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O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo tiveram início com a publicação do romance
realista Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert, do romance naturalista Thérèse
Raquin, de Émile Zola (1867), e das antologias parnasianas (a partir de 1866).
Os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade, a
face nunca antes revelada, a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e
do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
O escritor Gustave Flaubert, ao publicar Madame Bovary, foi processado por imoralidade,
embora absolvido da acusação, demorou muito para que o público aceitasse sua
perspectiva literária (características dos textos realistas).
O Realismo apresenta características que refletem o momento em que surge. É fiel ao
representar o mundo exterior, analisa as condições políticas, econômicas e sociais que
influenciam os comportamentos individuais e determinam a organização social.
Principais características da estética realista
- Objetivismo
- Retrato fiel da Natureza
- Descrições e adjetivação objetivas, tentando captar o real como ele é
- Linguagem culta e direta
- Mulher não idealizada, mostrada com defeitos e qualidades
- Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais
- Casamento como instituição falida, contrato de interesses e convivências
- Herói problemático, cheio de fraquezas, manias e incertezas
- Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológico
- Personagens trabalhadas psicologicamente
- Universalismo
O Realismo é a expressão cultural da burguesia, de suas preocupações, anseios e
aspirações. É o período de apogeu do romance, pois esse exprime de modo mais
profundo e compreensível o conflito entre o indivíduo e o mundo, entre os amores e a vida
real.
Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século
XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.1 Entre 1850
e 1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se estendeu
pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a
artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar
a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do
passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na
arquitetura.
Índice
[esconder]
 1 Características e contexto histórico
 2 Paralelismo entre Romantismo e Realismo
 3 Artes visuais
o 3.1 Pintura realista
o 3.2 O Realismo na escultura
o 3.3 O Realismo na arquitetura
o 3.4 Teatro e o Realismo
 4 O Realismo na literatura
 5 Realismo no Brasil
 6 Realismo em Portugal
o 6.1 Antecedentes
o 6.2 Surgimento
o 6.3 Implementação cultural
 7 Continuidade e repercussão
o 7.1 Neorrealismo italiano
o 7.2 Realismo Socialista
o 7.3 Recepção
 8 Referências
 9 Ver também
 10 Ligações externas
Características e contexto histórico[editar | editar código-fonte]
Jean-Baptiste Camille Corot,Jovem Garota Lendo,1868,Galeria Nacional de Arte.2
Entende-se por "Realismo Literário" um estilo de escrita que toma a realidade como
princípio orientador de criação artística por meio da palavra. Neste sentido, o Realismo
pode ser percebido em texto de qualquer época, desde as primeiras manifestações da
humanidade até hoje; mas, como movimento relativamente organizado, começou na
segunda metade do século XIX, na França, difundindo-se por todos os países da Europa,
com oposição declarada, ou não, ao sentimento romântico.3 O movimento realista
correspondeu à ascensão da pequena burguesia. O pensamento filosófico que exerceu
mais influência no surgimento do Realismo foi o Positivismo.4 Ao contrário do gosto da alta
burguesia, interessada no jogo vazio das formas artísticas (a "arte pela arte"), motivou-a
uma arte voltada a solução dos problemas sociais, isto é, uma arte "engajada" de
"compromissos", que se colocava também contra o tradicionalismo romântico e procurava
incorporar os descobrimentos científicos de seu tempo. O Naturalismo é uma especie de
prolongamento do Realismo. Não chegaram a ser movimentos literários distintos, tanto é
que muitos autores são simultaneamente realistas e naturalistas, sendo o Naturalismo
cronologicamente posterior ao Realismo.5 6 Para muitos, o Realismo representava uma
alternativa do que era visto como um isolamento ou mesmo um elitismo da vanguarda —
ponto de vista que ganhou apoio a partir da adoção do Realismo Socialista como a forma
oficial de arte da Unidão Soviética. Contudo, outras vozes insistiam em que a vanguarda
possuía um papel a exercer no desenvolvimento de um realismo moderno adequado às
condições do século XX.7
Realismo não só foi moldado como uma importante escola e períodos da história da
literatura, mas também foi uma constante de toda a literatura, a sua primeira formulação
teórica foi o princípio da mimesis na Poética de Aristóteles.8 Em geral, os realistas
retratavam temas e situações em contextos contemporâneos do cotidiano, e tentaram
descrever indivíduos de todas as classes sociais de uma maneira similar.
O idealismo clássico, o emocionalismo romântico e drama foram evitados de forma igual, e
muitas vezes os sórdidos ou não cuidados elementos de temas não foram suavizados ou
omitidos. O realismo social enfatiza a representação da classe trabalhadora, e os tratam
com a mesma seriedade que as outras classes de arte, mas o realismo, como prevenção a
artificialidade, no tratamento das relações humanas e as emoções também eram um
objetivo do Realismo. Tratamentos de assuntos de uma maneira heroica ou sentimental
foram igualmente rejeitados.9
Paralelismo entre Romantismo e Realismo[editar | editar
código-fonte]
Embora alguns manuais de literatura estabeleçam uma grande ruptura entre as propostas
estéticas do Romantismo e do Realismo, acreditasse que é possível considerar que há um
momento de continuidade entre esses dois importantes momentos na história da literatura.
O Romantismo conquistou o direito de registrar e debater os grandes momentos da
história nacional dos países que floresceu; o Realismo, a seu modo, amplificou esse
interesse e trouxe a reflexão sobre a realidade social e política para o centro das narrativas
realistas.10
Romantismo Realismo
Pessoa primeira terceira
Valoriza o que se idealiza e sente o que se é
Artes visuais[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Pintura do realismo
O Realismo fundou uma Escola artística que surgiu no século XIX em reação
ao Romantismo e se desenvolveu baseada na observação da realidade (como contexto
social), narazão e na ciência. O realismo, como movimento artístico do século XIX, que se
caracterizava pela oposição ao idealismo das escolas clássica,11 romântica e acadêmica,
não deve ser confundindo com técnicas realistas de execução de obras de arte, ou seja,
com o esmero do artista em reproduzir as imagens (em artes plásticas) tal qual as vê na
realidade. Técnicas realistas de pintura e de escultura existem desde, ao menos, a
Antiguidade clássica e foram e continuam sendo utilizadas por diversas escolas (como, a
dossurrealistas).
Como movimento artístico, surgiu na França, e sua influência se estendeu a numerosos
países. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais
contra o capitalismo progressivamente mais dominador, ao mesmo tempo em que há um
crescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exatas e
experimentais e pelo progresso técnico. Das influências intelectuais que mais ajudaram no
sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra as
suas idealizações da paixão amorosa. A passagem do Romantismo para o Realismo
corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo.
Pintura realista[editar | editar código-fonte]
O Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, cerca de 1849-50.
Os impressionistas não pintavam temas religiosos, históricos ou relacionados com o que
viesse da imaginação. Na realidade, compartilhavam muitas de usas ideias com o pintor
realista Gustave Courbet. Courbet, porém, queria pintar a realidade árdua da vida
cotidiana, enquanto os impressionistas se concentravam-se em temas agradáveis, belos
ou considerados interessantes. Para eles, essa era a realidade de sua vida: não tinha
nenhuma mensagem social a transmitir.12 O historiador Seymour Slive cita que quando se
discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que
esses artistas quase nunca pintavam seus quadros em exteriores. A prática de fazer
pinturas ao ar livre só se tornou comum noséculo XIX. Em épocas anteriores as pinturas
de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliês.13 A França foi o país europeu
que propôs, desenvolveu e alimentou o Realismo durante todo o período de sua
permeância na literatura, ou seja, ao longo de toda segunda metade do século XIX.
Segundo Massaud Moisés, as artes plasticas francesas foram a primeira manifestação
contra a estética romântica:14
As suas origens situam-se na França e nas artes plásticas: antes que os literários,
os pintores reagiram violentamente contra o Romantismo, a pintura idealista e
imaginativa, não raro feita de memória. E essa reação divisa a primeira
característica do Realismo. Em 1850 e 1853, Gustave Courbet (1818-1877) expõe
duas obras realistas (O Enterro em Ornans e As Banhistas), nas quais procura
traduzir os costumes, o aspecto de sua época, faz arte atual.
A primeira característica divisada por Moisés na pintura daquele momento é
justamente a ênfase dada ao "retrato do real", resultando na insatisfação com a
expressão subjetiva e desfocada do inventário da realidade que os realistas vão
propor a partir daí.14 Principais pintores realistas:15
Jean-François Millet,As Catadoras, 1857.
 Édouard Manet era um artista pivô durante o século XIX. Não só o seu trabalho
crítico foi de princípios realistas, mas sua arte também desempenhou um papel
importante no desenvolvimento do Impressionismo em 1870. Sua obra-prima, Le
déjeuner sur l'herbe (O piquenique no bosque), retrata duas mulheres, uma nua, e
dois homens vestidos desfrutando um tipo de piquenique. Em consonância com os
princípios realistas, Manet baseava todas as figuras de primeiro plano em pessoas
vivendo.16
 Gustave Courbet é a figura principal do movimento realista na arte do século XIX.
Na verdade, Courbet usou o termo Realismoquando exibia suas obras, mesmo
tendo evitado rótulos. A sinceridade dos realistas em examinar seu ambiente levou
a retratação de objetos e imagens que nos últimos séculos artistas tinham
considerado indignas de representação — os mundanos e triviais trabalhadores da
classe operária e os camponeses, e assim por diante. Além disso, realistas
retratavam essas cenas em uma escala e com uma sinceridade e seriedade
anteriormente reservadas à grande pintura histórica.17
 Honoré Daumier trabalhou como balconista de uma livraria, no Palais Royal, um
lugar perfeito para observar todos os passos da vida parisiense. As pessoas que
lá ele observava inspiraram sua carreira posterior de caricatura e seu interesse em
retratar a classe trabalhadora. Ele escolheu retratar a vida urbana. Era litógrafo
assim como pintor e fez muitas litografias para revistas francesas liberais. Pintores
realistas eram muitas vezes políticos radicais que queriam transmitir opiniões
políticas e sociais em suas obras. As caricaturas de Honoré Daumier, por
exemplo, criticaram acidamente a ordem social existente.18 19
 Jean-Baptiste Camille Corot tem sido chamado de o último pintor neoclássico, ele
também tem sido chamado de o primeiro impressionista. Há verdades em ambas
as declarações. Também é verdade que há traços de naturalismo, realismo e
romantismo em suas obras. Ele admirava o estilo mais realista, natural da pintura
de paisagem no início do século dezenove pelo artista, como os pintores
ingleses Richard Bonington e John Constable, que estavam determinados a pintar
o que viam, e que muitas vezes eram pintadas no local, em vez de artisticamente
organizadas paisagens em estúdio.20
 Jean-François Millet
 Théodore Rousseau
O Realismo na escultura[editar | editar código-fonte]
Na escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin. O escultor não se
preocupou com a idealização da realidade.15 Ao contrário, procurou recriar os seres
tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos,
assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica
principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
O Realismo na arquitetura[editar | editar código-fonte]
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas
necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais
ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns,
lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a
nova burguesia.
Teatroe o Realismo[editar | editar código-fonte]
La Dame aux camélias,de Dumas filho (1848).
Com o realismo, problemas do cotidiano das camadas sociais mais baixas ocupam os
palcos. O teatro, inclusive o realista e o naturalista, era definido pelo fato de que não
só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também suplantava a vida
real pela forma dodrama.21 O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-
dia e a linguagem torna-se coloquial. A primeira grande obra dramática realista é A
Dama das Camélias, de fevereiro de 1852, do francês Alexandre Dumas, filho (1824-
1895).22 Essa peça conta a história de uma cortesã que é regenerada pelo amor,
dando ao público a constatação de um mundo real, observado, sem fantasiosas e
lúdicas vivências, e sim, do dia a dia que explica o comportamento dos personagens
apresentados. O realismo teatral francês apresenta a singularidade de
combinar descrição com prescrição. Assim, em Les Filles de Marbre (1853), por
exemplo, Barrière e Thiboust não se contentam em descrever o universo da
prostituição ou os males que uma prostituta pode causar a um jovem inexperiente.
Eles introduzem um raisonneur — personagem típico da comédia realista — que
didaticamente expõe o pensamento dos autores em relação a esse problema social.
Em algumas peças teatrais como Le Mariage d'Olympe (1855), de Augier; De Demi-
monde (1855), de Dumas Filho; eDalila (1857), de Feuillet a prostituição é abordada
com variações sobre o mesmo tema.23 24
Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), citado
como o primeiro grande nome a despontar no Realismo. Em Casa de Bonecas, por
exemplo, trata da situação social da mulher.25 Em obra Espectros, Ibsen desenvolve
um comentário cáustico sobre a moralidade da sociedade norueguesa da época. O
drama foi tratado duramente pelos críticos por abrir completamente a moral da
sociedade ao falar de promiscuidade e doenças venéreas.26 São importantes também
o dramaturgo e escritor russo Máximo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os
Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os
Tecelões.
O Realismo pode ser visto até hoje em dia, em peças teatrais como o Homem da
Faixa Preta e outras.
O Realismo na literatura[editar | editar código-fonte]
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas
desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade.27 Não bastava mostrar
a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram
mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero,
da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos
poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma
objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que
está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um
autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para
tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas
histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever,
analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é
substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram
apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos
comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de
problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do
romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert.28
Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de
Queirós, Charles Dickens.
Realismo no Brasil[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Realismo no Brasil
A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da
economia açucareira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da
Independência. O contexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes
mestres realistas europeus como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo,
propiciaram o surgimento do Realismo no Brasil.
De Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas,Fundação Biblioteca Nacional.
Assim, em 1881, houve um marco na literatura no Brasil, Aluísio Azevedo publica O
Mulato (primeiro romance naturalista brasileiro) eMachado de Assis publica Memórias
Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil).29
Machado de Assis foi um grande crítico e escritor do Realismo e também do
Romantismo no Brasil, suas principais obras foram: Memórias Póstumas de Brás
Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.29 No artigo "Instinto de Nacionalidade"
(1999), Machado critica o principal ponto de honra do Romantismo brasileiro: o tema
nacionalista. Ele vai dizer, em poucas palavras, que para ser brasileiro não é
necessário falar sempre de imagens nacionalistas ou de símbolos — como a natureza
exuberante do Brasil, ou mesmo a figura do índio como marca nacional. Em relação ao
Realismo, Machado sempre se manteve alheio aos preceitos explícitos da Escola.
Para Carlos Fuentes, a produção de Machado de Assis é um verdadeiro milagre no
contexto limitado do realismo latino-americano, pois:
O romance oitocentista hispano-americano, ao contrário, não se atreve a
abandonar um preceituário que constitui o enganoso chamariz da modernidade:
primeiro o romantismo, depois o realismo, por fim o naturalismo. O romantismo,
escreve Machado de Assis, é um cavaleiro que asfaltou o seu próprio corcel "a tal,
ponto que o foi preciso deixá-lo à margem, onde o realismo o veio acha, comido de
lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para seus livros". As
informações absurdas do período das independências pautaram-se em uma
civilização Nescafé: poderíamos ser instantaneamente modernos abolindo o
passado, negando a tradição. O gênio de Machado reside no contrário: não há
criação sem tradição que a nutra, assim como não há tradição sem criação que a
renove.30
Desde o seu início, o realismo brasileiro foi sobre tudo urbano, no mais das rezes
retratando a vida na cidade do Rio de Janeiro, como já fazia em pleno
romantismo, um precursor do realismo, Manuel Antônio de Almeida (1831-1861).
A novela de Manuel Antônio de Almeida ocupa um lugar especial no cenário da
ficção romântica brasileira, graças à sua originalidade, seu único
romance, Memórias de um Sargento de Milícias, publicado em 1852-53 sob a
forma de folhetins, difere em muitos aspectos dos romances comumente
publicados em folhetins do século XIX, o que explica sua franca popularidade na
época, e sua maior aceitação na posteridade. Suas narrações ganharam um
caráter cômico e, ao mesmo tempo, observador, que o aproxima muito do
Realismo, mais com características arcais. Por essas razões Manuel Antônio de
Almeida é considerado um escritor em transição do Romantismo para o Realismo.
Embora ainda pertencendo à época romântica e não podendo ser consideradas
realistas em sentido escrito, as Memórias são, de acordo com Alfredo Bori, "de
franca aderência à realidade média", então "isentas de qualquer traço idealizante"
e recorrem a um "método objetivo de composição".31 32 33
Realismo em Portugal[editar | editar código-fonte]
Antecedentes[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Ultrarromantismo
Os críticos e historiadores identificaram três diferentes momentos na literatura
portuguesa romântica. O primeiro momento é de introdução das novas ideias. Ele
se personifica nas figuras de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António
Feliciano de Castilho. Os três escritores foram aqueles que implementaram a
semente da nova estética, mas que permaneceram bastante ligados às velhas
concepções, ainda embebidos da mentalidade árcade. O segundo momento ficou
conhecido como Ultrarromantismo, período de ápice da estética romântica,
quando se afirma o nome de, entre outros autores, Camilo Castelo Branco. Na
poesia, o Ultrarromantismo viu surgir poetas como Soares de Passos, que
produziram composições marcadas pelo exacerbamento amoroso e pelo exagero
sentimental e subjetivo. O terceiro e ultimo momento do Romantismo é aquele que
assiste à transição para o Realismo. O marco para estas passagens é a polêmica
literária que ficou conhecida como "A Questão Coimbra" ou a "Questão do Bom
Senso e do Bom Gosto".34 O Ultrarromantismo português desenvolveu-se em
torno da cidade do Porto e de Coimbra com origem através da prosa de Camilo
Castelo Branco, e o poeta típico Soares de Passos. Sua obra Ultrarrealista era
considerada 'piegas'. "Noivado do Sepulcro" (Poesias, 1855), uma balada funérea,
completamente distante da realidade portuguesa era a obra mais executada nos
saraus da literários da época. Viam-na como um modismo importado desprovido
de qualquer sentido artístico.35
Surgimento[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Questão Coimbrã
Introdutores do movimento Realista em Portugal
Eça de Queirós
Antero de Quental
A primeira manifestação do Realismo literário em Portugal deu-se inicialmente
após 1865, devido à polêmica Questão Coimbrã e àsConferências do Casino,
como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo de
uma sentimentalidade mórbida.36 Nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do
Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo
gosto de uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o
Romantismo.37 Eça de Queirós é apontado, junto aAntero de Quental, como o
autor que introduz este movimento no país junto ao Naturalismo, sendo o romance
social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Antero de Quental era
o líder dos jovens poetas coimbreses, ele respondeu o texto deAntónio Feliciano
de Castilho, que com seu livro Poema da Mocidade (1865) fazia um posfácio com
duras alusões à geração de jovens da Universiade de Coimbra — especialmente
ao próprio Antero, a Teófilo Braga e Vieira de Castro — com o texto da polêmica
do Bom Senso e Bom Gosto.38 39 Já o realismo literário de Eça de Queirós no
romance O Crime do padre Amado faz uma crítica violenta a vida social
portuguesa, denuncia a corrupção do clero e da hipocrisia dos valores burgueses.
Com exceção de Teófilo Braga, que permaneceu fiel à filosofia positivista, os
realistas evoluíram de uma posição de crítica radical para uma visão mais
humanistas das artes e da literatura.40 41
O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou
Conferências Democráticas do Casino). Nessa nova manifestação da
chamada Geração de 70, os contornos do que seria o Realismo apareceram
desenhados com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada
por Eça de Queirós intitulada O realismo como nova expressão da arte.42 Sob a
influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero de Quental, Eça funde as
teorias de Taine, do determinismo social e dahereditariedade com as posições
estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das letras nacionais e propôs
uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao "espírito dos tempos"
(zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência social, que
pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efectivamente
como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos,
poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia
contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim
contribuir para aperfeiçoar a Humanidade. Com este cientificismo, Eça de Queirós
já situava o Realismo na sua posição extrema de Naturalismo.
Houve reações: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que
ele próprio já tinha defendido posições parecidas.
Implementaçãocultural[editar | editar código-fonte]
A implantação efetiva do Realismo dá-se com a publicação do O Crime do Padre
Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo O Primo Basílio, obras ambas de
Eça,43 que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados
numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos,
aparecendo os factores como o meio, a educação e a hereditariedade a
determinarem o carácter moral das personagens. São romances que têm
afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma
social.
O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio
generalizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polêmica e a oposição
entre Realismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eça
considerando-o antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa.
Chegaram a aparecer panfletos acusando os realistas de desmoralização das
famílias (Carlos Alberto Freire de Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido
às mães).
Camilo Castelo Branco vai parodiar o Realismo com Eusébio Macário (1879) e
voltando a parodiar com A Corja (1880). Mas curiosamente, mesmo através da
paródia, Camilo vai absorver a nova escola, como é nítido na novela A Brasileira
de Prazins. (1882).
Entretanto o paladino do Realismo, Eça, vai desorientar os seus seguidores
ortodoxos com a publicação de O Mandarim. O que faz com que Silva Pinto (1848-
1911) que tinha exposto a teoria da escola realista e elogiado Eça num panfleto
intitulado Do Realismo na Arte, vai agora atacar Eça em Realismos,
ridicularizando o novo estilo deste. Reis Dâmaso, na Revista de Estudos
Livres vai-se insurgir contra a publicação de O Mandarim acusando Eça de ter
atraiçoado o movimento. Estas acusações não eram infundadas porque de facto
Eça já estava a descolar de um realismo ortodoxo para o seu estilo mais pessoal
onde o seu humor e a sua fantasia se aliam num estilo único.
Desde a implantação do Realismo com a conferência de Eça, o movimento logrou
um núcleo de apoiantes que se desmultiplicaram em explicar e defender o seu
credo estético. Esse núcleo resvalou, em geral, para uma posição mais
extremadamente Realista, o Naturalismo, tornando-se ortodoxo e dogmático. Os
defensores dessa posição são José António dos Reis Dâmaso (1850-1895) e Júlio
Lourenço Pinto (1842-1907) autor da Estética naturalista, que pretendia ser um
evangelho do Naturalismo. No entanto esses dois autores são fracos do ponto de
vista literário e totalmente esquecidos hoje em dia.
Aqueles que não enveredaram por posições tão rígidas estão menos esquecidos,
como Luís de Magalhães, que nos deixou O Brasileiro Soares (1886), livro
prefaciado por Eça. Outros nomes são Trindade Coelho, Fialho de
Almeida e Teixeira de Queirós.
Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal.
Em 1893, o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem
experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou
(se é que jamais existiu, a não ser em teoria).
Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal
apresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma
tendênciaestética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A
sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal às influências
estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas literárias e
renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo.
Continuidade e repercussão[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Neorrealismo, Realismo poético francês e Realismo
socialista
Neorrealismo italiano[editar | editar código-fonte]
Captura de uma das cenas de Roma,Cidade Aberta (1945).
O período do pós-guerra na Itália fez com que vários cineastas começassem a
trabalhar com o objetivo de revelar as condições sociais contemporâneas. Essa
tendencia tornou-se conhecida como movimento neorrealista (1942 — 1951).44 O
cinema rodado com atores apanhados pelas ruas, a realidade fixada sem
manipulações e sem preconceitos: essas são algumas fórmulas dentro das quais
se tentou sintetizar a experiência do cinema neorrealista italiano. De fato, um dos
pontos fortes do neorrealismo foi a capacidade de assimilar e adaptar à realidade
italiana modelos cinematográficos e literários diferentes, num clima de frenética
atualização vivida, como a reação ao fechamento da cultura fascista. Entretanto,
as esperanças de florescimento foram desaparecendo. Entre as causas, a
restauração política pós-eleições de 1948. Ela solidificou o polo conservador
representado pelaDemocracia Cristã, que não favorecia um cinema de
oposição.45 Com a exibição de Roma, Città Aperta, em setembro de 1945, o
cinema passa a ocupar um papel de destaque na cultura italiana do pós-guerra. O
protagonista desse renascimento do cinematográfico é o neorrealismo. Luchino
Visconti atribui a paternidade do termo a Mario Serandrei, que o havia empregado
ao se referir a Ossessione (1943), do qual fora montador: "Não sei como poderia
definir esse tipo de cinema se não com o epíteto de 'neo-realístico'". Segundo
outros autores, teria sido cunhado pelo crítico Umberto Barbaro, que o havia
usado ao resenhar o filmeQuai des Brumes, de Marcel Carné, na revista Film, a 5
de junho de 1943. O nome, dessa forma, nascia dois anos antes do que o próprio
fenômeno. Esses dois anos, entretanto, são importantes para o amadurecimento
do neorrealismo, em face dos eventos que se sucederam na península itálica.46
Uma questão que tem sido debatida nos campos das artes e das ciências, mas
que para o cinema em específico tornou-se primordial com o surgimento do
neorrealismo italiano após a Segunda Guerra Mundial, foi a de "como conseguir
aprender o real"? Para os cineastas que desejavam narrar a experiência do
mundo esfacelado do pós-guerra e configurado em termos maniqueístas entre
potências do Ocidente e do mundo soviético, era fundamental criar outras formas
de produção fora do padrão do grande cinema industrial e da narrativa clássica,
porque ela correspondia valores do mundo em que não se acreditava mais.47 No
campo das artes, de acordo com Parente, "nenhum artista se achava abstrato,
ilusionista, quimérico, fantasioso": o que diferencia e o que muda no trabalho dos
artistas seria apenas a realidade. No cinema direto, essa questão estava ligada à
necessidade de empregar uma técnica e métodos que interferissem pouco no real,
tal como os procedimentos adotados em documentário, no qual o som é
sincronizado. Para ele, o rela não tem duplo, no sentido de que ele é singular, ou
seja, é um conjunto de acontecimentos não representativos e de objetos não
identificáveis.48
Realismo Socialista[editar | editar código-fonte]
Na Extensão Azul (1918),de Arkady Rylov.
O realismo socialista é a linguagem estética adotada oficialmente desde os anos
trinta pelos governos da antiga União Soviética e de outros países
comunistas.49 Por ocasião do Primeiro Congresso de Todos os Sindicatos dos
Escritores Soviéticos, realizado em Moscou em 1934, declarou-se que o realismo
socialista deveria ser o estilo artístico oficial da União Soviética.50 Congressos
semelhantes designados às outras artes seguiram-se a ele, proclamando que o
realismo socialista era também o único tipo de arte aceitável. A produção de uma
arte de propaganda ligada à ideologia revolucionária e facilmente apreensível
pelas massas foi encorajada pelo Comité Central do partido bolchevique desde os
primeiros anos após a Revolução de Outubro.49 A partir de 1917, o governo
comunista estava exercendo cada vez mais a centralização e controle da
produção cultural, procedendo então à nacionalização dos museus e das coleções
de arte privadas. A partir de 1934, todos os artistas tiveram de fazer parte do
Sindicato dos Artistas Soviéticos controlado pelo Estado e de criar obras segundo
o modelo aceito. O Realismo Socialista,50 fundado sobre regras gramaticais
rígidas e limitadas, abrangia um espectro temático que incluía cenas populares,
paisagens rurais e urbanas, a representação de atividades cotidianas
do proletariado ou do Exército Vermelho e o retrato (geralmente dos grandes
dirigentes e dos heróis da revolução).49
Os três princípios condutores do realismo socialista foram a lealdade ao partido
(partiinose), a apresentação de uma ideologia correta (ideinost) e a acessibilidade
(narodnost).50O mérito artístico era determinado pelo grau com que uma obra
contribuísse para a construção do socialismo; aquela que não contribuísse tais
requisitos era descartada. Confrontados com este brutal processo de limitação da
liberdade de expressão, grande parte dos artistas ligados aos movimentos de
vanguarda (como o Construtivismo, oRaionismo e o Suprematismo), pioneiros na
produção de uma arte nova, ligada ao nascimento da União Soviética e ao
processo revolucionário, foram levados à emigração. Entre estes contavam-
se Marc Chagall, Naum Gabo (1890-1977), Wassily Kandinsky, Antoine
Pevsner (1886-1962). Este movimento destinava-se a glorificar o Estado e a
celebrar a superioridade de uma nova sociedade sem classes que estava sendo
construída pelos soviéticos.49 50 O realismo de socialista de 1930 estendeu o
principio dapartiinost "a todo domínio da cultura", como observou Henri Arvon,
reduzindo portanto os artistas e escritores à condição de "espectadores dóceis
explicando as decisões políticas do Comitê Central e dos déspotas do partido".51
Recepção[editar | editar código-fonte]
O Realismo Clássico prevaleceu sobre as demais perspectivas até meados de
1970. Nessa década, houve uma reação face às concepções teóricas tradicionais,
por não mais refletirem o cenário internacional.52 A influência do neorrealismo
italiano na inspiração da cinematografia de vários diretores iranianos,
inclusive Abbas Kiarostami e Makhmalbaf, fica claro no depoimento de Kiarostami,
em 1999:
O Cinema italiano mostrou-nos direta e claramente pessoas nas suas vidas
normais, e eu pensei: "até o meu vizinho pode ser herói de um filme, o meu pai
pode ser o centro de um filme". O neorrealismo teve um grande efeito sobre mim
também porque eu era muito nomo (quinze anos).44

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O realismo

  • 1. O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo tiveram início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert, do romance naturalista Thérèse Raquin, de Émile Zola (1867), e das antologias parnasianas (a partir de 1866). Os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade, a face nunca antes revelada, a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos. O escritor Gustave Flaubert, ao publicar Madame Bovary, foi processado por imoralidade, embora absolvido da acusação, demorou muito para que o público aceitasse sua perspectiva literária (características dos textos realistas). O Realismo apresenta características que refletem o momento em que surge. É fiel ao representar o mundo exterior, analisa as condições políticas, econômicas e sociais que influenciam os comportamentos individuais e determinam a organização social. Principais características da estética realista - Objetivismo - Retrato fiel da Natureza - Descrições e adjetivação objetivas, tentando captar o real como ele é - Linguagem culta e direta - Mulher não idealizada, mostrada com defeitos e qualidades - Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais - Casamento como instituição falida, contrato de interesses e convivências - Herói problemático, cheio de fraquezas, manias e incertezas - Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológico - Personagens trabalhadas psicologicamente - Universalismo O Realismo é a expressão cultural da burguesia, de suas preocupações, anseios e aspirações. É o período de apogeu do romance, pois esse exprime de modo mais profundo e compreensível o conflito entre o indivíduo e o mundo, entre os amores e a vida real.
  • 2. Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.1 Entre 1850 e 1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na arquitetura. Índice [esconder]  1 Características e contexto histórico  2 Paralelismo entre Romantismo e Realismo  3 Artes visuais o 3.1 Pintura realista o 3.2 O Realismo na escultura o 3.3 O Realismo na arquitetura o 3.4 Teatro e o Realismo  4 O Realismo na literatura  5 Realismo no Brasil  6 Realismo em Portugal o 6.1 Antecedentes o 6.2 Surgimento o 6.3 Implementação cultural  7 Continuidade e repercussão o 7.1 Neorrealismo italiano o 7.2 Realismo Socialista o 7.3 Recepção  8 Referências  9 Ver também  10 Ligações externas Características e contexto histórico[editar | editar código-fonte]
  • 3. Jean-Baptiste Camille Corot,Jovem Garota Lendo,1868,Galeria Nacional de Arte.2 Entende-se por "Realismo Literário" um estilo de escrita que toma a realidade como princípio orientador de criação artística por meio da palavra. Neste sentido, o Realismo pode ser percebido em texto de qualquer época, desde as primeiras manifestações da humanidade até hoje; mas, como movimento relativamente organizado, começou na segunda metade do século XIX, na França, difundindo-se por todos os países da Europa, com oposição declarada, ou não, ao sentimento romântico.3 O movimento realista correspondeu à ascensão da pequena burguesia. O pensamento filosófico que exerceu mais influência no surgimento do Realismo foi o Positivismo.4 Ao contrário do gosto da alta burguesia, interessada no jogo vazio das formas artísticas (a "arte pela arte"), motivou-a uma arte voltada a solução dos problemas sociais, isto é, uma arte "engajada" de "compromissos", que se colocava também contra o tradicionalismo romântico e procurava incorporar os descobrimentos científicos de seu tempo. O Naturalismo é uma especie de prolongamento do Realismo. Não chegaram a ser movimentos literários distintos, tanto é que muitos autores são simultaneamente realistas e naturalistas, sendo o Naturalismo cronologicamente posterior ao Realismo.5 6 Para muitos, o Realismo representava uma alternativa do que era visto como um isolamento ou mesmo um elitismo da vanguarda — ponto de vista que ganhou apoio a partir da adoção do Realismo Socialista como a forma oficial de arte da Unidão Soviética. Contudo, outras vozes insistiam em que a vanguarda possuía um papel a exercer no desenvolvimento de um realismo moderno adequado às condições do século XX.7 Realismo não só foi moldado como uma importante escola e períodos da história da literatura, mas também foi uma constante de toda a literatura, a sua primeira formulação teórica foi o princípio da mimesis na Poética de Aristóteles.8 Em geral, os realistas retratavam temas e situações em contextos contemporâneos do cotidiano, e tentaram descrever indivíduos de todas as classes sociais de uma maneira similar. O idealismo clássico, o emocionalismo romântico e drama foram evitados de forma igual, e muitas vezes os sórdidos ou não cuidados elementos de temas não foram suavizados ou omitidos. O realismo social enfatiza a representação da classe trabalhadora, e os tratam com a mesma seriedade que as outras classes de arte, mas o realismo, como prevenção a artificialidade, no tratamento das relações humanas e as emoções também eram um
  • 4. objetivo do Realismo. Tratamentos de assuntos de uma maneira heroica ou sentimental foram igualmente rejeitados.9 Paralelismo entre Romantismo e Realismo[editar | editar código-fonte] Embora alguns manuais de literatura estabeleçam uma grande ruptura entre as propostas estéticas do Romantismo e do Realismo, acreditasse que é possível considerar que há um momento de continuidade entre esses dois importantes momentos na história da literatura. O Romantismo conquistou o direito de registrar e debater os grandes momentos da história nacional dos países que floresceu; o Realismo, a seu modo, amplificou esse interesse e trouxe a reflexão sobre a realidade social e política para o centro das narrativas realistas.10 Romantismo Realismo Pessoa primeira terceira Valoriza o que se idealiza e sente o que se é Artes visuais[editar | editar código-fonte] Ver artigo principal: Pintura do realismo O Realismo fundou uma Escola artística que surgiu no século XIX em reação ao Romantismo e se desenvolveu baseada na observação da realidade (como contexto social), narazão e na ciência. O realismo, como movimento artístico do século XIX, que se caracterizava pela oposição ao idealismo das escolas clássica,11 romântica e acadêmica, não deve ser confundindo com técnicas realistas de execução de obras de arte, ou seja, com o esmero do artista em reproduzir as imagens (em artes plásticas) tal qual as vê na realidade. Técnicas realistas de pintura e de escultura existem desde, ao menos, a Antiguidade clássica e foram e continuam sendo utilizadas por diversas escolas (como, a dossurrealistas). Como movimento artístico, surgiu na França, e sua influência se estendeu a numerosos países. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais contra o capitalismo progressivamente mais dominador, ao mesmo tempo em que há um crescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exatas e experimentais e pelo progresso técnico. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra as suas idealizações da paixão amorosa. A passagem do Romantismo para o Realismo corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo. Pintura realista[editar | editar código-fonte]
  • 5. O Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, cerca de 1849-50. Os impressionistas não pintavam temas religiosos, históricos ou relacionados com o que viesse da imaginação. Na realidade, compartilhavam muitas de usas ideias com o pintor realista Gustave Courbet. Courbet, porém, queria pintar a realidade árdua da vida cotidiana, enquanto os impressionistas se concentravam-se em temas agradáveis, belos ou considerados interessantes. Para eles, essa era a realidade de sua vida: não tinha nenhuma mensagem social a transmitir.12 O historiador Seymour Slive cita que quando se discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca pintavam seus quadros em exteriores. A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou comum noséculo XIX. Em épocas anteriores as pinturas de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliês.13 A França foi o país europeu que propôs, desenvolveu e alimentou o Realismo durante todo o período de sua permeância na literatura, ou seja, ao longo de toda segunda metade do século XIX. Segundo Massaud Moisés, as artes plasticas francesas foram a primeira manifestação contra a estética romântica:14 As suas origens situam-se na França e nas artes plásticas: antes que os literários, os pintores reagiram violentamente contra o Romantismo, a pintura idealista e imaginativa, não raro feita de memória. E essa reação divisa a primeira característica do Realismo. Em 1850 e 1853, Gustave Courbet (1818-1877) expõe duas obras realistas (O Enterro em Ornans e As Banhistas), nas quais procura traduzir os costumes, o aspecto de sua época, faz arte atual. A primeira característica divisada por Moisés na pintura daquele momento é justamente a ênfase dada ao "retrato do real", resultando na insatisfação com a expressão subjetiva e desfocada do inventário da realidade que os realistas vão propor a partir daí.14 Principais pintores realistas:15
  • 6. Jean-François Millet,As Catadoras, 1857.  Édouard Manet era um artista pivô durante o século XIX. Não só o seu trabalho crítico foi de princípios realistas, mas sua arte também desempenhou um papel importante no desenvolvimento do Impressionismo em 1870. Sua obra-prima, Le déjeuner sur l'herbe (O piquenique no bosque), retrata duas mulheres, uma nua, e dois homens vestidos desfrutando um tipo de piquenique. Em consonância com os princípios realistas, Manet baseava todas as figuras de primeiro plano em pessoas vivendo.16  Gustave Courbet é a figura principal do movimento realista na arte do século XIX. Na verdade, Courbet usou o termo Realismoquando exibia suas obras, mesmo tendo evitado rótulos. A sinceridade dos realistas em examinar seu ambiente levou a retratação de objetos e imagens que nos últimos séculos artistas tinham considerado indignas de representação — os mundanos e triviais trabalhadores da classe operária e os camponeses, e assim por diante. Além disso, realistas retratavam essas cenas em uma escala e com uma sinceridade e seriedade anteriormente reservadas à grande pintura histórica.17  Honoré Daumier trabalhou como balconista de uma livraria, no Palais Royal, um lugar perfeito para observar todos os passos da vida parisiense. As pessoas que lá ele observava inspiraram sua carreira posterior de caricatura e seu interesse em retratar a classe trabalhadora. Ele escolheu retratar a vida urbana. Era litógrafo assim como pintor e fez muitas litografias para revistas francesas liberais. Pintores realistas eram muitas vezes políticos radicais que queriam transmitir opiniões políticas e sociais em suas obras. As caricaturas de Honoré Daumier, por exemplo, criticaram acidamente a ordem social existente.18 19  Jean-Baptiste Camille Corot tem sido chamado de o último pintor neoclássico, ele também tem sido chamado de o primeiro impressionista. Há verdades em ambas as declarações. Também é verdade que há traços de naturalismo, realismo e romantismo em suas obras. Ele admirava o estilo mais realista, natural da pintura
  • 7. de paisagem no início do século dezenove pelo artista, como os pintores ingleses Richard Bonington e John Constable, que estavam determinados a pintar o que viam, e que muitas vezes eram pintadas no local, em vez de artisticamente organizadas paisagens em estúdio.20  Jean-François Millet  Théodore Rousseau O Realismo na escultura[editar | editar código-fonte] Na escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin. O escultor não se preocupou com a idealização da realidade.15 Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano. O Realismo na arquitetura[editar | editar código-fonte] Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia. Teatroe o Realismo[editar | editar código-fonte] La Dame aux camélias,de Dumas filho (1848). Com o realismo, problemas do cotidiano das camadas sociais mais baixas ocupam os palcos. O teatro, inclusive o realista e o naturalista, era definido pelo fato de que não só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também suplantava a vida real pela forma dodrama.21 O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-
  • 8. dia e a linguagem torna-se coloquial. A primeira grande obra dramática realista é A Dama das Camélias, de fevereiro de 1852, do francês Alexandre Dumas, filho (1824- 1895).22 Essa peça conta a história de uma cortesã que é regenerada pelo amor, dando ao público a constatação de um mundo real, observado, sem fantasiosas e lúdicas vivências, e sim, do dia a dia que explica o comportamento dos personagens apresentados. O realismo teatral francês apresenta a singularidade de combinar descrição com prescrição. Assim, em Les Filles de Marbre (1853), por exemplo, Barrière e Thiboust não se contentam em descrever o universo da prostituição ou os males que uma prostituta pode causar a um jovem inexperiente. Eles introduzem um raisonneur — personagem típico da comédia realista — que didaticamente expõe o pensamento dos autores em relação a esse problema social. Em algumas peças teatrais como Le Mariage d'Olympe (1855), de Augier; De Demi- monde (1855), de Dumas Filho; eDalila (1857), de Feuillet a prostituição é abordada com variações sobre o mesmo tema.23 24 Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), citado como o primeiro grande nome a despontar no Realismo. Em Casa de Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher.25 Em obra Espectros, Ibsen desenvolve um comentário cáustico sobre a moralidade da sociedade norueguesa da época. O drama foi tratado duramente pelos críticos por abrir completamente a moral da sociedade ao falar de promiscuidade e doenças venéreas.26 São importantes também o dramaturgo e escritor russo Máximo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os Tecelões. O Realismo pode ser visto até hoje em dia, em peças teatrais como o Homem da Faixa Preta e outras. O Realismo na literatura[editar | editar código-fonte] Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade.27 Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos. Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.
  • 9. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert.28 Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens. Realismo no Brasil[editar | editar código-fonte] Ver artigo principal: Realismo no Brasil A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economia açucareira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O contexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciaram o surgimento do Realismo no Brasil. De Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas,Fundação Biblioteca Nacional. Assim, em 1881, houve um marco na literatura no Brasil, Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalista brasileiro) eMachado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil).29
  • 10. Machado de Assis foi um grande crítico e escritor do Realismo e também do Romantismo no Brasil, suas principais obras foram: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.29 No artigo "Instinto de Nacionalidade" (1999), Machado critica o principal ponto de honra do Romantismo brasileiro: o tema nacionalista. Ele vai dizer, em poucas palavras, que para ser brasileiro não é necessário falar sempre de imagens nacionalistas ou de símbolos — como a natureza exuberante do Brasil, ou mesmo a figura do índio como marca nacional. Em relação ao Realismo, Machado sempre se manteve alheio aos preceitos explícitos da Escola. Para Carlos Fuentes, a produção de Machado de Assis é um verdadeiro milagre no contexto limitado do realismo latino-americano, pois: O romance oitocentista hispano-americano, ao contrário, não se atreve a abandonar um preceituário que constitui o enganoso chamariz da modernidade: primeiro o romantismo, depois o realismo, por fim o naturalismo. O romantismo, escreve Machado de Assis, é um cavaleiro que asfaltou o seu próprio corcel "a tal, ponto que o foi preciso deixá-lo à margem, onde o realismo o veio acha, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para seus livros". As informações absurdas do período das independências pautaram-se em uma civilização Nescafé: poderíamos ser instantaneamente modernos abolindo o passado, negando a tradição. O gênio de Machado reside no contrário: não há criação sem tradição que a nutra, assim como não há tradição sem criação que a renove.30 Desde o seu início, o realismo brasileiro foi sobre tudo urbano, no mais das rezes retratando a vida na cidade do Rio de Janeiro, como já fazia em pleno romantismo, um precursor do realismo, Manuel Antônio de Almeida (1831-1861). A novela de Manuel Antônio de Almeida ocupa um lugar especial no cenário da ficção romântica brasileira, graças à sua originalidade, seu único romance, Memórias de um Sargento de Milícias, publicado em 1852-53 sob a forma de folhetins, difere em muitos aspectos dos romances comumente publicados em folhetins do século XIX, o que explica sua franca popularidade na época, e sua maior aceitação na posteridade. Suas narrações ganharam um caráter cômico e, ao mesmo tempo, observador, que o aproxima muito do Realismo, mais com características arcais. Por essas razões Manuel Antônio de Almeida é considerado um escritor em transição do Romantismo para o Realismo. Embora ainda pertencendo à época romântica e não podendo ser consideradas realistas em sentido escrito, as Memórias são, de acordo com Alfredo Bori, "de franca aderência à realidade média", então "isentas de qualquer traço idealizante" e recorrem a um "método objetivo de composição".31 32 33 Realismo em Portugal[editar | editar código-fonte] Antecedentes[editar | editar código-fonte]
  • 11. Ver artigo principal: Ultrarromantismo Os críticos e historiadores identificaram três diferentes momentos na literatura portuguesa romântica. O primeiro momento é de introdução das novas ideias. Ele se personifica nas figuras de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho. Os três escritores foram aqueles que implementaram a semente da nova estética, mas que permaneceram bastante ligados às velhas concepções, ainda embebidos da mentalidade árcade. O segundo momento ficou conhecido como Ultrarromantismo, período de ápice da estética romântica, quando se afirma o nome de, entre outros autores, Camilo Castelo Branco. Na poesia, o Ultrarromantismo viu surgir poetas como Soares de Passos, que produziram composições marcadas pelo exacerbamento amoroso e pelo exagero sentimental e subjetivo. O terceiro e ultimo momento do Romantismo é aquele que assiste à transição para o Realismo. O marco para estas passagens é a polêmica literária que ficou conhecida como "A Questão Coimbra" ou a "Questão do Bom Senso e do Bom Gosto".34 O Ultrarromantismo português desenvolveu-se em torno da cidade do Porto e de Coimbra com origem através da prosa de Camilo Castelo Branco, e o poeta típico Soares de Passos. Sua obra Ultrarrealista era considerada 'piegas'. "Noivado do Sepulcro" (Poesias, 1855), uma balada funérea, completamente distante da realidade portuguesa era a obra mais executada nos saraus da literários da época. Viam-na como um modismo importado desprovido de qualquer sentido artístico.35 Surgimento[editar | editar código-fonte] Ver artigo principal: Questão Coimbrã Introdutores do movimento Realista em Portugal Eça de Queirós
  • 12. Antero de Quental A primeira manifestação do Realismo literário em Portugal deu-se inicialmente após 1865, devido à polêmica Questão Coimbrã e àsConferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida.36 Nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo.37 Eça de Queirós é apontado, junto aAntero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país junto ao Naturalismo, sendo o romance social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Antero de Quental era o líder dos jovens poetas coimbreses, ele respondeu o texto deAntónio Feliciano de Castilho, que com seu livro Poema da Mocidade (1865) fazia um posfácio com duras alusões à geração de jovens da Universiade de Coimbra — especialmente ao próprio Antero, a Teófilo Braga e Vieira de Castro — com o texto da polêmica do Bom Senso e Bom Gosto.38 39 Já o realismo literário de Eça de Queirós no romance O Crime do padre Amado faz uma crítica violenta a vida social portuguesa, denuncia a corrupção do clero e da hipocrisia dos valores burgueses. Com exceção de Teófilo Braga, que permaneceu fiel à filosofia positivista, os realistas evoluíram de uma posição de crítica radical para uma visão mais humanistas das artes e da literatura.40 41 O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências Democráticas do Casino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, os contornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo como nova expressão da arte.42 Sob a influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social e dahereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao "espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efectivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a Humanidade. Com este cientificismo, Eça de Queirós já situava o Realismo na sua posição extrema de Naturalismo. Houve reações: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que ele próprio já tinha defendido posições parecidas. Implementaçãocultural[editar | editar código-fonte]
  • 13. A implantação efetiva do Realismo dá-se com a publicação do O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo O Primo Basílio, obras ambas de Eça,43 que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos, aparecendo os factores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o carácter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma social. O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio generalizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polêmica e a oposição entre Realismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eça considerando-o antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa. Chegaram a aparecer panfletos acusando os realistas de desmoralização das famílias (Carlos Alberto Freire de Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido às mães). Camilo Castelo Branco vai parodiar o Realismo com Eusébio Macário (1879) e voltando a parodiar com A Corja (1880). Mas curiosamente, mesmo através da paródia, Camilo vai absorver a nova escola, como é nítido na novela A Brasileira de Prazins. (1882). Entretanto o paladino do Realismo, Eça, vai desorientar os seus seguidores ortodoxos com a publicação de O Mandarim. O que faz com que Silva Pinto (1848- 1911) que tinha exposto a teoria da escola realista e elogiado Eça num panfleto intitulado Do Realismo na Arte, vai agora atacar Eça em Realismos, ridicularizando o novo estilo deste. Reis Dâmaso, na Revista de Estudos Livres vai-se insurgir contra a publicação de O Mandarim acusando Eça de ter atraiçoado o movimento. Estas acusações não eram infundadas porque de facto Eça já estava a descolar de um realismo ortodoxo para o seu estilo mais pessoal onde o seu humor e a sua fantasia se aliam num estilo único. Desde a implantação do Realismo com a conferência de Eça, o movimento logrou um núcleo de apoiantes que se desmultiplicaram em explicar e defender o seu credo estético. Esse núcleo resvalou, em geral, para uma posição mais extremadamente Realista, o Naturalismo, tornando-se ortodoxo e dogmático. Os defensores dessa posição são José António dos Reis Dâmaso (1850-1895) e Júlio Lourenço Pinto (1842-1907) autor da Estética naturalista, que pretendia ser um evangelho do Naturalismo. No entanto esses dois autores são fracos do ponto de vista literário e totalmente esquecidos hoje em dia. Aqueles que não enveredaram por posições tão rígidas estão menos esquecidos, como Luís de Magalhães, que nos deixou O Brasileiro Soares (1886), livro
  • 14. prefaciado por Eça. Outros nomes são Trindade Coelho, Fialho de Almeida e Teixeira de Queirós. Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal. Em 1893, o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou (se é que jamais existiu, a não ser em teoria). Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendênciaestética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal às influências estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo. Continuidade e repercussão[editar | editar código-fonte] Ver artigos principais: Neorrealismo, Realismo poético francês e Realismo socialista Neorrealismo italiano[editar | editar código-fonte] Captura de uma das cenas de Roma,Cidade Aberta (1945). O período do pós-guerra na Itália fez com que vários cineastas começassem a trabalhar com o objetivo de revelar as condições sociais contemporâneas. Essa tendencia tornou-se conhecida como movimento neorrealista (1942 — 1951).44 O cinema rodado com atores apanhados pelas ruas, a realidade fixada sem manipulações e sem preconceitos: essas são algumas fórmulas dentro das quais se tentou sintetizar a experiência do cinema neorrealista italiano. De fato, um dos pontos fortes do neorrealismo foi a capacidade de assimilar e adaptar à realidade italiana modelos cinematográficos e literários diferentes, num clima de frenética atualização vivida, como a reação ao fechamento da cultura fascista. Entretanto, as esperanças de florescimento foram desaparecendo. Entre as causas, a restauração política pós-eleições de 1948. Ela solidificou o polo conservador representado pelaDemocracia Cristã, que não favorecia um cinema de
  • 15. oposição.45 Com a exibição de Roma, Città Aperta, em setembro de 1945, o cinema passa a ocupar um papel de destaque na cultura italiana do pós-guerra. O protagonista desse renascimento do cinematográfico é o neorrealismo. Luchino Visconti atribui a paternidade do termo a Mario Serandrei, que o havia empregado ao se referir a Ossessione (1943), do qual fora montador: "Não sei como poderia definir esse tipo de cinema se não com o epíteto de 'neo-realístico'". Segundo outros autores, teria sido cunhado pelo crítico Umberto Barbaro, que o havia usado ao resenhar o filmeQuai des Brumes, de Marcel Carné, na revista Film, a 5 de junho de 1943. O nome, dessa forma, nascia dois anos antes do que o próprio fenômeno. Esses dois anos, entretanto, são importantes para o amadurecimento do neorrealismo, em face dos eventos que se sucederam na península itálica.46 Uma questão que tem sido debatida nos campos das artes e das ciências, mas que para o cinema em específico tornou-se primordial com o surgimento do neorrealismo italiano após a Segunda Guerra Mundial, foi a de "como conseguir aprender o real"? Para os cineastas que desejavam narrar a experiência do mundo esfacelado do pós-guerra e configurado em termos maniqueístas entre potências do Ocidente e do mundo soviético, era fundamental criar outras formas de produção fora do padrão do grande cinema industrial e da narrativa clássica, porque ela correspondia valores do mundo em que não se acreditava mais.47 No campo das artes, de acordo com Parente, "nenhum artista se achava abstrato, ilusionista, quimérico, fantasioso": o que diferencia e o que muda no trabalho dos artistas seria apenas a realidade. No cinema direto, essa questão estava ligada à necessidade de empregar uma técnica e métodos que interferissem pouco no real, tal como os procedimentos adotados em documentário, no qual o som é sincronizado. Para ele, o rela não tem duplo, no sentido de que ele é singular, ou seja, é um conjunto de acontecimentos não representativos e de objetos não identificáveis.48 Realismo Socialista[editar | editar código-fonte] Na Extensão Azul (1918),de Arkady Rylov. O realismo socialista é a linguagem estética adotada oficialmente desde os anos trinta pelos governos da antiga União Soviética e de outros países comunistas.49 Por ocasião do Primeiro Congresso de Todos os Sindicatos dos
  • 16. Escritores Soviéticos, realizado em Moscou em 1934, declarou-se que o realismo socialista deveria ser o estilo artístico oficial da União Soviética.50 Congressos semelhantes designados às outras artes seguiram-se a ele, proclamando que o realismo socialista era também o único tipo de arte aceitável. A produção de uma arte de propaganda ligada à ideologia revolucionária e facilmente apreensível pelas massas foi encorajada pelo Comité Central do partido bolchevique desde os primeiros anos após a Revolução de Outubro.49 A partir de 1917, o governo comunista estava exercendo cada vez mais a centralização e controle da produção cultural, procedendo então à nacionalização dos museus e das coleções de arte privadas. A partir de 1934, todos os artistas tiveram de fazer parte do Sindicato dos Artistas Soviéticos controlado pelo Estado e de criar obras segundo o modelo aceito. O Realismo Socialista,50 fundado sobre regras gramaticais rígidas e limitadas, abrangia um espectro temático que incluía cenas populares, paisagens rurais e urbanas, a representação de atividades cotidianas do proletariado ou do Exército Vermelho e o retrato (geralmente dos grandes dirigentes e dos heróis da revolução).49 Os três princípios condutores do realismo socialista foram a lealdade ao partido (partiinose), a apresentação de uma ideologia correta (ideinost) e a acessibilidade (narodnost).50O mérito artístico era determinado pelo grau com que uma obra contribuísse para a construção do socialismo; aquela que não contribuísse tais requisitos era descartada. Confrontados com este brutal processo de limitação da liberdade de expressão, grande parte dos artistas ligados aos movimentos de vanguarda (como o Construtivismo, oRaionismo e o Suprematismo), pioneiros na produção de uma arte nova, ligada ao nascimento da União Soviética e ao processo revolucionário, foram levados à emigração. Entre estes contavam- se Marc Chagall, Naum Gabo (1890-1977), Wassily Kandinsky, Antoine Pevsner (1886-1962). Este movimento destinava-se a glorificar o Estado e a celebrar a superioridade de uma nova sociedade sem classes que estava sendo construída pelos soviéticos.49 50 O realismo de socialista de 1930 estendeu o principio dapartiinost "a todo domínio da cultura", como observou Henri Arvon, reduzindo portanto os artistas e escritores à condição de "espectadores dóceis explicando as decisões políticas do Comitê Central e dos déspotas do partido".51 Recepção[editar | editar código-fonte] O Realismo Clássico prevaleceu sobre as demais perspectivas até meados de 1970. Nessa década, houve uma reação face às concepções teóricas tradicionais, por não mais refletirem o cenário internacional.52 A influência do neorrealismo italiano na inspiração da cinematografia de vários diretores iranianos, inclusive Abbas Kiarostami e Makhmalbaf, fica claro no depoimento de Kiarostami, em 1999:
  • 17. O Cinema italiano mostrou-nos direta e claramente pessoas nas suas vidas normais, e eu pensei: "até o meu vizinho pode ser herói de um filme, o meu pai pode ser o centro de um filme". O neorrealismo teve um grande efeito sobre mim também porque eu era muito nomo (quinze anos).44