) na forma de calor, quando a pressão é constante.
H = E + pV, onde E = energia interna, pV = trabalho de expansão.
Para uma mudança de estado infinitesimal no sistema:
dH = dE + pdV + Vdp
dH = (dq + dw) + pdV + Vdp
Considerando que o sistema realiza apenas trabalho de expansão dw = -pdV:
dH = dq – pexdV + pdV + Vdp
dH = dq + Vdp
Impondo a condição de que o processo ocorre a pressão constante (Vdp = 0):
dH = dq
Variação da entalpia com temperatura: capacidade calorífica a pressão constante Cp
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Cp = (∂H/∂T)PdT
Assim, dH = CpdTou ΔH = CpΔT (a pressão constante)
Sendo ΔH = qp,
qp = CpΔT (a variação de temperatura que o sistema tem de sofrer para ganhar ou perder 1 J
de calor, a volume constante).
Capacidades caloríficas são propriedades extensivas: 100 g de água possui 100 vezes a
capacidade calorífica de 1 g de água.
Energia interna de um sistema (U) é a soma das energias cinética e potencial das
partículas que constituem um gás
ΔH é a transferência de energia medida em reações químicas que ocorrem a pressão
constante (recipiente aberto à atmosfera).
ΔH > 0, processo endotérmico; ΔH < 0, processo exotérmico.
A variação de energia que acompanha os processos de mudança de estado físico também são
medidas como entalpia (entalpia de vaporização ΔHvap, solidificação ΔHsol., etc.).
As capacidades caloríficas são relacionadas pela expressão:
Cp – Cv = nR ou Cp = nR + Cv
A capacidade calorífica a pressão constante (Cp) é maior do que aquela a volume
constante (Cv) porque parte da energia ganha pelo sistema é perdida como trabalho
no processo a pressão constante (em que o volume é variado). Assim, ΔT neste
processo é menor.
EXERCÍCIO 3
a. A mudança de energia interna molar quando carbonato de cálcio, na forma de calcita,
converte-se em aragonita, é de +0,21 kJ mol-1. Calcule a diferença entre as variações de
entalpia molar e energia interna quando a pressão é de 1,0 bar, dado que as densidades
dos polimorfos são de 2,71 g cm-3 e 2,93 g cm-3, respectivamente.
Usa-se p(densidade) = M/Vm, onde M = massa molar e Vm = volume molar.
o Lembrando que ΔH = ΔU + pΔV, a diferença ΔH – ΔU = -0,28 Pa m3 mol-1 é
muito pequena em sistemas condensados (sólidos), mas a pressões muito altas, o
termo pΔVm não pode ser desprezado.
o A entalpia de um gás perfeito pode ser relacionada à sua energia interna através
da expressão dos gases ideais pV = nRT
ΔH = ΔU + pΔV
ΔH = ΔU + ΔnRT
b. Água é aquecida até a ebulição a uma pressão externa constante de 1,0 atm. Quando uma
corrente elétrica de 0,50 A de uma fonte de 12 V passa por uma resistência, durante 300
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segundos, em contato térmico com a água, 0,798 g de água é vaporizada. Calcule a
variação de energia interna molar ΔEm e entalpia ΔHm no ponto de ebulição (100 °C).
Obs.: 1 Ampére x 1 Volt x 1 segundo = 1 J.
o A energia interna é um pouco menor do que a entalpia (38 < 41 kJ mol-1), devido
ao trabalho realizado pelo vapor de água, ao evaporar, expandindo-se contra a
pressão atmosférica externa.
Termoquímica
As trocas de energia envolvidas nas reações químicas é a variação de entalpia, quando
ocorrem a pressão constante, como na maioria dos casos.
A entalpia padrão é igual à energia transferida na forma de calor a pressão constante.
O estado padrão de uma substância em uma dada temperatura (geralmente a 298,15 K) é sua
forma pura a 1 bar de pressão (1 bar = 100 000 Pa = 0,987 atm).
Equação termoquímica:
ΔvapH° = entalpia padrão de vaporização.
Entalpias padrão de reações químicas (quando os reagentes e produtos estão na forma pura,
nas condições padrão – 1 bar de pressão e 298,15 °C):
Cálculo da variação de entalpia padrão que acompanha uma reação química:
Para uma reação química qualquer A + B → C + D:
A mudança de energia “total” que acompanha um processo que ocorre por um caminho
indireto é a mesma quando o processo ocorre por um caminho direto.
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Lei de Hess: A entalpia padrão de uma reação global é igual à soma das entalpias padrão das
reações individuais em que a reação global é dividida.
EXERCÍCIO 4
a. A entalpia padrão de reação da hidrogenação do propeno é -124 kJ mol-1.
A entalpia padrão de reação da combustão do propano é -2220 kJ mol-1.
Calcule a entalpia padrão da combustão do propeno.
Atkins, pág. 69.
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A energia interna é uma função de estado que depende das varíaveis p (pressão), V (volume)
e T (temperatura).
Ao escrever a energia interna em função de V e T:
A derivada parcial (∂U/∂T)V é a capacidade calorífica a volume constante (Cv).
A outra derivada (∂U/∂V)T é chamada de pressão interna, πt.
dU pode então ser escrita como:
Joule realizou um experimento para provar que, para um gás ideal, πt = 0, porém, para um
gás real, a pressão interna depende das interações intermoleculares.
A energia interna de um gás ideal não depende do volume.