SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
O RENASCIMENTO EM PORTUGAL
Na impossibilidade de fixar datas mais ou menos precisas, entende-se aqui por
Renascimento em Portugal o período que se prolonga aproximadamente de meados do século
XV até fins do século XVI.
Abrem-se então novos e vastos campos de atividade. A agricultura, a salicultura, a
indústria da pesca e a exportação de vinho, azeite, fruta, cortiça, mel, cera, madeira, sal e
peixe continuam na base da economia nacional, mas vem juntar-se-lhes agora o comércio
intenso de novos produtos: primeiro, o açúcar, o ouro, a malagueta, o marfim; depois, as
especiarias, pérolas, sedas, etc. Surge uma burguesia comercial, que desempenhará papel
importante tanto na Europa como no Ultramar. Ao lado dos estrangeiros, aparecem
mercadores portugueses, que se impõem pelo volume dos seus capitais. Fazem-se fortunas
com certa rapidez. Durante largo tempo, o país tornar-se-á a plataforma entre a Europa e a
África, o Oriente e o Brasil. Adquirem-se novos hábitos de vida, o luxo campeia.
(...)
Pode afirmar-se que o Renascimento português é dominado, em larga medida, pela
expansão ultramarina. A sua marca está bem patente em mais de um domínio. Fernando
Oliveira e João de Barros, nas suas gramáticas, e Gaspar Nicolas, Rui Mendes, e Bento
Fernandes, nos seus tratados de aritmética, vão buscar uma parte dos seus exemplos às
atividades ultramarinas. A Língua é particularmente permeável à sua influência. Enriquece-se
com a introdução de avultado número de termos africanos, brasileiros e sobretudo orientais,
que passarão a ser de uso corrente durante mais ou menos tempo, persistindo alguns até
hoje. A pintura, a arquitetura, a iluminura, a ourivesaria, a porcelana, o mobiliário, a
tapeçaria refletem a sua presença através do mar, da arte náutica, dos povos, fauna e flora
exóticas, de acontecimentos históricos de relevo, do mesmo modo que não está ausente do
Cancioneiro Geral ou da obra de Gil Vicente, Sá de Miranda, Jorge Ferreira de Vasconcelos,
Camões, Frei Heitor Pinto.
(…)
A Europa procura e lê avidamente tudo quanto se publica sobre os novos mundos, da
mesma maneira que se deixa influenciar pela arte náutica ou solicita com frequência os seus
pilotos, cartógrafos e cosmógrafos, pondo-os ao seu serviço. Cria-se uma atitude crítica, com
base na experiência, na observação direta. Desfazem-se lendas persistentes, como a
inexistência de antípodas e de terras inabitadas. Alarga-se o horizonte geográfico.
Continentes e povos são postos em contacto. Dá-se o cruzamento de raças e surge um novo
elemento — o mestiço. Portugal é então um país aberto e procurado. Fidalgos, eruditos,
religiosos, mercadores e soldados são atraídos pela fama da expansão e alistam-se por vezes
nas empresas ultramarinas. Fixam-se na capital e na província tipógrafos, pintores,
arquitetos, escultores de várias nacionalidades e, sobretudo, universitários — espanhóis,
franceses, belgas, ingleses, alemães, italianos —, indicados nalguns casos por antigos
estudantes portugueses. Entrecruzam-se correntes religiosas, importam-se livros e objetos de
arte. Não há exagero em dizer que nasceu uma nova mentalidade.
Luís de Matos, Dicionário da História de Portugal

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.
A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.
A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.Lara Lídia
 
Brasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filéBrasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filémundica broda
 
O império colonial português no século XVIII
O império colonial português no século XVIIIO império colonial português no século XVIII
O império colonial português no século XVIIIanabelasilvasobral
 
Aula 13 - Mineração no Brasil
Aula 13 - Mineração no BrasilAula 13 - Mineração no Brasil
Aula 13 - Mineração no BrasilNatalia Gruber
 
G2 – o ciclo do ouro
G2 – o ciclo do ouroG2 – o ciclo do ouro
G2 – o ciclo do ouroRafael Vasco
 
A corrida do ouro aula oficial (sistema colonial portugues 2)
A corrida do ouro aula oficial  (sistema  colonial portugues 2)A corrida do ouro aula oficial  (sistema  colonial portugues 2)
A corrida do ouro aula oficial (sistema colonial portugues 2)Marcelo Ferreira Boia
 
Mineração - 2º ano
Mineração - 2º anoMineração - 2º ano
Mineração - 2º ano7 de Setembro
 
Mineração - 2º ano
Mineração - 2º anoMineração - 2º ano
Mineração - 2º ano7 de Setembro
 
5.ciclo do ouro no brasil
5.ciclo do ouro no brasil5.ciclo do ouro no brasil
5.ciclo do ouro no brasilvaldeck1
 
A descoberta e a exploração do ouro
A descoberta e a exploração do ouroA descoberta e a exploração do ouro
A descoberta e a exploração do ouroLucas Degiovani
 
O ciclo do ouro
O ciclo do ouroO ciclo do ouro
O ciclo do ouroLuanamelo
 
História - Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da Ericeira
História -  Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da EriceiraHistória -  Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da Ericeira
História - Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da EriceiraSara Silva
 

Mais procurados (19)

A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.
A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.
A mineração no período colonial e as atividades subsidiárias.
 
Aula 6
Aula 6Aula 6
Aula 6
 
Brasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filéBrasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filé
 
Lisboa quinhentista
Lisboa quinhentistaLisboa quinhentista
Lisboa quinhentista
 
O império colonial português no século XVIII
O império colonial português no século XVIIIO império colonial português no século XVIII
O império colonial português no século XVIII
 
Aula 13 - Mineração no Brasil
Aula 13 - Mineração no BrasilAula 13 - Mineração no Brasil
Aula 13 - Mineração no Brasil
 
A história da mineração de ouro no Brasil
A história da mineração de ouro no BrasilA história da mineração de ouro no Brasil
A história da mineração de ouro no Brasil
 
G2 – o ciclo do ouro
G2 – o ciclo do ouroG2 – o ciclo do ouro
G2 – o ciclo do ouro
 
A corrida do ouro aula oficial (sistema colonial portugues 2)
A corrida do ouro aula oficial  (sistema  colonial portugues 2)A corrida do ouro aula oficial  (sistema  colonial portugues 2)
A corrida do ouro aula oficial (sistema colonial portugues 2)
 
História do brasil
História do brasilHistória do brasil
História do brasil
 
Mineração - 2º ano
Mineração - 2º anoMineração - 2º ano
Mineração - 2º ano
 
Mineração - 2º ano
Mineração - 2º anoMineração - 2º ano
Mineração - 2º ano
 
5.ciclo do ouro no brasil
5.ciclo do ouro no brasil5.ciclo do ouro no brasil
5.ciclo do ouro no brasil
 
O ciclo da mineração
O ciclo da mineraçãoO ciclo da mineração
O ciclo da mineração
 
A descoberta do ouro no brasil
A descoberta do ouro no brasilA descoberta do ouro no brasil
A descoberta do ouro no brasil
 
A descoberta e a exploração do ouro
A descoberta e a exploração do ouroA descoberta e a exploração do ouro
A descoberta e a exploração do ouro
 
O ciclo do ouro
O ciclo do ouroO ciclo do ouro
O ciclo do ouro
 
História - Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da Ericeira
História -  Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da EriceiraHistória -  Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da Ericeira
História - Da crise à descoberta do ouro no Brasil. Conde da Ericeira
 
Ciclo do Ouro
Ciclo do OuroCiclo do Ouro
Ciclo do Ouro
 

Destaque

Segurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construçãoSegurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construçãoRobson Peixoto
 
CS Unitec Flap Discs: TRIMTEX
CS Unitec Flap Discs: TRIMTEXCS Unitec Flap Discs: TRIMTEX
CS Unitec Flap Discs: TRIMTEXCS Unitec
 
How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...
How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...
How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...Online Marketing Summit
 
Thank You Letter from Cummings Elementary School
Thank You Letter from Cummings Elementary SchoolThank You Letter from Cummings Elementary School
Thank You Letter from Cummings Elementary SchoolNAF Misawa
 
Jdc financements-statuts
Jdc financements-statutsJdc financements-statuts
Jdc financements-statutsSynhera
 
160317 atelier valorisation_restitution
160317 atelier valorisation_restitution160317 atelier valorisation_restitution
160317 atelier valorisation_restitutionSynhera
 
LA REVOLUCIÓN INDUSTRIAL
LA REVOLUCIÓN INDUSTRIALLA REVOLUCIÓN INDUSTRIAL
LA REVOLUCIÓN INDUSTRIALCarlos
 
Practicas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas rios
Practicas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas riosPracticas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas rios
Practicas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas riosJuan Luis Espinosa Caballero
 
Roundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobile
Roundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobileRoundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobile
Roundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobileTerminalfour
 

Destaque (12)

Segurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construçãoSegurança e saúde na industria da construção
Segurança e saúde na industria da construção
 
CS Unitec Flap Discs: TRIMTEX
CS Unitec Flap Discs: TRIMTEXCS Unitec Flap Discs: TRIMTEX
CS Unitec Flap Discs: TRIMTEX
 
How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...
How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...
How to use Online Marketing Technology to Improve Campaign Performance - Lowe...
 
Meu Alho
Meu AlhoMeu Alho
Meu Alho
 
Thank You Letter from Cummings Elementary School
Thank You Letter from Cummings Elementary SchoolThank You Letter from Cummings Elementary School
Thank You Letter from Cummings Elementary School
 
Jdc financements-statuts
Jdc financements-statutsJdc financements-statuts
Jdc financements-statuts
 
160317 atelier valorisation_restitution
160317 atelier valorisation_restitution160317 atelier valorisation_restitution
160317 atelier valorisation_restitution
 
Autoexame de Mamas - IBCC
Autoexame de Mamas - IBCCAutoexame de Mamas - IBCC
Autoexame de Mamas - IBCC
 
LA REVOLUCIÓN INDUSTRIAL
LA REVOLUCIÓN INDUSTRIALLA REVOLUCIÓN INDUSTRIAL
LA REVOLUCIÓN INDUSTRIAL
 
Practicas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas rios
Practicas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas riosPracticas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas rios
Practicas corregidas Tema 6 2º Bachillerato cuencas hidrodráficas rios
 
Java
JavaJava
Java
 
Roundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobile
Roundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobileRoundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobile
Roundhouse Digital: Responsive Sites- Not just looking good on a mobile
 

Semelhante a O Renascimento em Portugal: expansão ultramarina e nova mentalidade

Portugal renascentista iuçana
Portugal renascentista iuçanaPortugal renascentista iuçana
Portugal renascentista iuçanaiussana
 
Conseq expansao
Conseq expansaoConseq expansao
Conseq expansaocattonia
 
Conseq expansao
Conseq expansaoConseq expansao
Conseq expansaocattonia
 
Os imperios peninsulares
Os imperios peninsularesOs imperios peninsulares
Os imperios peninsularesSusana Simões
 
Comércio à escala mundial
Comércio à escala mundialComércio à escala mundial
Comércio à escala mundialMaria Gomes
 
O império português do oriente parte 5
O império português do oriente  parte 5O império português do oriente  parte 5
O império português do oriente parte 5anabelasilvasobral
 
Historia da Expansão Marítima e Comercial
Historia da Expansão Marítima e ComercialHistoria da Expansão Marítima e Comercial
Historia da Expansão Marítima e ComercialThaís Bozz
 
Em comércio e navegações
Em comércio e navegaçõesEm comércio e navegações
Em comércio e navegaçõesKerol Brombal
 
Vida em Portugal e os Descobrimentos
Vida em Portugal e os DescobrimentosVida em Portugal e os Descobrimentos
Vida em Portugal e os DescobrimentosEBseis
 
Comércio mundial
Comércio  mundialComércio  mundial
Comércio mundialMaria Gomes
 
Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa
 Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa
Condicionalismos e motivos da Expansão PortuguesaMaria Gomes
 
Condições e motivações da expansão portuguesa
Condições e motivações da expansão portuguesaCondições e motivações da expansão portuguesa
Condições e motivações da expansão portuguesaMaria Gomes
 
O expansionismo europeu.pptx
O expansionismo europeu.pptxO expansionismo europeu.pptx
O expansionismo europeu.pptxssusera01edc
 

Semelhante a O Renascimento em Portugal: expansão ultramarina e nova mentalidade (20)

Portugal renascentista iuçana
Portugal renascentista iuçanaPortugal renascentista iuçana
Portugal renascentista iuçana
 
AS GRANDES NAVEGAÇÕES..pdf
AS GRANDES NAVEGAÇÕES..pdfAS GRANDES NAVEGAÇÕES..pdf
AS GRANDES NAVEGAÇÕES..pdf
 
Conseq expansao
Conseq expansaoConseq expansao
Conseq expansao
 
Conseq expansao
Conseq expansaoConseq expansao
Conseq expansao
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Os imperios peninsulares
Os imperios peninsularesOs imperios peninsulares
Os imperios peninsulares
 
Comércio à escala mundial
Comércio à escala mundialComércio à escala mundial
Comércio à escala mundial
 
O império português do oriente parte 5
O império português do oriente  parte 5O império português do oriente  parte 5
O império português do oriente parte 5
 
Historia da Expansão Marítima e Comercial
Historia da Expansão Marítima e ComercialHistoria da Expansão Marítima e Comercial
Historia da Expansão Marítima e Comercial
 
Em comércio e navegações
Em comércio e navegaçõesEm comércio e navegações
Em comércio e navegações
 
Vida em Portugal e os Descobrimentos
Vida em Portugal e os DescobrimentosVida em Portugal e os Descobrimentos
Vida em Portugal e os Descobrimentos
 
994
994994
994
 
Fortuna
FortunaFortuna
Fortuna
 
Portugal Xv Xvi
Portugal Xv XviPortugal Xv Xvi
Portugal Xv Xvi
 
Idade média
Idade médiaIdade média
Idade média
 
Expansão Marítima
Expansão MarítimaExpansão Marítima
Expansão Marítima
 
Comércio mundial
Comércio  mundialComércio  mundial
Comércio mundial
 
Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa
 Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa
Condicionalismos e motivos da Expansão Portuguesa
 
Condições e motivações da expansão portuguesa
Condições e motivações da expansão portuguesaCondições e motivações da expansão portuguesa
Condições e motivações da expansão portuguesa
 
O expansionismo europeu.pptx
O expansionismo europeu.pptxO expansionismo europeu.pptx
O expansionismo europeu.pptx
 

Mais de miovi

Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismomiovi
 
O realismo
O realismoO realismo
O realismomiovi
 
Ppt barroco
Ppt barrocoPpt barroco
Ppt barrocomiovi
 
Epocas literarias
Epocas literariasEpocas literarias
Epocas literariasmiovi
 
Sobre carta de heteronimos
Sobre carta de heteronimosSobre carta de heteronimos
Sobre carta de heteronimosmiovi
 
Casimiro de brito
Casimiro de britoCasimiro de brito
Casimiro de britomiovi
 
A concordância verbal em um milhao de portugueses
A concordância verbal em um milhao de portuguesesA concordância verbal em um milhao de portugueses
A concordância verbal em um milhao de portuguesesmiovi
 
Matriz -teste-4-10 3481
Matriz -teste-4-10 3481Matriz -teste-4-10 3481
Matriz -teste-4-10 3481miovi
 
Antitese paradoxo oximoro
Antitese paradoxo oximoroAntitese paradoxo oximoro
Antitese paradoxo oximoromiovi
 
A língua mais falada do hemisfério sul
A língua mais falada do hemisfério sulA língua mais falada do hemisfério sul
A língua mais falada do hemisfério sulmiovi
 
O dia em que cv morreu
O dia em que cv morreuO dia em que cv morreu
O dia em que cv morreumiovi
 
valor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alvesvalor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alvesmiovi
 
Fernando pessoa contexto
Fernando pessoa contextoFernando pessoa contexto
Fernando pessoa contextomiovi
 

Mais de miovi (13)

Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
O realismo
O realismoO realismo
O realismo
 
Ppt barroco
Ppt barrocoPpt barroco
Ppt barroco
 
Epocas literarias
Epocas literariasEpocas literarias
Epocas literarias
 
Sobre carta de heteronimos
Sobre carta de heteronimosSobre carta de heteronimos
Sobre carta de heteronimos
 
Casimiro de brito
Casimiro de britoCasimiro de brito
Casimiro de brito
 
A concordância verbal em um milhao de portugueses
A concordância verbal em um milhao de portuguesesA concordância verbal em um milhao de portugueses
A concordância verbal em um milhao de portugueses
 
Matriz -teste-4-10 3481
Matriz -teste-4-10 3481Matriz -teste-4-10 3481
Matriz -teste-4-10 3481
 
Antitese paradoxo oximoro
Antitese paradoxo oximoroAntitese paradoxo oximoro
Antitese paradoxo oximoro
 
A língua mais falada do hemisfério sul
A língua mais falada do hemisfério sulA língua mais falada do hemisfério sul
A língua mais falada do hemisfério sul
 
O dia em que cv morreu
O dia em que cv morreuO dia em que cv morreu
O dia em que cv morreu
 
valor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alvesvalor aspetual antónio alves
valor aspetual antónio alves
 
Fernando pessoa contexto
Fernando pessoa contextoFernando pessoa contexto
Fernando pessoa contexto
 

Último

Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfMapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfangelicass1
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdforganizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdfCarlosRodrigues832670
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfEyshilaKelly1
 
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESpatriciasofiacunha18
 
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptxFree-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptxkarinasantiago54
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfErasmo Portavoz
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAlexandreFrana33
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoSilvaDias3
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024
Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024
Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024GleyceMoreiraXWeslle
 
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.HildegardeAngel
 

Último (20)

Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfMapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
 
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppttreinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdforganizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
organizaao-do-clube-de-lideres-ctd-aamar_compress.pdf
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
 
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
 
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptxFree-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
Free-Netflix-PowerPoint-Template-pptheme-1.pptx
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024
Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024
Apresentação sobre o Combate a Dengue 2024
 
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
LIVRO A BELA BORBOLETA. Ziraldo e Zélio.
 

O Renascimento em Portugal: expansão ultramarina e nova mentalidade

  • 1. O RENASCIMENTO EM PORTUGAL Na impossibilidade de fixar datas mais ou menos precisas, entende-se aqui por Renascimento em Portugal o período que se prolonga aproximadamente de meados do século XV até fins do século XVI. Abrem-se então novos e vastos campos de atividade. A agricultura, a salicultura, a indústria da pesca e a exportação de vinho, azeite, fruta, cortiça, mel, cera, madeira, sal e peixe continuam na base da economia nacional, mas vem juntar-se-lhes agora o comércio intenso de novos produtos: primeiro, o açúcar, o ouro, a malagueta, o marfim; depois, as especiarias, pérolas, sedas, etc. Surge uma burguesia comercial, que desempenhará papel importante tanto na Europa como no Ultramar. Ao lado dos estrangeiros, aparecem mercadores portugueses, que se impõem pelo volume dos seus capitais. Fazem-se fortunas com certa rapidez. Durante largo tempo, o país tornar-se-á a plataforma entre a Europa e a África, o Oriente e o Brasil. Adquirem-se novos hábitos de vida, o luxo campeia. (...) Pode afirmar-se que o Renascimento português é dominado, em larga medida, pela expansão ultramarina. A sua marca está bem patente em mais de um domínio. Fernando Oliveira e João de Barros, nas suas gramáticas, e Gaspar Nicolas, Rui Mendes, e Bento Fernandes, nos seus tratados de aritmética, vão buscar uma parte dos seus exemplos às atividades ultramarinas. A Língua é particularmente permeável à sua influência. Enriquece-se com a introdução de avultado número de termos africanos, brasileiros e sobretudo orientais, que passarão a ser de uso corrente durante mais ou menos tempo, persistindo alguns até hoje. A pintura, a arquitetura, a iluminura, a ourivesaria, a porcelana, o mobiliário, a tapeçaria refletem a sua presença através do mar, da arte náutica, dos povos, fauna e flora exóticas, de acontecimentos históricos de relevo, do mesmo modo que não está ausente do Cancioneiro Geral ou da obra de Gil Vicente, Sá de Miranda, Jorge Ferreira de Vasconcelos, Camões, Frei Heitor Pinto. (…) A Europa procura e lê avidamente tudo quanto se publica sobre os novos mundos, da mesma maneira que se deixa influenciar pela arte náutica ou solicita com frequência os seus pilotos, cartógrafos e cosmógrafos, pondo-os ao seu serviço. Cria-se uma atitude crítica, com base na experiência, na observação direta. Desfazem-se lendas persistentes, como a inexistência de antípodas e de terras inabitadas. Alarga-se o horizonte geográfico. Continentes e povos são postos em contacto. Dá-se o cruzamento de raças e surge um novo elemento — o mestiço. Portugal é então um país aberto e procurado. Fidalgos, eruditos, religiosos, mercadores e soldados são atraídos pela fama da expansão e alistam-se por vezes nas empresas ultramarinas. Fixam-se na capital e na província tipógrafos, pintores, arquitetos, escultores de várias nacionalidades e, sobretudo, universitários — espanhóis, franceses, belgas, ingleses, alemães, italianos —, indicados nalguns casos por antigos estudantes portugueses. Entrecruzam-se correntes religiosas, importam-se livros e objetos de arte. Não há exagero em dizer que nasceu uma nova mentalidade. Luís de Matos, Dicionário da História de Portugal